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Estruturas de aplitos e pegmatitos graníticos

Structures of granitic aplites and pegmatites

J. M. Cotelo Neiva
Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade
de Coimbra

SUMÁRIO
Diversas estruturas de aplito e pegmatito apresentam-se nas mesmas ocorrências, e referem-se localizações
destas em relação à cúpula granítica. O zonamento dos pegmatitos é nítido; é possível reconhecer e caracterizar
cinco zonas, contendo subzonas definidas por granulidade ou pelos minerais de substituição. Geoquímica e
génese de aplito e pegmatito graníticos são referidas.
Palavras-chave: aplito, pegmatito, estruturas, zonamento dos pegmatitos, petrogénese.

SUMMARY
Several structures of aplite and pegmatite are presented in the same occurrences. The locations of aplite and
pegmatite relatively to the granite cupola are given. The zoning of pegmatites is clear; five zones contain sub-
zones, which are distinguided by the grain-size and replacement minerals. The geochemistry and petrogenesis of
granitic aplite and pegmatite are presented.
Key-words: aplite, pegmatite, structures, zoning of pegmatites, petrogenesis.

1. Introdução
Entre 1939 e 1945 visitámos diversos pegmatitos das assunto e as investigações de outros autores
regiões graníticas do norte e centro de Portugal indicados nas Referências Bibliográficas,
mineralizados por cassiterite, volframite, tantalite- elaborámos esta breve síntese sobre: Estruturas de
columbite, alguns por berilo, e outros também por Aplito-Pegmatito; Zonamento de Pegmatitos;
ouro [15, 17, 18, 19]. Em 1959 fizemos Geoquímica e Génese de Aplitos e Pegmatitos
reconhecimento de pegmatitos cerâmicos, para a Graníticos.
Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, Lda, nas
regiões de : Serra do Gerês; Serra da Cabreira; Vila 2. Estruturas de Aplito e Pegmatito Graníticos
Nova de Famalicão – Guimarães – Fafe – Aplitos e pegmatitos são diferenciados do magma
Cabeceiras de Basto – Povoa do Lanhoso; Paredes - granítico, normalmente segundo a sequência granito,
Amarante – Marco de Canavezes – Baião; Viseu – aplito e pegmatito.
Sátão – Aguiar da Beira – Penalva do Castelo – O aplito é de grão fino e textura xenomórfica-
Mangualde. Em 1976-78 voltámos a trabalhos granular e o pegmatito é de grão grosseiro a muito
similares para a Quarfel – Sociedade de Exploração grosseiro e textura hipautomórfica-granular. Mas há
de Rochas, Lda, percorrendo a ultima região referida pegmatitos, como na Serra de Arga, por exemplo os
e estendendo-a mais para NE até Sernancelhe e para da Cabração, em que esta textura vai desde
S até Fornos de Algodres e Nelas; e também a granulidade fina a grosseira e muito grosseira e a
penúltima região indicada para a Vista Alegre, e textura sempre hipautomórfica-granular.
alargando-a para S até ligar com a última região. Em Em Portugal, é principalmente com os granitos
1959 e 1962, visitámos, respectivamente, pegmatitos hercínicos que os aplitos e pegmatitos se relacionam,
do grupo de Muiane [19] e o do Namivo sendo os mais frequentes os granitos de grão médio
(Moçambique) [12], em que principalmente de duas micas e os granitos porfiróides de grão
exploravam gemas, e jazigos de cassiterite no Brasil. médio a grosseiro biotítico-moscoviticos ou
Utilizando os apontamentos de campo, os relatórios moscovitico-biotíticos, embora também ocorram
então redigidos, os trabalhos que publicámos sobre o granitos de grão fino e granitos gnaíssicos [6, 9, 10,

