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O controverso caso da Resolução 242 (1967) do Conselho de Segurança

Article · June 2011

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Eduardo Uziel
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O controverso caso da Resolução 242
(1967) do Conselho de Segurança
Eduardo Uziel

Resolution 242 (1967) of the Security Council is one of the basis of the Middle East peace process, but is also one
of the most disputed decisions of the United Nations. Its controversies – above all the one regarding the occu-
pied territories – create an opportunity to investigate the decision-making process of the Security Council. The
negotiations underline the politics amongst the parties and the members of the Council and reveal how the
final text is the product of power relations in the international arena, mediated by the structure and practice
of the organ.

Introdução de escrutínio e brandidos como forma de


justificar ações ou inações.
A Resolução 242 (1967) do Conselho Mas a Resolução 242 (1967) também é
de Segurança, adotada em 22/11/1967, interessante como instrumento de estudo
por unanimidade, é o credo de Niceia do da dinâmica política e das práticas do
processo de paz no Oriente Médio. Todas Conselho de Segurança. As resoluções do
as mais importantes resoluções aprova- CSNU, em geral, refletem em seu texto as
das pelo CSNU sobre o tema fazem re- configurações de poder internacional, me-
ferência e, por vezes, reafirmam, a deci- diadas pelas particularidades de composi-
são de 1967. Os acordos assinados entre ção e procedimento do órgão. Na maioria
Israel e Egito, Israel e Jordânia e Israel e a dos casos, é difícil discernir a origem de
Organização para a Libertação da Palesti- cada parágrafo ou termo, visto que muito
na e o convite para a conferência de Ma- do processo negociador fica obscurecido
dri (1991) também se colocam no marco após a adoção do texto. Isso é verdadeiro
da decisão tomada pelo Conselho poucos para o período após o fim da Guerra Fria,
meses após a Guerra dos Seis Dias.1 A quando a maioria das negociações passou
Resolução é tão relevante porque enuncia a ser feita a portas fechadas, e muitas re-
os princípios para a construção da paz e soluções começaram a atender requisitos
lista obstáculos que devem ser superados rotineiros do funcionamento das Nações
para pôr fim aos atritos na região. Como Unidas.3 A Resolução, porém, cria a opor-
afirma Neff, “the resolution has provided tunidade especial para um estudo da
the legitimacy and the framework for all interação entre o cenário político inter-
attempts at finding peace since its passa-
ge in 1967”.2 Seu texto é objeto de acerbas
disputas interpretativas, tanto entre as Eduardo Uziel, diplomata, é primeiro-secretário da
partes no Oriente Médio, quanto entre Embaixada do Brasil em Telavive.
acadêmicos que se alinham a uma das Este artigo não reflete a posição do MRE. Trata-se
posições políticas. Seus termos são objeto exclusivamente da opinião do autor.

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nacional e as decisões do CSNU por três raelenses ainda durante os combates. O


motivos: a) por ser polêmico e canônico, o Terceiro Mundo também estava dividido,
texto foi esquadrinhado nas últimas déca- com os latino-americanos e africanos reco-
das, evidenciando muito de seus sentidos nhecendo a posição precária de Israel,
obscuros e, sobretudo, as interpretações enquanto alguns membros (Índia e Iugos-
diametralmente opostas de alguns de seus lávia) aderiam às teses árabes. Havia, po-
termos; b) por tratar de tema visto como rém, uma vontade geral de evitar um
real ameaça à paz mundial, a Resolução alastramento do conflito.4
foi negociada em alto nível, em Nova York Tendo esse contexto como pano de fun-
e nas capitais, deixando mais clara a rela- do, os debates nas Nações Unidas desen-
ção entre as posições nacionais e o texto rolaram-se em quatro etapas: de abril a
final; e, c) porque o CSNU discutia em junho, o Conselho de Segurança debateu o
sessões públicas suas desavenças (ao con- tema; de 17/6 a 18/9, a Assembleia Geral
trário de hoje), há uma disponibilidade de foi convocada em sessão extraordinária;
fontes adequada à pesquisa. de 19/9 a 23/10, a AGNU tentou obter um
O ano de 1967 foi marcado, desde o consenso em sua sessão regular; o Conse-
início, por uma tensão crescente. Uma lho retomou a liderança, até adotar a Re-
mudança na orientação política de Nasser solução 242 (1967), em 22/11.5
levou o Egito a emular a Síria nos constan- O objetivo deste artigo é elucidar a
tes atritos com Israel. Em abril, houve um interação entre a dinâmica política e as
grande combate aéreo entre sírios e israe- práticas do Conselho de Segurança na to-
lenses que quase levou os países à guerra. mada de decisões que traduza a relação
A decisão egípcia, em maio, de bloquear o de forças internacionais e os interesses das
Estreito de Tirã elevou ainda mais a ansie- partes. Para isso, a Resolução 242 (1967)
dade, que chegou ao máximo com a retira- será utilizada como caso a partir do qual
da definitiva da Força de Emergência das será possível identificar elementos dessa
nações Unidas (UNEF). Em 5/6, Israel mediação e inferir conclusões mais gerais
deslanchou um ataque contra o Egito e, sobre o funcionamento do CSNU. Ao
em seis dias, subjugou também as forças invés de partir de uma análise abstrata
de Jordânia e Síria, apesar do furor no da Resolução, optou-se por debater seus
Mundo Árabe. pontos mais controversos e, por meio de
A URSS, voltada para expandir sua uma engenharia reversa, buscar com-
influência no Oriente Médio, encorajou preender como foram estabelecidos. As
seus clientes, Egito e Síria, a políticas ou- posições antagônicas expõem argumentos
sadas. Mas a derrota na guerra fez temer normalmente como proposições jurídicas.
por uma escalada do conflito que forçasse Embora haja questões de direito envolvi-
suas forças para fora da região ou a tragas- das, o objetivo é analisar o valor político
se em um conflito maior. Os EUA viviam dos debates do CSNU, órgão que, longe
um momento defensivo, incapazes de li- de ser um tribunal, tem compromisso com
vrar-se do “atoleiro do Vietnã”. Preocupa- o fim dos conflitos, não com a justiça. A
vam-se sobretudo em excluir Moscou do visão israelense é tomada como ponto de
Oriente Médio e começavam a ver em Is- partida não por qualquer qualidade in-
rael um parceiro. A maioria dos países trínseca, mas porque, como potência ocu-
ocidentais tendia a ver Israel como vítima pante, Israel teve necessidade, desde 1967,
de agressão, exceção feita à França, que de prodigalizar argumentos que justifi-
rompeu sua aliança estratégica com os is- quem sua posição.

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

O artigo está estruturado da seguinte de uma posição. Assim, poderão ser consi-
maneira: I) são colocadas à mostra as per- derados argumentos que derivem de hi-
cepções israelenses sobre a Resolução; II) póteses de pesquisa divergentes entre si,
são analisadas as visões críticas ao ponto mas que produzam percepções conver-
de vista israelense, evidenciando a exis- gentes sobre a Resolução.
tência de divergências sobre o texto; III)
procura-se identificar como o conjunto da
Resolução e vários de seus elementos fo-
ram formados a partir da dinâmica políti- A retirada dos territórios e
ca internacional de 1967 e da mediação a omissão do “the”
realizada pelo CSNU; IV) na conclusão,
são estabelecidas generalizações a partir Apesar de declarações iniciais no senti-
do caso da Resolução 242 (1967), como do de devolver os territórios, nos meses
instrumento para o estudo do processo entre a Guerra dos Seis Dias e a adoção da
decisório do Conselho. O apêndice traz a Resolução 242 (1967), Israel mostrou-se
íntegra da Resolução. crescentemente relutante em retirar-se das
áreas ocupadas por seu exército – Golã,
Cisjordânia (inclusive Jerusalém Oriental),
Faixa de Gaza e Península do Sinai. Essa
Percepção israelense tendência ganhou força com as medidas
Ao longo das mais de quatro décadas para anexar Jerusalém. Naquele 22/11, no
desde a adoção da Resolução 242 (1967), CSNU, o chanceler Abba Eban deixou cla-
a postura israelense ante essa decisão do ro que Israel considerava uma solução
CSNU não deixou de apresentar variações. inadequada o retorno às linhas estabeleci-
No entanto, é possível identificar certos das pelos Armistícios de 1949. Interpretou
elementos de constância nas declarações o texto adotado de modo a sublinhar que
governamentais sobre o tema, bem como as partes teriam margem de manobra para
em textos acadêmicos. De modo muito negociar mudanças territoriais e que Israel
geral, pode-se dizer que Israel nunca rejei- não estaria obrigado a desocupar territó-
tou a Resolução como um todo, mas prefe- rios antes da conclusão de acordos de paz.6
riu valorizar certos elementos e interpretá- O principal argumento israelense ba-
-los de modo particular. Para efeitos do seia-se numa das mais conhecidas carac-
presente estudo, serão consideradas posi- terísticas da Resolução: a omissão do artigo
ções israelenses tanto as expressamente the no PO1 (i), que estabeleceu a linguagem
estabelecidas pelo governo quanto as for- “withdrawal of Israel armed forces from
muladas por acadêmicos, israelenses ou territories occupied in the recent conflict”.
não, que advoguem e favor do statu quo Eban realçou tratar-se de omissão proposi-
post bellum ou de uma posição privilegiada tal com consequências para o sentido do
para Israel nas negociações de paz. As fon- texto (“the resolution says what it says. It
tes para a pesquisa serão pronunciamentos does not say that which it has specifically
oficiais e artigos publicados em periódicos and consciously avoided saying”).7 Desde
acadêmicos reconhecidos. 1967, o argumento foi explorado em cone-
É importante notar que o objetivo des- xão com outros aspectos do texto (que se-
ta e da próxima seção é realçar os diversos rão tratados adiante). O diplomata e jurista
elementos controversos da Resolução 242 estadunidense Eugene Rostow, envolvido
(1967) e os principais elementos da defesa nas negociações originais, argumenta que

