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1. Qual o bem jurídico protegido pelos crimes de homicídio?

- O bem jurídico tutelado no âmbito dos crimes contra a vida é a vida humana
formada, ou seja, a pessoa nascida, a própria existência do direito penal, desde
logo, impõe-se pela dignidade que a vida humana ocupa, sendo esta um dos bens
jurídicos para o qual se reclama uma proteção extrema, sendo esta retratada como
o principal valor no âmbito da Declaração Universal dos Direitos do Homem e em
sede da Constituição da República Portuguesa.
- O valor da vida humana assume-se por si, revelando-se como absoluto e
primordial, justificando a sua proteção em qualquer situação e sob qualquer
condição.

2. Todos os crimes contra a vida são crimes de homicídio?

- O código penal português dedica o capítulo I do título I aos crimes contra a


vida, distinguindo entre os crimes de homicídio (crimes de lesão) e os crimes de
perigo contra a vida, nos crimes de homicídio a primeira distinção consiste entre
crimes dolosos e crimes negligentes: no âmbito dos homicídios dolosos parte de
uma incriminação base, prevista no artigo 131º, configurado como tipo legal
fundamental dos crimes contra a vida, em que o legislador se limita a prever a
conduta de matar outra pessoa, avançando posteriormente para um crime de
homicídio qualificado baseado na culpa agravada do agente, e para várias formas de
privilegiamento com base em critérios distintos.

3. Que critérios conhece para determinar a morte e qual o critério


utilizado actualmente?

- Exige-se a fixação de um critério legal que determine qual o momento da


morte, para se poder apurar a consumação do crime e distinguir a consumação da
tentativa, existindo assim 3 critérios para considerar o momento da morte:
- a) o da cessação de funções vitais, defendido por consubstanciar um
momento inequívoco da morte do agente, embora seja criticado por corresponder a
um momento em que se torna impossível a recolha útil de órgãos,
- b) o critério utilitarista, baseado no facto de se considerar o que seja mais
adequado e útil para fazer operar a recolha de órgãos, criticado por não determinar
precisamente esse momento e acabar por fazer impor a vida que se pretende salvar
com o órgão recolhido, em detrimento da vida da própria vítima, sendo certo que
não há certeza que o processo da morte seja irreversível,
- c) o critério da morte cerebral, segundo o qual se considera que há morte
quando cessam irreversivelmente as funções do tronco cerebral, devendo, de acordo
com os critérios médicos, apurar-se em cada situação concreta, até que ponto o
dano se consubstancia numa mera lesão cerebral, ainda que grave e irreversível, ou
consiste numa destruição anatómica estrutural do cérebro na sua totalidade, apenas
neste se considera que haja a morte da vítima.
- Em Portugal, desde 1993, que a lei nº12/93, de 22 de Abril fixou a morte
cerebral como momento determinante da morte para todos os efeitos, sendo com
base nessa situação que se funda a comprovação da morte, sendo que a adoção
deste critério permite que a recolha de órgãos possa ser feita, sem que haja o perigo
de se estar a cometer qualquer crime sobre a vítima.

4. Qual a relevância da determinação da morte?

- O critério legal que determina o momento da morte permite distinguir a


consumação da tentativa, apurando se ainda é possível ao agente cometer
homicídio, pois se a vítima já estiver morta trata-se claramente de uma tentativa
impossível, dado que não é possível consubstanciar um homicídio de cadáver, é
fundamental também para se poder operar o transplante de órgãos, para que se
tenha a certeza que que o órgão está a ser recolhido de uma pessoa morta e que
não se está a aproveitar a sua morte com o fim utilitarista de aproveitamento dos
seus órgãos e ainda pode ser determinante no funcionamento das regras do direito
penal, por exemplo, nas causas de justificação, em que apenas pode ser invocada a
legítima defesa de terceiros, se aquele que se pretende defender estiver vivo, ou no
âmbito do conflito de deveres apenas existe um conflito positivo de deveres se a
vida que se pretende salvar em detrimento de outra ainda for uma vida.

5. Defina “motivo fútil” e dê alguns exemplos retirados da doutrina e da


jurisprudência.

