Вы находитесь на странице: 1из 13

MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

PGE Nº 125.934 181/19/MPE/PGE/HJ


RECURSO ORDINÁRIO Nº 0600687-93.2018.6.25.0000 ARACAJU/SE E 2018

RECORRENTE Ministério Público Eleitoral


RECORRENTE Coligação “Coragem Para Mudar Sergipe”
ADVOGADOS Gustavo Machado de Sales e Silva e Outros
RECORRIDO Luciano Bispo de Lima
ADVOGADO Alexandro Nascimento Argolo e Outros
RELATOR Ministro Og Fernandes

Excelentíssimo Ministro Relator,

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, pelo Vice-Procurador-Geral Eleitoral,


vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 281, §2º, do Código
Eleitoral, apresentar IMPUGNAÇÃO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos por
Luciano Bispo de Lima requerendo, ao fim, a sua rejeição, pelos motivos que passa
a expor:

-I-

1. Trata-se de embargos de declaração opostos por Luciano Bispo de Lima


contra o acórdão proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral no julgamento de
primeiros aclaratórios.

2. Na origem, Luciano Bispo de Lima, candidato ao cargo de deputado


estadual no Estado de Sergipe, no pleito de 2018, teve seu pedido de registro de
candidatura deferido pelo Tribunal Regional Eleitoral, que afastou a incidência da
causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “l”, da Lei Complementar nº 64/90.

3. Eis a ementa do acórdão regional (ID 376953):


ELEIÇÕES 2018. REGISTRO DE CANDIDATO. ELEIÇÃO
PROPORCIONAL. DEPUTADO ESTADUAL. IMPUGNAÇÕES.
INELEGIBILIDADES. REJEIÇÃO DE CONTAS PELO TCE.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. NÃO CONFIGURADAS.
IMPROCEDÊNCIA DAS AIRC's. DEFERIMENTO DO REGISTRO.
1. A competência para o julgamento das contas de governo ou de gestão, estas
na condição de ordenador de despesa, prestadas por prefeito é da respectiva
Câmara Municipal, exceção feita as contas de convênio, cuja competência é da
Corte de Contas do Estado ou da União, conforme a natureza dos recursos.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 1/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

As decisões de rejeição de contas exaradas pelo TCE/SE não estão aptas a


respaldar a incidência da inelegibilidade do art. 1°, I, "g", da LC n° 64/90, pois
relacionadas a contas de gestão do impugnado, quando Prefeito de
Itabaiana/SE, sendo competência exclusiva da Câmara Municipal realizar o
julgamento definitivo das contas desse agente político.
2. Para a caracterização da inelegibilidade do art. 1°, I, "I", da LC n°64/90, é
necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de
improbidade administrativa, que implique, concomitantemente, lesão ao erário
e enriquecimento ilicito próprio ou de terceiro. Precedentes do TSE.
3. Segundo os termos da sentença do Juízo da 65. Vara Federal da Seção
Judiciária de Sergipe, mantida, em sede recursal, pelo TRF-5, a condenação do
requerido à suspensão dos direitos políticos pela prática de improbidade
administrativa em decorrência de aquisição de medicamentos sem
procedimento licitatório e com valores superfaturados, declarou existência de
dano ao erário, mas não vislumbrou enriquecimento ilícito do agente público
ou das empresas fornecedoras dos produtos
4. Improcedência das AIRC's e deferimento do registro de candidatura em
vista do cumprimento das condições de elegibilidade e inexistência de causas
de inelegibilidade.

4. Interposto recurso ordinário pelo Ministério Público Eleitoral e pela


Coligação “Coragem para Mudar Sergipe", em peças apartadas, o Ministro Relator
negou provimento a ambos os apelos (ID 468571), com base nos seguintes
fundamentos:

a) a caracterização da causa de inelegibilidade de que trata o art.


