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06/01/2019 Ruralistas derrubam dois presidentes da Funai em menos de um ano | Brasil | EL PAÍS Brasil

Ruralistas derrubam dois presidentes da Funai em menos


de um ano
Postos estratégicos foram ocupados por gestores conhecidos por favorecer
teses ruralistas, paralisando processos de demarcação e colocando em
risco a segurança de indígenas pela ausência de vigilância
MAÍRA STREIT (AGÊNCIA PÚBLICA)

29 ABR 2018 - 17:11 BRT

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Indígenas no acampamento Terra Livre, em Brasília, no último dia 25. JOÉDSON ALVES (EFE)
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06/01/2019 Ruralistas derrubam dois presidentes da Funai em menos de um ano | Brasil | EL PAÍS Brasil

Após forte pressão da bancada ruralista do Congresso, o presidente da Fundação


Nacional do Índio (Funai), Franklimberg Ribeiro de Freitas, entregou seu pedido de
demissão ao Ministério da Justiça na última quinta-feira, Dia do Índio. A exoneração do
general do Exército, que ocupava o cargo desde o ano passado, já era dada como certa,
aguardando apenas a oficialização do Governo no Diário Oficial. Embora não fosse visto
com muito entusiasmo pelos povos indígenas, a queda de Franklimberg sinaliza mais um
avanço da bancada ruralista sobre os direitos territoriais dos povos exatamente quando
o Congresso discute o parecer 001 da Advocacia-Geral da União (AGU), que pode
interromper mais de 700 processos de demarcação em andamento e, de imediato,
mandaria para os arquivos 90%.

O pedido de exoneração de Freitas partiu da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA),


que apresentou ao presidente Michel Temer uma carta assinada por 40 deputados e
senadores exigindo o afastamento de Freitas sob o argumento de que ele não vinha
colaborando com o setor. O texto foi divulgado às vésperas do Dia do Índio e do
Acampamento Terra Livre, mobilização que reúne lideranças indígenas em Brasília para
exigir o cumprimento de direitos e garantias constitucionais. Neste ano, a expectativa é
que o evento que se inicia hoje receba aproximadamente 3.000 representantes de
diferentes etnias.

O nome defendido pelos ruralistas para ocupar o posto é o do subsecretário de


Assuntos Administrativos do Ministério dos Transportes, Wallace Moreira Bastos, já
indicado ao Palácio do Planalto. O currículo de Bastos, no entanto, não mostra que já
tenha trabalhado com assuntos indígenas. Ele é concursado da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac) e foi sócio-proprietário de redes de fast-food como Giraffas, Casa
do Pão de Queijo e Montana Grill.

Franklimberg saiu de forma bem mais discreta que seu antecessor, o pastor evangélico
Antônio Costa. O general alegou “razões pessoais” para a renúncia, enquanto Costa,
exonerado em maio de 2017, convocou uma coletiva de imprensa para denunciar que
perdera o cargo por não aceitar as pressões da bancada ruralista, afirmando ter barrado
a nomeação de dezenas de pessoas sem nenhum compromisso com as causas
indígenas indicadas pelo deputado federal André Moura (PSC-SE), líder do governo no
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Congresso e nome importante na tropa de choque do ex-presidente da Câmara,
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Eduardo Cunha, preso pela Operação Lava Jato.

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Segundo Costa, o próprio titular do Ministério da Justiça, ao qual a Funai é subordinada,


representava os interesses da bancada ruralista. O então ministro, o deputado Osmar
Serraglio (MDB-PR), foi relator da proposta que pretendia transferir da Funai para o
Congresso a atribuição de demarcar terras indígenas. “Na verdade, a Funai é do PSC, do
André Moura”, declarou Serraglio ao Estadão, em seguida à saída de Costa, incendiando
ainda mais a discussão.

O PSC integra a bancada evangélica no Parlamento, alinhada aos ruralistas nas


questões socioambientais. Presidido pelo pastor Everaldo Pereira, o partido ganhou
força ao se aliar a Temer ao longo do impeachment de Dilma Rousseff. Concluído o
processo que derrubou a petista, a legenda herdou o controle da Funai e, desde então,
se tornou alvo de protestos pela maneira como tem conduzido o órgão responsável pela
política indigenista do país.

Nomeações perigosas
Francisco José Nunes Ferreira foi nomeado diretor de Administração e Gestão depois da
saída de Costa, quando as indicações da bancada ruralista se concretizaram. O cargo
era ocupado por Janice Queiroz de Oliveira, servidora da Casa há cerca de 30 anos. O
assessor para assuntos parlamentares, Arildo Xavier Faria, entrou pelo mesmo
caminho, assim como a diretora de Proteção Territorial, Azelene Inácio, até então
coordenadora-geral de Defesa dos Direitos Indígenas e, como Francisco, desafeto de
Franklimberg. Com a promoção, Azelene se tornou responsável pelo processo de
demarcação de terras indígenas, crucial para a sobrevivência dos povos e alvo principal
dos grandes proprietários de terras e das empresas do agronegócio.

Em 2008, Azelene foi acusada pelo Ministério Público Federal em Santos (SP) de ter
atuado a favor do empresário Eike Batista na construção de um complexo portuário que
afetava diretamente uma comunidade indígena. Segundo a denúncia, a servidora
acompanhou, sem autorização da fundação, funcionários da LLX em uma reunião na
aldeia para convencer os índios a deixar a área e aceitar as ofertas sugeridas pela
companhia. Seu marido, o advogado Ubiratan de Souza Maia, foi condenado em uma
ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em Chapecó (SC) por
prática ilegal de arrendamento de terras indígenas.
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O ouvidor da Funai, o delegado da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier da Silva,


também foi nomeado depois de ter assessorado os deputados Alceu Moreira (MDB-RS)
e Nilson Leitão (PSDB-MT) durante a CPI da Funai e do Incra, que encerrou seus
trabalhos pedindo o indiciamento de antropólogos, professores universitários,
lideranças comunitárias e servidores de ambos os órgãos. Os parlamentares eram,
respectivamente, presidente e relator da comissão. No ano passado, o delegado e
ouvidor da Funai fez um pedido por escrito à Polícia Federal para investigar indígenas e
organizações não governamentais no Mato Grosso do Sul e solicitou fiscalização
ostensiva em terras ocupadas por proprietários rurais e reivindicadas por Kuarani-
Kaiowá ao comando da Polícia Militar do Estado.