- O motivo fútil pode entender-se como aquele em que nem chega a ser
motivo, em que há uma manifesta desproporção, do ponto de vista social, entre o
motivo e o ato de matar, porém, a análise desta motivação deve, no entanto, ser
efetuada com algum cuidado, não se pode apenas partir da ideia que não é aceitável
que alguém mate por aquela razão, pois, por essa ordem de ideias, nunca é
aceitável que alguém mate seja porque motivo for, ou seja, para se considerar o
motivo fútil, pensamos num ato de grande leviandade, em que o motivo não
apresenta nenhum valor ou relevo.
- O STJ, chamado constantemente a pronunciar-se em relação a esta
circunstância qualificadora, emprega a designação de um motivo que não chega a
ser motivo, querendo significar uma atuação para a qual, de todo, não se consegue
encontrar justificação, considerando casos como aquele em que se mata por causa
de uma discussão (por exemplo sobre futebol), ou como reação a um insulto. A
profunda rejeição sobre o comportamento do agente advém do facto de apenas para
ele aquele motivo se revelar como justificante da prática do homicídio, sendo para o
padrão médio de valores absolutamente inaceitável.

6. Defina “motivo torpe” e dê alguns exemplos retirados da doutrina e


da jurisprudência.

- O motivo torpe é aquele em que o agente revela baixeza de carácter,


constituindo um motivo repugnante, desonesto ou nojento, estando assim
normalmente associado às finalidades pretendidas com a prática do facto, as quais
se enquadram num padrão de valores profundamente repugnantes, ou ignóbeis. A
decisão de matar é envolta de extrema imoralidade, ofendendo o sentimento ético
social.
- Por exemplo, o agente manifesta uma atitude desprezível quando mata para
eliminar um concorrente que se candidata contra si a uma eleição para um cargo
político.

7. Defina “meio especialmente perigoso” e dê alguns exemplos


retirados da doutrina e da jurisprudência.

- ​Quanto ao uso de meio particularmente perigoso, tem-se encontrado


algumas interpretações que são, no mínimo, duvidosas: a perigosidade do meio
concretiza-se não apenas pelo meio em si, mas também pela forma como ele é
empregue e, por vezes, verifica-se a tendência para considerar que meio perigoso é
aquele que se manifesta apto para produzir a morte, correndo-se o risco de
considerar todos.
- Recorrendo ao exemplo das armas de fogo, é inegável a perigosidade que
apresentam, e a possibilidade forte de o seu emprego conduzir à morte, mas não se
pode aceitar que este motivo seja suficiente para considerar tratar-se de um meio
particularmente perigoso e potencialmente revelador de maior grau de
censurabilidade, faz sim sentido pensar em meios que apresentam um perigosidade
para além do comum, comprometendo, não apenas a vida daquele que se pretende
atingir, como a de outros bens quer daquela pessoa, quer de outras: um exemplo
que encaixa perfeitamente nesse padrão é o de um atentado à bomba, em que se
armadilha a viatura de uma pessoa, para que esta, ao ligar a ignição do carro,
provoque uma explosão, neste caso, a forma de execução do facto apresenta uma
perigosidade para além do normal, justificando uma maior censura ao agente, ou
seja, deve atender-se aos meios empregados, bem como à forma como os mesmos
são utilizados.
- A outra circunstância em relação ao modo de execução do facto,
corresponde à morte produzida através de factos que consubstanciam a prática de
um crime de perigo comum, tipificados no código penal entre os artigos 212 ° e
286.°, e podem variar desde a utilização de explosivos, na provocação de incêndios,
em actos de poluição, atingindo um leque de bens jurídicos e de interesses pessoais
e da sociedade em geral: a conduta que está na sua base revela um desvio
acentuado em relaçã o a um comportamento que se paute pelo respeito normal dos
valores da vida em sociedade.

8. Qual o fundamento do privilegiamento do crime de homicídio


privilegiado consagrado no artigo 133º?

- ​O crime de homicídio privilegiado, previsto no artigo 133°, deriva de uma


menor culpa do agente, o facto típico e ilícito corresponde ao mesmo do previsto em
sede do artigo 131°, acrescentando elementos privilegiadores, endo em causa um
estado de perturbação psicológica do agente face a determinadas circunstâncias que
tomam o seu comportamento menos exigível, podendo esta menor exigibilidade
resultar de factores de perturbação distintos,mas todos eles influenciam a decisão
do agente,que apenas decide cometer aquele facto por se encontrar sob um estado
psicológico afectado.
- Na estrutura do tipo do artigo 133° podemos identificar quatro elementos
privilegiadores e dois requisitos fundamentais: os elementos privilegiadores são a
compreensível emoção violenta, a compaixão, o desespero e o motivo de relevante
valor social ou moral, a menor exigibilidade ocorre pelo facto do agente se encontrar
sob um desses estados psicológicos e praticar o facto por força dessa influência, ou
seja, o seu dolo de matar nasce do estado de perturbação motivado pelo facto de se
encontrar sob essas circunstâncias, para além da verificação de um dos quatro
elementos privilegiadores, é necessário que, cumulativamente, se verifiquem dois
requisitos: que o agente actue dominado pelo respectivo elemento.
- O segundo requisito consiste na diminuição da culpa, que se apresenta
neste tipo como o fundamento único de privilegiamento, no entanto, a diminuição da
culpa não é automática pela presença de um dos elementos previstos no tipo, aos
quais podemos atribuir um sentido indiciador idêntico aos exemplos-padrão do art.°
132.°, n.° 2, embora não haja uma identidade total no seu funcionamento, assim,
se por exemplo, o agente se encontrar sob compreensível emoção violenta, e
premeditar a prática do homicídio preparando-o durante longo tempo e reflectindo
sobre a forma de o praticar, o mais provável é que o decurso do tempo tome a decis
ã o de não cometer o crime cada vez mais exigível, afastando a diminuição da culpa
que eventualmente pudesse estar indiciada por se encontrar sob um estado de
compreensível emoção violenta, claro que, deste exemplo, não se retira que o factor
tempo funcione sempre como um factor que aumenta a exigibilidade do facto e
impede o funcionamento do tipo do artigo 133.°.