1º, I, “l”, da LC 64/90 demanda: i) condenação transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado; ii) aplicação da
pena de suspensão dos direitos políticos; iii) presença do dolo; e
iv) ato de improbidade que importe, cumulativamente, dano ao
erário e enriquecimento ilícito;
b) a matéria controvertida diz respeito à presença cumulativa dos
requisitos alusivos ao dano ao erário e ao enriquecimento ilícito, os
quais, na linha da jurisprudência desta Corte, podem ser extraídos
a partir dos fundamentos da condenação na ação de improbidade,
desde que fique evidente que a Justiça Comum efetivamente
entendeu pela existência de dano ao erário e enriquecimento
ilícito;
c) está correta a conclusão da Corte de origem, visto que o exame
detalhado da sentença proferida em ação de improbidade revela
que a Justiça Comum afastou a presença do enriquecimento ilícito,
tanto na fundamentação quanto no dispositivo.

5. Irresignado, o Ministério Público Eleitoral interpôs agravo interno (ID


503845), julgado na sessão realizada no dia 13 de novembro de 2018, que foi
provido, por maioria, nos termos da seguinte ementa:

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 2/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

ELEIÇÕES 2018. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO.


DEPUTADO ESTADUAL. REGISTRO DE CANDIDATURA.
INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, I, L, DA LC Nº 64/1990.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO
CONFIRMADA POR ÓRGÃO COLEGIADO. APLICAÇÃO DA
PENA DE SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. PRESENÇA
DE DOLO. PREJUÍZO AO ERÁRIO. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
DE TERCEIRO. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO.

1. Esta Corte Superior manteve indeferido o registro de candidatura do


embargante ao cargo de deputado estadual de Sergipe com base na
inelegibilidade do art. 1º, I, l, da LC 64/90 - suspensão de direitos políticos por
ato doloso de improbidade administrativa que implicou, cumulativamente,
dano ao erário e enriquecimento ilícito.

2. Conforme se assentou de modo claro no acórdão, o agravante fora


condenado em ação civil pública com supedâneo no art. 10 da Lei nº 8.429/92,
expressamente referido na parte dispositiva do decreto condenatório, às sanções
de suspensão de direitos políticos por oito anos, ressarcimento integral do dano,
pagamento de multa e perda da função pública.

3. O caso concreto revela também a presença de enriquecimento ilícito das


empresas fornecedoras, uma vez que ficou comprovado o sobrepreço na
aquisição de medicamentos pelo Município de Itabaiana em situação de
dispensa indevida de licitação.

4. Agravo regimental provido para indeferir o registro de candidatura de


Luciano Bispo de Lima ao cargo de deputado estadual.

6. Contra tal decisão, Luciano Bispo de Lima interpôs embargos declaratórios


(ID 2002088), sustentando, em síntese:

a) nulidade por cerceamento de defesa, porque deveria ter sido


dado provimento ao agravo interno apenas para permitir o
julgamento do recurso especial, de modo a viabilizar que as partes
pudessem produzir a sustentação oral;

b) necessidade de correção de erro material, porque:

b-1) “constou da conclusão do julgamento e da proclamação do


resultado que o agravo regimental foi provido nos termos do
voto do Ministro Og Fernandes, que redigirá o acórdão”, sendo
que o entendimento defendido pelo referido Ministro – no
sentido de ser desnecessária a ocorrência concomitante do
dano ao erário e do enriquecimento ilícito – foi vencido
pelos votos que compuseram a maioria do colegiado,
prevalecendo a seguinte tese: “apesar da demonstração do

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 3/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

enriquecimento ilícito ser irrelevante para a caracterização da


inelegibilidade, diante da presença do dano aos cofres públicos
na situação examinada, tal enriquecimento estaria presente na
espécie, sendo possível constar a sua ocorrência a partir da
referência às compras de medicamentos realizadas com sobre-
preço”;

b-2) “a sentença proferida pelo juiz da 6ª Vara Federal de


Sergipe não transitou em julgado, como amplamente
demonstrado nos autos, conforme deduzido desde a defesa e
sustentado nas contrarrazões ao recurso ordinário (ID376962,
pág. 13), quando o embargante expressamente apontou a
existência de recurso pendente perante o Superior Tribunal de
Justiça”;

