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Revista Saúde Física & Mental

FISIOTERAPIA NA SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO DE


LITERATURA
WELCOMES PHYSICAL THERAPY IN MENTAL: A REVIEW OF THE LITERATURE

Érika Guerrieri Barbosa1, Edilene Aparecida Moreira Silva* 1

RESUMO: A Reforma psiquiátrica brasileira nasceu no bojo da Reforma Sanitária nos anos 70; ela se
sedimenta sobre o pressuposto básico da não institucionalização dos pacientes psiquiátricos. Os
transtornos mentais estão entre as dez condições que mais causam incapacidade física. A fisioterapia
neste campo ainda é pouco inserida. Tendo esse fato em vista, este estudo tem como objetivo realizar
uma revisão de literatura, acerca das possibilidades de inserção e atuação da fisioterapia nos serviços
de saúde mental. A metodologia utilizada se constituiu de uma busca de artigos indexados nas bases
de dados Lilacs, Bireme, CAPES e Medline, sem restrição de data inicial ou língua. Nos resultados foi
observado que a fisioterapia pode promover respostas satisfatórias para o tratamento dos pacientes de
saúde mental, concluindo então que a inserção do fisioterapeuta é de fundamental importância na
equipe de Saúde Mental.
Palavras-chave: saúde mental; fisioterapia; exercício físico; atividade motora.

ABSTRACT: The Brazilian psychiatric reform was born from the Sanitary Reform in the 1970’s. It is
sedimented on assumptions of non-institutionalization of psychiatric patients. The mental disorders are
among the ten conditions which most provoke physical inability and also physical incapability.
Physiotherapy is still shortly inserted in that segment. Bearing that in mind, the objective of this study
is revising the literature in regards to the insertion possibilities and also the role played by
physiotherapy in mental health services. The methodology used is constituted of a research for index
articles based on Lilacs, Bireme, CAPES and also Medline data, without any restriction of the initial
date or language. Based on the previous analysis, we have concluded that physiotherapy is extremely
important for the mental health bearing in mind its benefits to human beings lives.
Keywords: Mental Health; physical exercise; motor activity.

1 - Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix


* edilenemoreira_fisio@hotmail.com

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.3 n.2 Agosto-Dezembro 2013
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INTRODUÇÃO entre as suas disposições ressalta sobre a


atenção psicossocial, tendo como ênfase uma
De acordo com a Organização rede de cuidados que contemple a atenção
Panamericana de Saúde (OPAS), em 1990, na básica em saúde, partindo do pressuposto do
região das Américas, 144 milhões de pessoas grande número de problemas em saúde mental
sofriam de algum distúrbio mental; em 2010 que pode ser resolvido nesse nível de
era estimado que esse número chegasse a 176 assistência4, 5.
milhões1. Entre as dez condições que mais De acordo com a OPAS, a saúde
causam incapacidade física, cinco são mental ainda não é vista como prioridade nas
transtornos mentais, sendo estas: depressão, ações de saúde, e o pequeno número de
alcoolismo, transtorno bipolar, esquizofrenia e estudos epidemiológicos, na área, acabam
transtorno obsessivo-compulsivo1. As agravando essa situação1.
condições de saúde mental têm uma tendência A fisioterapia tem como propósito o
a subir na classificação de morbidade da estudo do movimento humano em todas as
1
população . Prevê-se que a depressão passará suas formas de expressão e potencialidades,
do quarto lugar, que ocupava em 1990, para o tanto nas suas alterações patológicas, quanto
segundo lugar em 2020, perdendo apenas para nas suas repercussões psíquicas e orgânicas,
2
as doenças cardiovasculares . com objetivos de preservar, manter,
A Reforma Sanitária nasceu na luta desenvolver ou restaurar a integridade de
contra a ditadura, com objetivo de constituir órgão, sistema ou função7. A escassez de
um sistema único de saúde3. Concomitante ao estudos na área, a pouca inserção dessa
movimento da Reforma Sanitária ocorria um categoria profissional nos serviços de saúde
movimento social em vários países e no Brasil, mental, e o não reconhecimento desse
que defendia uma melhor assistência e profissional pela equipe de Saúde Mental,
mudanças no modelo de atenção aos usuários demonstram a necessidade de estudos que
com transtornos mentais. Esse movimento era discutam as possíveis abordagens da
4
chamado de reforma psiquiátrica . Esses dois fisioterapia na saúde mental, mais
movimentos tinham como objetivos comuns a especificamente nos transtornos mentais e
universalidade, integralidade, descentralização comportamentais.
5
e participação popular . Em 1990 foi O objetivo deste estudo é identificar as
promulgada a Lei Federal n° 8.080, de 19 de necessidades e possibilidades da inserção e
setembro de 1990, que dispunha de ações para atuação da fisioterapia nos serviços de saúde
assegurar a promoção, proteção e recuperação mental.
6
da saúde . Em junho de 2011, foi decretada a
Lei 7508, que regulamenta a Lei 8080/90 e,

