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- O bem jurídico tutelado no âmbito dos crimes contra a vida é a vida humana
formada, ou seja, a pessoa nascida, a própria existência do direito penal, desde
logo, impõe-se pela dignidade que a vida humana ocupa, sendo esta um dos bens
jurídicos para o qual se reclama uma proteção extrema, sendo esta retratada como
o principal valor no âmbito da Declaração Universal dos Direitos do Homem e em
sede da Constituição da República Portuguesa.
- O valor da vida humana assume-se por si, revelando-se como absoluto e
primordial, justificando a sua proteção em qualquer situação e sob qualquer
condição.
- O motivo fútil pode entender-se como aquele em que nem chega a ser
motivo, em que há uma manifesta desproporção, do ponto de vista social, entre o
motivo e o ato de matar, porém, a análise desta motivação deve, no entanto, ser
efetuada com algum cuidado, não se pode apenas partir da ideia que não é aceitável
que alguém mate por aquela razão, pois, por essa ordem de ideias, nunca é
aceitável que alguém mate seja porque motivo for, ou seja, para se considerar o
motivo fútil, pensamos num ato de grande leviandade, em que o motivo não
apresenta nenhum valor ou relevo.
- O STJ, chamado constantemente a pronunciar-se em relação a esta
circunstância qualificadora, emprega a designação de um motivo que não chega a
ser motivo, querendo significar uma atuação para a qual, de todo, não se consegue
encontrar justificação, considerando casos como aquele em que se mata por causa
de uma discussão (por exemplo sobre futebol), ou como reação a um insulto. A
profunda rejeição sobre o comportamento do agente advém do facto de apenas para
ele aquele motivo se revelar como justificante da prática do homicídio, sendo para o
padrão médio de valores absolutamente inaceitável.