Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
net/publication/301491987
CITATION READS
1 91
1 author:
Eduardo Uziel
Instituto Rio Branco
25 PUBLICATIONS 12 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Eduardo Uziel on 19 April 2016.
Resolution 242 (1967) of the Security Council is one of the basis of the Middle East peace process, but is also one
of the most disputed decisions of the United Nations. Its controversies – above all the one regarding the occu-
pied territories – create an opportunity to investigate the decision-making process of the Security Council. The
negotiations underline the politics amongst the parties and the members of the Council and reveal how the
final text is the product of power relations in the international arena, mediated by the structure and practice
of the organ.
68 POLÍTICA EXTERNA
O artigo está estruturado da seguinte de uma posição. Assim, poderão ser consi-
maneira: I) são colocadas à mostra as per- derados argumentos que derivem de hi-
cepções israelenses sobre a Resolução; II) póteses de pesquisa divergentes entre si,
são analisadas as visões críticas ao ponto mas que produzam percepções conver-
de vista israelense, evidenciando a exis- gentes sobre a Resolução.
tência de divergências sobre o texto; III)
procura-se identificar como o conjunto da
Resolução e vários de seus elementos fo-
ram formados a partir da dinâmica políti- A retirada dos territórios e
ca internacional de 1967 e da mediação a omissão do “the”
realizada pelo CSNU; IV) na conclusão,
são estabelecidas generalizações a partir Apesar de declarações iniciais no senti-
do caso da Resolução 242 (1967), como do de devolver os territórios, nos meses
instrumento para o estudo do processo entre a Guerra dos Seis Dias e a adoção da
decisório do Conselho. O apêndice traz a Resolução 242 (1967), Israel mostrou-se
íntegra da Resolução. crescentemente relutante em retirar-se das
áreas ocupadas por seu exército – Golã,
Cisjordânia (inclusive Jerusalém Oriental),
Faixa de Gaza e Península do Sinai. Essa
Percepção israelense tendência ganhou força com as medidas
Ao longo das mais de quatro décadas para anexar Jerusalém. Naquele 22/11, no
desde a adoção da Resolução 242 (1967), CSNU, o chanceler Abba Eban deixou cla-
a postura israelense ante essa decisão do ro que Israel considerava uma solução
CSNU não deixou de apresentar variações. inadequada o retorno às linhas estabeleci-
No entanto, é possível identificar certos das pelos Armistícios de 1949. Interpretou
elementos de constância nas declarações o texto adotado de modo a sublinhar que
governamentais sobre o tema, bem como as partes teriam margem de manobra para
em textos acadêmicos. De modo muito negociar mudanças territoriais e que Israel
geral, pode-se dizer que Israel nunca rejei- não estaria obrigado a desocupar territó-
tou a Resolução como um todo, mas prefe- rios antes da conclusão de acordos de paz.6
riu valorizar certos elementos e interpretá- O principal argumento israelense ba-
-los de modo particular. Para efeitos do seia-se numa das mais conhecidas carac-
presente estudo, serão consideradas posi- terísticas da Resolução: a omissão do artigo
ções israelenses tanto as expressamente the no PO1 (i), que estabeleceu a linguagem
estabelecidas pelo governo quanto as for- “withdrawal of Israel armed forces from
muladas por acadêmicos, israelenses ou territories occupied in the recent conflict”.
não, que advoguem e favor do statu quo Eban realçou tratar-se de omissão proposi-
post bellum ou de uma posição privilegiada tal com consequências para o sentido do
para Israel nas negociações de paz. As fon- texto (“the resolution says what it says. It
tes para a pesquisa serão pronunciamentos does not say that which it has specifically
oficiais e artigos publicados em periódicos and consciously avoided saying”).7 Desde
acadêmicos reconhecidos. 1967, o argumento foi explorado em cone-
É importante notar que o objetivo des- xão com outros aspectos do texto (que se-
ta e da próxima seção é realçar os diversos rão tratados adiante). O diplomata e jurista
elementos controversos da Resolução 242 estadunidense Eugene Rostow, envolvido
(1967) e os principais elementos da defesa nas negociações originais, argumenta que
nenhuma parte poderia honestamente ad- cease-fire lines of 1967 as the occupying
vogar uma retirada integral e incondicio- power…”.11 Esse argumento é raramente
nal para as linhas de 1949. Considera que invocado pelo governo e por acadêmicos
Israel tem discricionaridade para decidir israelenses, visto que, nos termos da IV
de que territórios deverá sair como parte Convenção de Genebra, atos como a ane-
de um esforço para alcançar a paz.8 xação de Jerusalém Oriental e a constru-
A posição israelense sobre o the de- ção de assentamentos são incompatíveis
frontou-se com o texto em francês, que lê com a condição de potência ocupante.
“retrait des forces armées israéliennes des A resistência a assumir o status de po-
territoires occupés lors du récent conflit”, tência ocupante tornou também incomum
sugerindo tratar-se de todos os territórios. para Israel questionar a diferença entre
O jurista israelense Shabtai Rosenne sus- ocupação e aquisição de território. A britâ-
tentou a tese de que, no caso de incongruên- nica Higgins argumenta que, no direito
cia, deveria prevalecer o idioma em que o internacional ou na Resolução 242 (1967),
texto foi negociado. Nesse caso, o inglês, não se deve confundir “claiming title to
que seria favorável à posição israelense. territory and legitimate military occupa-
Sem negar validade à versão francesa, as- tion of it”. Nesse contexto, as forças israe-
sinalou que ela deve ser interpretada de lenses poderiam permanecer nos territó-
modo a adequar-se à inglesa.9 rios ocupados até que fossem concluídos
Mas a “cláusula territorial” da Reso- tratados de paz, desde que o governo isra-
lução 242 (1967) também é interpretada, elense cumpra suas obrigações.12
por vezes, por Israel, como um reconheci-
mento de título de conquista. Juridica-
mente, esse raciocínio se baseia na ideia
de que Egito e Jordânia não teriam justo Fim do estado de
título para a Faixa de Gaza e a Cisjordâ- beligerância e fronteiras
nia. Assim, como decorrência da campa- reconhecidas
nha de 1967, Israel estaria de posse de
terras que poderia, teoricamente, reivin- A perspectiva israelense tem dado ên-
dicar. Em 2009 e 2010, membros do gover- fase ao disposto no PO1 (ii) da Resolução
no israelense qualificaram as fronteiras 242 (1967), isto é, o fim do estado de be-
anteriores à guerra de absurdas e despro- ligerância, o reconhecimento da inde-
vidas de base histórica ou legal e afirma- pendência, soberania e integridade terri-
ram que a Cisjordânia é um “território torial de todos os Estados da região e o
disputado” entre Israel e os palestinos, direito de viver em paz dentro de frontei-
cabendo decidir seu status final em nego- ras seguras e reconhecidas. Para um país
ciações entre as partes.10 cuja existência não era aceita por qual-
Entre alguns juristas, é sustentada a quer de seus vizinhos, a cláusula de fim
interpretação de que a Resolução 242 de beligerância e reconhecimento de Esta-
(1967) legitima plenamente Israel como do tornou-se uma condição essencial para
potência ocupante, pelo prazo que for ne- a normalização das relações internacio-
cessário para obter a paz. Nos termos de nais na região. Para Lapidoth, a Resolu-
Rostow, “the central feature of Resolution ção exige o reconhecimento incondicional
242, and of the Security Council’s cease- de Israel por todos os Estados da região.
