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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - FACET


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
DENILTON FIGUEIREDO CHAVES
HENRIQUE LAÉCIO GALINDO TRINDADE
RODRIGO MIGUEL DE FREITAS
WELERSON ELIAS RIBEIRO COSTA

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA NA


PRESENÇA DE HARMÔNICAS

BELO HORIZONTE
JUNHO/2013
Denilton Figueiredo Chaves
Henrique Laécio Galindo Trindade
Rodrigo Miguel de Freitas
Welerson Elias Ribeiro Costa

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA NA


PRESENÇA DE HARMÔNICAS

Monografia apresentada ao curso de Engenharia


Elétrica, da Faculdade de Ciências Exatas e
Tecnológicas – Facet -, do Centro Universitário
Newton Paiva, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Orientadores: Clarissa Gomes Cosentino Alvarez


Marcos Cesar Isoni Silva
Maria Eugênia M. Gomes

Belo Horizonte
Junho/2013
Denilton Figueiredo Chaves
Henrique Laécio Galindo Trindade
Rodrigo Miguel de Freitas
Welerson Elias Ribeiro Costa

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA NA


PRESENÇA DE HARMÔNICAS

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica, da Faculdade de Ciências


Exatas e Tecnológicas – FACET -, do Centro Universitário Newton Paiva, como
requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Aprovado com
nota _____

___________________________________________________________________
Clarissa Gomes Cosentino Alvarez – Newton

___________________________________________________________________
Marcos Cesar Isoni Silva – Newton

___________________________________________________________________
Maria Eugênia Moreira Gomes – Newton

___________________________________________________________________
Nome do componente da Banca – instituição pertencente

Belo Horizonte, 03 de junho de 2013


Aos nossos familiares que nos motivaram,
deram suporte, estrutura e tranquilidade
para concluirmos essa etapa de nossa
graduação e aos colegas, pelo apoio e
companheirismo durante o período de
estudos.
AGRADECIMENTO

A Deus, por ter permitido passar por essa experiência de aprendizagem,


crescimento pessoal e amadurecimento acadêmico, que se tornarão base sólida
para o resto de nossas vidas.

Também agradecemos aos nossos professores Marcos Isoni, Clarissa Gomes e


Maria Eugênia, pelo tempo dedicado, e por nos orientar e elevar nosso nível de
conhecimento para apresentarmos um trabalho de qualidade.
“Os problemas significativos com os
quais nos deparamos não podem ser
resolvidos no mesmo nível de
pensamento em que estávamos quando
eles foram criados.”
Albert Einstein
Resumo

O presente trabalho aborda o problema ocasionado pela aplicação de sistemas de


correção do Fator de Potência (FP), baseados em componentes capacitivos, em
instalações elétricas industriais de baixa tensão compostas por cargas de
comportamento não linear, buscando apresentar métodos economicamente
eficientes para solução do problema de acordo com a revisão bibliográfica realizada.
Inicia-se pela conceituação do FP e de sua importância na melhoria da qualidade da
energia elétrica do consumidor e da concessionária, passando por uma abordagem
sobre as componentes harmônicas e seus possíveis efeitos no sistema de correção
do FP, justificando, assim, a utilização de métodos de mitigação dos problemas
ocasionados pela ressonância elétrica entre capacitores e a indutância do sistema.
Nesse contexto, apresentam-se como possíveis soluções os filtros harmônicos
passivos sintonizados e dessintonizados, os quais podem ser utilizados, visando à
proteção dos bancos de capacitores ou a eliminação da circulação de correntes
harmônicas pelo sistema elétrico, sendo que ambos são aplicáveis à correção do FP
na frequência fundamental. Verifica-se, porém, que apesar de apresentarem uma
vantagem economicamente viável, os filtros passivos são inflexíveis a variações da
impedância do sistema elétrico e das harmônicas presentes.
Abstract

This work deals with the problem caused by the application of Power Factor
Correction (PFC) for Power Systems, based on capacitive components in industrial
electrical low voltage loads which present nonlinear behavior, seeking for cost-
efficient methods to solve the problem according to the literature review. We begin
with the conceptualization of the PFC and its importance in improving the quality of
electric power for the consumer and the electric utility, through an approach of
harmonic components and their possible effects on the PFC correction system, thus
justifying the use of methods to mitigate the problems caused by electrical resonance
between capacitors and inductance in the system. In this context, the possible
solutions found are tuned and untuned passive harmonic filters, which can be used to
protect the capacitor banks or to prevent the circulation of harmonic currents by the
electrical system, both of which are applicable to correction PFC in fundamental
frequency. It appears, however, that despite having an economic advantage, passive
filters are inflexible to changes in the impedance of the electrical system and the
harmonics present.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Triângulo retângulo de potências.......................................................... 22


FIGURA 2 – Faixa permissível para o FP, de acordo com a atual legislação ........... 26
FIGURA 3 – Localização dos capacitores em uma instalação elétrica ..................... 32
FIGURA 4 – Correção do FP no secundário do transformador ................................. 34
FIGURA 5 – Correção do FP por grupo de cargas ................................................... 35
FIGURA 6 – Correção localizada ou individual ......................................................... 36
FIGURA 7 – Onda senoidal com frequência de 60 Hz .............................................. 40
FIGURA 8 – Representação dos fasores e sentido de giro - (a) sequência positiva -
(b) sequência negativa - (c) sequência zero ............................................................. 44
FIGURA 9 – Retificador de seis pulsos alimentado por transformador delta-delta e
forma de onda ........................................................................................................... 46
FIGURA 10 – Espectro harmônico da corrente de fase do retificador mostrado na
FIG. 9 ........................................................................................................................ 47
FIGURA 11 – Arquitetura básica de um inversor de frequência................................ 49
FIGURA 12 – Saída do inversor................................................................................ 50
FIGURA 13 – Formas de onda no sistema concessionária/consumidor ................... 51
FIGURA 14 – Representação do efeito de uma corrente de magnetização senoidal:
(a) curva de magnetização mostrando saturação sob forças de magnetização
elevadas e sem histerese; (b) corrente de magnetização senoidal suposta como
circulando da fonte de tensão para a bobina do primário e (c) a onda de fluxo
resultante com o topo abaulada produzida pela corrente de (b) ............................... 53
FIGURA 15 – Tetraedro de potências em sistemas distorcidos ................................ 54
FIGURA 16 – Corrente típica em um banco de capacitores em ressonância com o
sistema na ordem da 11ª harmônica ......................................................................... 61
FIGURA 17 – Resposta em frequência das reatâncias de um circuito hipotético ..... 63
FIGURA 18 – Sistema com problemas de ressonância série ................................... 63
FIGURA 19 – Variação da impedância série com a frequência de um circuito
hipotético ................................................................................................................... 65
FIGURA 20 – Sistema com ressonância em paralelo - Circuito simplificado (a) -
Como o circuito paralelo ressonante é visto pela fonte harmônica (b) ...................... 66
FIGURA 21 – Variação da impedância paralela com a frequência de um circuito
hipotético ................................................................................................................... 67
FIGURA 22 – Filtro passivo série .............................................................................. 71
FIGURA 23 – Filtro shunt de sintonia única – (a) Circuito, (b) Impedância x
Frequência ................................................................................................................ 73
FIGURA 24 – Filtro shunt amortecido de segunda ordem – (a) Circuito, (b)
Impedância x Frequência .......................................................................................... 74
FIGURA 25 – Filtro passivo shunt de Baixa Tensão ................................................. 79
FIGURA 26 - Sistema com correção de Fator de Potência Convencional – (a)
Diagrama unifilar, (b) Forma de onda da tensão na barra de conexão, (c) Espectro
harmônico.................................................................................................................. 83
FIGURA 27 - Sistema com correção de Fator de Potência utilizando Filtro
Dessintonizado – (a) Diagrama unifilar, (b) Forma de onda da tensão na barra de
conexão, (c) Espectro harmônico .............................................................................. 83
FIGURA 28 - Sistema elétrico hipotético ................................................................... 85
FIGURA 29 - Resposta em frequência do filtro passivo dessintonizado ................... 90
FIGURA 30 - Sistema elétrico industrial de exemplo ................................................ 93
FIGURA 31 - Resposta em frequência do filtro passivo dessintonizado ................. 102
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Subdivisões do grupo A ........................................................................ 27


TABELA 2 - Subdivisões do grupo B ........................................................................ 27
TABELA 3 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em
porcentagem da tensão fundamental) ....................................................................... 42
TABELA 4 - Relação entre Ordem harmônica, frequência e sequência de fase ...... 45
TABELA 5 - Representação dos níveis lógicos e tensão de saída ........................... 50
TABELA 6 - Reatores típicos anti-ressonantes de mercado (fonte: Elspec Ltd.)...... 76
TABELA 7 - Medições de harmônicos efetuadas na barra de conexão do banco de
capacitores ................................................................................................................ 85
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

1.1 Considerações Iniciais ................................................................................... 14

1.2 Relevância ....................................................................................................... 16

1.3 Objetivos ......................................................................................................... 17

1.4 Metodologia ..................................................................................................... 17

1.5 Estado da Arte................................................................................................. 18

1.6 Resultado Esperado ....................................................................................... 19

1.7 Estruturação do Trabalho .............................................................................. 20

2 FATOR DE POTÊNCIA - Abordagem Geral .................................................... 21

2.1 Conceito de Fator de Potência ...................................................................... 21

2.2 Causas e consequências do baixo FP .......................................................... 23

2.3 Legislação vigente e tarifas aplicáveis ......................................................... 24

2.4 Cálculo do excedente de reativos ................................................................. 27

2.4.1 Avaliação horária .......................................................................................... 29

2.5 Métodos de correção do FP ........................................................................... 30

2.5.1 Correção através do aumento da potência ativa .......................................... 30

2.5.2 Correção através da utilização de motores síncronos superexcitados ......... 31

2.5.3 Compensação por capacitores ..................................................................... 31

2.5.3.1 Localização dos capacitores no sistema elétrico ...................................... 32

2.5.3.1.1 Correção na entrada de energia em média tensão .............................. 33

2.5.3.1.2 Correção no secundário do transformador ........................................... 33

2.5.3.1.3 Correção por grupos de cargas ............................................................ 34

2.5.3.1.4 Correção localizada ou individual ......................................................... 35

2.5.3.2 Métodos de injeção de potência reativa no sistema elétrico .................... 36

2.5.3.2.1 Banco fixo ............................................................................................ 36

2.5.3.2.2 Banco semiautomático ......................................................................... 37


2.5.3.2.3 Banco automático ................................................................................ 38

3 HARMÔNICAS .................................................................................................. 40

3.1 Características harmônicas ........................................................................... 41

3.2 Principais fontes geradoras de harmônicas................................................. 46

3.2.1 Retificadores ................................................................................................. 46

3.2.2 Inversores de frequência .............................................................................. 48

3.2.3 Transformadores com núcleo ferromagnético .............................................. 51

3.2.4 Fator de potência e harmônicas ................................................................... 54

3.3 Efeitos das correntes harmônicas sobre os capacitores ............................ 56

3.3.1 Ressonância elétrica .................................................................................... 60

3.3.1.1 Ressonância série .................................................................................... 63

3.3.1.2 Ressonância paralela ............................................................................... 66

4 TÉCNICAS DE CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA NA PRESENÇA DE


HARMÔNICAS ............................................................................................... 68

4.1 Filtros ............................................................................................................... 68

4.1.1 Definição, objetivos e aplicações .................................................................. 68

4.1.2 Filtros passivos ............................................................................................. 70

4.1.3 Filtros passivos série .................................................................................... 70

4.1.4 Filtros Passivos em Derivação (Paralelo ou Shunt) ...................................... 71

4.1.5 Fatores relevantes na especificação de um filtro .......................................... 72

4.1.5.1 Fator de qualidade (Q) ............................................................................. 72

4.1.5.2 Fator de dessintonia (𝛅)............................................................................ 74

4.1.6 Considerações importantes na escolha de filtros passivos sintonizados e


filtros passivos dessintonizados.................................................................... 76

4.1.7 Considerações e etapas de projeto .............................................................. 77

4.2 Filtros Passivos Dessintonizados ................................................................. 79

4.2.1 Exemplo de dimensionamento básico adaptado (ISONI, 2012) ................... 84

4.3 Filtros Passivos Sintonizados ....................................................................... 90


4.3.1 Exemplo de dimensionamento básico adaptado (DUGAN, 2002) ................ 92

4.3.1.1 Determinação da potência reativa necessária para correção do fator de


potência .................................................................................................... 93

4.3.1.2 Determinação da reatância total do filtro .................................................. 93

4.3.1.3 Determinação da frequência de sintonia do filtro...................................... 94

4.3.1.4 Determinação da reatância capacitiva na frequência de sintonia do filtro 94

4.3.1.5 Determinação da potência reativa capacitiva necessária na tensão


nominal do filtro ........................................................................................ 95

4.3.1.6 Determinação dos indutores ..................................................................... 96

4.3.1.7 Determinação da resistência do filtro ....................................................... 96

4.3.1.8 Determinação da impedância total do filtro .............................................. 97

4.3.1.9 Análise da corrente e tensão do filtro na frequência nominal ................... 97

4.3.1.10 Análise do filtro para frequências harmônicas .......................................... 98

4.3.1.11 Avaliação da corrente e tensão totais (fundamental + harmônica) do filtro


100

4.3.1.12 Avaliação da resposta em frequência do filtro ........................................ 101

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 103

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 105

ANEXOS ................................................................................................................. 109


14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

Motores, transformadores e demais equipamentos do sistema elétrico demandam


potências ativas (W) e reativas (VAR) de suas fontes geradoras de energia para que
possam operar em perfeitas condições. A união destas duas potências compõe a
potência total necessária, ou potência aparente (VA). A potência ativa representa a
parcela da potência que o equipamento realmente vai utilizar para produzir trabalho,
ou seja, para exercer a sua principal função (no caso de um motor elétrico, converter
a energia elétrica que lhe foi confiada em energia mecânica, transmitindo esta
energia mecânica a uma determinada carga acoplada a seu eixo). A segunda
parcela de potência demandada pelo equipamento, ou potência reativa, é utilizada,
no caso do motor, para criação e manutenção do campo eletromagnético. A potência
reativa, no entanto, não é utilizada para produzir trabalho, além de impedir que uma
parcela maior de energia ativa seja entregue pela fonte de geração, visto que a
energia reativa “ocupa um espaço” no sistema elétrico.

A razão entre a potência ativa e a potência aparente representa um importante


índice que caracteriza o grau de racionalidade do uso do sistema elétrico: o Fator de
Potência (FP). Valores altos de FP expressam um uso racional de energia elétrica,
enquanto o contrário significa o mau aproveitamento do sistema elétrico.

A legislação vigente estabelece que o FP de referência de uma instalação elétrica


atendida pelas concessionárias de energia elétrica em tensão igual ou superior a
2,3kV (até 69kV, exclusive) ou, ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3kV a partir
de sistemas subterrâneos de distribuição, seja ele indutivo ou capacitivo, deve ter
como limite mínimo permitido o valor de 0,92. O consumidor que não atende a
legislação está sujeito a multas severas.

Os equipamentos do sistema elétrico dificilmente apresentam FP operacional igual


ou superior a 92%, o que faz com que, na maioria das vezes, o FP global de uma
instalação elétrica situe-se em patamares inferiores ao exigido pela legislação
vigente. Surge, então, a necessidade da correção deste índice. Como a maior parte
15

das cargas industriais é representada por motores elétricos, que apresentam alto
consumo de potência reativa indutiva, o FP de instalações elétricas industriais é, via
de regra, de ordem indutiva. Na prática, a correção é geralmente realizada através
da instalação de um conjunto de elementos capacitivos, também conhecidos como
bancos de capacitores, que tem como principal função o fornecimento de energia
reativa necessária às cargas indutivas, liberando, assim, parte da capacidade do
sistema elétrico. Este tipo de correção constitui um sistema de custo relativamente
baixo, se comparado aos demais métodos de correção disponíveis, como o emprego
de motores síncronos, por exemplo, e é, portanto, o meio mais empregado para
correção do FP das instalações elétricas industriais.

Antigamente o sistema elétrico era composto, em sua grande maioria, por cargas
lineares, cujo comportamento pode ser representado por equações diferenciais.
Entretanto, o revolucionário avanço da eletrônica de potência até os dias atuais tem
introduzido no sistema elétrico uma quantidade significativa de equipamentos não
lineares, como conversores de potência, soft-starters, reatores eletrônicos e
conversores de frequência. Estes equipamentos, através de seu princípio de
funcionamento, produzem no sistema elétrico distorções das formas de onda de
corrente (com consequente efeito na forma de onda de tensão), também conhecidas
como distorções harmônicas. O espectro de uma forma de onda distorcida é
composto por frequências múltiplas inteiras ou não da fundamental.

O emprego de elementos capacitivos puros para correção do FP em um ambiente


poluído por distorções harmônicas exige um estudo minucioso das características do
sistema no qual se pretende empregá-los. Isso porque se, em uma determinada
frequência, ocorrer uma equivalência entre a reatância capacitiva do sistema de
correção de FP e a reatância indutiva equivalente do Sistema Elétrico, ou seja,
ocorrer uma condição de ressonância elétrica, os bancos de capacitores serão
expostos a elevados níveis de sobrecorrente/sobretensão, levando-os a danos
irreversíveis, uma vez que não foram projetados para suportar valores de
corrente/tensão de tal magnitude.

O foco do presente trabalho, portanto, é o de apresentar métodos de correção do FP


de instalações elétricas industriais que levem em consideração os efeitos das
16

distorções harmônicas sobre os elementos capacitivos e as técnicas utilizadas para


minimização ou eliminação de tais efeitos.

1.2 Relevância

Segundo Rashid (1999) a eletrônica de potência pode ser definida como a aplicação
da eletrônica de estado sólido para o controle e conversão de energia elétrica. A
eletrônica de potência é responsável pela automação dos dispositivos industriais
utilizando componentes eletrônicos para executar comandos, obter medidas, regular
parâmetros e controlar funções automaticamente, sem a intervenção humana. Com
o desenvolvimento da tecnologia dos semicondutores de potência, as capacidades
nominais e a velocidade de chaveamento dos dispositivos de potência evoluíram
consideravelmente.

A utilização desses componentes em dispositivos como reatores e retificadores


insere distorção da onda senoidal. Essa descaracterização da onda senoidal pode
conter componentes harmônicas.

Como no passado recente as cargas eram predominantemente lineares, a correção


do FP era realizada apenas com a utilização de banco de capacitores puros.

A correção do FP é uma exigência da legislação pelas concessionárias de energia.


Esse tipo de correção, contudo, feita por métodos convencionais como capacitores
puros, pode ocasionar problemas em ambientes que possuem distorções
harmônicas, pois o problema das harmônicas pode ser amplificado e os capacitores
danificados. Sendo assim, as situações acima abordadas, suscitaram o interesse
pelo tema.

O trabalho se propõe a caracterizar os efeitos de um FP insatisfatório e das


distorções harmônicas. Pretende-se também relacionar as técnicas de correção em
ambientes que apresentem a ocorrência dos dois efeitos citados, uma vez que a
aplicação da solução individualizada (ou não integrada) dos problemas pode
provocar prejuízos ao sistema elétrico e, ao mesmo tempo, não constituir uma
solução suficientemente segura e eficaz.
17

A compreensão da dinâmica desse processo auxilia o entendimento de alguns


fenômenos que afetam e prejudicam a qualidade da energia elétrica.

Dessa forma, torna-se fundamental compreender os possíveis impactos em bancos


de capacitores das componentes harmônicas a fim de especificar um sistema de
correção de FP eficiente, duradouro e que caracterize uma solução técnica
adequada.