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METÓDOS as atuações do Fisioterapeuta na saúde mental,


O presente estudo consistiu de uma 10 são estudos epidemiológicos que
revisão bibliográfica descritiva, sobre a caracterizam o perfil dos usuários dos serviços
organização da saúde mental, suas de saúde mental no Brasil, e 12 artigos
regulamentações, as possibilidades de atuação abordam a importância da atividade física e o
da fisioterapia neste campo e os efeitos do papel da fisioterapia nos transtornos mentais.
mesmo. Foram realizadas buscas em bases de Desses 12 artigos, 3 apontam os efeitos do
dados científicos tais como LILACS – exercício físico na saúde mental, 2 abordam os
Literatura Latino-Americana e do Caribe em benefícios da atividade física, 3 relatam os
ciências da Saúde, Bireme, Biblioteca Virtual efeitos da fisioterapia e atividade física na
de Saúde (BVS), MEDLINE – Literatura esquizofrenia, 3 abordam efeitos benéficos da
Internacional em Ciências da Saúde, CAPES - atividade física e exercício na depressão e 1
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal relata os efeitos adversos dos antipsicóticos.
de Nível Superior, e materiais específicos e em
DISCUSSÃO
acervo pessoal. Os descritores utilizados, entre
outros, foram: Saúde Mental (Mental Health), Em 1985, no interior do processo de
Fisioterapia (Physiotherapy), Exercício Físico redemocratização do país, deu-se o nascimento
(Physical Exercise), Atividade Física (Physical de um movimento político chamado de
Activity). Critérios de inclusão: Os artigos Reforma Sanitária8. Os principais objetivos da
selecionados foram analisados de acordo com Reforma Sanitária eram: unificação do Sistema
o título e resumo do trabalho. Critérios de de Saúde e sua hierarquização e
exclusão: estudos da área que não se descentralização para estados e municípios;
enquadravam no perfil do estudo, não foram universalização do atendimento e equalização
estabelecidos períodos específicos de do acesso com extensão de cobertura de
publicação nem restrição do delineamento de serviços; participação da população através de
estudo ou língua, visto que há escassez de entidades representativas na formulação,
estudos sobre a fisioterapia no campo de saúde gestão, execução e avaliação das políticas e
mental. O estudo foi realizado durante o ações de Saúde; racionalização e otimização
período de fevereiro a dezembro de 2012. dos recursos setoriais com financiamento do
Estado através de um Fundo Único de Saúde a
RESULTADOS nível federal9. Assim, foi promulgada a Lei
Orgânica da Saúde - Lei Federal nº 8.080, de
Foram utilizados 31 artigos retirados das bases 19 de setembro de 1990, que, entre as
de informações do Scielo, Lilacs, Pubmed, disposições gerais, destaca que a saúde é um
BVS e CAPS. Dos artigos selecionados, 9 direito fundamental do ser humano e que o
conceituam a Reforma Sanitária, Psiquiátrica e Estado deve prover as condições

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indispensáveis ao seu pleno exercício10. Sendo degradantes da assistência que era prestada nos
assim, a Reforma Sanitária foi responsável asilos e hospitais psiquiátricos até então11.
pela criação do SUS, que tem como princípios Em 1987, foi realizada a I Conferência
básicos: universalidade de acesso aos serviços Nacional de Saúde Mental, tendo como
de saúde em todos os níveis de assistência, objetivo implantar uma rede extra-hospitalar e
integralidade, entendida como um conjunto atenção multiprofissional; proibir a construção
articulado e contínuo das ações e serviços de novos hospitais psiquiátricos ou a
preventivos e curativos, individuais e ampliação dos existentes e fazer desativação
coletivos, em todos os níveis de complexidade progressiva dos leitos existentes; inserir leitos
do sistema, divulgação de informações quanto e unidades psiquiátricas em hospitais gerais;
ao potencial dos serviços de saúde e sua integrar a saúde mental com outros programas
utilização pelo usuário, igualdade da de saúde, movimentos sociais e instituições, a
assistência à saúde, sem preconceitos ou principal característica desse movimento era
privilégios de qualquer espécie 10,6. resgatar a cidadania dos usuários de saúde
Recentemente foi publicado o Decreto mental11.
n° 7508, de 28 de junho de 2011, que Em 2002, através da publicação da Lei
regulamenta a Lei 8080/904. Entre suas n° 10.216/02, ficaram garantidos os direitos e a
disposições ele ressalta sobre a atenção proteção dos pacientes acometidos por doença
psicossocial, o que destaca a importância do mental, e também: o direito ao acesso a
4
atendimento em saúde mental . tratamentos mais qualificados do sistema de
A preocupação com a saúde mental no saúde de acordo com suas necessidades,
Brasil não é um fato recente. Nos primeiros tratamento com humanidade e respeito; ser
séculos pós-Descobrimento do Brasil, a protegido contra qualquer forma de abuso e
sociedade ainda era tolerante, porém quando as exploração; a garantia de sigilo nas
cidades ficaram mais populosas, a presença de informações prestadas ao serviço de saúde;
pessoas com distúrbios mentais nas ruas não acesso livre aos meios de comunicação;
era mais tolerada, e a única medida cabível foi esclarecimento médico dos motivos de
excluí-las da sociedade. As condições precárias hospitalização voluntária ou não; o acesso às
desses espaços de isolamento levaram a informações sobre sua doença e seu
criação das instituições exclusivas de tratamento; ser tratado em serviços
acolhimento e aos manicômios, que também comunitários em ambientes terapêuticos por
possuíam características de condições precárias meios menos agressivos e invasivos12.
de cuidado, maus-tratos e péssimas condições Em 2004, o Ministério da Saúde,
de trabalho dos profissionais de saúde mental, instituiu a Política de Saúde Mental no SUS e
o que desencadeou a Reforma Psiquiátrica, que descreveu o funcionamento dos serviços
tinha como objetivo denunciar as condições substitutivos com os seguintes objetivos:

