Вы находитесь на странице: 1из 5

A força de Xi Jinping e a busca chinesa pela liderança global no século XXI

José Eustáquio Diniz Alves


Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População,
Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE;
Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

A China é uma das civilizações mais antigas e importantes do mundo. O Imperador Quin (221-
207 aC.) é considerado o fundador do Império e o responsável pelo Estado unificado chinês. Há
mais de 2 mil anos, ele adotou um sistema único de pesos e medidas, de escrita e de moeda em
todo o Império. Também promoveu a realização de concursos públicos para o preenchimento
de cargos, selecionando os candidatos com base na meritocracia. As grandes realizações da
China estão relacionadas com Dinastias fortes e influentes.

Depois da Revolução de 1949, o Partido Comunista Chinês (PCC), como diria Maquiavel, se
tornou o “Príncipe” moderno, ou no caso da China, o “Imperador” moderno. Mao Tse-Tung
conseguiu unificar o país depois da invasão japonesa, centralizou o poder no âmbito do PCC e
governou o país com mão firme, embora de maneira desastrosa.

Depois da morte de Mao em 1976, houve um período conturbado, mas, em dezembro de 1978,
Deng Xiaoping, mantendo o controle político centralizado, lançou a política de abertura e
reformas econômicas visando o desenvolvimento da China. A política externa chinesa tornou-se
mais branda, pragmática e flexível, com esforços concentrados na melhoria das relações com o
Ocidente, em especial, com os EUA. Na era pós-Deng, desde 1997, Jiang Zemin e Hu Jintao
continuaram a diplomacia “discreta” e pragmática. O objetivo era alcançar o grau de
desenvolvimento dos países ocidentais. De fato, a China se tornou a maior economia do mundo
(quando medido pelo poder de paridade de compra).

1
Mas depois de décadas de alto crescimento econômico, de redução da pobreza e uma influência
crescente no mundo, a política externa e o comportamento diplomático da China passaram por
uma tremenda transformação sob Xi Jinping, que foi eleito secretário geral do Partido Comunista
no final de 2012 e se tornou presidente em 15 de março de 2013. Nenhum líder chinês, antigo
ou contemporâneo, tem sido tão ativo quanto Xi na diplomacia. Com seu ambicioso “sonho
chinês” de estratégia “Renascimento Nacional”, substituindo a “diplomacia discreta” de Deng, a
China tem sido mais proativa e confiante no cenário mundial, com uma política militar e de
segurança cada vez mais assertiva. Dentre diversas outras iniciativas, ele lançou a iniciativa “Um
Cinturão uma Rota” e o plano “Made in China 2025”.

Em outubro de 2017, durante o 19º Congresso do Partido Comunista, o presidente Xi disse que
o socialismo com características chinesas está entrando agora em uma "nova era". O PCC
aprovou no Congresso a inclusão das "doutrinas" de Xi na Constituição da agremiação, como um
novo referencial teórico e que, a partir de agora, será estudado nas escolas, como o
"Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era".

Em três horas e meia de discurso, Xi explicou sua visão não apenas para os próximos cinco anos
do país, mas para as próximas três décadas, detalhando um modelo socialista que, segundo ele,
seria "uma nova opção para outros países e nações que queiram acelerar seu desenvolvimento
enquanto preservam sua independência". O presidente explicou que a "nova era" da China é o
momento de o país "ocupar os holofotes do mundo". Descreveu seus planos para uma
"modernização socialista" da China até 2049 (centenário da Revolução) e a busca por uma nação
"mais próspera e bonita", por intermédio de reformas ambientais e econômicas. Os planos para
um "grande país socialista moderno" significa uma China "erguida entre todas as nações" até
2049, sendo uma contribuição histórica ao desenvolvimento do partido e uma adaptação do
marxismo ao contexto chinês.

O PCC anunciou que durante este congresso seus estatutos seriam modificados para introduzir
novos conceitos, pensamentos e estratégias de governabilidade aprovadas pelo Comitê Central
sob a liderança de Xi. O 19º Congresso do Partido Comunista da China encerrou-se com Xi Jinping
sendo alçado a um status semelhante ao de líderes históricos do país, como Mao Tsé-tung e
Deng Xiaoping, e se consagrando como o presidente chinês de maior poder nas últimas décadas.

