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EnfermagEM REVISTA

Publicação Ocial do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo


Edição 23 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2018

Fiscalização do Coren-SP intensica ações de apoio à


enfermagem e estreita diálogo com as instituições por uma
assistência segura aos prossionais e à sociedade

EPIDEMIA SILENCIOSA ESPECIALIDADE


Campanha ‘‘Violência Não Enfermagem quebra
Resolve’’ desvela realidade de preconceito no tratamento a
medo e insegurança pacientes psiquiátricos
QUEM CUIDA
NÃO PODE
MAIS ESPERAR

Por isso, o Coren-SP está lutando pela aprovação do PL


347/2018, das 30 horas semanais no estado de São
Paulo, sem redução salarial, que já foi aprovado pelos
deputados, porém vetado pelo governador. A grande
chance da enfermagem é derrubar o veto na Assembleia
Legislativa (Alesp). Participe do abaixo-assinado:

bit.ly/corensp30horas

Utilize o leitor de código de


barras do seu celular.
EDITORIAL

C om compromisso e força de von-


tade, a gestão 2018-2020 está
transformando a relação entre o
Coren-SP e os profissionais de enferma-
gem. Logo que assumi a presidência do
mais eficiente com as instituições, por
meio da Central de Conciliação, que pro-
põe acordos para que elas sanem irregula-
ridades apontadas pela fiscalização, como
dimensionamento de profissionais, antes
Conselho, afirmei que desafiaríamos as que sejam acionadas as vias judiciais.
impossibilidades. E estamos desafiando. Assim, a enfermagem é beneficiada com
Uma grande prova disso é a luta pelas 30 melhores condições de trabalho.
horas semanais. De forma inédita, indica- Estamos alertas à violência que afeta a
mos a proposta à Alesp e a deputada esta- enfermagem no exercício profissional.
dual e enfermeira Analice Fernandes apre- Em 2018, lançamos mais uma edição da
sentou o PL 347/2018, aprovado em campanha “Violência Não Resolve”. Apre-
dezembro pelos deputados. sentamos os dados da pesquisa realizada
Enfrentamos a resistência de alguns pelo Coren-SP ao secretário de segurança
segmentos, mas não desistimos. A enfer- pública do estado e discutimos parcerias
magem paulista nunca esteve tão perto de para transformar esse quadro.
conquistar a redução da jornada e o Neste primeiro ano, não medimos
Coren-SP não desistirá até que as 30 esforços para valorizar as competências
horas se tornem realidade. Embora o técnicas da enfermagem nas diversas
governador tenha vetado, vamos lutar instituições do estado. Nesta edição da
para que o veto seja derrubado na Alesp. Enfermagem Revista, mostramos como os Logo que
Os nossos profissionais sempre clama- profissionais da categoria que atuam na assumi
ram pela aproximação e fizemo-nos área psiquiátrica rompem paradigmas, a presidência
presentes, lutando pelas bandeiras da não apenas tornando o olhar ao paciente do Coren-SP,
enfermagem e percorrendo o estado e as mais humano, como contribuindo para afirmei que
instituições. A Diretoria Itinerante esteve uma sociedade inclusiva. Não obstante, a desafiaríamos as
em todas as regiões, na capital, interior e enfermagem também assume um papel impossibilidades.
litoral, ouvindo os inscritos e buscando fundamental de acolhimento nos hospita- E estamos
juntos os caminhos para uma assistência is do sistema penitenciário, assegurando desafiando
mais segura para os profissionais e para a direitos fundamentais àqueles estão pri-
população. O Conselheiro Ouvidor foi até vados da liberdade.
os locais de trabalho, para dialogar com as Estar à frente da gestão do Coren-SP
equipes e levar os serviços do Coren-SP, nos possibilitou a inserção nas diferentes
como a emissão de Carteiras Profissiona- realidades da enfermagem. Isso nos faz
is. Os estudantes também têm atenção sentir orgulho e determinação na defesa
especial da nossa gestão e estão sendo da enfermagem e para contribuir com o
acolhidos no programa Ingressa Coren. empoderamento da nossa profissão. Não
A fiscalização está mais presente e há limites para quem não mede esforços e
esses avanços são o destaque desta edição esta é uma luta de todos nós.
da Enfermagem Revista. Intensificamos
as ações educativas e de apoio aos profis-
sionais, desde aqueles que atuam na ges-
tão até os que estão na ponta da assistên-
RENATA ANDRÉA PIETRO PEREIRA VIANA
cia. Estabelecemos uma forma de diálogo Presidente do Coren-SP

EnfermagemRevista | 3
SUMÁRIO
24

12
20

6 GESTÃO
Conselheiros promovem ações de aproximação
com a categoria
38 ARTIGO
A construção da cultura da segurança na forma-
ção dos profissionais de enfermagem

11 ATENDIMENTO
Confira opções de desconto para pagamento da
anuidade 2019
40 GALERIA
Eventos e ações que movimentaram o cotidiano
da enfermagem

12 VIOLÊNCIA
Pesquisa revela que mais de 70% dos profissionais
de enfermagem já foram vítimas de agressão
42 PERSONAGEM
A enfermeira Paola Francoti conta sobre sua
participação no reality show Bake Off Brasil

16 PENITENCIÁRIA
Além das grades: a enfermagem na assistência a
pacientes em situação carcerária
43 BEM-ESTAR
Os benefícios da meditação

20 ESPECIALIDADE
O cotidiano da enfermagem junto a pacientes
44 COREN-SP EDUCAÇÃO
Os cuidados com o corpo e com a mente

45
psiquiátricos NA ESTANTE
Dicas de leitura

24 CAPA
Fiscalização: compromisso com a enfermagem e
com a sociedade
46 TRANSPARÊNCIA
Prestação de contas de janeiro a setembro de 2018

31 ENTREVISTA
A enfermeira Taka Oguisso relembra seus anos de
atuação

34 SAÚDE DO HOMEM
‘‘Conversa de boteco’’ organizada por enfermeiro
visa acolher população masculina em Paraisópolis

4
EXPEDIENTE COREN-SP NAS REDES SOCIAIS
Presidente
Renata Andréa Pietro Pereira Viana

O Coren-SP está cada vez mais presente nas mídias


Vice-presidente
Cláudio Luiz da Silveira sociais, utilizando esse espaço para aprofundar o
Primeira-secretária diálogo com os inscritos. Confira alguns comentári-
Eduarda Ribeiro dos Santos
os dos profissionais em nossa página no Facebook e
Segundo-secretário
outros canais de comunicação.
Paulo Cobellis Gomes

Primeiro-tesoureiro ESTEVAO ALVES CIRIACO


Jefferson Caproni
Parabéns ao Coren-SP pelo apoio à enfermagem!
Segundo-tesoureiro
Edir Kleber Bôas Gonsaga Em 20 anos, nunca vi uma gestão tão centrada e

Conselheiros titulares
dedicada como a atual! A unidade de uma gestão
Anderson Francisco de Meira da Silva, Cléa Dometilde Soares Rodrigues,
corrobora a valorização e a importância de nossa
Demerson Gabriel Bussoni, Demétrio José Cleto, Dorly Fernanda
Gonçalves, Emerson Roberto Santos, Érica Chagas Araújo, Erica França categoria!
dos Santos, Gergezio Andrade Souza, James Francisco Pedro dos Santos,
Josileide Aparecida Bezerra, Marcia Regina Costa Brito, Maria Cristina
Komatsu Braga Massarollo, Paulina Kurcgant, Regiane Amaro Teixeira ANDREIA OLIVEIRA
Conselheiros suplentes Quero deixar aqui o meu agradecimento ao Coren-
Adriana Nascimento Botelho, Alessandro Correia da Rocha, Cesar
Augusto Guimarães Marcelino, Claudete Rosa do Nascimento, David de
SP, relacionado ao curso de bradicardia e taquicar-
Jesus Lima, Eduardo Fernando de Souza, Gilmar de Sousa Lima, Ivany dia ministrado pelo profissional Wagner. Excelente
Machado de Carvalho Baptista, Ivete Losada AIves Trotti, Janiquele Maria
da Silva Ferreira, Marcos Fernandes, Michel Bento dos Santos, Michelle aprendizado. Sou grata por essa oportunidade.
Ferreira Madeira, Rebeca Canavezzi Rocha, Rosana Aparecida Garcia,
Rosemeire Aparecida de Oliveira de Carvalho, Tania Heloisa Anderman da “Vem, vamos embora que esperar não é saber!
Silva Barison, Virginia Tavares Santos, Wilson Venâncio da Cunha, Wilza
Carla Spiri
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”!

Enfermagem Revista
É uma publicação trimestral do Conselho Regional de Enfermagem de
DENISY MUNIZ
São Paulo. Os artigos contidos nesta edição não expressam, necessaria- Minha percepção desta nova gestão é uma
mente, a opinião da diretoria e demais membros.
aproximação com os profissionais, se posicionam
Conselho Editorial:
Edir Gonsaga, Eduarda Ribeiro, Érica Chagas, Paulo Cobellis e Renata
em vários assuntos pertinentes à profissão, entre
Pietro
eles as tão sonhadas 30 horas. Oferecem oportuni-
Gerente de Comunicação dades para a participação em eventos, além das
Yasmim Taha
atividades que já são fornecidas pelo Coren-SP
Jornalista responsável
Alexandre Moitinho – MTB 74247
Educação. Enfim, estou satisfeita!

Diagramação
Sergio Piola
JULIANA LEMOS
Ótimo atendimento, eficiência e cuidado com o
Coordenação Administrativa
Cláudia Tanabe Galvão profissional. Fui muito bem recepcionada e
Textos: consegui solucionar todos meus problemas. O Refis
Alexandre Gavioli, Alexandre Moitinho, Letícia Cubas e Yasmim Taha
proporciona bom desconto para o profissional que
Designer Gráfico necessita negociar a dívida. Coren não é sindicato!
Gilberto Luiz de Biagi
Triste é a categoria querer exercer e não pagar a
Fotos
Elma Santos, Alexandre Gavioli, acervo Coren-SP e acervo pessoal Paola anuidade. Amo minha profissão. Amo ser
Francoti
enfermeira. Obrigada, Coren-SP.
Estagiário de Design
Marcos Ruiz

Agentes Administrativos
Alex Ramos e Júlio Cesar Parmigiani Teixeira

Impressão
Windgraf Gráfica e Editora

Tiragem
29.560 exemplares

Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP)


Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista
São Paulo – SP – CEP 01331-000
Tel: 11 3225-6300
www.coren-sp.gov.br

EnfermagemRevista | 5
GESTÃO

Coren-SP em ação
pela valorização!
O ano de 2018 foi marcado por muitos avanços no Coren-SP. A gestão 2018-2020
trabalhou intensamente para aproximar o Conselho dos profissionais de enfer-
magem. Os conselheiros percorreram o estado, para dialogar com a categoria,
realizar palestras e facilitar o acesso a serviços, como emissão e renovação da
Carteira de Identidade Profissional. A diretoria também se fez presente no cotidi-
ano dos profissionais, acompanhando de perto as ações de fiscalização e lutando
pela valorização da enfermagem. Confira!

DIÁLOGO COM O MINISTRO DA SAÚDE INGRESSA CONSELHEIRO


COREN-SP OUVIDOR

126
encontros com estudan-
464
visitas a instituições de
tes de cursos de enferma- saúde em todo o estado
gem para apresentar o
Renata Pietro e o ministro da Saúde,
Coren-SP
Luiz Henrique Mandetta

FISCALIZAÇÃO
A presidente do Coren-SP, Renata Pietro, esteve em Bra-
sília em dezembro e conseguiu marcar uma reunião com A Gerência de Fiscalização intensificou as ações educa-
o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que inte- tivas e de apoio à enfermagem, além do diálogo com as
gra a equipe de transição do próximo governo federal. Ela instituições, para um dimensionamento correto de
apresentou as demandas da enfermagem, ressaltando a profissionais. Este é um avanço na luta por uma assis-
necessidade de valorização da categoria. tência segura. Leia mais na página 24.

6
ACORDOS EM A LUTA PELAS 30 HORAS
CONCILIAÇÃO

139.200
profissionais firmaram
acordo para ficar em dia
com suas anuidades
Presidente do Coren-SP, Renata Pietro, protocolou ofício na presidência
da Alesp mostrando a importância da aprovação das 30 horas

3.300
Em uma iniciativa inédita, o Coren-SP indicou à Alesp a criação do
audiências de conciliação
Projeto de Lei 347/2018, de autoria da deputada Analice Fernandes,
foram realizadas para
que prevê a regulamentação da jornada de trabalho de 30 horas sema-
auxiliar os profissionais
nais sem redução salarial para todo o estado de São Paulo. O projeto
na resolução de pendên-
foi aprovado pelos deputados estaduais, porém vetado pelo governa-
cias com o Coren-SP
dor João Doria. O Conselho não concorda com o veto e lutará para
derrubá-lo na Alesp.