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consolidar um novo modelo de atenção à saúde De acordo com o Ministério da Saúde,


mental, garantir uma livre circulação desses está acontecendo uma redução nos leitos em
pacientes junto à sociedade, não deixando de hospitais psiquiátricos e simultaneamente a
oferecer os cuidados necessários; reduzindo esse processo um aumento gradativo dos
número de leitos psiquiátricos e de baixa serviços substitutivos em saúde mental; esse
qualidade; incluir as ações de saúde mental na aumento requer que cada vez mais estes
atenção primária; promover os direitos dos serviços recrutem novos profissionais e
usuários e familiares incentivando a aprimorem suas equipes e as capacitem para
participação no cuidado desses pacientes; atuar de forma adequada para atender os
garantir um novo modelo de assistência ao pacientes com Transtornos Mentais e
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louco infrator, superando o modelo de Comportamentais .
Manicômio Judiciário; avaliar constantemente O aumento das pesquisas dos
todos os hospitais psiquiátricos por meio do Transtornos Mentais e Comportamentais está
Programa Nacional de Avaliação dos Serviços crescendo de forma acelerada nos últimos
Hospitalares – PNASH/Psiquiatria . 13
anos, com o intuito de identificar os principais
Os serviços que compõem a Rede transtornos atendidos nos serviços
Substitutiva são: CAPS I, CAPS II, CAPS III, especializados em saúde mental1.
CAPS i, CAPS AD, Serviços Residenciais Para classificar os transtornos mentais
Terapêuticos (SRT); Centros de Convivência e e comportamentais, existem atualmente duas
Cultura; Leitos Psiquiátricos (em Hospitais ferramentas, o CID10 e o DSM-IV, que os
Gerais). Além desses serviços, existe o organiza por categorias para facilitar o
Programa de Volta para Casa, que oferece diagnóstico e a terapêutica17,18. Entretanto a
bolsas para egressos de longas internações em extensa variedade de patologias na área da
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hospitais psiquiátricos . saúde mental faz com que os serviços
A equipe que atende esses serviços é especializados também padronizem os agravos
formada por médicos psiquiatras, ou que são de sua responsabilidade, baseando-se
neurologista ou pediatra com formação em nessas classificações, já que outras
saúde mental; enfermeiros; profissionais de especialidades em saúde compartilham os
nível superior entre as seguintes categorias cuidados a essas patologias17,18.
profissionais: psicólogo, assistente social, A Organização Mundial da Saúde
enfermeiro, terapeuta ocupacional, utiliza a Classificação Estatística Internacional
fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional de Doenças. Atualmente em sua décima
necessário ao projeto terapêutico; profissionais revisão, conhecido pela sigla CID-10, é um
de nível médio: técnico e/ou auxiliar de sistema de classificação estatística com fins de
enfermagem, técnico administrativo, técnico análise epidemiológica e de organização de
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educacional e artesão . serviços de saúde18.

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O CID-10 divide as patologias do mentais e comportamentais são abordados no
sistema nervoso em 10 grupos, os Transtornos capítulo V, conforme tabela abaixo: 18

Código CID Descrição do Grupo de Patologias

F00-F09 Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos. Exemplos: Demência e Delirium

F10-F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa. Exemplo:


Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool e drogas.

F20-F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes. Exemplo: Esquizofrenia.