1.3 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é o de apresentar métodos de correção do FP de


instalações elétricas industriais que levem em consideração os efeitos das
distorções harmônicas sobre os componentes capacitivos.

Para que fosse possível alcançar o objetivo geral do trabalho, tornou-se necessário
traçar os seguintes objetivos específicos:

 Apresentar uma abordagem geral sobre o FP, incluindo métodos de correção e


legislação vigente;
 Conceituar as distorções harmônicas e relatar de que forma se deu o seu
crescimento nas instalações elétricas industriais;
 Apresentar os efeitos das componentes harmônicas sobre o sistema de correção
de FP baseado em elementos capacitivos;
 Indicar as possíveis técnicas de correção do FP na presença de componentes
harmônicas no Sistema Elétrico de Baixa Tensão utilizando filtros sintonizados e
dessintonizados.

1.4 Metodologia

O trabalho foi realizado com base em pesquisa bibliográfica sobre o assunto a ser
abordado, buscando reunir literaturas, bibliografias e artigos técnicos disponíveis em
acervos literários, no intuito de obter entendimento técnico conceitual acerca do
problema, suas principais causas, efeitos e possíveis soluções usualmente adotadas
18

na prática. Essa elucidação teórica proporcionou maior entendimento do problema e


conhecimento necessário para desenvolvimento do tema proposto.

1.5 Estado da Arte

Diversos são os estudos apresentados em revistas técnicas e em teses e


dissertações de pós-graduação e mestrado sobre a correção de FP em ambientes
dotados de distorções harmônicas.

José Antenor Pomilio - doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de


Campinas/SP – (1991)1 afirma que nos ambientes que apresentam harmônicas,
existe a possibilidade de ocorrência de ressonâncias (excitadas pelas harmônicas)
entre as reatâncias capacitivas e indutivas existentes no circuito, podendo produzir
níveis excessivos de corrente e/ou de tensão se forem empregados capacitores para
correção de FP.

Em um estudo computacional apresentado no artigo "Fator de potência e nível de


distorção harmônica em um sistema elétrico" da revista O Setor Elétrico (2012), os
autores observaram que a correção do FP por meio de bancos de capacitores pode
não ser obtida como esperado se os níveis de distorção harmônica de correntes
estiverem elevados, isto é, constatou-se que o sucesso da técnica de correção de
FP foi obtido quando os níveis de distorção Harmônica de Corrente (DHI) eram
menores. Contudo, para todos os casos estudados, independentemente dos níveis
de DHI, os filtros passivos sintonizados se mostraram mais eficientes.

O mesmo artigo, citado anteriormente (2012), chega à conclusão que a porcentagem


de cargas não lineares em relação às cargas lineares presentes em um barramento
pode não ser fator determinante para a eficiência da adequação do FP utilizando o
método convencional da compensação capacitiva, como defendem alguns manuais
técnicos de fabricantes de equipamentos elétricos, especialmente de bancos de
capacitores.

1 http://www.dsce.fee.unicamp.br
19

Em 2000, Luiz Henrique Silva Duarte2, estudou em sua dissertação de mestrado a


degradação dos capacitores de potência sob influência das componentes
harmônicas atentando para a necessidade de se limitar os valores de crista da
tensão aplicada.

No artigo "Casos Reais sobre o Impacto harmônico da Co-Geração em


Equipamentos de Correção de Fator de Potência em Plantas Industriais", elaborado
pelos engenheiros Alexandre Carvalho Naves e Flávio Resende Garcia3 da IESA-
INEPAR (fornecedora de bancos de capacitores), chegou-se à conclusão de que o
critério de análise das frequências harmônicas existentes em uma instalação elétrica
de um jornal de grande circulação diária não foi levado em consideração e
problemas de ressonância ocorreram por causa da operação entre geradores
próprios e bancos de capacitores para correção do FP, levando à queima dos
componentes capacitivos.

1.6 Resultado Esperado

O trabalho proposto procura orientar aos leitores sobre os problemas causados pela
correção do FP na presença de harmônicas, visando à melhoria da qualidade da
energia em ambientes com cargas não lineares, a preservação dos componentes
capacitivos e atendimento à exigência da legislação vigente pelas concessionárias
de energia.

Dessa forma, espera-se, também, que esse trabalho venha a contribuir na


elucidação de alguma dúvida pertinente ao tema que o leitor ainda não tenha
solucionado. Ao desenvolver essa pesquisa bibliográfica e reuni-la em um mesmo
documento, pretende-se evitar que o leitor tenha que fazer o mesmo processo
investigativo para se chegar aos resultados apresentados nesta publicação.

Espera-se que as informações contidas neste trabalho despertem a atenção dos


profissionais e do meio acadêmico para o problema abordado e que venha a se

2 http://www.biblioteca.pucminas.br
3 http://www.iesa.com.br
20

caracterizar, também, como uma fonte de consulta sobre o tema, possibilitando que
pesquisas mais aprofundadas sejam desenvolvidas no futuro.

1.7 Estruturação do Trabalho

Para melhor organização das ideias do trabalho e, assim, alcançar melhor


entendimento do tema em questão, o trabalho foi subdivido em cinco capítulos.

O Capítulo I faz uma breve introdução do tema objeto do trabalho, caracterizando a


relevância do tema proposto e seus objetivos. São abordados a metodologia
empregada na elaboração do texto e o que se espera ao final de sua leitura. Estudos
e pesquisas correlacionados ao tema proposto também são indicados, buscando
fazer um resgate das opiniões e experiências acerca do problema.

O Capítulo II apresenta uma abordagem sobre o Fator de Potência, expondo a


legislação que rege o seu limite e forma de tarifação, os prejuízos e benefícios de
mantê-lo dentro do limite aceitável, além de relacionar os métodos mais empregados
para sua adequação.

O Capítulo III procura conceituar as harmônicas, relatar de que forma se deu o seu
crescimento nas instalações elétricas industriais, indicar as fontes de harmônicas
mais relevantes em um sistema industrial e apresentar seus efeitos sobre os
componentes capacitivos dos sistemas de correção do Fator de Potência.

O Capítulo IV indica as possíveis técnicas de correção do Fator de Potência na


presença de componentes harmônicas no sistema elétrico de baixa tensão,
enfatizando os filtros sintonizados e dessintonizados.

O Capítulo VI faz um resgate do que foi discutido nos capítulos anteriores e


apresenta reflexões críticas a partir dos resultados obtidos e dos objetivos
alcançados.
21

2 FATOR DE POTÊNCIA - Abordagem Geral

A correção do FP das instalações elétricas industriais é de grande importância para


a otimização do seu próprio sistema e do da concessionária de energia elétrica.
Como nessas instalações a maioria das cargas é composta por motores de indução,
que necessitam de uma parcela de potência reativa para criar e manter seu campo
magnético, surge a necessidade de fornecimento dessa potência por parte do
consumidor e da concessionária de energia elétrica.

O fornecimento de uma quantidade elevada de energia reativa a partir da


concessionária pode sobrecarregar suas subestações, linhas de transmissão e
distribuição, prejudicando a estabilidade e as condições de aproveitamento dos
sistemas elétricos. Por essa razão, as concessionárias de energia elétrica passaram
a faturar a quantidade de energia ativa que poderia ser transportada no espaço
ocupado por esse consumo de reativo. (CODI, 20044; WEG, 20095)

Portanto, torna-se essencial o controle da energia reativa, através da monitoração


do FP, a fim de se evitar que os consumidores tenham ônus adicionais nas contas
de energia elétrica e, adicionalmente, possam promover o dimensionamento
(otimizado) de alimentadores e transformadores.

No presente capítulo serão abordados os seguintes temas:

 Conceito de FP;
 Legislação atual acerca do FP;
 Métodos de correção do FP.

2.1 Conceito de Fator de Potência

Segundo Codi (2004, p. 3)4, "a razão entre a potência ativa e a potência aparente de
qualquer instalação se constitui no fator de potência", ou seja:

4 http://www.edp.com.br
5 http://ecatalog.weg.net
22

𝑃
𝐹𝑃 =
𝑆
Em que,

FP = Fator de Potência da carga;


P = componente ativa de potência, medida em W;
S = componente aparente de potência, medida em VA.

FIGURA 1 – Triângulo retângulo de potências

Fonte: WEG, 2009, p. 7

A FIG. 1 apresenta a relação entre as potências ativa, reativa e aparente em um


triângulo retângulo. Através da relação trigonométrica existente no triângulo
retângulo, é possível a obtenção da equação que fornece o FP em relação às
potências ativa e aparente, ou seja:

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 (𝑘𝑊) 𝑃


𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑 = =
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑘𝑉𝐴) 𝑆

A partir do mesmo triângulo, também é possível a obtenção do FP frente às


potências ativa e reativa, ou seja:

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 (𝑘𝑉𝐴𝑟) 𝑄


𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑 = 𝑐𝑜𝑠 (tan−1 ) = 𝑐𝑜𝑠 (tan−1 )
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎(𝑘𝑊) 𝑃

Em que,

Q = componente reativa de potência, medida em VAr;


23

P = componente ativa de potência, medida em W.

O FP é um índice adimensional que varia de 0 a 1. Ele demonstra o nível de


eficiência do uso dos sistemas elétricos. Quanto mais elevado ele for (mais próximo
da unidade), maior é o aproveitamento eficiente da energia elétrica, ao passo que,
quanto menor, maior será o desperdício de energia e a possibilidade de sobrecarga
do sistema. (CODI, 2004)

O fator de potência, também conhecido pela designação "cos(𝜑)", é o


número que expressa a cada instante, o cosseno do ângulo de defasagem
entre a corrente e a tensão. Se o circuito for indutivo, consumidor de energia
reativa, o fator de potência é dito em atraso; se o circuito for capacitivo,
fornecedor de energia reativa, o fator de potência é dito em avanço.
(CREDER, 2007, p. 270)

2.2 Causas e consequências do baixo FP

O FP varia de acordo com o tipo de carga e sua forma de operação nos sistemas
elétricos.

Segundo Creder (2007), Cotrim (2009) e Mamede Filho (2005), as principais causas
de um baixo FP estão relacionadas com:

 Utilização de transformadores a vazio;


 Aplicação de motores de indução a vazio ou sobrecarregados no sistema;
 Emprego de lâmpadas de descarga (utilização de reatores com baixo FP);
 Uso de vários motores de pequena potência;
 Aplicação de fornos a arco;
 Utilização de máquinas de solda;
 Aplicação de tensão acima da nominal em motores de indução.

A potência é, aproximadamente, proporcional ao quadrado da tensão


aplicada; já no caso de motores de indução, a potência ativa só depende,
praticamente, da carga mecânica aplicada ao eixo do motor. Assim, quanto
maior a tensão aplicada aos motores, maior a energia reativa consumida e
menor o fator de potência. (COTRIM, 2009, p. 422)
24

Dentre as principais consequências de um baixo FP nas instalações elétricas,


podem ser destacadas (CODI, 2004):

 Ônus adicionais nas contas de energia elétrica, devido ao baixo FP;


 Redução da capacidade dos transformadores;
 Elevação da seção dos condutores para atendimento de correntes mais elevadas
em relação a sua capacidade nominal;
 Necessário elevar a capacidade dos equipamentos de proteção e manobra;
 Perdas elevadas por efeito Joule em linhas de transmissão;

As perdas de energia elétrica ocorrem em forma de calor e são


proporcionais ao quadrado da corrente total (I2R). Como essa corrente
cresce com o excesso de energia reativa, estabelece-se uma relação entre
o incremento das perdas e o baixo fator de potência, provocando o aumento
do aquecimento de condutores e equipamentos. (WEG, 2009, p. 7)

 Aumento das quedas de tensão nos alimentadores dos circuitos.

O aumento da corrente devido ao excesso de energia reativa leva a quedas


de tensão acentuadas, podendo ocasionar a interrupção do fornecimento de
energia elétrica e a sobrecarga em certos elementos da rede. Esse risco é,
sobretudo acentuado durante os períodos nos quais a rede é fortemente
solicitada. As quedas de tensão podem provocar ainda, a diminuição da
intensidade luminosa das lâmpadas e aumento da corrente nos motores.
(WEG, 2009, p. 7)

2.3 Legislação vigente e tarifas aplicáveis

Até 20 de março de 1992, as concessionárias de energia elétrica adotavam o FP de


0,85 como referência para limitar o fornecimento de energia reativa, que, até então,
era determinado pelo Decreto nº 75.887, de 20 de junho de 1975. Porém, o Decreto
nº 479, de 20 de março de 1992, reiterou a obrigatoriedade de se manter o fator de
potência o mais próximo possível da unidade (1,00), tanto pelas concessionárias,
quanto pelos consumidores, recomendando, ainda, ao Órgão Regulador, o
estabelecimento de um novo limite de referência para o fator de potência indutivo e
capacitivo, bem como a forma de avaliação e de critério de faturamento da energia
reativa excedente a esse novo limite. (CODI, 2004)
25

A nova legislação pertinente, estabelecida pelo Órgão Regulador, introduziu uma


nova forma de abordagem do ajuste, pelo baixo FP, com os seguintes aspectos
relevantes:

 Aumento do limite mínimo do fator de potência de 0,85 para 0,92 para os


consumidores atendidos em tensão de fornecimento de até 69kV, exclusive;
 Faturamento de energia reativa capacitiva excedente;
 Redução do período de avaliação do fator de potência, de mensal para horário, a
partir de 1996.

O controle mais apurado do uso de energia reativa é mais uma medida


adotada pelo Órgão Regulador, visando estimular o consumidor, através da
redução de perdas e melhor desempenho de suas instalações, como
também para o setor elétrico nacional, pela melhoria das condições
operacionais e a liberação do sistema para atendimento a novas cargas
com investimentos menores. (ISONI, 2009, p. 55)6

De acordo com a legislação em vigor, para cada kWh consumido, é liberado ao


consumidor uma injeção (FP capacitivo) ou consumo (FP indutivo) de
aproximadamente 0,425 kVArh de energia reativa, não gerando ônus adicionais por
excesso de energia reativa, haja vista que ao se trabalhar dentro desses limites será
mantido na instalação elétrica um FP mínimo de 0,92, que corresponde ao limite,
estabelecido pela legislação vigente, para os consumidores atendidos em tensão de
fornecimento de até 69kV, exclusive, e os consumidores enquadrados no sub-grupo
AS (atendidos em baixa tensão, porém, faturados como em média tensão).
Atualmente a energia reativa capacitiva é considerada, para efeito de cobrança por
excesso de consumo, no período compreendido entre 0h e 6h em intervalos de uma
hora e a energia reativa indutiva no período compreendido entre 6h e 24h, também
no mesmo intervalo. (COTRIM, 2009)

A FIG. 2 ilustra como deve ser feito o controle do FP de uma instalação elétrica a fim
de evitar multas por excesso, tanto de consumo quanto de injeção, de energia
reativa na rede da concessionária de energia. Para isso, é necessário que se
mantenha o FP em uma faixa que se estende do FP 0,92Indutivo até 0,92Capacitivo. Ao
excedente de injeção de potência reativa capacitiva cabem os mesmos critérios de

6 http://www.bibliotecadigital.ufmg.br
26

faturamento aplicados ao excedente de consumo de potência reativa indutiva.


Portanto, nas instalações elétricas com quantidades significativas de cargas
indutivas, é aconselhável a desconexão dos bancos de capacitores no período
compreendido entre 0h e 6h, a fim de evitar a cobrança por excesso de injeção de
energia reativa capacitiva na rede da concessionária. (CODI, 2004; COTRIM, 2009)

FIGURA 2 – Faixa permissível para o FP, de acordo com a atual legislação

Fonte: CODI, 2004, p. 9

Os consumidores são classificados em grupos, de acordo com o nível de tensão de


fornecimento, sendo passíveis de avaliação do FP e cobrança por excesso de
potência reativa somente os consumidores pertencentes ao grupo A. Esse grupo é
constituído por consumidores atendidos pela concessionária de energia em tensão
igual ou superior a 2,3kV ou atendidos em tensão inferior a essa, desde que a partir
de sistemas subterrâneos de distribuição e faturados pelo grupo A. No grupo A, a
estruturação tarifária é binômia, ou seja, a concessionária de energia realiza o
faturamento de demanda em kW e de consumo de energia em kWh. (ANEEL, 2000)7

Por outro lado, o grupo B representa os consumidores que apresentam tensão


menor que 2,3 kV, ou, ainda, atendidos em tensão superior a 2,3 kV e faturados
neste grupo, caracterizado pela estruturação tarifária monômia, na qual a
concessionária de energia realiza somente o faturamento do consumo de energia
elétrica ativa. (ANEEL, 2000)7

As TAB. 1 e 2 apresentam as subdivisões dos grupos A e B, respectivamente.

7 http://www.aneel.gov.br
27

TABELA 1 - Subdivisões do grupo A

Subgrupos Tensão de Fornecimento


A1 ≥ 230 kV
A2 88 a 138 kV
A3 69 kV
A3a 30 a 44 kV
A4 2,3 a 25 kV
AS < 2,3 kV8

Fonte: ANEEL, 2000, p. 4

TABELA 2 - Subdivisões do grupo B

Subgrupos Tensão de Fornecimento


Residencial
B1
Residencial baixa renda

Rural

B2 Cooperativa de eletrificação rural

Serviço público de irrigação

B3 Demais classes
B4 Iluminação pública

Fonte: ANEEL, 2000, p. 4

Segundo Isoni (2009), “via de regra, o fator de potência não tem sido avaliado para
consumidores do Grupo B, já que, em suas instalações, geralmente não há sistemas
de medição que monitorem o consumo de energia reativa”, embora seja prevista
pela ANEEL (2000) a verificação desse índice de forma facultativa, sendo admitida a
medição transitória, desde que por um período mínimo de 7 (sete) dias
consecutivos.

2.4 Cálculo do excedente de reativos

Conforme a ANEEL (2000), "o fator de potência de referência “fr”, indutivo ou


capacitivo, terá como limite mínimo permitido, para as instalações elétricas das

8 Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição e
faturadas neste Grupo em caráter opcional.
28

unidades consumidoras atendidas em tensão de fornecimento de até 69kV,


exclusive, e os consumidores enquadrados no sub-grupo AS (atendidos em baixa
tensão, porém, faturados como em média tensão), o valor de fr = 0,92". Com isso, a
instalação elétrica cujo fator de potência avaliado esteja abaixo do fator de potência
de referência estabelecido será penalizada através da cobrança, em sua conta de
energia, do excedente de energia reativa circulante pela rede elétrica da
concessionária.

Para possibilitar o entendimento sobre os métodos de cálculo do excedente de


reativos, é necessário introduzir alguns conceitos acerca da energia ativa reprimida,
a Unidade de Faturamento de Energia Reativa (UFER), Faturamento de Energia
Reativa (FER), Unidade de Faturamento de Demanda Reativa (UFDR) e o
Faturamento de Demanda Reativa (FDR).