Campinas RODAS DE
DIRETORIA PERCORRE O ESTADO
CONVERSA
São José dos Campos
Guarulhos As Rodas de Conversa
sobre Atenção Básica
São José do Rio Preto
foram uma das grandes
Osasco novidades deste ano e
Santo André tiveram como principal
objetivo valorizar a atua-
Mogi das Cruzes
ção da enfermagem e
Presidente Prudente discutir o fortalecimento
Ribeirão Preto do SUS. Elas foram pro-
Integrantes da diretoria do Coren-SP em reunião em Marília, quando entrega-
movidas em Ribeirão
ram as inscrições remidas para profissionais com mais de 30 anos de atuação Itapetininga
na enfermagem Preto, Botucatu, Campi-
Santos nas, Santo André, São
A Diretoria do Coren-SP percorreu várias regiões do Marília Paulo, São José dos Cam-
Estado para ouvir as demandas da enfermagem e aproxi- pos e Santos.
mar o Coren-SP da categoria. Confira as cidades em que Santa Fé do Sul
o programa Diretoria Itinerante esteve: São Carlos

EnfermagemRevista | 7
INCENTIVO AO PRIMEIRO EMPREGO A LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA

Vice-presidente Claudio Silveira e o chefe técnico da subseção de Guarulhos,


Osvaldo D’Andrea, em reunião com o secretário adjunto do Trabalho do
estado de São Paulo, Bruno Maluly

A gestão 2018-2020 está buscando caminhos para


auxiliar os profissionais que enfrentam dificuldade
em ingressar no primeiro emprego. O vice- O Coren-SP segue firme no combate à violência pratica-
presidente do Coren-SP, Cláudio Silveira, esteve em da contra os profissionais de enfermagem. Em 2018,
julho com o secretário adjunto do Trabalho do estado lançou a terceira fase da campanha Violência Não Resol-
de São Paulo, Bruno Maluly e com o diretor regional ve e, em novembro, promoveu um ciclo de debates sobre
da secretaria estadual do trabalho, Lucas Grandolfo, o tema, com o Secretário de Estado de Segurança Públi-
para discutir esse tema e também a necessidade de o ca de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, o Promotor
mercado de trabalho empregar as pessoas com mais de Justiça, Rogério Sanches Cunha, que abordou, entre
de 40 anos de idade. outros temas, a subnotificação. Leia mais na página 12.

MAIS DE 300 PROCESSOS


CLUBE DE BENEFÍCIOS
DE REMISSÃO
O Clube de Benefícios ganhou novas empresas parceiras
em 2018, que oferecem descontos em produtos e servi-
ços aos inscritos no Coren-SP.

VO VO
NO NO

A gestão 2018-2020 do Coren-SP está dedicando NO


VO

atenção especial aos processos de Remissão de Dívi-


das que aguardam encaminhamento no Conselho
desde 2013. São pedidos de profissionais de enferma- NO
VO

gem com doenças graves, para o perdão de dívidas


VO

referentes a anuidades, de acordo com a Resolução NO

Cofen 434/2012. O vice-presidente do Coren-SP,


VO VO VO
NO NO NO

Cláudio Silveira, está à frente da iniciativa.

8
POSICIONAMENTO EM PROL
CAMPANHAS DE CONSCIENTIZAÇÃO
DA ENFERMAGEM

Combate ao racismo Repúdio ao feminicídio Combate ao suicídio

Luta contra a
Outubro Rosa Novembro Azul
homofobia

O Conselho promoveu campanhas de utilidade pública,


para vencer preconceitos, promover a saúde da popula-
ção e contribuir com a igualdade de direitos entre os
Reunião com enfermeiras estetas cidadãos e a enfermagem!

Conselheiros participam de APROXIMAÇÃO


manifestação contra o
desmonte do SUS e em defesa COM RESPONSÁVEIS
da enfermagem
Profissionais da área de atenção domiciliar TÉCNICOS
apresentaram suas demandas em reunião
no Coren-SP Os Responsáveis Técnicos são o canal entre o Coren-SP e
as equipes de enfermagem. Para aproximar essa relação,
o Conselho visitou instituições para dialogar com esses
COMISSÕES DE ÉTICA profissionais e também promoveu Encontro de Respon-
O fortalecimento das Comissões de Ética é uma das ban- sáveis Técnicos em Osasco e Guarulhos.
deiras do Coren-SP. Em 2018, elas passaram a ser empos-
sadas na sede da autarquia, para aproximar os profissio-
PALESTRAS SEPSE
nais do Conselho.
O Coren-SP promoveu um ciclo de palestras em
parceria com o Instituo Latinoamericano de Sepse,
para conscientizar os profissionais sobre a impor-
tância do diagnóstico precoce da doença, explicar
sobre os sintomas e o tratamento.

Mais de 1.000
Cerca de 900 vagas disponibilizadas nas palestras
integrantes de Comissões de Ética empossados em 2018

EnfermagemRevista | 9
SÃO PAULO VOLTA A SEDIAR O
SEMANA DA ENFERMAGEM CBCENF
O Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enferma-
gem (CBCENF) voltou a ser realizado em São
Paulo após duas décadas. O maior evento da Amé-
rica Latina voltado para a enfermagem foi realiza-
do em novembro, em Campinas. O Coren-SP mar-
cou presença no evento com palestras dos Conse-
lheiros e um estande que contou com simuladores
Padre Marcelo Rossi ofereceu uma missa aos profissionais
em homenagem ao Dia da Enfermagem de última geração. Confira os melhores momentos!

A Semana da Enfermagem promoveu atividades


em Araçatuba, Barueri, Botucatu, Campinas, Marí-
lia, São José dos Campos, São Paulo, Santo André,
Santos, Sorocaba, Osasco, Guarulhos, Presidente
Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto e
também contou com ações inéditas.

A boneca Victoria, simulador de última geração e


inédito no Brasil, foi a atração do estande do Coren-SP

Equipes do SAMU e do GRAU que atuaram no atendimento às vítimas do


desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida foram homenageados

SÃO PAULO SEDIA O 6º CONGRESSO


NACIONAL DE AUXILIARES E TÉCNICOS Um ícone da enfermagem, a enfermeira paulista Celina Camargo, que
ficou conhecida pela foto do silêncio, o ‘‘psiu’’, foi a indicada do Coren-SP
DE ENFERMAGEM para o prêmio Anna Nery, durante o 21º CBCENF. Ela recebeu a homena-
gem da presidente Renata Pietro e do conselheiro federal Luciano Silva

A Conselheira Wilza Spiri integrou a Comissão


Técnica do evento e ministrou palestra
Comissão organizadora do 6º Conaten, realizado em julho

10
ATENDIMENTO

Anuidade 2019 com o menor valor dos


últimos anos para pagamento em janeiro
Coren-SP concede 15% de desconto à vista. Valor integral pode ser parcelado

A gestão 2018-2020 tornou a anuidade Conselho em dia é fundamental para a


2019 menor do que a dos últimos anos prática profissional em consonância com
para pagamento à vista, até 31 de janeiro. os preceitos éticos e legais da profissão.
São 15% de desconto. Os boletos podem O índice de reajuste é definido pela
BOLETO IMPRESSO
ser acessados pela internet, no canal de Resolução Cofen nº 589/2018. Neste ano,
Serviços Online do site do Coren-SP. Eles Enviado pelos Correios
foi estabelecido o percentual de 3,97%,
até 21/12/2018 para os
também foram enviados por correspon- mas o Plenário do Coren-SP, após muitos
endereços de cadastro
dência, para os endereços cadastrados estudos e discussões, optou por fixar um
dos inscritos
pelos profissionais no Conselho. desconto que tornou a anuidade 2019
Para o pagamento à vista entre os dias mais barata para pagamentos à vista, em
1º e 28 de fevereiro, o desconto será de janeiro, tendo em vista o momento de
5%. Já entre 1º e 31 de março, o valor é crise do país e as dificuldades dos
integral. A anuidade também pode ser profissionais.
paga em até cinco parcelas mensais, Os inscritos no Coren-SP com suas BOLETO ONLINE
geradas no site (a partir de 1º de janeiro), anuidades em dia têm acesso às atividades
Pode ser acessado no site
iguais e sucessivas, sendo a primeira com gratuitas de aprimoramento do Coren-SP
do Coren-SP: www.coren-
vencimento em janeiro e a última, em Educação, a inscrições gratuitas em sp.gov.br/servicos-
maio de 2019. eventos e cursos de instituições renoma- online.php
A enfermagem é uma profissão das, por meio do programa Coren-SP
regulamentada e, para o seu exercício Parceiro, e ao Clube de Benefícios, que
legal, é exigida inscrição no Coren, sendo oferece descontos em universidades,
a anuidade uma contribuição especial, livrarias e drogarias, entre outros
prevista no art. 149 da Constituição serviços.
Federal. Portanto, manter as anuidades do Confira os valores e descontos: PARCELAMENTO
VALOR INTEGRAL -
O profissional pode optar
VALORES VALOR COM VALOR COM
DESCONTO DE 15% DESCONTO DE 5%
SEM DESCONTO por parcelar em 5 vezes,
(À VISTA DE 1 A 31/3/2019) OU
(ATÉ 31/1/2019) - (1 A 28/2/2019) - pelo site, a partir de
QUADROS PARCELADO EM 5 VEZES
PAGAMENTO À VISTA PAGAMENTO À VISTA
(A PARTIR DE 1/1/2019) 1/1/2019: www.coren-
AUXILIAR DE R$ 254,17 sp.gov.br/servicos-
R$ 216,04 R$ 241,46
ENFERMAGEM (5x R$ 50,83) online.php

TÉCNICO (A) DE R$ 294,33


R$ 250,18 R$ 279,61
ENFERMAGEM (5x R$ 58,86)

R$ 377,08
OBSTETRIZ R$ 320,52 R$ 358,22
(5x R$ 75,41)

R$ 396,93
ENFERMEIRO (A) R$ 337,39 R$ 377,08 Utilize o leitor de código de
(5x R$ 79,38)
barras do seu celular.

EnfermagemRevista | 11
VIOLÊNCIA

Epidemia silenciosa
Campanha contra violência promovida pelo Coren-SP desvela uma realidade de medo e insegurança

VIOLÊNCIA
CONTRA MULHERES
De acordo com a
Organização Mundial da
Saúde (OMS), o Brasil é o
quinto país mais violento
com as mulheres. Essa
realidade é reforçada
Ato em frente à sede do Coren-SP reuniu profissionais pelos resultados da
de enfermagem em combate à violência pesquisa: as mulheres
representam 83% dos

A s imagens de violência que


tomaram conta do noticiário
nacional em agosto de 2018 não
vão se apagar tão cedo da memória da
enfermeira Maria Lúcia Bortolucci e da
conta Maria Lúcia.
O trauma também marcou profunda-
mente a vida de Sonia Regina. “A sensação
é de impotência. Você se sente constrangi-
da, não tem para onde correr. A gente
profissionais que
sofreram violência, mas
são os homens que
denunciam mais. “A gente
quer mais proteção, mais
segurança, porque
técnica de enfermagem Sonia Regina do estava tentando ajudar e, de repente,
estamos ali para
Espírito Santo. Elas foram agredidas fomos agredidas. O emocional fica muito trabalhar pela população,
durante o trabalho, no Pronto Socorro da abalado e a família, preocupada”, narra. cuidar das pessoas”,
Zona Noroeste, em Santos, no litoral. “As Existem milhares de “Sonias” e comenta Emilly
agressoras me arrastaram, me jogaram no “Marias” nas instituições de saúde do Nascimento, técnica de
chão, me bateram muito. Tive otorragia. estado de São Paulo, que vivem à sombra enfermagem agredida
Estou com medo de voltar para a minha de uma epidemia de violência silenciosa e em Guarulhos.
unidade. Acho que ainda não estou invisível aos olhos da sociedade e das
preparada. Diferentemente das outras autoridades. Pesquisa realizada pelo
vezes em que havia sofrido agressões, Coren-SP em agosto deste ano com 4107
quando eu tinha vontade de retornar. Mas profissionais revelou que 77% deles já
dessa vez, a agressão foi muito violenta”, sofreram algum tipo de violência durante