c) “Há, portanto, com a devida vênia, contradição interna no acórdão


embargado quando se reconhece que, na espécie, não houve
condenação dos réus às sanções do enriquecimento ilícito e, ao mesmo
tempo, se considera presente a hipótese de inelegibilidade que
perduraria até oito anos após o cumprimento da pena não imposta”;

d) ausência de referência ao termo “decisão colegiada”, necessário à


caracterização da inelegibilidade em questão;

e) “resta claro que, na espécie, não houve e não há decisão colegiada de


mérito que enseje a caracterização da inelegibilidade”, porquanto “as
apelações lançadas contra a sentença de primeira instância não foram
conhecidas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em razão de
alegada intempestividade”;

f ) ofensa ao princípio da segurança jurídica, ante a “impossibilidade


de se chegar a entendimento contrário no caso em concreto, tendo em
vista pronunciamento anterior do Tribunal Superior Eleitoral
envolvendo exatamente o mesmo candidato, o mesmo cargo, a mesma
circunscrição e rigorosamente a mesma condenação apontada pelo
Ministério Público Eleitoral”;

g) Houve omissão na medida em que não se enfrentou o ponto


específico constante das contrarrazões referente à impossibilidade
de se concluir pelo enriquecimento ilícito de terceiros que não
fizeram parte da relação processual.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 4/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

7. Apresentadas impugnações aos aclaratórios pela Coligação “Coragem Para


Mudar Sergipe” (ID 2118838) e pelo Ministério Público Eleitoral (ID 2120788).

8. Seguiu-se petição do Parquet Eleitoral (ID 2667938) pugnando pela


“imediata comunicação ao Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, para que Luciano
Bispo de Lima não seja diplomado, em razão do indeferimento de seu registro de
candidatura, e diante da ausência de efeito suspensivo dos embargos declaratórios”, e pela
“pronta inclusão do feito em pauta para julgamento”.

9. O Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, rejeitou os embargos de


declaração, tendo sido o acórdão publicado em sessão realizada no dia 18/12/2018.

10. Adveio, então, a interposição de segundos embargos declaratórios (ID


3291898), por meio do qual Luciano Bispo afirma a ocorrência de omissão, sob o
argumento de que, “conquanto se tenha afirmado no julgamento dos embargos de
declaração que a possibilidade de concessão da oportunidade de sustentação oral seria
mera liberalidade, não houve pronunciamento da Corte em relação à incidência dos
dispositivos legais e constitucionais que regem o devido processo legal” (p. 4).

11. Defende que, “para que não pairem dúvidas sobre a exata compreensão da
Corte sobre o tema em deslinde e em razão da afirmação da existência de 'uma situação
jurídica diferente, visto que o embargante submeteu novo pedido de registro de
candidatura, dessa vez para as eleições de 2018', pede-se que o acórdão embargado seja
esclarecido para que reste claro que, substancialmente, a diferença considerada pela Corte
Superior, reside apenas em dois fatores: diversidade de pleitos (2014 e 2018), bem como
alteração da composição do Tribunal Superior Eleitoral ou, se assim, não se entender
que sejam esclarecidas quais outras diferenças teriam sido percebidas no presente caso”
(ibidem, p. 5).

12. Além disso, comunica “a ocorrência de fato superveniente caracterizado


pela decisão proferida pelo eminente Desembargador Federal Paulo Machado
Cordeiro do Eg. Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que concedeu tutela
provisória em sede de ação rescisória para suspender todos os efeitos da condenação
imposta ao embargante na ação de improbidade, único fato considerado para que fosse
afirmada a inelegibilidade do embargante” (p. 1, destaques no original).

13. Seguiu-se pedido de concessão de efeito suspensivo aos embargos de


declaração opostos (ID 3478988).

14. Por meio do despacho de ID 3654938, a Ministra Presidente determinou a


intimação do Ministério Público e da Coligação embargada para manifestação a
respeito de pedido de concessão de efeito suspensivo.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 5/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

15. Vieram os autos ao Ministério Público Eleitoral, para impugnação aos


aclaratórios e manifestação a respeito do sobredito pedido.