A energia ativa reprimida corresponde ao "espaço" ocupado pela circulação de


excedente reativo no sistema elétrico. (CREDER, 2007)

A UFER representa o montante de energia reprimida, correspondente ao excedente


de consumo de energia reativa, enquanto que o FER corresponde ao UFER
multiplicado pela tarifa de consumo de energia ativa em R$/kWh. (CREDER, 2007)

A UFDR representa a demanda de potência ativa reprimida, correspondente ao


excedente de demanda de potência reativa, enquanto que o FDR corresponde ao
UFDR multiplicado pela tarifa de demanda ativa em R$/kW. (CREDER, 2007)

Logo, o valor a ser faturado devido ao FP inferior a 0,92 é o somatório do FER com
FDR. Durante o período de 6 horas consecutivas, compreendido, a critério da
concessionária, entre 23 h e 30 min e 06h e 30 min, apenas os FP inferiores a
0,92Capacitivo, verificados em cada intervalo de tempo são considerados. Durante o
período diário complementar ao definido anteriormente, apenas os FP inferiores a
0,92Indutivo, verificados em cada intervalo de tempo são considerados. (ANEEL, 2000)
29

2.4.1 Avaliação horária

De acordo com a ANEEL (2000) e Codi (2004), para unidade consumidora faturada
na estrutura tarifária horo-sazonal9 ou na estrutura tarifária convencional10, o
faturamento correspondente ao consumo de energia elétrica e à demanda de
potências reativas excedentes, considerando um FP de referência de 0,92, é
calculado de acordo com as seguintes fórmulas:

𝑛
0,92
𝐹𝐸𝑅(𝑝) = {∑ [𝐶𝐴𝑡 . ( − 1)]} . 𝑇𝐶𝐴(𝑝)
𝑓𝑝𝑡
𝑡=1

𝑛 0,92
𝐹𝐷𝑅(𝑝) = [max (𝐷𝐴𝑡 . ) − 𝐷𝐹(𝑝) ] . 𝑇𝐷𝐴(𝑝)
𝑡=1 𝑓𝑝𝑡

Em que,

FDR(p) = Faturamento da demanda de potência reativa excedente por posto tarifário;


DAt = Demanda de potência ativa medida de hora em hora;
DF(p) = Demanda de potência ativa faturada em cada posto horário (maior valor
dentre a demanda medida ou a contratada);
TDAp = Tarifa de demanda de potência ativa;
FER(p) = Faturamento do consumo de reativo excedente por posto tarifário;
Cat = Consumo de energia ativa medido em cada hora;
TCA(p) = Tarifa de energia ativa;
fpt = Fator de potência calculado de hora em hora;
∑ = Soma dos excedentes de reativo calculados a cada hora;
Max = Função que indica o maior valor da expressão entre parênteses, calculada de
hora em hora;
t = Indica cada intervalo de uma hora;

9 Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de


demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do ano.
10 Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica e/ou demanda de

potência independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano.


30

p = Indica o posto tarifário: ponta e fora de ponta, para as tarifas horo-sazonais, e


único, para a tarifa convencional;
n = Número de intervalos de uma hora, por posto horário, no período de
faturamento.

2.5 Métodos de correção do FP

A correção do FP deve, inicialmente, ser feita identificando-se as causas do


consumo excessivo de potência reativa pelas cargas, evitando-se que sejam feitos
investimentos sem necessidade. Isso porque, é possível que a correção possa ser
feita apenas pelo controle dessa potência pela carga, como, por exemplo, a
substituição de motores superdimensionados por outros de menor potência ou, se
possível, o seu desligamento. (CODI, 2004)

Após tomarem-se as medidas preliminares e, caso o problema do baixo FP persista,


a solução passa a ser, então, a redução da energia reativa pelo sistema elétrico da
concessionária de energia, através da produção dessa energia pelo próprio
consumidor. A seguir serão apresentados os métodos mais utilizados para a
correção do FP.

2.5.1 Correção através do aumento da potência ativa

Este método de correção é realizado através da instalação de cargas com elevado


valor de FP ou na utilização de cargas já instaladas no sistema que apresentam FP
alto por um determinado período de tempo até que se possa atingir o FP requerido.
Esse método, embora represente uma solução possível, é pouco utilizado na prática,
pois eleva o consumo de potência ativa e pode comprometer a eficiência energética
da instalação.

Não é conveniente substituir um forno a óleo por um forno elétrico à


resistência (cujo fator de potência é praticamente igual a 100%) apenas
para aumentar o fator de potência. No entanto, se a indústria possuir dois
fornos, um elétrico e outro a óleo, funcionando alternadamente, ampliar os
períodos de uso do forno elétrico pode ser uma boa opção para corrigir o
fator de potência da indústria, desde que se tenha benefício econômico.
(COTRIM, 2009, p. 425)
31

Este método é recomendado quando o consumidor tem uma jornada de


trabalho fora do período de ponta de carga do sistema elétrico
(aproximadamente das 18 às 20 horas). Além de atender as necessidades
da produção industrial, a carga ativa que aumentará o consumo de KW/h
deverá ser cuidadosamente escolhida a fim de não aumentar a demanda de
potência da indústria. (CERIPA, 2009, p. 6)11

2.5.2 Correção através da utilização de motores síncronos superexcitados

Os motores síncronos quando operando subexcitados (corrente de excitação abaixo


da normal) não são capazes de gerar potência reativa necessária para seu próprio
funcionamento, exigindo do sistema uma potência reativa adicional. Porém, quando
superexcitados (corrente de excitação acima da normal), suprem suas próprias
necessidades de reativos e também fornecem reativos ao sistema, corrigindo, dessa
forma, o FP da instalação. Além disso, geram potência mecânica útil para o sistema.

Entretanto, devido ao fato de ser um equipamento bastante caro, nem


sempre é compensador sobre o ponto de vista econômico, só sendo
competitivo em potência superior a 200 cv, e funcionando por grandes
períodos (superiores a 8/h por dia). (CERIPA, 2009, p. 7)11

O motor síncrono gera potência reativa em função da corrente de excitação e da


carga mecânica instalada em seu eixo. Constitui um método de correção teórico,
pouco utilizado no mercado, por apresentar alto custo para implantação, e viabiliza-
se apenas em casos bem específicos.

2.5.3 Compensação por capacitores

Segundo Codi (2004, p. 7), “uma forma de reduzir a circulação de energia reativa
pelo sistema elétrico, consiste em “produzi-la” o mais próximo possível da carga,
utilizando um equipamento chamado capacitor”.

Atualmente, a opção pela utilização dos capacitores para correção do FP é a mais


utilizada nas instalações industriais e, além de apresentar melhor custo benefício,
provê maior flexibilidade de aplicação. (COTRIM, 2009)

11 http://www.ceripa.com.br
32

Portanto, para que a concessionária não forneça uma parcela muito alta de energia
reativa, gerando ônus aos consumidores, os capacitores entram em atividade para
suprir essa energia excedente da rede, aliviando assim a capacidade do sistema
elétrico e das unidades consumidoras interligadas.

2.5.3.1 Localização dos capacitores no sistema elétrico

A compensação de reativos através do uso de capacitores pode ser empregada em


diferentes pontos dentro do sistema elétrico, sendo os mais comuns:

 Correção na entrada de energia em média tensão;


 Correção no secundário do transformador;
 Correção por grupos de cargas;
 Correção localizada.

A FIG. 3 ilustra alguns dos possíveis pontos para instalação de capacitores em uma
instalação elétrica.

FIGURA 3 – Localização dos capacitores em uma instalação elétrica

Fonte: WEG, 2009, p. 11

A opção pela utilização de um ou outro método deve ser feita através da análise
técnico-econômica de cada instalação elétrica, pois cada método em particular
possui suas vantagens e desvantagens frente aos demais. Dessa forma, não é
possível afirmar qual método é o mais indicado sem, preliminarmente, realizar uma
33

avaliação criteriosa do sistema elétrico. É importante lembrar, também, que segundo


Cotrim (2009), "para a análise da localização dos capacitores dentro da instalação,
deve-se ter sempre em mente que as vantagens ao seu uso se aplicam à parte da
instalação situada a montante de seu ponto de ligação".

2.5.3.1.1 Correção na entrada de energia em média tensão

O banco de capacitores é inserido na entrada de energia, antes das buchas


primárias do (s) transformador (es) e necessariamente após o sistema de medição,
ou seja, instalado na barra de alimentação vista pela concessionária. Devido ao nível
de tensão, os equipamentos de chaveamento e proteção dos capacitores
necessitam de isolação para a tensão primária e, portanto, devem ser mais robustos,
o que eleva consideravelmente os custos de implantação. Embora economicamente
viável, haja vista que o preço por kVAr dos capacitores é menor para tensões mais
elevadas, essa correção não propicia a liberação de capacidade do transformador e
nem a redução das perdas. (COTRIM, 2009)

A aplicação desse método tem se mostrado viável em instalações de grande porte,


constituídas por várias subestações transformadoras, onde devido à diversidade
entre as subestações, pode resultar em economia proporcionada pela redução do
número de capacitores a instalar. (COTRIM, 2009)

É importante enfatizar que a correção do Fator de Potência, quando realizada na


média tensão, deve ser feita necessariamente após a medição de energia realizada
pela concessionária, a fim de garantir que o valor de energia reativa registrado no
medidor de energia seja condizente com o da instalação elétrica do consumidor.

2.5.3.1.2 Correção no secundário do transformador

A correção é realizada no secundário do transformador ou no quadro de distribuição


geral de baixa tensão. Trata-se de uma correção global da instalação que
proporciona a liberação de carga do transformador, porém, não reduz as perdas nos
diversos circuitos, uma vez que por eles haverá a circulação da corrente reativa
original.
34

A aplicação desse método é usual para instalações menos complexas, que


apresentam cargas homogêneas.

As principais vantagens desse método de correção são (CAPACITECH, 2012):



 Os capacitores instalados são mais utilizados;
 Fácil supervisão;
 Possibilidade de controle automático;
 Melhoria geral do nível de tensão;
 Instalações adicionais suplementares relativamente simples.

FIGURA 4 – Correção do FP no secundário do transformador

Fonte: CAPACITECH, 2012, p. 14

2.5.3.1.3 Correção por grupos de cargas

A correção por grupos de cargas é um método empregado para atendimento a um


conjunto de cargas ou um setor, sendo a correção executada no quadro alimentador
desse grupo ou setor.

Segundo Codi (2004, p. 7), "a potência necessária será menor que no caso da
compensação individual, o que torna a instalação mais econômica." Mesmo a
adoção desse método ainda não alivia a corrente circulante nos alimentadores das
cargas.
35

FIGURA 5 – Correção do FP por grupo de cargas

Fonte: CODI, 2004, p. 7

2.5.3.1.4 Correção localizada ou individual

A correção localizada ou individual é realizada na mesma barra de alimentação do


equipamento para o qual se deseja corrigir o FP. Analisando tecnicamente, este
método é o mais eficaz, pelos seguintes motivos (CODI, 2004):

 Reduz as perdas energéticas em toda instalação;


 Diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos compensados;
 Melhora os níveis de tensão de toda instalação;
 Pode-se utilizar um sistema único de acionamento para a carga e o capacitor,
economizando-se equipamentos de manobra;
 Gera reativos somente onde é necessário.

Mas, assim como nos demais métodos apresentados, esse também apresenta
alguns inconvenientes, os quais podem incluir:

 Muitos capacitores de pequena potência tem custo maior que capacitores


concentrados de potência maior;
 Pouca utilização dos capacitores, no caso do equipamento compensado não ser
de uso constante;
 Para motores, deve-se compensar no máximo 90% da energia reativa
necessária.
36

FIGURA 6 – Correção localizada ou individual

Fonte: CODI, 2004, p. 6

2.5.3.2 Métodos de injeção de potência reativa no sistema elétrico

A forma de ligação dos capacitores define como a potência reativa é introduzida na


rede. Segundo Cotrim (2009), “os capacitores podem ser constituídos por células (ou
bancos) fixas (os), automáticos (os) (com manobra eletromecânica ou estática ou
semiautomáticas (os)”.

Dentre os métodos mais empregados para injeção de potência reativa capacitiva na


rede para correção do FP, podem ser citados:

 Banco fixo;
 Banco semiautomático;
 Banco automático.

2.5.3.2.1 Banco fixo

Segundo Cotrim (2009, p. 427), “os capacitores são instalados junto às cargas,
ligados diretamente aos barramentos, podendo ainda ser instalados no primário das
instalações alimentadas em média ou alta tensão”. Nesse método, o valor de
potência reativa capacitiva injetada na rede é fixo, independente do regime de
funcionamento das cargas do sistema. Caso o banco tenha sido dimensionado para
um regime de carga de 100% e, em um determinado momento, esse regime reduzir
para 50%, é extremamente possível que o FP da instalação fique capacitivo. Caso
37

esse índice ultrapasse o valor limite de injeção de potência reativa na rede da


concessionária, o consumidor será penalizado por excesso de reativos.

O banco fixo apresenta as seguintes características (COTRIM, 2009):

 Baixo Custo;
 Impossibilidade de controle;
 Possibilidade de sobretensões devido a sobrecompensações em período de
baixa carga;
 Possibilidade de pagamento da tarifação de energia reativa no período da
madrugada (reativo capacitivo).

2.5.3.2.2 Banco semiautomático

Nesse método, a correção é localizada, ou seja, é feita junto às cargas, podendo ser
conectada no mesmo dispositivo de manobra, sendo o banco acionado no mesmo
instante que a carga. (COTRIM, 2009)

Outra configuração de banco de capacitores que se enquadra na categoria


semiautomático seria o chaveamento dos capacitores através de um timer, em
horários pré-estabelecidos. Nesse caso, a correção não precisa ser localizada.

O banco semiautomático possui as seguintes características (COTRIM, 2009):

 Investimento inicial alto, devido à aplicação de capacitores para cada carga


solicitada para realizar a injeção de reativo, caso haja grande diversidade
operacional de cargas;
 Caso não seja possível fisicamente a instalação dos condutores dos capacitores
junto aos bornes de ligação do dispositivo de manobra da carga por ele não
comportar ambos os condutores, gera-se um custo adicional, devido à
necessidade de instalação de contator, dispositivo de manobra e contatos
auxiliares para o banco de capacitor a ser instalado;
38

 Para realizar o chaveamento do banco de capacitores, é necessário que ele


esteja totalmente descarregado ou com uma tensão residual menor que 10%
para, assim, energizá-lo novamente. Caso essa condição não seja satisfeita,
poderá ocorrer sobrecorrente e sobretensão nesse banco, que pode levar à
atuação indevida da proteção, colagem de contatos e possíveis danos às células
capacitivas;
 A realização do chaveamento dos capacitores poderá afetar os dispositivos mais
sensíveis, tais como dispositivos de acionamentos estáticos e semicondutores
como os inversores de frequência e soft-starters.

2.5.3.2.3 Banco automático

Atualmente, as concessionárias de energia efetuam as cobranças de faturamento de


energia e demanda de potência reativa, num intervalo de integralização horário, logo
a utilização do banco de capacitor automático, torna-se essencial para manter o
sistema elétrico dentro dos limites aceitáveis. (CREDER, 2007)

Em sistemas com regime variável de carga, torna-se necessário realizar o controle


da injeção de reativos na rede, a fim de evitar a ocorrência de sobretensões durante
o período de cargas mais leves e a geração de ônus adicionais por excesso de
reativos. Para esses tipos de sistemas, o método mais apropriado passa a ser a
utilização de um banco de capacitores automático.

O sistema de correção automático do FP consiste do fracionamento do banco de


capacitores em estágios com potências menores, que são acionados
individualmente em virtude da necessidade da correção. (COTRIM, 2009)

O controle de acionamento dos estágios é realizado por um equipamento eletrônico


denominado Controlador Automático do Fator de Potência (CAFP), que recebe a
informação do usuário do FP desejado e da potência capacitiva disponível em cada
estágio e através de amostras de corrente e tensão, do sistema a controlar, monitora
o FP da instalação. De posse das informações e cálculos efetuados internamente,
ele pode acionar os contatores dos capacitores, caso seja necessário acrescentar
potência capacitiva no sistema, ou desacoplá-los, caso exista a necessidade de
39

retirada de potência capacitiva do sistema, a fim de manter o FP desejado.


(COTRIM, 2009)

Após o desligamento das cargas, dado que o tempo de resposta do sistema pode
ser lento, os capacitores levam certo tempo para serem desligados, o que pode
ocasionar uma sobrecompensação, uma vez que a carga já foi desconectada,
acarretando em tensões indesejáveis na rede, podendo afetar as outras cargas que
continuam em operação. (COTRIM, 2009)

O sistema de correção do FP automático constitui uma solução de custo elevado.


Dessa forma, é necessário ter uma dinâmica suficiente para que se justifique tal
aplicação. (COTRIM, 2009)

Os bancos automáticos de capacitores são fornecidos em painéis onde se


alojam os capacitores, as contactoras que colocam ou retiram de operação
os capacitores, o equipamento principal de manobra e proteção, a unidade
de controle (CAFP), os fusíveis, os barramentos e os cabos de ligação e de
controle. (CREDER, 2007, p. 285)

É importante salientar que, no caso dos bancos automáticos, a inserção ou retirada


de cada estágio, em função da necessidade do ajuste do Fator de Potência
desejado, estabelece uma frequência de ressonância em potencial. Assim, a
ressonância no ponto de ligação de um banco capacitivo automático poderá ocorrer
para várias frequências diferentes, o que agrava a situação e exige estudos mais
aprofundados, a fim de evitar que essa frequência de ressonância ocorra na mesma
frequência de uma harmônica perigosa. (ISONI, 2009)
40

3 HARMÔNICAS

Tipicamente a tensão produzida por um gerador que alimenta um sistema elétrico


apresenta características oscilatórias cuja frequência fundamental é de 60Hz e essa
forma de onda está representada na FIG. 7. Geralmente os estudos direcionados
para as formas de ondas senodais puras são de fácil representação matemática,
desde que estas alimentem cargas lineares.

As cargas lineares são cargas que, ao serem energizadas por tensão alternada e
operando em regime permanente, apresentam uma relação linear entre sua tensão e
corrente ao mesmo tempo em que não produzem distorção no espectro de corrente.
São algumas cargas com essas características: lâmpadas incandescentes, motores
de indução (sem dispositivos de acionamento eletrônicos) e chuveiros elétricos (sem
dispositivos de controle eletrônicos). Comumente os cálculos realizados para
identificar a tensão sobre este tipo de carga levam em consideração o período de
propagação dessa onda em uma derivada simples. Abaixo temos a representação
da equação de tensão em um indutor12, em que v(t) é a tensão, L a indutância e di/dt
é a variação da corrente em função do tempo.
𝑑𝑖
𝑣 (𝑡) = 𝐿
𝑑𝑡

FIGURA 7 – Onda senoidal com frequência de 60 Hz

Fonte: Elaborada pelos autores

12 Equação baseada no livro Fundamentos de Circuitos elétricos, p. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill,
2008, p. 386
41

Em um ambiente industrial, onde são utilizadas cargas não lineares (conjuntos


acionamento / carga compostos por retificadores controlados, inversores de
frequência, soft starters, por exemplo), se for utilizado o osciloscópio a fim de
observar o espectro de onda da corrente, o que será possível perceber é uma forma
de onda distorcida, que possui características oscilatórias, ou seja, o formato da
onda se repete em intervalos de tempo iguais. Essa descaracterização da onda é
essencial para a perfeita operação das cargas citadas; porém equipamentos
sensíveis, se conectados ao mesmo barramento onde ocorrem esses distúrbios,
poderão apresentar irregularidades de operação como perda de dados, atuação
súbita de sistemas de proteção, aquecimento de cabos, interferência em sistemas
de telecomunicações.

A análise desse espectro distorcido (não senoidal) pode ser feita através do método
criado pelo físico e matemático Joseph Fourier, denominado Série de Fourier em
sua homenagem. De acordo com ele, qualquer forma de onda periódica pode ser
decomposta em funções senos e cosenos cuja soma reconstitui a onda original.
Cada parte integrante dessa soma é conhecida como Harmônica.