-fire resolutions which preceded it, is that Ademais, enquanto os países árabes pu-
Israel is legally entitled to remain on the dessem invocar o estado de beligerância,
70 POLÍTICA EXTERNA
72 POLÍTICA EXTERNA
by Israel as a result of the conflict”. A URSS marítimas, mas Israel não interpreta essa
afirmou ter votado a favor do projeto bri- ausência como restrição.25
tânico, tal como interpretado pelo embai- O texto em francês, explicitou o pró-
xador indiano. Diversos países fizeram prio representante da França no CSNU, é
declarações no mesmo sentido, embora igualmente válido juridicamente e tem o
não tão explícitas. O Brasil, por exemplo, mesmo sentido da Resolução em inglês.
indicou “no stable international order can Assim, “retreat from territories” e “retrai-
be based on the threat or use of force, and te des territoires” devem ser interpretados
(…) the occupation or acquisition of terri- como uma mensagem coerente. Ainda que
tories brought about by such means should as palavras do embaixador francês no
not be recognized”.23 CSNU não tenham sido totalmente des-
Essa posição tende a ser aceita pela providas de ambiguidade, juristas france-
maioria dos membros das Nações Uni- ses, desde a década de 1960, advogam que
das, e vários juristas procuram fortalecer o des assegura que a retirada deve ser de
o entendimento de que a aquisição de todos os territórios.26
território por meio bélico já não era reco- O reconhecimento de Israel como po-
nhecida costumeiramente desde o fim tência ocupante é anualmente reafirmado
da Primeira Guerra Mundial e que ficou pela Assembleia Geral das Nações Uni-
definitivamente proibida com a adoção das, em resoluções propostas pelos países
da Carta em 1945. As linhas de cessar- árabes, com o voto contrário de Israel.
-fogo de 1967 seriam um instrumento Esses textos corporificam a opinião de que
para parar o conflito e não concederiam o reconhecimento como potência ocupan-
direitos. Admite-se, porém, que a ausên- te, derivado ou não da Resolução 242
cia do termo all deixa alguma margem (1967), implica todas as obrigações conti-
de manobra para as partes negociarem das na IV Convenção de Genebra, inclusi-
limitados ajustes territoriais, que aten- ve a de não transferir populações para os
dam a interesses mútuos. Isso não signi- territórios ocupados. Não concedem a Is-
ficaria, porém, que Israel pode escolher rael a faculdade de escolher quando se
livremente quais áreas reteria. Como ex- retirar dessas áreas.
plicou McHugo, a omissão de all não de- Os autores dessa linha argumentam,
ve ser entendida como a introdução de contrariamente a Higgins, que as resolu-
um some implícito.24 ções adotadas pelo CSNU naquele ano,
A omissão do the não é também signi- culminando com a Resolução 242 (1967),
ficativa para essa corrente. Em primeiro objetivavam sustar as hostilidades e não
lugar, o texto vincula os territórios à ocu- conferiam qualquer legitimidade especial
pação no recente conflito. Isso seria sufi- à ocupação, muito menos à possibilidade
ciente para esclarecer de quais áreas o de aquisição do território ocupado. Após
CSNU tratava – Cisjordânia (inclusive mais de quarenta anos de ocupação, so-
Jerusalém Oriental), Faixa de Gaza, Golã e bressai o argumento de Shihata de que é
Península do Sinai. Em segundo lugar, o tênue o limite entre ocupação e aquisição,
artigo definido não seria necessário para porque a potência ocupante pode tentar
transmitir a ideia de que todos estão manter-se indefinidamente nas áreas to-
incluídos porque a referência a territories é madas ou coagir a outra parte a ceder-lhe
uma alusão a toda a categoria de territó- território. Assim, “the law that prohibits
rios ocupados. Por fim, a própria Resolu- forcible annexation cannot therefore tole-
ção omite o the também no caso das vias rate forcible occupation”.27
74 POLÍTICA EXTERNA
de haviam fugido em 1949. Nesse con- proposital do artigo definido quis dar um
texto, a referência na Resolução estava sentido indefinido ao texto.35
associada aos diversos textos adotados O terceiro método, pouco comum, é
pela Assembleia Geral desde 1949 e que sugerido por Lynk, que examina a prática
tratavam da ideia de repatriação. Não subsequente do Conselho, seguindo a su-
havia, em 1967, consenso sobre a solução gestão de Kelsen de que só o CSNU está
justa para o “problema dos refugiados” legitimado para interpretar suas próprias
ser a criação de um Estado palestino. Tan- decisões. A conclusão é de que várias reso-
to assim que, nos debates do Conselho, luções posteriores, algumas com referên-
somente a Síria aludiu aos palestinos co- cias explícitas à Resolução 242 (1967), rei-
mo um povo distinto com aspirações na- teram a inadmissibilidade da aquisição de
cionais próprias.33 territórios por meios bélicos e condenam
A questão das vias marítimas, tão rele- como ilegal a persistente ocupação. Com
vante antes da Guerra dos Seis Dias, por isso, o órgão confirmaria a obrigação de
sua vez, foi conspicuamente omitida como Israel de retirar-se de todos os territórios.36
aspecto distinto das visões críticas a Israel. É importante frisar que foram escolhi-
O discurso egípcio na sessão do CSNU in- dos alguns aspectos da Resolução 242
dica que o direito de restringir a passagem (1967) como forma de explicitar as contro-
por vias marítimas passou a ser englobado vérsias existentes. As limitações de espaço
dentro da reivindicação mais ampla de impedem uma investigação pormenoriza-
restauração do status quo na região, isto é, da de outros temas.
