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De olho na luz
Assim, as plantas fazem sua fotossíntese nos momentos mais ensolarados
do dia. As abelhas, por sua vez, não perdem tempo: dão seus passeios nas
horas em que as flores liberam maior quantidade pólen. O corpo humano
também tem seus horários (veja as ilustrações ao lado). Normalmente a
melatonina, presente até nos seres unicelulares, começa a ser fabricada
logo depois do anoitecer. “Seu pico no homem é por volta das 2 horas da
manhã”, conta o americano Russel Reiter. O corpo compreende se é dia ou
noite sabendo que há um antes e um depois da melatonina. E cada órgão
tem tarefas noturnas e diurnas, com um padrão de atividade que se reinicia
a cada 25,2 horas. São os ciclos de circadianos, ou seja, que duram cerca
de um dia.
Impressão digital
A questão é saber qual a “zero hora” de alguém. Há quem seja o chamado
tipo vespertino preferindo ir para a cama de madrugada para acordar perto
do meio dia. Nesse tipo, a produção de melatonina começa mais tarde do
que no tipo matutino, que adormece cedo, despertando com os primeiros
raios solares. “O perfil de produção de melatonina de cada indivíduo tende a
ser único, como uma impressão digital”, diz Cipolla. Cada um, portanto, tem
sua agenda exclusiva marcando os compromissos dos diversos órgãos, o
que complica bastante o uso de melatonina como medicamento. “Como
saber a hora exata de tomar o remédio, para não bagunçar toda essa
programação?”, pergunta Andrew Monjan, do Instituto Nacional de
Envelhecimento nos Estados Unidos. Por enquanto, não há resposta.
A mania das megadoses surgiu com a hipótese sedutora de que seu uso
prolonga a vida. Há dois anos, o cientista Vladimir Dilman, do Instituto de
Pesquisa Experimental de São Petersburgo, acrescentou gotas de
melatonina na água de ratos. Os bichos viveram 25% mais do que o
esperado.
As defesas aumentam
Em tubos de ensaio, os cientistas já observaram que a melatonina pode
fazer um tumor maligno crescer mais devagar. Também em vidrinhos de
laboratório o hormônio age como uma vara de condão que multiplica as
células imunológicas. “São estudos sérios, mas ainda não há garantia de
que o mesmo se repita dentro do corpo humano”, opina Monjan, do Instituto
Nacional do Envelhecimento. E Reiter lamenta: “Nas poucas vezes em que
esses efeitos foram testados em seres humanos, foram usados pacientes à
beira da morte. Mas acho que muito em breve a melatonina será examinada
em gente com câncer pouco desenvolvido.”
DIA
Hormônios do estresse preparam o corpo para acordar.
NOITE
O estômago, menos ácido, suporta melhor os medicamenos
DIA
O coração acelera e há maior tendência a enfartes.
NOITE
A pele recebe mais sangue e os cremes fazem mais efeito.
DIA
As áreas da atenção no cérebro ficam mais ativas.
NOITE
A melatonina é secretada pela glândula pineal.
10
DIA
O álcool se concentra mais rápido no sangue.
NOITE
Os brônquios se contraem, aumentando o risco de asma.
11
DIA
O desempenho de modo geral diminui. Ele aumentará de novo à tarde.
NOITE
Na maioria dos indivíduos, é quando surge o sono.
12
DIA
Enzimas digestivas a todo vapor fazem bater a fome.
NOITE
Só a partir daí é que são secretados os hormônios do crescimento
DIA
O cérebro provoca um certo tipo de preguiça, que não depen
NOITE
O pico das contrações uterinas pode provocar partos.
DIA
Diminui o número de células de defesa no sangue.
NOITE
A melatonina provoca o aumento das células defensoras
DIA
É o momento em que se tem mais força muscular.
NOITE
Os hormônios do estresse são inibidos. O relaxamento é total
4
DIA
É o pico da temperatura corporal. As febres tendem a se elevar.
NOITE
Qualquer reação alérgica pode ser mais forte
DIA
Principal pico da atenção cerebral que dura até a noite.
NOITE
A glândula tireóide passa a regular o consumo de energia.
DIA
Os nervos muito ativados tornam as dores mais fortes.
NOITE
As articulações ficam inchadas e aumenta o reumatismo.
Agenda
Em outro canto do cérebro, quem marca os compromissos diurnos e noturnos é a glândula pineal
produtora da melatonina. O relógio manda mensagens nervosas sobre o horário (só durante a noite
é que deve secretar melatonina). Mas a agenda também fica acertando seus ponteiros, conforme a
estação do ano.
O alarme
A presença ou ausência da melatonina são alarmes da agenda que disparam funções cerebrais
como preparar o sono ou a vigília. Mas a melatonina também age no resto do corpo.
Energia
A melatonina avisa diretamente as células a que horas elas devem absorver mais insulina, hormônio
sem o qual é impossível usar a glicose como fonte de energia.
Circulação
Ela também interfere na parede dos vasos, provocando sua contração ou seu relaxamento. Controla
assim as alterações de pressão no decorrer do dia.
Defesas
Sob influência do hormônio da pineal, os glóbulos brancos do sangue, que são os defensores do
organismo, podem se multiplicar, aumentando seu exército.
Além disso, por não se tem certeza se todas as marcas vendem de fato melatonina. No Brasil, os
riscos são idênticos, já que não existe melatonina nacional. Pior: a que se vende aqui é fruto de
contrabando. Não há meios legais de a substância ser importada para o comércio, uma vez que não
tem registro no Ministério da Saúde. No entanto, nada impede que um brasileiro compre melatonina
no Exterior para consumo próprio no Brasil. A questão ética é se os médicos deveriam ou não
receitá-la, sem provas de que funcione como remédio.