3.1 Características harmônicas

Harmônica pode ser definida como forma de onda senoidal cuja frequência
apresente multiplicidade em relação à frequência de onda fundamental. No caso de
um sistema alimentado com uma frequência fundamental de 60 Hz, a 2ª Harmônica
corresponde a 120 Hz, a 3ª Harmônica à 180 Hz, a 4ª Harmônica à 240 Hz e assim
sucessivamente. Conforme Dugan (2002), as harmônicas podem compreender
disposições correspondentes à faixa da 25ª à 50ª ordem13 para fins de análise em
estudos práticos, apesar de a teoria mostrar que se pode calcular harmônicas de
ordem infinita.

A fim de compreender e quantificar os efeitos das distorções harmônicas em um


sistema elétrico, a organização de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos dos
Estados Unidos ou, conforme o nome original, The Institute of Electrical and

13 A representação de um sinal distorcido e sua decomposição em ondas senoidais pode ser


observada no Anexo 1.
42

Electronics Engineers Inc. (IEEE)14, elaborou uma norma que relaciona causas e
efeitos das distorções Harmônicas, o IEEE std 519-1992 Recommended Practices
and Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems. Neste
documento constam índices que são utilizados pelas concessionárias (como, por
exemplo, a CEMIG) e agências reguladoras como ANEEL (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), para estabelecer
os níveis de distorções toleráveis num barramento de alimentação. A TAB. 3
representa os níveis de distorção totais permitidos pela ANEEL.

TABELA 3 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em porcentagem da
tensão fundamental)

Distorção Harmônica Total de Tensão


Tensão Nominal do Barramento
(DTT) [%]
𝑉𝑁 ≤ 1𝑘𝑉 10
1𝑘𝑉 < 𝑉𝑁 ≤ 13,8𝑘𝑉𝑉𝑁 ≤ 1𝑘𝑉 8
13,8𝑘𝑉 ≤ 𝑉𝑁 ≤ 69𝑘𝑉 6
69𝑘𝑉 ≤ 𝑉𝑁 ≤ 230𝑘𝑉 3

Fonte: ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição de Energia


Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST. Módulo 8, SRD, 2012.

A Taxa de Distorção Harmônica Total (TDH) ou originalmente Total Harmonic


Distortion (DHT) pode ser obtida em função dos valores de tensão ou de corrente, e
permite avaliar o grau de distorção da forma de onda em estudo em relação à sua
onda fundamental. O cálculo é feito através do valor quadrático médio (RMS), ou
seja, a raiz quadrada do somatório de todas as tensões (DHT de tensão) ou
correntes (DHT de corrente) harmônicas presentes na onda distorcida elevadas ao
quadrado (exceto a fundamental), dividida pela tensão (DHT de tensão) ou corrente
(DHT de corrente) fundamental. Baseado nesta equação, pode-se concluir que
quanto maior é o valor da DHT, maior será a distorção da forma de onda e
consequentemente pior será a qualidade do sinal analisado. Abaixo tem-se a
equação para o cálculo da DHT percentual de tensão.

14 http://www.ieee.org
43

√ ∑∞
𝑛=2 𝑉𝑛
2
𝐷𝐻𝑇𝑉% = 𝑥100%
𝑉1

O cálculo da DHT percentual de corrente é similar ao de tensão e pode ser obtido


através da equação:

√∑∞ 2
𝑛=2 𝐼𝑛
𝐷𝐻𝑇𝐼% = 𝑥100%
𝐼1

Avaliando-se a equação da Lei de Ohm para circuitos elétricos abaixo, percebe-se


que a tensão é diretamente proporcional à corrente. Caso haja uma alteração no
valor da carga (impedância), tem-se uma variação no valor da corrente que por sua
vez causará uma variação no valor da tensão. Portanto, um espectro distorcido de
tensão é uma consequência da distorção do espectro de corrente. A carga a ser
alimentada é quem define o tipo da fonte e o espectro de corrente fornecido por
esta.

𝑉 = 𝑍𝑥𝐼

Outro aspecto muito importante na discussão sobre harmônicas é a relação do tipo


da sequência que essa harmônica poderá produzir. Para que se possa compreender
o que é uma sequência positiva, negativa e zero, o próximo parágrafo faz uma breve
explicação.

Uma onda senoidal pura pode ser representada por um fasor, que compreende um
vetor no espaço e que gira no sentido trigonométrico. Um sistema trifásico
equilibrado é constituído de três fases, as quais podem ser representadas por três
fasores, indicados pelas letras A, B e C e estando defasados de 120º entre si (FIG.
8a). Para realizar essa análise em sistemas desequilibrados, recorre-se ao teorema
de Fortescue, que permite a decomposição desse sistema em vetores equilibrados
de sequência positiva, negativa e zero cuja soma reconstitui o vetor original.

De acordo com a figura FIG. 8, ao se fixar o ponto x e permitir que os três vetores
comecem a girar, é perceptível que os vetores irão passar de forma sequencial em
44

relação ao ponto x. Adotando-se o sentido trigonométrico e anti-horário como


positivo, tem-se:

a) Sequência positiva: o vetor A passa pelo primeiro pelo ponto x, depois o vetor B
e posteriormente o vetor C, e logo após a sequência é retomada, caracterizando
a sequência positiva ABC (FIG. 8a);
b) Sequência negativa: o sentido de giro é oposto, ou seja, no ponto x, será
percebido que o ponto C passará primeiro, depois o ponto B e por último o ponto
A caracterizando a sequência negativa CBA (FIG. 8b);
c) Sequência zero: os vetores possuem ângulos entre si iguais à zero, ou seja, os
vetores no espaço encontram-se no mesmo sentido de giro e os vetores passam
simultaneamente pelo ponto x (FIG. 8c).

FIGURA 8 – Representação dos fasores e sentido de giro - (a) sequência positiva - (b) sequência
negativa - (c) sequência zero

Fonte: Elaborada pelos autores

Esse tipo de análise permite prever o comportamento dessas correntes e a


influência sobre o sistema elétrico. Por exemplo, se um motor elétrico trifásico é
alimentado por uma barra que possui componentes harmônicas de sequência
negativa, tem-se uma força resultante que atua no sentido contrário ao de giro do
45

motor, que por sua vez, tende a frenar ou em casos extremos inverter o sentido de
giro desse motor.

Se forem analisadas as componentes de sequência zero de ordem três e suas


múltiplas, tomando-se como exemplo um sistema trifásico configurado em estrela,
será observada uma corrente de neutro cuja magnitude será a soma algébrica das
correntes que circulam nas fases. A corrente de neutro em um sistema equilibrado
com essa configuração ausente de harmônicas de sequência zero deveria ser nula,
mas, com a presença de harmônicas de sequência dessa natureza tem-se valores
de corrente cuja amplitude atingirá até três vezes o valor da corrente fase. As
consequências desse efeito além das sobrecorrentes será a presença de
sobretensões no barramento.

As componentes de sequência positiva são usadas como referência, pois são


produzidas na geração da energia elétrica, e essa sequência obedece ao sentido de
giro do rotor do gerador da concessionária.

É possível obter uma relação entre o tipo de sequência e o número da harmônica


como pode ser observado na TAB. 4.

TABELA 4 - Relação entre Ordem harmônica, frequência e sequência de fase

Ordem Frequência (Hz) Sequência


1 60 +
2 120 -
3 180 0
4 240 +
5 300 -
6 360 0
n n*60 (+,-,0)

Fonte : MORENO, Hilton. Harmônicas nas Instalações Elétricas: causas efeitos e soluções. Procobre,
2001
46

3.2 Principais fontes geradoras de harmônicas

3.2.1 Retificadores

A retificação é um processo que consiste em converter tensão e corrente alternadas


em tensão e corrente contínuas.

Os retificadores monofásicos controlados apresentam grande quantidade de


ondulação AC em sua tensão de saída DC e são limitados pela capacidade
de potência da fonte monofásica. Para níveis mais elevados de potência os
retificadores trifásicos controlados são preferencialmente escolhidos, porque
fornecem tensão média DC aumentada na saída, bem como uma
componente AC reduzida. (AHMED, 2011, p. 225)

A FIG. 9 ilustra um circuito retificador não controlado e a forma de onda da corrente


na fase 1. A alimentação do circuito retificador é feita por um transformador (relação
1:1) ligado em delta, essa configuração permite que a corrente If1 seja a mesma em
If4. (BARBI, 2005)

FIGURA 9 – Retificador de seis pulsos alimentado por transformador delta-delta e forma de onda

Fonte: BARBI, 2005, p. 293


47

Analisando-se o espectro harmônico (FIG. 10) é possível verificar que além da


componente fundamental, há componentes de 5ª, 7ª, 11ª, 17ª, 19ª, 23ª e 25ª ordem.
As barras com amplitudes negativas apenas indicam a oposição de fase em relação
à componente fundamental.

FIGURA 10 – Espectro harmônico da corrente de fase do retificador mostrado na FIG. 9

Fonte: BARBI, 2005, p. 294

Um retificador de “p” pulsos pode gerar correntes harmônicas no lado de corrente


alternada da seguinte ordem (CPFL, 2010)15:

ℎ =𝑛∗𝑝±1

Em que:

h = ordem da corrente harmônica;


p = número de pulsos do retificador;
n = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 ...

Os harmônicos enquadrados na equação acima, são denominados de “Harmônicos


Característicos”. Através da análise da equação acima é possível afirmar que ao se
aumentar o número de pulsos de um retificador, diminui-se o número de harmônicos
de corrente resultantes.
15 http://www.cpfl.com.br
48

A introdução de uma reatância na entrada de energia CA do retificador reduz a


amplitude das componentes harmônicas, embora não interfira na ordem das
harmônicas geradas pelo retificador. (CPFL, 2010)

Além dos harmônicos característicos, os retificadores também produzem


componentes harmônicos não característicos, os quais não obedecem à equação
apresentada acima. Embora o fato das análises teóricas ficarem somente na esfera
dos harmônicos característicos, verifica-se que na prática, a partir de medições, as
componentes harmônicas não características passam a ter valores expressivos.
(CPFL, 2010)

O surgimento dos harmônicos não característicos, ou seja, dos não previstos pela
teoria idealizada, deve-se às seguintes causas (CPFL, 2010):

 Erros no sistema de disparo da instalação retificadora;


 Desequilíbrio da tensão CA de alimentação da instalação retificadora;
 Distorção harmônica na tensão de alimentação;
 Desequilíbrio entre impedâncias do sistema CA.

3.2.2 Inversores de frequência

Segundo Rashid (1999) os conversores de corrente contínua (CC) em corrente


alternada (CA) são conhecidos como inversores.

A função de um inversor consiste em converter uma tensão de entrada CC em uma


tensão de saída CA simétrica de amplitude e frequência desejadas. A tensão de
saída pode ser fixa ou variável em uma frequência também fixa ou variável.

Segundo Rashid (1999, p. 436), "os inversores tem sua aplicação em acionamento
de máquinas CA em velocidade variável, aquecimento indutivo, fontes auxiliares,
sistema de energia ininterrupta".
49

Esses dispositivos utilizam componentes eletrônicos para realizar o chaveamento do


circuito de forma mais eficaz e segura, são exemplos desses componentes: Metal
Oxide Semiconductor Field Effect Transistor (MOSFETS), Bipolar Junction
Transistors (BJTs), Insulated Gate Bipolar Transistor (IGBTs), MCTs (MOS
Controlled Thyristor), Static Induction Transistor (SITs), GTOs (Gate Turn-off).

Na FIG. 11, tem-se a representação da arquitetura de um inversor que é composta


por uma etapa retificadora, uma etapa de filtragem e uma etapa de chaveamento.

FIGURA 11 – Arquitetura básica de um inversor de frequência

Fonte: http://www.clubedaeletronica.com.br

a) Seção retificadora: retifica o sinal de entrada com algumas oscilações ou ripple;


b) Barramento DC: minimiza o ripple;
c) Seção inversora: recebe um sinal do controlador de largura de pulso (Pulse
Width Modulation - PWM) e efetua a conversão CC-CA.

O PWM controla o tempo de acionamento dos IGBT’s. Quanto maior for a largura de
pulso, maior será a a tensão média sobre o motor e menor será a frequência. De
modo análogo, quanto menor a largura do pulso, maior será a frequência e menor
será a tensão média. A TAB. 5 representa o acionamento do motor ligado em
estrela. Os IGBT’s são ligados dois a dois (indicados pelo numeral 1), de modo a
produzirem uma tensão trifásica na saída (ABC), defasadas de 120º entre si (FIG.
12).
50

TABELA 5 - Representação dos níveis lógicos e tensão de saída

INTERVALO IGBT1 IGBT2 IGBT3 IGBT4 IGBT5 IGBT6 VAN VBN VCN

0 - 60º 1 0 0 0 0 1 +VCD/2 -VCD/2 0


60 º - 120º 1 1 0 0 0 0 +VCD/2 0 -VCD/2
120 º - 180º 0 1 1 0 0 0 0 +VCD/2 -VCD/2
180 º - 240º 0 0 1 1 0 0 -VCD/2 +VCD/2 0
240 º - 300º 0 0 0 1 1 0 -VCD/2 0 +VCD/2
300 º - 360º 0 0 0 0 1 1 0 +VCD/2 +VCD/2

Fonte: http://www.clubedaeletronica.com.br

FIGURA 12 – Saída do inversor

Fonte: http://www.clubedaeletronica.com.br

As formas de onda de corrente, que circulam nas fases de alimentação da seção


retificadora dos inversores, são totalmente descaracterizadas quando comparadas a
uma onda senoidal, sendo denominadas de “ondas deformadas”. Estas formas de
onda, por terem um alto grau de deformação, tem um conteúdo elevado de
componentes harmônicas. Considerando ainda serem os retificadores,
equipamentos que convertem energia CA-CC com potências elétricas de grandes
valores, as amplitudes destes componentes harmônicos são também consideráveis,
quanto aos efeitos que as mesmas possam causar no sistema elétrico supridor,
como no próprio consumidor possuidor de tais cargas. (CPFL, 2010)
51

A FIG. 13 apresenta as formas de onda no sistema do consumidor e da


concessionária ocasionadas pela seção retificadora do inversor de frequência.

FIGURA 13 – Formas de onda no sistema concessionária/consumidor

Fonte: CPFL, 2010, p. 52

O retificador, devido à obtenção de um sinal de tensão desejado CC (Vd) (lado CC),


gera uma corrente distorcida (Id) de grande amplitude. A circulação desta corrente
ao longo do sistema elétrico, produz quedas de tensão distorcidas, nesse sistema,
acarretando distorções na tensão (lado CA). (CPFL, 2010)

3.2.3 Transformadores com núcleo ferromagnético

De ocordo com o princípio de funcionamento do transformador, para se ter uma


tensão induzida no secundário, é necessário que haja um fluxo mútuo, variável no
tempo, enlaçando dois enrolamentos. Esse acoplamento pode ocorrer sem que
exista contato físico entre duas bobinas como, por exemplo, o ar. No transformador,
a fim de maximizar o enlace de fluxo com níveis relativamente baixos de força
magnetomotriz, o núcleo é arquitetado por material ferromagnético. (FITZGERALD,
2008)

O mesmo autor (2008) afirma que a bobina do primário ao ser submetida à


alimentação CA, promove a circulação de um fluxo magnético no núcleo do
transformador, também com característica alternada (FIG. 14b). Esse fluxo percorre
52

um caminho fechado do núcleo e induz uma tensão na bobina de secundário de


acordo com a Lei de Faraday.

O material do núcleo ao ser percorrido por um campo magnético, orienta seus


domínios magnéticos (spins) de acordo com o sentido do campo. Como o campo
magético é alternado, a orientação do domínio magnético também será. Quando o
sentido do campo é invertido (FIG. 14a), faz-se necessária a aplicação de uma força
maior para reposicionar o domínio magnético no sentido oposto. Existem ainda
alguns spins que não obedecem o sentido do fluxo, mantendo a posição anterior
(análogo a uma “memória”). De acordo com esse princípio, é estabelecida uma
curva característica denomindada laço de histerese.

De acordo com Del Toro (2011), o material do núcleo possui um limite de


magnetização, que não possui característas puramente lineares. Essa cacterística
pode ser representada por um gráfico conhecido como curva de magnetização. Se é
solicitada do transformador uma corrente maior que a nominal, o núcleo atinge a
condição de saturação, no qual o fluxo magnético deixa de ser responsivo ao
aumento de corrente. Esta situação provoca a descaracterização da onda de fluxo,
gerando uma onda “abaulada”. O espectro de onda descaracterizado pode ser
decomposto em duas componentes harmônicas, sendo uma de primeira ordem
(fundamental) e a outra de terceira ordem e negativa (FIG. 14c).
53

FIGURA 14 – Representação do efeito de uma corrente de magnetização senoidal: (a) curva de


magnetização mostrando saturação sob forças de magnetização elevadas e sem
histerese; (b) corrente de magnetização senoidal suposta como circulando da fonte de
tensão para a bobina do primário e (c) a onda de fluxo resultante com o topo abaulada
produzida pela corrente de (b)

Fonte: DEL TORO, 2011, p. 55

A partir do fluxo distorcido do núcleo (em virtude da circulação da terceira


harmônica), a onda de tensão induzida no secundário também será afetada.

De acordo com Mamede Filho (2005), as harmônicas produzidas por


transformadores de força são as de 3ª ordem, e apresentam características
conforme o tipo de ligação:

a) Conexão Δ- Δ: não há circulação de corrente no sistema supridor, já que a


configuração Δ primária funciona como filtro de 3ª harmônica;
b) Conexão Δ- Y aterrada: há circulação de corrente de 3ª harmônica ao lado da
configuração estrela;
c) Conexão Y- Y: dependendo do valor do aterramento, pode haver circulação de
correntes de 3ª ordem.
54

3.2.4 Fator de potência e harmônicas

O FP descrito no capítulo anterior foi definido para um ambiente que apresenta uma
componente senoidal pura. Este FP pode ser expresso pelo cosseno do ângulo
formado entre os vetores que representam a potência ativa (W) e a potência
aparente (VA).

Quando há distorções geradas por harmônicas as reatâncias indutivas


elevam-se proporcionalmente com a elevação da frequência e o triângulo de
potências é alterado, introduzindo-se uma nova (terceira) dimensão
decorrente dos VA’s necessários para sustentar a distorção. (ISONI, 2009,
p. 46)

FIGURA 15 – Tetraedro de potências em sistemas distorcidos

Fonte : ISONI, 2004, p. 31

Dessa forma, para se calcular o fator de potência real, fazem-se necessárias as


seguintes reformulações16:

Potência Ativa: é a soma das potências ativas causadas por tensões e correntes de
mesma ordem, ou seja:

𝑃 = ∑ 𝑈ℎ 𝑥𝐼ℎ 𝑥𝑐𝑜𝑠𝜑ℎ
ℎ=1

16 Equações de potência ativa (P), potência Aparente (S), potência reativa (Q) e potência de desvio
(D), baseadas no documento Workshop Instalações Elétricas de Baixa Tensão (2003, p. 7).
Disponível em http://www.schneider-electric.com.br
55

Potência reativa: é definida somente para a frequência fundamental, ou seja:

𝑄 = 𝑈ℎ 𝑥𝐼ℎ 𝑥𝑠𝑖𝑛𝜑ℎ

Potência aparente:

∞ ∞
2
𝑆 = (∑ 𝑈ℎ ) . (∑ 𝐼ℎ2 )
2

ℎ=4 ℎ=1

Potência de Distorção:

𝐷 = √𝑆 2 − 𝑃2 − 𝑄 2

Reavaliando as equações e realizando as devidas operações matemáticas, o Fator


de Potência adquire a seguinte forma:

𝑆 1
𝐹𝑃(𝑟𝑒𝑎𝑙) = = 𝑐𝑜𝑠𝜑ℎ 𝑥
𝑃
√1 + 𝑇𝐻𝐷𝑖2

Em que,

 𝜑ℎ É a defasagem entre a tensão e a corrente harmônica de ordem h;


 𝑈ℎ É a tensão harmônica de ordem h;
 𝐼ℎ É a corrente harmônica de ordem h.