12
o exercício da profissão. E deste percentu-
al, 77% não realizaram nenhum tipo de
denúncia por falta de apoio das institui-
ções e pela sensação de impunidade. Os
dados revelam uma realidade de sofri-
mento velado, permeado por medo de
represálias.
“É inadmissível para nós pensar que
essas agressões estão acontecendo. Isso
tem levado a comunidade da enfermagem
a adoecer. Temos inúmeras licenças,
afastamentos, burnout e outras doenças”,
disse a presidente do Coren-SP, Renata
Pietro, durante coletiva de imprensa de A enfermeira Maria Lúcia Bortolucci (agredida em Santos) e a técnica de enfermagem
Emilly Santos (agredida em Guarulhos) foram acolhidas pela presidente do Coren-SP,
lançamento da sondagem, realizada na Renata Pietro, e pela conselheira Ivete Trotti
sede do Coren-SP, em setembro.
Essa ação fez parte da terceira edição medo”, destaca ele.
da campanha “Violência Não Resolve”, em O perigo das agressões é uma constan-
parceria com o Conselho Regional de te, porque elas geralmente provêm de
Medicina do Estado de São Paulo (Cre- pacientes, familiares e acompanhantes. A
mesp). E desta vez, houve também a principal motivação é a demora no
participação do Conselho Regional de atendimento causada pela falta de
Farmácia do Estado de São Paulo (CRF- estrutura nas instituições públicas. “Esse
SP), em uma união inédita dos conselhos é mais um reflexo do subfinanciamento da
de saúde, culminando na temática “Quem saúde”, opina Renata.
cuida merece respeito”. Foi num desses ambientes, em
A pesquisa também revelou os tipos de Unidade de Pronto Atendimento em
violência mais comuns, sendo a verbal A gente só quer a
Guarulhos, que o enfermeiro e técnico de
correspondente a 91% das agressões enfermagem Wagner Batista sofreu a
reciprocidade do
sofridas pelos profissionais, enquanto a agressão mais grave: uma ameaça de
respeito
física aparece em 21% das incidências, morte. “O filho do paciente queria ser
uma vez que um profissional pode ter atendido de imediato. Ele foi até o
Maria Lúcia Bortolucci
sofrido mais de um tipo de agressão. consultório do médico, que informou que
Pa ra Pa u l o C o b e l l i s, s e g u n d o - ele não havia sido classificado por mim
secretário do Coren-SP e um dos idealiza- como prioridade, então o indivíduo voltou
dores da pesquisa, não é possível pensar e me fez várias ameaças”. Ainda que não
em um abrandamento das circunstâncias tenha evoluído para uma agressão física, a
devido à diferença na porcentagem violência deixou marcas profundas em
presente nas respostas. “A agressão verbal Wagner. “Eu comecei a ter descontrole
pode deixar marcas muito mais profun- metabólico e dos níveis de hormônio,
das, desencadeando ansiedade e depres- pressão alta, chorava... Fiquei com medo
são, além de uma sensação constante de de voltar a trabalhar naquela unidade”.

EnfermagemRevista | 13
Representantes dos três conselhos de saúde apoiaram os profissionais agredidos. Da esquerda para a direita: o enfermeiro Wagner Batista; a técnica de enfermagem Sonia
Regina do Espírito Santo; a médica Edwiges Rosa; o segundo-secretário do Coren-SP, Paulo Cobellis; a presidente do Coren-SP, Renata Pietro; o então presidente do Cremesp,
Lavínio Camarim; o presidente do CRF-SP, Marcos Machado.

Mudança de cenário
Entre os participantes da pesquisa, Coren-S P os casos registrados nas
apenas 20% informaram que o local de delegacias do estado, para que o Conselho COMO O COREN-SP
trabalho oferece algum apoio. Essa possa fazer a divulgação, incentivando PODE A JUDAR?
carência também é apontada como um que as vítimas denunciem.
O Coren-SP recebe as
agravante para a subnotificação. “A Ele também falou sobre a importância denúncias de agressão
primeira tratativa deve ser feita dentro da da denúncia, para evitar a subnotificação, para ter dados suficien-
instituição, para que a chefia saiba o que além de gerar indicadores que pautem as tes para cobrar ações e
está acontecendo. A pessoa agredida políticas de segurança. “Assim é possível, conscientizar a sociedade
também deve realizar um boletim de por exemplo, que as unidades com maior sobre os prejuízos
ocorrência e depois procurar o Coren-SP índice de agressões se tornem um posto de causados pela violência.
para formalizar a denúncia. Temos cerca estacionamento de viaturas, ajudando a Existe também a figura
de 50 denúncias desde 2016 até agora, coibir a violência”. Também foi pactuada do desagravo público,
mas a pesquisa com mais de 4 mil pessoas na reunião a realização de ações conjuntas que é uma manifestação
já demonstra que o problema é bem entre Coren-SP e Secretaria de Segurança, em favor dos profissiona-

maior”, explica Renata Pietro. como palestras e ações educativas. is agredidos. Os


procedimentos sobre a
Para combater essa realidade, a Diante dessas ações, o sentimento é de
denúncia podem ser
principal ação do Coren-SP é informar as esperança por mais respeito no cotidiano.
conferidos no link
autoridades competentes para combater a “A gente quer que a população entenda
www.coren-
violência. Para isso, Renata Pietro se que não é para agredir, nós não estamos
sp.gov.br/violencia
reuniu em outubro, com o secretário ali para apanhar”, comenta a técnica de
estadual de segurança, Mágino Alves. enfermagem Sonia Regina. Maria Lúcia
Ele demonstrou conhecimento sobre a vislumbra também um olhar esperançoso.
realidade e disse que um dos caminhos é a “Eu tenho que continuar minha vida.
conscientização da sociedade, mostrando Tenho que pegar isso para melhorar ainda
para as pessoas as consequências da mais a minha atenção com o paciente. Eu
agressão contra profissionais de saúde. “É não sinto raiva. O que eu sinto é um
importante divulgar os casos de violência descompromisso com toda uma situação Utilize o leitor de código de
barras do seu celular.
e a punição aplicada aos agressores, para por chegar a esse ponto”. A enfermeira
que as pessoas tomem conhecimento de resume o que espera em seu ambiente de
que há repressão”, disse. Ele se compro- trabalho: “A gente só quer a reciprocidade
meteu a encaminhar mensalmente ao do respeito”.

14
QUAIS OS TIPOS DE AGRESSÕES SOFRIDAS?
Verbal 90,9%

Psicológico 73,7%

Físico 21,1%

0 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

QUEM PRATICOU A VIOLÊNCIA?


Pacientes 66,3%
REPERCUSSÃO
Familiares de pacientes 60,1%

Acompanhantes de pacientes 51,0%


NA MÍDIA
0 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

SE NÃO DENUNCIOU, POR QUÊ?


Por falta de apoio da instituição 55,8%

Pela sensação de impunidade 55,0%

Por receio de perder o emprego 38,8% A divulgação dos resultados


0 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
da pesquisa foi assunto em
diversos meios de comuni-
cação, atingindo toda a
sociedade. Foram veiculadas
CAMPANHA reportagens a respeito nos
veículos:
Televisão: Globo, Globo
News, Record, Bandeirantes,
TV Canal 4
Rádio: CBN, Jovem Pan,
Radioagência Nacional,
Super Rádio 950
Impresso: O Estado de S.
Paulo, Istoé
Site de notícias: Agência
Brasil

O mote “Quem cuida merece respeito” foi adotado pelos conselhos de


enfermagem, medicina e farmácia e estampou cartazes em estações de metrô
e trem, bem como jornais e redes sociais, além de ser reproduzido em rádios
de todo o estado.

EnfermagemRevista | 15
PENITENCIÁRIA

Além das grades


Enfermagem rompe barreiras e estigmas na assistência a pacientes em situação carcerária

O brasil é o terceiro país com o


maior número de pessoas em
situação carcerária no mundo. O
estado de São Paulo concentra 33% desta
população, de acordo com o Levantamento
Nacional de Informações Penitenciárias
(Infopen, junho/2016). Embora estejam
privados da liberdade, os presos devem ter
a sua dignidade humana preservada, por
meio da garantia de direitos fundamentais
previstos na Constituição Federal, como o
acesso à saúde. É nesse contexto extrema-
mente complexo que equipes multiprofis-
sionais trabalham intensamente para
levar uma assistência segura e qualificada
para além das grades, em que, não diferen-
te de outros serviços, a enfermagem assu-
me os desafios de quem está 24 horas ao A auxiliar de enfermagem Renata Dias Alvarenga e as enfermeiras Eliane Redondo e Rosemeire
Scarpi integram as equipes de enfermagem do Complexo Hospitalar Penitenciário de São Paulo
lado do paciente.

16
O Complexo Hospitalar do Sistema auxiliar no tratamento de doenças e feri-
Penitenciário (CHSP), localizado no bair- mentos, os profissionais de saúde que
ro do Carandiru, na zona norte da capital trabalham no sistema prisional cumprem
paulista, é a instituição referência para os o papel de educadores e acolhedores de
AUDIÊNCIA PÚBLICA
NA ALESP 228 mil detentos do estado de São Paulo. A uma população que está privada do conví-
instituição é um hospital secundário que vio com a sociedade. “Desde o momento
Em 14/12, foi realizada
conta com uma dedicada equipe de enfer- em que esses indivíduos são privados de
audiência pública na
magem, de médicos, com leitos, equipa- liberdade, a fala deles para nós, profissio-
Alesp, para debater o
sistema prisional. O
mentos e estrutura destinada ao cuidado nais de enfermagem, é que aqui é o pri-
enfermeiro Fernando
integral à saúde do cidadão. meiro e único lugar onde são tratados
Henrique Apolinário, A unidade possui 375 leitos, dos quais realmente como seres humanos, porque
diretor técnico de saúde 251 são operacionais, divididos em quatro não chamamos o paciente pelo número da
do Centro de Progressão alas de internação: três masculinas e uma matrícula. Aqui são tratados como pacien-
Penitenciária de Valparaí- feminina. Também há um centro cirúrgico tes, pelo nome e sobrenome”, conta a
so, falou sobre a assistên- e uma unidade de cuidados especiais que gerente de enfermagem.
cia à saúde nesta área. faz 3.000 atendimentos por mês. “Na
“A relevância de minha parte assistencial não há diferença em Rotina diferenciada
participação foi mostrar relação a qualquer outro hospital. A quali- Ao contrário do que acontece em um
que a saúde, seja dentro dade da assistência que prestamos é a hospital comum, o Complexo Hospitalar
de uma muralha ou fora mesma, temos a preocupação com a parte Penitenciário possui celas individuais no
dela, é um direito consti-
técnica e seguimos protocolos assistenci- lugar de leitos. Cada uma tem cama de
tucional, indistintamente
ais. Nosso único diferencial é a necessida- alvenaria, vaso sanitário e pia. A rotina de
da condição de liberdade.
de de adaptação de algumas técnicas à trabalho da enfermagem se desenvolve
A equipe de enfermagem
nossa realidade estrutural, pois, como o em parceria com os agentes penitenciári-
é o pilar da garantia
paciente é privado de liberdade, temos os. “Temos regras da saúde e regras da
desse direito, pois ela é o
ponto de ligação entre o
uma estrutura diferenciada”, esclarece segurança. Fazer com que tudo isso funci-
privado de liberdade e o Eliane Redondo, gerente de enfermagem one ciclicamente em harmonia é um desa-
SUS”, disse. do Complexo Hospitalar. fio. Sem a parceria que existe entre a
Apolinário compartilhou Além dos conhecimentos técnicos, os enfermagem e a segurança, não consegui-
os desafios para melhor profissionais que lidam com esses pacien- ríamos desenvolver o nosso trabalho”, diz
estruturação do serviço tes devem estar livres de qualquer precon- Eliane, garantindo que esta experiência é
de saúde nos presídios. ceito. “Desenvolvemos um cuidado como um aprendizado. “Os agentes penitenciá-
“Os enfermeiros devem qualquer ser humano merece ter. Não rios aprendem a trabalhar com o detento
participar das pactuações julgamos o fato de os nossos pacientes doente e nós com o doente detento, nunca
na construção das Redes estarem privados de liberdade, pois acre- deixando de lado nossa assistência huma-
de Assistência à Saúde e ditamos que eles já estão pagando pelo nizada, segura e de qualidade”.
também é necessário ter
crime que cometeram. Ninguém precisa A enfermeira Rosemeire Scarp, que
equipes mínimas comple-
sentir dor ou ser maltratado porque está trabalha no centro cirúrgico do hospital,
tas”.
nessa situação”, considera Eliane. ressalta a importância das rotinas de
A visão universalista e o papel social da segurança no local. “O paciente tem que se
enfermagem também se evidenciam apresentar e tem que estar registrado.
nesse campo da assistência, pois além de Toda a movimentação dele aqui dentro é

