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(D1îÂ1\1Q0)

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

APELAÇÃO CRIMINAL 0020019-65.2014.4.01.3300/BA


Processo na Origem: 200196520144013300

VOTO

A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA SIFUENTES


(RELATORA): Como relatado, trata-se de recurso de apelação
interposto pelo réu EDMILSON DE JESUS REBOUÇAS em face da sentença
(fls. 250/259) proferida pelo Juízo Federal da 17ª Vara da Seção
Judiciária do Estado da Bahia, que julgando procedente a denúncia
condenou-o à pena de 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão,
em regime semiaberto, e ao pagamento de 11 (onze) dias-multa, pela
prática do delito previsto no art. 289, § 1º do Código Penal.
Compulsando os autos, verifico que não procede a alegada
falsificação grosseira suscitada pela Defesa do apelante,
pretendendo, com isso, o reconhecimento do delito de estelionato e
o consequente declínio da competência para a Justiça Estadual.
Consta do laudo pericial criminal acostado a fls. 62/68
dos autos, que as 42 (quarenta e duas) apreendidas são
“inautênticas” em razão da “ausência de elementos de segurança
como: imagem latente, impressão calcográfica, marca d’água, marca
tátil, microletras, filetes luminescentes e o numeral “50”
visíveis sob radiação ultravioleta.” Ademais “exibem razoável
aspecto pictório e cromático, podendo levar o indivíduo comum
pouco observador e/ou desconhecedor dos elementos de segurança do
papel-moeda autêntico ou sob condições adversas, a exemplo de
pouca luminosidade, a aceitá-las como autênticas.” Acrescenta,
ainda, que a imagem postada a fl. 63 permite aferir que as notas
são uma imitação apta a convencer o homem médio – que não é perito
no assunto ou que não é particularmente observador das
características de impressão do papel moeda.
Tal assertiva afasta qualquer conclusão no sentido de que
a falsificação não é grosseira, como quer fazer crê a Defesa do
apelante, bem como a consequente declinação da competência para a
Justiça Estadual. Ademais, o fato de a falsidade ter sido
percebida por aquele a quem a cédula falsa é ofertada não
descaracteriza, em princípio, o crime de moeda falsa e, ao mesmo
tempo, não autoriza dizer que a cédula conforma uma falsificação
grosseira, razão pela qual não há falar em desclassificação da
conduta para o delito de estelionato, como pretende a Defesa.
Ademais, “constatado por laudo pericial não se tratar de
falsificação grosseira, estando a nota apta a circular livremente
no mercado por reunir condições de ludibriar o homem comum, não há

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que se falar em aplicação do enunciado n. 73 da Súmula do STJ,


caracterizando-se, em tese, o crime de moeda falsa, de competência
da Justiça Federal” (HC 119.340/SC, rel. MOn. PAULO GALLOTTI,
SEXTA TURM, DJe 30.03.2009 – grifei).
Tais conclusões encontram-se em harmonia com os
depoimentos das testemunhas Wellington Barros Santos, Carlos
Eduardo da Paixão Pereira e José Necivan Araújo de Assis,
policiais militares que efetuaram a prisão do recorrente, unânimes
em afirmar que ao entrarem na residência de Edmilson encontraram
uma impressora e diversas notas de R$ 50,00 (cinquenta reais)
impressas em papel tipo ofício, bem como no momento em que o
abordaram na rua, trazia no bolso uma cédula, também, no valor de
R$ 50,00 (cinquenta reais) comprovadamente inautêntica.
Diante desse cenário, comprovadas a materialidade e a
autoria delitivas, fundamentadas no laudo pericial, prova
testemunhal e demais circunstâncias coligidas dos autos, a
manutenção da condenação do apelante pela prática do delito de
moeda falsa (CP, art. 289, § 1º) é medida impositiva, não
merecendo reforma a r. sentença recorrida, no particular.
Passo à análise da dosimetria da pena.
No que tange à pretendida redução da pena-base imposta ao
Recorrente, cumpre salientar que a fixação da pena é regulada por
princípios e regras constitucionais e legais previstos,
respectivamente, nos arts. 5º, XLVI, da Constituição Federal, 59
do Código Penal e 387 do Código de Processo Penal.
Todos esses dispositivos remetem o aplicador do direito à
individualização da medida concreta para que, então, seja eleito o
quantum de pena a ser aplicada ao condenado criminalmente, visando
à prevenção e à repressão do delito perpetrado.
Assim, para chegar a uma aplicação justa da lei penal, o
MM. Juiz sentenciante, dentro dessa discricionariedade
juridicamente vinculada, deve atentar para as singularidades do
caso concreto, devendo, na primeira etapa do procedimento
trifásico, guiar-se pelas oito circunstâncias relacionadas no
caput do art. 59 do Código Penal, as quais não se deve furtar de
analisar individualmente. São elas: culpabilidade; antecedentes;
conduta social; personalidade do agente; motivos, circunstâncias,
consequências do crime e comportamento da vítima.
O delito do artigo 289, § 1º, comina pena de reclusão de
03 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Na espécie, o Juízo sentenciante, atento ao disposto no
art. 59 do Código Penal, considerou como desfavoráveis ao apelante
tão somente a circunstância judicial referente aos antecedentes
criminais e fixou a pena-base em 03 (três) anos e 06 (seis) meses
de reclusão e 11 (onze) dias-multa, à razão de 1/30 (um trigésimo)
do valor do salário mínimo vigente à época dos fatos, tornando-a
definitiva em razão da ausência de causas modificadoras da pena.