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ARTIGOS

nenhuma parte poderia honestamente ad- cease-fire lines of 1967 as the occupying
vogar uma retirada integral e incondicio- power…”.11 Esse argumento é raramente
nal para as linhas de 1949. Considera que invocado pelo governo e por acadêmicos
Israel tem discricionaridade para decidir israelenses, visto que, nos termos da IV
de que territórios deverá sair como parte Convenção de Genebra, atos como a ane-
de um esforço para alcançar a paz.8 xação de Jerusalém Oriental e a constru-
A posição israelense sobre o the de- ção de assentamentos são incompatíveis
frontou-se com o texto em francês, que lê com a condição de potência ocupante.
“retrait des forces armées israéliennes des A resistência a assumir o status de po-
territoires occupés lors du récent conflit”, tência ocupante tornou também incomum
sugerindo tratar-se de todos os territórios. para Israel questionar a diferença entre
O jurista israelense Shabtai Rosenne sus- ocupação e aquisição de território. A britâ-
tentou a tese de que, no caso de incongruên- nica Higgins argumenta que, no direito
cia, deveria prevalecer o idioma em que o internacional ou na Resolução 242 (1967),
texto foi negociado. Nesse caso, o inglês, não se deve confundir “claiming title to
que seria favorável à posição israelense. territory and legitimate military occupa-
Sem negar validade à versão francesa, as- tion of it”. Nesse contexto, as forças israe-
sinalou que ela deve ser interpretada de lenses poderiam permanecer nos territó-
modo a adequar-se à inglesa.9 rios ocupados até que fossem concluídos
Mas a “cláusula territorial” da Reso- tratados de paz, desde que o governo isra-
lução 242 (1967) também é interpretada, elense cumpra suas obrigações.12
por vezes, por Israel, como um reconheci-
mento de título de conquista. Juridica-
mente, esse raciocínio se baseia na ideia
de que Egito e Jordânia não teriam justo Fim do estado de
título para a Faixa de Gaza e a Cisjordâ- beligerância e fronteiras
nia. Assim, como decorrência da campa- reconhecidas
nha de 1967, Israel estaria de posse de
terras que poderia, teoricamente, reivin- A perspectiva israelense tem dado ên-
dicar. Em 2009 e 2010, membros do gover- fase ao disposto no PO1 (ii) da Resolução
no israelense qualificaram as fronteiras 242 (1967), isto é, o fim do estado de be-
anteriores à guerra de absurdas e despro- ligerância, o reconhecimento da inde-
vidas de base histórica ou legal e afirma- pendência, soberania e integridade terri-
ram que a Cisjordânia é um “território torial de todos os Estados da região e o
disputado” entre Israel e os palestinos, direito de viver em paz dentro de frontei-
cabendo decidir seu status final em nego- ras seguras e reconhecidas. Para um país
ciações entre as partes.10 cuja existência não era aceita por qual-
Entre alguns juristas, é sustentada a quer de seus vizinhos, a cláusula de fim
interpretação de que a Resolução 242 de beligerância e reconhecimento de Esta-
(1967) legitima plenamente Israel como do tornou-se uma condição essencial para
potência ocupante, pelo prazo que for ne- a normalização das relações internacio-
cessário para obter a paz. Nos termos de nais na região. Para Lapidoth, a Resolu-
Rostow, “the central feature of Resolution ção exige o reconhecimento incondicional
242, and of the Security Council’s cease- de Israel por todos os Estados da região.
-fire resolutions which preceded it, is that Ademais, enquanto os países árabes pu-
Israel is legally entitled to remain on the dessem invocar o estado de beligerância,

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

poderiam tentar justificar juridicamente perspectiva, porque outros projetos de re-


ações militares contra Israel.13 solução estabeleciam limites temporais.
Quanto a fronteiras “seguras e reco- Essa interpretação tem sido advogada
nhecidas”, Israel argumenta que os limites igualmente pelos EUA, como forma de
estabelecidos pelos Armistícios de 1949 explicar sua política de permitir que Israel
não podem ser considerados como base se mantenha nos territórios ocupados na
para fronteiras. Tratar-se-ia apenas de in- ausência de um acordo com os países ára-
dicações de onde estavam os exércitos em bes. Como resume Rostow:
1949 e explicitamente sem valor político.
Ademais, seriam vulneráveis estratégica e It calls upon the parties to reach ‘a peaceful
juridicamente e, logo, tendentes a encora- and accepted’ agreement which would
jar novos atritos.14 definitively settle the Arab-Israeli contro-
De início, essa posição era interpre- versy (…). The agreement required by pa-
tada, com a concordância de muitos mem- ragraph 3 of the resolution, the Security
bros do CSNU, como a permissão para Council said, should establish ‘secure and
retificações menores nas linhas de 1949, recognized boundaries’ between Israel and
eliminando dificuldades como a “saliên- its neighbors ‘free from threats or acts of
cia de Latrum”, desde que com a anuên- force,’ to replace the Armistice Demarca-
cia das partes. Mais recentemente, Israel tion Lines established in 1949, and the cea-
passou a interpretar a disposição da Re- se-fire fines of June, 1967. The Israeli armed
solução 242 (1967) de modo a restringir o forces should withdraw to such fines, as
princípio de “terra por paz” que orienta part of a comprehensive agreement, set-
o processo de paz. Segundo esse racio- tling all the issues mentioned in the resolu-
cínio, Israel não teria que entregar todo o tion, and in a condition of peace”.17
território ocupado, a fim de obter uma
paz duradoura.15 Ao longo dos anos, a posição israelen-
se tem variado limitadamente sobre a pos-
sibilidade de que suas tropas recuem no
contexto de negociações ou apenas em
Condicionalidade dos cumprimento de um cronograma previsto
elementos em acordo de paz já assinado.

Desde 1967, os sucessivos governos is-


raelenses têm interpretado a ideia de de-
socupação como condicionada ao estabe-
Refugiados e navegação
lecimento de uma paz duradoura e de Dois outros temas devem ser mencio-
fronteiras internacionalmente reconheci- nados. No PO2 (b), a Resolução 242 (1967)
das. Em seu discurso após a aprovação da estipula que há necessidade de “achie-
Resolução 242 (1967), Eban deixou claro ving a just settlement of the refugee pro-
que Israel via o princípio da retirada de blem”. Inicialmente, Israel apenas fez re-
territórios como decorrente não só de um ferências vagas às “populações deslocadas
processo de paz, mas também do fim do como consequências de guerras”. Somen-
estado de beligerência e do estebelecimen- te na década de 1990, o governo israelen-
to de fronteiras seguras.16 A ausência de se passaria a aplicar a Resolução às nego-
um prazo explícito na Resolução para a ciações com os palestinos, sem concordar
retirada fortalece, na visão israelense, essa que ela estabeleça um direito de retorno

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ARTIGOS

para os refugiados de 1949 ou de 1967. Em complementação a essa técnica, a


Mas persiste também na posição israelen- posição israelense tem sido advogada
se o argumento de que a Resolução 242 também pelo cotejo de declarações, pos-
(1967) alude aos refugiados judeus que teriores à adoção, por parte dos diplo-
tiveram de deixar os países árabes após a matas diretamente envolvidos ou de seus
criação de Israel. A paz na região também superiores nas capitais. São selecionados
dependeria de uma solução justa para trechos de pronunciamentos oficiais e à
esses casos.18 imprensa ao longo de várias décadas. Esse
Israel apresentou o bloqueio do Es- método, que não encontra analogia no di-
treito de Tirã pelo Egito como o casus belli reito dos tratados, é geralmente emprega-
em junho de 1967. Após a vitória israe- do para demonstrar que a omissão do the
lense, o tema tornou-se menos imediato, foi proposital e deve ser entendida como
porque as forças egípcias, expulsas do ausência de obrigação de Israel de desocu-
Sinai, não podiam mais bloqueá-lo.19 No par a integralidade dos territórios.22
PO2 (a) da Resolução, o CSNU indicou
que a paz na região depende de “guaran-
teeing freedom of navigation through Visões críticas
international waterways in the area”. A
interpretação israelense é de que todas Se a perspectiva israelense alinhada na
as vias navais do Oriente Médio deve- seção anterior pode ser vista como um
riam estar abertas, em particular o Estrei- conjunto de posições expressas em cir-
to de Tirã, o Golfo de Aqaba o Canal e o cunstâncias muito diferentes, as visões
Golfo de Suez. A assinatura dos acordos desta seção são ainda mais díspares. Com-
de paz com o Egito (1979) e com a Jordâ- preendem como fonte pronunciamentos
nia (1994) apenas consolidariam a deci- oficiais de um número maior de países e
são do Conselho.20 artigos acadêmicos, mas o elemento que
os une é estarem voltados para criticar os
argumentos israelenses. Foram agrupados
Método interpretativo nas mesmas categorias.

Para sustentar as posições descritas


acima, Israel utilizou métodos interpre-
tativos que abordavam recursos além do A retirada dos territórios e
texto propriamente dito. O primeiro de- a omissão do “the”
les, por analogia ao direito dos tratados,
é o estudo da Resolução com base nas Mesmo antes de Abba Eban tomar a
discussões prévias, incluídas não só as palavra no CSNU, membros do Conselho
que tiveram lugar no CSNU de 9 a 22/11, explicitaram que a inadmissibilidade da
mas todos os debates desde abril de 1967, aquisição de territórios por meios bélicos,
no Conselho e na Assembleia Geral. O exposta no PP2, é a chave interpretativa da
resultado da aplicação desse método, na cláusula de retirada de Israel dos territó-
perspectiva israelense, foi confirmar que rios ocupados. A Índia deixou claro seu
o país não estava obrigado a retirar-se entendimento de que a Resolução 242
de todos os territórios ocupados e que (1967) comprometia o Conselho com o
só deveria retirar-se após assinados acor- princípio de “total withdrawal of Israel
dos de paz.21 forces from all the territories (...) occupied