EnfermagemRevista | 17
acompanhada pela segurança”.
O perfil dos pacientes da unidade
também é bem específico, pois estão mais
expostos a alguns tipos de doenças, como
as infectocontagiosas. “Temos um grande
público com essas doenças por conta do
próprio sistema prisional. São pacientes
com tuberculose e HIV, por exemplo, que
desistem do tratamento no meio do cami-
nho, talvez pelas dificuldades e pelo
próprio desânimo por estarem privados
de liberdade”, conta a enfermeira.
Outra peculiaridade do local é que os
detentos preferem o hospital ao presídio e
isso, muitas vezes, gera situações inusita-
das. “Algumas medicações são supervisio-
nadas. Nós pedimos para o paciente abrir
a boca e levantar a língua para mostrar
que realmente engoliu a medicação, pois
há pacientes que não querem melhorar,
porque na visão deles aqui é um local bom A gerente de saúde da Fundação Casa, Ana Carolina Lutfi,
conta que o preconceito da sociedade também aprisiona
para se viver”, explica Eliane, citando que os pacientes em situação carcerária
no hospital os detentos têm cinco refei-
ções por dia, lençol limpo, limpeza das ta por cerca de 80 enfermeiros e 350
celas feitas pelos funcionários e água auxiliares de enfermagem, entre outros
quente para tomar banho, por exemplo. profissionais. Apesar de a equipe de
A qualidade da assistência e do trata- enfermagem ser grande, a Fundação
mento dispensado aos detentos no Com- possui atualmente apenas oito médicos
plexo Hospitalar Penitenciário chama a para prestar atendimento em todo o
atenção dos próprios profissionais de estado e, por isso, depende da rede pública
saúde, que consideram o atendimento na dos municípios.
unidade um modelo a ser seguido. “Aqui, a Ao contrário do que acontece no
qualidade do atendimento é muito melhor sistema prisional, a enfermeira encontra
do que em muitos hospitais públicos lá algumas barreiras externas dificultam o
fora”, resume a auxiliar de enfermagem acesso dos adolescentes internos na
Renata Dias Alvarenga. Fundação à assistência em saúde. Um
grande problema enfrentado pela
As grades do preconceito Fundação é a recusa dos municípios em
prestar o atendimento aos adolescentes
A enfermeira Ana Carolina Carvalho em UBSs, por exemplo. O motivo é o
Lutfi é gerente de saúde da Fundação preconceito e o desconhecimento da lei.
Casa, onde coordena uma equipe compos- Isso tem feito com que a instituição apele à

18
via judicial para tentar garantir o direito à
saúde aos adolescentes sob sua tutela.
“Às vezes o menino vai algemado para
a unidade de saúde do município, com
escolta policial, e existe o preconceito em
atendê-lo. Esporadicamente temos que
fazer [o atendimento] por via judicial.
Este ano mesmo participamos de duas
audiências com a juíza corregedora por
conta de dois municípios que não
aceitavam o atendimento aos nossos
meninos”, afirma Ana Carolina.
No dia a dia, a equipe de enfermagem
da Fundação cumpre um papel importan-
te e que abrange várias frentes, inclusive a
educação e a prevenção de doenças. “São
meninos carentes de informações básicas,
que nunca passaram por um atendimento
de dentista e que têm medo de tomar 33% da população
carcerária brasileira
vacina, por exemplo. Então a gente
Temos que fazer o estão concentrados
costuma trabalhar a parte educativa”. no estado de
adolescente ser
Os profissionais de enfermagem da São Paulo
protagonista da
Fundação Casa enxergam esse trabalho de
sua história
educação e conscientização como uma de
suas tarefas mais importantes e determi-
nantes nas vidas desses adolescentes. Luciana Guedes de Souza
“Passamos a eles coisas básicas, como
proteger a boca na hora de tossir e
espirrar, regiões do corpo que devem ser
secas após o banho para evitar micoses e menino saiba se cuidar”, detalha Ana
orientações sobre DSTs, por exemplo. Carolina.
Complexo Hospitalar
Quando nós damos esse acolhimento e A s s i m c o m o o c o r re c o m o s
Penitenciário de
vemos os meninos realizando o que profissionais que trabalham no São Paulo em números:
passamos para eles, é muito gratificante. sistema prisional, a atuação da
São conhecimentos que ele vai levar para enfermagem na Fundação Casa vai 375 leitos
toda a vida”, diz a enfermeira Luciana muito além da assistência. O verdadei-
251 leitos operacionais
Guedes de Souza, que trabalha na unidade ro papel desses profissionais consiste
do Brás da Fundação, na capital. em devolver algo muito necessário ao 4 unidades de internação
“Temos que fazer o adolescente ser público privado de liberdade: a noção
de cidadania, transformando grades 3.000 atendimentos por
protagonista da sua história. Isso
mês
corrobora a teoria [do autocuidado] de em pontes que conectam seres
Oren, que é a teoria de enfermagem que humanos com sua dignidade e direitos
utilizamos aqui. Fazemos com que o básicos.

EnfermagemRevista | 19
ESPECIALIDADE

A luz da consciência
Uma nova forma de entender e de tratar os transtornos psiquiátricos

Paciente do Clemente Ferreira durante atividade de bordado:


o trabalho na unidade busca o resgate da sociabilidade

20
D urante muito tempo, as institui-
ções psiquiátricas foram associ-
adas a locais sujos, escuros e
com infraestrutura precária, nas quais os
pacientes eram tratados com frieza e indi-
ferença. No entanto, há pelo menos 20
anos essa realidade vem sendo transfor-
mada por meio da militância incansável
dos profissionais de saúde que atuam na
área.
A partir do fim da década de 80, com o
surgimento do movimento antimanico-
mial, os manicômios foram sendo paulati-
namente transformados e depois substi-
tuídos por instituições que, a partir do
inicio dos anos 2000, passaram a abordar
A diretora do CAIS Clemente Ferreira, Silvia Helena Tejo e a
a loucura de uma maneira integral e muito coordenadora da enfermagem, Simone Gama
mais humana.
Atualmente o foco do tratamento, em enfermagem está na própria essência do
muitos casos, é buscar a reinserção na cuidado: “Somos nós que estamos lá 24
sociedade – metodologia oposta à do isola- horas por dia, incentivando e resgatando
mento forçado de outrora. o paciente. A nossa escuta é muito impor-
A prática mais contemporânea da tante, o paciente vai trazendo coisas deles,
psiquiatria foca no Projeto Terapêutico anteriores à internação, da família, do que
Singular (PTS), que é um plano de trata- ele fazia antes, o que é importantíssimo
mento individual e específico para cada para o tratamento. Trabalhamos com o
paciente, elaborado por uma equipe mul- que chamo de escuta qualificada”, diz Somos nós que
tidisciplinar. Silvia. estamos lá 24
O profissional de enfermagem cumpre Ela atua no Clemente Ferreira desde horas por dia,
um papel importantíssimo dentro dessa 1987, quando chegou como enfermeira incentivando e
equipe multidisciplinar. “A enfermagem assistencial, “na época em que o trabalho resgatando o
participa da elaboração do PTS, além de da enfermagem consistia em dar banho de paciente
fazer a sistematização da assistência, a mangueira nos pacientes”, como ela conta,
SAE”, conta Silvia Helena Tejo, diretora do comparando a vivência que teve durante a
Centro de Atendimento Integral à Saúde evolução da psiquiatria nos últimos anos. Silvia Helena Tejo
(CAIS) Clemente Ferreira, em Lins (a “Os hospitais antes eram totalmente
430km da capital). A instituição é voltada sucateados, os pacientes não tinham
ao tratamento de pacientes psiquiátricos, assistência. Quando cheguei aqui, tínha-
neurológicos e dependentes químicos e mos 500 pacientes e 60 funcionários da
atende atualmente 256 pacientes fixos. enfermagem. Como dar uma assistência
No trabalho do dia a dia, o papel do qualificada com esse quantitativo?”,
enfermeiro, do técnico e do auxiliar de questiona Silvia.

EnfermagemRevista | 21
A diretora do CAIS Clemente Ferreira
destaca que a assistência deixou de ser
apenas medicamentosa e passou a ser um
trabalho que fornece condições para o
paciente resgatar sua vida, voltando a ser
um cidadão comum. “Defendemos o hos-
pital para que trate o paciente como se
trata qualquer outra patologia. Hoje o
doente mental tem que ser cuidado como
é tratado um cardiopata, um diabético, ou
seja, inserido na sociedade”, pontua.
A enfermeira Simone Gama, coorde-
nadora da equipe de enfermagem no
CAIS, frisa que o envolvimento da equipe
nessa perspectiva de dar autonomia ao
paciente e resgatar sua humanidade é um
A enfermeira Mitiko (à esquerda) e outros membros da
dos alicerces do sucesso do tratamento. “É equipe de enfermagem do CAIS Clemente Ferreira, em Lins
muito bom ver o envolvimento dos profis-
sionais quando a gente propõe um projeto pelas igrejas e instituições que temos aqui
nessa perspectiva. Nossa equipe está bem em Lins”, conta ela.
engajada dentro dessa visão, eles abraçam Há também iniciativas como o Projeto
a causa”, elogia. Motor, no qual um educador físico reali-
Outro exemplo de ações realizadas zam atividades ao ar livre que estimulam
pela equipe, que extrapolam os protoco- os movimentos dos pacientes, com a utili-
los: a equipe multiprofissional costuma zação de bolas e triciclos. Já no Projeto
preparar festas de aniversário mensais Casa Lar, os moradores do Clemente Fer-
para os pacientes. Com enfermeiros, auxi- reira são alocados em uma casa que se
liares de enfermagem e outros profissio- constituem de um espaço de transforma-
nais, foi feito um almoço de confraterniza- ção, onde são exercitados o convívio e a
ção com a participação de todos, onde o ajuda mútua. Lá são desenvolvidos muitos
convívio social e a dignidade dos pacientes outros projetos como esses.
foram estimulados e valorizados. O auxiliar de enfermagem José Fran-
A enfermeira Mitiko Morimoto, que cisco da Rocha levanta uma questão
trabalha na área de psiquiatria do Cle- importante: a dimensão transformadora
mente Ferreira, explica que há uma série do trabalho em psiquiatria existe também
de projetos realizados com os pacientes, para o profissional de saúde. Trata-se de
como o Projeto Urbano, no qual eles são uma troca e aprendizado constantes entre
retirados do ambiente hospitalar e leva- os profissionais e os pacientes: “Você leva
dos à cidade: “Aproveitamos momentos muita experiência daqui, consegue tirar
como uma festa junina na cidade, por muita coisa para sua vida pessoal e, por
exemplo, e inserimos esse paciente dentro conseguinte, torna-se mais humanizado
da comunidade, nas festas realizadas em todos os sentidos”, comenta.

22
Espaço para melhorias

Para a enfermeira Juliana Elena Ruiz, o profissional que atua com psiquiatria
deve saber lidar com as diferenças e minimizar preconceitos e segregações

Mesmo com todas as evoluções na saúde e no preparo para a reabilitação


enfermagem psiquiátrica, ainda há espa- social do paciente, com respeito aos seus
ço para melhorias. direitos como cidadão”, diz a enfermeira.
Quem explica isso é a enfermeira Julia- O profissional da psiquiatria atua em
na Elena Ruiz, supervisora da educação uma área difícil, que apresenta grandes
continuada na Unidade Recomeço Helve- desafios e exigências em relação ao grau
tia, um centro de tratamento para depen- de conhecimento técnico-científico e
dentes químicos no centro de São Paulo, empatia. Em compensação, os profissio-
administrado pela Sociedade Paulista nais de enfermagem que trabalham
para o Desenvolvimento da Medicina nessa especialidade também testemu-
(SPDM). “Em nosso país ainda não há um nham a alegria que é ver a vida do pacien- Saber que
consenso nem uma regulamentação dire- te se transformar: “Quando toda essa fazemos parte
cionadas às ações específicas do enfermei- dedicação tem um reconhecimento e um desse processo
ro especialista em psiquiatria e saúde impacto importante na vida do paciente traz uma
mental. Isso é algo que já ocorre em outros que ainda sofre com o estigma, saber que satisfação
países, como em Portugal, onde essa atua- fazemos parte desse processo traz uma imensurável
ção é regulamentada”, diz Juliana. satisfação imensurável”, conclui Juliana.
O trabalho dela na Unidade Recomeço, O sentimento é compartilhado pela
que acolhe dependentes químicos da enfermeira Mitiko, do CAIS Clemente Juliana Elena Ruiz
região da “Cracolândia”, guarda muitas Ferreira: “Tornar o paciente capaz, res-
semelhanças com o trabalho desenvolvido peitando e valorizando sua individuali-
no CAIS Clemente Ferreira quando visto dade, promovendo sua autonomia e
sob o prisma da ressocialização do pacien- autoconfiança só me faz perceber o papel
te. “Procuro ser um agente terapêutico e importantíssimo da enfermagem como
atuar pensando em todos os níveis: pro- um agente de transformação para uma
moção, manutenção e recuperação da sociedade muito mais inclusiva”.