Em março de 2018, Xi Jinping foi reconduzido para um segundo mandato de 5 anos. Além disto,
o parlamento da China aprovou uma emenda constitucional que elimina os limites do mandato
presidencial, permitindo que o presidente Xi permaneça no cargo por tempo indefinido. Com a
possibilidade de um cargo vitalício, o presidente ganha o poder que considera necessário para,
na sua perspectiva, transformar a China em uma poderosa e influente superpotência global.

O contraste entre a ordem da China e a desordem no Ocidente ficou explícito em relação a


alguns fato de 2018, como nas divergências da cúpula da Otan, na reunião sem resultados do
G7 e no caos que se transformou o Brexit. Neste cenário, cresce a autoconfiança internacional
da China. O país expandiu e consolidou sua posição militar no Mar do Sul da China, tem projetos
de infraestrutura em mais de 100 países, criou o primeiro banco multilateral de
desenvolvimento fora dos princípios do acordo Bretton Woods, o Asian Infrastructure
Investment Bank, além de desenvolver bases navais no Sri Lanka, no Paquistão e no Djibuti, e
participar de exercícios navais com a Rússia em lugares distantes como o Mediterrâneo e o
Báltico.

Em março, a China estabeleceu sua própria agência de desenvolvimento internacional. Xi Jinping


- preservando um Estado leninista e com um plano de governo de longo prazo - está

2
determinado a desafiar a ideia do "fim da história" de Francis Fukuyama, que imaginou o triunfo
definitivo do capitalismo democrático e liberal. Em outubro de 2018, o presidente chinês Xi
inaugurou a maior ponte do mundo, cruzando o estuário do rio das Pérolas. A ponte de 55km
liga a cidade de Zhuhai, na província de Cantão (Guangdong), a Macau e a Hong Kong, ligando
de forma física e simbólica as antigas possessões portuguesa e britânica ao território chinês.

Em janeiro de 2019, a China conseguiu pousar a sonda não-tripulada Chang'e-4 em um local


conhecido como cratera de Von Kármán, uma depressão de 180 quilômetros localizada no
hemisfério sul do lado oculto da lua. Nenhuma missão espacial jamais explorou o lado escuro da
Lua e marca a ambição chinesa para conhecer uma região misteriosa do satélite natural da Terra
e mostrar ao mundo a ambição e a dimensão da exploração espacial da China. Até o ano de
2020, o sistema de navegação Beidou, o equivalente chinês ao norte-americano GPS, terá um
alcance global depois que a China lançou os satélites necessários para sua globalização. Já no
ano passado, o sistema de navegação por satélite começou a prestar serviços aos países que
participam da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”.

A China é líder não somente na indústria de energia renovável (eólica e solar, principalmente),
mas também tem a maior rede de distribuição de ultra-alta tensão (UHVDC) e está construindo
a maior indústria de veículos elétricos (EV), tendo 5 das 10 maiores fábricas de EV, além de ter
3 vezes mais plantas de baterias elétricas sendo construídas do que o resto do mundo.

Em diversas dimensões, a “diplomacia discreta” de Deng Xiaoping está sendo substituída pelo
"Pensamento Xi Jinping", que considera que a China deve liderar não só na economia, mas
também “a reforma do sistema de governança global com os conceitos de justiça e justiça” e ter
uma presença mais ativa no mundo. Assim, a comunidade internacional deve se preparar para
uma nova onda de ativismo político chinês. Embora sem colocar o lema “China first”, o “Império
do Meio” tem um roteiro claro para o futuro e isto implica no fortalecimento de uma China de
estilo Imperial.

Toda esta estratégia chinesa para alcançar a paridade ou superar os Estados Unidos como a
superpotência global depende de dois fatores básicos: 1) altas taxas de poupança e investimento
e 2) superávits comerciais e em conta corrente como fonte de recursos para ampliar a presença
no mundo.