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

by Israel as a result of the conflict”. A URSS marítimas, mas Israel não interpreta essa
afirmou ter votado a favor do projeto bri- ausência como restrição.25
tânico, tal como interpretado pelo embai- O texto em francês, explicitou o pró-
xador indiano. Diversos países fizeram prio representante da França no CSNU, é
declarações no mesmo sentido, embora igualmente válido juridicamente e tem o
não tão explícitas. O Brasil, por exemplo, mesmo sentido da Resolução em inglês.
indicou “no stable international order can Assim, “retreat from territories” e “retrai-
be based on the threat or use of force, and te des territoires” devem ser interpretados
(…) the occupation or acquisition of terri- como uma mensagem coerente. Ainda que
tories brought about by such means should as palavras do embaixador francês no
not be recognized”.23 CSNU não tenham sido totalmente des-
Essa posição tende a ser aceita pela providas de ambiguidade, juristas france-
maioria dos membros das Nações Uni- ses, desde a década de 1960, advogam que
das, e vários juristas procuram fortalecer o des assegura que a retirada deve ser de
o entendimento de que a aquisição de todos os territórios.26
território por meio bélico já não era reco- O reconhecimento de Israel como po-
nhecida costumeiramente desde o fim tência ocupante é anualmente reafirmado
da Primeira Guerra Mundial e que ficou pela Assembleia Geral das Nações Uni-
definitivamente proibida com a adoção das, em resoluções propostas pelos países
da Carta em 1945. As linhas de cessar- árabes, com o voto contrário de Israel.
-fogo de 1967 seriam um instrumento Esses textos corporificam a opinião de que
para parar o conflito e não concederiam o reconhecimento como potência ocupan-
direitos. Admite-se, porém, que a ausên- te, derivado ou não da Resolução 242
cia do termo all deixa alguma margem (1967), implica todas as obrigações conti-
de manobra para as partes negociarem das na IV Convenção de Genebra, inclusi-
limitados ajustes territoriais, que aten- ve a de não transferir populações para os
dam a interesses mútuos. Isso não signi- territórios ocupados. Não concedem a Is-
ficaria, porém, que Israel pode escolher rael a faculdade de escolher quando se
livremente quais áreas reteria. Como ex- retirar dessas áreas.
plicou McHugo, a omissão de all não de- Os autores dessa linha argumentam,
ve ser entendida como a introdução de contrariamente a Higgins, que as resolu-
um some implícito.24 ções adotadas pelo CSNU naquele ano,
A omissão do the não é também signi- culminando com a Resolução 242 (1967),
ficativa para essa corrente. Em primeiro objetivavam sustar as hostilidades e não
lugar, o texto vincula os territórios à ocu- conferiam qualquer legitimidade especial
pação no recente conflito. Isso seria sufi- à ocupação, muito menos à possibilidade
ciente para esclarecer de quais áreas o de aquisição do território ocupado. Após
CSNU tratava – Cisjordânia (inclusive mais de quarenta anos de ocupação, so-
Jerusalém Oriental), Faixa de Gaza, Golã e bressai o argumento de Shihata de que é
Península do Sinai. Em segundo lugar, o tênue o limite entre ocupação e aquisição,
artigo definido não seria necessário para porque a potência ocupante pode tentar
transmitir a ideia de que todos estão manter-se indefinidamente nas áreas to-
incluídos porque a referência a territories é madas ou coagir a outra parte a ceder-lhe
uma alusão a toda a categoria de territó- território. Assim, “the law that prohibits
rios ocupados. Por fim, a própria Resolu- forcible annexation cannot therefore tole-
ção omite o the também no caso das vias rate forcible occupation”.27

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ARTIGOS

Fim do estado de Jordânia (1994) e o reconhecimento da OLP


como representante dos palestinos (1993),
beligerância e fronteiras essa posição foi matizada. Essa tendência
reconhecidas consolidou-se com a Iniciativa Árabe de
As críticas à posição israelense concen- Paz, endossada pela Liga dos Estados Ára-
tram-se na questão das fronteiras. O argu- bes em 2002, que prevê algum tipo de vin-
mento é de que a Resolução 242 (1967) culação entre os dois elementos, mas inver-
determina que todos os Estados da região te a demanda israelense ao afirmar que os
– não apenas Israel – devem conviver den- acordos de paz e o reconhecimento pelos
tro de fronteiras seguras e reconhecidas. membros da LEA ocorrerão após a desocu-
Logo, não haveria por que modificar as pação ter progredido significativamente e
linhas de armistício necessariamente em no contexto de um processo negociador
favor de Israel. Mesmos os ajustes que confiável. Esse gesto político encontrou sua
poderiam ser acordados não podem de- base em argumentos acadêmicos anterio-
pender apenas da concepção israelense.28 res. Originalmente, a visão crítica a Israel
Outro questionamento sobre as fron- reiterava que “the resolution requires wi-
teiras é a definição de “seguras”, uma vez thdrawal from occupied territories and not
que o termo não significa defensável e to secure boundaries”. Isso significava que
pode ser valorado diferentemente de acor- qualquer condicionalidade seria uma inter-
do com a posição geopolítica do observa- pretação prejudicada pela capacidade de
dor. Shihata argumenta que Israel não Israel para criar fatos no terreno.31 A mu-
pode justificar a ocupação pela necessida- dança dessa postura baseou-se na perspec-
de de defender-se já que, desde 1949, as tiva de que a renúncia às hostilidades e a
linhas de armistício mostraram-se inde- desocupação dos territórios eram necessá-
fensáveis apenas para os países árabes.29 A rias para reforçar-se mutuamente. Isso não
mesma linha argumentativa procura refu- significaria uma paz absoluta e perfeita
tar a posição israelense de que as linhas de antes da desocupação, mas um processo
armistício eram explicitamente provisó- negociador que permitisse ajustes nas fron-
rias. Lembra-se que, nos casos de Síria e teiras e em outros arranjos. Adicionalmen-
Egito, grande parte da linha de 1949 re- te, para que possa haver confiança mútua e
pousava sobre fronteiras internacionais paz duradoura, as partes – sobretudo os
reconhecidas. Mesmo onde o armistício palestinos – deveriam sentir que a ocupa-
não coincidia com fronteiras, a ocupação, ção estaria em vias de acabar.32
nos termos da Convenção de Genebra (vi-
de item anterior), não concede direitos.30
Refugiados e navegação
O entendimento mais comum sobre a
Condicionalidade dos referência a refugiados na Resolução 242
elementos (1967) é tratar-se dos árabes palestinos
que deixaram as áreas sob controle israe-
A ideia de condicionar a retirada dos lense após a guerra de 1948-1949. Parte
territórios ocupados à assinatura prévia de dessas populações residia em campos na
acordos de paz foi inteiramente rejeitada Cisjordânia ou em Gaza e, em 1967, foram
pelos Estados árabes de início. Após os deslocados novamente ou passaram a es-
tratados de Israel com o Egito (1979) e a tar sob responsabilidade de Israel, de on-

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

de haviam fugido em 1949. Nesse con- proposital do artigo definido quis dar um
texto, a referência na Resolução estava sentido indefinido ao texto.35
associada aos diversos textos adotados O terceiro método, pouco comum, é
pela Assembleia Geral desde 1949 e que sugerido por Lynk, que examina a prática
tratavam da ideia de repatriação. Não subsequente do Conselho, seguindo a su-
havia, em 1967, consenso sobre a solução gestão de Kelsen de que só o CSNU está
justa para o “problema dos refugiados” legitimado para interpretar suas próprias
ser a criação de um Estado palestino. Tan- decisões. A conclusão é de que várias reso-
to assim que, nos debates do Conselho, luções posteriores, algumas com referên-
somente a Síria aludiu aos palestinos co- cias explícitas à Resolução 242 (1967), rei-
mo um povo distinto com aspirações na- teram a inadmissibilidade da aquisição de
cionais próprias.33 territórios por meios bélicos e condenam
A questão das vias marítimas, tão rele- como ilegal a persistente ocupação. Com
vante antes da Guerra dos Seis Dias, por isso, o órgão confirmaria a obrigação de
sua vez, foi conspicuamente omitida como Israel de retirar-se de todos os territórios.36
aspecto distinto das visões críticas a Israel. É importante frisar que foram escolhi-
O discurso egípcio na sessão do CSNU in- dos alguns aspectos da Resolução 242
dica que o direito de restringir a passagem (1967) como forma de explicitar as contro-
por vias marítimas passou a ser englobado vérsias existentes. As limitações de espaço
dentro da reivindicação mais ampla de impedem uma investigação pormenoriza-
restauração do status quo na região, isto é, da de outros temas.
de retirada dos territórios ocupados.34

Método interpretativo A dinâmica do CSNU e a


Resolução 242 (1967)
Os argumentos críticos a Israel e a sua
interpretação da Resolução 242 (1967) As duas seções anteriores explicitaram
costumam estar embasados em três meto- que a Resolução 242 (1967) permite in-
dologias. No primeiro caso, trata-se, por terpretações diametralmente opostas de
analogia ao direito dos tratados, da inter- suas cláusulas. Isso não ocorre porque as
pretação literal e dos termos de cada partes estão entrincheiradas em suas po-
cláusula no contexto geral. Os autores sições políticas ou porque agem de má-fé.
costumam utilizar esses métodos com es- Ocorre porque a linguagem da Resolução
pecial foco na ausência do the, e a conclu- dá margem a essas divergências, e a di-
são é de que a Resolução estabelece que nâmica entre o cenário internacional e a
Israel deve retirar-se de todos os territó- política do Conselho de Segurança explica
rios ocupados na Guerra dos Seis Dias. O a formação do texto. Antes de analisar as
segundo método é o uso dos trabalhos diversas partes da Resolução, é impor-
preparatórios – recurso igualmente utili- tante tecer considerações sobre dois aspec-
zado por Israel. Perry e outros autores, tos contextuais.
porém, concluem que os membros do A tensão nos meses após o conflito im-
CSNU decidiram caber a Israel retirar-se peliu o CSNU a tomar uma decisão. Como
de todos os territórios ocupados. Negam, ocorre quando nenhum dos lados se desa-
com isso, a ideia de expressio unius est ex- grega, o cessar-fogo foi seguido de constan-
clusio alterius, ou seja, de que a omissão tes atritos, sobretudo entre Israel e Egito,