EnfermagemRevista | 23
CAPA

Fiscalização: compromisso com


a enfermagem e com a sociedade
Fiscalização do Coren-SP intensifica ações educativas e de apoio à enfermagem para garantir uma assistência
segura tanto aos profissionais quanto à sociedade

A fiscal Fernanda Borges Nascimento durante visita na unidade de hemodiálise do Hospital do Rim, com a enfermeira Silvia Manfredi

D ia 20 de agosto, período da
manhã. A fiscal Fernanda
Borges Nascimento chega à
Fundação Oswaldo Ramos, unidade de
hemodiálise do Hospital do Rim, e
durou cerca de oito horas. Neste caso,
teve um objetivo específico: desenvolver
uma ação coletiva do Conselho Federal
de Enfermagem (Cofen), coordenada
com todos os Conselhos Regionais do
procura pela enfermeira Responsável Brasil, para verificar nos serviços de
Técnica (RT) Silvia Manfredi, anuncian- hemodiálise o cumprimento Resolução
do que realizaria uma ação fiscalizadora Cofen nº 543/2017, que estabelece os
do Coren-SP. critérios de dimensionamento do quadro
A visita, realizada sem aviso prévio, de pessoal de enfermagem nos diversos
assim como todas as demais realizadas serviços de saúde.
pela Gerência de Fiscalização (Gefis), Embora tenha sido surpreendida com

24
a visita do Coren-SP, a enfermeira Silvia
Manfredi não encarou a ação como algo
negativo ou punitivo, desmistificando a
visão que uma parte da sociedade e os
profissionais têm sobre a atuação
fiscalizatória. “Acredito que os órgãos de
fiscalização modificaram a característica
de sua atuação. Hoje é uma troca de
informações e, muito mais do que isso, é
um processo educativo no qual o órgão faz
com que você melhore a qualidade dos
processos e da assistência”, diz Silvia.
São várias as situações que pautam o
fluxo de ações da Gerência de Fiscalização
do Coren-SP. A fiscal Fernanda esclarece
A fiscal Ana Olga durante ação fiscalizatória em Itatiba
que o pedido do Cofen é apenas um dos
critérios que definem as atividades.
“Trabalhamos com base em denúncias e guação às alas da unidade e, depois, uma
fiscalizações de rotina, além de demandas reunião final com o responsável técnico,
do Cofen e de outros órgãos como o na qual ocorre o fechamento e a emissão
Ministério Público, a Vigilância Sanitária de um documento, que pode ser um
e o Conselho Regional de Medicina, por Termo de Fiscalização (quando não há
exemplo”. pendências), Notificação ou Notificação
A fiscal detalha as principais etapas de complementar. As notificações são
uma ação de fiscalização e qual o fluxo de emitidas quando verificadas a existência
trabalho que o setor segue nessas de inadequações que precisam ser
ocasiões. “Recebo minha demanda, sanadas e a notificação complementar
converso com a minha coordenadora e quando há retorno na instituição e se
planejamos as ações que serão feitas para detecta nova situação ou situação
averiguação daquela situação: se faremos anteriormente constatada.
visita, se convocaremos os profissionais Todo esse rito foi seguido pela fiscal 8.297
ao Coren-SP, se pediremos documentos, Fernanda na unidade de hemodiálise. atendimentos
etc. A visita também tem a parte de Além de conversar com a responsável realizados via
preparação, quando fazemos levantamen- técnica sobre a sua atuação na unidade, canal Fale Conosco
to do histórico da instituição para ver se ela esteve com as enfermeiras Bárbara
há pendências de fiscalizações anteriores, Helena Beraldo, Monike Brito e Vanessa
histórico de denúncia, e com base nisso, Pereira; e as técnicas de enfermagem
preparamos os documentos que levare- Dinalva Francisca e Carla Mariane Silva.
mos para a ação”. Assim, a fiscal registrou o cotidiano de
Durante a visita, o fiscal segue um cada uma dessas profissionais na unidade
roteiro de perguntas realizadas ao e também suas demandas, como a
enfermeiro RT e solicita documentos. preocupação com a portaria nº
Além disso, é realizada a visita de averi- 1.675/2018 do Ministério da Saúde, que

EnfermagemRevista | 25
Ana Silvia Dusilek, coordenadora na
Gerência de Fiscalização do Coren-SP,
detalha um pouco mais esse tipo de ação
fiscalizatória. “Essa avaliação assistencial
que fazemos por meio da fiscalização tem
vários focos. Avaliamos não só a estrutura
do serviço, como o quantitativo de
profissionais de enfermagem e os
processos de trabalho da enfermagem na
instituição. Temos o foco no risco
assistencial, naquilo que impacta tanto na
segurança do paciente quanto na seguran-
ça do profissional”, explica.
O trabalho da fiscalização durante a Ação da fiscalização da subseção de Guarulhos no Hospital Municipal de Urgências (HMU) e Hospital
visita não termina com a emissão de Municipal da Criança e Adolescente (HMCA) de Guarulhos atendeu a denúncias relacionadas a possí-
veis desvios de função no local
notificações sobre possíveis inadequações
nas unidades de saúde. Geralmente, os
O desafio de percorrer o estado
fiscais também orientam os enfermeiros
responsáveis técnicos sobre a melhor Fiscalizar todas as instituições do
maneira de agir para sanar essas questões Estado de São Paulo é uma missão
e se colocam à disposição para esclarecer desafiadora. O território paulista conta
dúvidas. “Explicamos a eles como devem com mais de 18 mil serviços em que há a
responder às demandas do Conselho assistência de enfermagem, distribuídos
cumprindo o prazo que determinamos, em 645 municípios. É o segundo estado do
com base na Resolução Cofen nº Brasil com o maior número de cidades,
518/2016. Cobramos do profissional ficando atrás apenas de Minas Gerais.
responsável técnico apenas aquilo que Além disso, é o mais populoso, com mais
cabe a ele, como escalas, registros da de 45 milhões de habitantes.
assistência no prontuário e documentos Atualmente, o Coren-SP conta com
normativos, por exemplo. As outras uma equipe de 101 fiscais e 4 auxiliares de
cobranças são feitas à instituição de
saúde”, detalha a fiscal Ana Olga
fiscalização distribuídos entre a sede e as
13 subseções, todos funcionários concur-
9.291
Fornasari, da subseção de Campinas.
registros de
sados do Conselho. A estrutura da
“A ideia é que mostremos um caminho Gerência de Fiscalização (Gefis) do responsabilidade
para o profissional e para a instituição, Coren-SP se ampliou e se aprimorou ao técnica emitidos
sobre como eles podem resolver as longo do tempo, assim como a forma com
pendências apontadas. Nosso trabalho que se realiza e se entende a atividade
pode ser visto como uma parceria entre o fiscalizadora.
Coren-SP, o RT, as instituições de saúde e A gestão 2018-2020 está priorizando
os outros profissionais de enfermagem, esta área, que é o escopo do Coren-SP,
na qual todos saem ganhando”, conclui buscando a aproximação da fiscalização
Carolina Ferri, coordenadora na Gerência com os profissionais de enfermagem,
de Fiscalização do Coren-SP. desde aqueles que atuam na gestão, até os

26
“Atualmente buscamos nos colocar como
parceiros do profissional de enfermagem,
como quem está lá para ajudar, orientar e
buscar soluções em conjunto com a
equipe. Claro que não podemos deixar de
cumprir as diretrizes e normativas do
Cofen, porém não há mais aquela visão
punitiva do passado”, esclarece Lanny.

Trabalho educativo
Quando se pensa na fiscalização do
Coren-S P, a primeira ideia que os
profissionais têm são as visitas a
A coordenadora Carolina Ferri em atividade de treina- hospitais e unidades de saúde. O que nem
mento com os fiscais, para aprimorar a atuação da
Gerência de Fiscalização todo mundo sabe é que isso corresponde a
apenas uma parte do trabalho do setor.
que estão na ponta da assistência. A Gerência de Fiscalização do Coren-
Também está investindo na modernização SP também cumpre um papel educativo,
e na eficiência de seus processos de promovendo, por exemplo, oficinas de
trabalho. Um dos grandes avanços foi a dimensionamento de pessoal de enferma-
criação dos Processos Operacionais gem, nas quais orienta regularmente
Padrão (POP). Trata-se de uma série de enfermeiros de todo o estado de São Paulo
documentos que explicam de forma para a realização do cálculo de dimensio-
detalhada todas as etapas de cada um dos namento estabelecido pela Resolução
processos de trabalho da fiscalização. Cofen nº 543/2017.
Essa documentação faz com que cada Além disso, os fiscais fazem palestras
atividade da Gerência de Fiscalização siga sobre assuntos relacionados à ética e
um padrão pré-estabelecido, garantindo a
qualidade e efetividade do trabalho. Além
disso são realizados treinamentos e
capacitações para os fiscais. “Quanto mais
conhecimento o fiscal tem e quanto mais
tecnicamente habilitado ele está, mais
justo é o resultado do seu trabalho, pois
isso evita que ele cometa erros. Os
treinamentos e a revisão dos POPs visam
isso. Não podemos trabalhar no 'achismo'.
É uma atuação que deve ser muito
cuidadosa”, diz Lanny Hino, gerente de
fiscalização do Coren-SP.
Outra transformação importante diz Modernização: Gerente de Fiscalização Lanny Hino está trabalhando
pela melhoria e eficiência dos processos de trabalho
respeito à postura da fiscalização.

EnfermagemRevista | 27
legislação profissional da enfermagem,
quando solicitado por um enfermeiro RT
ou coordenador de educação permanente.
“O fiscal está instrumentalizado para falar
sobre ética e legislação ou sobre alguma
outra temática específica. Há todo um
preparo para esclarecer as dúvidas e
incentivar o profissional de enfermagem a
trabalhar dentro da legalidade no
desenvolvimento de suas atividades”,
coloca Lanny Hino. Ela lembra também do
canal Fale Conosco e do plantão de fiscais
do Coren-SP que prestam orientações
telefônicas e presenciais aos profissionais
de enfermagem.
Os profissionais que participam das
oficinas e ações de orientação com os
fiscais do Coren-SP notam os resultados
em seu cotidiano profissional. “Recebi a
visita do fiscal Domingos Luciano do
Representantes das Supervisões Técnicas de Saúde da Vila Prudente e
Amaral, de Presidente Prudente, e fui da Penha (capital) em reunião de conciliação com as fiscais do Coren-SP

surpreendida com sua atuação. Ele


desempenhou muito bem suas funções de o Coren-SP, os gestores dos serviços de
fiscal também nos deu uma aula sobre saúde se comprometem a sanar inadequa-
esterilização e testes de validação para ções detectadas pela fiscalização, por
toda a equipe de enfermagem. Quando meio da assinatura de Termos de Ajuste de
falamos de fiscalização, ficamos receosos, Conduta (TACs). Esse trabalho é desen-
mas ele me surpreendeu com seu volvido em parceria com a Gerência
conhecimento e postura profissional”, Jurídica do Coren- S P ( G J U R ) e
relatou a enfermeira Renata Cristina. Procuradoria Jurídica (PJUR), sendo que,
esta última, implantou em 2018 a Central
Ações resolutivas e conciliação de Conciliação. O órgão tem como objetivo
Outra atividade importante que a auxiliar as unidades de saúde a corrigirem
fiscalização do Conselho vem desenvol- problemas e falhas, antes de o processo
vendo desde o início de 2018 são as atingir a etapa judicial. “Esse é um
reuniões sistemáticas com as diretorias trabalho muito extenso. Desde o início de
das Supervisões Técnicas de Saúde de São 2018 já trabalhamos mais de 500 institui-
Paulo, coordenadorias de saúde de outros ções. Essa quantidade é diretamente
municípios do estado e com gestores de proporcional ao número de profissionais
serviços de saúde, como o da Fundação de enfermagem beneficiados pela ação. É
Casa, entre outros. importante o Conselho estar inserido para
Por meio do diálogo e da parceria com auxiliar nessa negociação com o gestor,

28
Presidente Renata Pietro e Conselheiro Federal Luciano Silva durante fiscalização em unidade do Guarujá

pois o poder decisório de um enfermeiro saúde do município.