Avaliando-se a equação do Fator de Potência real, pode-se chegar à conclusão que,


quanto maior for a distorção harmônica, mais insatisfatória torna-se a utilização da
energia ativa.

Segundo Isoni (2009, p. 48), "para altos conteúdos harmônicos, ou seja, quanto mais
significativa for a presença de harmônicas na rede, mais difícil e complexa torna-se a
tarefa de corrigir satisfatoriamente o fator de potência".
56

Ainda segundo o mesmo autor (2009), caso a concessionária de energia esteja


determinando o Fator de Potência baseando-se somente nas potências ativa e
aparente à frequência fundamental, o Fator de Potência registrado será superior ao
real.

3.3 Efeitos das correntes harmônicas sobre os capacitores

Um capacitor constitui-se basicamente de duas placas paralelas separadas por um


material isolante (dielétrico). O dielétrico tem como função manter o isolamento entre
as placas, inibindo a circulação de corrente em determinada diferença de potencial.
Sua capacidade de isolamento envolve os aspectos construtivos (como por exemplo,
área das placas, distância e tipo de material isolante).

Sob condição de tensão contínua, os elétrons contidos em suas placas irão se


alinhar de acordo com a polarização da fonte. Em regime permanente, pelo fato de
as placas apresentarem o mesmo potencial da fonte e devido à presença do
dielétrico, não haverá circulação de corrente.

Quando o capacitor é submetido à tensão alternada, seu comportamento é


modificado. No semi-ciclo positivo de uma tensão senoidal, uma placa do capacitor é
polarizada com carga positiva (conforme potencial da fonte). Quando o ciclo de
tensão se inverte, o potencial da fonte torna-se menor que o potencial da placa
positiva. Assim, surge uma diferença de potencial entre a fonte e a placa. Perante a
diferença de potencial produzida, será estabelecida uma circulação de corrente, que
não era percebida na aplicação de tensão contínua (em regime permanente).

De acordo com o circuito CA no qual o capacitor estiver inserido, este irá carregar e
descarregar conforme a característica cíclica da fonte. Na inversão de ciclo, as
placas carregadas oferecem oposição à mudança de ciclo, conhecida como
reatância capacitiva, a qual é determinada pela seguinte equação:

1
𝑋𝑐 =
2∗𝜋∗𝑓∗𝐶
57

Em que,

𝑓 = frequência da tensão do circuito em Hertz;


𝐶 = capacitância do capacitor em Farad.

De acordo com a equação anterior, é possível perceber que a frequência aparece no


denominador. Isso significa dizer que quanto maior for a frequência do circuito,
menor será a reatância do circuito, ou seja, menor será a oposição à circulação de
corrente alternada.

Na especificação de capacitores deve-se levar em consideração, dentre outros:

a) A frequência na qual ele irá trabalhar (ciclos de carga e descarga);


b) A tensão de operação (capacidade de isolação);
c) Corrente de operação.

Esses aspectos de especificação são necessários para se definir os parâmetros


nominais de trabalho do capacitor bem como a capacitância e a reatância.

Na "convivência" de capacitores e correntes harmônicas num mesmo circuito, devido


à presença de maiores frequências (conforme descrito no capítulo 2), haverá a
redução da reatância capacitiva do circuito, aumentando a circulação de corrente
entre o capacitor e a fonte. Como a capacidade de condução de corrente elétrica é
uma característica construtiva do capacitor, essa será excedida. Esse aumento de
corrente implicará em sérias consequências ao dispositivo, tais como:

a) Ruptura da estrutura, devido à dissipação de calor que ocorre de forma


quadrática (efeito joule);
b) Diminuição da vida útil por causa dos rápidos ciclos de carga e descargas.

Como as distorções harmônicas de corrente também provocam a distorção do


espectro de tensão, o capacitor também será submetido à sobretensões. Essas
sobretensões poderão ser responsáveis por romper a capacidade de isolação do
58

dielétrico, podendo provocar a ruptura do invólucro protetor ou até mesmo ocasionar


explosões.

Codi (2004) reforça o que foi dito ao listar alguns dos problemas usuais em
capacitores devido aos efeitos causados pelos componentes harmônicos:

 Diminuição do range de tensão, principalmente quando mais distante das fontes


geradoras, motivado por quedas de tensão criadas nos circuitos em função da
circulação de maiores níveis de corrente. A fabricação de um capacitor considera
o dielétrico para suportar o gradiente de tensão a que fica submetido durante seu
funcionamento. O valor da tensão deve considerar o efeito dos componentes de
tensão harmônica de diversas ordens. A especificação do isolamento do
dielétrico é determinada para que se garanta pouca corrente de fuga. No caso da
tensão no dielétrico ser elevada acima do valor projetado, verifica-se aumento da
corrente de fuga e um consequente aquecimento do meio dielétrico, provocando
redução da vida útil do capacitor. O aumento dessa tensão pode ser causado
pela tensão sustentada do próprio sistema de regulação da rede elétrica ou pela
presença de componentes de tensão harmônica;
 As correntes harmônicas resultantes fazem elevar o valor da corrente total que
circula pelas placas do capacitor, sobreaquecendo o meio dielétrico, os
condutores e os pontos de conexão das placas , de maneira a reduzir a vida útil
das células capacitivas.

As reatâncias da instalação elétrica podem trazer riscos de ressonância com os


capacitores, o que pode aumentar consideravelmente a amplitude das harmônicas
em todos os equipamentos. Quando um capacitor é submetido a uma tensão de
frequência maior que a sua nominal, ele se constitui num caminho fácil para a
circulação de correntes elevadas, motivadas pela baixa reatância nessas condições
de funcionamento. A vida útil dos capacitores está condicionada aos efeitos dos
componentes dos harmônicos sobre as peças desses equipamentos. (MAMEDE
FILHO, 2005)

A simples medição dos níveis de distorção de tensão e corrente presentes na


instalação não são suficientes para avaliar os impactos no sistema elétrico com a
59

simples aplicação de capacitores para a correção do FP. É necessário que se faça


um estudo detalhado, visando manter a funcionalidade dos equipamentos elétricos,
uma vez que altas distorções harmônicas comprometem o funcionamento de
equipamentos como motores, transformadores e principalmente os sistemas
eletrônicos.

Um problema recorrente é a excitação de correntes ou tensões ressonantes entre


indutâncias e capacitâncias. Os casos típicos são associações de capacitores com
transformadores, capacitores associados com motores, capacitores operando com
reatores, etc.
As normas nacionais e internacionais estabelecem condições específicas
quanto à utilização de capacitores em sistemas elétricos submetidos a
condições anormais de operação, tais como sobretensão sustentada,
transitórios, tensões e correntes harmônicas, etc. (MAMEDE FILHO, 2005,
p. 619)

A norma IEEE para capacitores de potência shunt (IEEE std. 18 - 1992) especifica
os valores contínuos os quais os capacitores devem suportar:

 135% de seu valor de potência (kVAr) informado na placa de identificação;


 110% da tensão nominal rms (incluindo harmônicas, mas excluindo transientes);
 180% do valor nominal da corrente eficaz (incluindo fundamental e harmônicas);
 120% da tensão de pico (incluindo harmônicas).

Mamede Filho (2005) afirma que não é economicamente viável desenvolver um


projeto de banco de capacitores para suportar condições anormais de operação,
como no caso de correntes harmônicas circulantes na instalação.

O projeto de um capacitor está condicionado, durante sua vida útil, a operar


com tensões e correntes senoidais. Para esse projeto atender às condições
operacionais anormais dos sistemas elétricos seria necessário elevar o
valor de sua tensão nominal, aumentando os custos de manufatura para
que ele pudesse operar sem perda de vida útil. Os capacitores não são
responsáveis pela geração de tensões harmônicas no sistema. A onda de
tensão fundamental (onda de tensão na frequência industrial, ou seja ,60
Hz) é deformada pelo uso de equipamentos poluidores do sistema elétrico e
geram as chamadas tensões harmônicas que influenciam a operação dos
bancos de capacitores. (MAMEDE FILHO, 2005, p. 619)
60

3.3.1 Ressonância elétrica

A ressonância de um circuito elétrico pode ser entendida como uma condição em


que a reatância indutiva do circuito se iguala a sua reatância capacitiva em uma
dada frequência em particular. Essa frequência é denominada frequência de
ressonância. Quando não há banco de capacitores instalados no sistema, essa
frequência tende a ser de valor muito elevado, geralmente na faixa dos kHz. Como
não existem fontes de corrente que operam em frequências tão elevadas, o
fenômeno da ressonância, nesse caso, não gera maiores problemas. Porém,
quando o banco de capacitores está presente, ela se reduz drasticamente, podendo,
inclusive, se estabelecer na mesma frequência das correntes harmônicas geradas
por cargas não lineares. Caso essa situação venha a ocorrer, os capacitores e o
sistema elétrico serão submetidos a sobrecorrentes e/ou sobretensões de valores
muito elevados. (CREDER, 2007)

Segundo Dugan (2002), os problemas envolvendo harmônicos muitas vezes surgem


primeiramente nos bancos de capacitores, que experimentam alta distorção de
tensão durante a ocorrência do fenômeno da ressonância. A corrente que flui no
banco de capacitores também é significativamente elevada. A FIG. 16 apresenta
uma forma de onda de corrente de um banco de capacitores em ressonância com o
sistema na ordem da 11ª harmônica. A corrente harmônica mostra-se distintamente,
resultando numa forma de onda, que é essencialmente a 11ª harmônica montada no
topo da frequência fundamental. Esta forma de onda de corrente normalmente indica
que o sistema está em ressonância e um banco de capacitores está envolvido. Em
tal condição de ressonância, a corrente eficaz é tipicamente maior que a corrente
nominal rms do capacitor.
61

FIGURA 16 – Corrente típica em um banco de capacitores em ressonância com o sistema na ordem


da 11ª harmônica

Fonte: DUGAN, 2002, p. 211

Em uma situação de ressonância, o valor da impedância do circuito se resume


somente a seu valor de resistência, sendo, portanto, a única impedância que limita a
magnitude das correntes harmônicas.

Quando um determinado ponto do sistema elétrico se encontra em uma condição de


ressonância, ele pode estar apresentando uma impedância de valor muito baixo ou
muito elevado, dependendo das condições do circuito elétrico envolvido. O fator
determinante, nesse caso, é se o circuito se encontra em ressonância série ou
paralela. (CPFL, 2010)

A ressonância pode ser do tipo “série” (quando o fluxo de corrente enxerga


elementos indutivos e capacitivos em série) ou do tipo “paralela” (quando o
fluxo de corrente enxerga elementos indutivos e capacitivos em paralelo),
ou mesmo uma conjugação de ambas as situações. (ISONI, 2004, p. 27)17

Em ambos os casos, desprezando-se o valor da resistência do circuito frente às


reatâncias indutiva e capacitiva, é possível a obtenção da frequência de ressonância
a partir de uma dedução simples. Como na frequência de ressonância as reatâncias
indutiva e capacitiva são iguais, então:

𝑋𝐿 = 𝑋𝐶
Mas,

17 http://www.engeparc.com.br
62

𝑋𝐿 = 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑓 ∗ 𝐿
e,
1
𝑋𝐶 =
2∗𝜋∗𝑓∗𝐶
Então,
1
2∗𝜋∗𝑓∗𝐿 =
2∗𝜋∗𝑓∗𝐶

Sendo a frequência de ressonância "f" dada por:

1
𝑓2 =
(2 ∗ 𝜋)2 ∗𝐿∗𝐶
1
𝑓=
2 ∗ 𝜋 ∗ √𝐿 ∗ 𝐶
Em que,

f = frequência (Hz) para a qual um sistema (composto por uma indutância L e


capacitância C) entra em ressonância;
L = Indutância (Henry) de um transformador (ou mesmo a indutância equivalente da
instalação em geral;
C = Capacitância (Farad) de um banco de capacitores.

Segundo Cotrim (2009), "como consequência da ressonância, correntes harmônicas


circularão pelos capacitores, causando ainda acréscimo de corrente na rede de
alimentação e sobretensões exageradas".

A FIG. 17 apresenta a variação das reatâncias indutiva (XL) e capacitiva (XC), em


função da frequência de um circuito elétrico hipotético. A frequência de ressonância
é determinada pelo cruzamento da reta correspondente a XL com a curva que
expressa a reatância capacitiva XC do circuito. Nesse caso, ela acontece
aproximadamente em 240 Hz (h=4).
63

FIGURA 17 – Resposta em frequência das reatâncias de um circuito hipotético

Impedância x Frequência

Impedância (Z)

XC
XL

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ordem Harmônica (h)

Fonte: Elaborado pelos autores

Conforme foi dito anteriormente, duas são as possibilidades de ocorrência de


ressonância em um circuito elétrico, sendo as duas abordadas a seguir.

3.3.1.1 Ressonância série

A ressonância série ocorre quando a reatância capacitiva do sistema de correção do


FP e a reatância indutiva do sistema (por exemplo, do transformador de
alimentação) são vistas pela corrente harmônica produzida por uma carga não linear
como um circuito LC em série, como pode ser visto na FIG. 18.

FIGURA 18 – Sistema com problemas de ressonância série

Fonte: DUGAN, 2002, p. 207


64

Caso a frequência de ressonância se estabeleça na mesma frequência de uma


corrente harmônica produzida por uma carga não linear da instalação, o sistema de
correção do FP oferecerá um caminho de fácil circulação dessa corrente, pois a
combinação série da indutância do transformador e a capacitância do banco de
capacitores apresentará uma impedância de valor muito baixo (teoricamente zero) e
limitada somente pelo valor de sua resistência. Segundo Creder (2007, p. 286),
"essa impedância harmônica reduzida pode resultar em elevada corrente, mesmo
quando excitada por uma tensão harmônica não muito alta".

A tensão imposta ao sistema de correção do FP, na condição de ressonância série é


amplificada e altamente distorcida e pode ser expressa, para o exemplo dado, pela
seguinte equação (DUGAN, 2007):

𝑋𝐶 𝑋𝐶
𝑉𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 = ∗ 𝑉ℎ ≅ ∗ 𝑉ℎ
𝑋𝐶 + 𝑋𝐿 + 𝑅 𝑅

Em que VCapacitor e Vh representam a tensão harmônica correspondente à corrente


harmônica Ih e à tensão no sistema de correção do FP, respectivamente. A
resistência R da ressonância série não foi determinada, mas é de valor muito menor
que a reatância XC.

A FIG. 19 apresenta a variação da impedância série, em função da frequência, de


um circuito elétrico hipotético, sendo a frequência de ressonância aproximadamente
de 240 Hz (h=4).
65

FIGURA 19 – Variação da impedância série com a frequência de um circuito hipotético

Impedância x Frequência
Impedância (Z)

XC
XL
Z TOTAL SÉRIE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ordem Harmônica (h)

Fonte: Elaborado pelos autores

Mamede Filho (2005), recomenda que para se evitarem eventuais perturbações


decorrentes de ressonância série entre transformador e banco de capacitores, seja
realizada uma combinação do tipo de ligação entre o banco de capacitores e o tipo
de ligação do transformador de potência ao qual esse banco está conectado, ou
seja:

 Transformador ligado em estrela solidamente aterrada: o banco deve ser ligado


em estrela aterrada18;
 Transformador ligado em triângulo: o banco deve ser ligado em triângulo ou
estrela não aterrada;
 Transformador ligado em estrela não aterrada: o banco deve ser ligado em
estrela não aterrada ou em triângulo;
 Transformador ligado em dupla estrela: o banco deve ser ligado em dupla
estrela.

18 O autor esclarece que essa, inclusive, é a melhor configuração para evitar ressonância série entre
transformador e banco de capacitores.
66

3.3.1.2 Ressonância paralela

A ressonância paralela é uma condição que ocorre quando a reatância capacitiva do


sistema de correção do FP e a reatância indutiva do sistema (por exemplo, do
transformador de alimentação) são vistas pela corrente harmônica produzida por
uma carga não linear como um circuito LC em paralelo, como pode ser visto na FIG.
20.

FIGURA 20 – Sistema com ressonância em paralelo - Circuito simplificado (a) - Como o circuito
paralelo ressonante é visto pela fonte harmônica (b)

Fonte: DUGAN, 2002, p. 205

Na frequência de ressonância, a impedância apresentada pela associação paralela


da reatância indutiva equivalente do sistema (XSource + XT) com a reatância capacitiva
do banco de capacitores vista pela fonte de corrente harmônica, torna-se de valor
muito elevado, como pode ser percebido abaixo (DUGAN, 2002):

𝑋𝐶 ∗ (𝑋𝐿𝑒𝑞 + 𝑅) 𝑋𝐶 ∗ (𝑋𝐿𝑒𝑞 + 𝑅)
𝑍𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = =
𝑋𝐶 + 𝑋𝐿𝑒𝑞 + 𝑅 𝑅
67

𝑋𝐿𝑒𝑞 2 𝑋𝐶 2
𝑍𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 ≅ =
𝑅 𝑅

Em que,

ZParalelo = impedância oferecida pelo circuito ressonante paralelo;


XLeq = reatância indutância equivalente do transformador e concessionária;
XC = reatância capacitiva do banco de capacitores.

A resistência R da ressonância paralela não foi determinada, mas é de valor muito


menor do que a reatância XC ou XLeq. Dessa forma, fica nítido que a impedância de
um circuito ressonante paralelo é de valor muito elevado, o que faz com que mesmo
a circulação de uma corrente harmônica de valor baixo provoca uma tensão de valor
elevado no ponto de conexão do banco de capacitores, conforme pode ser
comprovado pela equação abaixo, considerando que R<<XC ou XLeq na frequência
de ressonância (ISONI, 2009):
𝑋𝐶 2
𝑉𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = 𝑍𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 ∗ 𝐼ℎ = ∗ 𝐼ℎ
𝑅

Em que Ih representa a corrente harmônica produzida pela carga não linear.

FIGURA 21 – Variação da impedância paralela com a frequência de um circuito hipotético

Impedância x Frequência
Impedância (Z)

XC
XL
Z TOTAL PARALELA

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ordem Harmônica (h)

Fonte: Elaborado pelos autores


68

4 TÉCNICAS DE CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA NA PRESENÇA DE


HARMÔNICAS

O presente capítulo visa a apresentação de dois métodos utilizados para se evitar


danos aos sistemas de correção do FP, sendo que um deles também exerce a
função de mitigação de uma determinada ordem harmônica do sistema elétrico.
Ambos os métodos se baseiam no princípio da filtragem de frequências.

4.1 Filtros

Tendo em vista a baixa complexidade dos componentes utilizados nos filtros


passivos, tais como resistores, capacitores e indutores, e consequente redução nos
custos de instalação e manutenção, os filtros tem ocupado um espaço cada vez
maior nas plantas industriais, seja para filtrar uma ou mais componentes harmônicas
indesejadas ou somente para constituir um conjunto seguro de Correção do Fator de
Potência. Dentre os filtros mais utilizados, podem ser citados os filtros passivos
dessintonizados, passivos sintonizados e os ativos. Os filtros ativos não são objeto
de estudo desse trabalho por constituírem uma solução de alto custo, e, portanto,
menos empregada no sistema elétrico industrial, o que não significa que são
inferiores tecnicamente, pelo contrário, pode haver casos em que os filtros ativos
constituem a melhor solução para redução das distorções harmônicas a níveis
aceitáveis.