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ARTIGOS

que ameaçavam reiniciar os combates e, in • A/L.523/Rev.1, dos países latino-ame-


extremis, envolver EUA e URSS. Os países ricanos: fora apresentado meses antes
árabes estavam descontentes com as reso- à AGNU, mas não obteve êxito. Sua
luções de cessar-fogo, e Israel via-se pres- estrutura e conteúdo, que enunciava
sionado, mas obstinava-se a manter seus princípios para uma paz duradoura,
ganhos. Em 21/10, forças egípcias afunda- foi a base dos debates no Conselho.
ram o navio israelense Eilat; e, em 24/10, a Os latino-americanos, representados
retaliação levou ao bombardeio de posi- por Brasil e Argentina, procuravam
ções egípcias, no que claramente parecia um meio termo que equilibrasse a
uma escalada em direção a um novo confli- completa retirada israelense dos terri-
to. Para o CSNU, como sintetizou Caradon, tórios ocupados em troca do reconhe-
“...the danger was that to do nothing would cimento mútuo e fim da beligerância
certainly lead to ultimate disaster with ano- pelos árabes;
ther war becoming inevitable”.37 • S/8227, de Mali, Nigéria e Índia pelos
O segundo aspecto diz respeito à lógi- Países Não Alinhados (MNA): advi-
ca de funcionamento do CSNU. Antes e nha de um grupo dividido entre os
durante a guerra, o órgão havia se reunido membros mais radicais, como Índia e
para, conspicuamente, tratar do tema, mas Iugoslávia, que se aproximavam das
falhara em tomar uma atitude decisiva – posições árabes de ataque diplomático
em parte por força da pressão soviética a Israel, e os membros moderados,
para permitir maior margem de manobra geralmente africanos, que não concor-
aos países árabes. Ao contrário do que davam em culpar Israel inteiramente
acontecera em 1956, a Assembleia Geral pelo conflito, embora fizessem fortes
também havia falhado em alcançar uma críticas à ocupação;
solução e contornar o impasse do Conse- • S/8229, dos EUA: os EUA ainda não
lho. A pergunta, em novembro de 1967, mantinham uma relação privilegiada
era: “the United Nations had failed to com Israel. Seu objetivo era manter os
prevent the June 1967 war; would it now soviéticos fora do Oriente Médio. Com
also fail to find a formula to deal with its o impasse no Vietnã, não dispunham
results”?38 Havia intensa ansiedade para de consenso interno para interferir
obter qualquer acordo no Conselho que diretamente e cedo mostraram inte-
obtivesse razoável consenso entre as par- resse em obter alguma manifestação
tes. EUA e URSS passaram por sucessivas multilateral. Sua postura evoluiu da
tentativas fracassadas de convergência en- defesa da integridade territorial para
tre maio e novembro de 1967. Ao final, o apoio à reivindicação israelense de
buscavam um acordo político que enco- negociações por uma paz duradoura.
brisse sua incapacidade de atuar direta- O projeto tentava obter equilíbrio, mas
mente e demonstrasse algum compromis- já se aproximava da recusa israelense
so com a estabilidade da região. Nesse em retirar-se dos territórios ocupados;
contexto, o CSNU buscava algum tipo de • S/8253, da URSS: em fins da década
acordo, mesmo que não necessariamente de 1960, os soviéticos encorajavam os
conduzisse a uma solução.39 regimes sírio e egípcio porque pre-
Em novembro de 1967, quando foram cisavam de seus territórios para ins-
retomadas as negociações no CSNU, qua- talar bases navais e aeronáuticas. Seu
tro projetos de resolução contribuíram pa- apoio permitiu que os Estados árabes
ra moldar o resultado final: pressionassem crescentemente Israel.

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

A derrota na Guerra dos Seis dias desa- mitaram-se a ordenar o fim dos combates,
creditou a própria URSS, que passou sem prescrever procedimento para a reti-
a tentar minimizar prejuízos e obter rada das forças. A partir de junho, então, o
algum tipo de arranjo que mantivesse Conselho e a Assembleia passaram a de-
a estabilidade de seus aliados. Sua bater como proceder à retirada.42
forte pressão condenatória a Israel ten- Em julho, durante a sessão extraordi-
deu gradualmente para um compro- nária da AGNU, as duas superpotências
misso equacionando a devolução dos estiveram perto de um acordo sobre uma
territórios e o fim da beligerância. O resolução, baseada no projeto latino-ame-
projeto ainda tinha tendência conde- ricano, que pedira a retirada integral de
natória de Israel, mas já se dirigia para todas as forças dos territórios recentemen-
um compromisso.40 te ocupados. A desconfiança mútua entre
URSS e EUA, a preferência árabe por uma
O texto final (S/8247), arquitetado pelo condenação de Israel sem qualquer reco-
experiente diplomata britânico Hugh Ca- nhecimento e a objeção israelense à retira-
radon, usou elementos dos demais, com da integral fizeram soçobrar esses esfor-
exceção do soviético, proposto posterior- ços. Entre julho e novembro, soviéticos e
mente. Caradon tomou a estrutura do pro- estadunidenses apenas se distanciaram
jeto latino-americano, com seus princípios nas fórmulas propostas.43
para a construção da paz no Oriente Mé- Caradon usou elementos dos textos
dio e suas disposições sobre temas especí- de EUA, MNA e latino-americanos para
ficos como liberdade de navegação e refu- buscar uma solução intermediária. A refe-
giados. A linguagem utilizada baseava-se, rência à inadmissibilidade da aquisição de
em grande parte, no projeto dos EUA, território vinha dos projetos não alinha-
criado para granjear o apoio israelense, dos e latino-americano e era utilizada para
mas se valia de trechos do texto proposto contrabalançar a ausência de uma defi-
pelo MNA para introduzir elementos que nição clara de quais territórios Israel deve-
assegurassem o acordo árabe, sobretudo ria retirar-se, conforme texto dos EUA –
quanto à retirada. O projeto britânico – pa- “from territories occupied” por oposição a
ra lá das gentilezas diplomáticas – real- “from all the territories occupied”. Para
mente tentou coordenar vários aspectos convencer soviéticos, árabes e não alinha-
de origens diversas em um todo aceitável dos, Caradon precisou que tratava das
para os principais atores.41 forças israelenses e que os territórios ha-
As grandes controvérsias da Resolução viam sido ocupados “no recente conflito”.
242 (1967) são indício principal das transa- Naturalmente, o diplomata britânico ex-
ções orquestradas no Conselho. E a maior plicou cada aspecto da linguagem propos-
controvérsia diz respeito à “cláusula terri- ta com diferentes ênfases dependendo do
torial” e à omissão do the no PO1 (i). Nos grupo a quem se dirigia.44
conflitos de que tratou em suas primeiras Embora bem recebida como uma tenta-
décadas, foi comum ao Conselho incluir, tiva de consolidar o consenso, a proposta
nas resoluções referentes ao cessar-fogo, britânica não foi imediatamente aceita por
exortações para que os beligerantes reto- soviéticos e árabes, que viram na ausência
massem as posições anteriores ao início do the uma omissão incontornável. Premi-
das hostilidades. No caso da Guerra dos dos pelo tempo e pela tensão crescente na
Seis Dias, a fim de obter consenso rapida- região, adotaram uma reinterpretação do
mente, as resoluções sobre cessar-fogo li- texto britânico, que passou a relacionar

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ARTIGOS

fortemente a inadmissibilidade e a reti- por uma retirada imediata de Israel. Os


rada. Com isso, puderam afirmar que o demais Estados preferiram apoiar ambas
projeto era adequado a suas convicções. as ideias, mas, como a própria Resolução,
Do mesmo modo, EUA e Israel preferiam não estabeleceram uma correlação especí-
uma linguagem menos precisa quanto aos fica. O próprio Caradon – que, anos de-
territórios ou que não singularizasse as pois, falaria em favor da interpretação dos
forças israelenses, mas também puderam EUA – foi calculadamente vago.47
buscar justificativas para a aceitação na O próximo elemento controverso da
ambiguidade proposta por Caradon. A Resolução 242 (1967), o fim do estado de
mais conhecida delas é o argumento de beligerância e o direito de existir dentro
que o texto não obriga Israel a retirar-se de de fronteiras seguras e reconhecidas, está
todos os territórios. Para afirmar suas po- essencialmente ligado às reivindicações
sições, os Estados recorreram a explicar israelenses, mas também atendeu a in-
suas interpretações do projeto no plenário teresses árabes. Apesar dos acordos de
do CSNU. Emprestando significados com- Armistício de 1949, Egito, em particular,
pletamente diversos ao texto, concorda- Jordânia e Síria continuavam a afirmar
ram em discordar naquele momento.45 poder utilizar os direitos inerentes a um
Mas o projeto britânico – e, logo, a Reso- estado de beligerância, isto é, impor restri-
lução 242 (1967) – introduziu também am- ções que assediavam Israel. Havia uma
biguidade sobre a execução de seus princí- percepção internacional de que essa políti-
pios. O projeto dos EUA estabelecia certa ca contribuia para a tensão no Oriente
condicionalidade entre a retirada e fim da Médio. Durante as várias fases do debate
beligerância e estabelecimento de paz du- nas Nações Unidas, os representantes de
radoura no Oriente Médio. O projeto da Israel foram incisivos em sublinhar a ne-
URSS determinava que Israel se retirasse cessidade do fim do estado de beligerân-
imediatamente dos territórios ocupados, e cia e do estabelecimento de uma paz dura-
os não alinhados favoreciam também esse doura na região. Apesar da vitória no
sequenciamento cronológico. Tentar resol- campo de batalha, insistiam em obter ga-
ver essa controvérsia, porém, teria tornado rantias formais de que a aniquilação do
improvável a conclusão exitosa das nego- Estado não seria mais apregoada.48
ciações e aumentado ainda mais a tensão.46 A ideia do fim do estado de belige-
A solução encontrada foi alinhar os rância está presente, de maneira similar,
dois princípios para a paz sem estabelecer em todos os principais projetos e foi con-
claramente qualquer relação de causalida- sagrada no PO1 (ii) da Resolução. Era
de ou de sequenciamento cronológico en- fortemente associada ao caput do parágra-
tre eles no texto. Aos membros do CSNU e fo, que fixa o objetivo de alcançar uma paz
partes interessadas foi deixada a faculda- duradoura no Oriente Médio. Nesse pon-
de de interpretar como melhor lhes con- to em particular, o CSNU não parece ter
viesse a relação entre ambos. Na sessão enfrentado dificuldades para estabelecer a
em que foi aprovada a Resolução, a maio- primeira parte de seu segundo princípio.
ria dos oradores fez alusão aos princípios. Mesmo a URSS concedeu esse aspecto a
Como esperado, EUA e Israel fizeram uma Israel, mas a discussão sobre o tema não
associação de condicionalidade para que a cessou com a Resolução.49
retirada só ocorresse após a assinatura de A segunda parte do mesmo princípio
acordos de paz. A URSS e os países árabes, foi menos pacífica. A ideia de fronteiras
com apoio dos não alinhados, clamaram seguras e reconhecidas foi introduzida no

