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Agosto de 2003
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Capítulo I
1
GOULD, Stephen J. The panda’s thumb: more reflections on natural history. In CASTELLS, Manuel. A
sociedade em rede: 67
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CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: 67
3
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: 68
4
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: 54
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CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: 69
6
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: 39-41
3
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Capítulo II
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LEVY, Pierre. Cibercultura: 32
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LÉVY, Pierre. Cibercultura: 62-64
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2. A televisão
2.1. Onipotência da televisão (emissor) X Onipotência do telespectador (receptor)
A tese da onipotência da televisão, fundada na idéia de uma relação unilateral e
mecanicista entre mídia e política já não é mais aceita.
Não há dúvidas que as representações da realidade apresentadas pelos meios de
comunicação têm forte influência sobre as opiniões elaboradas pelo público receptor da
mensagem, mas esta parece ser, apesar disso, reelaborada pelo público, em virtude de um
processo onde a mensagem sofre a mediação de diversos fatores, como conversas com família
e amigos, nível de instrução e informação, ambiente de trabalho e de lazer, entre outros.13
Segundo Schmidt, a análise de dados empíricos comprovam que a confiança dos
jovens na cobertura política feita pelos meios de comunicação é limitada, o que indica a
inconsistência de imaginá-los como receptores acríticos e totalmente moldáveis por uma
mídia poderosa e alienadora.14
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LÉVY, Pierre. Cibercultura: 62
13
SILVEIRA, Flávio E. A decisão do voto no Brasil. In SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 85
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SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 85
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Maia, falando sobre os ensinamentos de Jesus Martin Barbero, acrescenta que a tese
de que o telespectador tem total autonomia em suas decisões também parece ser um engano:
... são dois extremos que não devem ser esquecidos, a crença do mal do emissor e a crença no
telespectador de que faz o que quer, sendo ele, responsável por tudo o que lê, vê ou ouve. E
conclui:
Ao reconhecermos os extremos, o que estamos afirmando é que existe uma vida
no meio, pessoas que vivem e que dialogam com o mundo, inclusive com a
televisão. Dialogam porque têm conhecimento, valores e não são vazios ou
camadas de cera em que imprimem o que desejam imprimir os homens detentores
e produtores das mensagens.15
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3. A Internet
3.1. A cibercultura e a inteligência coletiva
Pierre Levy, no livro Cibercultura, faz uma abordagem otimista, ressaltando a Internet
como provável potencializadora da inteligência individual, pelo fato de que os recursos da
rede, como memória, simulação, entre outros, possibitariam uma ampliação da sensorialidade
individual humana. Mas destaca, principalmente, as possibilidades de criação de uma
inteligência coletiva, em virtude de constituir-se em uma forma de comunicação não
midiática, interativa, comunitária, transversal e rizomática. 17
16
SCHWARTZENBERG, Roger G. O estado espetáculo
17
LÉVY, Pierre. Cibercultura: 132
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também emissores, e não só receptores, como acontece nas mídias clássicas, como a televisão,
o rádio e a mídia impressa.
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da Internet (que cada vez mais é uma usuária) corre de uma conferência
internacional para outra e freqüenta assiduamente uma ou mais comunidades
profissionais.
Capítulo III
19
VELASCO E CRUZ. 1968. Movimento estudantil e crise na política brasileira: 39
20
VELASCO E CRUZ. 1968. Movimento estudantil e crise na política brasileira: 51
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SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 207
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MISCHE, A. Redes de jovens
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A base é composta por todos os estudantes, neste caso universitários, que não são membros das diretorias das
entidades de representação estudantil, como por exemplo, os CAs (Centros Acadêmicos), DCEs (Diretórios
Centrais de Estudantes) e mesmo a UNE (União Nacional dos Estudantes).