F30-F39 Transtornos do humor [afetivos]. Exemplos: Depressão e Transtorno afetivo bipolar.

F40 Transtornos fóbico-ansiosos. Exemplos: Fobia e Transtorno obsessivo compulsivo.

F50-F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos. Exemplo


Bulimia, Anorexia e Insônia.

F60-F69 Distorções da personalidade e do comportamento adulto. Exemplo: Transtornos de


Personalidade.

F70-F79 Retardo mental.

F80-F89 Transtornos do desenvolvimento psicológico. Dislexia e Afasia.

F90-F98 Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a


infância ou a adolescência. Exemplos: Hiperatividade e Transtornos emocionais na infância.

F99 Transtorno mental não especificado.

Classificação dos transtornos mentais segundo o Capítulo V da CID 10 – Fonte: CID 10, 1993.

Após a Segunda Guerra Mundial, a DSM-IV17. Este manual classifica os diferentes


Associação de Psiquiatria Americana criou o transtornos mentais nos seguintes grupos:
Manual Estatístico e Diagnóstico de Doenças
Mentais, o DSM (Diagnostic and Statistic
Manual)17. A quarta edição, lançada em 1994,
com revisão feita em 2000, é uma classificação
mais detalhada das doenças mentais e é mais
utilizado em pesquisas, sendo denominado

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1) Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, infância e adolescência, como os retardos


mentais e distúrbios de aprendizagem;
2) Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Outros Transtornos Cognitivos;
3) Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Geral, como transtornos catatônicos e desvios de
personalidade;
4) Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de álcool ou dependência de drogas, ou
ainda transtornos induzidos por uso de substância como abstinência de nicotina ou demência
alcoólica;
5) Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos, como paranóia (esquizofrenia do tipo paranoide) ou
transtorno delirante;
6) Transtornos do Humor, como depressão ou transtorno bipolar;
7) Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico;
8) Transtornos somatoformes, como transtornos conversivos e transtornos dismórficos;
9) Transtornos factícios, como a síndrome de Munchousen;
10) Transtornos dissociativos, como anmésia dissociativa ou fuga dissociativa;
11) Transtornos sexuais e de identidade de gênero, como aversão sexual ou parafilias (como
pedofilia);
12) Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa;
13) Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno;
14) Transtornos de controle de impulso, como cleptomania ou piromania;
15) Transtornos de personalidade, como personalidade paranoica ou personalidade obsessivo-
compulsiva.
Classificação dos transtornos mentais segundo DSM IV - Fonte: DSM IV, 1995

Para definir de forma mais clara as a necessidade de identificar quais eram os


patologias a serem atendidas nos serviços de principais atendidos pelos serviços
saúde mental, o estado de Minas Gerais fez especializados em saúde mental no Brasil,
uma recategorização da CID 10 organizando os através de estudos epidemiológicos, para que a
transtornos mentais em três grandes grupos, partir dessa identificação fosse possível
como mostra o quadro abaixo: 18,19 realizar a revisão da atuação do fisioterapeuta
A partir da análise de classificação dos especificamente nesses agravos17,18.
Transtornos Mentais e Comportamentais de
acordo com o CID-10 e DSM-IV e a
recategorização desses agravos pela política de
saúde mental do estado de Minas Gerais, gerou

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Transtorno Mental Código Formas Principais

Quadros Psiquiátricos F.00 –F.19 Demências e Delirium.


orgânicos

Psicoses F.20 A F.29; F.30, F.31, Esquizofrenia, Paranoia e


F.32 e 32.3 Transtornos graves de humor.

Neuroses F.40-F. 48, além de outros Neuroses de ansiedade, Neurose


itens histérica, Neurose obsessiva,
Episódios depressivos em
neuróticos.

Classificação dos transtornos mentais segundo Linha Guia de Minas Gerais - Fonte: Linha Guia de
Minas Gerais, 2007.

