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Rio de Janeiro
Agosto de 2014
ANÁLISE DA SEQUÊNCIA DE SOLDAGEM EM PAINÉIS TÍPICOS NAVAIS
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Annelise Zeeman, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Marta Tapia, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Julho Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc.
________________________________________________
Engª. Ana Paula Costa, M.Sc.
________________________________________________
Dr. Isaías Quaresma Masetti, D.Sc.
iii
Agradecimentos
Rio de Janeiro
Agosto de 2014
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.
Agosto/2014
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
Agosto/2014
The welding directly affects the safety and the quality of a ship’s structure, in addition
to the shipbuilding economy. The use of improper welding techniques is a major factor
for rework to be high (above 40%) and consequently for productivity to be relatively
low in the shipyards of the Rio de Janeiro designed mainly for the construction of
supply vessels. Understanding better the welding processes used, the typical
discontinuities in welding, and how the distortions occur is definitely a need. The
present work focuses in this study, pointing existing techniques that minimize
distortions which generate dimensional problems in ships’ panels, with a special focus
on welding sequences. A case study at a shipyard in the region was carried out with
monitoring of welding and measurements of welding parameters used in a flat panel’s
assembly, for further analysis of the quality and the sequence of welding used.
Additionally, similar welds were simulated in a specimen and macrographs were
generated, making the analysis more reliable. Then, a new sequence welding has been
proposed for an improvement in short term productivity.
vi
Sumário
1. Introdução................................................................................................................ 13
2. Uma visão geral sobre a montagem de painéis. ...................................................... 16
2.1. Métodos de construção de painéis planos: ....................................................... 18
2.1.1. Método tradicional:................................................................................... 18
2.1.2. Método da Caixa de Ovos (“egg-box”): ................................................... 21
2.1.3. Método das chapas individuais: ................................................................ 23
3. A Soldagem na Construção Naval .......................................................................... 24
3.1. Processos de soldagem mais comuns em Estaleiros da Região ....................... 26
3.1.1. Eletrodo Revestido (SMAW): .................................................................. 26
3.1.2. Arco Submerso (SAW):............................................................................ 28
3.1.3. Arame Tubular (FCAW): ......................................................................... 29
3.2. As Juntas soldadas: .......................................................................................... 31
3.3. O Aporte de Calor (E) na Soldagem: ............................................................... 32
3.3.1. Efeito da variação da Velocidade de soldagem (v): ................................. 33
3.3.2. Efeito da variação de Corrente (I): ........................................................... 34
3.3.3. Efeito da variação de Tensão (V): ............................................................ 35
3.4. Não Conformidades na Soldagem: .................................................................. 35
3.4.1. Desalinhamento da junta: ......................................................................... 36
3.4.2. Distorção Angular: ................................................................................... 36
3.4.3. Perfis incorretos de solda:......................................................................... 37
3.4.4. Inclusão de escória: .................................................................................. 38
3.4.5. Falta de fusão: ........................................................................................... 39
3.4.6. Falta de Penetração: .................................................................................. 40
3.4.7. Porosidade: ............................................................................................... 41
3.4.8. Mordedura: ............................................................................................... 42
3.4.9. Trincas: ..................................................................................................... 43
3.5. Tensões e Deformações provocadas pela Soldagem: ...................................... 44
3.5.1. Tensões residuais: ..................................................................................... 45
3.5.2. Deformações resultantes das tensões residuais: ....................................... 48
3.6. Técnicas na Soldagem a evitar deformações: .................................................. 49
3.6.1. Sequências de Soldagem utilizadas: ......................................................... 52
4. Estudo de caso – Soldagem na construção de um painel típico naval: ................... 57
vii
4.1. O Bloco estudado: ............................................................................................ 57
4.2. Etapa 1: Soldagem das Chapas de Convés – SAW: ........................................ 59
4.2.1. Deformações medidas após a soldagem das chapas de convés: ............... 74
4.3. Etapa 2: Montagem dos Reforçadores: ............................................................ 76
4.4. Etapa 3: Soldagem em Posição Plana (2F) de elementos estruturais: ............. 77
4.5. Etapa 4: Nivelamento e Travamento do Bloco: ............................................... 93
4.6. Etapa 5: Soldagem Vertical de elementos estruturais: ................................... 100
5. Soldagem Simulada:.............................................................................................. 104
6. Análise do Estudo de Caso: ................................................................................... 115
6.1. Soldagem das chapas de convés (topo - SAW): ............................................ 116
6.2. Soldagem dos Perfis e Gigantes (“T-joint” – FCAW): .................................. 120
6.3. Proposta de Sequência de Soldagem: ............................................................ 123
7. Considerações Finais: ............................................................................................ 127
8. Referências Bibliográficas .................................................................................... 128
viii
Lista de Figuras
ix
Figura 36 - Dispositivos de montagem para restrição [12] ............................................ 50
Figura 37 - Fixação de um bloco para soldagem [13] .................................................... 51
Figura 38 - Exemplo de tabela de solda para inspeção de gargantas de solda (no caso, no
Proa)................................................................................................................................ 52
Figura 39 - Exemplos de distorções em fixação (restrição) inadequada [13] ................ 53
Figura 40 - Tipos de Sequências de Soldagem Utilizadas.............................................. 53
Figura 41 - Soldagem com passes a ré (Back Step Technique)...................................... 54
Figura 42 - Ilustração de Sequência em Cascata ............................................................ 55
Figura 43 - Soldagem "Center-Out" em gigantes transversais [13] ............................... 56
Figura 44 – Visualização da posição do Bloco estudado ............................................... 58
Figura 45 - Informações do bloco estudado ................................................................... 58
Figura 46 - Disposição das chapas de convés e sequência de soldagem utilizada nesta
etapa (SAW) ................................................................................................................... 60
Figura 47 - Chanfro reto e verniz utilizados nesta etapa SAW ...................................... 60
Figura 48 - Comprimento de pontos em juntas de topo (100 mm)................................. 61
Figura 49 - Distancia entre pontos adjacentes (250 mm) ............................................... 61
Figura 50 - Chapas para continuidade SAW ("espera") ................................................. 62
Figura 51 - Parâmetros soldagem 1-2 e Observações..................................................... 62
Figura 52 - Realização do Passe 1 (1-2) ......................................................................... 63
Figura 53 - Furo em região do descarrilamento da maquina. ......................................... 63
Figura 54 - Parâmetros soldagem 2-3 e Observações..................................................... 64
Figura 55 - Soldador reparando poro com SMAW após esmerilhamento ..................... 64
Figura 56 - Furo devido ao descarrilamento ................................................................... 65
Figura 57 - Parâmetros soldagem 3-4 e Observações..................................................... 65
Figura 58 – Poros após 1° passe ..................................................................................... 66
Figura 59 - Parâmetros soldagem 4-5 e Observações..................................................... 66
Figura 60 - Abertura entre chapas aproximadamente 4 mm (até 0,3L) .......................... 67
Figura 61 - Passe de eletrodo (SMAW) na região onde a abertura é de 4 mm (até 0,3L)
........................................................................................................................................ 67
Figura 62 - Parâmetros soldagem 5-6 e Observações..................................................... 68
Figura 63 - Poros ao longo do cordão............................................................................. 68
Figura 64 - Alta densidade de poros no final do cordão ................................................. 69
Figura 65 - Esmerilhamento antés de reparo SMAW..................................................... 69
Figura 66 - Parâmetros soldagem 6-7 e Observações..................................................... 70