- II -

16. O acórdão que negou provimento ao embargos de declaração de Luciano


Bispo foi publicado em sessão em 18/12/2018 (sexta-feira). Considerando que o
recesso forense estabelecido pela Portaria TSE nº 1.021/2018 ensejou a suspensão
dos prazos processuais durante o período de 20/12/2018 a 31/01/2019, tem-se
que o prazo de três dias para a apresentação da presente impugnação iniciar-se-á em
1º/2/2019 (sexta-feira), sendo tempestiva a presente insurgência.

- III -

17. Há regular representação processual (ID 2002188) e a interposição dos


embargos foi tempestiva (ID 3251988 e 3291838). O recurso, contudo, não
comporta acolhimento.

18. Os embargos de declaração, espécie de recurso de fundamentação


vinculada, prestam-se exclusivamente a sanar eventual omissão, obscuridade,
contradição ou erro material na decisão judicial, nos termos do artigo 275 do
Código Eleitoral1 c/c art. 1022 do Código de Processo Civil2.

19. No caso dos autos, não se vislumbram quaisquer dos apontados vícios na
decisão embargada.

20. A rigor, nota-se que a defesa repisa teses deduzidas nos primeiros
aclaratórios.

21. Em seus primeiros embargos, aduziu o recorrente a nulidade do julgado,


por violação do devido processo legal e cerceamento de defesa, em virtude da
negativa da possibilidade de as partes sustentarem oralmente suas razões.

22. Repisa agora o mesmo pleito, sob o argumento de que “não houve
pronunciamento da Corte em relação à incidência dos dispositivos legais e
constitucionais que regem o devido processo legal”.

1
Código Eleitoral. Art. 275. São admissíveis embargos de declaração nas hipóteses previstas no Código de
Processo Civil.
2
CPC/2015. Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se
omissa a decisão que: I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II – incorra em qualquer das condutas
descritas no art. 489, § 1º.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 6/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

23. Ora, o Tribunal Superior Eleitoral foi claro ao assentar que “diante das
circunstâncias do caso concreto, a Corte Eleitoral pode conceder o direito à defesa oral
das partes, o que, contudo, deriva de mera liberalidade do Colegiado, sem que seja
possível alegar ultraje ao postulado fundamental da ampla defesa em caso de negativa
fundamentada”.

24. E mais: assinalou que o entendimento de que não há sustentação oral em


agravo regimental por ausência de previsão legal constitui jurisprudência estável
desta Corte.

25. Vejam-se trechos do acórdão dos primeiros aclaratórios, ainda sem revisão:
Inicialmente, o embargante alega que houve violação ao devido processo legal
por cerceamento de defesa, em virtude de ter sido negada a possibilidade de as
partes sustentarem oralmente as suas razões.
No entanto, o entendimento de que não há sustentação oral em agravo
regimental por ausência de previsão legal constitui jurisprudência estável desta
Corte:
ELEIÇÕES DE 2000. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO
REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO. EMBARGANTE: TERCEIRO
INTERESSADO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO
PLENÁRIO. NÃO-OCORRÊNCIA. SUSTENTAÇÃO ORAL NO
JULGAMENTO DE AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE.
INEXISTÊNCIA DE AGRESSÃO À AMPLA DEFESA OU AO
DEVIDO PROCESSO LEGAL. PRECEDENTES. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO: AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS. CARÁTER
PROTELATÓRIO.
[...]
2. Na linha da jurisprudência desta Corte e do STF, é incabível sustentação
oral em sede de julgamento de agravo regimental.
[...]
(EDcl-AgRg-AI nº 2.170/BA, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 23.9.2005 –
grifos acrescidos)
É sabido que, diante das circunstâncias do caso concreto, a Corte Eleitoral
pode conceder o direito à defesa oral das partes, o que, contudo, deriva de
mera liberalidade do Colegiado, sem que seja possível alegar ultraje ao
postulado fundamental da ampla defesa em caso de negativa fundamentada.
Foi exatamente o que aconteceu na presente hipótese, conforme pontuado pelo
próprio embargante (ID 2002088, fls. 9-10):
Na oportunidade, o Min. Barroso ressaltou que considerava que a
questão era puramente de direito e constava da sentença condenatória,
razão pela qual não via necessidade de dilação probatória ou novo
debate. Igualmente, a eminente Presidente indicou que a matéria
relativa ao enriquecimento ilícito já havia sido apontada anteriormente,
inclusive, no parecer da Procuradoria Geral Eleitoral, razão pela qual
não haveria novidade e seria possível, diante do provimento do agravo,
partir-se para o exame e provimento do recurso especial. O eminente
Ministro Admar Gonzaga aderiu a esse fundamento, afirmando que a
matéria já estava sendo debatida desde a instância originária.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 7/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

