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Cada deus traz sua própria loucura. Para conhecer o deus—ser aceito por ele—sentir os seus mistérios, bem, você
tem que deixar que a loucura seja derramada sobre você e através de você. Isto não está nos livros de magia, por
que? Por um lado, por ser muito facilmente esquecido, e por outro, por você ter que encontrar isso por si mesmo.
E àqueles que esterilizariam a magia, desbotando a selvageria com explicações emprestadas da psicologia ou da
ciência popular, bem, a loucura é algo que ainda tememos… o grande tabu. Então, por que eu escolhi Cthulhu?
Sumo Sacerdote dos Grandes Antigos. Que repousa sonhando “sonhos mortais” na cidade submersa, esquecido
através das camadas do tempo e da água. Parece muito simples apenas dizer que eu ouvi o seu “chamado”—mas
eu ouvi. Deuses, geralmente, não têm muito a dizer, mas vale a pena escutar o que eles dizem.
Lembro-me de uma noite hospedado no apartamento de um amigo. Eu estava “trabalhando” com Gaia. Não a
mamãe nova era com uma canalização sobre salvar as baleias ou captando risinhos. Eu senti uma pressão dentro
de minha cabeça acumulando-se—algo enorme tentando derramar-se em mim. Sensações de uma era geológica—
camadas caindo através de minha consciência. O calor do magma; lentamente moendo a mudança dos
continentes, uma infinidade de zumbido de insetos. Nada remotamente humano. Este tipo de experiência me
ajuda a esclarecer meus sentimentos acerca de Cthulhu. Alienígena, mas não extraterrestre. Uma grande massa
revolvendo-se em algum lugar ao redor do poço de meu estômago. Um lento batimento cardíaco, muito lento,
quebrando através das ondas. Pálpebras que se abrem completamente por detrás da escuridão, completamente
por detrás do mundo, das cidades, das pessoas andando na rua, abrindo-se lentamente. Abrindo-se
completamente detrás de minha vida inteira, todas as lembranças e esperanças colidem-se neste momento.
Acordando deste sonho para sentir uma agitação—uma persistente inquietação; a total fragilidade de mim mesmo
me empurrou de volta através do quebrar das ondas do silêncio. Este é o sentido da loucura de Cthulhu.
Caminhando através de uma floresta. Elá está alagada pela chuva. As árvores estão sem folhas, viscosas, ha lama
sob os pés. Eu estou vendo-as como dedos tentando agarrar o céu, como tentáculos retorcidos. Cthulhu é tudo
que nos rodeia. É uma coisa-lula, bestial, dragão-alado—uma imagem animalesca, mas tais coisas estão à nossa
volta, como árvores, insetos, plantas, e dentro de nós como bactérias e vírus; nascem instantaneamente através
das transformações alquímicas que tomam lugar em meu corpo à medida que escrevo. Ocultos. Sonhando.
Continuando a existir sem o nosso conhecimento. Seres desconhecidos, com objetivos desconhecidos. Esse
pensamento se edifica em intensidade e me joga ao lado de sua realização. Esta Natureza nos é estranha. Não há
nenhuma necessidade de olhar para as dimensões ocultas, elevados planos da existência ou mitológicos mundos
perdidos. Ela está aqui, se pararmos para olhar e sentir.
Os Deuses antigos estão por toda parte. Suas feições delineadas nas rochas debaixo de nossos pés. Suas
assinaturas rabiscadas nas fractais curvas dos litorais. Seus pensamentos ecoando através do tempo, cada
tempestade de raios uma erupção de flashes neurais. Sou tão pequeno, e ele (Cthulhu) é tão vasto. Tal ser
insignificante torna-se o foco deste olho fechado, abrindo-se através dos aeons do tempo—bem, ele me põe em
meu lugar, não é. Meu cuidadosamente nutrido ser-mágico (“Eu posso comandar estes seres, eu posso!”) se
esgota momentaneamente e então entra em colapso, exaurido pelo influxo da eternidade. Fuja. Se esconda.