de retirada dos territórios ocupados.34
76 POLÍTICA EXTERNA
A derrota na Guerra dos Seis dias desa- mitaram-se a ordenar o fim dos combates,
creditou a própria URSS, que passou sem prescrever procedimento para a reti-
a tentar minimizar prejuízos e obter rada das forças. A partir de junho, então, o
algum tipo de arranjo que mantivesse Conselho e a Assembleia passaram a de-
a estabilidade de seus aliados. Sua bater como proceder à retirada.42
forte pressão condenatória a Israel ten- Em julho, durante a sessão extraordi-
deu gradualmente para um compro- nária da AGNU, as duas superpotências
misso equacionando a devolução dos estiveram perto de um acordo sobre uma
territórios e o fim da beligerância. O resolução, baseada no projeto latino-ame-
projeto ainda tinha tendência conde- ricano, que pedira a retirada integral de
natória de Israel, mas já se dirigia para todas as forças dos territórios recentemen-
um compromisso.40 te ocupados. A desconfiança mútua entre
URSS e EUA, a preferência árabe por uma
O texto final (S/8247), arquitetado pelo condenação de Israel sem qualquer reco-
experiente diplomata britânico Hugh Ca- nhecimento e a objeção israelense à retira-
radon, usou elementos dos demais, com da integral fizeram soçobrar esses esfor-
exceção do soviético, proposto posterior- ços. Entre julho e novembro, soviéticos e
mente. Caradon tomou a estrutura do pro- estadunidenses apenas se distanciaram
jeto latino-americano, com seus princípios nas fórmulas propostas.43
para a construção da paz no Oriente Mé- Caradon usou elementos dos textos
dio e suas disposições sobre temas especí- de EUA, MNA e latino-americanos para
ficos como liberdade de navegação e refu- buscar uma solução intermediária. A refe-
giados. A linguagem utilizada baseava-se, rência à inadmissibilidade da aquisição de
em grande parte, no projeto dos EUA, território vinha dos projetos não alinha-
criado para granjear o apoio israelense, dos e latino-americano e era utilizada para
mas se valia de trechos do texto proposto contrabalançar a ausência de uma defi-
pelo MNA para introduzir elementos que nição clara de quais territórios Israel deve-
assegurassem o acordo árabe, sobretudo ria retirar-se, conforme texto dos EUA –
quanto à retirada. O projeto britânico – pa- “from territories occupied” por oposição a
ra lá das gentilezas diplomáticas – real- “from all the territories occupied”. Para
mente tentou coordenar vários aspectos convencer soviéticos, árabes e não alinha-
de origens diversas em um todo aceitável dos, Caradon precisou que tratava das
para os principais atores.41 forças israelenses e que os territórios ha-
As grandes controvérsias da Resolução viam sido ocupados “no recente conflito”.
242 (1967) são indício principal das transa- Naturalmente, o diplomata britânico ex-
ções orquestradas no Conselho. E a maior plicou cada aspecto da linguagem propos-
controvérsia diz respeito à “cláusula terri- ta com diferentes ênfases dependendo do
torial” e à omissão do the no PO1 (i). Nos grupo a quem se dirigia.44
conflitos de que tratou em suas primeiras Embora bem recebida como uma tenta-
décadas, foi comum ao Conselho incluir, tiva de consolidar o consenso, a proposta
nas resoluções referentes ao cessar-fogo, britânica não foi imediatamente aceita por
exortações para que os beligerantes reto- soviéticos e árabes, que viram na ausência
massem as posições anteriores ao início do the uma omissão incontornável. Premi-
das hostilidades. No caso da Guerra dos dos pelo tempo e pela tensão crescente na
Seis Dias, a fim de obter consenso rapida- região, adotaram uma reinterpretação do
mente, as resoluções sobre cessar-fogo li- texto britânico, que passou a relacionar
78 POLÍTICA EXTERNA
debate pelos representantes de Israel com negociações com Israel. Essa parte mais
apoio dos EUA. A linguagem sobre fron- conhecida da decisão foi o triunfo dos
teiras foi inspirada pelo projeto estaduni- árabes radicais, como Síria e Argélia. Mas
dense, a fim de obter de Israel seu acordo a decisão da Liga também abria uma
com a Resolução. Em um movimento típi- tênue janela para um processo político,
co da diplomacia multilateral, Caradon ainda que não de contatos diretos, favore-
considerou que estava equilibrando o tex- cido por Egito e Jordânia, com respaldo
to, desagradando um pouco cada parte. de Arábia Saudita e Marrocos. A inclusão
Os países árabes, naquele momento, esta- das garantias sobre soberania, integrida-
vam totalmente concentrados em determi- de territorial e independência na Resolu-
nar a retirada integral de seus territórios e ção 242 (1967) devem ser vistas em con-
concordaram com a inserção da referência junto com o apelo pela paz duradoura no
a fronteiras. Desde o início, Israel argu- Oriente Médio e com a nomeação de um
mentou que essas fronteiras não coinci- mediador das Nações Unidas. Formam
diam necessariamente com os Armistícios uma “boia salva-vidas” para manter viva
de 1949. A dinâmica do CSNU abriu mar- a possibilidade de uma transigência polí-
gem para essa interpretação ao inserir tica que evitasse um novo conflito imedia-
uma linguagem pouco específica, que for- to e sua provável consequência de tragar
çava ao limite a disposição negociadora as superpotências. Trata-se, assim, de
da URSS e dos não alinhados, a fim de uma tentativa de engenharia política in-
assegurar que Israel abertamente aceitasse ternacional do CSNU – para a qual con-