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17]. Em Moçambique, correlacionam-se com e a muro e, entre eles, encontra-se aplito.
granitos pré-Karroo [2]. Ocorrem também, naqueles modos de jazida,
Aplitos e pegmatitos têm modos de jazida em alternâncias de aplito e pegmatito. E, por vezes,
bolsadas, filões, diques e soleiras, que se localizam essas alternâncias são múltiplas (Fig. 7),
no cimo da cúpula granítica e no tecto de rochas constituindo afloramentos de grande área, como, por
xistentas. Próximo e ao cimo da cúpula, as soleiras exemplo: 850 m a NE do marco da Venturinha
(fendas inclinadas < 30º, com frequência 10º - 25º) (Penalva do Castelo (Viseu)), com área de 1100 x
cortam esta e as rochas xistentas do tecto nas 700 m [11]; o afloramento situado próximo e a NE
imediações; e é mais abaixo, no geral a maior de Sezures (Viseu), com 100 x 550 m, com as
profundidade, que se encontram os filões e os diques soleiras de aplito-pegmatito orientadas segundo NE-
que também cortam a cúpula e os xistos dos SW.
contactos. As jazidas são mais extensas e possantes Soleiras alternantes, umas de aplito e outras de
cortando as rochas xistentas do que as que pegmatito moscovítico-lepidolítico, afloram na
atravessam as rochas graníticas, no geral com estas região de Gonçalo (Guarda), cortando granito
geneticamente relacionadas; isso ainda é mais nítido porfiróide biotítico-moscovítico. [23]
em Moçambique e no Brasil.
Há muitos casos de passagem lateral de aplito a
pegmatito, numa faixa de poucos centímetros, com
aumento do grão dos minerais e da tendência a
idiomorfismo parcial. Também se encontram
bolsadas de pegmatito no seio do granito de duas
micas e do granito porfiróide, havendo passagem
com aumento do número de cristais hipídio a Fig.2 – Corte geológico do dique aplítico com
idiomorfos e desaparecimento do porfiróidismo e da lentículas de pegmatito, localizado a 1970 m S 4º W
biotite quando estes existiam. do marco da Lousã 2º (Castedo, Alijó, Vila Real)
Com frequência, aplito e pegmatito ocorrem [9]. 1 – Filito. 2 – Aplito granítico. 3 – Pegmatito
associados nos três modos de jazida tabular granítico.
referidos. Assim, encontram-se lentículas
alongadas, elipsoidais, de pegmatito no seio de
aplito seguindo o pendor e a direcção da jazida que
cortou o granito ou o xisto (Fig. 1), mas também
ocorrem com distribuição irregular (Fig. 2).

Fig.3 – Corte geológico de filão aplito-pegmatítico


próximo de Carlão (Alijó, Vila Real). 1 – Granito
porfiróide, fino, moscovítico-biotítico. 2 – Aplito
granítico. 3 – Pegmatito granítico [9].

Fig.1 – Corte geológico do filão de aplito com


lentículas alongadas de pegmatito, situado 300 m a
NNW da igreja de Favaios (Alijó – Vila Real). 1 –
Granito porfiróide, grosseiro, moscovítico-biotítico.
2 – Aplito granítico. 3 – Pegmatito granítico [9].

Frequentemente há jazidas em que o aplito ocorre a


muro e o pegmatito a tecto nos filões e nas soleiras,
(Figs. 3 e 10) e lado a lado nos diques (Fig. 4), que
são menos frequentes.
Contudo, há casos em que o aplito ocorre a tecto do
pegmatito. Fig.4 – Corte geológico do dique aplito-pegmatítico
Ainda de apreciável frequência, é a existência do próximo de Vilar de Maçada (Alijó, Vila Real). 1 –
aplito a muro e a tecto, e pegmatito entre eles, por Granito gnáissico porfiróide, grosseiro, moscovítico-
vezes bastante possante (Figs. 5 e 6). biotítico. 2 – Aplito granítico. 3 – Pegmatito
Mas há casos em que o pegmatito localiza-se a tecto granítico. [9]