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Endereços de algumas das páginas investigadas:
http://www.movimentoreviva.hpg.ig.com.br/movimento.htm;
http://www.cce.ufpr.br/~pardinho/Textos/movi.htm;
http://www.linsnet.br/verona/movimento_estudantil.htm;
http://home.ism.com.br/~thiagorf/enu.htm;
http://www.torturanuncamais.org.br/MTNM_pub/pub_ensaios/pub_ens_jovens.htm;
http://www.mundojovem.com.br/gremio3.htm; http://www.sopravariar.hpg.ig.com.br/movimento
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Destaca-se nesta corrente, ZANETTI, H. Juventude e revolução
12
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A apatia política, segundo Schmidt, não é um dado novo entre os jovens, apesar de ter
se tornado muito pronunciada nas últimas duas décadas26. Apresenta-se como um fator
negativo relevante, mas o autor entende que a participação política da juventude brasileira dos
anos 1990 envolve relações mais complexas.
Consideramos a abordagem de Schmidt mais realista, e por isso lhe daremos esta
denominação. Segundo o autor, os jovens dos anos 1990 expressam a mesma cultura política
híbrida própria ao conjunto da sociedade. Este hibridismo seria fruto das características
ambíguas do período de redemocratização, resultado da mistura entre elementos da cultura
política tradicional e da cultura política dos anos 1980, tendo presente tanto elementos
democráticos, como elementos autoritários, de descrença e de apatia política.
Indo além da visão pessimista, que destaca a apatia política da juventude atual, Schmidt
relata que dados de pesquisas realizadas em outros países evidenciam a inconsistência da idéia
de que particularmente os jovens brasileiros dos anos 1990 não teriam interesse ou
predisposição à participação política. Esta, em suas diversas formas, varia significativamente
entre diferentes países, não havendo um país “modelo”, no qual se concretize o cidadão
participante, símbolo dos ideais democráticos. A baixa participação política é uma
característica comum mesmo nos países com forte tradição de democracia representativa, de
forma que os estudantes brasileiros não fogem à regra descrita nas pesquisas internacionais.27
Estudos citados por Schmidt ressaltam o fato de serem comuns os baixos índices de
participação política. O autor cita as conclusões de David Burg 28, para o qual a participação
estudantil sempre foi pequena, de 10 a 20% do total, às vezes inferior a 2% 29. Cita também a
Teoria dos Três Públicos. Em suas palavras, esta teoria
... parece generalizável nos principais traços às democracias ocidentais de um
modo geral. A maior parte da população compõe o público de massa, cerca de
75% do total, caracterizado por uma atenção marginal à política, medianamente
cínico acerca do comportamento dos agentes políticos, mas que aceitam seu
dever de votar. Um extrato de aproximadamente 20% compreende os
apolíticos ..., indivíduos caracterizados pelo desinteresse e desatenção à política,
pela pouca informação e sequer não assumem opiniões políticas definidas nem o
dever de voto. O menor grupo, cerca de 5%, é composto pelos ativistas políticos,
26
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 323
27
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 326
28
BURG, David. Encyclopedia of Students and Youth Movements in SCHMIDT, J.P. Juventude e política no
Brasil: 188-189
29
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 189
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SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 56
31
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 279
32
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 207
33
ABRAMO, H. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil
34
SCHMIDT, J. P. Juventude e política no Brasil: 207-208
35
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 326 e 334
36
SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 334
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políticas), a carência de referenciais partidários e ideológicos podem ser alguns dos fatores a
induzir este redirecionamento das formas de participação política da juventude.37
Apesar de, segundo a pesquisa de Schmidt, o movimento estudantil apresentar um bom
índice de confiança, muito acima das instituições políticas ligadas ao Estado, ele pode ser
incluído entre os movimentos sociais convencionais, normalmente de abrangência nacional, e
tradicionalmente envolvidos em grandes causas ideológicas.
Os novos movimentos sociais, organizações ecológicas, feministas, de direitos humanos,
de combate ao racismo, as ONG’s, o Terceiro Setor e o trabalho voluntário, na maioria das
vezes têm causas bem direcionadas e localizadas. Talvez por isso proporcionem um sentido de
eficácia política mais palpável e estejam, ao que parece, redirecionando a participação política
da juventude brasileira a seu favor.
Capítulo IV
2. Com ou sem crise ou percepção de crise, a participação é baixa e pode ser estimulada
Mesmo que não caracterizemos uma crise ou uma percepção de crise podemos, com
base nos autores, já citados, estabelecer que a participação política dos estudantes no ME
encontra-se em níveis baixos e insatisfatórios.