Figura 67 - Aplicação de calor antes da soldagem do 1 passe ....................................... 70
Figura 68 - Falta de fusão no início devido ao furo na espera curta ............................... 71
Figura 69 - Parâmetros soldagem 7-8 e Observações..................................................... 71
Figura 70 - Esmerilhamento antes do início da soldagem .............................................. 72
Figura 71 - Alta concentração de poros ao longo do cordão .......................................... 72
Figura 72 - Furo no final da Soldagem do passe único .................................................. 72
Figura 73 - Reparo somente com SMAW na região do furo nas chapas........................ 73
Figura 74 - Aplicação de Primer para evitar oxidação das soldas .................................. 73
Figura 75 - Visualização do painel formado (Chapas 1 a 8 – convés do bloco) ............ 73
Figura 76 - Contração transversal medida ...................................................................... 74
x
Figura 77 - Pontos e Medições de embicamento (z) ...................................................... 75
Figura 78 - Embicamento em 6-7 (A) ............................................................................ 75
Figura 79 - Montagem dos longitudinais de convés ....................................................... 76
Figura 80 - Cunhas para fixação para ponteamento adequado ....................................... 76
Figura 81 - Montagem dos gigantes transversais no painel............................................ 77
Figura 82 - Representação da sequência de soldagem na posição plana (2F) utilizada . 77
Figura 83 - Trecho na extremidade sem soldagem para evitar goivagem e retrabalho na
Edificação ....................................................................................................................... 78
Figura 84 - Soldador B soldando os HPs verticas .......................................................... 79
Figura 85 - Medição de Garganta da solda ascendente 3F (4mm) ................................. 79
Figura 86 - Sequência de soldagem realizada na região 1 .............................................. 80
Figura 87 - Soldador A soldando a região 1 ................................................................... 81
Figura 88 - Sequência de soldagem realizada na região 1 .............................................. 81
Figura 89 - Primer antes de soldar .................................................................................. 82
Figura 90 - Poros mesmo após a “limpeza” ................................................................... 82
Figura 91 - Sequência de Soldagem realizada na região 3 ............................................. 83
Figura 92 - Soldador C soldando a região 3 (falta de limpeza antes da soldagem) ........ 84
Figura 93 - Poros incorretamente reparados ................................................................... 84
Figura 94 - Sequência de Soldagem realizada na região 4 ............................................. 85
Figura 95 – Soldadores D e E soldando simultaneamente as regiões 4 e 5,
respectivamente. ............................................................................................................. 85
Figura 96 - Sequência de Soldagem realizada na região 5 ............................................. 86
Figura 97 – Soldador E fazendo a limpeza da região 5 antes de ser soldada. Não houve
poros. .............................................................................................................................. 87
Figura 98 - Sequência de Soldagem realizada na região 6 ............................................. 87
Figura 99 – Alta garganta encontrada na região 6 (7mm) em região soldada sobre ponto
........................................................................................................................................ 88
Figura 100 - Soldador A soldando a região 6 ................................................................. 88
Figura 101 - Reparos de poros sem o esmerilhamento necessário ................................. 88
Figura 102 – Sequência de Soldagem realizada na região 7 .......................................... 89
Figura 103 – Sequência de Soldagem realizada na região 8 .......................................... 90
Figura 104 - Solda com garganta alta (5mm - tabela 9) ................................................. 90
Figura 105 - Sequência de Soldagem realizada na região 9 ........................................... 91
Figura 106 - Sequência de Soldagem realizada na região 10 ......................................... 91
Figura 107 - Soldador A soldando a região 9 ................................................................. 92
Figura 108 - Sequência de Soldagem realizada na região 11 ......................................... 92
Figura 109 - Pontos de medição de nível e valores das diferenças medidas .................. 94
Figura 110 - Referencia #1 em 1 .................................................................................... 94
Figura 111 - Diferença de 20 mm no ponto 4 (#1"-#1) .................................................. 95
Figura 112 - Diferença de 43 mm no ponto 3 (#1"-#1) .................................................. 96
Figura 113 - Macaco Hidráulico para elevar os pontos em relação a #2 ........................ 97
Figura 114 - Tortolho: ferramenta para "puxar" o bloco, não utilizada nesta etapa ....... 97
Figura 115 - Trabalhador sustentando o nível em #2 (ponto 3) para nivelamento ......... 98
Figura 116 - Elevação do local até o nível d'água atingir #1 .......................................... 98
xi
Figura 117 - Travamento do ponto nivelado .................................................................. 99
Figura 118 - Pontalete de improviso não fixado se elevando com elevação do ponto
adjacente ....................................................................................................................... 100
Figura 119 - Costado BB já montado e Soldas 3G de anteparas transversais sendo
realizadas ...................................................................................................................... 101
Figura 120 - Soldagem 3F dos HPs perto da emenda 3G soldada ............................... 101
Figura 121 – Realização da solda até a extremidade, sem a espera necessária ............ 102
Figura 122 – Eletrodos Revestidos sem cuidado especial ............................................ 103
Figura 123 - Corte com maçarico das Chapas representativas de convés .................... 104
Figuras 124 – Abertura de 2 mm e Pontos de 80 mm no centro e nas extremidades ... 105
Figura 125 – Dados dos dois passes utilizados e descontinuidades observadas ao longo
da soldagem .................................................................................................................. 105
Figura 126 - 1° passe Arco Submerso .......................................................................... 105
Figura 127 - Reparo com esmeril e eletrodo após descontinuidades do 1° passe ........ 106
Figura 128 - 2° passe Arco Submerso .......................................................................... 106
Figura 129 - Representação de pontos e descontinuidades (Arco Submerso) .............. 106
Figura 130 – Esmerilhamento para limpeza da região a ser soldada, antes da montagem
do HP. ........................................................................................................................... 107
Figura 131 - HP e "Gigante” ponteados na chapa ........................................................ 108
Figura 132 - Região com tinta "primer" no interior antes da soldagem (“PULL”
Welding) ....................................................................................................................... 108
Figura 133 - Parametros da Soldagem (Soldador D - interior)..................................... 109
Figura 134 - Ponto Externo "Zerado" com esmeril ...................................................... 109
Figura 135 - Parâmetros da Soldagem (Soldador B - exterior) .................................... 109
Figura 136 - Soldador B soldando o "gigante" ............................................................. 110
Figura 137 - Representações da Região Soldada (interna e externa) do HP e do
"Gigante" ...................................................................................................................... 110
Figura 138 - Região soldada com a presença de tinta. Poros somente ponteados com
FCAW, sem esmeril e respingos devido à instabilidade do arco elétrico em contato com
tinta. (“gigante”) ........................................................................................................... 111
Figura 139 - Furo ocorrido no final da soldagem SAW ............................................... 111
Figura 140 - Corpo de Prova Final – antes do corte ..................................................... 111
Figura 141 - Cortes realizados em cada parte do corpo de prova (maior detalhe no
ANEXO I)..................................................................................................................... 112
Figura 142 - Alguns Parâmetros de Soldagem da EPS preliminar ............................... 116
Figura 143 - Porcentagem de retrabalho em relação ao tempo total trabalhado .......... 118
Figura 144 - Dados dos dois passes e descontinuidades observadas ............................ 119
Figura 145 - parâmetros de soldagem utilizados pelos soldadores D(solda Interna) e
B(solda externa)............................................................................................................ 122
Figura 146 - Sequência para soldagem SAW das chapas de convés ............................ 124
Figura 147 - Sequência de soldagem FCAW HPs (simultânea, simétrica, e nos cordões
do centro para as extremidades) ................................................................................... 125
Figura 148 - Soldagem "Center-Out" em gigantes longitudinais. O mesmo vale para os
transversais [13] ............................................................................................................ 126
xii
1. Introdução
13
Figura 1 - Bloco torcido e Pesos para Correção Dimensional
Figura 2 - Abertura Excessiva para Soldagem na Fase de Edificação (no caso aprox. 20 mm)
14
Muitos casos como esses citados ocorrem nos estaleiros da região. São fatos
comuns que geram medidas corretivas demoradas e afetam diretamente a produtividade.