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NE-SW.
Pegmatito gráfico pode ver-se em diversos locais no
contacto entre aplito e pegmatito, em qualquer das
estruturas referidas; e estreito (poucos centímetros)
nas soleiras múltiplas e alternantes de aplito e
pegmatito; mas em estruturas mais simples, com
uma faixa de aplito e outra de pegmatito, sendo este
deveras possante, ou duas de aplito e uma de
pegmatito possante no centro, o pegmatito gráfico
pode atingir alguns metros de espessura, por
exemplo, no pegmatito da Venturinha é > 3 m [21].
Fig.5 – Concessão do Seixo, local da Meia Zona, a A maioria dos aplitos e pegmatitos relacionam-se,
NE de Sezures (Viseu). Corte geológico da soleira em Portugal, com granitos sin, tardi e pós-
aplito-pegmatítica. 1 – Aplito granítico. Pegmatito orogénicos da fase hercínica F3. Mas há filões
granítico zonado: 2 – Zona interna (K-feldspato e aplíticos ulteriores, como, por exemplo, na
quartzo ); 3 – Núcleo de quartzo. concessão de Medronheira, NE de Sezures (Viseu),
em que no trabalho subterrâneo se vê um filão
aplítico que cortou a zona interna do muro duma
soleira pegmatítica e penetrou a zona central desta
(Fig. 8).
Também na concessão do Dianteiro, na mesma
região, num trabalho denominado de Rãs, há um
outro filão aplítico que corta uma soleira
pegmatítica. Mas também há estruturas aplito-
pegmatíticas, mineralizadas por cassiterite,
anteriores aquela fase hercínica. Por exemplo, entre
Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, próximo à
povoação de S. João da Corveira, nos locais de
Pontido, Fonte do Ouro e Coral, há aplito e
pegmatito nas mesmas jazidas e concordantes com
as dobras NW-SE dos xistos em que encaixam.
Primitivamente seriam soleiras de aplito-pegmatito
que atravessavam o micaxisto que cobre a cúpula do
Fig.6 – Concessão do Rebentão (Queiriga, Vila granito de grão médio de duas micas. O conjunto
Nova de Paiva, Viseu). Corte geológico do filão de teria sido intensamente dobrado na fase F3 e, então,
Lagares do Estanho. 1 – Granito porfiróide, médio, o aplito em grande parte misturou-se mecanicamente
biotítico-moscovítico. 2 – Aplito granítico. 3 – com o pegmatito [16].
Pegmatito granítico [15].

Fig.7 – Aspecto parcial do afloramento de soleiras


múltiplas de aplito (1) e pegmatito (2) com extensão Fig.8 – Concessão da Medronheira (NE de Sezures,
de 200 m, situado a SW de Silvã de Cima (Penalva Viseu). Trabalho subterrâneo de exploração onde se
do Castelo, Viseu) [21]. vê: 1 – Granito porfiróide, médio a grosseiro,
biotítico-moscovítico. Pegmatito granítico: 2 – Zona
A grande maioria dos filões e diques orienta-se interna (K-feldspato e quartzo); 3 – Núcleo de
segundo NW-SE ou NE-SW. Grande parte das quartzo. 4 – Filão de aplito que corta a zona interna
soleiras, principalmente as múltiplas, tem direcção do muro do pegmatito.

