Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Antes de se iniciar tal estudo, com forte vertente práctica, e porque a instauração de
qualquer acção declarativa importa, em regra, despesas judiciais para ambas as partes, torna-
se necessário fazer um prévia incursão sobre tais despesas quando alguma das partes não tem
meios económicos que lhe permitam pleitear em juízo, e dessa forma não lhe ser vedado o
acesso à justiça quando tal acontece. É esse, o instituto jurídico do vulgarmente designado por
APOIO JUDICIÁRIO.
Vejamos:
Cap. IV
Acesso ao Direito e aos Tribunais
29.
Não pode dizer-se que há uma justiça para ricos e outra para pobres. Não pode
confundir-se a possibilidade de acesso à justiça, com ter ou não mais possibilidades
económicas, e tal permitir os serviços de patrocínio de advogados ou solicitadores mais ou
menos sabedores, mais ou menos empenhados, mais ou menos conceituados. Temos de partir
do princípio de que todos os técnicos do direito têm o mesmo saber, o mesmo conhecimento
no exercício da respectiva função, embora, em rigor, se saiba que não é assim, e, como tal, isso
pode ter consequências no êxito ou inêxito das acções.
A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais (artº 20º da CR). Garantir essa
acessibilidade constitui uma responsabilidade do Estado.
O artº 16º (da Lei), define as modalidades de apoio judiciário que é, o que aqui mais interessa,
pois trata-se já da intervenção em tribunal, quer como autor ou como réu, isto é, como parte
interveniente.
Tal protecção jurídica (apoio judiciário), pode ser requerida pelas partes, pelo MºPº ou
advogado ou solicitador enquanto representantes da parte interessada (artº 19º).
É requerida à Segurança Social da área da residência (artº 20º), o pedido é feito em modelo
fornecido gratuitamente por aqueles Serviços (artº 22º).
1
Se fôr indeferido tal pedido, pode ser impugnado judicialmente, nos termos dos artsº. 26º,
27º e 28º da Lei. É competente o juiz da Comarca em que está sediado o serviço que indeferiu
tal pedido.
Quando é pedida a nomeação de patrono compete à Ordem dos Advogados ou dos
Solicitadores, que notificam as respectivas partes, e que o tribunal nomeará.
Cap. V
FORMALISMO DO PROCESSO DECLARATÓRIO OU DECLARATIVO
A tramitação normal de um processo declarativo, que agora segue uma forma única
(artº 548º) compreende as seguintes fases:
- fase dos articulados: fase em que autor e réu alegam as razões de facto e de direito
para fundamentar a respectiva posição que em juízo pretendem fazer valer; os articulados
regra são a petição e a contestação, podendo haver um outro, a réplica. Excepcionalmente,
pode haver articulado superveniente.
- fase de saneamento e condensação: em que o tribunal saneia o processo de tudo o
que impeça o prosseguimento da acção tendo em vista o conhecimento de fundo ( do mérito)
da acção, e condensa a matéria de facto que vai ser objecto de discussão para a apreciação
final (sentença);
- fase instrutória: em que as partes apresentam e indicam no processo os meios de
prova que entendem necessários para convencer o tribunal da sua pretensão;
- fase de julgamento e sentença: discussão sobre a matéria de facto (e de direito)
tendo em vista o convencimento do tribunal, de forma a formar a sua convicção no sentido do
interesse de cada uma das partes, a fim de obter uma sentença que lhe seja favorável.
Não significa que o processo tenha de conter todas estas fases, pois pode acabar em
qualquer altura, por desistência do pedido ou da instância (artsº 283º e 286º), ou por confissão
(283º) ou porque as partes transigiram e a transacção foi homologada pelo tribunal (283º e
290º).
Pode, até, a petição inicial com que o autor instaura a cção, ser indeferida
liminarmente pelo juiz (226º), nem sequer prosseguindo o processo com a citação do réu.
E pode também, na fase de saneador, o juiz considerar que o processo já contém os
elementos necessários para decidir (julgar), (condenar ou absolver (592º)), e decide sem que
tenha que haver discussão da matéria de facto em audiência de julgamento.
(artº 147º). Articulados são as peças processuais em que as partes expõem os fundamentos da
acção e da defesa e formulam os respectivos pedidos. E é obrigatória a sua dedução por
artigos (através de numeração, para mais facilmente serem identificados e localizados), daí o
nome de articulados (147º nº2). Devem ser redigidos em língua portuguesa ( 558º, h), sob
pena de rejeição. E devem ser assinados pelas partes ou pelos mandatários (artº 40º e 558, g).
2
Fase de grande importância, pois é aqui que as partes expõem as razões de facto e de direito
para fundamentar a sua posição. E o juiz, em regra, só pode ter em conta os factos alegados
pelas partes – princípio do dispositivo(artº3º).
(148º): devem ser apresentados duplicados nos casos em que há várias partes, para
entrega a cada uma delas.
B) Número de articulados.
São normalmente dois: petição inicial e contestação.
Só nos casos em que o réu, na contestação apresenta reconvenção com pedido
reconvencional, é que é possível outro articulado, a réplica (584º), para o autor
responder à reconvenção.