A motivação para a execução deste projeto veio dessas ocorrências. Os motivos para
tais deformações são relacionados à qualidade da soldagem utilizada na construção dos
blocos e da falta de uma análise dimensional correta em todo o processo.
Após as deformações vistas, uma análise dimensional foi feita no final do ano de
2013 em um navio do tipo PSV (Platform Supply Vessel) em um dique no estaleiro
tomado como base neste projeto. Na ocasião, a região do corpo paralelo foi analisada,
entre as cavernas 36 e 78, considerando que o espaçamento entre cavernas é de 650 mm.
Verificou-se que o trincaniz estava sendo “raspado” e estava variando entre 58 e 70
mm. A diferença de um bordo para o outro chega a 11 mm e de vante para ré a 17 mm,
como dados medidos registram na figura 3 [2].
15
Assim, fica evidenciado que há problemas no processo de construção dos navios
em estaleiros da região, desde a soldagem inicial das primeiras chapas até a análise
dimensional dos blocos. Os blocos muitas vezes chegam torcidos na Edificação. O
atual projeto visa realizar um estudo de caso, com a análise das sequências de soldagens
utilizadas na construção de um bloco de um navio de apoio em um estaleiro da região, e
visa analisar a qualidade desse processo de construção. Além disso, ao final, propostas
de melhoria na sequência de soldagem serão sugeridas, visando uma melhor qualidade e
melhor produtividade nos estaleiros da região, que atendem principalmente à construção
de navios de apoio à plataformas.
16
Figura 4 - Edificação de blocos em um dique
17
2.1. Métodos de construção de painéis planos:
3. As juntas de topo das chapas são soldadas. Essa solda pode ser unilateral ou
bilateral. No primeiro caso, se utiliza uma cobre-junta (ou backing) de cerâmica,
que é uma peça acoplada na região a ser soldada com a função de evitar que o
metal de adição quando fundido com o aço “goteje” pela parte inferior do
chanfro. No caso de solda bilateral, o chapeamento terá de ser virado
posteriormente para realizar a solda no outro lado do chanfro.
18
Figura 5 – Esquema de União de Chapas e Ponteio dos Reforçadores Longitudinais [4]
19
5. Os reforçadores longitudinais são soldados (solda filete) nas chapas.
Dependendo do estaleiro essa soldagem pode ser manual, automatizada ou até
robotizada.
20
2.1.2. Método da Caixa de Ovos (“egg-box”):
21
A “grelha”, que inspirou o nome de caixa de ovo, portanto está formada
(reforçadores secundários longitudinais + gigantes transversais). A seguir, a “grelha” é
soldada no painel de chapas de fundo ou convés, previamente montadas e soldadas
unilateralmente ou bilateralmente, assim como já descrito no método tradicional.
Posteriormente, os gigantes longitudinais podem ser montados, ponteados e soldados
[5]. Há outras variantes do sistema egg-box, que podem ser visualizadas na figura 9.
22
2.1.3. Método das chapas individuais:
O nome se justifica pelo fato das chapas serem reforçadas pelos reforçadores
secundários antes mesmo da união de chapas ser feita. Após essa etapa, sempre os anéis
enrijecedores são empurrados ao longo do perfilado, sendo assim dispensável o uso de
colares (figura 10).
23
3. A Soldagem na Construção Naval
Para um menor custo de operação (OPEX), deve-se assegurar que a solda atenda
aos requisitos de integridade e também às características requeridas à operação, para
24
que a região soldada não apresente falhas na operação. Para garantir ao máximo que a
estrutura soldada tenha as propriedades requeridas, o estaleiro deve qualificar, junto
com a Sociedade Classificadora em questão, procedimentos de soldagem específicos
que contenham os parâmetros que devem ser utilizados para cada soldagem realizada.
Esses procedimentos devem ser seguidos e não esquecidos. Para garantir a integridade,
são feitos ensaios não destrutivos (NDTs), como a inspeção visual, o LP (líquido
Penetrante), a PM (Partícula Magnética), o Ultrassom (US) e os Raios-X (RX). Os
NDTs constatam se há defeitos na solda, superficialmente apenas ou no interior
também, dependendo do ensaio utilizado.
25
3.1. Processos de soldagem mais comuns em Estaleiros da Região
Este trabalho foi feito pelo aluno nos estaleiros do Rio de Janeiro destinados à
construção de navios de apoio às plataformas, como o AHTS (Anchor Handling Towing
Supply) e o PSV, entre outros. A finalidade foi determinar os processos de soldagem
mais utilizados e essenciais na construção de navios para estudá-los. Os processos mais
comuns são: Arco Submerso (SAW), Arame Tubular (FCAW) e o Eletrodo Revestido
(SMAW). Neste projeto, o foco será nestes processos, já que o objetivo é uma analise
crítica posterior das práticas na construção de um bloco do navio (estudo de caso).
26
ou contínua (CC). A contínua tem a polaridade positiva ou negativa dependendo de qual
parte é conectada na fonte. A mais usada é a reversa (ânodo positivo), usada na maioria
das aplicações. Na construção naval, é comum se optar por CC+.
27
Entretanto, o nível de habilidade requerido é alto para uma boa qualidade de
solda. Além disso, a taxa de deposição é baixa se comparado a outros processos, sem
contar com o baixo rendimento causado pela troca de eletrodos.
28
soldagens são altas. O processo SAW é capaz de fazer soldas com correntes acima de
2000 ampères, podendo atingir 3000 ampères. Isto proporciona uma penetração bastante
profunda associada a uma grande eficiência de deposição. Devido a seu alto rendimento
térmico, os chanfros da junta são pequenos, permitindo economia de material
consumível. Há a possibilidade de aumentar ainda a velocidade de deposição do
processo (maior corrente) utilizando dois ou três eletrodos simultaneamente.
Este processo é somente utilizado para união de chapas na posição plana (2G)
nos estaleiros da região, em juntas de topo.
O processo com arame tubular (figura 13) é um processo a arco elétrico que está
em seu grande momento e em continuo desenvolvimento. O FCAW é semiautomático e
usa a proteção que vem do fluxo interno do arame, podendo ou não ter proteção gasosa
adicional. O eletrodo tubular é composto de um núcleo com fluxo que contém vários
ingredientes que protegem a poça de fusão contra a atmosfera, contra a oxidação, a
desestabilização do arco, e permite a formação de escória e elementos de liga
importantes para as propriedades da região soldada. Há grande formação de escória, que
protege a solidificação do material.
29
Há duas possibilidades para o processo de soldagem de arame tubular. A
primeira consiste no uso de um eletrodo com proteção gasosa, onde o fluxo interno tem
a função de desoxidante e introdutor de elementos de liga importantes. A proteção do
arco, uma atmosfera mais ionizável e a proteção do metal fundido são funções do gás
introduzido, que costuma ser o CO2 (dióxido de carbono). Este gás pode ser também
uma mistura de argônio com CO2. Esta opção garante profunda penetração de solda.
31
Como regra, é necessário que o aporte de calor e o aquecimento sejam
minimizados sem prejuízo da qualidade da junta soldada. Quando o chanfro é de grande
proporção, a possibilidade de solda sem defeitos é menor, devido à abertura maior da
raiz. Porém, o excesso de metal depositado pode aumentar o nível de tensões residuais,
distorções e pode até mesmo favorecer a formação de trincas e fissuras.