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

debate pelos representantes de Israel com negociações com Israel. Essa parte mais
apoio dos EUA. A linguagem sobre fron- conhecida da decisão foi o triunfo dos
teiras foi inspirada pelo projeto estaduni- árabes radicais, como Síria e Argélia. Mas
dense, a fim de obter de Israel seu acordo a decisão da Liga também abria uma
com a Resolução. Em um movimento típi- tênue janela para um processo político,
co da diplomacia multilateral, Caradon ainda que não de contatos diretos, favore-
considerou que estava equilibrando o tex- cido por Egito e Jordânia, com respaldo
to, desagradando um pouco cada parte. de Arábia Saudita e Marrocos. A inclusão
Os países árabes, naquele momento, esta- das garantias sobre soberania, integrida-
vam totalmente concentrados em determi- de territorial e independência na Resolu-
nar a retirada integral de seus territórios e ção 242 (1967) devem ser vistas em con-
concordaram com a inserção da referência junto com o apelo pela paz duradoura no
a fronteiras. Desde o início, Israel argu- Oriente Médio e com a nomeação de um
mentou que essas fronteiras não coinci- mediador das Nações Unidas. Formam
diam necessariamente com os Armistícios uma “boia salva-vidas” para manter viva
de 1949. A dinâmica do CSNU abriu mar- a possibilidade de uma transigência polí-
gem para essa interpretação ao inserir tica que evitasse um novo conflito imedia-
uma linguagem pouco específica, que for- to e sua provável consequência de tragar
çava ao limite a disposição negociadora as superpotências. Trata-se, assim, de
da URSS e dos não alinhados, a fim de uma tentativa de engenharia política in-
assegurar que Israel abertamente aceitasse ternacional do CSNU – para a qual con-
a Resolução.50 vergiram seus diversos grupos – no inten-
O reconhecimento da soberania, inte- to de introduzir sutilmente a legitimação
gridade territorial e independência políti- de negociações sem vulnerar a frágil posi-
ca eram também reivindicações de Israel ção dos dirigentes árabes moderados.52
que antecediam o conflito, e sua formula- A questão da passagem livre pelas vias
ção final foi buscada no projeto estaduni- marítimas da região ilumina uma outra
dense. Mas textos semelhantes apareciam dinâmica do CSNU. Entre 1949 e 1967, Is-
nos projetos do MNA e da URSS. Dois fa- rael e Egito estiveram envolvidos em uma
tores explicam essa convergência. Em pri- convoluta discussão jurídica sobre a natu-
meiro lugar, com os resultados militares da reza do Golfo de Aqaba, o alegado direito
Guerra dos Seis Dias e em vista das ten- egípcio de fechar o Estreito de Tirã e a le-
sões remanescentes, crescia a preocupação galidade da soberania israelense sobre a
de que fosse Israel a interferir na política cidade Eilat. Até maio de 1967, esse debate
interna e na soberania de seus vizinhos tinha um alto perfil na opinião pública,
árabes ou a não lhes reconhecer o direito nos meios acadêmicos e nos foros políticos
de existir como Estado independente. As- e jurídicos internacionais.53
sim, uma linguagem que historicamente O bloqueio do Estreito de Tirã fora o
fora reivindicada por Israel passava a ser casus belli propalado por Israel para em-
empregada, com pequenos ajustes, para preender seu ataque preventivo contra o
apelar para o lado oposto do conflito.51 Egito, o qual deslanchou a guerra. A deci-
Em segundo lugar, em outubro daque- são egípcia de bloquear o Estreito não
le ano, a conferência de Cartum da Liga afetava tanto Israel de um ponto de vista
dos Estados Árabes havia consagrado econômico – já que Eilat não era seu prin-
seus três “nãos”: não ao reconhecimento cipal porto – mas era relevante por pre-
de Israel, não à paz com Israel, não às nunciar o fim da proteção fornecida pela

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UNEF e um ataque em grande escala.54 assim, inserida por uma mistura de inér-
Após a campanha militar, porém, a menos cia e pressão externa, mas não objeto de
que Israel concordasse em reitirar suas disputas; III) dois grupos (URSS e MNA)
tropas imediatamente, o que não foi o ca- aproveitaram o tema para pressionar por
so, afirmar a liberdade de navegação no algum tipo de barganha em outras partes
Estreito deixava de ser importante na prá- do texto e para demonstrar seu espírito de
tica porque Israel passou a implementá-la compromisso abrindo mão de uma restri-
por seus próprios meios. O trânsito atra- ção pouco relevante; IV) o texto final foi
vés do Canal de Suez, também objeto de enxuto, para evitar discórdia sobre tema
disputas anteriores, deixou igualmente de menor, e não trouxe restrições à liberdade
ser relevante, visto que aquela via maríti- de navegação. Uma evidência dessa dinâ-
ma ficou fechada até 1975, quando já vigo- mica foi não ter sido questionada a ausên-
rava um novo acordo de armistício entre cia do the, que poderia ser interpretada
egípcios e israelenses. como sinal de que apenas algumas vias
As mudanças radicais nas condições marítimas estariam franqueadas.
no terreno influenciaram de modo especí- Os refugiados palestinos são outro
fico e matizado a cláusula de liberdade de ponto importante para explicitar a di-
navegação inserida nos projetos que leva- nâmica do CSNU. A independência de
ram à Resolução 242 (1967). Os quatro Israel, em 1948, criou o problema dos re-
textos principais e a própria Resolução fugiados palestinos, logo reconhecido
trazem uma pequena claúsula sobre liber- pelas Nações Unidas. O governo israelen-
dade de navegação. Na versão latino-ame- se não admitia aspirações nacionais aos
ricana, caberia às Nações Unidas ser o árabes da Palestina; Jordânia, Egito e Sí-
garante; na versão do MNA, a liberdade ria nominalmente apoiavam a causa do
de trânsito existiria “de acordo com o di- povo palestino, mas, na prática, não aju-
reito internacional”; na soviética, seria davam. Em 1950, a Transjordânia anexara
apenas passagem inocente e conforme a Cisjordânia, enquanto o Egito con-
acordos internacionais; na dos EUA e no tinuou a ocupar Gaza e a manipular os
texto final, uma garantia ampla de liber- militantes palestinos. Para os ocidentais e
dade de navegação. Logo no início das grande parte dos não alinhados, havia
negociações no CSNU, ficou claro que so- um problema internacional representado
viéticos e não alinhados estariam dispos- pelos refugiados de 1948, mas não estava
tos a abrir mão de suas posições se pudes- claro se seria possível criar-lhes um Esta-
sem obter outras concessões em um texto do; a URSS estava comprometida com os
de consenso.55 A Resolução, afinal, trouxe países que eram seus aliados, não com os
uma referência vaga a garantir “freedom palestinos. A Guerra dos Seis Dias trouxe
of navigation through international wa- o tema dos refugiados palestinos ao pros-
terways in the area”. cênio porque, às centenas de milhares de
Pode-se sintetizar da seguinte forma a 1948, somavam-se 300 mil que deixaram
interação entre a política interna e externa a Cisjordânia em vista das forças israe-
ao CSNU nesse caso: I) havia uma expec- lenses. Outros milhares estavam agora
tativa da opinião pública de que o Conse- sob ocupação de Israel.
lho tratasse do tema, mas, na prática a li- Nas Nações Unidas, a Palestina foi dis-
berdade de navegação perdera importância cutida como uma região geográfica onde,
e fora subsumida na questão da retirada de acordo com a Resolução 181 (II) da
de Israel; II) a cláusula de navegação foi, AGNU, deveriam surgir um Estado judeu