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SCHMIDT, J.P. Juventude e política no Brasil: 176 e 323, 324 e 328
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redirecionamento indicado pela visão realista, e já citado anteriormente.
39
SCHMIDT, P.324
40
SCHMIDT, P.155
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Parte da resposta ao item 3.1 do questionário respondido pela diretora de comunicação da UNE, Lúcia Stumpf,
constante no capítulo VI desta pesquisa.
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Caracterizamos a nova estrutura midiática a partir de dois pontos principais: primeiro, a importância central
que a televisão e a cultura da imagem passaram a desempenhar no cenário político brasileiro, onde o discurso
político, assim como os programas políticos, parecem ter perdido importância diante da ação dos “marketeiros”
que foca imagens, posturas, enfim, constrói personalidades em detrimento dos discursos, que se tornam vazios e
excessivamente genéricos. E segundo, pelas possibilidades da Internet como meio de informação, divulgação,
atuação, agregação, mobilização, enfim, diversas formas de manifestação e intervenção política.
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b) relações com a mídia – saber utilizar a informação, e ter conhecimento e organização para
se relacionar de forma competente com a nova estrutura midiática.
Este segundo ponto, a CC da UNE em suas relações com a mídia será nosso objeto de
estudo. Nosso objetivo será verificar, na atual diretoria da UNE, que mídias são vistas com
destaque, e de que forma são vistas (positiva ou negativamente) ? Que mídias a entidade
utiliza em suas estratégias de comunicação, de que forma, e com que objetivos, assim como,
que argumentos são dados para estas escolhas ?
Capítulo V
1. O questionário
Com o objetivo de responder às indagações descritas no capítulo anterior foi elaborado
o questionário a seguir. Este foi enviado à diretora de comunicação da UNE Lúcia Stumpf. É
importante destacar que o mesmo foi enviado e respondido via Internet, já que a diretora
citada se encontrava no estado do Rio Grande do Sul, onde presenciava as eleições para o
DCE da UFRGS, e o elaborador deste trabalho, no estado Rio de Janeiro.
O questionário foi dividido em oito itens:
a) Diretorias responsáveis pela política de comunicação na UNE e atribuições
b) Política da diretoria de comunicação da UNE
c) Objetivos da diretoria de comunicação da UNE
d) As mídias – influência no atual cenário político
e) Mídia e comunicação com a base
f) Mídia e comunicação interna dos dirigentes
g) Percepções sobre a participação política dos estudantes: existência ou não de crise e seus
motivos. Importância da comunicação base/dirigentes neste processo.
h) Percepção sobre os itens da Competência Comunicativa: “conhecimento” da base e
“conhecimento” da mídia
2. Perguntas e Respostas
Neste item transcrevemos as perguntas e respostas em forma integral, sem nenhuma
modificação.
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4.1. Que mídia você considera mais influente no atual cenário político ?
a) Jornal
b) Rádio
c) Televisão
d) Internet
e) Outras – Citar qual (is) __________________________________________
4.2. Por que você considera a mídia citada acima a mais influente no atual cenário ?
R. Além de ser a de mais fácil acesso a população, e mesmo perdendo o poder da noticia
imediata que o rádio e a internet possuem, os jornais ainda são um espaço de discussão e
debate na sociedade. Analises políticas e conjunturais ganham fôlego nos jornais.
4.3. Que outra(s) mídias você considera de importância fundamental no atual cenário
político? Por quê ?
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5.1. Que mídias a UNE prioriza na comunicação com a base ? Por quê ?
R. Veículos impressos (jornal, revista e cartazes) e o portal da UNE na internet. Os materiais
gráficos porque ainda são muito necessários a política da UNE de realizar grandes
mobilizações e jornadas de luta dos estudantes. Cartazes fixados nas paredes das entidades e
das salas de aula são peças chaves para divulgação de atividades. A Revista da UNE, Revista
Movimento, é um novo investimento (estamos no ano 2) que se volta mais para o lado de
formulação política da entidade, como forma de diálogo da UNE não só com os estudantes
mas também com os professores, reitores e intelectuais da academia brasileira. E nosso
portal na internet é o instrumento capaz de levar notícias diárias da UNE aos estudantes.