Em sobre pesquisa por EPS dos estaleiros da região para se estudar a geometria
comum das juntas, se contatou que chanfros “V” simétricos e assimétricos são
utilizados, sendo o primeiro mais comum, chanfros “X” são os utilizados para juntas de
topo. Para juntas em “T” de penetração total, somente se utiliza o perfil “K”. Também
são utilizados ângulos de chanfro de 45° ou 60°. Outra informação importante é que
quando há raiz, a abertura normalmente varia de 3 (mais comum) a 6 mm, podendo-se
utilizar até 9 mm em alguns casos. O uso de Backing cerâmico é comum.
32
elétricos e de movimentação envolvidos e seus efeitos caso há variações dos mesmos na
soldagem.
V I
E f
v
Donde: V é a Tensão, em Volts.
I é a Corrente, em Ampères.
v é a Velocidade de soldagem, em mm/seg.
f é a eficiência do processo de soldagem (SAW=1.0/FCAW=SMAW=0,8) [9]
33
Figura 15 - Efeito da Velocidade de Soldagem na Junta Soldada
34
3.3.3. Efeito da variação de Tensão (V):
35
A seguir, serão expostas algumas não conformidades, que podem ser separadas
em dois grupos: não conformidades dimensionais (desalinhamento da junta, perfis
incorretos de solda e distorção angular) e não conformidades estruturais (inclusão de
escória, falta de fusão, falta de penetração, porosidade, mordedura e trincas).
36
Figura 19 - Distorção em junta "T" soldada em ambos lados
37
Porém as pernas podem ser assimétricas, como visto na figura 22 a seguir. É
importante que não sejam excessivas ou reduzidas. O motivo principal para esta não
conformidade é o manuseio incorreto do eletrodo por parte do soldador, como uma
angulação inadequada do eletrodo.
Este termo é usado para descrever partículas de óxido e outros sólidos não
metálicos aprisionados entre passes de solda ou entre a solda e o metal base (figura 24),
se configurando em uma falha física interna. A escória tem a característica de ser
refratária (tem alta temperatura de fusão) e de ter baixa densidade. Ao soldar um passe
seguinte sobre uma região que tinha uma escória não retirada, o aporte de calor imposto
pode não ser capaz de fundi-la e esta pode ficar aprisionada no metal. Também se a
soldagem promover uma solidificação rápida, a escória formada pode não sobrenadar e
38
ficar aprisionada. Ela pode também flutuar sobre o arco e ser encoberta pelo metal
fundido.
Vale ressaltar que a inclusão de escória será notada apenas em ensaios não
destrutivos volumétricos, como radiografia e ultrassom. Logo se deve ter atenção na
preparação da junta e em todos os parâmetros corretos a se utilizar.
A falta de fusão (figura 25) pode ocorrer na linha de fusão, como é mais comum,
ou entre passes adjacentes. O defeito pode ser causado pela: insuficiente fusão do metal
base (ou do cordão previamente depositado); ou inadequada manipulação do
consumível; ou pelo uso de energia muito baixo; falta de limpeza da junta; ou pela
soldagem em chanfros muito fechados, onde o arco elétrico não possa penetrar
39
totalmente. É fundamental que o arco seja direcionado corretamente para a fusão devida
da parede do chanfro.
Este termo se refere à falha em se fundir o metal de adição com o metal base e
assim não encher completamente a raiz (penetração incompleta, figura 26). Diversos
fatores podem causá-la. Alguns fatores são: manipulação incorreta do eletrodo quando
se está mais afastado; ou quando o eletrodo tem a dimensão maior causando dificuldade
de endereçamento do arco elétrico; ou um projeto inadequado da junta soldada, com
ângulo de chanfro pequeno ou abertura de raiz pequena; ou uso de baixa energia de
soldagem.
40
Geralmente esta não conformidade, que se caracteriza como uma falha física,
ocorre na raiz de chanfros “V” ou no meio da área soldada quando há solda por ambos
os lados. Este último caso é de mais difícil detecção, somente em Ultrassom ou
Radiografia depois de já realizada a solda.
Assim como a falta de fusão, a falta de penetração causa uma redução de seção
útil de solda além de ser um concentrador de tensões.
3.4.7. Porosidade:
41
Em síntese, as causas podem ser apresentadas como sendo: por hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio excessivos ou umidade na atmosfera de soldagem, o que se pode
solucionar regulando o gás protetor e manter o eletrodo seco e em boas condições (na
estufa); ou pela solda se resfriar rapidamente, sendo o retardamento do resfriamento
uma solução ou mesmo o pré-aquecimento; ou por junta soldada em condições de má
limpeza (tinta, graxa, água, etc.); ou por insuficiente gás de proteção; ou por altas
intensidades de corrente ou altos comprimentos de arcos que provoquem consumo
indevido de desoxidantes do revestimento dos eletrodos. No momento em que há a troca
de eletrodo, interrompendo e reacendendo o arco, pode surgir porosidade.
3.4.8. Mordedura:
A mordedura nada mais é que o entalhe que aparece nas bordas de um cordão de
solda. As causas podem ser as seguintes: fusão da borda superior devido a excessivas
intensidades de corrente (especialmente a superfície) ou a velocidade excessiva de
soldagem; manipulação indevida do eletrodo, especialmente quando sua angulação está
incorreta (por exemplo, quando faz ângulo pequeno demais com a superfície vertical
nas soldas de angula – figura 28 a seguir). Vale também ressaltar que assim como a
porosidade, é uma falha física e comum nos estaleiros.
42
3.4.9. Trincas:
43
A trinca induzida por hidrogênio (figura 31) usualmente ocorre normalmente na
ZTA perto da linha de fusão. Uma combinação de fatores é responsável por sua
aparição. Os fatores, que devem ocorrer conjuntamente, são os seguintes: alta taxa de
resfriamento (em geral associada a um baixo aporte de calor), altas tensões localizadas
(residuais), alto teor de hidrogênio e em estruturas martensíticas (com alto teor de
carbono equivalente (Ceq)). Soluções para evitar são: pré-aquecimento, utilização de
consumíveis de baixíssimo teor de hidrogênio (secos), e aumento de aporte de calor.
44
3.5.1. Tensões residuais:
L L1 L0 L0T
Onde:
L = Variação do comprimento inicial L0
L1 = Comprimento final
= Coeficiente de dilatação linear
45
Figura 32 - Desenvolvimento de tensões longitudinais na junta de topo na soldagem [11]
A seção A-A’ (figura 32) se encontra distante da poça de fusão e ainda não se
está ainda aquecida pela fonte de calor, não existindo variações de temperatura nem
tensões.
47
3.5.2. Deformações resultantes das tensões residuais:
48
As deformações resultam em retrabalho acentuado e atrasos na obra, garantindo
maior custo de mão-de-obra e gastos com aparatos para desfazê-las. A combinação de
aberturas grandes de juntas e solda manual lidera para o chamado over-welding, e
exacerbam as distorções. Em casos extremos, o uso de maçarico não garante a correção
da deformação. Adicionalmente, se necessitam cortes e operações de reparo de solda
(goivagem, etc.) para correção do problema. Ou seja, se tornam necessárias técnicas que
previnam tais deformações de ocorrerem (figura 35).
TÉCNICAS
49
Maximizar as restrições durante cada operação de soldagem.
Aprimorar design e preparações das juntas soldadas:
Minimizar o aporte de calor aplicado (excluir o overwelding).
Aprimorar as sequências de soldagem.
50
Figura 37 - Fixação de um bloco para soldagem [13]
51
Figura 38 - Exemplo de tabela de solda para inspeção de gargantas de solda (no caso, no Proa)
52
contração; sempre que possível, soldar simetricamente em relação ao eixo neutro da
peça para contrabalancear as tensões (exemplo: em chapas de maior espessura, usar
chanfro X em vez de V).