Ex. simples:
A instaura acção contra B, pedindo o pagamento do seu crédito de 20.000,00 euros.
B contesta, alegando que só deve 10.000,00, e alega ainda(reconvenção) que é o autor
A, quem lhe deve 30.000,00 resultante de negócios entre eles, pelo que pede (pedido
reconvencional), que este seja condenado a pagar-lhe 30.000,00, fazendo-se a respectiva
compensação.
O artº 588ºe sgs. prevê que podem ainda ser admitidos articulados supervenientes
além da petição, contestação e réplica, mas só quando há factos que interessam para
acção, e que ocorreram posteriormente à apresentação do último articulado, ou de que
só se teve conhecimento posteriormente.
O artº 552º diz-nos o que deve, a p.i. conter, isto é, qual o conteúdo formal da mesma,
sob pena de ser rejeitada quando da apresentação em juízo.
3
B) Conteúdo formal da petição. (552º).
- cabeçalho ou introito: a),b),c); (no exemplo infra, a parte inicial, com indicação do
Tribunal e identificação das partes)
- narração: d); assume grande importância, pois é através da fundamentação de facto e
de direito que o autor visa o reconhecimento do seu direito, visa a tutela jurisdicional
que solicita ao tribunal; a narração não deve cingir-se aos factos essenciais, deve indicar
todas as circunstâncias complementares e instrumentais que lhe permitam fazer
compreender com clareza a sua pretensão e os factos e razões que a motivam. É essa
factualidade que irá determinar o objecto do litígio e enunciar os temas que vão ser
objecto de prova em julgamento, pois só interessa a factualidade essencial
controvertida que seja decisiva para a resolução do conflito.(no exemplo infra, os artºs
1º a 11º, exposição dos factos essenciais que constituem a causa de pedir e as razões de
direitos que servem de fundamento à acção).
Agora já não é elaborada a chamada base instrutória ou o questionário do anterior regime processual. Por
isso, a forma como são apresentados os articulados têm de reflectir as últimas alterações processuais.
- conclusão: e).É a parte da petição inicial em que o autor formula o pedido, ou seja a
tutela jurisdicional que pretende obter. Deve ser a conclusão lógica da narração dos
factos e do respectivo enquadramento legal. (no exemplo infra,a parte final, com a
formulação do pedido).
A formulação do pedido é de grande importância porque o tribunal não pode condenar
ultra petitum nem em quantidade ou objecto diferente do pedido (face ao 609º). (Ex.
mesmo que se prove que o crédito é maior do que o pedido, o juiz não pode condenar em
mais do que vem pedido).
Tenha-se, aqui, em atenção, a matéria dada relativamente ao valor da acção (artº 296º e
sgs.).
- al g)- designação do agente de execução para proceder à citação, o Sr. Solicitador
F….com domicílio profissional em …..
- indicar testemunhas e outros meios de prova, embora tenha possibilidade de o fazer
depois.(552º nº2);
- apresentar documento comprovativo do pagamento prévio de custas ou do apoio
judiciário (552º-3.).
- a petição deve ser assinada pelo mandatário.
O 558º prevê casos em que a secretaria do tribunal recusa a p.i. no caso de faltarem os
elementos a que se refere o artº 552º supra citado.
4
1- pedidos alternativos – artº 553º. Aqui a escolha pertence ao devedor -réu. (ex.
levantar o muro ou o preço que tal acarreta. Carro vendido com defeito. Pretende a
entrega de um carro novo ou o valor do carro.
2- pedidos subsidiários – 554º . Quando o autor tem dúvidas sobre a procedência do
pedido formulado e então formula outro para proceder se o primeiro não vencer.( ex..
3- cumulação de pedidos: - o autor pode formular vários pedidos que não sejam
incompatíveis. -555º.
4-pedidos genéricos. 556º - é o caso de em acidente quando ainda o autor não está em
condições de determinar todos os danos.(569º do CC.
Ou quando o objeto da acção seja uma universalidade de facto(uma biblioteca) e de
direito(uma herança).
5. prestações vincendas – 557º. (ex.As prestações vencidas e as vincendas.) pretende-se
não terem que instaurar-se sucessivas acções.
D)Rol de testemunhas.
E)Entrega da petição na secretaria - 144º-
F)Recusa do recebimento da petição – 558º.
G)Reclamação contra a recusa do recebimento – 559º.
H)Distribuição – 203º, 208º, 212º.
5
O pedido tem de ser concretamente formulado na parte conclusiva da p.i. de forma a tanto a
parte contrária como o tribunal perceberem bem qual é a pretensão do autor.
Tal situação determina a ineptidão da p.i.
6
1.Citação pessoal – 225º nº2
- transmissão electrónica de dados;
- carta registada com AR;
- contacto pessoal com o agente de execução ou funcionário judicial.
Citação de pessoas colectivas – artº 228º, por via postal endereçada à sede da citanda.
Importante para contagem de prazos: - edital: 228º,8 – 225º6 + dilação 30 dias (245,3º).