Ter tentado sair do molde, só me fez consegui rachá-lo. Eu grito internamente por minha inocência perdida. De
repente, o mundo é um lugar ameaçador. As cores são muito brilhantes e eu não posso confiar nelas de forma
alguma. Janelas são particularmente fascinante, mas elas também se tornam objetos a serem suspeitados por
você (eu) não pode confiar no que chega através das janelas. Podemos olhar para fora delas, mas outras coisas
podem olhar para dentro. Eu ponho minha mão no vidro. Que segredos são bloqueados por estas finas folhas de
Sono não traz alívio. A pálpebra começa a abrir-se, mesmo antes de eu dormir. Eu sinto como se eu estivesse
caindo, como a cabeça de uma criança que esbarra em algo… Eu não sei o que é. Toda a pretensão em ser um
mago falhou. Essa coisa é tão imensa. Eu não posso bani-la e mesmo que eu pudesse, tenho uma forte sensação
de que eu não deveria. Eu abri a porta e não-intencionalmente entrei por ela, como caminhar deliberadamente em
uma poça apenas para descobrir que eu estou me afogando repentinamente. O pulsar do coração de Cthulhu ecoa
lentamente à minha volta. Cthulhu está sonhando comigo. Eu não sabia disso, e agora eu estou perfeitamente
consciente disso, e desejo que o que eu não fui vá para o inferno, que afunde de volta na inconsciência. Eu não
quero saber disso. Eu encontrei a mim-mesmo desenvolvendo rituais habituais. Verificando tomadas elétricas para
não me concentrar em efusões de eletricidade, evitando árvores particularmente perigosas, você conhece esse
tipo de coisa.
Eu pensei que era uma estrela em ascensão mas ainda estou reduzido ás quatro paredes do meu quarto. Mas
mesmo elas não manterão esses sentimentos do lado de fora. Lentamente, algum mecanismo de auto-
preservação entra em ação. Loucura não é uma opção. Eu não posso ficar assim para sempre—outra casualidade
do que nunca é mencionado nos livros de magia. Eu começo a recolher os padrões que eu deixei escapar—
comendo regularmente (mais ou menos nos momentos certos), tomando um banho, saindo para passear.
Conversando com as pessoas—este tipo de coisa. Eu sinto a sensação do olho sem pálpebras espreitando fora dos
abismos do tempo e da memória, e acho que posso encontrar esse olho (“eu”) continuamente. O meio-ambiente
deixa de ser uma ameaça. Os rituais de auto-protecão (obsessões) esvaem-se, e depois de tudo, o que está lá
para proteger? Os sonhos mudam. É como se eu tivesse passado através de algum tipo de membrana. Talvez eu
tenha me tornado vidro afinal. Os pensamentos de Cthulhu revolvendo-se na escuridão já não são mais
assustadores. Acho que posso, afinal de contas, cavalgar na pulsação do sonho. O que era aquele olho arregalado
senão o meu próprio “eu” espelhado através do medo e das auto-identificações? Não sou mais assombrada por
ângulos estranhos. Toda a resistência desmoronou, e eu achei em mim mesmo uma cota de poder em seu lugar.
É claro que este tema é familiar para um e para todos—a viagem iniciática para dentro e para fora da escuridão.
Familiar por causa dos mil e um livros que a traçam, a analisam e, em alguns casos, oferecem placas de
sinalização ao longo do caminho. O que me traz de volta para o motivo pelo qual eu escolhi Cthulhu, ou melhor,
pelo qual escolhemos um ao outro. Há algo de muito romântico acerca de H. P. Lovecraft. O mesmo romantismo
que traz as pessoas para a magia através da leitura de Dennis Wheatley. Como Lionel Snell uma vez escreveu:
“Quando o ocultismo se dissociou dos piores excessos de Dennis Wheatley, ele castrou-se pois os piores excessos
de Dennis Wheatley estão onde ele está.” Há algo arrasador, terrível—romântico— a cerca da magia de Lovecraft.
Que a contrasta com a infinidade de livros disponíveis sobre diferentes sistemas “mágicos” que abundam em
livrarias modernas. Símbolos em toda parte—todas as coisas se tornaram símbolos, e de alguma forma, (para
minha mente, ao menos), menos reais. Impressionantes experiências tiveram todo o sentimento escaldado delas,
em curtas descrições e catálogos—sempre mais catálogos, tabelas, e as tentativas de banir o desconhecido com
A magia lovecraftiana é elementar, tem um aspecto iminente, e ressoa com os medos enterrados, anseios,
aspirações e sonhos.