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3. Zonamento dos Pegmatitos espessura de 0,20-0,40 m. No contacto do pegmatito
Vimos atrás, que os pegmatitos graníticos com o granito, notam-se neste aspectos de
caracterizam-se pelo tamanho do grão, grosseiro a turmalização, moscovitização, silicificação e
muito grosseiro, e pela textura hipautomórfica- desaparecimento da biotite.
granular. Podem ser homogéneos ou heterogéneos,
uns e outros com os minerais essenciais típicos dos 3.2 Zona mural
granitos, mas os heterogéneos contêm, além disso, Esta zona é frequentemente constituída por
concentrações minerais de substituição pegmatito gráfico (microclina pertítica e quartzo co-
metassomática, e geralmente são zonados. orientados), tendo como acessórios albite e
Há bolsadas, esferoidais, elipsoidais ou cogumelares moscovite e outros acessórios menores das rochas
de pegmatito granítico homogéneo ou heterogéneo graníticas (Fig. 9).
zonado intra-graníticas; mas as soleiras, os filões e Conforme se aproxima da zona externa, há no geral
os diques, no geral de pegmatito heterogéneo e aumento do grão dos minerais e o pegmatito gráfico
zonado, são corpos genericamente tabulares intra- acaba por desaparecer. Há casos em que a zona
graniticos ou exo-graníticos. Estes afloram mural é inexistente e outras em que o pegmatito
atravessando rochas xistentas (migmatitos, gráfico ocorre junto á zona central ou núcleo do
micaxistos ou filádios), junto ou próximo ao pegmatito.
contacto com os granitos.
As zonas fundamentais, mais ou menos concêntricas 3.3 Zona externa
ou paralelas, que os pegmatitos heterogéneos É no geral uma zona bem visível nos pegmatitos
apresentam em corte transversal (Fig. 9), são: zona portugueses e moçambicanos, (Fig. 9).
marginal, zona mural, zona externa, zona interna, Com granulidade grosseira, é constituída
zona central ou núcleo . essencialmente por quartzo, ortoclase, microclina,
Cada zona, principalmente a zona interna e a zona pertítica, albite e moscovite e acessórios menores
central ou núcleo, pode ser subdividida com base na como zinvaldite, berilo, granada, turmalina,
granulidade (com uma subzona de menor grão e columbite-tantalite, cookeíte, como, por exemplo,
outra de maior da periferia para o interior na zona em Venturinha (Penalva do Castelo, Viseu) [21] e
interna) e/ou nos minerais de substituição Namivo (Alto Ligonha, Moçambique) [12].
metassomática hidrotermal e sua disposição nas Encontram-se, nesta zona, algumas concentrações de
zonas (no núcleo ocupam a subzona central). Nem minerais de substituição hidrotermal, constituindo a
sempre todas as zonas referidas ocorrem nos maioria dos minerais acessórios acabados de citar.
pegmatitos; é mais fácil encontrá-las nos pegmatitos
possantes e alongados. 3.4 Zona interna
Zona em que os feldspatos potásicos e o quartzo
3.1 Zona marginal atingem maiores dimensões (Fig. 9). Mas em
Em diversos pegmatitos há, em Portugal, passagem diversos pegmatitos é possível distinguir duas
do granito porfiróide ou do granito médio, subzonas, a mais externa com granulidade grosseira
encaixantes, à zona mais periférica do pegmatito, destes minerais, e a mais interna com granulidade
com desaparecimento do porfiróidismo e da biotite, muito grosseira; por exemplo em Sr.ª da Assunção
aumento do grão e enriquecimento em moscovite, (Aguiar da Beira) [25] e Namivo (Alto Ligonha,
como, por exemplo, em Seixeira (Bendada, Sabugal, Moçambique) [12]. Nas duas subzonas há
Guarda), em Arreigada (Paços de Ferreira) [4] e na mineralização de berilo, tantalite-columbite,
região de Gonçalo (Guarda) [23]. Outras vezes, no cassiterite, por vezes ambligonite, lepidolite, menos
contacto com migmatito, micaxisto, ou o filádio, há frequentemente volframite, pirrotite, pirite,
estruturas de grão fino a médio com quartzo, arsenopirite, esfalerite, calcopirite, galena, e menos,
microclina micropertítica e acessoriamente ainda, molibdenite, bismutinite e estanite; alguns dos
plagioclase, biotite, moscovite, rútilo, apatite, minerais hidrotermais citados podem ocorrer em
escorlite, almandite-espessartite, esfena e magnetite; bandas, caracterizando outras subzonas, ou albite
crustificação de moscovite ocorre sobre este (clevelandite) substituir o K-feldspato.
contacto. O referido para os exemplos dados Nalgumas soleiras, com estrutura em bandas
constitui a zona marginal do pegmatito (Fig. 9). centimétricas a decimétricas na zona intermédia
Além disso, como em Muiane e no Namivo (Alto dominante, há aspectos de intercrescimento de
Ligonha, Moçambique) e em Portugal, há aspectos cristais de quartzo e microclina-micropertite,
de metamorfismo de contacto provocado pelo formando pente e alargando verticalmente, como,
pegmatito sobre a rocha xistenta, se encaixante, por exemplo, em Pereira do Selão, Vidago [22].
junto à zona marginal. São concentrações de biotite,
outras de biotite e moscovite, presença de aspectos 3.5 Zona central ou núcleo
de moscovitização, turmalização (no geral escorlite) É constituída fundamentalmente por quartzo (Fig. 9)
e mais raramente de granadização ( almandite- leitoso, por vezes cinzento, e não raro róseo e até
espessartite); raramente se forma corneana com fumado, como em regiões do Alto Minho

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(proximidades do rio Lima), Marco de Canavezes, Castelo, Viseu) [21] e um próximo a NE de Sezures
Aguiar da Beira e Sátão. (Viseu).

