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PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL
-I-
11. Defende que, “para que não pairem dúvidas sobre a exata compreensão da
Corte sobre o tema em deslinde e em razão da afirmação da existência de 'uma situação
jurídica diferente, visto que o embargante submeteu novo pedido de registro de
candidatura, dessa vez para as eleições de 2018', pede-se que o acórdão embargado seja
esclarecido para que reste claro que, substancialmente, a diferença considerada pela Corte
Superior, reside apenas em dois fatores: diversidade de pleitos (2014 e 2018), bem como
alteração da composição do Tribunal Superior Eleitoral ou, se assim, não se entender
que sejam esclarecidas quais outras diferenças teriam sido percebidas no presente caso”
(ibidem, p. 5).
- II -
- III -
19. No caso dos autos, não se vislumbram quaisquer dos apontados vícios na
decisão embargada.
20. A rigor, nota-se que a defesa repisa teses deduzidas nos primeiros
aclaratórios.
22. Repisa agora o mesmo pleito, sob o argumento de que “não houve
pronunciamento da Corte em relação à incidência dos dispositivos legais e
constitucionais que regem o devido processo legal”.
1
Código Eleitoral. Art. 275. São admissíveis embargos de declaração nas hipóteses previstas no Código de
Processo Civil.
2
CPC/2015. Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se
omissa a decisão que: I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II – incorra em qualquer das condutas
descritas no art. 489, § 1º.
23. Ora, o Tribunal Superior Eleitoral foi claro ao assentar que “diante das
circunstâncias do caso concreto, a Corte Eleitoral pode conceder o direito à defesa oral
das partes, o que, contudo, deriva de mera liberalidade do Colegiado, sem que seja
possível alegar ultraje ao postulado fundamental da ampla defesa em caso de negativa
fundamentada”.
25. Vejam-se trechos do acórdão dos primeiros aclaratórios, ainda sem revisão:
Inicialmente, o embargante alega que houve violação ao devido processo legal
por cerceamento de defesa, em virtude de ter sido negada a possibilidade de as
partes sustentarem oralmente as suas razões.
No entanto, o entendimento de que não há sustentação oral em agravo
regimental por ausência de previsão legal constitui jurisprudência estável desta
Corte:
ELEIÇÕES DE 2000. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO
REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO. EMBARGANTE: TERCEIRO
INTERESSADO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO
PLENÁRIO. NÃO-OCORRÊNCIA. SUSTENTAÇÃO ORAL NO
JULGAMENTO DE AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE.
INEXISTÊNCIA DE AGRESSÃO À AMPLA DEFESA OU AO
DEVIDO PROCESSO LEGAL. PRECEDENTES. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO: AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS. CARÁTER
PROTELATÓRIO.
[...]
2. Na linha da jurisprudência desta Corte e do STF, é incabível sustentação
oral em sede de julgamento de agravo regimental.
[...]
(EDcl-AgRg-AI nº 2.170/BA, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 23.9.2005 –
grifos acrescidos)
É sabido que, diante das circunstâncias do caso concreto, a Corte Eleitoral
pode conceder o direito à defesa oral das partes, o que, contudo, deriva de
mera liberalidade do Colegiado, sem que seja possível alegar ultraje ao
postulado fundamental da ampla defesa em caso de negativa fundamentada.
Foi exatamente o que aconteceu na presente hipótese, conforme pontuado pelo
próprio embargante (ID 2002088, fls. 9-10):
Na oportunidade, o Min. Barroso ressaltou que considerava que a
questão era puramente de direito e constava da sentença condenatória,
razão pela qual não via necessidade de dilação probatória ou novo
debate. Igualmente, a eminente Presidente indicou que a matéria
relativa ao enriquecimento ilícito já havia sido apontada anteriormente,
inclusive, no parecer da Procuradoria Geral Eleitoral, razão pela qual
não haveria novidade e seria possível, diante do provimento do agravo,
partir-se para o exame e provimento do recurso especial. O eminente
Ministro Admar Gonzaga aderiu a esse fundamento, afirmando que a
matéria já estava sendo debatida desde a instância originária.
26. Dessa forma, uma vez que não há sustentação oral em agravo regimental
por ausência de previsão legal, sendo estável a jurisprudência do TSE nesse sentido,
não estando a Corte Superior obrigada a concedê-la, é despiciendo qualquer
“pronunciamento em relação à incidência dos dispositivos legais e constitucionais que
regem o devido processo legal”, por ausência de utilidade, sendo descabida a alegação
de omissão.