Logo, não há omissão a ser sanada, na medida em que a Corte se manifestou


expressamente a respeito do pedido realizado em Plenário.

26. Dessa forma, uma vez que não há sustentação oral em agravo regimental
por ausência de previsão legal, sendo estável a jurisprudência do TSE nesse sentido,
não estando a Corte Superior obrigada a concedê-la, é despiciendo qualquer
“pronunciamento em relação à incidência dos dispositivos legais e constitucionais que
regem o devido processo legal”, por ausência de utilidade, sendo descabida a alegação
de omissão.

27. Ademais, é consabido não estar o julgador obrigado ao exame de todas as


questões suscitadas pelas partes, quando suficientes os fundamentos que ensejaram
a decisão.

28. Sustenta, ainda, o embargante que houve omissão no tocante ao argumento


consubstanciado na “necessidade de ser preservada a segurança jurídica das decisões
proferidas pelo Tribunal Superior Eleitoral” (ID 3291938).

29. Para tanto, argumenta: “para que não pairem dúvidas sobre a exata
compreensão da Corte sobre o tema em deslinde e em razão da afirmação da existência
de 'uma situação jurídica diferente, visto que o embargante submeteu novo pedido de
registro de candidatura, dessa vez para as eleições de 2018', pede-se que o acórdão
embargado seja esclarecido para que reste claro que, substancialmente, a diferença
considerada pela Corte Superior, reside apenas em dois fatores: diversidade de pleitos
(2014 e 2018), bem como alteração da composição do Tribunal Superior Eleitoral ou, se
assim, não se entender que sejam esclarecidas quais outras diferenças teriam sido
percebidas no presente caso” (ibidem, p. 5).

30. Ora, referida matéria foi devidamente enfrentada pela Corte Superior
Eleitoral, sendo descabida a alegada omissão.

31. Sobre o tema, assim assentou o acórdão ora combatido:


Finalmente, não há falar em omissão do julgado quanto ao fato de que a
situação do candidato já havia sido examinada pelo TSE em eleições anteriores
e quanto à impossibilidade de se reconhecer o enriquecimento ilícito de
terceiros que não foram parte da relação processual.
No primeiro caso, é pacífica a noção de que o pedido de registro de
candidatura deve ser renovado a cada pleito, pois não há direito adquirido ao
registro de candidatura:
CONSULTA. LEI DA FICHA LIMPA. INELEGIBILIDADE.
RECONHECIMENTO. REGISTRO DE CANDIDATURA. COISA
JULGADA. ELEIÇÃO SEGUINTE. INOCORRÊNCIA.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PENA. PRAZO. TÉRMINO.
TÍTULO CONDENATÓRIO. COMINAÇÕES IMPOSTAS.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 8/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