Um estudo realizado no Rio Grande do ansiosos (n=8), os retardos mentais não


Sul, no período de 2008 a 2009, através da especificados (n=7), as reações ao stress grave
análise de prontuários, constatou que a maioria (n=5) e os transtornos de comportamento
da amostra tinha como diagnóstico prevalente (n=4)21.
os transtornos de humor, totalizando 64,4%; Em um estudo realizado no Rio de
seguido da esquizofrenia, presente em 11% dos Janeiro, com o objetivo de verificar o perfil
usuários20. dos pacientes sob tratamento em um CAPS,
No Ceará, Carvalho et al., verificaram observou a presença de mais de um distúrbio
que, no CAPS Geral, os transtornos de para um mesmo paciente sendo que, dentre os
ansiedade (n=17), esquizofrenia (n=16) e 96 pacientes avaliados, 38,5% têm diagnóstico
transtorno bipolar (n=08) foram os de esquizofrenia, 28,1% de transtornos mentais
21
diagnósticos mais frequentes . No CAPS AD, associados ao uso de álcool e outras drogas,
os transtornos comportamentais por abuso de 21,9% de retardo mental, 18,7% de depressão,
álcool (n=43), os transtornos comportamentais 17,7% de psicose, 12,5% de transtorno mental
por abuso de fumo (n=19), os transtornos associado a outras causas e 6,2% de transtorno
mentais por abuso de múltiplas drogas (n=4) e bipolar22.
as psicoses não orgânicas não especificadas Um trabalho realizado em Recife, no
(n=4) foram os diagnósticos mais descritos21. ano de 2007, mostra que quanto à hipótese
No CAPSi, os diagnósticos mais frequentes diagnóstica, de acordo com a Classificação
foram, respectivamente, os transtornos Internacional de Doenças – (CID – 10),

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encontraram-se 34,4% dos usuários no grupo Um estudo descritivo, de corte


F30 (transtornos do humor - afetivos); 25,6% transversal, com amostra representativa para
no grupo F20 (esquizofrenias, transtornos Brasil, realizado com dados secundários
esquizotípicos e transtornos delirantes) e 3,3% obtidos dos registros de atendimento em
no grupo F40 (transtornos neuróticos, CAPSi de diversos estados, demostra que em
transtornos relacionados com o estresse e torno de 78% dos diagnósticos concentraram-
23
transtornos somatoformes) . se em três grupos da CID-1027. Encontrou- se
Em estudo realizado na Bahia, os um percentual de 44,5% para o grupo de
diagnósticos mais frequentes assistidos pelo transtornos do comportamento e transtornos
CAPS e identificados nos prontuários foram emocionais (F90-F98), seguido por 19,8% para
esquizofrenia (30,0%), depressão (24,7%) e transtornos neuróticos (F40-F49) e 14,2% para
24
psicose não especificada (19,3%) . transtornos do desenvolvimento psicológico
Em pesquisa realizada no sul do país, (F80-F89)27. Os transtornos graves, como
verificou-se que nos sujeitos do sexo psicoses, transtornos de humor e transtornos
masculino acompanhados em um CAPS os globais do desenvolvimento, representaram
diagnósticos predominantes são de 19,4% do total de diagnósticos27.
esquizofrenia, transtorno esquizotípico e Um estudo realizado na cidade de
delirante; retardo mental; transtornos do Machado em Minas Gerais verificou que os
desenvolvimento psicológico; e transtornos diagnósticos mais encontrados na população
emocionais e de comportamento, com início foram os Transtornos Fóbico-Ansiosos (F.40),
usualmente ocorrendo na infância e com a porcentagem de 34,2%, em seguida os
adolescência25. Já nos sujeitos do sexo Transtornos do humor [afetivos] (F.30), com
feminino, apresenta maiores índices de 27,2%, e o terceiro diagnóstico mais
25
transtornos de ansiedade e de humor . Para encontrado foi Esquizofrenia (F.20) com
nenhum dos sexos foi delimitada idade de 13,5%28.
diagnóstico25. Após seis anos, foi realizada No estudo de Santos et al., 2010, ao
uma nova pesquisa comparativa, com o correlacionar diagnóstico e idade, observou-se
objetivo de identificar as possíveis mudanças que os transtornos do comportamento e
no perfil dos usuários26. Os dados desse transtornos emocionais foram os mais
segundo estudo demostra que relação frequentes nos três grupos etários pesquisados,
diagnóstico e sexo se manteve, enquanto as apresentando as frequências de 46,9% entre
mulheres sofrem mais de transtornos de humor menores de 10 anos; 47,6% para o grupo de 11
e de ansiedade, os homens são mais atingidos a 14 anos; e 32,7% para aqueles entre 15 e 21
pelos transtornos mentais e de comportamento anos29. Os diagnósticos de esquizofrenia
(com início na infância e na adolescência)26. (9,8%), transtornos de humor (17,3%) e
retardo mental (8,6) tiveram maior frequência