RT vai até certo limite”, explica Lanny. Os profissionais de enfermagem já
Essa atuação mais resolutiva e eficaz sentem essa aproximação proporcionada
da fiscalização é uma das metas da atual pela atuação da fiscalização, conforme o
gestão do Coren-SP. “Estamos intensifi- depoimento das enfermeiras Adriana
cando as visitas fiscalizatór ias e Sampaio e Ana Paula Cyrino, que atuam
oferecendo oficinas de dimensionamento no Espaço Bom Viver Casa de Repouso,
com a preocupação de melhorar a registrado em um canal de comunicação
qualidade do atendimento à população e a do Coren-SP, sobre uma ação conduzida
as condições de trabalho dos nossos pela fiscal Ana Olga. “Gostaria de
profissionais”, detalha a presidente do agradecer à fiscal Ana por ter vindo nos
Coren-SP, Renata Pietro, que tem a fiscalizar, mas sobretudo, pelas orienta-
aproximação como um dos grandes lemas ções dadas a nós, da administração e
de sua gestão “Queremos que a comunida- enfermagem da instituição. Sua calma e
de da enfermagem sinta o Coren-SP como generosidade em responder nossas
parceiro, lutando lado a lado. Espero que dúvidas e buscar conosco um caminho
os profissionais de enfermagem se sintam para sanar os débitos junto ao Conselho
acolhidos pela fiscalização e nos nos levou a São Paulo, de onde retornamos
procurem, pois queremos que todos com o certificado de responsabilidade
notem a diferença, desde os que atuam no técnica (CRT), após tanto tempo de
gerenciamento, até aqueles que estão na espera e sem sabermos como agir.
ponta da assistência”, diz Pietro. Gratidão e sucesso!”.
A presidente está acompanhando
pessoalmente algumas ações de fiscaliza-
ção e, também, visitando hospitais para
colocar o Conselho à disposição da
enfermagem. Em dezembro, a Secretaria
de Saúde do Guarujá assinou um termo
de autocomposição, comprometendo-se a
ajustar o seu quadro de profissionais,
como resultado de uma ação fiscalizadora
com a presença de Renata, que detectou Hospital Pio XII pactua conciliação com Procuradoria Jurídica do Coren-SP e se compromete a sanar
ausência de enfermeiros em serviços de pendências relacionadas ao dimensionamento do quadro de profissionais

EnfermagemRevista | 29
Desmistificando a fiscalização
Existem alguns mitos reproduzidos entre os profissionais de enfermagem que não correspondem à realidade da fiscaliza-
ção do Coren-SP. Há pessoas que dizem que a visita é agendada ou, então, que o Conselho atua para punir os profissionais.
A Enfermagem Revista elaborou um passo-a-passo das ações da Gerência de Fiscalização que mostram o trabalho sério e
comprometido desenvolvido pelos fiscais, visando auxiliar a prática da enfermagem no cotidiano dos profissionais:

CRITÉRIOS

1 O Coren-SP decide fiscalizar uma instituição de saúde partindo de


uma das seguintes situações: fiscalização de rotina, denúncia,
demanda do Cofen ou demanda de outros órgãos, como o Ministério
Público ou outros Conselhos.

DEFINIÇÃO DO FISCAL

2 Um fiscal é designado para a ação de


fiscalização. A visita é discutida e planejada com
o coordenador de fiscalização. O fiscal levanta
documentos sobre a instituição como o
histórico de visitas anteriores, eventuais
pendências e agenda internamente uma data
para a visita.

VISITA SEM AVISO PRÉVIO

3 A visita de fiscalização é feita de surpresa: não


há aviso prévio à instituição ou aos gestores de
enfermagem. As etapas da ação são as
seguintes:

A. É seguido um roteiro, conforme determina o


Cofen, contendo o Procedimento Operacional
Padrão (POP) adotado pelo Coren-SP. O fiscal
conversa com o enfermeiro RT e faz perguntas
sobre detalhes operacionais e pede
documentos, como alvarás de funcionamento,
por exemplo.
B. O fiscal, acompanhado de enfermeiro
RESULTADOS responsável, ou alguém por ele designado pela
unidade, percorre as alas da unidade de saúde,

4 O processo referente a essa fiscalização


específica é encerrado ou mantido aberto caso
haja necessidade de ações suplementares para
auxiliar a unidade a regularizar a sua assistência
de enfermagem. O objetivo é sempre garantir
fazendo uma vistoria.
C. O fiscal faz uma reunião de fechamento com
o enfermeiro responsável e equipe, caso seja
possível, emite um documento final, que pode
ser um Termo de Fiscalização (quando não há
um serviço seguro e adequado à população e pendências), uma Notificação ou Notificação
aos profissionais de enfermagem. complementar.
D. No caso de serem emitidas notificações, o
fiscal orienta o responsável sobre quais ações
ele deve tomar para responder à notificação e
se coloca à disposição para prestar suporte em
qualquer ação que vise sanar irregularidades e
inadequações no exercício profissional da
equipe de enfermagem.
E. É feito um acompanhamento da visita caso
haja notificações, pois elas têm prazo para
serem respondidas.

30
ENTREVISTA

A enfermagem
brasileira está
muito avançada

Taka Oguisso
EnfermagemRevista | 31
QUEM É:
Enfermeira formada
pela Escola de Enfer-
A enfermeira e professora Taka
Oguisso possui uma extensa
formação e conhecimentos na
área de enfermagem. Filha de imigrantes
japoneses, ela é autora de 26 livros e é
global da enfermagem e como ela pode ser
exercida em diferentes países.

E R: Como foi atuar no Conselho


Internacional de Enfermeiros (ICN)?
magem Cruz Verme- fluente em português, inglês, japonês, TO: Fui convidada para atuar no ICN
lha, pós-doutorada francês e espanhol, além de ser também quando estava participando do 39º
em Educação da formada em direito. Congresso Brasileiro de Enfermagem
Enfermagem pela
Taka Oguisso foi membro do Conselho (CBEn), em 1987, no Rio de Janeiro. Foi
Universidade Colum-
Internacional de Enfermeiros (ICN) por um amadurecer profissional tremendo,
bia em Nova York.
Participou durante 11 11 anos em Genebra, na Suíça. Atuou em em pouco tempo a gente avança quilôme-
anos do Conselho diversos países em parceria com a tros de experiência. A todo momento
Internacional de Organização das Nações Unidas (ONU) e tanto a Organização das Nações Unidas
Enfermeiros (INC) em a Organização Mundial da Saúde (OMS). (ONU) como a Organização Mundial da
Genebra, na Suíça. Saúde (O M S) realizavam reuniões,
Atualmente, ministra aulas sobre a
história da enfermagem na Escola de conferências, seminários, então nós
O QUE FAZ: Enfermagem da USP. Em entrevista à tínhamos que fazer um levantamento
Livre docente e profes- Enfermagem Revista, ela compartilha sua total de um determinado país antes de
sora titular da Escola história de vida e sua experiência de visitá-lo, como estudar sua a geografia,
de Enfermagem da
décadas na enfermagem. sua história, quanto ganhava um enfer-
Universidade de São
meiro, quantos hospitais havia na região e
Paulo (USP) ministra
aulas sobre a História Enfermagem Revista: Com quais o nível de vida da população. Daí eu
da Enfermagem. personagens marcantes da enferma- visitava a escola de enfermagem, os
gem brasileira a senhora chegou a hospitais, fazia palestras e reuniões. Se
conviver? eles não tinham uma associação formada,
Taka Oguisso: Eu tive o privilégio de ter eu ajudava a formar, escrevia o estatuto
aulas e trabalhar com todas as grandes com eles, explicava a importância de uma
[Todas as grandes associação. Nós tínhamos que escutar
líderes da enfermagem brasileira, como
líderes da Maria Rosa Sousa Pinheiro, Glete de tanto as coerências quanto as incoerênci-
enfermagem Alcântara, Amália Corrêa de Carvalho. as encontradas no local, aceitar e ajustar
brasileira] me Também tive o prazer de conhecer de aquilo que precisava ser feito.
transmitiram não perto o trabalho de Haydée Guanais
só conhecimento, Dourado, Anayde Corrêa de Carvalho, ER: Como você analisa a atuação da
mas também algo Circe de Melo Ribeiro, Clarice Della Torre enfermagem do Brasil com a de outros
que eu considero Ferrarini. Todas elas foram minhas países?
muito mais professoras. Elas me transmitiram não só TO: Não há diferença entre enfermagem
importante: o conhecimento, mas também algo que eu brasileira e a do exterior. Eu acho que a
amor pela considero muito mais importante: o amor enfermagem daqui está muito avançada,
profissão pela profissão. Mostraram como vale a encontra-se no mesmo padrão americano.
pena se dedicar por algo que você acredita Na verdade, os profissionais brasileiros
e tudo isso só foi ampliando com o passar estão bem preparados, bem equipados
dos anos. Fui adquirindo uma visão mais com uma formação de qualidade.

32
ER: Você chegou a se corresponder com estudar, aprender, se formar e a trabalhar.
o poeta Carlos Drummond de Andrade. Uma coisa muito importante que meu pai
Como foi esse contato? dizia era: “Se você acha que está certo,
TO: Drummond escreveu uma carta olhe nos olhos do outro, levante os
homenageando a enfermagem no jornal ombros, vá em frente e não tema”. Isso eu
Shopping News, em 1984. Ele dizia que as levo para minha vida. Nós temos que O caminho
enfermeiras trabalhavam em silêncio e “apalpar” alguma coisa, ter um norte, um percorrido, todas
com discrição, porém, infelizmente, nem objetivo, inclusive, no ramo profissional. as lutas, tudo
sempre são reconhecidas. E nessa época O caminho percorrido, todas as lutas, tudo valeu a pena
eu era a presidente da Associação valeu a pena. Sempre digo que não é
Brasileira de Enfermagem (ABEn), então conviver com glória, mas viver com a
escrevi uma carta agradecendo a homena- verdade, isso sim é muito mais importan-
gem. te e deve ser valorizado.

ER: O que a inspirou a escrever seu


último livro, “A saga de um patriarca
guerreiro”, que relata a vida e história
de seu pai?
TO: Meu pai, Yoshio Oguisso, era um
homem culto e inteligente, aprendi muito
com ele! Infelizmente ele faleceu e não
conheceu nenhum dos netos, então eu
fiquei pensando que ninguém iria
conhecer a história da nossa família.
Ninguém iria saber das histórias guarda-
das no berço da nossa família. O que o
motivou a vir para o Brasil sem precisar.
Meu pai era dentista formado, tinha
clínica, casa, filhos, carro, uma vida
estabilizada no Japão e, de repente, ele
deixou tudo, arrumou suas coisas e
embarcou com 42 bagagens. Quis deixar
registrado, quero que a história dele seja
conhecida, suas escolhas e o mais
importante: a origem da nossa família.

ER: Valeu a pena ter percorrido esse


longo caminho durante a sua trajetória
tanto profissional como pessoal?
TO: Durante a minha trajetória eu
conheci muitos heróis, e quando eu falo
heróis eu me refiro à força de vontade em

EnfermagemRevista | 33
SAÚDE DO HOMEM

T oda última quarta-feira do mês, o


enfermeiro Francisco Paiva
passa a tarde em um boteco na
comunidade de Paraisópolis, em São
Paulo. Lá ele encontra amigos, fala sobre Encontro
alegrias, tristezas, frustrações, conquistas
e até dá conselhos. Ao fim de mais um ‘’Conversa de boteco’’ organizada por enfermeiro visa
encontro, Francisco espera que os homens acolher e abranger população masculina em Paraisópolis
possam refletir, principalmente no que
diz respeito à saúde e ao bem-estar deles.
E é assim que o enfermeiro conduz o
projeto “Conversa de boteco”.
A iniciativa de promoção à saúde do
homem é realizada há seis anos por
intermédio da UBS Paraisópolis II,
gerenciada pelo Hospital Israelita Albert
Einstein, e prioriza a realização de rodas
de conversa em lugares de maior concen-
tração masculina, como bares e campos de
futebol. “Fizemos um planejamento para
desenvolver atividades com o grupo
masculino, com objetivo de dar mais
atenção à saúde do homem, já que são
considerados marginalizados aqui na
região”, conta Francisco.
José Gilvan, um dos participantes da
conversa, compartilha sua história. “Eu
comecei a beber depois do fim de um
relacionamento. Encontrei no álcool um
verdadeiro consolo para minhas dores e
angústias. Quando venho à reunião,
recebo apoio do Francisco e de todo
pessoal. As conversas me ajudam a
encontrar um equilíbrio emocional”, diz.
Francisco analisa que os homens
costumam dar menos atenção à saúde e
realizam menos consultas médicas do que
mulheres e crianças. “Muitos usam a
desculpa de que se está tudo bem e não
sentem dor, então não precisam ir ao
hospital”, exemplifica o enfermeiro.