a Resolução.50 vergiram seus diversos grupos – no inten-
O reconhecimento da soberania, inte- to de introduzir sutilmente a legitimação
gridade territorial e independência políti- de negociações sem vulnerar a frágil posi-
ca eram também reivindicações de Israel ção dos dirigentes árabes moderados.52
que antecediam o conflito, e sua formula- A questão da passagem livre pelas vias
ção final foi buscada no projeto estaduni- marítimas da região ilumina uma outra
dense. Mas textos semelhantes apareciam dinâmica do CSNU. Entre 1949 e 1967, Is-
nos projetos do MNA e da URSS. Dois fa- rael e Egito estiveram envolvidos em uma
tores explicam essa convergência. Em pri- convoluta discussão jurídica sobre a natu-
meiro lugar, com os resultados militares da reza do Golfo de Aqaba, o alegado direito
Guerra dos Seis Dias e em vista das ten- egípcio de fechar o Estreito de Tirã e a le-
sões remanescentes, crescia a preocupação galidade da soberania israelense sobre a
de que fosse Israel a interferir na política cidade Eilat. Até maio de 1967, esse debate
interna e na soberania de seus vizinhos tinha um alto perfil na opinião pública,
árabes ou a não lhes reconhecer o direito nos meios acadêmicos e nos foros políticos
de existir como Estado independente. As- e jurídicos internacionais.53
sim, uma linguagem que historicamente O bloqueio do Estreito de Tirã fora o
fora reivindicada por Israel passava a ser casus belli propalado por Israel para em-
empregada, com pequenos ajustes, para preender seu ataque preventivo contra o
apelar para o lado oposto do conflito.51 Egito, o qual deslanchou a guerra. A deci-
Em segundo lugar, em outubro daque- são egípcia de bloquear o Estreito não
le ano, a conferência de Cartum da Liga afetava tanto Israel de um ponto de vista
dos Estados Árabes havia consagrado econômico – já que Eilat não era seu prin-
seus três “nãos”: não ao reconhecimento cipal porto – mas era relevante por pre-
de Israel, não à paz com Israel, não às nunciar o fim da proteção fornecida pela
UNEF e um ataque em grande escala.54 assim, inserida por uma mistura de inér-
Após a campanha militar, porém, a menos cia e pressão externa, mas não objeto de
que Israel concordasse em reitirar suas disputas; III) dois grupos (URSS e MNA)
tropas imediatamente, o que não foi o ca- aproveitaram o tema para pressionar por
so, afirmar a liberdade de navegação no algum tipo de barganha em outras partes
Estreito deixava de ser importante na prá- do texto e para demonstrar seu espírito de
tica porque Israel passou a implementá-la compromisso abrindo mão de uma restri-
por seus próprios meios. O trânsito atra- ção pouco relevante; IV) o texto final foi
vés do Canal de Suez, também objeto de enxuto, para evitar discórdia sobre tema
disputas anteriores, deixou igualmente de menor, e não trouxe restrições à liberdade
ser relevante, visto que aquela via maríti- de navegação. Uma evidência dessa dinâ-
ma ficou fechada até 1975, quando já vigo- mica foi não ter sido questionada a ausên-
rava um novo acordo de armistício entre cia do the, que poderia ser interpretada
egípcios e israelenses. como sinal de que apenas algumas vias
As mudanças radicais nas condições marítimas estariam franqueadas.
no terreno influenciaram de modo especí- Os refugiados palestinos são outro
fico e matizado a cláusula de liberdade de ponto importante para explicitar a di-
navegação inserida nos projetos que leva- nâmica do CSNU. A independência de
ram à Resolução 242 (1967). Os quatro Israel, em 1948, criou o problema dos re-
textos principais e a própria Resolução fugiados palestinos, logo reconhecido
trazem uma pequena claúsula sobre liber- pelas Nações Unidas. O governo israelen-
dade de navegação. Na versão latino-ame- se não admitia aspirações nacionais aos
ricana, caberia às Nações Unidas ser o árabes da Palestina; Jordânia, Egito e Sí-
garante; na versão do MNA, a liberdade ria nominalmente apoiavam a causa do
de trânsito existiria “de acordo com o di- povo palestino, mas, na prática, não aju-
reito internacional”; na soviética, seria davam. Em 1950, a Transjordânia anexara
apenas passagem inocente e conforme a Cisjordânia, enquanto o Egito con-
acordos internacionais; na dos EUA e no tinuou a ocupar Gaza e a manipular os
texto final, uma garantia ampla de liber- militantes palestinos. Para os ocidentais e
dade de navegação. Logo no início das grande parte dos não alinhados, havia
negociações no CSNU, ficou claro que so- um problema internacional representado
viéticos e não alinhados estariam dispos- pelos refugiados de 1948, mas não estava
tos a abrir mão de suas posições se pudes- claro se seria possível criar-lhes um Esta-
sem obter outras concessões em um texto do; a URSS estava comprometida com os
de consenso.55 A Resolução, afinal, trouxe países que eram seus aliados, não com os
uma referência vaga a garantir “freedom palestinos. A Guerra dos Seis Dias trouxe
of navigation through international wa- o tema dos refugiados palestinos ao pros-
terways in the area”. cênio porque, às centenas de milhares de
Pode-se sintetizar da seguinte forma a 1948, somavam-se 300 mil que deixaram
interação entre a política interna e externa a Cisjordânia em vista das forças israe-
ao CSNU nesse caso: I) havia uma expec- lenses. Outros milhares estavam agora
tativa da opinião pública de que o Conse- sob ocupação de Israel.