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No entanto, é certo que se encontra pacificado o


entendimento jurisprudencial no sentido de que ações penais ou
inquéritos policiais em andamento, ou condenações ainda não
transitadas em julgado, não podem ser considerados como maus
antecedentes, má conduta social, personalidade desajustada e
acentuar a culpabilidade do réu, sob pena de malferir o princípio
constitucional da presunção de não culpabilidade. Essa linha de
orientação encontra-se, hoje, consolidada no enunciado da Súmula
444/STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
penais em curso para agravar a pena”
Dessa forma, desconsiderando os antecedentes criminais, e
sendo todas as circunstâncias judiciais elencadas no artigo 59 do
Código Penal favoráveis ao recorrente, fixo a pena-base no mínimo
legal, ou seja, em 03 (três) anos de reclusão e 10 (dez) dias-
multa, que a torno definitiva, ante a ausência de circunstâncias
atenuantes e agravantes, bem como causas de diminuição e aumento
de pena.
Fixo o regime inicial aberto para o cumprimento da pena
privativa de liberdade (CP, art. 33, §2º, c).
Não obstante a magistrada sentenciante tenha fixado o
regime inicial semiaberto, sob o fundamento de que “ainda
presentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, sendo a
custódia necessária para resguardar a ordem pública, diante das
informações juntadas a fls. 77/80, 82 e 92, dando conta de que o
acusado responde a outros processos criminais” (fl. 257), entendo
que se trata de fundamentação genérica consignando tão somente a
patente necessidade de manutenção da ordem pública, de modo a
evitar-se que o réu volte a delinquir ou cause insegurança no meio
social, bem como pelo fato de encontrar-se respondendo a outras
ações criminais, não consignando argumentos idôneos e suficientes
à manutenção da prisão cautelar. Isso porque, apesar de afirmar a
presença de elementos suficientes de autoria e materialidade
delitiva para embasar a condenação, não apontou elementos
concretos extraídos dos autos que justificassem a necessidade da
custódia, amparada, tão somente, em ações penais que não
transitaram em julgado, sem trazer qualquer informação sobre a
participação do acusado em outros crimes, o que não é suficiente
para reconhecer a existência de antecedentes desabonadores.
A mera decretação da prisão processual, dissociada de
qualquer elemento concreto e individualizado, não têm, por si só,
o condão de justificar a custódia cautelar. Por isso, no caso, em
que os títulos prisionais encontram-se desprovidos de qualquer
fundamentação idônea, deve prosperar a pretensão defensiva.
Com efeito, é entendimento da Suprema Corte no sentido de
que “a simples alusão à gravidade do delito ou a expressões de
mero apelo retórico não valida a ordem de prisão cautelar. Isso
porque o juízo de que determinada pessoa encarna verdadeiro risco
à coletividade só é de ser feito com base no quadro fático da
causa e, nele, fundamentado o respectivo decreto de prisão
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cautelar. Sem o que não se demonstra o necessário vínculo


operacional entre a necessidade do confinamento cautelar do
acusado e o efetivo acautelamento do meio social”(STF, HC
101.705/BA, Rel. Ministro AYRES BRITTO, SEGUNDA TURMA, DJe de
03/09/2010 – grifei).
Substituo a pena reclusiva por 02 (duas) penas
restritivas de direitos a serem fixadas pelo Juízo da execução
(CP, art. 44).
Ante o exposto, e diante de tais considerações, DOU
PARCIAL PROVIMENTO ao recurso de apelação interposto pelo réu para
reduzir a pena fixada para 03 (três) anos de reclusão e 10 (dez)
dias-multa, à razão de 1/30 (um trigésimo) do valor do salário
mínimo vigente à época dos fatos devidamente atualizado.
É como voto.

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