A figura 40 a seguir contém esses exemplos e comentários sobre cada uma serão
expostos após:
53
Sequência Corrida:
54
Sequência com passes orientados:
Neste tipo de sequência, vários trechos do cordão são espaçados um dos outros
segundo orientação previamente estabelecida. A eficiência operacional é baixa e há
também a maior possibilidade de defeitos na abertura e encerramento do arco, porém a
distribuição de tensões e as distorções são mais uniformes que as demais se bem
estudado o caso. Dificilmente é utilizada em estaleiros.
Progressão em Cascata:
55
Figura 43 - Soldagem "Center-Out" em gigantes transversais [13]
56
4. Estudo de caso – Soldagem na construção de um painel
típico naval:
57
Figura 44 – Visualização da posição do Bloco estudado
Para melhor descrição das medições feitas, o processo de construção foi dividido
em cinco etapas, seguindo a ordem cronológica de execução utilizada pelo estaleiro em
questão:
58
Etapa 1: Soldagem das Chapas de Convés – SAW:
Etapa 2: Montagem dos Reforçadores:
Etapa 3: Soldagem em Posição Plana (2F) de elementos estruturais
Etapa 4: Nivelamento e Travamento do Bloco:
Etapa 5: Soldagem Vertical de elementos estruturais:
Nos estaleiros de pequeno porte da região, inclusive no tido como base para este
projeto, os aços são normalmente provenientes da USIMINAS, e já chegam com “shop-
primer” para proteção contra oxidação. Apenas algumas peças de aço (tubulações,
calhas, etc.) são fabricadas nos estaleiros dessa região.
59
Figura 46 - Disposição das chapas de convés e sequência de soldagem utilizada nesta etapa (SAW)
60
máquina de solda SAW pediu para os ajudantes pontearem uma distância maior para
melhor fixação. A distância entre pontos adjacentes foi de aproximadamente 250 mm.
Esses valores são importantes para saber o nível de fixação entre chapas, para evitar
distorções transversais principalmente, e consequentemente maiores aberturas de
chanfro. Ao longo do comprimento de 5675 mm das chapas, foram realizados de 18 a
20 pontos.
Uma característica importante para a qualidade das soldagens das chapas é o uso
de chapas chamadas de “esperas” ponteadas em ambas as extremidades do cordão, que
possuem a função de ser região não estrutural e temporária para a abertura e o
fechamento do arco. Segue a figura 50 ilustrando o que se é usual utilizar em soldas de
arco submerso em estaleiros do Rio de Janeiro e do mundo. Como visto no tópico
relativo aos defeitos em soldagem, regiões da abertura e o fechamento do arco elétrico
têm maior susceptibilidade a apresentar descontinuidades. Assim sendo, a solda fica
contínua no cordão soldado, sem interrupções.
61
Figura 50 - Chapas para continuidade SAW ("espera")
62
Figura 52 - Realização do Passe 1 (1-2)
63
Figura 54 - Parâmetros soldagem 2-3 e Observações
64
Figura 56 - Furo devido ao descarrilamento
65
Figura 58 – Poros após 1° passe
66
O operador visualizou, que em determinada região (até 0,3L),a abertura entre as
chapas estava com abertura maior (figura 60) e pediu para o soldador soldar com
eletrodo revestido essa região (figura 61). Não há procedimento oficial de especificação
no estaleiro.
67
Figura 62 - Parâmetros soldagem 5-6 e Observações
68
Figura 64 - Alta densidade de poros no final do cordão
Como visto na figura 65, o esmerilhamento dos poros não fot realizado em toda
sua extensão. Isso foi observado muitas vezes ao longo desta etapa. Logo, há indícios
que certa porosidade continuou no metal de solda em seu interior, após o reparo. Nota-
se na mesma figura a chapa de espera curta, também fato comum.
69
Figura 66 - Parâmetros soldagem 6-7 e Observações
70
Figura 68 - Falta de fusão no início devido ao furo na espera curta
71
Figura 70 - Esmerilhamento antes do início da soldagem
72
Figura 73 - Reparo somente com SMAW na região do furo nas chapas
73
4.2.1. Deformações medidas após a soldagem das chapas de convés:
Após o final de cada passe final, notou-se o embicamento, mesmo que pequeno,
das chapas adjacentes ao cordão no sentido negativo de Z, na região do próprio cordão
como exemplifica a figura 37 (tópico 3.5.2). Porém, ao esfriarem, houve a contração e
essas deformações verticais em alguns cordões diminuíram (notada a olho nú). Essas
deformações finais nas regiões dos cordões foram medidas com uma linha de barbante e
trena.
74
Figura 77 - Pontos e Medições de embicamento (z)
75
4.3. Etapa 2: Montagem dos Reforçadores:
76
montagem e o ponteio de todos os elementos (gigantes, anteparas, etc., figura 78) que a
soldagem inicial foi realizada, destoando das etapas do método tradicional (tópico
2.1.1).
77
Representa uma vista superior do bloco com seus 25 HPs (“Holland Profiles”)
longitudinais (em pontilhado), seus gigantes (em vermelho) e suas anteparas (em azul).
A numeração das regiões (1 a 11) foi dada em função da sequência de soldagem de
painéis realizada pelo Estaleiro de estudo. Nota-se que não há uma sequência lógica a
ser seguida, apesar de terem iniciado a soldagem pelo centro.
Vale ressaltar também que se deixou uma "espera" sem solda de 300 mm (das
extremidades do perímetro do bloco) em cada elemento para que ajustes possam ser
realizados na etapa futura de edificação e união com outros blocos sem necessitar
goivagem, preparação, ou seja, mais retrabalho. Isso é uma boa prática quase que
obrigatória que qualquer estaleiro deve usar sempre para evitar retrabalho desnecessário
(figura 83).
Figura 83 - Trecho na extremidade sem soldagem para evitar goivagem e retrabalho na Edificação
Vale ressaltar que a sequência de solda dos elementos em cada região (1 a 11)
foi diferente, aleatória de certa forma e será mais detalhada adiante.
78
Antes mesmo do inicio soldagem de 1 e 2, os HP’s (reforçadores longitudinais)
verticais das anteparas começaram a serem soldados pelo soldador B (figura 84). Vale
ressaltar que os HPS perto das emendas verticais das anteparas transversais não serão
soldados nesta fase. Isto porque as emendas verticais (3G) das anteparas transversais
somente serão soldadas após a ETAPA 4, de Nivelamento e Travamento, já que são
soldas verticais que chegam até a chapa. As características estão na tabela 2 abaixo:
79
Uma não conformidade normalmente encontrada em estaleiros da região é a
solda descendente em 3F e 3G, sem uma EPS que valide a soldagem, já que a
produtividade é maior e soldadores a preferem. Porém há maiores chances de defeitos e
gargantas baixas por se necessitar um maior controle de velocidade e pela ação da
gravidade. Logo, estaleiros costumam apenas aprovar EPS de soldagens ascendentes. A
soldagem ocorreu na ascendente como se é pedido na EPS, e a garganta medida foi
satisfatória (3 a 4 mm, figura 85).
80
Figura 87 - Soldador A soldando a região 1
Na região em laranja marcada acima, em 2, foi notado que havia tinta primer
para aplicação após a solda na chapa, aonde iria se soldar (figura 89). Mesmo o soldador
pedindo para um esmerilhador limpar a região com escova rotativa, houve a presença de
muitos poros (figura 90). Vale ressaltar que os poros em questão não foram
esmerilhados a fundo, ou seja, somente pontos de solda com arame foram dados em
cima destes para "repará-los".