lho tratasse do tema, mas, na prática a li- Nas Nações Unidas, a Palestina foi dis-
berdade de navegação perdera importância cutida como uma região geográfica onde,
e fora subsumida na questão da retirada de acordo com a Resolução 181 (II) da
de Israel; II) a cláusula de navegação foi, AGNU, deveriam surgir um Estado judeu
80 POLÍTICA EXTERNA
ressante para os Estados da região, sobre- no CSNU, sendo um dos atores que ainda
tudo para Egito e Síria, que desejavam tinha legitimidade para propor uma so-
reaparelhar suas Forças Armadas após a lução aceitável. Apostou exitosamente que
derrota. Israel – sob embargo francês – po- os Estados levariam em conta quem apre-
deria concordar com uma menção à maté- sentou o texto e que receariam as conse-
ria, desde que obrigasse a todos na área, quências negativas de não adotá-lo. O re-
permitindo assim a denúncia das compras sultado desses esforços foi uma breve
de armas pelos países árabes. A inserção confluência de vontades que permitiu gal-
da corrida armamentista em um projeto vanizar, no texto da Resolução, uma pers-
que buscava o consenso era, assim, uma pectiva de encaminhamento do conflito.62
forma de cortejar novo impasse. Por essa O último ponto a discutir sobre a dinâ-
razão, foi simplesmente negligenciado, mica do CSNU e como ela contribuiu para
em uma demonstração silenciosa de que o texto final é o longo processo negociador
as superpotências podem ter sua vontade e as oscilações que o marcaram. As tratati-
sacrificada em favor do consenso nos vas tiveram início logo depois da guerra e
foros multilaterais.61 Em conjunto, essas se estenderam até novembro – tempo sufi-
duas omissões mostram como, na busca ciente para mudanças e flutuações de po-
de um acordo, o Conselho por vezes pre- sição. Como ressalta Lall, em julho, os
fere sacrificar elementos que, isoladamen- elementos centrais do que seria a Resolu-
te, podem ser relevantes, mas que têm ção já haviam sido enunciados, mas não
peso relativo reduzido no texto. Assim, era possível obter uma formulação que os
são discretamente rechaçados pelos envol- dosasse de maneira aceitável a todos. Os
vidos no processo negociador e no conflito debates começaram no Conselho, passa-
concreto – sua presença pode aumentar as ram para a AGNU, em duas sessões dis-
desavenças, mas sua ausência não será tintas, e retornaram ao Conselho.63
significativamente sentida. A URSS militou por uma condenação
É indispensável uma palavra sobre a clara a Israel mas acabou aceitando uma
contribuição pessoal de Caradon. Havia linguagem de princípios para a paz; os
certas condições no CSNU que favoreciam EUA passaram da defesa da integridade
um acordo, mas elas poderiam não ter sido territorial à advocacia de fronteiras segu-
suficientes. O diplomata inglês pode não ras e defensáveis como etapa necessária
ter sido uma figura presciente como o des- para a paz. O mesmo tipo de variação de
crevem alguns, mas contava com consi- posição e de preferência por linguagem
derável experiência para sentir o pulso pode ser encontrado nos principais atores
político do Conselho. Não hesitou em dar – sejam os membros do Conselho, sejam
explicações discrepantes a cada parte, a os países do Oriente Médio.64 Soma-se a
fim de obter sua concordância. Além disso, isso que, em cada foro das Nações Unidas,
ao longo dos meses entre a guerra e a Re- com composição e regras diferentes, os
solução, manteve contatos constantes em Estados tendem a expressar-se de modo
Nova York com as partes e os membros do diverso, realçando características específi-
órgão, sondando sobre o limite de suas cas de suas propostas.
posições e valendo-se de boas relações Nos meses de outubro e novembro, os
pessoais com os representantes de EUA e projetos de resolução circulados procura-
URSS. Para além de sua capacidade como vam estabelecer um equilíbrio aceitável
negociador, usou a posição que o Reino para os interessados, mas a polarização
Unido ocupava nos debates sobre o tema típica da Guerra Fria estimulava a descon-
82 POLÍTICA EXTERNA
84 POLÍTICA EXTERNA
Notas
1. Security Council Report. The Middle East 1947-2007: the Non-Regional Actors”. In N. Y. U. Journal of Inter-
Sixty Years of Security Council Engagement on the Isra- national Law, vol. 25, no. 2, 1993, p. 502.
el/Palestine Question. Nova York: Security Council Re- 9. Rosenne, S. “On Multi-Lingual Interpretation – UN
port, 2007, pp. 5-7; e Falk, R. “Forty Years after 242: A Security Council Res 242”, disponível em http://www.
‘Canonical’ Text in Disrepute?”. In Journal of Palestine mfa.gov.il/mfa/peace%20process/guide%20to%20
Studies, vol. 37, no. 1, 2007, p. 40. the%20peace%20process/on%20multi-lingual%20in-
2. Neff, D. “The Clinton Administration and UN Resolu- terpretation%20-un%20security%20counc, acessado em
tion 242”. In Journal of Palestine Studies, vol. 23, no. 2, 23/10/2010; ver também Lapidoth, R. “Security Council
1994, p. 20. Resolution 242 at Twenty Five”. In Israel Law Review,
3. Fonseca Jr., G. O interesse e a regra. Ensaios sobre o vol. 26, no. 3, 1992, p. 307.
multilateralismo. São Paulo: Paz e Terra, 2008, p. 49. 10. Schwebel, S. “What Weight to Conquest?”. In Ame-
4. Hazan, P. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire rican Journal of International Law, vol. 64, no. 2, 1970;
empoisonnée. Bruxelas: Éditions Complèxe, 1989. Baker, A. “The fallacy of the 1967 ‘borders’”. In Jerusa-
5. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Nova lem Post, 29/12/2010; e Ayalon, D. “Israel’s Right in the
York: Columbia University Press, 1968. ‘Disputed Territories’”. In The Wall Street Journal. op. cit.
6. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Dordrecht: 11. Rostow, E.“The Illegality of the Arab Attack on Isra-
Martinus Nijhoff Publishers, 1985, pp. 171-72; Lynk, M. el of October 6, 1973”. Op. cit., pp. 276-77.
“Conceived in Law: the Legal Foundations of Resolu- 12. Higgins, R. “The June War: The United Nations and
tion 242”. In Journal of Palestine Studies, vol. 37, no. 1, Legal Background”. In Journal of Contemporary His-
2007, p. 9; SCOR 1382, p. 10. tory, vol. 3, no 3, 1968, pp. 271-72; Lapidoth, R. “Securi-
7. Idem, p. 10. ty Council Resolution 242 at Twenty Five”. Op. cit.,
pp. 303-05.