9. O que se entende por compreensível emoção violenta e qual o critério


utilizado para determinar a compreensibilidade da emoção violenta?

- ​A compreensível emoção violenta como factor de privilegiamento


corresponde a um estado emocional do agente, o qual exerce sobre ele uma força
marcante no momento da decisão de praticar o facto, o menor grau de culpa do
agente advém do facto do seu comportamento ser toldado e dirigido pelo seu estado
de espírito, pois, ele encontra-se sobre uma excitação ou uma perturbação que lhe
afecta a própria inteligência e influencia decisivamente na sua actuação, assim, em
primeiro lugar, é necessário que do agente se apodere uma emoção violenta, a qual
se afere pela reacção que faz despoletar no agente, ela configura-se violenta em
relação àquele agente.
- Compreender Significa entender, perceber, aceitar, conhecer a razão de,
assim, a emoção violenta tem de ser aceitável,ou seja, deve concluir-se que se
entende que o agente,confrontado com aquelas circunstâncias, tenha ficado
dominado por um estado emocional violento e que seja aceitável esse seu estado
psíquico, acentuando sempre que o que tem de ser compreensível é a emoção e não
o facto de matar, o que significa que o agente, naquelas circunstâncias, decidiu
cometer o homicídio, mas encontrando-se sob um estado psicológico que toma o seu
acto menos exigível.
- A ideia fundamental que a jurisprudência tem transmitido é a de apenas ser
relevante a emoção violenta quando exista uma adequada relação de
proporcionalidade entre o facto ilícito do provocado e o facto injusto do provocador,
procurando compreender até que ponto se afigura aceitável que o agente tenha
morto a vítima por causa do facto que ela cometeu
- Ao estarmos a apreciar se o seu facto é proporcional à causa que o motivou,
não estamos a ter em conta a personalidade do agente, o seu estado emocional, a
sua situação psicológica para aferir se a ele lhe é menos exigível actuar daquele
modo, ou se, pelo contrário, a exigibilidade se mantém a mesma, melhor analisando
o requisito da compreensibilidade da emoção, dir-se-á que o mesmo consiste no
entendimento, compreensibilidade e perceptibilidade da emoção,no sentido de que a
emoção só será relevante quando aceitável, cuja aferição deve ser avaliada em
função de um padrão de homem médio, colocado nas condições do agente, com as
suas características, o seu grau de cultura e formação, sem perder de vista o agente
em concreto; a partir da imagem do homem médio (diligente, fiel ao direito, bom
chefe de família) tentar-se-á apurar se, colocado perante o facto desencadeador da
emoção, nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar em que o agente se
encontrava,se conseguiria ou n ã o libertar da emoção violenta que dele se
apoderou, sem esquecer que o que se pretende apurar não é se o homem médio
também mataria a vítima ou se reagia em termos idênticos (o que interessa
averiguar é se a emoção é ou não compreensível), mas sim se o homem médio não
deixaria de ser sensível àquela situação,sem se conseguir libertar da emoção, para
se compreender se é menos exigível ao agente que não mate naquelas
circunstâncias, para tal, importa assentar que o privilegiamento tem por base um
estado emocional que se apodera do agente e do qual ele não se consegue libertar,
por ver a sua capacidade de reacção perante o facto diminuída.
- Citando alguns exemplos de situações que podem ser abordadas num
contexto de uma atitude sob emoção violenta:o irmão que mata o violador da irmã,
o adepto fanático que mata um adversário quando o seu clube perde, ou o marido
que mata a mulher infiel.