81
Figura 89 - Primer antes de soldar
82
Tabela 4 - Características Soldagem - região 3
83
Figura 92 - Soldador C soldando a região 3 (falta de limpeza antes da soldagem)
No dia 07/07, a região 4 (tabela 5 e figura 94), a região 5 (tabela 6 e figuras 96,
97) e a região 6 (tabela 7 e figuras 98, 99, 100 e 101) foram soldadas. Lembrando que
toda a etapa de soldagem vertical entre elementos do painel somente foi realizada após o
nivelamento e travamento do bloco.
84
Tabela 5 - Características Soldagem - região 4
85
Tabela 6 - Características Soldagem - região 5
86
Figura 97 – Soldador E fazendo a limpeza da região 5 antes de ser soldada. Não houve poros.
87
Figura 99 – Alta garganta encontrada na região 6 (7mm) em região soldada sobre ponto
Notou-se que o reparo de poros continuava não sendo feito com esmeril para
chegar ao final da descontinuidade e soldar após, garantindo que não haja vazios ali
(figura 101). Também os pontos estavam altos (3 mm) como registrado na região
anterior, mas neste caso não houve o esmerilhamento para "zerá-los”.
88
No dia 08, simultaneamente os dois soldadores D e A estavam soldando
respectivamente as regiões 7 (tabela 8; figura 102) e 8 (tabela 9; figura 103), desde o
inicio do expediente até o final. Abaixo seguem as sequências e características dessas
soldagens. O soldador D, como se pode ver na figura 102 a seguir, soldou
primeiramente a antepara do costado duplo com a chapa, em seguida os gigantes com a
chapa e finalmente os HPs com a chapa. Logo, soldador utilizou sequência distinta à
região 4 que o mesmo soldou anteriormente, fato que evidencia a aleatoriedade e falta
de supervisão do estaleiro nesta fase de construção do bloco. O mesmo será notado para
o soldador A, mais adiante.
89
Figura 103 – Sequência de Soldagem realizada na região 8
90
Tabela 10 - Características soldagem regiões 9 e 10
91
Figura 107 - Soldador A soldando a região 9
92
Após a soldagem da região 11, a soldagem plana (2F) com Arame Tubular
(FCAW) foi finalizada, apenas no dia 15, sendo as regiões 9, 10 e 11 soldadas
simultaneamente ou após o nivelamento do bloco, o que certamente não é adequado
devido às distorções que podem ocorrer e assim invalidar o nivelamento, próxima etapa
descrita. Também fica claro a falta de uma sequência de soldagem bem pensada para
evitar os problemas dimensionais que vêm ocorrendo no estaleiro em questão.
Até o início da etapa 4 (dia 09 de julho, tabela 12), toda a soldagem em posição
plana 1G (Arco Submerso – etapa 1) já foi concluída, e quase todas as soldas na posição
2F (Arame Tubular) já foram também. Vale lembrar que a região 11 (Etapa 3) não foi
soldada até este dia 09 (somente soldada no dia 15/07). As soldas verticais (3F e 3G –
Etapa 5) de união de elementos estruturais somente serão realizadas após o Nivelamento
e Travamento para caso seja necessário correção dimensional, o bloco não apresente
maior rigidez e restrição.
93
em "alquebramento" ou "tosamento", o que pode acarretar em mudanças dimensionais
na largura ou comprimento do bloco, por exemplo. Ao todo foram 18 pontos, em
vermelho, mostrados na figura 109 a seguir.
#1
94
O próximo passo foi utilizar uma mangueira de nível longa com água no interior.
Um trabalhador a segurou em uma extremidade com a água atingindo o nível de #1 e
outro trabalhador foi marcando com giz o mesmo nível, que é garantindo na altura
máxima que a água atinge na outra extremidade, nos demais pontos sequência dos como
mostra a figura 109 anteriormente (“2” a “18”). A altura d'água será sempre a mesma
nas duas extremidades. Assim, essa referencia #1 (300 mm de altura em “1”) é
transferida a todos esses pontos para o nivelamento.
O terceiro passo foi marcar com giz o ponto (#1") que possui altura de 300 mm
da chapa base, utilizando uma trena como ferramenta, nos pontos “2” a “18”. Agora sim
se pôde obter a diferença dimensional (#1" - #1) nos 18 locais de nivelamento com uma
trena (figuras 111 e 112). Essa diferença nos diz quanto que o local (“2’ a “18”) em
questão está desnivelado, em milímetros, em relação ao ponto “1”. Sabe-se assim
quanto se é necessário elevar ou "puxar" o local em questão para que fique nivelado à
referencia #1. Por exemplo, visualizando a figura 109, nota-se que o local “5” apresenta
diferença de + 24 mm (#1" - #1). Logo, o ponto “5” está elevado 24 mm em relação a
“1”, na realidade.
95
Figura 112 - Diferença de 43 mm no ponto 3 (#1"-#1)
O quarto passo foi anotar essas diferenças nos locais para ser visível e garantir a
memorização ao longo do nivelamento. A maior diferença encontrada foi no local “3”,
de 43 mm, sendo que no ponto seguinte a diferença para #1 já é significativamente
menor, de 22 mm. Essas diferenças consideradas mostram a importância desta etapa.
Uma diferença e erro de 20 mm na edificação posteriormente podem virar mais se for
projetada para o final do elemento (por exemplo, por simples semelhança de triangulo
retângulo). Por exemplo, 20 mm a mais em uma abertura de raiz impossibilitaria uma
solda eficiente, visto que dificilmente há procedimentos de soldagem para tal abertura.
A solução que resta é "insert plates" para correção, como ocorre comumente em
estaleiros da região.
Enfim, o quinto passo foi escolher uma nova referência. O encarregado preferiu
ter essa nova referencia #2 como sendo o ponto “3”, local onde o bloco é mais elevado,
mais 43 mm elevado que a referência #1. Este é o motivo por ser escolhido como nova
referencia. O encarregado acreditou ser mais prático ter que elevar os demais pontos
(+20mm o ponto “4”, +24mm o ponto ‘5”, e assim por diante, nesta ordem), somente
utilizando um macaco hidráulico (figura 113), para que os demais se nivelassem à #2,
não sendo assim necessário um tortolho (figura 114), ferramenta muito utilizada em
muitos estaleiro da região para “puxar” o bloco. Não foram utilizadas técnicas de caloria
para o nivelamento. Somente técnicas mecânicas. Isso é prejudicial, pois gera tensões
residuais ao longo do bloco todo.
96
Figura 113 - Macaco Hidráulico para elevar os pontos em relação a #2
Figura 114 - Tortolho: ferramenta para "puxar" o bloco, não utilizada nesta etapa
O sexto e último passo realizado, portanto, foi o Travamento de cada região (“1”
a “18”). A fase mais demorada desta etapa, consistindo da elevação dos demais pontos,
97
começando pelo “4”, “5”, “6” e assim por diante, e travamento dos mesmos. Um
ajudante ficou segurando a extremidade da mangueira com nível d'água na altura em #2
(figura 115).
98
Assim que o nível d’água atinge, o local é travado na base (figura 117),
utilizando solda de eletrodo revestido de um reforço fixo pelo outro lado da chapa base.
99
Figura 118 - Pontalete de improviso não fixado se elevando com elevação do ponto adjacente
A nova solução foi a seguinte. Subir o local “6” para que o “5” se eleve o quanto
se gostaria. Por sorte, o “4” não se elevou, já que a tensão de levante aplicada pelo
macaco estava mais distante, no local “6”. Então colocaram mais uma barra de pontalete
para travamento do bloco em “5”. Aí, se pôde soldar a base do pontalete no piso, onde
havia fundação de aço para tal, para que o nível de “5” não pudesse sofrer alterações. E
assim por diante, com uma série de improvisos, sem qualquer sequência lógica, foram
feitos para o nivelamento e travamento de todos os pontos, de “6” a “18”.