8. Rostow, E. “The Illegality of the Arab Attack on Israel
of October 6, 1973”. In The American Journal of Inter- 13. Idem, pp. 311-12.
national Law, vol. 69, no. 2, 1975, pp. 284-85; e “The 14. Baker, A. “The fallacy of the 1967 ‘borders’”. In Je-
Drafting of Security Council Resolution 242: the Role of rusalem Post, 29/12/2010; e Ayalon, D. “Israel’s Right in
86 POLÍTICA EXTERNA
the ‘Disputed Territories’”. In The Wall Street Journal; e 1974, p. 49-50; McHugo, J. “Resolution 242: a Legal
Scor 1375, p. 6. Reappraisal of the Right-Wing Israeli Interpretation
15. Scor 1382, p. 6; Rostow, E. “The Illegality of the of the Withdrawal Phrase with Reference to the
Arab Attack on Israel of October 6, 1973”. Op. cit., pp. Conflict between Israel and the Palestinians”. Op. cit.,
284-85; e Lapidoth, R. “Security Council Resolution 242 pp. 858-60.
at Twenty Five”. Op. cit., pp. 310-11. 26. Scor 1382, p. 12; Manin, Ph. “Les efforts de l’Orga-
16. Scor 1382, pp. 9-10. nisation des Nations Unies et des grandes puissances
en vue d’un réglement de la crise ao Moyen Orient”.
17. Rostow, E. “Legal Aspects of the search for Peace in
In Annuaire français de droit international, vol. 15,
the Middle East”. In The American Journal of Interna-
pp. 165-67.
tional Law, vol. 64, no. 4, 1970, p. 68.
27. Shihata, I. “The Territorial Question and the Octo-
18. Scor 1382, p. 10; Lapidoth, R. “Security Council Re-
ber War”. Op. cit, p. 51-2; Wright, Q. “The Middle East
solution 242 at Twenty Five”. Op. cit., pp. 314-15.
Problem”. Op. cit., p. 272; Perry, G. “Security Council
19. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit., Resolution 242: The Withdrawal Clause”. In Middle East
pp. 29-38. Journal, vol. 31, no. 4, 1977, p. 421.
20. Lapidoth, R. “Security Council Resolution 242: an 28. Idem, p. 421; McHugo, J. “Resolution 242: a Legal
Analysis of its Main Provision”. In Jerusalem Center for Reappraisal of the Ridgt-Wing Israeli Interpretation of
Public Affairs. Israel’s Right to Secure Boundaries. Four the Withdrawal Phrase with Reference to the Conflict
Decades since UN Security Council Resolution 242. Jeru- between Israel and the Palestinians”. Op. cit., p. 862.
salém: Jerusalem Center for Public Affairs and the
29. Shihata, I. “The Territorial Question and the Octo-
Konrad Adenauer Stiftung, 2009, p. 20.
ber War”. Op. cit., p. 51.
21. Lapidoth, R. “Security Council Resolution 242 at
Twenty Five”. Op. cit., p. 509; Rosenne, S. “On Multi- 30. Idem, pp. 47-48.
-Lingual Interpretation – UN Security Council Res 242”, 31. Idem, p. 50; ver também Falk, R. “Forty Years after
op. cit.; e Rostow, E. “The Drafting of Security Council 242: A ‘Canonical’ Text in Disrepute?”. Op. cit., pp. 45-46.
Resolution 242: the Role of the Non-Regional Actors”. 32. Wright, Q. “The Middle East Problem”. Op. cit., pp.
Op. cit., p. 501. 275-78; McHugo, J. “Resolution 242: a Legal Reapprai-
22. Ayalon, D. “Israel’s Right in the ‘Disputed Territo- sal of the Right-Wing Israeli Interpretation of the Wi-
ries’”. In The Wall Street Journal op. cit.; Israel. State- thdrawal Phrase with Reference to the Conflict betwe-
ments Clarifying the Meaning of U.N Security Council en Israel and the Palestinians”. Op. cit., p. 862.
Resolution 242. Disponível em http://www.mfa.gov.il/ 33. Quigley, J. “Security Council Resolution 242 and the
mfa/peace%20process/guide%20to%20the%20 Right of Repatriation”. In Journal of Palestine Studies,
peace%20process/statements%20clarifying%20 vol. 37, no. 1, 2007; Scor 1382, pp. 1-2.
the%20meaning%20of%20un%20security%20c, em
34. Idem, p. 15.
7/8/2010; e Camera. Security Council Resolution 242
According to its Drafters, disponível em http://www.ca- 35. Perry, G. “Security Council Resolution 242: The Wi-
mera.org/index.asp?x_context=2&x_outlet=118&x_arti- thdrawal Clause”. Op. cit.; Lynk, M. “Conceived in Law:
cle=1267, em 7/8/2010. the Legal Foundations of Resolution 242”. Op. cit.,
pp. 15-16.
23. Scor 1382, pp. 5-7, 12-13.
36. Idem, pp. 17-18.
24. Wright, Q. “The Middle East Problem”. In The Ame-
rican Journal of International Law, vol. 64, no. 2, 1970, 37. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
pp. 271-72; Neff, D. “The Clinton Administration and 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Washing-
UN Resolution 242”. Op. cit., pp. 24-25; McHugo, J. ton: Institute for the Study of Diplomacy, 1981, p. 4;
“Resolution 242: a Legal Reappraisal of the Right-Wing Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit.,
Israeli Interpretation of the Withdrawal Phrase with pp. 220-29.
Reference to the Conflict between Israel and the Pales- 38. Korn, D. The Making of United Nations Security
tinians”. In International and Comparative Law Quar- Council Resolution 242. Washington: Institute for the
terly, vol. 51, 2002, p. 854. Study of Diplomacy, 1992, p. 12.
25. Shihata, I. “The Territorial Question and the Octo- 39. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit, pp.
ber War”. In Journal of Palestine Studies, vol. 4, no. 1, 20-37, 126-27 e 188; Lall, A. The UN and the Middle East
Crisis, 1967. Op. cit, pp. 39-40 e 95-6; Stoessinger, J. The 53. Higgins, R. “The June War: The United Nations and
United Nations and the Superpowers. United States- Legal Background”. Op. cit., pp. 265-67.
-Soviet interaction at the United Nations. Nova York: 54. Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit, p.
Random House, 1966, p. 74. 29; Hazan, P. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire
40. Golan, G. “The Soviet Union and the Outbreak of the empoisonnée. Op. cit., pp. 20-22.
June 1967 Six-Day War”. In Journal of Cold War Studies, 55. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
vol. 8, no. 1, 2006; Quandt, W. Peace Process. American cit., pp. 247-49.