Fig.9 – Corte geológico esquemático de um Fig.10 – Concessão Cumo (NE de Sezures - Viseu).
pegmatito granítico zonado. Rochas encaixantes: 1 – Trabalho de exploração, onde se vê: 1 - Granito
Micaxisto; 2 – Granito. Zonas do Pegmatito: 3 – porfiróide, médio a grosseiro, biotítico-moscovítico;
Zona Marginal; 4 – Zona Mural; 5 – Zona Externa; 6 2 – Aplito granítico. Pegmatito granítico zonado: 3 –
– Zona Interna; 7 – Zona Central ou Núcleo de Zona interna com K-feldspato e quartzo; 4 – Núcleo
Quartzo. a, b – Subzonas da Zona Interna baseadas constituído por lentículas de quartzo
na granulidade, podendo ser múltiplas se baseadas
nos minerais hidrotermais de substituição 3.6 Concentrações minerais hidrotermais de
metassomática. q – Subzona do núcleo parcialmenta substituição
preenchida por minerais hidrotermais, podendo Genericamente são constituídas por hidrotermalitos
ocorrer mais que uma subzona. que penetraram e substituíram parcial e
metassomaticamente minerais essenciais das zonas
É acompanhado por alguns cristais de microclina- externa, intermédia e núcleo do pegmatito. Esses
micropertite. O quartzo apresenta por vezes hidrotermalitos são albite, moscovite, quartzo,
cavidades drúsicas com belos e grandes cristais de ambligonite, turmalina, topázio, espodumena, berilo,
quartzo, a que se sobrepõem cristais de berilo e de tantalite-columbite, lepidolite, cassiterite, fluorite,
sulfuretos e mais raramente de bismuto, como, por arsenopirite, pirite, esfalerite, calcopirite, galena,
exemplo, em Muiane (Alto Ligonha, Moçambique) clorite e outros, que devem ocorrer em diversas fases
[19] e Arreigada (Paços de Ferreira) [4], ou de e, alguns, com recorrências. Estas concentrações são
molibdenite, como em Sr.ª da Assunção (Sátão; bem visíveis nos mais ou menos extensos e
Aguiar da Beira) [25]. Alguns cristais de quartzo possantes pegmatitos graníticos de Portugal,
dessas cavidades, como na Serra do Gerês e na Serra Moçambique e Brasil.
da Cabreira, mostram-se encapuzados e outros com Não se fazem referências as minerais de passagem
faces drúsicas dos dois romboedros [13, 14]. da fase hidrotermal à fase supergénica.
Há pegmatitos com núcleo constituído por lentículas
de quartzo (Fig. 10), mas no geral o núcleo é Para a Cintura Hercínica Centro-Ibérica Portuguesa
francamente quartzoso (Figs. 5 e 8). e em função da estrutura tectónica regional, da
Há casos, por exemplo na região do Tua (Alijó, Vila implantação dos granitos e das mineralogia,
Real), em que um filão pegmatítico, com menor paragénese, petrologia e geoquímica dos pegmatitos
zona interna a muro e maior a tecto e núcleo de há uma tentativa de classificação destas rochas [6].
quartzo bem mais possante, este apresenta pequenas
concentrações de microclina na parte central (Fig. 4. Geoquímica de Aplitos e Pegmatitos Graníticos
11) [9]. Os aplitos no geral contêm mais quartzo, albite e
No Namivo (Alto Ligonha, Moçambique), há no menos K-feldspato, biotite que os granitos parentais;
núcleo rico em quartzo belas gemas de berilo; mas e mais SiO2, Na2O, Sn, Rb, Cs e menos Al2O3, TiO2,
no centro do núcleo, em que quartzo e espodumena Fe2O3, FeO, FeOt.., MgO, CaO, K2O, Li, Zr, Sr, Pb,
formam uma sub-zona, ocorrem albite Ba. Os pegmatitos coexistentes na mesma jazida que
(clevelandite), microclina, moscovite, lepidolite, os aplitos contêm, em relação a estes, mais K2O, Rb,
berilo, columbite-tantalite [12]. Cs, similares ou menos Ba, Ga e menos Al2O3, FeOt,
Em extensos afloramentos de alternância de soleiras NaO2, H2O+, Li, Zr [9, 10].
de aplito-pegmatito, o núcleo dos pegmatitos é Os pegmatitos com poucas excepções, contêm mais
ocupado por quartzo e moscovite hidrotermal em SiO2, Sn, Rb, Cs, e menos Al2O3, TiO2, Fe2O3, FeO,
rosetas e pouco K-feldspato, como no situado 600- FeOt.., MgO, CaO, Li, Zr, Y, Sr, Pb, Ba que o
1100 m a NE do marco Venturinha (Penalva do granito parental [9, 10].