CUMPRIMENTO. CRIME. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


PUNITIVA. INELEGIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA.
1. O reconhecimento ou não de determinada hipótese de inelegibilidade para
uma eleição não configura coisa julgada para as próximas eleições.
[...]
(Cta nº 336-73/DF, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 15.12.2015 – grifos
acrescidos)
Na presente hipótese, não há rejulgamento do mesmo caso, o que seria vedado,
por força da proteção constitucional da coisa julgada. Há, na verdade, uma
situação jurídica diferente, visto que o embargante submeteu novo pedido de
registro de candidatura, dessa vez para as eleições de 2018.
Ademais, a composição do TSE que analisou o pedido de registro de
candidatura do embargante nas eleições de 2014 é diversa da atual composição
da Corte, o que permite a revisão da conclusão alcançada naquela
oportunidade sem que seja possível alegar violação à segurança jurídica.
No segundo caso, há de se observar que é igualmente pacífica nesta Corte a
ideia de que é possível reconhecer a existência de enriquecimento ilícito de
terceiros sem que o beneficiário tenha feito parte da relação processual, haja
vista a ausência de aplicação de penalidade a quem não participou do processo:
DIREITO ELEITORAL E PROCESSUAL CIVIL. ELEIÇÕES DE 2018.
AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE
CANDIDATURA DEFERIDO. DEPUTADO FEDERAL.
INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, I, L, DA LC Nº 64/1990.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. NEPOTISMO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE LESÃO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO. DESPROVIMENTO.
[...]
3. A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral orienta-se no sentido de
que é necessária a presença, concomitante, de lesão ao erário e enriquecimento
ilícito, em proveito próprio ou de terceiro, ainda que tais condenações não
constem no dispositivo da decisão judicial. Precedente
[...]
(RO nº 0602025-75/SP, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, PSESS de
27.11.2018 – grifos acrescidos)

38. Verdadeiramente, a tese apresentada nos presentes aclaratórios manifesta


mero inconformismo do embargante diante da solução dada ao caso, situação que,
na esteira do entendimento consolidado nesse Tribunal Superior, não configura
irregularidade no julgamento.

49. Não há, portanto, qualquer alteração a ser procedida no acórdão


embargado.

- IV -

32. Ademais, o provimento judicial liminar apresentado pelo candidato (ID


3291888) não é instrumento hábil à suspensão da inelegibilidade prevista no art.
1º, I, “l”, da Lei Complementar nº 64/90, pois em nada altera o curso da
impugnação proposta, motivo pelo qual não prospera o pleito de concessão de efeito
suspensivo veiculado em petição de ID 3478988.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 9/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

33. Da leitura da decisão em questão, proferida monocraticamente por


Desembargador do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, extrai-se o deferimento
do “pedido de tutela provisória, para suspender a execução da decisão rescindenda em
relação a Salviano Augusto de Almeida, extensível ao então Prefeito Luciano Bispo de
Lima, nos autos da Ação de Improbidade Administrativa nº 000246-
13.2009.4.05.8501, em curso na 6ª Vara Federal/SE, até o julgamento desta ação”.

34. É sabido que o art. 26-C, da Lei Complementar nº 64/90, prevê, em caráter
excepcional, a possibilidade de suspensão da causa de inelegibilidade em questão, ao
disciplinar que “[o] órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso
contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art.
1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente
requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso”.

35. É sabido que o art. 26-C, da Lei Complementar nº 64/90, prevê, em caráter
excepcional, a possibilidade de suspensão da causa de inelegibilidade em questão, ao
disciplinar que “[o] órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso
contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art.
1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente
requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso”.

36. É dado constatar, todavia, que os pressupostos trazidos pelo citado


dispositivo legal não foram atendidos.

37. Como registra José Jairo Gomes, a norma em questão permite o afastamento
da causa de inelegibilidade, quando presentes os seguintes pressupostos: “(i) que
esteja em causa uma das hipóteses de inelegibilidade previstas nas alíneas d, e, h, j, l e n
do inciso I do artigo 1º da LC nº 64/90; (ii) que haja decisão desfavorável, não
transitada em julgado, oriunda de órgão judicial colegiado; (iii) que haja decisão
emanada de órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra a
decisão colegiada aludida no item anterior; (iv) que exista plausibilidade ou viabilidade
da pretensão recursal (fumus boni juris); (v) que a suspensão seja expressamente
requerida por ocasião da interposição do recurso”3.

38. Na situação em tratativa, sobreleva destacar que o recorrente juntou aos


autos decisão monocrática de Desembargador do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, não se tratando, assim, de decisão colegiada, como exige o art. 26-C da
Lei Complementar nº 64/90.