5.2. Esta priorização foi feita com base em um planejamento ou ocorreu naturalmente ?
R. A criação da Revista Movimento como espaço formulador e de reflexão, assim como o
lançamento do nosso portal na internet foram fruto de um planejamento político detalhado
que levou em conta as necessidades da UNE e a dos estudantes – cada um de um lado da
ação.
6.1. Que mídias a UNE prioriza na comunicação interna entre seus dirigentes ? Por quê ?
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R. A comunicação entre os dirigentes da UNE é feita basicamente via e-mail e telefone. Não
há um veículo de comunicação interno – como um jornal, por exemplo – voltado a
comunicação entre os membros da direção da entidade. Isso porque o dia a dia da UNE é
muito dinâmico - e a integração entre o conjunto da diretoria muito grande, o que facilita a
propagação de idéias e ações. Nosso espaço de discussões são restritos as reuniões da
diretoria que ocorrem regularmente.
6.2. Esta priorização foi feita com base em um planejamento ou ocorreu naturalmente ?
R. Naturalmente.
6.3. Que outras mídias são utilizadas na comunicação interna entre os dirigentes ?
R. Mala direta onde enviamos os materiais gráficos para os diretores.
6.4. A UNE utiliza a Internet na comunicação interna entre os dirigentes ? De que forma ?
R. Sim. Temos um grupo de discussão interna via e-mail, além de um boletim eletrônico
quinzenal feito especialmente para a diretoria da UNE.
7.1. Você acha que há uma crise de participação política dos estudantes ?
R. Não.
O que você considera ser o motivo ou motivos da crise ?
7.2. A comunicação entre os dirigentes e a base é um ponto importante desta crise ? Por
quê ?
R. A comunicação não deve ser vista como motivo de qualquer dificuldade de interação entre
a base e os dirigentes do movimento estudantil. A comunicação é ainda insuficiente tendo em
vista o tamanho do desafio que temos pela frente – o de influenciar e dirigir politicamente
pela causa da defesa da educação mais de três milhões de estudantes universitários a partir
de uma diretoria de 71 pessoas. A UNE depende da rede do movimento estudantil, composta
por entidades de base, com Cas e Das, e entidades gerais como DCEs e UEEs. A UNE
sozinha não conseguiria dialogar com o conjunto dos estudantes brasileiros, nem deve se
esse seu papel. O papel da UNE não é outro senão o de unificar as lutas dos estudantes e
orientar politicamente, de forma propositiva e combativa, as entidades de base. Mas a
comunicação é e vem sendo cada vez mais um dos pilares da UNE na relação com a base. É
a comunicação, através de projetos pensados de maneira cada vez mais profissional, que vem
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fazendo com que a UNE volte a aparecer e a influenciar não só a base mas os demais setores
da Universidade e da sociedade brasileira.
8.1. Você acha que a atual diretoria da UNE reconhece as características, necessidades e
objetivos predominantes entre os estudantes universitários ? Caso responda que sim, quais
seriam estas características, necessidades e objetivos ?
R. Acredito que sim porque a diretoria da UNE é composta por 71 estudantes universitários
com os mais diversos perfis – estudantes de pagas, de públicas, de capitais, do interior, etc.
Então dentro da própria diretoria da UNE já se poderia identificar as características,
necessidades e objetivos dos estudantes. Mas ainda assim, nessa gestão da UNE pretendemos
tornar a comunicação cada vez mais interativa. Através do envio de questionários onde os
estudantes e os diretores de comunicação das entidades de base podem opinar sobre nosso
planejamento; de reuniões em que pretendemos reunir diretores de comunicação e estudantes
em geral que tenham interesse por essa área para pensarmos juntos os avanços necessários
para a comunicação da Une, entre outras iniciativa. E dessa forma, através da busca de
melhorias na pasta da comunicação, estaremos mais próximos dos estudantes para saber
deles quais suas necessidades. Sobre as características dos estudantes, acredito que seja
muito variada – entre os três milhões de universitários encontram-se jovens e adultos das
mais diversas classes sociais, condições de vida e ensino anterior. E isso implica em objetivos
e necessidades variadas também. Mas no que diz respeito à questão da universidade, acredito
que as necessidades e os objetivos vem sendo os tratados pela UNE nos últimos anos – nas
Universidades pagas a necessidade de uma nova política de mensalidades, nas públicas
melhores condições de ensino, no que diz respeito à vida pós universidade – melhores
chances no mercado de trabalho, no cotidiano, mais acesso ao lazer, cultura e esporte.