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

e um árabe, mas onde passou a ocorrer cisão, combinada com as mudanças da


um conflito. Como tema das aspirações política internacional nos anos subsequen-
nacionais do povo palestino, a matéria só tes, permitiu que a Resolução 242 (1967)
voltaria a ser discutida após a mudança da pudesse ser utilizada pelos palestinos em
situação ocorrida em 1967, retomada pela sua luta por autodeterminação. Assim, a
Assembleia Geral em 1974 e pelo Conse- OLP rejeitou a Resolução em 1967, mas
lho, de modo menos explícito, em 1976. pôde aceitar o mesmo texto em 1988 e
Ganharia força com a renúncia do Egito a situá-lo no cerne de suas políticas, a ponto
Gaza em favor dos palestinos (1979) e da de fazê-lo constar dos acordos com Israel.
Jordânia à Cisjordânia (1988), para conso- Inadvertidamente, com a linguagem vaga
lidar-se após a tabulação de negociações dos “refugiados” em 1967, o Conselho
entre Israel e a OLP em 1993.56 abriu espaço para a reinterpretação do
Nos debates da Resolução 242 (1967), texto que pôde legitimar a campanha do
havia entre os membros do CSNU interes- povo palestino a partir da década de 1970.
se em dar uma solução para as agruras Na Resolução 1397 (2002), quando CSNU
dos refugiados, fossem os de 1949, parte tratou claramente de um Estado palestino
deles agora sob ocupação israelense, fos- pela primeira vez, o fez reafirmando ex-
sem os de 1967. Mas não havia consenso, pressamente a Resolução 242 (1967) e
nem qualquer preocupação especial, em usando liguagem sua emprestada.59
fazer referência a aspirações nacionais do Duas omissões na Resolução 242 (1967)
povo palestino. Os projetos aludiam a so- mostram-se tão notáveis que valem o co-
lução justa para “a questão dos refugiados mentário, para demonstrar um pouco
da Palestina” ou simplesmente “a questão mais da dinâmica do CSNU. Jerusalém era
dos refugiados”, como adotado, ambos mencionada em três dos quatro projetos
trazendo o mesmo sentido genérico. So- por meio de referências à Resolução 2256
mente a Síria, um não membro, fez discur- (ES-V) da Assembleia Geral e diretamente
so que se referiu a um “povo árabe da no texto latino-americano. Israel queria
Palestina”; os demais oradores restringi- evitar o tema a qualquer custo e não con-
ram-se a falar dos refugiados ou, como o cordaria, em princípio, com alusões, mes-
Egito, de modo impreciso sobre direitos mo que oblíquas, a Jerusalém; os países
do povo da Palestina.57 árabes prefeririam vê-lo mencionado, mas
No caso das vias marítimas, uma mu- seu foco recaía sobre a cláusula de retira-
dança radical da realidade externa fez que da. Caradon optou por não inserir o tema
o CSNU optasse por uma linguagem pou- em seu projeto, em parte porque o via co-
co precisa, de modo a evitar criar obstácu- mo incluído na ideia de territórios ocupa-
los em um tema que não mais tinha tanta dos, mas sobretudo porque ameaçava as
relevância. No caso dos refugiados palesti- perspectivas de unanimidade. Em outras
nos, o Conselho partiu de uma linguagem palavras, Jerusalém poderia ser vista co-
vaga porque não havia, em sua dinâmica mo subsumida em outra disposição; expli-
interna, consenso ou interesse em ser mais citá-la apenas sobrecarregaria desnecessa-
preciso. Caradon considerou, posterior- riamente o texto.60
mente, que os direitos dos palestinos eram A segunda omissão foi o desarmamen-
uma das grandes omissões da Resolução, to e fim da corrida armamentista no Orien-
adotada sob a premissa de que Egito, Jor- te Médio. A questão constava dos projetos
dânia e Síria seriam restaurados ao territó- de URSS e EUA e era um tema querido às
rio ocupado por Israel.58 Essa exata impre- superpotências. Não era, entretanto, inte-

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ARTIGOS

ressante para os Estados da região, sobre- no CSNU, sendo um dos atores que ainda
tudo para Egito e Síria, que desejavam tinha legitimidade para propor uma so-
reaparelhar suas Forças Armadas após a lução aceitável. Apostou exitosamente que
derrota. Israel – sob embargo francês – po- os Estados levariam em conta quem apre-
deria concordar com uma menção à maté- sentou o texto e que receariam as conse-
ria, desde que obrigasse a todos na área, quências negativas de não adotá-lo. O re-
permitindo assim a denúncia das compras sultado desses esforços foi uma breve
de armas pelos países árabes. A inserção confluência de vontades que permitiu gal-
da corrida armamentista em um projeto vanizar, no texto da Resolução, uma pers-
que buscava o consenso era, assim, uma pectiva de encaminhamento do conflito.62
forma de cortejar novo impasse. Por essa O último ponto a discutir sobre a dinâ-
razão, foi simplesmente negligenciado, mica do CSNU e como ela contribuiu para
em uma demonstração silenciosa de que o texto final é o longo processo negociador
as superpotências podem ter sua vontade e as oscilações que o marcaram. As tratati-
sacrificada em favor do consenso nos vas tiveram início logo depois da guerra e
foros multilaterais.61 Em conjunto, essas se estenderam até novembro – tempo sufi-
duas omissões mostram como, na busca ciente para mudanças e flutuações de po-
de um acordo, o Conselho por vezes pre- sição. Como ressalta Lall, em julho, os
fere sacrificar elementos que, isoladamen- elementos centrais do que seria a Resolu-
te, podem ser relevantes, mas que têm ção já haviam sido enunciados, mas não
peso relativo reduzido no texto. Assim, era possível obter uma formulação que os
são discretamente rechaçados pelos envol- dosasse de maneira aceitável a todos. Os
vidos no processo negociador e no conflito debates começaram no Conselho, passa-
concreto – sua presença pode aumentar as ram para a AGNU, em duas sessões dis-
desavenças, mas sua ausência não será tintas, e retornaram ao Conselho.63
significativamente sentida. A URSS militou por uma condenação
É indispensável uma palavra sobre a clara a Israel mas acabou aceitando uma
contribuição pessoal de Caradon. Havia linguagem de princípios para a paz; os
certas condições no CSNU que favoreciam EUA passaram da defesa da integridade
um acordo, mas elas poderiam não ter sido territorial à advocacia de fronteiras segu-
suficientes. O diplomata inglês pode não ras e defensáveis como etapa necessária
ter sido uma figura presciente como o des- para a paz. O mesmo tipo de variação de
crevem alguns, mas contava com consi- posição e de preferência por linguagem
derável experiência para sentir o pulso pode ser encontrado nos principais atores
político do Conselho. Não hesitou em dar – sejam os membros do Conselho, sejam
explicações discrepantes a cada parte, a os países do Oriente Médio.64 Soma-se a
fim de obter sua concordância. Além disso, isso que, em cada foro das Nações Unidas,
ao longo dos meses entre a guerra e a Re- com composição e regras diferentes, os
solução, manteve contatos constantes em Estados tendem a expressar-se de modo
Nova York com as partes e os membros do diverso, realçando características específi-
órgão, sondando sobre o limite de suas cas de suas propostas.
posições e valendo-se de boas relações Nos meses de outubro e novembro, os
pessoais com os representantes de EUA e projetos de resolução circulados procura-
URSS. Para além de sua capacidade como vam estabelecer um equilíbrio aceitável
negociador, usou a posição que o Reino para os interessados, mas a polarização
Unido ocupava nos debates sobre o tema típica da Guerra Fria estimulava a descon-

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

fiança mútua e dificultava o consenso. No do Conselho de Segurança. A conclusão


Conselho, os projetos dos EUA e do MNA pretende sistematizar as constatações, in-
não foram vistos como satisfatórios em si, duzindo hipóteses gerais que possam aju-
mas recebidos no órgão com uma disposi- dar a mapear o funcionamento do CSNU.
ção para encontrar o fugidio acordo. A Uma decisão do Conselho de Segu-
URSS, que seguia até então uma linha de rança é modelada, antes de tudo, pelo
condenação, não poderia simplesmente cenário internacional, com sua distribuição
aceitar um dos dois projetos. Precisou, em de poder, e pelos interesses das partes.
primeiro lugar, de um terceiro texto, o Mas, ainda que esses fatores fossem in-
britânico, que, uma vez aceito pelos ára- teiramente evidentes, não seriam simples-
bes não deveria criar mais resistência em mente projetados nos textos adotados pelo
Moscou. Mas outro passo era necessário órgão porque a linguagem é modelada
para que os soviéticos não admitissem re- pelos debates e negociações. Esses desem-
cuar de suas posições anteriores: a apre- penham a função de revelar diferenças e
sentação de um projeto próprio, mais pró- coadunar interesses, explicitando quais
ximo da linguagem britânica. A manobra termos podem ser incluídos. Possibilitam
foi inicialmente vista como uma tentativa também ao Conselho escolher qual a natu-
de fazer fracassar toda a negociação, mas, reza da resolução a ser adotada, com base
ao final, mostrou-se um artifício para su- na ampla gama de instrumentos disponibi-
perar uma lacuna conceitual e política.65 A lizada pela carta, desde a ação coercitiva e
mudança de posições, favorecida pelas condenatória até meras recomendações de
cambiantes condições internacionais ou procedimento. No caso da Resolução 242
pela vontade de chegar a um consenso, e a (1967), seu longo debate permitiu que o
variada ênfase dependendo do momento CSNU modulasse a linguagem em aspec-
e foro dos discursos resultaram nas decla- tos centrais como a cláusula territorial e
rações prolíficas e contraditórias dos di- construísse uma estrutura geral do texto
versos atores. como princípios gerais para a construção
da paz, na qual a única ação imediata das
Nações Unidas foi nomear um mediador.66
Conclusão Os debates e negociações são sempre
informados pelas limitações internas e ex-
Nas duas primeiras seções, o objetivo ternas à capacidade do Conselho de ado-
foi contrastar as visões opostas sobre os tar e executar uma resolução. Isso significa
aspectos mais controversos da Resolução tomar em conta que o consenso traz maior
242 (1967), a fim de demonstrar que a mes- autoridade e que, logo, a linguagem deve-
ma linguagem não só comporta interpre- rá evitar extremos; ou que as Nações Uni-
tações diametralmente diferentes, mas das dispõem de capacidade limitada para
também é usada para justificar ações polí- levar a cabo no terreno as decisões; ou
ticas contraditórias. A terceira seção ten- ainda que as partes podem estar dispostas
tou explicar a existência dessas controvér- a resisitir às decisões ou simplesmente
sias pela história da formação do texto da ignorá-las. No que concerne à Resolução
Resolução, partindo do princípio de que a 242 (1967), havia preocupação em obter
linguagem é uma condensação das rela- texto que alcançasse não só a unanimida-
ções de poder e dos interesses das partes de no Conselho, mas também contasse
no cenário internacional, tal como media- com algum tipo de aquiescência das Par-
dos pela estrutura, composição e práticas tes. Do mesmo modo, estava afastada,