34
marcado

O médico Cauí Oliveira, o enfermeiro Francisco Paiva e o participante


Antonio Lacerda debatem sobre os malefícios que o álcool acarreta

EnfermagemRevista | 35
Trabalho em equipe
Assim como os encontros no boteco, o
próprio grupo encabeçado conta com
vários parceiros. Fazem parte da equipe
também a agente comunitária de saúde
Damiana Camilo, o médico psiquiatra
Cláudio Viegas e o médico especialista em
medicina de família e comunidade Cauí
Oliveira. Os profissionais se revezam
dentro dessa configuração técnica nos
papéis de observador e relator, de forma a
avaliar os passos das próximas atividades.
“A especialização deles contribui muito
para abordagem que fazemos com a nossa
comunidade”, diz Francisco. Projeto foca na saúde dos homens, que geralmente negligenciam a prevenção

Cauí explica sobre a importância da


atuação do profissional da saúde em ir ao feitos pelos participantes sobre os
encontro da população. “Os homens, assuntos que eles desejam tratar, geral-
principalmente na fase adulta, não têm o mente relacionados a drogas, álcool,
hábito de procurar o serviço de saúde. violência, hipertensão, diabetes, ISTs,
Eles ficam em seus ambientes, seja em depressão, saúde física, mental e do
casa, no trabalho, no boteco... Quando nós trabalhador.
vamos ao encontro deles, isso gera uma Com o passar do tempo, o foco nas
aproximação com uma demanda de construções de conceito para melhorias
população que antes nós nem sabíamos na qualidade de vida masculina fez com
que existia. Nosso objetivo é acolher o que as reuniões fossem ganhando
maior número possível desses homens”, destaque. A participação dos homens foi
detalha ele. aumentando e algumas reuniões conta-
É essa uma das principais barreiras vam cerca de 30 participantes. “Nós
que Francisco e toda a equipe multidisci- procuramos realizar as conversas em
plinar da “Coversa de boteco” precisa diferentes botecos, e, em um deles, o dono
transpor. O primeiro encontro aconteceu disse que o projeto era muito gratificante
no dia 31 de julho de 2013 e contou com a e pediu para que eu colocasse uma placa
participação de 17 homens. Francisco informando o dia e horário das reuniões”,
levava temas para as reuniões, porém não diz Francisco. Enfermeiro Francisco Paiva atua no
‘’Conversa de boteco’’ desde 2013
percebia interesse dos homens; por isso, Cláudio, que também está no projeto
ele elaborou planos de ações como uma desde seu início, rememora que as
forma de realizar um diagnóstico inicial e reuniões eram mais direcionadas à
abranger a todos os participantes sem educação em saúde e para oferecer
constrangimento. Um desses planos é tratamento aos dependentes químicos.
mapa falante, que consiste em desenhos Com o passar do tempo e com a riqueza

36
Nosso papel não é
só focar na saúde
do homem, mas
também na
questão social e a
cidadania

Francisco Paiva
As reuniões do grupo acontecem na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo

das abordagens, Cláudio começou a agir particular. As conversas no boteco


na saúde integral do homem, trabalhando mudaram sua forma de encarar a
com temas referentes à depressão, prevenção em relação a sua saúde. “A
sexualidade, questões de gênero e ajudou experiência é muito boa em termos de
no formato que hoje a roda de conversa saúde. Há muito tempo eu não fazia
possui. “Dependendo da situação, os nenhum exame. Quando comecei a sentir
pacientes são tratados de forma individu- uma dor do lado da costela, falei com o
alizada, os casos variam muito”, explica Francisco e ele me encaminhou para um NOVEMBRO AZUL
ele. “Tem sido uma experiência muito check-up completo”. A campanha de conscien-
positiva, porque o nosso papel não é só Antonio Lacerda dos Santos é autôno- tização do Novembro
focar na saúde do homem, mas também mo, também participa das reuniões e Azul é realizada por
na questão social e a cidadania”. destaca os benefícios que ela traz para os diversas entidades em
As conversas e reflexões desenvolvidas participantes, não só no quesito ambula- todo mundo e tem
com os homens visam estimular um torial, mas também na humanização com objetivo de promover a

processo de troca de experiências, o paciente. “Quando alguém nos orienta, conscientização sobre o
combate a doenças
focando na saúde e no bem-estar, fazendo nos sentimos mais fortalecidos. Todos os
masculinas, com ênfase
com que eles procurem ajuda e assistência anos eu faço um check-up completo, mas a
na prevenção do câncer
nas unidades de saúde. “A roda é uma ação que o Francisco promove é um alerta
de próstata. Com a
iniciativa de acolhimento com a popula- para termos mais atenção com a nossa
realização de exames
ção masculina, eles trazem perguntas, saúde”, analisa ele.
preventivos, tratamento
interagem com a equipe e, consequente- Ao término da conversa, o boteco adequado e hábitos
mente, dão mais atenção à saúde”, reassume sua função. Francisco e sua saudáveis, é possível
completa Damiana. equipe dão os encaminhamentos necessá- reverter o quadro da
rios, despedem-se dos amigos e pacientes. doença e garantir o
Conselho de amigo
Mas assim como já de praxe em seus envelhecimento com
Messias de Jesus é morador de cuidados, o próximo encontro já está qualidade de vida.
Paraisópolis e trabalha como motorista- marcado. Semana que vem tem mais.

EnfermagemRevista | 37
ARTIGO

A construção da cultura da Autoria

segurança na formação dos DENISE MARIA


DE ALMEIDA
profissionais de enfermagem Enfermeira, Designer Instru-

A
cional Freelancer, Mestre em
segurança do paciente tornou-se enfermagem e/ou enfermeiro. Ciências, Pedagoga.
uma preocupação mundial, 2. Apresentar aos estudantes a técnica
especialmente quanto à por meio da qual o procedimento será
proposição de medidas para reduzir os realizado. LUCIA TOBASE
riscos e mitigar os eventos adversos. É 3. Solicitar aos estudantes que
desejável que os conhecimentos relativos identifiquem os princípios que garantam Enfermeira. Doutora em
a essa temática sejam incorporados à a segurança do profissional, do paciente e Ciências. Docente no Centro
formação dos profissionais da saúde, do meio ambiente e os artigos do CEPE e Universitário São Camilo.
estabelecendo uma cultura de segurança¹, demais legislações relacionadas ao
conforme preconiza a Rede Brasileira de procedimento a ser realizado. Esses
DÉBORA
Enfermagem e Segurança do Paciente princípios podem ser elaborados como
RODRIGUES VAZ
(Rebraensp). checklist.
Em nossa experiência profissional, 4. Solicitar aos estudantes que Enfermeira Pediatra, Doutora
percebemos que os estudantes demons- apresentem os princípios identificados e em Ciências pela EEUSP,
tram grande interesse em aprender os expliquem por que estes garantem a Licenciada em Enfermagem e
procedimentos de enfermagem. Esse segurança do profissional, do paciente e em Pedagogia.
momento de ensino é o ideal para a do meio ambiente.
construção da cultura de segurança de 5. Enquanto um estudante realiza o
maneira ampliada, abordando a seguran- procedimento, os demais conferem se os
ça do paciente, do profissional e do meio princípios foram respeitados conforme o
ambiente, associadas à Lei do Exercício checklist. Cada estudante deve executar o Esse momento de
Profissional, ao Código de Ética e demais procedimento quantas vezes forem ensino é o ideal
legislações vigentes. necessárias para compreender e atender para a construção
Apresentamos a descrição de uma todos os princípios de segurança elenca- da cultura de
estratégia de ensino com esse propósito, dos. segurança de
salientando que ela pode ser aplicada ao 6. Discutir com os estudantes as maneira ampliada
ensino de qualquer procedimento de consequências da violação dos princípios.
enfermagem. Tomaremos como exemplo A seguir, mostraremos como exemplo
a administração de medicamento por via os princípios de segurança para o paciente
intramuscular: no preparo do medicamento. As tabelas
1. Solicitar ao estudante que pesquise contendo os demais princípios podem ser
na Lei do Exercício Profissional se o encontradas no endereço eletrônico
procedimento a ser aprendido é da www.coren-sp.gov.br/artigo-
competência do auxiliar, do técnico de seguranca-formacao Utilize o leitor de código de
barras do seu celular.

¹Cultura da segurança, é definida pelo Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente, como o conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que
determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde.

38
PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA PARA O PACIENTE NO PREPARO DO MEDICAMENTO
ARTIGOS CEPE/ LEGISLAÇÕES REFERÊNCIAS
PRINCÍPIOS JUSTIFICATIVA
PERMANENTES
Agência Nacional de Vigilância
Limpar o local do preparo do medicamento. 24, 45 Sanitária. Assistência Segura: Uma
Reflexão Teórica Aplicada à
Prática. Série Segurança do
Higienizar as mãos. 24, 45
Paciente e Qualidade em Serviços
de Saúde. Brasília: ANVISA; 2013.
Ler atentamente a prescrição médi-
ca/enfermagem, verificando assinatura e 24, 45, 46, 80 Brasil. Ministério da Saúde.
registro do profissional e data da mesma. Documento de referência para o
Programa Nacional de Segurança
do Paciente/Ministério da Saúde;
Verificar cuidados especiais para a
Ex: prevenção de eventos Fundação Oswaldo Cruz; Agência
administração do medicamento, possíveis
adversos relacionados a Nacional de Vigilância Sanitária.
interações medicamentosas, efeitos 24, 78, 80
infecções em serviços de Brasília: Ministério da Saúde,
colaterais, alergias prévias do paciente a
saúde, de eventos 2014.
qualquer componente do medicamento.
adversos relacionados a Caldana G, Guirardello EB,
medicamentos. Urbanetto JS, Peterlini MAS,
Calcular corretamente a dosagem do
24, 45 Exercício competente e Gabriel CS. Rede Brasileira de
medicamento, se necessário.
responsável da profissão. Enfermagem e Segurança do
Assegurar assistência Paciente: desafios e perspectivas.
Separar os materiais necessários. 24,45
livre de danos Texto contexto - enferm.
decorrentes de imperícia, 2015;24(3):906-11.
Manusear os materiais estéreis com técnica
negligência ou Carvalho JA, Carvalho MP, Barreto
asséptica (observar integridade dos 24, 45
imprudência MAM, Alves FA. Andragogia:
invólucros, validade da esterilização).
considerações sobre a
aprendizagem do adulto. REMPEC
Diluir corretamente o medicamento, se
24, 45, 46, 78 - Ensino, Saúde e Ambiente.
necessário.
2010;3(1):78-90.
Conselho Federal de Enfermagem.
Conhecer a graduação da seringa. 24, 45, 78
Resolução COFEN – 564/2017.
Utilizar da regra dos nove certos nos passos Aprova o novo Código de Ética dos
relativos a identificação e preparo do Profissionais de Enfermagem.
24, 45
Brasília; 2017. Disponível em:
medicamento.
http://www.cofen.gov.br/resoluca
o-cofen-no-5642017_59145.html.
No ensino dos procedimentos de vida em sua profissão. Para isso, é Conselho Federal de Enfermagem.
enfermagem, é comum observarmos que imprescindível que o professor se Resolução COFEN – 514/2016.
Aprova o Guia de Recomendações
a prática privilegia a repetição dos passos mantenha atualizado quanto a novas para registro de enfermagem no
da técnica, em detrimento à compreensão evidências no cuidado, à legislação prontuário do paciente e outros
documentos de Enfermagem.
dos princípios envolvidos. Contudo, esse pertinente à execução dos procedimentos, Brasília; 2016.
momento é valioso para propiciar a ao exercício profissional e que participe de Elliot M, Liu Y. The nine rights of
medication administration: an
compreensão do processo, estimular o ações que promovam a cultura da overview. Br J Nurs.
raciocínio, identificar fragilidades no segurança. 2010;19(5):300-305.
Rede Brasileira de Enfermagem e
conhecimento, promover a interdiscipli- Acreditamos que a construção da
Segurança do Paciente.
naridade e a reflexão sobre a ética cultura da segurança, como importante Estratégias para a segurança do
paciente: manual para
profissional, integrada nos diferentes aliada no enfrentamento do desafio de profissionais da saúde. Porto
saberes e ações cotidianas. educar profissionais compromissados Alegre (RS): EDIPUCRS; 2013.