8.2. Vocês consideram que têm informação, conhecimento e organização necessárias para
utilizar a nova estrutura midiática (ver definição abaixo) a vosso favor ?
R. Acredito que sim. A UNE não é nem se propõe a ser uma empresa – com um grau elevado
de profissionalização em cada área. É uma entidade de estudantes, voltada para os
estudantes e composta por estudantes. Estes mesmos estudantes constróem sua politica em
cada área, se apoiando em equipes profissionais em alguns departamentos, como o de
comunicação. O objetivo da UNE com a mídia é um só – o de fortalecer a causa dos
estudantes. Para esse fim é que trabalhamos para uma maior abrangência da UNE frente aos
veículos de comunicação. Assim, a utilização da internet, para começar, ainda é sub
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Obs. : Caracterizamos a nova estrutura midiática a partir de dois pontos principais: primeiro, a
importância central que a televisão e a cultura da imagem passaram a desempenhar no cenário
político brasileiro, onde o discurso político, assim como os programas políticos, parecem ter
perdido importância diante da ação dos “marketeiros” que foca imagens, posturas, enfim,
constrói personalidades em detrimento dos discursos, que se tornam vazios e excessivamente
genéricos. E segundo, pelas possibilidades da Internet como meio de informação, divulgação,
atuação, agregação, mobilização, enfim, diversas formas de manifestação e intervenção
política.
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avançar em cima dos projetos que já existem e diversificar ainda mais as formas de relação
da UNE com os estudantes e com a sociedade em geral.
d) Questões 4.1, 4.2 e 4.3, referentes a influência das diferentes mídias no atual cenário
político.
Lúcia Stumpf considera o jornal a mídia mais influente no atual quadro político, devido
a, segundo ela, ser a mídia de mais fácil acesso à população, e também por ser um espaço de
debate e discussão na sociedade, onde as análises políticas e conjunturais ganham fôlego.
A diretora destaca também a Internet como uma mídia de grande influência atualmente,
enfatizando a capacidade de instantaneidade da mesma. Comenta que se não fosse a
dificuldade de acesso de grande parte da população a Internet seria a principal mídia.
Observamos nestas respostas que a televisão, que em nossos estudos é evidenciada
como a mídia de maior influência política, não foi nem lembrada no questionário. As
possibilidades superiores do jornal de permitir discussões em maior profundidade do que a
televisão parece ter sido um dos fatores que influenciaram sua escolha, indicando que,
possivelmente, a medida de importância para o debate político tornou-se medida de
capacidade de influência política.
A avaliação da Internet indica o reconhecimento de que suas possibilidades são grandes,
tendo uma grande capacidade potencial, que dependeria, entretanto, de sua universalização.
e) Questões 5.1, 5.2, 5.3 e 5.4, referentes à relação entre a escolha de utilização das mídias e
sua importância para a comunicação com a base estudantil
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A prioridade são os veículos impressos, como jornais, revistas e cartazes, com destaque
para a Revista Movimento que está em seu segundo ano, e o portal da UNE na Internet,
também recente.
Os veículos impressos são as principais mídias utilizadas para a divulgação de
mobilizações e outras atividades políticas, mas não parecem ser um espaço de debate político.