4.1.1 Definição, objetivos e aplicações

Segundo Boylestad (2004, p.693), "qualquer combinação de dispositivos passivos


(resistores, indutores e capacitores) e/ou ativos (transistores e amplificadores
operacionais) projetada para selecionar ou rejeitar uma faixa de frequências é
denominada filtro”.
Um filtro é um sistema que executa uma operação desejada em um sinal ou
sinais. Ele passa sinais que contêm frequências de uma faixa de
frequências, denominada faixa de passagem do filtro, e remove sinais que
contêm frequências de outras faixas de frequências. Quando se projeta um
filtro, cuja faixa de passagem corresponde às frequências do sinal desejado,
os artefatos que possuem componentes de frequência fora desta faixa de
passagem são removidos pelo filtro. (SIMON; VAN VEEN, 2001, p.31)
69

As definições dos autores citadas acima permitem inferir que um filtro nada mais é
que um sistema constituído por elementos resistivos, capacitivos e indutivos ou
ainda por componentes eletrônicos, tais como transistores e amplificadores
operacionais, dimensionados de tal maneira que proporcionem a passagem de uma
determinada frequência, ou uma faixa, e impedindo a passagem das demais
frequências indesejadas do sistema.

Uma vez que a correção do Fator de Potência em instalações elétricas industriais é


fundamental, tanto para atender a legislação vigente quanto para melhor
aproveitamento da energia entregue pela concessionária, faz-se necessário,
portanto, compatibilizar a sua instalação com as características do sistema elétrico
onde ele será instalado.

Atualmente tem sido adotados, em larga escala, os filtros de harmônicos ao invés de


simples bancos de capacitores para adequação do Fator de Potência. Existe uma
grande preocupação, no ambiente industrial, em se prevenir a parada não
programada do sistema de produção, devido a problemas do sistema elétrico, os
quais geram grandes perdas de ativos, mesmo quando da parada por curtos
períodos de tempo. Um dos objetivos do filtro é exatamente prevenir a ocorrência de
sobretensões e sobrecorrentes nos capacitores, evitando a redução de sua vida útil
e sua posterior queima e, indiretamente, contribuindo para que não ocorram maiores
problemas que possam levar à parada do sistema elétrico.

As cargas industriais típicas que requerem a aplicação de filtros são


controles de freqüência variável, controles de máquinas de corrente
contínua, retificadores, fornos de indução e sistemas de alimentação
ininterrupta ou UPS do inglês Uninterruptible Power Supply. A harmônica
que se apresenta com maior magnitude e com maior frequência nesses
tipos de cargas é a quinta". (ACEVEDO; BAEZ; LLAMAS)19

A seguir serão apresentadas as características principais necessárias para introduzir


um conhecimento técnico básico acerca dos filtros passivos de harmônicos e os
principais fatores que influenciam no seu dimensionamento. Ênfase especial será
dada aos filtros passivos sintonizados e dessintonizados por serem economicamente
mais viáveis e mais largamente utilizados nas instalações elétricas industriais.

19 http://www.mty.itesm.mx
70

4.1.2 Filtros passivos

Os filtros passivos são constituídos pela associação de resistores, capacitores e


indutores, podendo ser conectados em série ou em paralelo ao sistema ao qual se
deseja a filtragem das frequências harmônicas. (BOYLESTAD, 2004)

Por serem construídos por elementos de baixa complexidade, os filtros passivos tem
ocupado maior espaço nas instalações elétricas industriais. Essa característica
minimiza os custos de fabricação e consequentemente de implantação, fazendo com
que sejam mais aplicados na mitigação de harmônicos (MORAIS, 2011)20.

Os filtros de harmônicos são classificados, em função de sua conexão com o


sistema, em filtros série e filtros em derivação (paralelo ou shunt). (TEIXEIRA,
2009).21

4.1.3 Filtros passivos série

Os filtros passivos de harmônicos em série são dimensionados para conduzir a


corrente plena do circuito (TEIXEIRA, 2009)21. Essa, inclusive, é uma das suas
principais desvantagens com relação aos filtros em derivação. Em circuitos de
elevadas capacidades de circulação de correntes, torna-se economicamente inviável
a sua aplicação, devido à necessidade de maior robustez dos componentes. Além
de elevar o custo, essa robustez eleva as características físicas do equipamento,
impedindo que possam ser instalados em ambientes com escassez de espaço físico.

Os filtros passivos série são normalmente utilizados quando se pretende


exclusivamente evitar que determinada frequência penetre em um elemento do
sistema. Nesse caso, é utilizado um filtro passivo constituído de um indutor em
paralelo com um capacitor que apresentará um alto valor de impedância somente na
frequência harmônica selecionada. (ARRILLAGA, 2003)

20 http://www.dee.ufc.br
21 http://www.bibliotecadigital.ufmg.br
71

Na frequência fundamental, o filtro passivo poderia ser projetado para fornecer um


caminho de baixa impedância, permitindo assim que a corrente fundamental siga
com uma pequena impedância adicional e perdas.

Segundo Dugan (2002, p.256), "o uso dos filtros série é limitado em bloquear
múltiplas correntes harmônicas. Cada corrente harmônica requer um filtro série
sintonizado para aquela harmônica. Esse arranjo pode criar perdas significativas na
frequência fundamental".

A adoção de um filtro passivo série não previne a formação de harmônicas pela sua
fonte de origem, pois a produção das harmônicas pelos componentes não lineares
(como transformadores e conversores estáticos) é essencial para seu funcionamento
normal. (TEIXEIRA, 2009)21

A FIG. 22 apresenta o arranjo típico de um filtro passivo série.

FIGURA 22 – Filtro passivo série

Fonte: Dugan – Power System Harmonics. p. 257

4.1.4 Filtros Passivos em Derivação (Paralelo ou Shunt)

Os filtros passivos de harmônicos shunt são dimensionados para oferecer um


caminho de baixa impedância para as correntes harmônicas de interesse, evitando
que essas circulem nas demais partes do sistema ou na fonte. Na frequência
fundamental, os filtros passivos shunt são responsáveis por fornecer a energia
reativa necessária para correção do fator de potência do sistema, enquanto que os
filtros passivos série, nessa mesma frequência, consomem energia reativa.
(TEIXEIRA, 2009)21
72

Ao contrário do filtro passivo série, o filtro passivo shunt carrega somente a corrente
harmônica para a qual ele foi sintonizado (TEIXEIRA, 2009)21 e, tanto no caso do
filtro passivo sintonizado quanto do passivo dessintonizado, a corrente fundamental
necessária para correção do Fator de Potência, o que faz com que possam ser
utilizados componentes com características nominais inferiores, resultando em
custos relativamente menores. Por esses motivos, os filtros passivos shunt são
comumente mais aplicados que os filtros passivos série.

4.1.5 Fatores relevantes na especificação de um filtro

Na especificação de um filtro, dois fatores muito importantes devem ser levados em


consideração, sendo eles o Fator de Qualidade (característico de qualquer tipo de
filtro) e Fator de Dessintonia (característico de filtros passivos dessintonizados).
Esses fatores são responsáveis pela característica de resposta dos filtros.

4.1.5.1 Fator de qualidade (Q)

Segundo Fowler (2012, p.360), "o fator de qualidade corresponde à razão entre a
reatância do indutor ou do capacitor e a resistência série equivalente de ambos os
componentes." Como a maior parte da resistência de um circuito ressonante está
associada ao indutor, o fator de qualidade é igual ao fator de qualidade do indutor,
ou seja:

𝑋0
𝑄=
𝑅

Em que Q representa o fator de qualidade, X0 é a reatância do indutor ou do


capacitor na frequência de ressonância e R é a resistência na frequência de
ressonância.

Alexander (2013, p. 545) define o fator de qualidade de um circuito ressonante como


"a razão de sua frequência de ressonância pela sua largura de faixa", ou seja:
73

𝑊𝑛
𝑄=
𝐵

Em que Q é o fator de qualidade, W n corresponde à frequência angular em radianos


por segundo e B representa a largura de faixa passante, também em radianos por
segundo. Como pode ser percebido através das duas equações, o fator de
qualidade é adimensional.

Quanto maior o valor de Q, mais seletivo é o circuito, mas menor é a largura de


faixa. A seletividade de um circuito RLC é a sua capacidade de responder a certas
frequências, discriminando-as entre as demais. Uma largura de banda estreita (Q
elevado) proporciona uma maior variação na impedância, em relação a uma banda
mais larga, para determinada variação na frequência.

A FIG. 23 apresenta um filtro de Q elevado, que geralmente é sintonizado para uma


ou duas frequências harmônicas mais baixas, como por exemplo, a quinta e a
sétima. Um valor típico de Q é entre 30 e 60. (ARRILLAGA, WATSON, 2003)

FIGURA 23 – Filtro shunt de sintonia única – (a) Circuito, (b) Impedância x Frequência

Fonte: J. Arrillaga e Neville R. Watson – Power System Harmonics. p. 220

A FIG. 24 apresenta um filtro de baixo Q, tipicamente na região 0.5-5, que possui


uma baixa impedância para uma ampla faixa de frequências. Quando esse tipo de
filtro é utilizado para eliminar altas ordens harmônicas, como por exemplo,
harmônicos de ordem 17° e superiores, pode também ser referenciado como filtro
passa-alta. (ARRILLAGA, WATSON, 2003)
74

FIGURA 24 – Filtro shunt amortecido de segunda ordem – (a) Circuito, (b) Impedância x Frequência

Fonte: J. Arrillaga e Neville R. Watson – Power System Harmonics. p. 220

Um fator de qualidade alto proporciona ao filtro menores perdas, haja vista que isso
implica em redução de sua resistência. Mas, por outro lado, também tende a
dificultar a fabricação do indutor na prática, pois, para possibilitar a redução da
resistência do filtro, torna-se necessário aumentar a área da seção de cobre utilizada
na bobina, cujo efeito direto é o aumento de suas dimensões físicas, podendo levar
à impossibilidade de fabricação. Outro impacto da utilização de um alto Q, é o
estreitamento da faixa de passagem do filtro, aumentando o risco do filtro de se
dessintonizar. (MORAIS, 2011)

4.1.5.2 Fator de dessintonia (𝛅)

O fator de dessintonia corresponde a um importante indicador do grau de


dessintonização do filtro. Em síntese, ele relaciona o desvio entre a frequência da
harmônica perturbadora e a frequência para a qual o filtro é sintonizado.

Dificilmente um filtro estará 100% sintonizado para a frequência harmônica que se


deseja eliminar.

(...) existem variações na frequência fundamental da fonte de alimentação,


variações na capacitância e indutância dos filtros causadas pelo
envelhecimento e temperatura e uma dessintonização inicial causada pelas
tolerâncias de fabricação dos componentes. (ARRILLAGA, 2003, pg. 221)
75

A dessintonia global, em pu (por unidade) da frequência nominal sintonizada, é dada


pela equação:

𝑤 − 𝑤𝑛
𝛿=
𝑤𝑛

Em que,

𝛿 = Fator de dessintonia (em pu);


w = frequência da harmônica perturbadora (em rad/s);
wn = frequência nominal de sintonia (em rad/s);

Uma variação dos parâmetros de indutância ou capacitância de 2% é suficiente para


causar a mesma dessintonia que uma variação da frequência do sistema de 1%. Por
essa razão, o fator de dessintonia também pode ser expresso pela equação
(ARRILLAGA, 2003):

∆𝑓 1 ∆𝐿 ∆𝐶
𝛿= + ( + )
𝑓𝑛 2 𝐿𝑛 𝐶𝑛

Outra forma de representar o fator de dessintonia (𝑝) é relacionar a impedância do


reator (𝑍𝐿 ) à do capacitor (𝑍𝐶 ), na frequência fundamental, em que ele será
conectado em série. A expressão utilizada é a seguinte:

𝑍𝐿
𝑝% =
𝑍𝐶
𝑤∗𝐿
𝑝% = = 𝑤2 ∗ 𝐿 ∗ 𝐶
1
𝑤𝐶

A avaliação da sintonia do filtro é realizada através da expressão:

𝑝%
𝑤=√
𝐿∗𝐶
76

A TAB. 6 apresenta reatores típicos anti-ressonantes de mercado.

TABELA 6 - Reatores típicos anti-ressonantes de mercado (fonte: Elspec Ltd.)

Impedância do reator Frequência de Harmônica


em relação à do sintonia
capacitor (p%)
7 227 Hz H 3,78
6 245 Hz H 4,08
14 160 Hz H 2,67
5,67 252 Hz H 4,2

Fonte: Cotrim, 2009, p. 432

O fator de dessintonia aliado à impedância do sistema contribuem significativamente


para que uma quantidade maior ou menor de correntes harmônicas sejam
absorvidas pelo conjunto banco de capacitor e indutor.

4.1.6 Considerações importantes na escolha de filtros passivos sintonizados e


filtros passivos dessintonizados

A escolha da aplicação de um filtro passivo sintonizado ou dessintonizado em uma


planta industrial deve ser feita com base na análise técnico-econômica para cada
caso em particular da instalação elétrica.

Caso a instalação elétrica não possua problemas relacionados com correntes


harmônicas, como circulação de altos valores de corrente pelo condutor neutro dos
circuitos, atuação indevida de equipamentos que utilizam a forma de onda de tensão
ou da corrente para discernir se deve ou não atuar, sobreaquecimento e queima de
bancos de capacitores, por exemplo, a adoção de um filtro dessintonizado é mais
apreciável.

Por outro lado, se a circulação de um conjunto de correntes harmônicas ou mesmo


uma em especial tem causado os problemas citados ou outros que com certeza são
provenientes da circulação de correntes harmônicas, então, a solução mais sensata
a se adotar é a utilização de um filtro sintonizado.
77

No decorrer da abordagem desses dois tipos de filtros ficará mais nítido o motivo
pelo qual um é mais indicado que o outro em função da presença ou não de
correntes harmônicas perturbadoras no sistema elétrico.

4.1.7 Considerações e etapas de projeto

O projeto de um filtro passivo dessintonizado pode ser feito considerando as


seguintes etapas (NISKIER; MACINTYRE, 2011):

 Definição da potência reativa capacitiva do banco de capacitores a ser utilizado


no filtro, em virtude da potência reativa capacitiva necessária para correção do
Fator de Potência, na frequência fundamental, da instalação elétrica;
 Definição do reator para sintonia com o banco de capacitores na frequência da
harmônica perturbadora, inclusive seu fator de dessintonia;
 Cálculo das tensões e das correntes harmônicas que serão injetadas pela fonte
no circuito em paralelo formado entre filtro e sistema de energia elétrica da
concessionária nas frequências de interesse;
 Cálculo da tensão de pico e da corrente total no capacitor e no reator, visando a
não ultrapassagem de seus limites;
 Especificação dos parâmetros do filtro, como capacitância, indutância, fator de
qualidade, fator de dessintonia, etc.

O projeto do filtro passivo deve considerar que a inserção de indutores em série


provoca uma elevação de tensão nos terminais dos capacitores, que é regido pela
seguinte equação (NISKIER; MACINTYRE, 2011):

ℎ2
𝑉𝑐𝑎𝑝 =
ℎ2 − 1

Em que,

Vcap = tensão nos terminais do capacitor (em pu);


h = Ordem do harmônico de ressonância (frequência de ressonância/frequência
fundamental).
78

No caso de um filtro passivo sintonizado para o harmônico de ordem 4,8 (288 Hz,
para frequência fundamental de 60 Hz) o valor da elevação de tensão ao qual
estaria submetido o capacitor, na frequência fundamental, seria de 1,045 pu.

Portanto, nas instalações elétricas nas quais o banco de capacitores existente


possui tensão nominal igual ou muito próxima à tensão da barra em que está
conectado, e se queira substituir o banco de capacitores puro por um sistema anti-
ressonante, esse banco não poderá ser reaproveitado para utilização no filtro
passivo dessintonizado da mesma instalação, pois é possível que ele não possua
suportabilidade à sobretensão imposta pelos indutores do filtro.

Considerando que os capacitores quando são fabricados possuem uma margem de


tolerância da capacitância que pode variar de 0 a +10%, é essencial que os reatores
sejam providos de derivações ao longo de seu enrolamento (tapes), de forma a
possibilitar que sejam feitos ajustes de suas indutâncias, permitindo, dessa forma,
um ajuste mais fino da sintonia do filtro (NISKIER; MACINTYRE, 2011).

Outros fatores importantes a serem considerados no dimensionamento do filtro


passivo dessintonizado são as tolerâncias dos componentes dos filtros, tais como os
capacitores e os indutores. Isso por que ao se inserir essas tolerâncias ocorre uma
modificação no fator de dessintonia do filtro com consequente alteração de sua
frequência de ressonância com o sistema elétrico. O efeito das tolerâncias é regido
pela expressão (IEEE, 2003):

1
𝑓𝑡𝑢𝑛𝑒𝑑 = 𝑓𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗
√(1 + 𝑡𝑟 ) ∗ (1 + 𝑡𝑐 )
Em que,

ftuned = frequência de dessintonia corrigida pelo efeito das tolerâncias dos


componentes;
fnominal = frequência de dessintonia sem o efeito das tolerâncias dos componentes;
tr = tolerância da indutância do reator (em pu);
tc = tolerância da capacitância do capacitor (em pu).
79

4.2 Filtros Passivos Dessintonizados

Sabe-se que a ressonância é o principal agente causador de falha e queima dos


componentes capacitivos dos sistemas utilizados para correção do fator de potência
industrial, principalmente quando estes são constituídos por capacitores puros.

Na prática, os casos mais comuns ocorrem quando a indutância da fonte de


alimentação (a associação do sistema de suprimento e de um
transformador, por exemplo) entra em ressonância paralela com um banco
de capacitores para a frequência correspondente a uma das correntes
harmônicas geradas por cargas não-lineares operantes na instalação (ou
valor próximo a ela) ou para a frequência de uma harmônica eventualmente
presente na tensão de alimentação, proveniente da rede externa (ISONI,
2004, p. 28)

Para evitar que essa ressonância aconteça, é necessária a inserção de indutores em


série com os capacitores desse sistema de correção. Esses indutores tem um papel
muito importante nos filtros passivos dessintonizados. Eles são responsáveis pela
dessintonia do filtro e por isso são também conhecidos como indutores de
dessintonia e o filtro também denominado como um sistema anti-ressonante, uma
vez que seu objetivo é exatamente evitar que essa ressonância aconteça a uma
dada frequência perigosa.

A FIG. 25 apresenta a topologia típica de um filtro passivo dessintonizado de Baixa


Tensão.

FIGURA 25 – Filtro passivo shunt de Baixa Tensão

Fonte: Dugan – Power System Harmonics. p. 266


80

A dessintonia de um filtro pode ser entendida como a adoção de uma associação de


indutores e capacitores capazes de estabelecer uma impedância para o filtro que
garanta que esse conjunto não entrará em ressonância com o sistema (a montante)
em uma frequência perigosa, garantindo assim a integridade física de seus
componentes. Dessa forma, um filtro passivo dessintonizado é dimensionado para
proteger os capacitores, evitando principalmente a ultrapassagem dos limites de
potência e corrente das células capacitivas, prolongando sua vida útil e ao mesmo
tempo reduzindo consequentemente a amplificação dos níveis de distorção
harmônica.

No projeto de um filtro passivo dessintonizado, geralmente, o filtro é dimensionado


para modificar a frequência de ressonância do sistema para uma frequência um
pouco abaixo da menor harmônica presente no barramento ao qual o filtro será
instalado a fim de considerar as tolerâncias dos componentes do filtro e variações na
impedância do sistema que podem levar ao deslocamento da frequência de sintonia
do filtro (ISONI, 2009)22. Isso também evita que o filtro atue como um curto-circuito
para a corrente harmônica a ser filtrada, evitando, portanto, a redução da vida útil de
seus componentes. Dessa forma, fica evidente que o correto dimensionamento de
um filtro passivo dessintonizado deve passar por uma busca incessante de dados,
simulações e, principalmente, medições acerca do sistema elétrico trabalhado,
visando obter os parâmetros mais reais possíveis do sistema e com isso a obtenção
de um filtro adequado e mais eficiente possível.