3
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. São Paulo: Atlas, p. 343.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 10/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

39. Tampouco há nos autos elementos a demonstrar que o pedido de suspensão


foi expressamente formulado por ocasião da interposição do recurso, mormente
porque o pedido de tutela provisória em questão foi deferido “para suspender a
execução da decisão rescindenda em relação a Salviano Augusto de Almeida, sendo
extensível ao então Prefeito Luciano Bispo de Lima, nos autos da Ação de Improbidade
Administrativa nº 000246-13.2009.4.05.8501, em curso na 6ª Vara Federal/SE” (ID
329188, p. 3, destaques aditados).

40. Do que se pode extrair da referida decisão, o provimento em questão


decorre da propositura de ação rescisória por parte de “Salviano Augusto de Almeida
contra o Ministério Público Federal, objetivando a rescisão: a) do aresto proferido pela
eg. 1ª Turma desta Corte que não conheceu da apelação interposta pelo autor da
presente rescisória, por considerá-la intempestiva ...” (ID 3291888), não se verificando
nas alegações do autor qualquer referência ou pedido de suspensão de
inelegibilidade.

41. Consequentemente, a superveniência da decisão monocrática que deferiu


pedido de tutela antecipada não enseja a aplicabilidade, ao caso, do disposto no 26-
C da Lei Complementar nº 64/90, apenas impedindo a execução do título naquela
instância.

42. Destaque-se ainda que o Tribunal Superior Eleitoral tem entendido pela
possibilidade de reconhecimento das causas que afastam a inelegibilidade até a data
da diplomação, em respeito à estabilidade das relações jurídicas, sob pena de eterna
litigância ao longo do mandato. Nesse sentido:
ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS INTERNOS EM RECURSO ESPECIAL.
REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO ELEITO.
DEFERIMENTO NA CORTE DE ORIGEM. INELEGIBILIDADE DA
ALÍNEA O DO INCISO I DO ART. 1º DA LC 64/90. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO COM EFEITOS MODIFICATIVOS.
POSSIBILIDADE. FATO SUPERVENIENTE. CONCESSÃO DE
MEDIDA LIMINAR QUE SUSPENDE A DECISÃO
ADMINISTRATIVA DA PREFEITURA DE IELMO MARINHO/RN
QUE DEMITIU DO SERVIÇO PÚBLICO O PRETENSO
CANDIDATO, EM RAZÃO DA PRÁTICA DA FALTA
ADMINISTRATIVA DE ABANDONO DO CARGO DE MÉDICO
POR ELE OCUPADO. APLICAÇÃO DO ART. 11, § 10 DA LEI
9.504/97. O RECONHECIMENTO HÁBIL A AFASTAR A
INELEGIBILIDADE PODE OCORRER EM QUALQUER GRAU DE
JURISDIÇÃO, INCLUSIVE NAS INSTÂNCIAS
EXTRAORDINÁRIAS, ATÉ O ÚLTIMO DIA DO PRAZO PARA A
DIPLOMAÇÃO DOS ELEITOS, FIXADO POR ESTA CORTE PARA
O DIA 19 DE DEZEMBRO. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS
HÁBEIS PARA MODIFICAR A DECISÃO AGRAVADA. AGRAVOS
REGIMENTAIS DESPROVIDOS.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 11/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