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entre a faixa etária de 15 a 21 anos29. Os Segundo Reuter et al., 2007, o paciente


transtornos do desenvolvimento psicológico de saúde mental sedentário pode ter como
(19,2%), do comportamento (46,9%) e os não consequência o aumento dos níveis de
especificados (3,5) foram mais frequentes entre ansiedade, depressão, raiva, tensão, da fadiga
os menores de 10 do que entre aqueles do muscular e diminuição do afeto positivo32.
grupo de 15 a 21 anos29. Segundo Silva et al., 2008, os
Partindo da análise descrita, e sabendo antipsicóticos são substâncias que reduzem
quais os tipos de agravos mais comuns nos delírios e alucinações, geralmente apresentam
serviços de saúde mental do Brasil, é possível efeitos positivos ao tratamento, porém podem
analisar qual o papel da fisioterapia, efeitos da provocar efeitos colaterais neurológicos,
atividade física e exercício físico nos cardiovasculares, endócrinos, oculares,
transtornos mentais. hematológicos, hepáticos, musculoesqueléticos
De acordo com o Decreto-Lei nº. 938, e cutâneos33. Entre eles os mais comumente
“É atividade privativa de o fisioterapeuta citados são disfunções crônicas como
executar métodos e técnicas fisioterápicas com discinesia, tardia, acatisia e distonia, ataxia,
a finalidade de restaurar, desenvolver e atrofia e fraqueza muscular, afetando
conservar a capacidade física do paciente”31. diretamente a capacidade funcional do
Em 1987, antes da criação do SUS, a indivíduo33.
Resolução COFFITO nº 80, por meio de atos
Souza et al., 2008, verificaram em seu
complementares, buscou ampliar as atribuições
estudo que o uso dos antipsicóticos atípicos
do fisioterapeuta, tendo uma adequação da
está associado a um aumento importante de
Fisioterapia ao movimento sanitário
peso e alterações metabólicas, como: as
brasileiro31. Dentre as considerações da
dislipidemias, síndromes metabólicas e
Resolução nº 80, destaca-se: “A fisioterapia é
diabetes34. Essas alterações metabólicas
uma ciência aplicada, cujo objeto de estudos é
aumentam significativamente o risco de morte
o movimento humano em todas as suas formas
por doenças cardiovasculares nos pacientes
de expressão e potencialidades, quer nas suas
com esquizofrenia34. Além dos fatores
alterações patológicas, quer nas suas
relacionados à medicação, o próprio
repercussões psíquicas e orgânicas, com
comportamento e hábito de vida podem
objetivos de preservar, manter, desenvolver ou
contribuir para essas alterações34.
restaurar a integridade de órgão, sistema ou
De acordo com Abreu et al., 2000, na
função”31.
maioria das pessoas que utilizam antipsicóticos
Assim, questiona-se: qual é o papel da
ocorre um aumento de peso, e que a melhor
fisioterapia na atenção biopsicossocial dos
medida preventiva consiste na restrição de seu
pacientes da Saúde Mental?
uso continuado, com monitoração precoce e

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adoção de medidas não farmacológicas de podendo ser exemplificada por jogos, lutas,
controle de peso, como dieta balanceada, danças, esportes, exercícios físicos, atividades
atividade física regular e controle do uso de laborais e deslocamentos36. Sendo assim, pode-
álcool, especialmente em pacientes com risco se afirmar que a ausência de atividade física
de diabetes35. pode ser definida por sedentarismo36.
No estudo de Souza et al., 2008, foi Segundo Reuter et al., 2007, o
observado que há uma alteração de equilíbrio exercício físico é a série de ações corporais
dinâmico dos indivíduos com esquizofrenia, o com a finalidade de desenvolver aptidão física,
que pode levá-los a diminuição ou dificuldades prescritas para serem feitas regularmente como
funcionais, e aborda que os efeitos colaterais meio de ganhar força, destreza, agilidade para
dos antipsicóticos, podem ser um dos fatores adquirir competência geral em algum campo
que propicia um maior risco de quedas, e que, de atividade32.
nesse contexto, a fisioterapia pode atuar Oliveira et al., 2010, relatam que a
prevenindo as complicações e seus agravos, atividade física na saúde mental produz efeitos
34
promovendo saúde e recuperando a função . positivos como o bem-estar físico, emocional e
Além desses benefícios, a fisioterapia atua psíquico em todas as idades e ambos os sexos;
melhorando a marcha, equilíbrio, postura, redução do estresse, do estado de ansiedade e
consciência corporal, propriocepção, abuso de drogas, redução de níveis leves e
socialização do paciente através de grupos moderados de depressão36.
operativos tanto no setor público como no Quanto à abordagem da fisioterapia,
setor privado, se articulando dentro da Política atividade e exercício físico na esquizofrenia, os
Pública de Saúde Mental34. autores relataram benefícios, com aumento da
A atividade física e o exercício físico força, reduções de ansiedade, melhora no bem-
são considerados uma das formas de expressão estar, e mudanças no comportamento; os
do movimento, podendo ser uma abordagem estudos não encontraram nenhum efeito
terapêutica praticada pelo fisioterapeuta dentro colateral, mas apontam que há a necessidade
de objetivos específicos, sendo assim, os de mais pesquisas na área37.
estudos abaixo descrevem seus efeitos sobre a De acordo com Souza et al., 2007, a
saúde mental30,32. abordagem terapêutica na esquizofrenia tem
De acordo com Oliveira et al., 2010, passado por diversas mudanças nas últimas
atualmente a atividade física pode ser décadas34. O trabalho dos profissionais que
entendida como qualquer movimento corporal, atuam nas equipes multiprofissionais traz uma
produzido pela musculatura esquelética, que visão ampla do comprometimento do
resulta em gasto energético, tendo indivíduo, possibilitando realizar um
componentes e determinantes de ordem tratamento e acompanhamento
34
biopsicossocial, cultural e comportamental, biopsicossocial . A partir desse pressuposto, é