1153
pelos desvios aparentes que os produtos tardios da
cristalização apresentam em relação ao mínimo
magmático ou eutético [1].
Por um outro modelo também baseado em estudos
experimentais, as zonas de minerais, as mudanças
bruscas no tamanho do grão e as múltiplas texturas
resultam de cristalização lenta e como resposta dos
magmas graníticos portadores de voláteis durante o
arrefecimento. Há correspondência entre pegmatitos
graníticos naturais e experiências em condições de
subsaturação de H2O [8].
Fig.11 – Corte geológico de um filão de pegmatito Referências Bibliográficas
granítico localizado 525 m S 65º W da Capela da Srª [1] Burnham, C. W. & Nekvasil, H. (1986) Equilibrium
da Cunha ( S. Mamede de Ribatua, Alijó, Vila Real). properties of granite pegmatite magmas. Amer Mineral.,
1 – Granito médio moscovítico-biotítico. Pegmatito 71 (3-4), pp. 239-263.
granítico: 2 – Zona interna (K-feldspato e quartzo); [2]Dias, M. B. & Wilson, W. E. (2000) The Alto Ligonha
3 – Núcleo de quartzo; 4 – Lentículas quase Pegmatites, Mozambique. The Mineralogical Record, 31,
esféricas de K-feldspato no seio do quartzo [9]. nº6, pp. 458-497.
[3] Ginzbourg, A. I. (1960) Specific geochemical features
5. Génese de Aplitos e Pegmatitos Graníticos of the pegmatitic processes. Int. Geol. Congress, Part.
Granito, aplito e pegmatito formam uma sequência XVII – Minerals and genesis of pegmatites, pp. 111-121.
de diferenciação magmática por cristalização [4] Gomes, C. L. (1984) Ocorrência de andaluzite em
fraccionada. pegmatitos da região de Arreigada (Paços de Ferreira –
Por trabalho experimental para explicar a génese do Porto). Mem. Not. Mus. Lab. Min. Geol. – Univ. Coimbra,
aplito e do pegmatito graníticos a partir de um 98, pp. 175-194.
mesmo magma granítico, ficou-se a saber que a [5] Gomes, C. L. (1995) Anatomia e classificação de
formação do aplito se originou por aumento de água pegmatitos cerâmicos intragraníticos do Norte de Portugal.
no liquido residual e condições do segundo ponto de Memória Mus. Lab. Min. Geol. Univ. Porto, 4, pp. 725-
ebulição foram atingidas. Dá-se a separação da fase 729.
fluida rica em água. Assim, o aplito representa o [6] Gomes, C. L. & Nunes, J. E. L. (2003) Análise
magma granítico residual cristalizado sem separação paragenética e classificação dos pegmatitos graníticos da
da fase aquosa. O pegmatito representa o magma cintura hercínica centro-ibérica. A Geologia de
granítico em que as duas fases, magmática e fluida, Engenharia e os Recursos Geológicos, Imp. Univ.
Coimbra, pp. 85-109.
estão presentes mas separadas, e os cristais dos
minerais formam-se adjuvados pela força ascendente [7] John, R. H. & Burnham, C. W. (1969). Experimental
do vapor da água. Daí, em muitas estruturas studies of pegmatite genesis: 1. A model for the derivation
and crystallization of granitic pegmatites. Econ. Geol., 64,
filonianas: o aplito situar-se a muro e o pegmatito a
pp. 843-864.
tecto; na passagem do aplito a pegmatito, neste
ocorrer, na sua base, pegmatito gráfico [7]. [8] London, D., Morgan, G. B. & Hervig, R. L. (1989)
Vapor – undersaturated experiments in the system