10. Concretize o conceito de compaixão.

- A compaixão está prevista como forma de privilegiamento, por ser


reveladora de um certo altruísmo para com a vítima, que toma o seu facto menos
censurável, este sentimento traduz uma atitude de piedade para com a vítima, o
agente actua como que por um acto de misericórdia,mostrando-se solidário pela
com a situação da vítima, sendo que esta ideia pressupõe que o agente interiorize o
sofrimento daquela, e se deixe motivar com pena dela, ao matar est á a fazê-lo num
intuito de aliviar a vítima da pressão do sofrimento em que esta se encontre: está
subjacente a esta causa de privilegiamento o interiorizar da situação de outra
pessoa, a actuação envolve um certo aliviar de sofrimento em que a vítima se
encontra,mas também para o agente, pelo que representa para si aquele
sofrimento, ele deixa-se influenciar por esse facto, e é levado a matar como forma
de aliviar toda a situação.
- Todo este contexto pressupõe uma certa proximidade e mesmo intimidade
entre o agente e a vítima para que se possa aceitar a menor exigibilidade causada
pela compaixão, o comportamento em que o agente se encontra tem de ser
dominado por essa atitude de compaixão, e tem de afectar o seu estado normal de
compreensão de forma a motivar a diminuição da culpa, não estamos em presença
de um simples acto de dó para com a vítima,sendo necessário, para que possamos
falar de menor exigibilidade, que a situação seja para o agente suficientemente forte
para se tomar para ele intolerável, por sofrer ele próprio com a situação do outro. O
sentimento de compaixão é sempre manifestado para com a própria vítima, e
pretende constituir solução para fazer cessar o estado de sofrimento em que aquela
se encontra, não basta, portanto, um simples acto de pena,sendo necessário que o
seu sentimento tenha força suficiente para tomar o facto menos exigível: tal
situação pode ter cabimento em alguns casos de eutanásia, desde que a motivação
do agente seja o pretender pôr fim a um sofrimento da vítima que, nem um nem
outro, conseguem suportar.
- Em qualquer situação, impõe-se sempre que seja encarado de forma
concreta o sentimento da vítima, para que se apure, até que ponto, aquele é mesmo
seu estado emocional,e não está por trás um outro sentimento menos nobre que o
leve a matar, sendo de recusar, por exemplo, o sobrinho que mata o tio que se
encontra doente e em grande sofrimento, mas que o faz para aproveitar para obter
a sua herança e receber elevados benefícios patrimoniais, uma vez que aqui já não é
motivado pela atitude de compaixão.

11. Concretize o conceito de desespero.

- O desespero, em algumas situações, pode coincidir com a situação de


compreensível emoção violenta, mas sem se identificarem plenamente. Está
associado a situações extremas, em que o agente foi suportando uma situação que
sobre ele exerce grande pressão psicológica, vendo limitar-se as suas capacidades
de resistir à situação, matando a vítima como forma de libertação desse estado,
neste tipo de situações, o decurso do tempo foi funcionando como agravante da
situação do agente, que, provavelmente, em silêncio e sozinho foi interiorizando o
seu sentimento, acabando por o exteriorizar com a prática da conduta homicida, em
suma, todo o circunstancialismo foi desgastando o agente, que acaba por matar por
força dessa mesma situação o, não encontrando outra saída para o problema que o
afecta.
- Para que a exigibilidade esteja diminuída é necessário que o agente tenha
sido motivado pelo seu estado de desespero, e que tenha sido por não se libertar do
mesmo que tenha morto a vítima, ou seja, o desespero é a razão para a prática do
facto: é frequente encontrarmos referência aos casos de humilhação prolongada,
seja por alguém que é obrigado a suportar uma situação intolerável, ou uma ofensa
a um bem jurídico de forma frequente, em que a decisão de matar surge como
modo de libertação dessa humilhação, o STJ, considerou como desespero um caso
em que uma mulher, casada há 33 anos, foi suportando ao marido todo o tipo de
humilhações e sofrimento, envolvendo agressões físicas, o que culminaria por um
dia ele a obrigar a acordar durante a noite para o transportar a casa de outra mulher
com quem ele mantinha uma relação amorosa, sob ameaça de lhe destruir o
automóvel, esse facto fez despertar nela a vontade de matar, o tribunal acabaria por
ponderar o facto de o agente não suportar mais o sofrimento que o marido lhe
impunha, e tê-lo morto nessas circunstâncias.
- Outro tipo de casos apontados como passíveis de se reconduzirem ao
desespero prende-se com situações de suicídio alargado, em que uma pessoa decide
matar-se a si e a outro de quem é próximo para aliviar um sofrimento de ambos, e
depois apenas um acaba por morrer, salvando-se aquele que executou o facto em
ambos.

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