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possível abordar a importância da capacitação transmissão sináptica de monoaminas, que,


do fisioterapeuta para atuar na Saúde Mental.34 supostamente, funcionam da mesma maneira
No estudo de Vliet et al., 2005, como as drogas antidepressivas38. Seria uma
constatou-se que a atividade física é um eficaz simplificação para explicar que a eficácia de
tratamento para transtornos mentais, dentre antidepressivos é devido ao aumento da
eles a esquizofrenia, tornando a atividade transmissão sináptica das monoaminas, esta
como uma possibilidade terapêutica, que traz hipótese, embora plausível, também parece
37
para o indivíduo poucos efeitos colaterais . simples demais para explicar a melhora de
Peluso et al., 2005, abordam que humor associado ao exercício38. A segunda
várias hipóteses psicológicas têm sido hipótese, contudo, baseia-se na observação de
propostas para explicar os efeitos benéficos do que o exercício provoca a liberação de
exercício físico na saúde mental: a principal opioides endógenos (endorfinas - "morfinas
delas é a distração, seguida da autoeficácia, e endógenos")38. Basicamente, beta-endorfina,
da interação social38. A hipótese de supostamente, os efeitos inibidores de tais
distração sugere que o desvio de estímulos substâncias sobre o sistema nervoso central são
desfavoráveis leva a uma melhora do humor responsáveis pela sensação de bom humor
durante e após o exercício38. A hipótese de experimentado após o exercício, mas essa
autoeficácia propõe que, uma vez que o hipótese ainda não foi confirmada38. Outra
exercício físico pode ser visto como uma especulação é a possível relação entre aumento
atividade desafiadora, a capacidade de ser da irritabilidade, inquietação, nervosismo e
envolvido por ele em uma maneira regular sentimentos de frustração relatada por
pode levar a melhora do humor e indivíduos fisicamente ativos quando retirado
38
autoconfiança . No que diz respeito à hipótese do exercício e em um estado de abstinência de
da interação social, as relações sociais endorfina38.
comumente inerentes ao exercício, bem como De acordo com Mattos et al., 2004, o
o apoio mútuo que ocorre entre os indivíduos exercício físico é um importante aliado do
envolvidos em grupos de exercícios, tratamento antidepressivo devido ao seu baixo
desempenham um papel importante nos efeitos custo e sua característica preventiva de
do exercício sobre a saúde mental38. patologias que podem levar um indivíduo a
Hipóteses fisiológicas também foram situações de estresse e depressão39. Os estudos
levantadas por Peluso, et al., 2005, para que relacionam o exercício à depressão têm
explicar os efeitos do exercício físico sobre a verificado que indivíduos que praticam
saúde mental, as duas mais estudadas estão atividade física de forma regular reduzem
sendo baseadas em monoaminas e significantemente os sintomas depressivos. O
38
endorfinas . A primeira hipótese é apoiada efeito antidepressivo do exercício pode ser
pelo fato de que o exercício aumenta a verificado rapidamente, sendo que três

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semanas de algumas seções regulares são idade42. Os benefícios mostraram-se