Morrendo de inanição

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Criada em 1967 para representar o governo federal no registro de territórios e outros


direitos assegurados aos povos nativos, a Funai é palco de uma disputa interna que tem
paralisado ações essenciais para a proteção dos povos indígenas. Além de um corte de
40% no orçamento de 2017 em relação a 2014, a verba de proteção, fiscalização e
demarcação caiu 65% segundo levantamento realizado pela Pública (veja gráficos).
“Imagine uma Funai sucateada, sem orçamento, sem pessoal, sendo atacada por todos
os lados. Como vai fazer a proteção dos territórios, sobretudo onde estão os índios
isolados? Nós, povos indígenas, estamos
LOTERIApassando
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por um outro processo de
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colonização. No passado, podíamos responder aos ataques da mesma forma que os
colonizadores. Agora, se respondermos à altura, somos criminalizados”, afirma Paulo
Tupiniquim, membro da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). No Brasil, há
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107 registros da presença de índios vivendo em isolamento, o que configura o país com
a maior concentração desses grupos no mundo, ameaçados constantemente pela ação
de madeireiros e garimpeiros ilegais.

Essa também é a preocupação de Felício Pontes, do MPF. “Se houvesse vontade


política, mesmo com o orçamento reduzido, você poderia redirecionar alguns serviços
dentro da Funai e manter pelo menos os postos de vigilância nos lugares mais críticos
onde qualquer coisinha pode descambar para o genocídio”, disse o procurador à
Pública.

Entre 2014 e 2017, a participação da Funai no orçamento geral da União caiu 25% em
relação a 2010-2013 e representa hoje 0,002% do total. O orçamento autorizado para
este ano é de R$ 596 milhões – ligeiramente superior ao de 2017 (R$ 548 milhões), mas
insuficiente para recompor o déficit orçamentário do órgão. Já a verba de proteção,
demarcação e fiscalização é a menor na última década, segundo o levantamento da
Pública. Entre 2014 e 2017, a queda foi de 65% em relação ao período de 2010-2013. De
acordo com o último relatório de gestão da Funai (2016), com a redução orçamentária
seria impossível cumprir a meta de fiscalizar 138 Terras Indígenas (TIs) em 2017 – há
435 TIs regularizadas no país, e mais de cem em processo de demarcação, além
daquelas ainda em estudo, segundo os dados da Funai.

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O quadro de servidores da Funai também é o menor desde 2010. Em 2013 eram 2.947
servidores, número que baixou para 2.281 em 2017 (em 2018 mais 213 servidores
aprovados em um concurso em 2016 assumiram seus cargos). De acordo com o último
relatório de gestão da Funai (2016), cerca de 70% dos servidores têm acima de 50 anos.
E mais de mil devem se aposentar até 2020, o que representaria a perda de quase
metade da força de trabalho.

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Além disso, a qualidade dos recursos humanos está ameaçada pelas indicações
políticas, que, embora sempre tenham ocorrido, ganharam novo caráter nos últimos
anos, de acordo com funcionários da Funai. “Do ponto de vista da comparação com
gestões anteriores, pode ser dito, de todo modo, que a atual [ainda a do general
Franklimberg] mostra-se mais permeável à nomeação de pessoas não apenas pela via
da política partidária, mas com pouca ou nenhuma experiência com as questões
indígenas, ou, pior ainda, com experiências anteriores marcadas pelo questionamento
frontal aos marcos da proteção e promoção
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NIÑOdireitos indígenas”, destaca uma
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servidora que pediu para não ser identificada.

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“Sem orçamento, com um quadro parcial de gestores indicados por partidos como
MDB, PSC, PP, PSDB, PDT e PR; e com um quadro de servidores em torno de 30% do
necessário, a Funai, que executa um trabalho fundamental para o Estado brasileiro, vai
minguando entre egos e ódios. O plano, parece, é deixá-la na inanição”, sentencia. “Só
não padece totalmente porque seus servidores são dedicados ao serviço público e aos
povos indígenas”, completa.

Com ela concorda o geógrafo Gilberto Watarami, do Conselho Indigenista Missionário


(Cimi), para quem a redução orçamentária e a perda de recursos humanos de qualidade
– ao lado de outros retrocessos na política indígena – têm a intenção de estrangular a
Funai, fragilizando as populações indígenas e ameaçando o seu território. O mais grave,
segundo ele, é que o problema vai além do atual governo. “O fato de a Funai ter passado
por um corte orçamentário imobiliza e prejudica fortemente qualquer atuação. A política
de austeridade de Temer, com a Emenda Constitucional 95 [que instituiu um teto para
os gastos públicos até 2036], impactará ainda mais, pois os recursos já reduzidos se
manterão, caso não haja uma mudança, por 20 anos. É sabido que as demandas para o
órgão são crescentes”, alerta.

Procurado, o pastor Everaldo Pereira informou por meio de nota que o PSC “não
responde por questões internas da Funai ou de qualquer órgão do Governo federal”. Já a
assessoria de imprensa da fundação não deu retorno até o fechamento desta
reportagem.

Levantamento de dados: Iuri Barcelos

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