A ordem da frequência de ressonância paralela entre a reatância indutiva do sistema


e a reatância capacitiva do sistema de correção de fator de potência pode ser
previamente estimada com base em um cálculo simples (ISONI, 2009)22:

Se para a ordem (h) da frequência de ressonância a reatância indutiva (X L) é igual à


reatância capacitiva (XC), então:

𝑋𝑐𝑎𝑝 60𝐻𝑧
ℎ ∗ 𝑋𝑖𝑛𝑑 60𝐻𝑧 =

22 http://www.bibliotecadigital.ufmg.br
81

𝑋𝑐𝑎𝑝 60𝐻𝑧
ℎ2 =
𝑋𝑖𝑛𝑑 60𝐻𝑧

𝑋𝑐𝑎𝑝 60𝐻𝑧
ℎ=√
𝑋𝑖𝑛𝑑 60𝐻𝑧

Mas,

𝑉2
𝑋=
𝑃

Logo,

𝑉2
𝑃𝑐𝑎𝑝
ℎ=√ 2
𝑉
𝑃𝑐𝑐

𝑃𝑐𝑐
ℎ=√
𝑃𝑐𝑎𝑝

Sendo:

Pcc = Potência de curto-circuito trifásico simétrico na barra de conexão do sistema de


correção do fator de potência (kVA);
Scap = Potência reativa capacitiva do sistema de correção do FP conectado na barra
(kVar);
h = Ordem do harmônico de ressonância (frequência de ressonância/frequência
fundamental).

A tendência de expansão do sistema elétrico leva a um aumento da potência de


curto-circuito. É sabido que esse aumento tende a elevar a ordem da harmônica na
qual o sistema de correção do Fator de Potência entrará em ressonância com o
sistema elétrico. Como o filtro passivo dessintonizado é dimensionado para uma
82

frequência abaixo da menor frequência presente no barramento e a expansão do


sistema elétrico eleva a ordem da frequência de ressonância, o sistema de correção
do fator de potência estará protegido ainda que o sistema elétrico venha a ser
expandido, o que em um momento ou outro certamente ocorrerá.

O filtro passivo dessintonizado é composto, principalmente, por um indutor e um


capacitor conectados em série. O papel principal do capacitor no conjunto é o de
fornecer a potência reativa capacitiva, na frequência fundamental, necessária para
elevar o fator de potência da instalação a um patamar previamente estipulado. Isso
porque, na frequência fundamental, o filtro se comporta como um circuito capacitivo.
(ISONI, 2012)

Deve-se ter em mente que, ao se optar pela utilização de um filtro passivo


dessintonizado, não há uma preocupação por parte do projeto do filtro quanto à
circulação de uma ou mais correntes harmônicas pelo sistema elétrico. Caso essas
correntes harmônicas existam, elas não são consideradas prejudiciais ao sistema
elétrico. Isso porque não é função do filtro passivo dessintonizado a drenagem de
correntes harmônicas existentes no sistema elétrico, ainda que na frequência de
ressonância o filtro passivo dessintonizado apresente um caminho de baixa
impedância para uma ou mais correntes harmônicas em especial. Sua função, como
dito anteriormente, é a proteção do banco de capacitores a partir da alteração da
frequência de ressonância entre o banco de capacitores e o sistema elétrico a
montante para uma frequência segura e, ao mesmo tempo, realizar a correção do
Fator de Potência da instalação elétrica.

A FIG. 26 apresenta os efeitos causados em um sistema elétrico da adoção de um


sistema de correção do fator de potência baseado na utilização de capacitores
puros.
83

FIGURA 26 - Sistema com correção de Fator de Potência Convencional – (a) Diagrama unifilar, (b)
Forma de onda da tensão na barra de conexão, (c) Espectro harmônico

Fonte: http://www.electricservice.com.br

A título de comparação, a FIG. 27 apresenta o mesmo sistema elétrico anterior,


porém, com a aplicação de um filtro passivo dessintonizado.

FIGURA 27 - Sistema com correção de Fator de Potência utilizando Filtro Dessintonizado – (a)
Diagrama unifilar, (b) Forma de onda da tensão na barra de conexão, (c) Espectro harmônico

Fonte: http://www.electricservice.com.br

Percebe-se através da análise dos espectros harmônicos de tensão acima que há


uma redução considerável da distorção total (THD) de tensão e dos níveis de
distorção individual das componentes de quinta (H05) e sétima (H07) harmônicas de
tensão, quando da utilização do filtro passivo dessintonizado. O reflexo dessas
melhorias é perceptível na forma de onda de tensão da FIG. 27.
84

A fonte das imagens utilizadas acima não forneceu a frequência de dessintonia do


filtro passivo, o que permite que se faça uma análise do sistema a fim de encontrar a
possível frequência de sintonia utilizada.

De forma geral, considera-se que o retificador produz harmônicas características de


ordem ℎ = 𝑛 ∗ 𝑝 ± 1 no lado de corrente alternada, ou seja, na rede (p é o número de
pulsos do inversor e n =1,2,3). Assim, no caso da ponte retificadora com 6 diodos (6
pulsos), as principais harmônicas geradas são a 5ª, 7ª, 11ª, 13ª e outras ordens com
menores intensidades.

Os inversores de baixa tensão normais utilizados nas aplicações industriais são de


seis pulsos. Como o inversor de frequência é a única fonte de harmônicos do
sistema elétrico acima, pode-se inferir que a menor ordem de frequência harmônica
presente no barramento de conexão é a quinta, o que leva a presumir que o filtro
passivo dessintonizado pode ter sido sintonizado para uma frequência próxima e
abaixo da quinta harmônica, o que explicaria a redução considerável da componente
dessa ordem. Embora sintonizado para uma frequência próxima e abaixo da quinta
harmônica o filtro absorve alguma parcela das correntes harmônicas de outras
ordens, conforme pode ser constatado, analisando-se as FIG. 26 e 27.

4.2.1 Exemplo de dimensionamento básico adaptado (ISONI, 2012)

A FIG. 28 apresenta o diagrama unifilar de uma instalação elétrica hipotética na qual


se deseja fazer a correção do Fator de Potência, visando atender à legislação
vigente e, dessa forma, evitar a aplicação de cobranças de excedente de energia
reativa (multas) pela concessionária de energia elétrica, devido ao baixo fator de
potência. A frequência nominal do sistema elétrico é 60Hz.
85

FIGURA 28 - Sistema elétrico hipotético

CONCESSIONÁRIA

Pcc 3Ø 20.0 MVA

PAC
440V

Inversor

Filtro Dessintonizado
Motor
kVAR 361.2
PF 0.800000
949.500 kW

Fonte: Elaborado pelos autores

O banco de capacitores foi previamente dimensionado para corrigir o Fator de


Potência, na frequência fundamental (60Hz), para 0,95. Sua potência trifásica é de
400kVAr quando submetido a uma tensão nominal de 480V. Embora a tensão
nominal da barra de conexão do banco de capacitores seja de 440V, foi adotada,
previamente, uma tensão nominal de 480V, considerando que, ao se inserir
indutores em série com os capacitores, haverá uma elevação da tensão nos
terminais dos capacitores.

As harmônicas presentes no barramento no qual será conectado o banco de


capacitores foi medida previamente, chegando-se aos seguintes valores
apresentados na TAB. 7.

TABELA 7 - Medições de harmônicos efetuadas na barra de conexão do banco de capacitores

Ordem da harmônica Frequência da Harmônicas de Harmônicas de


harmônica (Hz) corrente (%) tensão (%)
5 300 8,95 3,4
7 420 2,74 0,93
11 660 1,56 0
13 780 1,06 0,61

Fonte: ISONI, 2012, p. 16

Potência reatância capacitiva do banco de capacitores corrigida para a tensão de


480V:
86

440 2
𝑄𝑐𝑎𝑝 = 400𝑘𝑉𝐴𝑟 ∗ ( ) = 336,11𝑘𝑉𝐴𝑟
480

Reatância capacitiva trifásica do banco de capacitores:

4802
𝑋𝑐 = = 0,576Ω
400.000

Capacitância trifásica do banco de capacitores:

1
𝐶3∅ = = 4,6𝑚𝐹
2 ∗ 𝜋 ∗ 60 ∗ 0,576

Capacitância por fase do banco de capacitores:

𝐶3∅ 4,6𝑚𝐹
𝐶1∅ = = = 1,53𝑚𝐹
3 3

Como a potência de curto-circuito trifásica, calculada previamente, no barramento de


ligação do banco de capacitores é de 20 MVA, a frequência de ressonância (f r)
paralela do banco de capacitores com o sistema a montante será:

𝑃𝑐𝑐 20𝑀𝑉𝐴
ℎ=√ =√ ≅7
𝑃𝑐𝑎𝑝 336,11𝑘𝑉𝐴𝑟

𝑓𝑟 = ℎ ∗ 60 ≅ 420𝐻𝑧

Isso quer dizer que, caso o banco de capacitores viesse a ser instalado sem
indutores em série, provavelmente ocorreria ressonância do banco de capacitores
com o sistema a montante na harmônica de 7ª ordem (420Hz), com amplificação
dessas harmônicas e a circulação de correntes muito elevadas entre o banco e o
transformador do sistema. Essa condição poderia levar à redução da vida útil do
banco de capacitores e do transformador e numa condição mais desfavorável
87

poderia acarretar a queima do banco de capacitores e/ou do transformador do


sistema.

A fim de deslocar a frequência de ressonância do banco de capacitores com o


sistema a montante, serão introduzidos indutores em série, visando deslocar a
frequência de ressonância para um ponto inferior à menor ordem harmônica
presente no barramento de conexão.

Como a menor ordem harmônica presente no barramento em que será conectado o


banco de capacitores é a quinta, o filtro dessintonizado será sintonizado para uma
frequência ligeiramente inferior a essa. Para que isso seja possível, serão utilizados
indutores com fator de dessintonia de 7% em série com os capacitores. Logo a
frequência de ressonância (fr) do filtro dessintonizado será:

1 1
𝑓𝑟 = 𝑓1 ∗ = 60 ∗ ≅ 227𝐻𝑧
√𝑝(%) √ 7
100 100

Com isso o filtro dessintonizado oferecerá um caminho de baixa impedância para


correntes harmônicas de ordem 3,78 (227Hz), o que não acarretará problemas
nessa instalação elétrica, uma vez que não existem fontes produtoras de
harmônicas dessa ordem.

A reatância indutiva total do filtro dessintonizado será obtida através da equação:

𝑋𝐿
𝑝(%) =
𝑋𝐶

7
𝑋𝐿 = 𝑝(%) ∗ 𝑋𝐶 = ∗ 0,576 = 40,32𝑚Ω
100

E a indutância total do filtro dessintonizado será:

𝑋𝐿 40,32 ∗ 10−3
𝐿3∅ = = = 106,95𝜇𝐻
2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑓1 2 ∗ 𝜋 ∗ 60
88

O que corresponde a uma indutância por fase de:

𝐿1∅ = 35,65𝜇𝐻

Elevação de tensão imposta pelos indutores de dessintonia ao banco de


capacitores:
ℎ2 3,782
𝑉𝑐𝑎𝑝 = = = 1,07
ℎ2 − 1 3,782 − 1

Logo o banco de capacitores deve suportar uma tensão em seus terminais de, no
mínimo, 470,8V. Como a tensão nominal previamente escolhida para o banco de
capacitores foi de 480V, não haverá problemas em sua utilização.

Impedância total do ramo do filtro dessintonizado:

𝑍𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑋𝐶 + 𝑋𝐿 = −𝑗0,576Ω + 𝑗40,32𝑚Ω = −𝑗0,536Ω

A potência reativa indutiva (Qinj) que realmente será injetada na rede para correção
do Fator de Potência na frequência fundamental (60Hz), será:

𝑈𝑛𝑜𝑚 2 4402
𝑄𝑖𝑛𝑗 = = = 361,19𝑘𝑉𝐴𝑟
𝑍𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 0,536

Percebe-se que houve uma redução de aproximadamente 9.7% da potência reativa


capacitiva nominal do banco de capacitores para correção do Fator de Potência na
frequência fundamental. Nesse caso, deve-se avaliar se essa redução tem impacto
sobre o Fator de Potência desejado.

𝑃 949,5𝑘
𝑆1 = = ≅ 1,19𝑀𝑉𝐴
𝐹𝑃1 0,8

𝑄1 = √(𝑆1 )2 − 𝑃2 = √(1,19𝑀)2 − (949,5𝑘)2 ≅ 717,32𝑘𝑉𝐴𝑟


89

𝑄𝑖𝑛𝑗 = 𝑄1 − 𝑄2 ≅ 361,19𝑘𝑉𝐴𝑟

𝑄2 = 𝑄1 − 𝑄𝑖𝑛𝑗 = (717,32 − 361,19)𝑘 = 356,13𝑘𝑉𝐴𝑟

𝑄2 = √(𝑆2 )2 − 𝑃2

𝑆2 = √𝑄 2 + 𝑃2 = √(356,13𝑘)2 + (949,5𝑘)2 ) ≅ 1,01𝑀𝑉𝐴

𝑃
𝑆2 =
𝐹𝑃2

𝑃 949,5𝑘
𝐹𝑃2 = = ≅ 0,94
𝑆2 1,01𝑀

Como os cálculos foram elaborados para elevação do Fator de Potência ao patamar


de 0,95, a potência reativa capacitiva de 361,19kVAr seria suficiente para mantê-lo
dentro dos limites exigidos pela legislação, que atualmente é de, no mínimo, 0,92,
conforme pode ser percebido nos cálculos acima.

Caso ao final dos cálculos a potência reativa fornecida pelo filtro não seja suficiente
para elevação do Fator de Potência ao valor desejado, ou a tensão nominal
previamente escolhida para o banco de capacitores não seja suficiente para suportar
a elevação de tensão imposta pelos indutores em série, deve-se adotar um banco de
capacitores com potência reativa capacitiva e/ou tensão nominal superior ao
previamente utilizado, refazendo-se os cálculos.

Em um estudo mais apurado de dimensionamento, deve-se atentar para a


consideração das tolerâncias dos componentes do filtro, visando reavaliar sua
frequência de sintonia.

A FIG. 29 apresenta a resposta em frequência do filtro passivo dessintonizado


dimensionado.
90

FIGURA 29 - Resposta em frequência do filtro passivo dessintonizado

Impedância x Frequência
0.60

0.50

0.40
|Z|

0.30

0.20

0.10

0.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
fr/f1

Fonte: Elaborado pelos autores

4.3 Filtros Passivos Sintonizados

Quando existe a circulação de uma ou mais correntes harmônicas pelo sistema


elétrico e elas excedem os limites impostos pela legislação das concessionárias de
energia elétrica, ocasionando distorção inaceitável da forma de onda da tensão em
um dado ponto da instalação ou quando existe a necessidade da correção do Fator
de Potência em um sistema elétrico poluído com correntes harmônicas, existe a
necessidade de filtragem dessas correntes prejudiciais ao sistema elétrico, nesse
caso a adoção de um filtro passivo sintonizado é, do ponto de vista técnico-
econômico, a melhor opção a ser empregada.

Os Filtros Passivos Sintonizados são empregados para filtragem de correntes


harmônicas e, ao mesmo tempo, realizar a correção do Fator de Potência da
instalação elétrica.
91

Segundo Niskier e Macintyre (2011, p.308), "o filtro passivo sintonizado é constituído
por um circuito RLC série, sintonizado para uma dada frequência harmônica, sendo
a sua impedância definida através da expressão:"

𝑍𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )

1
𝑍𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑅 + 𝑗 (𝑤 ∗ 𝐿 − )
𝑤∗𝐶

Na frequência de sintonia, a reatância indutiva (XL) se iguala à reatância capacitiva


(XC) e a impedância do filtro passivo sintonizado se resume a seu valor de
resistência (R).

O filtro é projetado para filtrar especificamente uma corrente harmônica


perturbadora, oferecendo um caminho de baixa impedância para a corrente
harmônica a ser filtrada (NISKIER; MACINTYRE, 2011). Portanto, ele absorve um
percentual muito elevado da ordem harmônica selecionada, exigindo que seus
componentes sejam projetados para suportar grandes esforços elétricos. Por isso,
esses filtros possuem custo relativamente mais elevado que os filtros passivos
dessintonizados. Outros dois fatores que justificam a elevação dos custos dos filtros
passivos sintonizados em comparação com os filtros passivos dessintonizados é
que, para que seus capacitores operem satisfatoriamente, sua tensão nominal deve
ser superior à tensão da barra de conexão com o sistema elétrico e o fato de que por
seus reatores circula uma corrente rms de valor mais elevado que a corrente rms
circulante em um reator de um filtro passivo dessintonizado.

Os filtros passivos sintonizados são mais propensos à sobrecargas que filtros


passivos dessintonizados, pois se a concessionária de energia tem alta distorção
harmônica na frequência de sintonia do filtro ou se na planta se inserem mais cargas
com distorção, o primeiro drena mais corrente que o segundo.

As correntes harmônicas de baixa ordem possuem valores de amplitude mais


elevados, uma vez que nessas frequências as impedâncias do sistema elétrico, que
é predominantemente indutivo, são menores. Portanto, não é economicamente
92

viável dimensionar um único filtro para drenagem de todas essas correntes


harmônicas, sendo geralmente empregado um filtro de sintonia única para cada uma
delas. (CPFL, 2002)

Por outro lado, as correntes harmônicas de ordem elevada possuem valores de


amplitude menores. Nesses casos, é usual dimensionar um único filtro para
drenagem de todas essas correntes harmônicas. Esses filtros são conhecidos como
filtros passa-alta. (CPFL, 2002)

4.3.1 Exemplo de dimensionamento básico adaptado (DUGAN, 2002)

A FIG. 30 apresenta o diagrama unifilar de uma instalação elétrica industrial na qual


se deseja fazer a filtragem da componente de corrente harmônica de quinta ordem,
visando evitar que essa componente de corrente venha a circular pelas demais
partes do circuito elétrico.