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ARTIGOS

naquele momento, a possibilidade de es- meiro lugar, a mediação entre o cenário


tabelecer uma missão de paz, como em externo e a prática interna do CSNU é feita
1956, que mitigou a retomada do conflito. por tentativa e erro, o que explica as apro-
Por fim, sabia-se que Israel estava dispos- ximações e recuos na busca de um texto
to a descumprir uma decisão que não fos- consensual. O próprio projeto britânico
se arquitetada para adequar-se às premis- afinal adotado é o exemplo mais conspí-
sas de sua política no pós-guerra.67 cuo dessa dinâmica, que também pode ser
Uma vez decidido um texto, uma lin- vista no projeto latino-americano na As-
guagem consensual, que, no caso da Reso- sembleia ou no possível acordo entre URSS
lução 242 (1967) é unânime, ele passa a e EUA ainda em julho. Em segundo lugar,
expressar uma vontade coletiva, que trans- pode-se ver que determinados grupos ten-
cende a soma das vontades individuais. dem estruturalmente a assumir certos pa-
Isso é verdadeiro tanto do ponto de vista péis. Na história dessa Resolução, coube
jurídico-formal, pois nenhum membro do aos membros menos poderosos do Conse-
CSNU tem propriedade da resolução, mas lho um papel conciliador ante os argu-
também no sentido político, pois cada ator mentos mais extremos das superpotências.
reinterpretará o texto independentemente Em terceiro lugar, as premissas (cenário
da vontade dos países que o aprovaram e internacional e interesses das partes) de
de acordo com sua utilidade política. Co- uma decisão tendem a mudar de modo
mo ressalta Dajani, a Resolução 242 (1967) interativo com as negociações. Um bom
foi moldada pelo CSNU pela necessidade exemplo foi a decisão da URSS de aceitar o
de tomar uma decisão naquele momento, texto britânico quando o Egito o fez, pre-
mas não de determinar uma ação incisiva mido pelo aumento da tensão. Em quarto
das Nações Unidas, lançando as bases pa- lugar, existe uma tendência consistente do
ra as partes interagirem. Por desígnio de Conselho de Segurança de tomar decisões
seus criadores ou pela criatividade de ou- casuístas, voltadas para mitigar a crise do
tros atores, cumpriu três papéis, ainda que momento, característica magnificada nos
imperfeitamente: a) estabeleceu uma lin- temas do Oriente Médio. A Resolução é
guagem comum básica para um processo uma variação específica disso ao elencar
de paz, que foi utilizada em outras deci- princípios gerais de modo que sua enun-
sões do próprio CSNU e também em acor- ciação específica fosse aceitável naquele
dos envolvendo Egito, Jordânia, OLP e momento, excluindo temas controversos.69
Israel; b) criou um arcabouço negociador Além dos elementos gerais sobre o pro-
que fortaleceu um caminho intermediário cesso negociador, a história da Resolução
entre os radicalismos expansionista de Is- 242 (1967) permite alinhar algumas mano-
rael e antissionista de alguns países árabes; bras específicas utilizadas pelo CSNU para
c) permitiu que os líderes de ambos os chegar à linguagem final:
lados reduzissem os custos políticos in-
ternos de negociação ao alegarem estar • Combinação de textos não totalmente
condicionados por sua linguagem, como compatíveis, a fim de obter um con-
Menachem Begin ao evacuar o Sinai ou senso na linguagem, mesmo que de
Anwar Sadat ao permitir o trânsito de na- difícil implementação. Exemplo: com-
vios israelenses por Suez.68 binação do princípio da inadmissibili-
O longo processo negociador da Reso- dade, omissão do the e especificação de
lução 242 (1967) permite fazer também al- que os territórios eram os ocupados no
gumas inferências mais pontuais. Em pri- recente conflito;

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

• Ambiguidade linguística localizada, co e legitimidade a suas decisões, mas apre-


de modo a aliviar objeção das partes. senta custos correspondentes em termos de
Exemplo: a omissão do the na cláusula clareza. O grau de sacrifício da precisão,
territorial; claro, varia com a controvérsia inerente ao
• Ambiguidade sistêmica, para permi- tema, ou seja, de acordo com a conforma-
tir o convencimento de grupos com ção do cenário internacional e dos interes-
posições diversas por meio de ênfase ses das partes, como mediados pelas práti-
em elementos não correlacionados de cas e pela composição do Conselho.
modo específico. Exemplo: a ausência Uma palavra final como ressalva. Estas
de relação determinada entre os prin- conclusões são baseadas em um rico caso
cípios da retirada e do estabelecimento exemplar, que se beneficiou da impor-
da paz na região, deixando dúvidas tância da matéria e das características da
sobre a ideia de “terra por paz”;70 Guerra Fria, permitindo que o processo
• Estabelecimento de princípios não auto- negociador e sua inter-relação com a reali-
aplicáveis mas de aceitabilidade ampla, dade externa ao CSNU fossem mais explí-
que protelam ações específicas na au- citos. Conclusões mais sólidas dependem,
sência de consenso sobre como imple- porém, de um estudo sistemático das de-
mentá-los, mas satisfazem momentanea- cisões do Conselho e das negociações que
mente. Exemplo: o estabelecimento de as viabilizaram, mas certamente podem
fronteiras seguras e defensáveis e, em aproveitar as hipóteses induzidas aqui.
menor grau, o reconhecimento mútuo e
o fim da beligerância;
• Inserção de linguagem que atende a Anexo
expectativas públicas mas cuja substân-
cia foi superada pela realidade do terre- The Security Council,
no. Exemplo: a liberdade de navegação
na região; PP1 Expressing its continuing concern
• Inserção de linguagem que atende a with the grave situation in the Middle East,
expectativas públicas mas que não se PP2 Emphasizing the inadmissibility
refere a uma realidade política clara. of the acquisition of territory by war and
Exemplo: cláusula sobre os refugiados the need to work for a just and lasting pea-
palestinos; ce in which every State in the area can live
• Afastamento de temas relevantes mas in security,
excessivamente controversos que po- PP3 Emphasizing further that all Mem-
dem ser subsumidos, ainda que de ber States in their acceptance of the Char-
modo imperfeito, em outros aspectos. ter of the United Nations have undertaken
Exemplo: a omissão de Jerusalém e do a commitment to act in accordance with
desarmamento. Article 2 of the Charter,
PO1. Affirms that the fulfilment of
Todos esses artifícios utilizados para Charter principles requires the establish-
estabelecer o texto final da Resolução 242 ment of a just and lasting peace in the
(1967) não denunciam um defeito do pro- Middle East which should include the ap-
cesso ou uma atuação fraudulenta dos ne- plication of both the following principles:
gociadores. São, ao contrário, características (i) Withdrawal of Israel armed forces
inerentes ao Conselho de Segurança, um from territories occupied in the recent
órgão que garante significativo peso políti- conflict;

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ARTIGOS

(ii) Termination of all claims or states of PO3. Requests the Secretary-General to


belligerency and respect for and acknow- designate a Special Representative to pro-
ledgment of the sovereignty, territorial in- ceed to the Middle East to establish and
tegrity and political independence of every maintain contacts with the States concer-
State in the area and their right to live in ned in order to promote agreement and
peace within secure and recognized boun- assist efforts to achieve a peaceful and ac-
daries free from threats or acts of force; cepted settlement in accordance with the
PO2. Affirms further the necessity provisions and principles in this resolution;
(a) For guaranteeing freedom of navi- PO4. Requests the Secretary-General to
gation through international waterways report to the Security Council on the pro-
in the area; gress of the efforts of the Special Repre-
(b) For achieving a just settlement of sentative as soon as possible.
the refugee problem;
(c) For guaranteeing the territorial in- Os textos dos demais projetos podem
violability and political independence of ser encontrados em:
every State in the area, through measures http://unispal.un.org/unispal.nsf/v
including the establishment of demilitari- DateDoc?OpenView&Start=1&Count=15
zed zones; 0&Expand=45#45

Notas
1. Security Council Report. The Middle East 1947-2007: the Non-Regional Actors”. In N. Y. U. Journal of Inter-
Sixty Years of Security Council Engagement on the Isra- national Law, vol. 25, no. 2, 1993, p. 502.
el/Palestine Question. Nova York: Security Council Re- 9. Rosenne, S. “On Multi-Lingual Interpretation – UN
port, 2007, pp. 5-7; e Falk, R. “Forty Years after 242: A Security Council Res 242”, disponível em http://www.
‘Canonical’ Text in Disrepute?”. In Journal of Palestine mfa.gov.il/mfa/peace%20process/guide%20to%20
Studies, vol. 37, no. 1, 2007, p. 40. the%20peace%20process/on%20multi-lingual%20in-
2. Neff, D. “The Clinton Administration and UN Resolu- terpretation%20-un%20security%20counc, acessado em
tion 242”. In Journal of Palestine Studies, vol. 23, no. 2, 23/10/2010; ver também Lapidoth, R. “Security Council
1994, p. 20. Resolution 242 at Twenty Five”. In Israel Law Review,
3. Fonseca Jr., G. O interesse e a regra. Ensaios sobre o vol. 26, no. 3, 1992, p. 307.
multilateralismo. São Paulo: Paz e Terra, 2008, p. 49. 10. Schwebel, S. “What Weight to Conquest?”. In Ame-
4. Hazan, P. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire rican Journal of International Law, vol. 64, no. 2, 1970;
empoisonnée. Bruxelas: Éditions Complèxe, 1989. Baker, A. “The fallacy of the 1967 ‘borders’”. In Jerusa-
5. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Nova lem Post, 29/12/2010; e Ayalon, D. “Israel’s Right in the
York: Columbia University Press, 1968. ‘Disputed Territories’”. In The Wall Street Journal. op. cit.
6. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Dordrecht: 11. Rostow, E.“The Illegality of the Arab Attack on Isra-
Martinus Nijhoff Publishers, 1985, pp. 171-72; Lynk, M. el of October 6, 1973”. Op. cit., pp. 276-77.
“Conceived in Law: the Legal Foundations of Resolu- 12. Higgins, R. “The June War: The United Nations and
tion 242”. In Journal of Palestine Studies, vol. 37, no. 1, Legal Background”. In Journal of Contemporary His-
2007, p. 9; SCOR 1382, p. 10. tory, vol. 3, no 3, 1968, pp. 271-72; Lapidoth, R. “Securi-
7. Idem, p. 10. ty Council Resolution 242 at Twenty Five”. Op. cit.,
pp. 303-05.
8. Rostow, E. “The Illegality of the Arab Attack on Israel
of October 6, 1973”. In The American Journal of Inter- 13. Idem, pp. 311-12.
national Law, vol. 69, no. 2, 1975, pp. 284-85; e “The 14. Baker, A. “The fallacy of the 1967 ‘borders’”. In Je-
Drafting of Security Council Resolution 242: the Role of rusalem Post, 29/12/2010; e Ayalon, D. “Israel’s Right in