A Revista Movimento e o portal na Internet são empreendimentos recentes, fruto de
planejamento. A primeira parece ter o objetivo de possibilitar um maior espaço para a
formulação política da entidade, e espaço de diálogo com estudantes, professores, reitores e
intelectuais. O portal aparece também para melhorar o diálogo com os estudantes, na tentativa
de informar mais e melhor mas, além disso, deve possibilitar um espaço de interatividade
entre estes e a diretoria. Ambos parecem surgir para executar tarefas que os outros veículos de
comunicação cumpriam apenas parcialmente.
e) Questões 6.1, 6.2, 6.3 e 6.4, referentes à relação entre a escolha de utilização das mídias e
sua importância para a comunicação interna entre os dirigentes da UNE
Não houve planejamento para a escolha das mídias utilizadas na comunicação interna. A
comunicação entre os diretores é muito dinâmica e freqüente, destacando-se o telefone e o e-
mail, utilizando-se também um sistema de mala-direta. A Internet é utilizada para discussões
internas, através de um e-mail para grupos, e também para manter o grupo informado das
atividades da entidades, o que é feito através de um boletim eletrônico quinzenal de
divulgação interna. Também são realizadas reuniões regulares da diretoria.
f) Questões 7.1 e 7.2, referentes às percepções sobre a participação política dos estudantes:
existência ou não de crise e seus motivos. Importância da comunicação base/dirigentes
neste processo.
Na percepção de Lúcia Stumpf não há crise de participação política dos estudantes.
Sobre a comunicação entre a UNE e a base estudantil, a diretora observa a necessidade de
melhoras, mas afirma que a primeira depende das demais entidades do ME, pois sozinha não
conseguiria dialogar com o conjunto dos estudantes. Entende a comunicação como um fator
central da UNE na relação com a base e destaca que a maneira profissional de pensar a
comunicação que vem sendo adotada pela entidade tem feito com que esta volte a aparecer e
a influenciar não só a base mas os demais setores da Universidade e da sociedade brasileira.
A percepção de que não existe crise não deixa de ser uma surpresa, pois a pesquisa na
Internet e a conversa informal com militantes e ex-militantes havia mostrado a percepção de
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crise de uma parcela da militância política estudantil. A resposta indica que a percepção que
havíamos verificado não é representativa de todos os militantes, parecendo existir, portanto,
uma outra parcela que tem uma percepção contrária.
Mesmo não considerando a existência da crise de participação, a importância da
comunicação com a base é enfatizada na resposta, inclusive valorizando que a comunicação
seja realizada de forma profissional. As recentes novidades, como a revista Movimento e o
portal da UNE na Internet são indicativos da importância dada a comunicação, mas são
necessárias mais pesquisas para verificar a efetividade prática dos objetivos propostos com
estes novos empreendimentos.
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Capítulo VI
CONCLUSÃO
A principal preocupação desta pesquisa foi tentar entender as relações entre mídia e
participação política na entidade máxima representativa dos estudantes universitários, a UNE.
Alguns dos resultados foram surpreendentes, como a identificação de percepções
contrárias quanto a uma possível crise de participação política das bases estudantis.
Nossa proposta destaca a necessidade de um trabalho de comunicação competente
dentro dos movimentos sociais, especificamente no ME, enfatizando que as relações entre
mídia e política, dentro da nova estrutura midiática, são altamente complexas, e que seu
reconhecimento é o primeiro passo na direção da CC.
O estudo de meios de interação entre a UNE e as bases estudantis que possibilitem a
aquisição de informações sólidas sobre as características, necessidades e objetivos destas, a
pesquisa sobre as possibilidades e influência de cada uma das mídias no quadro político que
se apresenta, para finalmente adequar todas as informações coletadas às possibilidades
financeiras e organizacionais da entidade, parecem ser algumas diretrizes que podem vir a
colaborar no fortalecimento do ME.
Acreditamos que o cruzamento de informações entre a realidade dos movimentos
sociais e a teoria da academia pode auxiliar no fortalecimento dos primeiros e no
reconhecimento da importância da última, e por isso estamos abertos às críticas e gratos pela
indicação das deficiências desta pesquisa.
Gostaríamos de agradecer a colaboração da diretora de comunicação da UNE, Lúcia
Stumpf, e parabenizar a todos os dirigentes estudantis que acreditam e continuam lutando pelo
fortalecimento do ME e pela participação ativa das bases no cotidiano da luta política.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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30
- ALMEIDA, Junior Antonio Mendes de. Movimento estudantil no Brasil. São Paulo.
Brasiliense, 1981
- MISCHE, Ann. Redes de jovens. Teoria e debate 31, abr.-jun 1996: 23-29
- POERNER, Artur José. O poder jovem. história da participação política dos jovens
brasileiros. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 1968
30