- no estrangeiro – 239º
- na pessoa do réu – quando lhe é entregue a carta;
- quando recebida por
representante (223º nº1) ou mandatário ou empregado (223º nº3).
ººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººº
(Nota: Antes da matéria sobre a elaboração da Contestação, vamos intercalar aqui a matéria
relativa à contagem de prazos (em parte já abordada), dada a sua relevância para contarmos o
prazo dentro do qual deve ser apresentada a Contestação.)-
Assim:
(Do nº11 do Livro da Bibliog. Principal)
A)
Lei sobre prazos:
Prazo é o espaço de tempo entre dois momentos, o inicial e o final.
7
-Prazo legal e prazo judicial: diz-se legal quando marcado pela lei, e judicial quando fixado
ao longo do processo pelo juiz.
-artº 139º nº1: dilatório (difere para certo momento a possibilidade de realização de um
acto ou o início da contagem de um outro - 242º e 245º).
e peremptório (139º nº3) extingue o direito de praticar o acto. Só em caso de justo
impedimento é que o acto pode ser realizado fora do prazo (nº4 do 139º).
E pode ainda ser praticado dentro dos três dias úteis subsequentes ao termo prazo ficando
a sua validade dependente do pagamento imediato de uma multa (nº5 do 139º).
A dilação é o período de tempo que se adiciona ao prazo previsto para a defesa. É de duração
diferente ou não, conforme o modo como a citação foi feita.
O artº 245º refere períodos de dilação de 5, 15 e 30 dias. (Vide artº 245º).
No caso de pluralidade de réus, (569º nº2), a contestação de cada um deles pode ser oferecida
até ao termo do prazo que começa a correr em último lugar.
569º nº4 – o prazo pode ser prorrogado ao MºPº.
………………………..
Artigos a ter em conta: 137º a 145º, 143º, 156º, 219º a 258º, 12º LOFTJ e as disposições de
tramitação que imponham prazos (p.ex. 569º, 584º e 585, 638º)
Artigo 27.º
Ano judicial
8
Artigo 28.º
Férias judiciais
***
Elementos fundamentais:
Situações prácticas:
1. António foi citado para contestar uma acção com processo comum, com o valor de
40.000,00€, por carta registada com A.R., recebida pelo mesmo em 10 de Março de
2016(). A acção foi proposta no Tribunal de Braga – local onde reside o Réu. Quando
termina o prazo para contestar?
9
2. Luís foi citado para contestar uma acção com processo comum com o valor de 30.000,00€,
pendente no Tribunal de Caminha, local onde reside, por carta registada com A.R. assinado pelo
próprio em 22 de Janeiro de 2016 (6ª feira).
3.António intentou acção declarativa de condenação, com processo comum, contra Bernardo,
ausente em parte incerta. Realizadas as diligências previstas no artigo 236º do CPC, estas
revelaram-se infrutíferas, pelo que se procedeu à citação edital. Então, António promoveu a
publicação dos competentes anúncios, tendo o último sido publicado em 28 de Dezembro de
2017. Até quando poderia Bernardo contestar a referida acção?
Como o prazo não se conta em férias judiciais (138º nº1), neste caso de 22 de Dezembro a 3 de
Janeiro (28º LOFTJ), começará a contar dia 4 de Janeiro/2016 e terminará dia 10 de Março.
Ex. 4.
O Réu Pedro foi citado na sua residência por carta registada com AR, em
24/12/2016 (sábado), e a Ré Esmeralda, foi citada editalmente, tendo sido publicado o
respectivo anúncio em 30/12/2016(sexta-feira).
10
A contestação é a resposta do réu à petição inicial apresentada pelo autor. É através
dela que o R. tem a oportunidade de se defender da pretensão formulada pelo autor na acção.
Do ponto de vista formal, e como resulta do artº 572º, tem um conteúdo idêntico ao
da petição (artº552º, isto é, distinguem-se se três partes:
- o cabeçalho ou introito, a narração e a conclusão.
É na narração que o réu expõe as suas razões de facto e de direito por que se opõe à
pretensão do autor. A lei impõe que faça a distinção entre a defesa por impugnação (a
negação dos factos alegados pelo autor na p.i., ou a negação do efeito jurídico pretendido pelo
autor – exemplos breves) e a defesa por excepção (expondo os factos que fundamentam a
existência de qualquer excepção - exemplos breves).
11
43. Princípio da concentração da defesa
(artº 573º nº1) – toda a defesa deve ser concentrada na contestação. Se o não for, fica
precludida tal possibilidade posteriormente, salvo as excepções da lei, como no caso dos
incidentes. (Vide artº 615 nº1, d)).
O réu deve invocar em concreto todos os factos que contrariem os do autor, não basta invocá-
los abstratamente ou genericamente. Deve individualizar cada um dos factos que se opõe a
cada um dos alegados pelo autor.(572º).
O réu deve separar a defesa por excepção e a defesa por impugnação. Precedendo aquela a
esta.
12
nº2. (se o réu pretende na reconvenção obter o mesmo efeito jurídico que o autor na
acção, ou se pretende a compensação de créditos, nestes casos não se somam os
valores – 530º nº3).
13