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

the ‘Disputed Territories’”. In The Wall Street Journal; e 1974, p. 49-50; McHugo, J. “Resolution 242: a Legal
Scor 1375, p. 6. Reappraisal of the Right-Wing Israeli Interpretation
15. Scor 1382, p. 6; Rostow, E. “The Illegality of the of the Withdrawal Phrase with Reference to the
Arab Attack on Israel of October 6, 1973”. Op. cit., pp. Conflict between Israel and the Palestinians”. Op. cit.,
284-85; e Lapidoth, R. “Security Council Resolution 242 pp. 858-60.
at Twenty Five”. Op. cit., pp. 310-11. 26. Scor 1382, p. 12; Manin, Ph. “Les efforts de l’Orga-
16. Scor 1382, pp. 9-10. nisation des Nations Unies et des grandes puissances
en vue d’un réglement de la crise ao Moyen Orient”.
17. Rostow, E. “Legal Aspects of the search for Peace in
In Annuaire français de droit international, vol. 15,
the Middle East”. In The American Journal of Interna-
pp. 165-67.
tional Law, vol. 64, no. 4, 1970, p. 68.
27. Shihata, I. “The Territorial Question and the Octo-
18. Scor 1382, p. 10; Lapidoth, R. “Security Council Re-
ber War”. Op. cit, p. 51-2; Wright, Q. “The Middle East
solution 242 at Twenty Five”. Op. cit., pp. 314-15.
Problem”. Op. cit., p. 272; Perry, G. “Security Council
19. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit., Resolution 242: The Withdrawal Clause”. In Middle East
pp. 29-38. Journal, vol. 31, no. 4, 1977, p. 421.
20. Lapidoth, R. “Security Council Resolution 242: an 28. Idem, p. 421; McHugo, J. “Resolution 242: a Legal
Analysis of its Main Provision”. In Jerusalem Center for Reappraisal of the Ridgt-Wing Israeli Interpretation of
Public Affairs. Israel’s Right to Secure Boundaries. Four the Withdrawal Phrase with Reference to the Conflict
Decades since UN Security Council Resolution 242. Jeru- between Israel and the Palestinians”. Op. cit., p. 862.
salém: Jerusalem Center for Public Affairs and the
29. Shihata, I. “The Territorial Question and the Octo-
Konrad Adenauer Stiftung, 2009, p. 20.
ber War”. Op. cit., p. 51.
21. Lapidoth, R. “Security Council Resolution 242 at
Twenty Five”. Op. cit., p. 509; Rosenne, S. “On Multi- 30. Idem, pp. 47-48.
-Lingual Interpretation – UN Security Council Res 242”, 31. Idem, p. 50; ver também Falk, R. “Forty Years after
op. cit.; e Rostow, E. “The Drafting of Security Council 242: A ‘Canonical’ Text in Disrepute?”. Op. cit., pp. 45-46.
Resolution 242: the Role of the Non-Regional Actors”. 32. Wright, Q. “The Middle East Problem”. Op. cit., pp.
Op. cit., p. 501. 275-78; McHugo, J. “Resolution 242: a Legal Reapprai-
22. Ayalon, D. “Israel’s Right in the ‘Disputed Territo- sal of the Right-Wing Israeli Interpretation of the Wi-
ries’”. In The Wall Street Journal op. cit.; Israel. State- thdrawal Phrase with Reference to the Conflict betwe-
ments Clarifying the Meaning of U.N Security Council en Israel and the Palestinians”. Op. cit., p. 862.
Resolution 242. Disponível em http://www.mfa.gov.il/ 33. Quigley, J. “Security Council Resolution 242 and the
mfa/peace%20process/guide%20to%20the%20 Right of Repatriation”. In Journal of Palestine Studies,
peace%20process/statements%20clarifying%20 vol. 37, no. 1, 2007; Scor 1382, pp. 1-2.
the%20meaning%20of%20un%20security%20c, em
34. Idem, p. 15.
7/8/2010; e Camera. Security Council Resolution 242
According to its Drafters, disponível em http://www.ca- 35. Perry, G. “Security Council Resolution 242: The Wi-
mera.org/index.asp?x_context=2&x_outlet=118&x_arti- thdrawal Clause”. Op. cit.; Lynk, M. “Conceived in Law:
cle=1267, em 7/8/2010. the Legal Foundations of Resolution 242”. Op. cit.,
pp. 15-16.
23. Scor 1382, pp. 5-7, 12-13.
36. Idem, pp. 17-18.
24. Wright, Q. “The Middle East Problem”. In The Ame-
rican Journal of International Law, vol. 64, no. 2, 1970, 37. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
pp. 271-72; Neff, D. “The Clinton Administration and 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Washing-
UN Resolution 242”. Op. cit., pp. 24-25; McHugo, J. ton: Institute for the Study of Diplomacy, 1981, p. 4;
“Resolution 242: a Legal Reappraisal of the Right-Wing Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit.,
Israeli Interpretation of the Withdrawal Phrase with pp. 220-29.
Reference to the Conflict between Israel and the Pales- 38. Korn, D. The Making of United Nations Security
tinians”. In International and Comparative Law Quar- Council Resolution 242. Washington: Institute for the
terly, vol. 51, 2002, p. 854. Study of Diplomacy, 1992, p. 12.
25. Shihata, I. “The Territorial Question and the Octo- 39. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit, pp.
ber War”. In Journal of Palestine Studies, vol. 4, no. 1, 20-37, 126-27 e 188; Lall, A. The UN and the Middle East

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ARTIGOS

Crisis, 1967. Op. cit, pp. 39-40 e 95-6; Stoessinger, J. The 53. Higgins, R. “The June War: The United Nations and
United Nations and the Superpowers. United States- Legal Background”. Op. cit., pp. 265-67.
-Soviet interaction at the United Nations. Nova York: 54. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit, p.
Random House, 1966, p. 74. 29; Hazan, P. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire
40. Golan, G. “The Soviet Union and the Outbreak of the empoisonnée. Op. cit., pp. 20-22.
June 1967 Six-Day War”. In Journal of Cold War Studies, 55. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
vol. 8, no. 1, 2006; Quandt, W. Peace Process. American cit., pp. 247-49.
Diplomacy and the Arab-Israeli Conflict since 1967. Wa-
56. Hazan, P. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire
shington: Brooking Institution Press, 2005, pp. 12-13 e
empoisonnée. Op. cit., pp. 116-24; Tomeh, George.
34-45; Korn, D. The Making of United Nations Security
“When the UN Dropped the Palestinian Question”. In
Council Resolution 242. Op. cit., pp. 4-5; Lall, A. The UN
Journal of Palestine Studies, vol. 4, no. 1, 1974, pp. 25-30.
and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 153-68.
57. Cf. Síria, Scor 1382 pp. 1-2, e Egito, Scor 1382, p. 15.
41. Scor 1379, pp. 1-3; Scor 1381, pp. 3-5; Lall, A. The UN
and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 252-55. 58. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit.,
42. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
pp. 13-14.
cit., pp. 50-51.
59. Security Council Report. The Middle East 1947-2007:
43. Idem, pp. 210-13; Bailey, S. The Making of Resolution
Sixty Years of Security Council Engagement on the Isra-
242. Op. cit, pp. 126-7; e http://history.state.gov/histori-
el/Palestine Question. Op. cit., p. 17.
caldocuments/frus1964-68v19/d380, acessado em 21/12/
2010. 60. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., p. 14.
44. Lynk, M. “Conceived in Law: the Legal Foundations
of Resolution 242”. Op. cit., pp. 10-2; Bailey, S. The 61. Quandt, W. Peace Process. American Diplomacy and
Making of Resolution 242. Op. cit., pp. 147-50; Quandt, the Arab-Israeli Conflict since 1967. Op. cit., pp. 45-47;
W. Peace Process. American Diplomacy and the Arab- Scor 1382 p. 10.
-Israeli Conflict since 1967. Op. cit., pp. 46-47. 62. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
45. Scor 1379, 1381 e 1382; Lall, A. The UN and the Mi- 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., pp.
ddle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 256-60; Security 4-5; Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit.,
Council Report. The Middle East 1947-2007: Sixty Years pp. 175-76; Lynk, M. “Conceived in Law: the Legal
of Security Council Engagement on the Israel/Palestine Foundations of Resolution 242”. Op. cit., p. 11.
Question. Op. cit., p. 13. 63. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
cit., pp. 100-102 e 221.
46. Quandt, W. Peace Process. American Diplomacy and
the Arab-Israeli Conflict since 1967. Op. cit., p. 45; 64. Korn, D. The Making of United Nations Security
Golan, G. “The Soviet Union and the Outbreak of the Council Resolution 242. Op. cit., pp. 8-10.
June 1967 Six-Day War”. Op. cit., p. 19. 65. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
47. Scor 1382; Caradon, H. et alii. U.N. Security Council cit., pp. 248-57; Bailey, S. The Making of Resolution 242.
Resolution 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., pp. 145-46 e 168; Caradon, H. et alii. U.N. Secu-
Op. cit., p. 13. rity Council Resolution 242: a Case Study in Diplomatic
Ambiguity. Op. cit., pág. 6; http://history.state.gov/his-
48. Higgins, R. “The June War: The United Nations and
toricaldocuments/frus1964-68v19/d536, acessado em
Legal Background”. Op. cit, pp. 267-69; Lall, A. The UN
20/12/2010; Scor 1381, p. 1-3.
and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 246-51;
Scor 1382, p. 10. 66. Fonseca Jr., G. O interesse e a regra. Ensaios sobre o
multilateralismo. Op. cit., pp. 49-53; Dajani, O. “Forty
49. Scor 1381, p. 2.
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12-13; Scor 1375, pp. 6-7.
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51. Ver, por exemplo, Bailey, S. The Making of Resolu- multilateralismo. Op. cit., p. 50-52.
tion 242. Op. cit., pp. 84-90.
68. Dajani, O. “Forty Years without Resolve: Tracing the
52. Scor 1373, p. 5; Scor 1381, p. 1; Hazan, P. 1967: La Influence of Security Council Resolution 242 on the
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88 POLÍTICA EXTERNA

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O CONTROVERSO CASO DA RESOLUÇÃO 242 (1967) DO CONSELHO DE SEGURANÇA

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