100
emenda poderiam já ser soldados à antepara, simultaneamente com as conexões entre
elementos (figura 120).
101
Foi acompanhada a soldagem vertical (3F) feita pelos Soldadores D e E (tabela
13), com os seguintes parâmetros mostrados abaixo. Atenção foi dada se as soldas
seriam ascendentes já que as EPS somente dão liberdade para isso. Isso é uma não
conformidade que comumente se verifica em estaleiros da região. Vale ressaltar que
neste bloco, corretamente as soldas 3F e 3G foram feitas ascendentemente. Porém,
houve alguns HPs que soldaram até a extremidade da antepara, sem a “espera” para
eventual correção dimensional na edificação para união com outro bloco. Caso
necessário correção, parte terá que ser goivada, sendo assim desnecessária sua soldagem
até a extremidade neste instante (figura 121).
102
com a sujeira e com a umidade nos eletrodos utilizados é verificada, afetando
diretamente o revestimento, o que certamente proporcionam defeitos nas soldas
realizadas.
103
5. Soldagem Simulada:
A seguir, foi pedido que escovassem e limpassem a região a ser soldada, sem
que alterasse o chanfro reto para posterior união por arco submerso. Depois, as chapas
foram ponteadas três vezes com 80 mm cada ponto, mantendo a abertura de 2 mm assim
como o realizado no Bloco estudado (figura 124).
104
Figuras 124 – Abertura de 2 mm e Pontos de 80 mm no centro e nas extremidades
Após o ponteio, as chapas foram soldadas com Arco Submerso (SAW). Foram
feitos dois passes de solda. Os parametros utilizados foram semelhantes aos utilizados
ao longo da construção do Bloco (Etapa 1, tópico 4.2). A seguir seguem esses
parâmetros utilizados e observações visualizadas ao longo do processo (figuras 125,
126, 127, 128 e 129):
Figura 125 – Dados dos dois passes utilizados e descontinuidades observadas ao longo da soldagem
105
Figura 127 - Reparo com esmeril e eletrodo após descontinuidades do 1° passe
Direção da Soldagem
106
Após essa soldagem com arco submerso, a idéia foi aproveitar o mesmo corpo
de prova e soldar com Arame Tubular (2F) um HP de 9 mm espessura e uma chapa de
10 mm de espessura que represente os gigantes, do bloco. Assim sendo, foram obtidos
um perfil bulbo “HP” e uma chapa (“gigante”) com essas espessuras. Esses elementos
foram ponteados no corpo de prova anterior como mostrados na figura abaixo, sendo o
“gigante” sem o bulbo.
Figura 130 – Esmerilhamento para limpeza da região a ser soldada, antes da montagem do HP.
107
Gigante HP
Figura 132 - Região com tinta "primer" no interior antes da soldagem (“PULL” Welding)
108
Figura 133 - Parametros da Soldagem (Soldador D - interior)
109
Figura 136 - Soldador B soldando o "gigante"
110
Figura 138 - Região soldada com a presença de tinta. Poros somente ponteados com FCAW, sem esmeril e
respingos devido à instabilidade do arco elétrico em contato com tinta. (“gigante”)
A seguir, segue imagem do Corpo de prova Final (figura 140), antes de levado
para laboratório para corte e melhor estudo dos cordões de solda.
A seguir segue uma tabela resumindo o que foi simulado no corpo de prova
realizado (tabela 14):
111
Tabela 14 – Resumo das Simulações Realizadas no Corpo de Prova
O corpo de prova foi dividido em três partes (Convés (C), HP-Convés (HP) e
Gigante-Convés (G)), e foram realizados os cortes seccionais para análises
macrográficas das simulações descritas (figura 141)..
Figura 141 - Cortes realizados em cada parte do corpo de prova (maior detalhe no ANEXO I)
112
Seguem adiante tabelas com descrições e comentários das análises
macrográficas realizadas, sendo as macrografias disponíveis com maior detalhamento
no Anexo I (tabelas 15, 16 e 17).
113
Tabela 17 - Descrição e comentários das macrografias realizadas (FCAW - Gigante)
114
6. Análise do Estudo de Caso:
A seguir, serão apresentadas análises das etapas realizadas pelo estaleiro, tendo
como base também o corpo de prova e macrografias já descritos no tópico anterior:
115
6.1. Soldagem das chapas de convés (topo - SAW):
Nas soldagens das duas primeiras juntas de topo (chapas 1-2 e chapas 2-3),
houve uma falha humana grave que ocasionou em perda de tempo e em significativo
retrabalho. Em ambas as soldagens, o carro da máquina de solda se desvencilhou do
trilho que estava empenado e repartido em 2 partes, que se soltaram (figura 56). A
máquina continuou alimentando arame, só que estagnada. Isso proporcionou dois furos
de 15 mm de diâmetro aproximadamente, que juntos, acarretaram em uma hora de
retrabalho. A falta de atenção dos trabalhadores aos preparativos de soldagem se
evidenciou, provocando grande retrabalho.
116
mostraram curtas, o que por exemplo possibilitou a interrupção da soldagem SAW na
extremidade da chapa de convés (solda das chapas 6-7, figura 68) e consequentemente
furou a chapa de espera e a chapa de convés., o que gerou falta de fusão e mais
retrabalho. As chapas “esperas” deveriam ser de maiores dimensões.
Uma das críticas mais importantes é em relação à limpeza entre os chanfros retos
das chapas de convés antes do ponteio. Essa preparação do chanfro não ocorreu como se
pede na EPS preliminar (limpeza com escovamento e esmerilhamento). Essa certamente
foi a maior razão da ocorrência de tantos poros nas juntas soldadas. O operador de
soldagem percebeu que a limpeza não havia sido feita, porém como já estava tudo
ponteado, continuou a soldar (o que é inadmissível). Ou seja, foi constatada uma
despreocupação com a limpeza inicial para soldagem.
As juntas 6-7 e 7-8 permaneceram por dois dias somente ponteadas e sem
proteção pelas fortes chuvas (do dia 18 a dia 20 de julho – observações da figura 66).
117
No dia 20, as juntas não foram esmerilhadas internamente, somente superficialmente.
Certamente, sujeira e umidade (mesmo com aplicação de calor por maçarico)
acumularam na junta, acarretando em muitos poros após o 1° passe. A preparação da
junta e o ponteio deveriam ter sido feitas no mesmo dia da soldagem da mesma, para
evitar tais acúmulos de umidade e sujeira, causas de descontinuidades na solda.
Este dado acima expõe que as técnicas utilizadas pelo estaleiro do estudo de caso
devem ser revistas. Um percentual de retrabalho de 65% é inadmissível nos dias atuais,
afetando muita a produtividade, qualidade e consequentemente a competitividade do
estaleiro.
118
especialmente na medição de embicamentos. Em um ponto da junta soldada entre
chapas 5 e 6, o embicamento atingiu 12 mm, enquanto que os demais pontos dos
restantes das juntas variaram entre 0 e 5 mm. Nas macrografias realizadas, se pode notar
também essa tendência de embicamentos na região soldada através de SAW.
119
soldadas pelo mesmo processo. Não é exagero afirmar que provavelmente muitos
painéis de blocos do navio tenham esta mesma não conformidade na junta de topo
soldada, o que certamente pode acarretar em falhas estruturais como trincas no futuro,
na operação. Se analisarmos somente o corpo de prova, a diminuição da tensão e a
diminuição da velocidade de soldagem poderiam evitar esse problema em uma próxima
soldagem. Um aumento na amperagem seria complicado já que seu valor já se encontra
relativamente alto.