O filtro passivo sintonizado será instalado em um barramento de 480V. A carga onde


o filtro será instalado é de aproximadamente 949,5kW com um fator de potência
indutivo da ordem de 0,8. A distorção total de corrente produzida pela carga não
linear é de aproximadamente 30% da corrente fundamental, com no máximo de 25%
de distorção de corrente de quinta harmônica. A indústria é alimentada por um
transformador de 1500kVA com uma impedância de 6%. A contribuição de quinta
harmônica a partir do sistema a montante é de 1%. Esse exemplo assume que não
existem capacitores instalados e que o Fator de Potência desejado é de 0,95. A
frequência nominal do sistema elétrico é 60Hz.
93

FIGURA 30 - Sistema elétrico industrial de exemplo

CONCESSIONÁRIA

1500.00 kVA
P
Z% = 6.0000 %
TRF-01 S Vn Prim 13800 V
Vn Sec 480 V

PAC
480V

Inversor

Filtro Sintonizado
Motor
kVAR 418.9
FP 0.800000
949.500 kW

Fonte: Elaborado pelos autores

4.3.1.1 Determinação da potência reativa necessária para correção do fator de


potência

A potência reativa capacitiva (Qin) necessária para correção do fator de potência na


frequência fundamental é:

𝑃 949,5𝑘
𝑆1 = = ≅ 1,19𝑀𝑉𝐴
𝐹𝑃1 0,8

𝑄1 = √(𝑆1 )2 − 𝑃2 = √(1,19𝑀)2 − (949,5𝑘)2 ≅ 717,32𝑘𝑉𝐴𝑟

𝑃 949,5𝑘
𝑆2 = = ≅ 999,47𝑘𝑉𝐴
𝐹𝑃2 0,95

𝑄2 = √(𝑆2 )2 − 𝑃2 = √(999,47𝑘)2 − (949,5𝑘)2 ≅ 312,07𝑘𝑉𝐴𝑟

𝑄𝑖𝑛𝑗 = 𝑄1 − 𝑄2 ≅ 400𝑘𝑉𝐴𝑟

4.3.1.2 Determinação da reatância total do filtro

A reatância global do filtro (Xfiltro) pode ser determinada por:


94

𝑘𝑉 2 ∗ 1000 0,482 ∗ 1000


𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = = = 0,576Ω
𝑘𝑉𝐴𝑟 400

O índice Xfiltro corresponde a diferença entre a reatância capacitiva e a reatância


indutiva na frequência fundamental, ou seja:

𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑋𝐶 − 𝑋𝐿

4.3.1.3 Determinação da frequência de sintonia do filtro

O filtro passivo será sintonizado para uma frequência ligeiramente inferior à


harmônica que se deseja filtrar, que nesse caso corresponde à componente de
quinta ordem, a fim de considerar as tolerâncias dos componentes do filtro e
variações na impedância do sistema que podem levar ao deslocamento da
frequência de sintonia do filtro.

A frequência de sintonia (fs) adotada será de 282Hz que corresponde à harmônica


de ordem 4,7 para uma frequência fundamental de 60Hz.

Essa é uma escolha comum em projetos de filtros de quinta harmônica,


onde se espera que a frequência de ressonância paralela com o sistema
esteja localizada em torno da quarta ordem, uma frequência harmônica que
não é produzida pela maioria das cargas não lineares. (DUGAN, 2002, p.
265)

4.3.1.4 Determinação da reatância capacitiva na frequência de sintonia do filtro

A reatância capacitiva, levando-se em consideração a frequência de sintonia


adotada, pode ser expressa por:

Para a ordem da harmônica adotada de 4,7, tem-se:

Se, na frequência fundamental,

𝑋𝐶 = 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 + 𝑋𝐿
95

E para a harmônica de ordem 4,7,

𝑋𝐿 = 𝑋𝐶

Então,

𝑋𝐶(60𝐻𝑧)
ℎ ∗ 𝑋𝐿(60𝐻𝑧) =

𝑋𝐶(60𝐻𝑧) = ℎ2 ∗ 𝑋𝐿(60𝐻𝑧) = 4,72 ∗ 𝑋𝐿(60𝐻𝑧)

Se

𝑋𝐿(60𝐻𝑧) = 𝑋𝐶(60𝐻𝑧) − 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜(60𝐻𝑧)

Tem-se então que,

𝑋𝐶(60𝐻𝑧) = ℎ2 ∗ (𝑋𝐶(60𝐻𝑧) − 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜(60𝐻𝑧) )

ℎ2 ∗ 𝑋𝐶(60𝐻𝑧) − 𝑋𝐶(60𝐻𝑧) = ℎ2 ∗ 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜(60𝐻𝑧)

𝑋𝐶(60𝐻𝑧) ∗ (ℎ2 − 1) = ℎ2 ∗ 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜(60𝐻𝑧)

ℎ2 ∗ 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜(60𝐻𝑧)
𝑋𝐶(60𝐻𝑧) =
(ℎ2 − 1)

4,72 ∗ 0,576
𝑋𝐶(60𝐻𝑧) = = 0,6033Ω
(4,72 − 1)

4.3.1.5 Determinação da potência reativa capacitiva necessária na tensão nominal


do filtro

A potência capacitiva reativa necessária em 480V será:


96

𝑘𝑉 2 ∗ 1000 0,482 ∗ 1000


𝑘𝑉𝐴𝑟 = = = 381,89𝑘𝑉𝐴𝑟
𝑋𝐶(60𝐻𝑧) 0,6033

A potência comercialmente adotada será de 400kVAr como anteriormente escolhida


e a reatância capacitiva efetiva trifásica equivalente em estrela será:

𝑋𝐶(60𝐻𝑧) = 0,576Ω

Para essa reatância, a capacitância trifásica será:

1 1
𝐶= = = 4,6𝑚𝐹
2 ∗ 𝜋 ∗ 60 ∗ 𝑋𝐶(60𝐻𝑧) 2 ∗ 𝜋 ∗ 60 ∗ 𝑋𝐶(60𝐻𝑧) ∗ 0,576

4.3.1.6 Determinação dos indutores

Os indutores serão dimensionados para sintonizar o filtro na frequência desejada


que é de 282Hz. Como na frequência de sintonia (f s) a reatância indutiva se equivale
à reatância capacitiva, então:

1
= 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑓𝑠 ∗ 𝐿
2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑓𝑠 ∗ 𝐶

1 1
𝐿= = = 69,24𝜇𝐻
4 ∗ 𝜋 2 ∗ (𝑓𝑠 )2 ∗ 𝐶 4 ∗ 𝜋 2 ∗ (282)2 ∗ 0,0046

E a reatância indutiva na frequência de sintonia será:

𝑋𝐶(60𝐻𝑧) 0,576
𝑋𝐿(60𝐻𝑧) = = = 26,07𝑚Ω
ℎ2 4,72

4.3.1.7 Determinação da resistência do filtro

Por se tratar de um filtro sintonizado de baixa tensão, será adotado um fator de


qualidade equivalente a 40. Dessa forma, pode-se definir o valor da resistência do
97

filtro, uma vez que o valor de R corresponde à razão entre a reatância do indutor na
frequência de sintonia (X0) e o fator de qualidade (Q), ou seja:

𝑋0 ℎ ∗ 𝑋𝐿(60𝐻𝑧) 4,7 ∗ 0,02607


𝑅= = = = 3,06𝑚Ω
𝑄 𝑄 40

Na frequência de sintonia, a reatância indutiva do filtro se equipara a sua reatância


capacitiva e a impedância do filtro se resume ao valor de sua resistência, ou seja, a
impedância do filtro na frequência de sintonia é:

𝑍𝑓 = 𝑅 = 3,06𝑚Ω

4.3.1.8 Determinação da impedância total do filtro

Na frequência fundamental (60Hz), a impedância do filtro pode ser obtida através da


equação:

𝑋𝐶(60𝐻𝑧)
𝑍𝑓(60𝐻𝑧) = 𝑅 + 𝑗 (𝑋𝐿(60𝐻𝑧) ∗ ℎ − )

0,576
𝑍𝑓(60𝐻𝑧) = 0,00306 + 𝑗 (0,02607 ∗ 1 − )
1

𝑍𝑓(60𝐻𝑧) = 0,00306 − 𝑗0,54993𝛺

|𝑍𝑓(60𝐻𝑧) | = 0,55𝛺

4.3.1.9 Análise da corrente e tensão do filtro na frequência nominal

A corrente fundamental que circulará em cada capacitor será:

480
𝐼𝑓(60𝐻𝑧) = √3 = 503,87𝐴
0,55
98

E a tensão fundamental aplicada sobre cada capacitor será:

𝑉𝑐𝑎𝑝(60𝐻𝑧) = √3 ∗ 𝐼𝑓(60𝐻𝑧) ∗ 𝑋𝐶(60𝐻𝑧)

𝑉𝑐𝑎𝑝(60𝐻𝑧) = √3 ∗ 503,87 ∗ 0,576 = 502,69𝑉

Nota-se que a tensão imposta sobre cada capacitor corresponde a uma sobretensão
de 4,72% em comparação com seu valor nominal (480V). Portanto, em um estudo
mais completo, deve-se avaliar a máxima tensão operacional do sistema elétrico em
regime de pouca carga, a fim de se certificar que a tensão aplicada aos capacitores
não ultrapassará o limite de sobretensão imposto perante as normas de fabricação
de capacitores, que é de 10% do valor nominal de tensão do capacitor.

É importante ressaltar que, pelo filtro, circulará um valor de corrente ligeiramente


maior que a que circularia caso fosse somente um banco de capacitores puro. Por
essa razão, o valor da potência reativa capacitiva fornecida pelo filtro será também
ligeiramente superior ao valor previamente considerado. Em números, essa potência
equivale a:

𝑘𝑉𝐴𝑟 = √3 ∗ 𝐼𝑓(60𝐻𝑧) ∗ 𝑘𝑉𝐶𝑎𝑝(60𝐻𝑧)

𝑘𝑉𝐴𝑟 = √3 ∗ 503,87 ∗ 0,48 = 418,91𝑘𝑉𝐴𝑟

4.3.1.10 Análise do filtro para frequências harmônicas

O objetivo é encontrar o máximo valor de corrente harmônica circulante pelos


componentes do filtro. Esse valor corresponde à corrente de quinta ordem gerada
pelas cargas não lineares e uma possível contribuição de corrente que circulará
entre a fonte e o filtro. Nesse exemplo de cálculo, essa contribuição será
considerada de 1% limitada apenas pelas impedâncias do transformador e do filtro.
Em um cálculo real deve-se conhecer o valor efetivo dessa contribuição, uma vez
que ela contribui significamente no dimensionamento dos componentes do filtro.
99

A corrente de quinta ordem gerada pelas cargas não lineares corresponde, nesse
exemplo, a 25% da corrente fundamental, ou seja:

949,5𝑘
0,8
𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎−5ℎ = 0,25 ∗ = 356,9𝐴
√3 ∗ 480

Sendo a impedância do transformador dada por:

𝑘𝑉 2
𝑋𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜 = 𝑍𝑝𝑢 ∗ 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑍𝑝𝑢 ∗
𝑀𝑉𝐴𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜

6 0,482
𝑋𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜 = ∗ = 0,009216𝛺
100 1,5

A impedância do transformador para a harmônica de quinta ordem é:

𝑋𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜−5ℎ = 5 ∗ 0,009216 = 0,04608𝛺

A impedância do filtro para a harmônica de quinta ordem corresponde a:

𝑋𝐶(60𝐻𝑧) 0,576
𝑋𝑐𝑎𝑝−5ℎ = = = 0,1152𝛺
ℎ 5

𝑋𝑖𝑛𝑑−5ℎ = 𝑋𝐿(60𝐻𝑧) ∗ ℎ = 0,02607 ∗ 5 = 0,13035𝛺

𝑍𝑓−5ℎ = −𝑋𝑐𝑎𝑝−5ℎ + 𝑋𝑖𝑛𝑑−5ℎ = −0,1152 + 0,13035 = 0,01515𝛺

Com isso a contribuição harmônica de quinta ordem a partir do sistema será:

1
𝑉ℎ−𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎(𝑝𝑢) ∗ 𝑉 ∗ 480
𝐼𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎−5ℎ = = 100 = 45,26𝐴
√3 ∗ (𝑋𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜−5ℎ + 𝑍𝑓−5ℎ ) √3 ∗ (0,04608 + 0,01515)
100

Portanto, a máxima corrente harmônica de quinta ordem circulante no filtro pode ser
obtida por:

𝐼𝑚á𝑥−5ℎ = 𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎−5ℎ + 𝐼𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎−5ℎ = 356,9 + 45,26𝐴 = 402,16

A tensão harmônica de linha máxima imposta sobre cada capacitor pode ser obtida
através da equação:

𝑉𝑐𝑎𝑝−5ℎ = √3 ∗ 𝐼𝑚á𝑥−5ℎ ∗ 𝑋𝑐𝑎𝑝−5ℎ = √3 ∗ 402,16 ∗ 0,1152 = 80,24𝑉

4.3.1.11 Avaliação da corrente e tensão totais (fundamental + harmônica) do filtro

A corrente rms total que circulará pelo filtro e para a qual todos os componentes do
filtro deverão ser capazes de suportar corresponde a:

2
𝐼𝑟𝑚𝑠 = √(𝐼𝑓(60𝐻𝑧) ) + (𝐼𝑚á𝑥−5ℎ )2 = √503,872 + 402,162 = 644,68𝐴

O fator de crista é definido como a relação entre o valor de pico e o valor


eficaz de um sinal. Para uma forma de onda senoidal perfeita o fator de
crista é expresso por √2. Para um mesmo valor eficaz, a corrente de pico
pode ser muito diferente, dependendo do grau de distorção da onda.
(PROCOBRE, 2001, p.20)

Admitindo que as componentes harmônica e fundamental possam contribuir


simultaneamente com seus valores rms, e que o fator de crista é de √2 23, a tensão
de pico aplicada sobre cada capacitor será:

2 2
𝑉𝑟𝑚𝑠−𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 = √(𝑉𝑐𝑎𝑝(60𝐻𝑧) ) + (𝑉𝑐𝑎𝑝−5ℎ ) ∗ √2 = √502,692 + 80,242 = 509,05𝑉

𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜−𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 = 𝑉𝑟𝑚𝑠−𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 ∗ √2 = 509,05 ∗ √2 = 719,90𝑉

23 Somente a título de exemplo, a fim de possibilitar obter um parâmetro estimativo de magnitude do


valor de pico, não correspondendo, portanto, ao valor real do fator de crista da forma de onda, que
em um caso real deve ser simulado.
101

Percebe-se que a sobretensão permanente imposta aos capacitores (6,05%) se


encontra abaixo do limite estabelecido por norma (10% acima da tensão nominal
rms) e que o valor de pico (6,05%) também atende ao limite estabelecido em norma
(20% acima da tensão de pico nominal).

4.3.1.12 Avaliação da resposta em frequência do filtro

É de suma importância a avaliação do surgimento de novas frequências de


ressonância que possam vir a causar problemas adicionais no sistema elétrico
quando da inserção do filtro passivo sintonizado. A nova frequência de ressonância
paralela após a inserção do filtro pode ser calculada:

𝑓𝑟 𝑋𝐶(60𝐻𝑧)
=ℎ=√
60𝐻𝑧 𝑋𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎(60𝐻𝑧) + 𝑋𝐿(60𝐻𝑧)

Considerando que a impedância do sistema será a impedância do transformador 24,

vem que:

0,576
ℎ=√ = 4,04
0,009216 + 0,02607

Dessa forma, o filtro passivo sintonizado para a ordem da quinta harmônica


provocará uma ressonância com o sistema elétrico em uma frequência próxima da
harmônica de ordem quatro.

Segundo Dugan (2002, p. 271), “normalmente, há muito poucas fontes significativas


de harmônicas de ordem par durante a operação em regime permanente e esse filtro
poderia trabalhar de forma aceitável."

24 Essa consideração, embora aqui adotada, requer cautela, pois, mesmo que possa incorrer em
valores razoáveis para o sistema industrial, nada se pode garantir quanto aos níveis de corrente
injetados no sistema da concessionária. Na realidade, para a determinação da freqüência de
ressonância paralela após a inserção do filtro, uma modelagem mais precisa da impedância do
sistema deveria ser realizada. (ISONI, 2012)
102

A corrente de energização ou “in-rush” de transformadores pode causar o


aparecimento de harmônicas pares de corrente, principalmente a segunda e a
quarta. (DECKMANN; POMILIO, 2010)25. Porém, a magnetização de
transformadores constitui um regime transitório, que acontece em um intervalo de
tempo muito pequeno e que não acontece com muita frequência. Portanto, a
ressonância do filtro com o sistema elétrico próxima da harmônica de ordem quatro
não constitui um problema na operação satisfatória do filtro.

Em um estudo mais apurado de dimensionamento, deve-se atentar para a


consideração das tolerâncias dos componentes do filtro, visando avaliar o seu
comportamento tanto na frequência de sintonia quanto na determinação da
frequência de ressonância com o sistema.

A FIG. 31 apresenta a resposta em frequência do filtro passivo sintonizado


dimensionado.

FIGURA 31 - Resposta em frequência do filtro passivo dessintonizado

Impedância x Frequência
0.60

0.50

0.40
|Z|

0.30

0.20

0.10

0.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
fr/f1

Fonte: Elaborado pelos autores

25 http://www.dsce.fee.unicamp.br
103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O problema da correção do Fator de Potência em ambientes com cargas não


lineares é constante e não existe perspectiva de sua redução. Pelo contrário, esse
problema tende a se agravar cada vez mais face à utilização crescente de
semicondutores em equipamentos do sistema elétrico industrial.

O presente trabalho apresentou duas formas possíveis para manter o sistema de


correção do FP em harmonia com um sistema poluído com frequências harmônicas,
mais especificamente através da utilização dos filtros passivos sintonizados e
dessintonizados.

No caso do filtro passivo dessintonizado foi percebido que, através do


dimensionamento adequado de seus componentes, é possível corrigir o FP e ao
mesmo tempo conviver com níveis de distorção harmônica no sistema elétrico, sem
que os capacitores sejam expostos a valores de corrente/tensão incompatíveis com
suas especificações e, com isso, evitando-se que tenham sua vida útil reduzida ou
que sejam danificados. É importante salientar que a utilização de um filtro passivo
dessintonizado visa a correção do Fator de Potência e ao mesmo tempo a proteção
dos bancos de capacitores.

No caso do filtro passivo sintonizado, foi percebido que, com um dimensionamento


adequado e mais complexo, é possível eliminar a circulação de uma determinada
corrente harmônica pelo sistema elétrico e ao mesmo tempo corrigir o FP sem
prejuízo aos capacitores. É importante enfatizar que a utilização de um filtro passivo
sintonizado visa a correção do Fator de Potência e ao mesmo tempo a filtragem de
correntes harmônicas indesejáveis presentes na instalação elétrica.

É de suma importância destacar que o conhecimento da resposta em frequência do


sistema e a contribuição harmônica da fonte da concessionária se mostram como
importantes índices a serem considerados no dimensionamento e obtenção de um
sistema de correção do FP adequado em ambientes com características
harmônicas, pois, conforme pôde ser visto nos cálculos, esses índices podem elevar
significativamente os valores de corrente rms circulantes pelos filtros.
104

Os filtros passivos se mostraram como uma alternativa economicamente possível


para resolução do problema. Porém, foi observado que eles são mais adequados
quando a instalação elétrica não possui variações bruscas de carga, pois, nesses
casos, a possibilidade do filtro sair de sintonia é maior. Outro problema identificado
nos filtros passivos é que eles podem ter que ser substituídos ou suplementados
caso haja variação das harmônicas presentes na instalação.

Para dar continuidade na pesquisa sugere-se que os trabalhos futuros abordem,


dentre outros:

 Dimensionamento, simulação e aplicação de um filtro sintonizado ou


dessintonizado em uma planta industrial real, com medição das correntes
harmônicas circulantes pelo filtro, a fim de verificar a sua eficiência;
 Aplicabilidade de filtros ativos em instalações elétricas dotadas de componentes
harmônicas, a fim de se identificar a partir de que taxa de distorção harmônica os
filtros ativos se mostram mais eficientes e econômicos que os filtros passivos.
105

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109

ANEXOS

ANEXO 1

Representação de um sinal distorcido e suas decomposições senoidais. A princípio a onda global foi
obtida pela soma das harmônicas 1, 3, 5,7 e 9, resultando na onda distorcida (global). Todas as
amplitudes foram definidas por unidade (p.u)

Fonte: elaborada pelos autores


110

ANEXO 2

Representação da onda distorcida do Anexo 1 no domínio da frequência

Domínio da Frequência (Espectro de


Frequências)
1.20

1.00

0.80

0.60
Corrente (p.u)

0.40

0.20

0.00
60 Hz 120 Hz 180 Hz 240 Hz 300 Hz 360 Hz 420 Hz 480 Hz 520 Hz

Fonte: elaborada pelos autores

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