Diplomacy and the Arab-Israeli Conflict since 1967. Wa-
56. Hazan, P. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire
shington: Brooking Institution Press, 2005, pp. 12-13 e
empoisonnée. Op. cit., pp. 116-24; Tomeh, George.
34-45; Korn, D. The Making of United Nations Security
“When the UN Dropped the Palestinian Question”. In
Council Resolution 242. Op. cit., pp. 4-5; Lall, A. The UN
Journal of Palestine Studies, vol. 4, no. 1, 1974, pp. 25-30.
and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 153-68.
57. Cf. Síria, Scor 1382 pp. 1-2, e Egito, Scor 1382, p. 15.
41. Scor 1379, pp. 1-3; Scor 1381, pp. 3-5; Lall, A. The UN
and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 252-55. 58. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit.,
42. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
pp. 13-14.
cit., pp. 50-51.
59. Security Council Report. The Middle East 1947-2007:
43. Idem, pp. 210-13; Bailey, S. The Making of Resolution
Sixty Years of Security Council Engagement on the Isra-
242. Op. cit, pp. 126-7; e http://history.state.gov/histori-
el/Palestine Question. Op. cit., p. 17.
caldocuments/frus1964-68v19/d380, acessado em 21/12/
2010. 60. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., p. 14.
44. Lynk, M. “Conceived in Law: the Legal Foundations
of Resolution 242”. Op. cit., pp. 10-2; Bailey, S. The 61. Quandt, W. Peace Process. American Diplomacy and
Making of Resolution 242. Op. cit., pp. 147-50; Quandt, the Arab-Israeli Conflict since 1967. Op. cit., pp. 45-47;
W. Peace Process. American Diplomacy and the Arab- Scor 1382 p. 10.
-Israeli Conflict since 1967. Op. cit., pp. 46-47. 62. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution
45. Scor 1379, 1381 e 1382; Lall, A. The UN and the Mi- 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., pp.
ddle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 256-60; Security 4-5; Bailey, S. The Making of Resolution 242. Op. cit.,
Council Report. The Middle East 1947-2007: Sixty Years pp. 175-76; Lynk, M. “Conceived in Law: the Legal
of Security Council Engagement on the Israel/Palestine Foundations of Resolution 242”. Op. cit., p. 11.
Question. Op. cit., p. 13. 63. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
cit., pp. 100-102 e 221.
46. Quandt, W. Peace Process. American Diplomacy and
the Arab-Israeli Conflict since 1967. Op. cit., p. 45; 64. Korn, D. The Making of United Nations Security
Golan, G. “The Soviet Union and the Outbreak of the Council Resolution 242. Op. cit., pp. 8-10.
June 1967 Six-Day War”. Op. cit., p. 19. 65. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op.
47. Scor 1382; Caradon, H. et alii. U.N. Security Council cit., pp. 248-57; Bailey, S. The Making of Resolution 242.
Resolution 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., pp. 145-46 e 168; Caradon, H. et alii. U.N. Secu-
Op. cit., p. 13. rity Council Resolution 242: a Case Study in Diplomatic
Ambiguity. Op. cit., pág. 6; http://history.state.gov/his-
48. Higgins, R. “The June War: The United Nations and
toricaldocuments/frus1964-68v19/d536, acessado em
Legal Background”. Op. cit, pp. 267-69; Lall, A. The UN
20/12/2010; Scor 1381, p. 1-3.
and the Middle East Crisis, 1967. Op. cit., pp. 246-51;
Scor 1382, p. 10. 66. Fonseca Jr., G. O interesse e a regra. Ensaios sobre o
multilateralismo. Op. cit., pp. 49-53; Dajani, O. “Forty
49. Scor 1381, p. 2.
Years without Resolve: Tracing the Influence of Security
50. Caradon, H. et alii. U.N. Security Council Resolution Council Resolution 242 on the Middle East Peace Process”.
242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Op. cit., pp. In Journal of Palestine Studies, vol. 37, no. 1, 2007, p. 25.
12-13; Scor 1375, pp. 6-7.
67. Fonseca Jr., G. O interesse e a regra. Ensaios sobre o
51. Ver, por exemplo, Bailey, S. The Making of Resolu- multilateralismo. Op. cit., p. 50-52.
tion 242. Op. cit., pp. 84-90.
68. Dajani, O. “Forty Years without Resolve: Tracing the
52. Scor 1373, p. 5; Scor 1381, p. 1; Hazan, P. 1967: La Influence of Security Council Resolution 242 on the
Guerre des Six Jours. Op. cit., pp. 106-15. Middle East Peace Process”. Op. cit., 2007, p. 27.
88 POLÍTICA EXTERNA
69. Lall, A. The UN and the Middle East Crisis, 1967. Op. 1947-2007: Sixty Years of Security Council Engagement
cit., p. 112-13; Security Council Report. The Middle East on the Israel/Palestine Question. Op. cit., p. 8.
70. Idem, p. 13.
Bibliografia
Ayalon, Danny. “Israel’s Right in the ‘Disputed Territo- Korn, David. The Making of United Nations Security
ries’”. In The Wall Street Journal (http://online.wsj.com/ Council Resolution 242. Washington: Institute for the
article/SB10001424052748704103104574623662661962 Study of Diplomacy, 1992, caso 450.
226.html, acessado em 8/08/2010). Lall, Arthur. The UN and the Middle East Crisis, 1967.
Bailey, Sydney. The Making of Resolution 242. Dordre- Nova York: Columbia University Press, 1968.
cht: Martinus Nijhoff Publishers, 1985. Lapidoth, Ruth. “Security Council Resolution 242 at
Baker, Alan. “The fallacy of the 1967 ‘borders’”. In Jeru- Twenty Five”. In Israel Law Review, vol. 26, no. 3, 1992,
salem Post, 29/12/2010. pp. 295-318.
Camera, Security Council Resolution 242 According to Lynk, Michael. “Conceived in Law: the Legal Founda-
its Drafters, disponível em http://www.camera.org/ tions of Resolution 242”. In Journal of Palestine Studies,
index.asp?x_context=2&x_outlet=118&x_article=1267, vol. 37, no. 1, 2007, pp. 7-23.
em 7/08/2010. Manin, Philippe. “Les efforts de l’Organisation des Na-
Caradon, Hugh Foot et alii. U.N. Security Council Reso- tions Unies et des grandes puissances en vue d’un régle-
lution 242: a Case Study in Diplomatic Ambiguity. Wa- ment de la crise ao Moyen Orient”. In Annuaire français
shington: Institute for the Study of Diplomacy, 1981. de droit international, vol. 15, pp. 154-82.