A prática pedagógica que visa à com a educação, com a saúde e com a Sousa ATO, Formiga NS, Oliveira
SHS, Costa MML, Soares MJGO. A
transformação do mundo do trabalho sociedade, envolve a comunidade utilização da teoria da
aprendizagem significativa no
requer professores capazes de transfor- educacional-profissional e a sociedade,
ensino da Enfermagem. Rev. Bras.
mar, de conduzir os aprendizes à reflexão que está cada vez mais atenta à qualidade Enferm. 2015;68(4):713-722.

crítica acerca da responsabilidade envol- da assistência que recebe.

EnfermagemRevista | 39
GALERIA

A conselheira Érica Chagas ministrou a palestra “Autoconhecimento: primeiro Os conselheiros Dermerson Gabriel Busoni e Érica França empossaram a Comissão
passo para a qualidade de vida”, no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) de Ética Instituto de Infectologia Emílio Ribas

A presidente Renata Pietro participou do 10º Encontro de Enfermagem e Segurança O Conselheiro James Francisco ministrou uma palestra sobre Sepse no Hospital São
do Paciente, promovido pelo núcleo de Ribeirão Preto da Rebraensp Miguel

Participantes da Roda de Conversa sobre Consultórios de Rua, organizada pela conselheira Rosana Garcia

40
O Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, recebeu uma palestra sobre Segurança do Os conselheiros Gergezio Andrade Souza e Marcos Fernandes estiveram com os
Paciente, realizada pela conselheira Ivete Trotti profissionais de enfermagem do Hospital Beneficência Portuguesa, em uma ação
do programa Conselheiro Ouvidor

Os conselheiros do Coren-SP Dorly Gonçalves, Josileide Bezerra, Gilmar de Sousa, Emerson Santos e Erica França receberam na sede do Coren-SP os Conselheiros represen-
tantes dos auxiliares e técnicos de enfermagem dos estados de Cuiabá, Sergipe, Paraíba, Espírito Santo e Minas Gerais.

O programa Ingressa Coren-SP está aproximando o Conselho dos estudantes de As conselheiras Eduarda Ribeiro e Rosana Garcia prestigiaram a posse da Professo-
enfermagem. A conselheira Cléa Rodrigues esteve na UNIP de São José do Rio Preto ra Maria Helena Baena como Diretora da Faculdade de Enfermagem da Unicamp

EnfermagemRevista | 41
PERSONAGEM

O gosto do desafio
Enfermeira Paola Francoti: uma estrela do reality show Bake Off Brasil

A enfermeira Paola Francoti está


acostumada a desafios. Ela, que
também é segundo-tenente
militar, foi uma das participantes da
quarta edição do reality show Bake Off
Brasil. “Adoro fazer doces e bolos em
vídeos e divulgar nas redes sociais para
ensinar o público. Fiquei surpresa
quando fui selecionada, porque me
inscrevo desde a primeira temporada,
mas só fui chamada para os testes neste
ano”, conta ela.
Pós-graduada em terapia intensiva e
enfermeira no Hospital Militar de Área de
São Paulo (HMASP), Paola esclarece que
não foi nada fácil conciliar sua rotina de para treinar as receitas e estudar,
enfermeira com as gravações do progra- prejudicou bastante”, analisa ela.
ma. “Eu fazia plantões noturnos e gravava De volta à sua rotina, Paola tem se
durante a manhã e à tarde. Foi bem dedicado à enfermagem no hospital
cansativo, mas a experiência foi válida. O militar, mas ainda encontra tempo para
lado bom de ter participado do programa fazer bolos e doces, pelo puro prazer. “Se
foi conhecer pessoas maravilhosas e eu pudesse resumir minha paixão pela
receber mensagens de torcida e carinho enfermagem e pela confeitaria, destacaria
do público”. em uma frase de Mark Twain os momen-
Paola conta que começou a se interes- tos em que tomei minhas decisões:
sar pela confeitaria na adolescência e que “existem dois dias importantes na sua
sua avó teve participação especial no vida, o dia em que você nasceu e o dia em
despertar desse hobby. “Cresci vendo que você descobre o porquê”.
minha avó fazer quitutes e, sempre que ela
deixava, eu ajudava. Também encontrei
na venda dos doces uma oportunidade de
ganhar uma renda extra”, diz. Eu fazia plantões
E foi a correria do dia a dia um dos noturnos e gravava
fatores determinantes para a saída de durante a manhã e
Paola do programa. “Não consegui à tarde
mostrar meu potencial nem minha
criatividade como realmente desejava,-
porque a falta de tempo fora das câmeras,

42
BEM-ESTAR

Os cuidados com o corpo e com a mente

A rotina do trabalho da enfermagem é geralmente estressante pela complexidade e pela urgência das ações. Como
alternativa para controlar o nível de estresse, estão as práticas interativas, conhecidas por suas metodologias
que trazem uma melhora na qualidade de vida pessoal e profissional. Elas levam em consideração um processo
que trabalha não somente o lado físico, mas também os aspectos emocional e psíquico. Confira algumas dicas a seguir.

MEDITAÇÃO:
Escolha um lugar tranquilo, onde possa permanecer sentado, com os olhos fechados e com a
postura ereta. As mãos podem estar sobre a coxa ou em forma de concha sobre o colo. Con-
centre-se na respiração e feche os olhos. Faça um trajeto mental percorrendo seu corpo,
preferencialmente de baixo para cima. Faça esse processo até se sentir completamente rela-
xado, por cerca de 10 a 15 minutos.

PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS:


Alguns exercícios, além de terem benefícios para a saúde do corpo em si, também auxiliam na
diminuição do estresse. Entre eles estão caminhada, yoga, natação, pilates e alongamento.

AROMATERAPIA:
A prática de aromaterapia é benéfica para o relaxamento. O sistema olfativo é desenvolvido e,
em situações de estresse, o uso de óleos essenciais (lavanda, alecrim, gerânio, limão, erva-
doce) auxilia na diminuição da tensão. Isso pode ser feito em casa ou no ambiente de traba-
lho, desde que não incomode pacientes ou funcionários, devido aos protocolos da instituição.

FOCO NAS AÇÕES:


Mantenha sempre o foco nas atividades, desde a coleta de um exame de sangue até banhos
em pacientes. Mantenha a atenção e o cuidado redobrado em todas as atividades, vivencie o
momento e dê o seu melhor como profissional.

PAUSAS NO TRABALHO:
As pausas ajudam a relaxar a mente e extravasar o estresse. Aproveite-as para se concentrar
na respiração e meditar.

AUTOCUIDADO:
Ao lidar diariamente com situações que propiciam o aumento do estresse, pode haver altera-
ção no comportamento do indivíduo. Ajuda médica e psicológica e exercício de meditação
auxiliam muito na condição física e emocional do profissional.

Fonte: Érica França dos Santos, conselheira do Coren-SP, auxiliar de enfermagem e enfermeira, pós-graduada em Teorias e Técnicas
para Cuidados Integrativos pela Unifesp, possui conhecimentos em yoga e prática de aromaterapia.

EnfermagemRevista | 43
COREN-SP EDUCAÇÃO

Participe das atividades


gratuitas em todo o estado!
Atualização do Calendário Coaching: Um Caminho para *Datas e horários
Vacinal - Programa Nacional de a Transformação Pessoal e Pro- sujeitos a alteração
Imunizações (PNI) fissional
DATAS E LOCAL: 30/1 – Itapetininga DATAS E LOCAL: 12/2 – Campinas
HORÁRIOS: Manhã – das 9h às 12h / HORÁRIOS: Manhã – das 9h às 12h /
Tarde – das 14h às 17h Tarde – das 14h às 17h

Atendimento a Vítimas de Doação de Órgãos: Atuação


Animais Peçonhentos da Equipe de Enfermagem
DATAS E LOCAL: 1/2 – Ribeirão Preto DATAS E LOCAL: 15/2 – Araçatuba
Utilize o leitor de código de
HORÁRIOS: Manhã – das 9h às 12h / HORÁRIOS: Manhã – das 9h às 12h / barras do seu celular.
Tarde – das 14h às 17h Tarde – das 14h às 17h

Tratamento de Feridas -
Conhecendo e Indicando Recur-
sos
DATAS E LOCAL: 1/2 – Osasco
HORÁRIOS: Manhã – das 9h às 12h /
Tarde – das 14h às 17h

Pacientes em Ventilação
Mecânica Invasiva e Não Invasi-
va – Conhecimento dos Disposi-
tivos e Atuação da Enfermagem
DATAS E LOCAL: 1/2 – Guarulhos
HORÁRIOS: Tarde – das 13h30 às 16h30

PROGRAMAÇÃO E INSCRIÇÕES:
www.coren-sp.gov.br/educacao

44
NA ESTANTE

Dicas de leitura
Enfermería en Cuidados Intensivos
AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira),
SATI (Sociedad Argentina de Terapia Intensiva), Renata Pietro e Mariana Torre
Editora Medica Panamericana - 1ª edição

Na terapia intensiva, o desenvolvimento da atenção técnica e científica aos conhecimen-


tos sobre o processo saúde-doença é essencial, tendo em conta aspectos de ordem
biológica, social e humanitária. O livro representa a maturidade de enfermagem em
terapia intensiva na América Latina e vem com o selo de qualidade e prestígio das duas
maiores empresas de cuidados intensivos: a AMIB e a SATI.

Gestão da Qualidade: ferramentas que contribuem


para o gerenciamento da qualidade e de riscos nos
serviços de enfermagem
Organização: Vera Lucia de Souza Alves
Editora Martinari - 3ª edição
Para gerenciar o serviço de enfermagem, galgar novos postos de trabalho e promoções,
o enfermeiro deve se apropriar de conhecimento, e entre eles está a gestão da qualida-
de, que tem sido discutida e implementada nas organizações de saúde do mundo. Este
livro foi pensado para contribuir com o enfermeiro que gerencia, supervisiona, propõe
novos caminhos de melhoria com ênfase no desenvolvimento das pessoas, na eficiência
operacional, com foco nos resultados e em uma assistência mais segura e de qualidade.

Enfermagem em Saúde Coletiva - Teoria e Prática


Marina Celly Martins Ribeiro de Souza e Natália de Cássia Horta
Editora Guanabara-Koogan - 2ª edição

A segunda edição de Enfermagem em Saúde Coletiva - Teoria e Prática, ampliada e atua-


lizada, reúne reflexões fundamentais para a atuação do enfermeiro nesse campo,
qualificando a prática da enfermagem e incorporando no cotidiano o potencial das
práticas específicas de cuidado, especialmente na atenção primária à saúde.Os 22
capítulos que compõe esta obra abordam as bases conceituais e operacionais da Saúde
Coletiva.

EnfermagemRevista | 45
TRANSPARÊNCIA
DEMONSTRATIVO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO COREN-SP JANEIRO A SETEMBRO/2018

46
BAIXAMOS
A ANUIDADE
EM 2019
para pagamento
em janeiro!
#QuemPagaAntesPagaMenos

A menor anuidade dos últimos anos para pagamento em janeiro!


Aproveite o desconto de 15% na anuidade 2019 do Coren-SP e pague o
menor valor dos últimos anos. Ou, se preferir, é possível parcelar o
valor integral em 5 vezes, a partir de 1º de janeiro.

ANUIDADE INTEGRAL
ANUIDADE COM ANUIDADE COM
VALORES SEM DESCONTO
DESCONTO DE 15% DESCONTO DE 5%
(À VISTA DE 1 A 31/3/19)
(ATÉ 31/1/19) - (1/2/2019 A 29/2/19) -
QUADROS OU PARCELADO EM 5X
PAGAMENTO À VISTA PAGAMENTO À VISTA
(A PARTIR DE 1/1/19)

AUXILIAR DE R$ 254,17
R$ 216,04 R$ 241,46
ENFERMAGEM (até 5x de R$ 50,83)

TÉCNICO (A) DE R$ 294,33


R$ 250,18 R$ 279,61
ENFERMAGEM (até 5x de R$ 58,86)

R$ 377,08
OBSTETRIZ R$ 320,52 R$ 320,51
(até 5x de R$ 75,41)

R$ 396,93
ENFERMEIRO (A) R$ 337,39 R$ 377,08
(até 5x de R$ 79,38)

Os boletos serão enviados para os endere-


ços cadastrados no sistema do Coren-SP e
podem ser acessados nos Serviços Online
www.coren-sp.gov.br/servicos-online Utilize o leitor de código de
barras do seu celular.
RESPEITE
O PROFISSIONAL
DE ENFERMAGEM!
#NãoMerecemosIsso

Mais de 70% dos profissionais de enfermagem relataram ter


sofrido algum tipo de agressão em seu ambiente de trabalho.
Essa realidade precisa mudar! E o primeiro passo é a denúncia.
Caso presencie ou seja vítima de agressão durante o exercício
profissional, saiba como agir:

www.coren-sp.gov.br/violencia

Utilize o leitor de código de


barras do seu celular.

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