1. A controvérsia dos autos limita-se à incidência ou não, no pedido de


Registro de Candidatura do agravado, da causa de inelegibilidade prevista na
alínea o do inciso I do art. 1º da LC 64/90.
2. Assim, na hipótese dos autos, não incide a Súmula 70 do TSE, visto que
esta Corte superior firmou o entendimento de que não se aplica o verbete ao
caso em que não se discute o término do prazo de inelegibilidade(ED-AgR-
REspe 114-75/RJ, Rel. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, publicado
em sessão de 28.11.2016).
3. Na espécie, o candidato respondeu a Processo Administrativo Disciplinar
no âmbito da Prefeitura Municipal de Ielmo Marinho/RN, que resultou na
aplicação da pena de demissão, em razão da prática da falta administrativa de
abandono do cargo de Médico por ele ocupado. Após, o TJ/RN proferiu
decisão judicial de antecipação de tutela, na ação que postula a anulação do
Processo Administrativo Disciplinar, em 11.10.2016, que suspendeu os
efeitos da referida demissão.
4. In casu, o TRE do Rio Grande do Norte entendeu que tal decisão é apta a
superar a inelegibilidade do agravado, ainda que ela tenha sido carreada aos
autos somente em âmbito de oposição dos segundos Embargos de Declaração,
após o pleito, e, por conseguinte, deferiu o Registro de Candidatura do
CÁSSIO CAVALCANTE DE CASTRO.
5. As circunstâncias fáticas e jurídicas supervenientes ao Registro de
Candidatura que afastem a inelegibilidade, com fundamento no que
preceitua o art. 11, § 10 da Lei 9.504/97, podem ser conhecidas em
qualquer grau de jurisdição, inclusive nas instâncias extraordinárias, até a
data da diplomação, última fase do processo eleitoral, já que em algum
momento as relações jurídicas devem se estabilizar, sob pena de eterna
litigância ao longo do mandato. Deve-se conferir máxima efetividade à
norma específica dos processos judiciais eleitorais, em prol de valores
como a segurança jurídica, a prestação jurisdicional uniforme e a
prevalência da vontade popular por meio do voto (RO 96-71/GO, Rel.
Min. LUCIANA LÓSSIO, publicado na sessão de 23.11.2016).
6. Na sessão ordinária do dia 7.3.2017, o TSE, ao proferir julgamento nos
autos do ED-REspe 166-29/MG, de relatoria do eminente Ministro
HENRIQUE NEVES DA SILVA, acórdão pendente de publicação,
assentou que, em atenção ao direito fundamental à elegibilidade, que deve
nortear a esfera eleitoral, a data a ser fixada como termo final do prazo
para considerar fato superveniente apto a afastar a inelegibilidade do
candidato, a teor do previsto no § 10 do art. 11 da Lei 9.504/97, deverá
ser o último dia do prazo para a diplomação dos eleitos, fixado por esta
Corte para o dia 19 de dezembro.
7. A suspensão ou anulação do ato demissional pela autoridade administrativa
competente constitui fato superveniente hábil a afastar a inelegibilidade
inscrita na alínea o do inciso I do art. 1º da LC 64/90. Os fatos
supervenientes que afastem as inelegibilidades listadas no art. 1º, inciso I
da LC 64/90 só podem ser considerados se ocorridos até a data da
diplomação dos eleitos (REspe 20-26/MG, Rel. Min. LUCIANA
LÓSSIO, DJe 3.8.2016).
8. Decisão agravada alicerçada em fundamentos idôneos.
9. Agravos Regimentais a que se nega provimento.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 12/13


MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

(Recurso Especial Eleitoral nº 28030, Acórdão, Relator(a) Min. Napoleão


Nunes Maia Filho, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data
19/05/2017) (g.n.)

43. Na espécie, a decisão em questão data de 19/12/2018, posterior, portanto,


à diplomação do candidato – que juntou aos autos diploma datado de 17/12/2018
(ID 3479038).

44. Logo, também pelo marco temporal, referido decisum não possui aptidão
para afastar, no caso concreto, a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I,
“l”, da Lei Complementar nº 64/90.

45. Com base em tal entendimento, é forçoso convir que o provimento judicial
monocrático em questão (ID 3291888) em nada altera o curso da impugnação aqui
proposta.

-V-

50. Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral pugna pela rejeição dos
embargos de declaração, assim como pelo indeferimento do pleito avulso de
concessão de efeito suspensivo.

Brasília, 17 de janeiro de 2019.

HUMBERTO JACQUES DE MEDEIROS


Vice-Procurador-Geral Eleitoral

Documento assinado digitalmente com sua versão eletrônica arquivada no


Ministério Público Federal e protegida por algoritmo de Hash.

HJ/ACAF/RKBC – RO n° 0600687-93.2018.6.25.0000 13/13

Вам также может понравиться