120
Verificou-se que não houve a limpeza adequada nas regiões a serem soldadas, e
consequentemente foram visualizados muitos poros como visto em diversas figuras do
tópico 4.4. A importância da preparação da região a ser soldada se revela nas soldas
realizadas pelo Soldador E (figura 96). Devido à boa limpeza, não foram visualizados
poros nas superfícies dos corões de solda deste soldador, o que infelizmente não ocorreu
nos casos dos demais soldadores. Vale ressaltar que nenhum dos poros encontrados nas
soldas foi sequer esmerilhado para sua retirada. Apenas um ponto de solda de Arame
Tubular era dado para “esconder” a descontinuidade, que foi bem visualizada nas
macrografias do corpo de prova. Não é o procedimento de reparo de poro correto. O uso
de esmeril é primordial para excluir esta não conformidade.
Segundo as Tabelas de Soldas, tabelas de projeto que contém valores ideais para
gargantas de soldas em “T-joints”, o valor ideal é de 3 a 4 mm no painel em construção
do estudo de caso. Vale ressaltar que não foram encontradas gargantas de solda menores
que 3 mm (a não ser na região 3 onde a velocidade de soldagem empregada pelo
soldador C foi relativamente alta). Porém, houve muitas regiões com altas e
desnecessárias gargantas de solda (5,6, 7 mm), fruto de um aporte de calor maior que o
necessário (maior susceptibilidade a deformações).
121
Figura 145 - parâmetros de soldagem utilizados pelos soldadores D(solda Interna) e B(solda externa)
Nas macrografias HP1, HP3 e HP4 e G1 (ANEXO I), podem ser notadas
mordeduras na perna da solda devido à angulação incorreta (ângulo pequeno demais
com superfície vertical) da pistola do Soldador D (solda interna). Por outro lado, é
possível notar uma melhor manipulação da pistola do soldador B (menos mordeduras
(em G1 e HP1)).
122
arco elétrico com a tinta, expelindo gás tóxico, que foi aprisionado no metal de solda
pelo resfriamento rápido do metal de fusão. Vale ressaltar que poros foram visualizados
na superfície da solda interna e os mesmos foram somente ponteados como ocorreu
durante toda a soldagem no estaleiro. Verificou-se que o ponteio somente “esconde” o
poro, sendo a porosidade presente ainda internamente. Na solda externa, o poro não foi
superficial. Vê-se o poro interno, o que pode ser apenas verificado nesta visualização de
macro ou em ensaios destrutivos. Logo, é vital que haja o esmerilhamento quando os
poros são vistos, já que foi provado que o uso apenas de pontos não exclui a falha física
existente internamente no cordão de solda. Outra importante lição é não soldar sobre
tintas primer, já que estas provocam instabilidade e volubilidade ao arco elétrico,
causando efeitos desagradáveis à solda, como respingos e poros.
Após toda a etapa 3 (tópico 4.4) realizada, pode-se afirmar que o estaleiro de
estudo não apresenta uma sequência lógica e pensada de soldagem, a fim de se evitar
tensões residuais e distorções que possam ocasionar em indesejáveis problemas
dimensionais. Não há uma lógica para a realização das soldagens por regiões como visto
na figura 82. Ademais, cada soldador utilizado no processo de construção realizou uma
sequência diferente, o que constata a falta de inspeção e verificação por parte de
encarregados e engenheiros.
Sendo assim, será proposta uma sequência de soldagem manual pelo aluno que
possa ser aplicada em um curto prazo no estaleiro de estudo de caso, e que venha a
ocasionar menor nível de tensões residuais e deformações do painel plano. Vale
ressaltar que é apenas uma proposta seguindo conceitos estudados neste projeto,
123
principalmente nos tópicos 2.1, 3.5 e 3.6. Outra importante consideração é que a
sequência proposta provavelmente não é a que mais reduz as tensões residuais e
distorções no painel, já que há muitas possibilidades de sequências, que podem ser mais
bem estudadas (tensões e deformações precisamente previstas) por um programa de
computador.
124
HPs proposta segue ilustrada na figura 147 abaixo. Os cordões de mesma
numeração seriam realizados simultaneamente.
Figura 147 - Sequência de soldagem FCAW HPs (simultânea, simétrica, e nos cordões do centro para as
extremidades)
125
do painel reforçado, o que nesse caso há a necessidade de se colocar os colares
nos gigantes transversais ao serem inseridos, para garantir continuidade
estrutural entre os elementos. A figura 148 segue para ilustração.
Figura 148 - Soldagem "Center-Out" em gigantes longitudinais. O mesmo vale para os transversais [13]
126
7. Considerações Finais:
O uso de EPS e IEIS na área e uma gestão mais ativa na produção são ações
fundamentais para um avanço positivo nesta área, que acarretariam na diminuição de
retrabalho e consequentemente em um aumento de produtividade, certamente. Para uma
maior produtividade, deve haver uma busca por melhor qualidade.
127
8. Referências Bibliográficas
[10] – “No. 47 Shipbuilding and Repair Quality Standard” – IACS – Revision 5 Oct
2010
128
ANEXO I
A. Corpo de Prova “C” – 2G - SAW:
Figura A 2 - Visualização C1 a C5
129
A seguir, seguem ilustrações e macros do corpo de prova estudado, em ordem
seguindo a progressão de soldagem realizada (C5 – C1):
i. Corte C5:
Figura A 3 - Região C5
Figura A 4 - Macro C5
8
~5;6 mm mm
Figura A 5 - Macro C5
130
ii. Corte C4:
Figura A 6 - Região C4
Figura A 7 - Macro C4
C4 – Corte SAW (sobre ponto dado por SMAW e sobre reparo de SMAW
após interrupção da máquina ao final do 1° passe)
8
mm
~5 mm
Figura A 8 - Macro C4
131
iii. Corte C3:
Figura A 9 - Região C3
Figura A 10 - Macro C3
8
mm
~3 mm
Figura A 11 - Macro C3
132
iv. Corte C2:
Figura A 12 - Região C2
Figura A 13 - Macro C2
8
mm
~3;4 mm
Figura A 14 - Macro C2
133
v. Corte C1:
Figura A 15 - Região C1
Figura A 16 - Macro C1
8
mm
~4;5 mm
Figura A 17 - Macro C1
134
B. Corpo de Prova “HP” – 2F - FCAW:
135
A seguir, seguem ilustrações e macros do corpo de prova estudado, em ordem
seguindo a progressão de soldagem realizada (HP1 – HP4):
i. HP 1:
Mordeduras
~3;4 mm
8 mm
136
ii. HP 2:
1 mm
8 mm
137
iii. HP 3:
Mordedura
8 mm
138
iv. HP 4:
1 mm
8 mm
139
C. Corpo de Prova “G” – 2F – FCAW:
Figura C 2 - Regiões G1 a G5
140
A seguir, seguem ilustrações e macros do corpo de prova estudado, em ordem
seguindo a progressão de soldagem realizada (G1 – G4):
i. G1:
Figura C 3 - Macro G1
Mordeduras
~3 mm
8 mm
Figura C 4 - Macro G1
141
ii. G2:
Figura C 5 - Macro G2
~1 mm
8 mm
Figura C 6 - Macro G2
142
iii. G3:
Figura C 7 - Macro G3
Poro
(provavelmente
devido a
respingos de
tinta)
8 mm
Figura C 8 - Macro G3
143
iv. G4:
Figura C 9 - Macro G4
Poros
8 mm
Figura C 10 - Macro G4
144
v. G5:
Figura C 11 - Macro G5
3 mm
8 mm
Figura C 12 - Macro G5
145