suficientes para se perceber a melhora no significativos especialmente em indivíduos
estado de humor em pacientes com com um elevado nível de ansiedade e
39
depressão . depressão42.
Deslandes et al., 2009, em uma revisão De acordo com Peluso et al., 2005, os
sistemática, observaram que o exercício pode efeitos do exercício físico regular sobre o
atuar como um coadjuvante eficiente e de humor têm sido principalmente estudados
baixo custo no tratamento e prevenção de usando o exercício aeróbico, mas as evidências
processos neurodegenerativos40. A evidência indicam que o exercício anaeróbio, como
clínica tem demonstrado que o exercício tem treinamento de flexibilidade, também pode
uma relação positiva com o resultado de reduzir os sintomas depressivos38. No que diz
diferentes tipos de doenças mentais, trazendo respeito aos efeitos imediatos do exercício
melhorias não só na qualidade de vida dos físico aeróbico, a melhoria dos sintomas de
pacientes, mas a também na própria doença40. depressão e ansiedade após um único exercício,
Neste estudo, foi observado que 30 minutos e a duração por algumas horas, ou mesmo até
por dia de exercício (aeróbico, flexibilidade e um dia, foi relatada e, somente para os
força) reduziu o número de internações em sintomas de ansiedade há evidências de que o
pacientes com doença mental, também exercício anaeróbico pode produzir o mesmo
diminuiu sintomas depressivos e melhorou a efeito, o que provavelmente não é observado
40
qualidade de vida . imediatamente após o final do exercício, mas,
Corroboram Callaghan et al., 2012, sim, algumas horas mais tarde38.
que relatam que o exercício físico tem sido O estudo de Pulcinelli et al., 2010,
descrito como eficaz na redução dos sintomas mostra que é difícil determinar qual é o
de depressão e ansiedade; e que a prática de melhor tipo de exercício para se obter os
esportes evitam a depressão. Em média a máximos benefícios psicológicos, contudo, há
realização de exercício físico, por no mínimo evidências de que exercícios aeróbicos e
40 minutos 3 vezes por semana, demonstrou anaeróbicos proporcionam benefícios
ser eficaz para a redução dos sintomas de psicológicos semelhantes, e aponta que, para
depressão41. indivíduos com diagnóstico de algum
Em uma meta-análise Pulcinelli et al., transtorno mental, o exercício aeróbio de
2010, revisaram pesquisas sobre o exercício moderado a intenso (60 a 85% da frequência
físico e os estados emocionais (ansiedade, cardíaca máxima) realizado por cerca de 20-60
depressão e humor), foi demonstrado efeitos minutos, três ou mais vezes por semana, pode
positivos do exercício físico em pessoas resultar em significativos benefícios
42
saudáveis e em pessoas com transtornos psicológicos . Esta intensidade de exercício
mentais, independentemente do sexo e da está relacionada às reduções na depressão e

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ansiedade, no aumento do funcionamento Matamoros et al., 2012, concluiram


cognitivo, autoestima e humor42. em seu estudo que a Organização de
Devido ao cenário de desospitalização Fisioterapia em Saúde Mental recomenda que
que foi demonstrado, no Brasil, observa-se a os fisioterapeutas sejam treinados para
necessidade de ampliação e aprimoramento reconhecer e tratar adequadamente os sintomas
dos serviços substitutivos para prestar atenção de doença mental grave, e que a fisioterapia
integral e de qualidade para os usuários dos como tratamento complementar pode melhorar
16
serviços de Saúde Mental , abrindo então, um a saúde física, mental e a qualidade de vida43.
vasto campo para o fisioterapeuta nas equipes
multidisciplinares destes serviços. CONCLUSÃO
Porém, há a necessidade de o
profissional saber identificar os principais A Reforma Psiquiátrica trouxe
agravos atendidos nos serviços de saúde mudanças para o cenário da Saúde Mental, mas
mental, para que, partindo dessa ainda é necessário que os serviços se
caracterização, defina sua atuação, aprimorem para capacitar e ampliar suas
considerando a CID-10 como classificação equipes com outras categorias profissionais.
padrão, uma vez que o DSM-IV é muito mais De acordo com os estudos encontrados nesta
detalhado, sendo utilizado mais para o meio revisão, o fisioterapeuta pode atuar nas
acadêmico, e as definições do seu estado de diversas patologias atendidas nos serviços de
17,18,19
atuação, como descrito anteriormente . saúde mental. Já que é capacitado para tratar as
Cada estado da Federação pode estabelecer repercussões psíquicas e orgânicas
seus critérios de recategorização dos provenientes das alterações patológicas do
transtornos mentais e comportamentais para indivíduo utilizando recursos terapêuticos com
identificar os agravos a serem atendidos nesses o objetivo de melhorar, desenvolver e manter a
serviços17,18,19. capacidade física.
Os estudos apontam que houve pouca A partir da análise realizada é possível
variação entre os tipos de transtornos mentais e concluir que a inserção do Fisioterapeuta é de
comportamentais nos CAPS de diversos fundamental importância na Saúde Mental
estados, consolidando um possível perfil de podendo trazer inúmeros benefícios aos
usuários desses serviços15,20,21,22,23. Os agravos indivíduos atendidos, como tratamento
atendidos nos diversos tipos de CAPS são bem complementar, uma vez que não é possível o
definidos pela Política de Saúde Mental, porém tratamento dessas patologias sem a utilização
em alguns municípios não existem CAPSi e dos fármacos, e que eles levam a alterações na
CAPS AD, portanto todos os agravos que são capacidade física desses indivíduos que já
de responsabilidade destes devem ser possuem algumas características próprias
15,20,21,22,23
atendidos pelo CAPS I, II ou III . dessas patologias. Contudo, novas pesquisas

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para ampliação do conhecimento técnico e transtornos mentais e comportamentais são


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