Dajani, Omar. “Forty Years without Resolve: Tracing the McHugo, John. “Resolution 242: a Legal Reappraisal of
Influence of Security Council Resolution 242 on the the Ridgt-Wing Israeli Interpretation of the Withdrawal
Middle East Peace Process”. In. Journal of Palestine Phrase with Reference to the Conflict between Israel
Studies, vol. 37, no. 1, 2007, pp. 24-38. and the Palestinians”. In International and Comparati-
Falk, Richard. “Forty Years after 242: A ‘Canonical’ Text ve Law Quarterly, vol. 51, 2002, pp. 851-881.
in Disrepute?”. In Journal of Palestine Studies, vol. 37, Neff, Donald. “The Clinton Administration and UN Re-
no. 1, 2007, pp. 39-48. solution 242”. In Journal of Palestine Studies, vol. 23,
Fonseca JR., Gelson. O interesse e a regra. Ensaios sobre no. 2, 1994, pp. 20-30.
o multilateralismo. São Paulo: Paz e Terra, 2008. Perry, Glenn. “Security Council Resolution 242: The Wi-
Golan, Galia. “The Soviet Union and the Outbreak of thdrawal Clause”. In Middle East Journal, vol. 31, no. 4,
the June 1967 Six-Day War”. In. Journal of Cold War 1977, pp. 413-433.
Studies, vol. 8, no. 1, 2006, pp. 3-19. Quandt, William. Peace Process. American Diplomacy
Hazan, Pierre. 1967: La Guerre des Six Jours. La victoire and the Arab-Israeli Conflict since 1967. Washington:
empoisonnée. Bruxelas: Éditions Complèxe, 1989. Brooking Institution Press, 2005.
Higgins, Rosalyn. “The June War: The United Nations Quigley, John. “Security Council Resolution 242 and the
and Legal Background”. In Journal of Contemporary Right of Repatriation”. In Journal of Palestine Studies,
History, vol. 3, no. 3, 1968, pp. 253-273. vol. 37, no. 1, 2007, pp. 49-61.
Israel. Statements Clarifying the Meaning of U.N Secu- Rosenne, Shabtai. “On Multi-Lingual Interpretation –
rity Council Resolution 242. Disponível em http://www. UN Security Council Res 242”, disponível em http://
mfa.gov.il/mfa/peace%20process/guide%20to%20 www.mfa.gov.il/mfa/peace%20process/guide%20
the%20peace%20process/statements%20clari- to%20the%20peace%20process/on%20multi-lin-
fying%20the%20meaning%20of%20un%20securi- gual%20interpretation%20-un%20security%20counc,
ty%20c, em 7/8/2010. acessado em 23/10/2010 (originalmente publicado em
Jerusalem Center for Public Affairs. Israel’s Right to Se- Israel Law Review, vol. 6, 1971).
cure Boundaries. Four Decades since UN Security Coun- Rostow, Eugene. “Legal Aspects of the search for Peace
cil Resolution 242. Jerusalém: Jerusalem Center for Pu- in the Middle East”. In The American Journal of Inter-
blic Affairs and the Konrad Adenauer Stiftung, 2009. national Law, vol. 64, no. 4, 1970, pp. 64-71.
Rostow, Eugene. “The Illegality of the Arab Attack on Documentos das Nações Unidas
Israel of October 6, 1973”. In The American Journal of
Argentina, Barbados, Bolivia, Brazil, Chile, Colombia,
International Law, vol. 69, no. 2, 1975, pp. 272-89.
Costa Rica, Dominican Republic, Ecuador, El Salvador,
________. “The Drafting of Security Council Resolution Guatemala, Guyana, Honduras, Jamaica, Mexico, Nica-
242: the Role of the Non-Regional Actors”. In N. Y. U. ragua, Panama, Paraguay, Trinidad and Tobago and
Journal of International Law, vol. 25, no. 2, 1993, pp. Venezuela (A/L.523/Rev.1): revised draft resolution.
489-503. Nova York: Nações Unidas, 1967.
Schwebel, Stephen. “What Weight to Conquest?”. In India, Mali, Nigeria: joint draft resolution (S/8227).
American Journal of International Law, vol. 64, no. 2, Nova York: Nações Unidas, 1967.
1970, pp. 344-47.
United States of America: draft resolution (S/8229).
Security Council Report. The Middle East 1947-2007: Nova York: Nações Unidas, 1967.
Sixty Years of Security Council Engagement on the Is-
United Kingdom: draft resolution (S/8247). Nova York:
rael/Palestine Question. Nova York: Security Council
Nações Unidas, 1967.
Report, 2007.
Union of the Soviet Socialist Republics: draft resolution
Shihata, Ibrahim. “The Territorial Question and the
(S/8253). Nova York: Nações Unidas, 1967.
October War”. In Journal of Palestine Studies, vol. 4,
no. 1, 1974, pp. 43-54. Security Council Official Records. Twenty-Second Year.
1373rd meeting: 9/10 November 1967. Nova York: Na-
Stoessinger, John. The United Nations and the Superpo-
ções Unidas, 1971.
wers. United States-Soviet interaction at the United
Nations. Nova York: Random House, 1966. Security Council Official Records. Twenty-Second Year.
1375th meeting: 13 November 1967. Nova York: Nações
Tomeh, George. “When the UN Dropped the Palesti-
Unidas, 1971.
nian Question”. In Journal of Palestine Studies, vol. 4,
no. 1, 1974, pp. 15-30. Security Council Official Records. Twenty-Second Year.
1379th meeting: 16 November 1967. Nova York: Nações
Wright, Quincy. “The Middle East Problem”. In The
Unidas, 1971.
American Journal of International Law, vol. 64, no. 2,
1970, pp. 270-81. Security Council Official Records. Twenty-Second Year.
1381st meeting: 20 November 1967. Nova York: Nações
Unidas, 1971.
Security Council Official Records. Twenty-Second Year.
1382nd meeting: 22 November 1967. Nova York: Nações
Unidas, 1971.
90 POLÍTICA EXTERNA