29. Para tanto, argumenta: “para que não pairem dúvidas sobre a exata
compreensão da Corte sobre o tema em deslinde e em razão da afirmação da existência
de 'uma situação jurídica diferente, visto que o embargante submeteu novo pedido de
registro de candidatura, dessa vez para as eleições de 2018', pede-se que o acórdão
embargado seja esclarecido para que reste claro que, substancialmente, a diferença
considerada pela Corte Superior, reside apenas em dois fatores: diversidade de pleitos
(2014 e 2018), bem como alteração da composição do Tribunal Superior Eleitoral ou, se
assim, não se entender que sejam esclarecidas quais outras diferenças teriam sido
percebidas no presente caso” (ibidem, p. 5).
30. Ora, referida matéria foi devidamente enfrentada pela Corte Superior
Eleitoral, sendo descabida a alegada omissão.
- IV -
34. É sabido que o art. 26-C, da Lei Complementar nº 64/90, prevê, em caráter
excepcional, a possibilidade de suspensão da causa de inelegibilidade em questão, ao
disciplinar que “[o] órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso
contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art.
1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente
requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso”.
35. É sabido que o art. 26-C, da Lei Complementar nº 64/90, prevê, em caráter
excepcional, a possibilidade de suspensão da causa de inelegibilidade em questão, ao
disciplinar que “[o] órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso
contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art.
1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente
requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso”.
37. Como registra José Jairo Gomes, a norma em questão permite o afastamento
da causa de inelegibilidade, quando presentes os seguintes pressupostos: “(i) que
esteja em causa uma das hipóteses de inelegibilidade previstas nas alíneas d, e, h, j, l e n
do inciso I do artigo 1º da LC nº 64/90; (ii) que haja decisão desfavorável, não
transitada em julgado, oriunda de órgão judicial colegiado; (iii) que haja decisão
emanada de órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra a
decisão colegiada aludida no item anterior; (iv) que exista plausibilidade ou viabilidade
da pretensão recursal (fumus boni juris); (v) que a suspensão seja expressamente
requerida por ocasião da interposição do recurso”3.
3
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. São Paulo: Atlas, p. 343.
42. Destaque-se ainda que o Tribunal Superior Eleitoral tem entendido pela
possibilidade de reconhecimento das causas que afastam a inelegibilidade até a data
da diplomação, em respeito à estabilidade das relações jurídicas, sob pena de eterna
litigância ao longo do mandato. Nesse sentido:
ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS INTERNOS EM RECURSO ESPECIAL.
REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO ELEITO.
DEFERIMENTO NA CORTE DE ORIGEM. INELEGIBILIDADE DA
ALÍNEA O DO INCISO I DO ART. 1º DA LC 64/90. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO COM EFEITOS MODIFICATIVOS.
POSSIBILIDADE. FATO SUPERVENIENTE. CONCESSÃO DE
MEDIDA LIMINAR QUE SUSPENDE A DECISÃO
ADMINISTRATIVA DA PREFEITURA DE IELMO MARINHO/RN
QUE DEMITIU DO SERVIÇO PÚBLICO O PRETENSO
CANDIDATO, EM RAZÃO DA PRÁTICA DA FALTA
ADMINISTRATIVA DE ABANDONO DO CARGO DE MÉDICO
POR ELE OCUPADO. APLICAÇÃO DO ART. 11, § 10 DA LEI
9.504/97. O RECONHECIMENTO HÁBIL A AFASTAR A
INELEGIBILIDADE PODE OCORRER EM QUALQUER GRAU DE
JURISDIÇÃO, INCLUSIVE NAS INSTÂNCIAS
EXTRAORDINÁRIAS, ATÉ O ÚLTIMO DIA DO PRAZO PARA A
DIPLOMAÇÃO DOS ELEITOS, FIXADO POR ESTA CORTE PARA
O DIA 19 DE DEZEMBRO. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS
HÁBEIS PARA MODIFICAR A DECISÃO AGRAVADA. AGRAVOS
REGIMENTAIS DESPROVIDOS.
44. Logo, também pelo marco temporal, referido decisum não possui aptidão
para afastar, no caso concreto, a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I,
“l”, da Lei Complementar nº 64/90.
45. Com base em tal entendimento, é forçoso convir que o provimento judicial
monocrático em questão (ID 3291888) em nada altera o curso da impugnação aqui
proposta.
-V-
50. Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral pugna pela rejeição dos
embargos de declaração, assim como pelo indeferimento do pleito avulso de
concessão de efeito suspensivo.