Na região de Tua – Alijó – Sanfins (Vila Real), macusanite – H2O at 200 MPa, and internal differentiation
aplitos e pegmatitos derivam de um magma granítico of granitic pegmatites. Contrib. Mineral. Petrol., 102, pp.
e a sua moscovite é dominantemente primária, 1-17.
embora os pegmatitos possuam alguma moscovite [9] Neiva, A. M. R. (1971) Geochemistry of late stage
secundária. PH2O dos magmas aplítico e pegmatítico granitic rocks from Northern Portugal. Dissertation for the
é geralmente maior do que a do magma parental. Philosophy PHD in the Cambridge University, pp. 1-151.
PH2O do magma pegmatítico é superior à do magma [10] Neiva, A. M. R. (1975) Geochemistry of coexisting
aplítico coexistente [10]. aplites and pegmatites and their minerals from central
Com base em estudos experimentais a partir das northern Portugal. Chemical Geology, 16, pp. 153-177.
composições dos pegmatitos de Spruce Pine e [11] Neiva, A. M. R. (1977) Distribuition of some
Harding (U.S.A.), foi possível concluir: a) a elements between coexisting minerals from granites,
cristalização da maioria dos pegmatitos faz-se a aplites and pegmatites from central northern Portugal.
partir de fusões saturadas em voláteis, na presença Chemical Geology, 20, pp. 223-233.
de fases fluidas aquosas existentes; b) a exsolução [12] Neiva, A. M. R., J. M. C. (2005) Beryl from the
do fluido aquoso é marcada pelo aparecimento do granitic pegmatite at Namivo, Alto Ligonha, Mozambique.
grão grosseiro da textura pegmatítica; c) a fase N. Jb. Univ. Abh., 181/2, pp. 173-182. Stuttgart.
fluida provoca mobilidade de muitos componentes [13] Neiva, J. M. C. (1942) Observações sobre o
do magma, facilita a separação do K do Na se há Cl crescimento de alguns cristais. Publ. Mus. Lab. Min. Geol.
abundante, e contribui para a precipitação de muito Fac. Ciências do Porto, 28, 2ª série, pp. 1-11.
quartzo; d) a segregação de espécies minerais nas [14] Neiva, J. M. C. (1942) Subsídio para o estudo
partes mais internas dos pegmatitos é responsável cristalográfico do quartzo dos pegmatitos portugueses.

1154
Publ. Mus. Lat. Min. Geol. Fac. Ciências do Porto, 26, 2ª
série, pp. 1-9.
[15] Neiva, J. M. C. (1944) Jazigos portugueses de
cassiterite e volframite Com. Serv. Geol. Portugal, 25, pp.
1-255.
[16] Neiva, J. M. C. (1946) Notas sobre a região mineira
de S. João da Corveira. Sep. de Estudos, Notas e Trab. do
Serv. Fom. Mineiro. 2, 3, 15 pp.
[17] Neiva, J. M. C. (1954) Pegmatitos com cassiterite e
tantalite-columbite da Cabração (Ponte do Lima – Serra de
Arga). Sep. de Mus., Lab. , Min., Geol. Univ. Coimbra,
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[18] Neiva, J. M. C. & Chorot J. L. P. (1945) Alguns
jazigos de ouro do Alto-Minho. Sep. de Est. Notas e Trab.
Serv. Fomento Mineiro, 1, 3-4, pp. 1-77.
[19] Neiva, J. M. C. e Neves, J. M. C. (1960) Pegmatites
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[20] Neves, J. M. C. (1960) Pegmatitos com berilo,
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Guarda). Mem. Not. Mus. Lab. Min. Geol. Univ. Coimbra,
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