Os Grandes Antigos e seus parentes podem ser apenas fragmentos do desconhecido, nunca codificados ou
dissecados por estudiosos que estão sempre a catalogar. Sim, você pode calcular gematria à sua volta até que
você tenha equacionado este deus com esse conceito, e eu sinto que gematria, se utilizada adequadamente, pode
se tornar um fio com o qual você pode começar a tecer a sua própria loucura de Cthulhu, esbarrando a si mesmo
em significados sub-esquizóides. Não há nenhum Necronomicon—tudo bem, vou alterar isso, existem vários
necronomicons publicados, mas nenhum deles me faz juz à essa acepção de um “tomo totalmente blasfemo”, que
o leva à insanidade depois de uma minuciosa leitura. Se ele existe, ele está em uma biblioteca em algum lugar
onde você terá que passar pela loucura para pegar a chave, apenas para descobrir que o que funciona para você,
provavelmente não fará muito sentido para todos os outros. Afinal de contas, para algumas pessoas, Fanny Hill
era blasfema. O ponto central do necronomicon é que ele é uma cifra para esse tipo de experiência que torce toda
a sua visão de mundo, e embora os insights desta iluminação estejam dançando ao redor de sua cabeça, ele o
impele a agir sobre ele—para fazer o que “deve” ser feito no fogo da gnosis—quer seja ele o Dr. Henry Armitage
expondo-se à Dunwich ou a conversão dos gregos por Saul, as chamas de sua visão na estrada de Damasco
dançando em seu coração. Esta experiência, este âmago, a partir dos quais o—poder—dos magos irrompe, para
mim é o cerne da magia, o mistério central, se preferir. A Gnosis da presença de um deus rasga os véus e deixa
você ofegante, sem fôlego. A armadura do personagem é desintegrada (até que ela lentamente acumula-se em
uma concha novamente) e momentaneamente, você toca o coração desse mistério incognoscível, vindo ao longe
com um élitro incorporado. Ele cai ao longe, ele trabalha seu caminho interior, torna-se uma dor incômoda, por
isso temos que fazer de novo. Na maioria dos rituais mágicos “estereotipados” que eu tenho feito ou participado,
não cheguei nem sequer perto disso. No entanto, todos os atos mágicos que eu tenho feito, respondendo à
impulsionado ao primeiro plano do mistério. Eu ainda lembro de ter visto uma sacerdotisa bruxa “possuída” por
Hécate. Os olhos … não eram humanos. Este ano, em resposta ao meu pedido de confusão e tormento, o
selvagem deus Pasupati inclinou-se para baixo e olhou para para mim, uma visão de brancura resplandescente, a
A verdadeira magia é selvagem, à noite eu posso sentir a íntima-presença dos Grandes Antigos. Quando o vento
sacode as vidraças. Quando escuto o rugido de um trovão. Quando subo uma encosta e reflito sobre a idade
daquele lugar. Para senti-los perto de mim, tudo o que eu tenho que fazer é ficar lá até a noite cair. Fique longe
das habitações dos homens. Longe de nossa frágil ordem e racionalidade, e dentro da selvageria da natureza,
onde até os olhos de uma ovelha podem parecer sobrenaturais ao luar. Lá fora, você não precisa “chamar as
coisas”—elas estão apenas a um sopro de distância. E Cthulhu está mais perto do que você pode imaginar.
Novamente, é uma coisa pequena, e raramente mencionada, mas há uma diferença entre um “magista” achar que
ele tem o direito de “invocar os Grandes Antigos”, e um magista que sente uma sensação de parentesco com eles,
e desta forma não precisar chamá-los. Qualquer pessoa pode chamá-los, mas poucos podem fazê-lo sem um
assentimento familiar nascido do parentesco. Há uma grande diferença entre realizar um rito, e ter o direito. Mas
uma vez que você esteja diante de um deus, deixando sua loucura ser derramada através de você, e mudar você,
então haverá um vínculo que é verdadeiro, além de toda a explicação ou racionalização humana. Nós forjamos
laços com os deuses que escolhemos e com os deuses que nos escolhem. É uma troca de duas vias, cujas
consequências podem demorar anos para se manifestarem em sua vida. Exatamente por isso, os deuses tendem a
ser pacientes. Sonhos de Cthulhu.