Como mostra o gráfico acima, em quatro décadas a China manteve taxas de investimento em
torno de 40% do PIB (chegando a quase 50% depois da recessão de 2008/09). Ao mesmo tempo,
manteve taxas de poupança em torno de 42% do PIB. Este números são absolutamente
singulares e mostra como a China se transformou na “fábrica do mundo” e fonte de poupança.
Já nos EUA a situação é inversa, pois os investimentos ficaram em média em 22% do PIB nas 4
décadas em questão (1980-2019) e a poupança ficou em 19% do PIB. Isto quer dizer que a China
investe muito e conta com poupança interna para fazer os investimentos. Já os EUA investe
pouco e poupa ainda menos, ficando dependente da poupança externa.

O gráfico abaixo mostra que a China tem um superávit na conta corrente de cerca de 3,5% do
PIB, enquanto os EUA possuem um déficit de cerca de 3,5% do PIB. Ou seja, a China mantem os
seus planos de expansão no resto do mundo com os recursos que obtém na balança comercial
e em outras contas do Balanço de Pagamentos. Já os EUA – que são o shopping center do mundo
– consomem muito, mas não possuem os recursos para manter altas taxas de investimento
internas e externas (a vantagem é que tem uma moeda que é aceita em todo o mundo, a
despeito do alto grau de endividamento do país).

3
A guerra comercial entre os EUA e a China teve uma pausa de 90 dias, entre o dia 01 de
dezembro de 2018 e 01 de março de 2019. Resta saber como os dois países vão acomodar estas
diferenças que são substanciais. A China pretende manter a situação estrutural que lhe é
vantajosa e ceder em partes secundárias. Já os EUA precisam virar o jogo para se manterem no
topo do mundo. A China leva vantagem nas transformações estruturais e de longo prazo. No
curto prazo e nas mudanças conjunturais, os próximos meses vão mostrar como se desenrola os
rumos desta disputa.

O ano de 2019 vai marcar os 70 anos da Revolução Chinesa e será uma oportunidade para o
presidente Xi Jinping aparecer como o grande líder nacional e internacional. Mas os 70 ano da
URSS também foram o início do colapso do regime que começou com a Revolução Bolchevique
de 1917. Resta saber se atual Dinastia chinesa terá longevidade para chegar aos 100 anos ou vai
sucumbir diante de forças internas e externas.

Referências:
ALVES, JED. Quarenta anos das reformas de Deng Xiaoping e o renascimento da China como
potência. Ecodebate, 10/12/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/12/10/quarenta-anos-das-reformas-de-deng-xiaoping-
e-o-renascimento-da-china-como-potencia-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Dois mil anos de história econômica em um gráfico. Ecodebate, 03/12/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/12/03/dois-mil-anos-de-historia-economica-em-um-
grafico-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O show de Xi Jinping na APEC e a reunião do G-20 na Argentina. Ecodebate,
28/11/2018 https://www.ecodebate.com.br/2018/11/28/o-show-de-xi-jinping-na-apec-e-a-
reuniao-do-g-20-na-argentina-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A China continua tendo superávits recordes a despeito da guerra comercial de
Trump. Ecodebate, 22/10/2018

4
https://www.ecodebate.com.br/2018/10/22/a-china-continua-tendo-superavits-recordes-a-
despeito-da-guerra-comercial-de-trump-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. China: maior potência global e ateísta. Ecodebate, 19/10/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/10/19/china-maior-potencia-global-e-ateista-artigo-de-
jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Estimativa da população da China e cenários para 2100. Ecodebate, 06/07/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/07/06/estimativa-da-populacao-da-china-e-cenarios-
para-2100-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A dívida chinesa ameaça explodir. Ecodebate, 19/09/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/09/19/a-divida-chinesa-ameaca-explodir-artigo-de-jose-
eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A China joga no ataque e os EUA na defesa. Ecodebate, 22/08/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/08/22/competicao-geopolitica-a-china-joga-no-ataque-
e-os-eua-na-defesa-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Fraco B-RIC-S, forte RIC: o triângulo estratégico que desafia os EUA e o Ocidente.
Ecodebate, 11/06/2018 https://www.ecodebate.com.br/2018/06/11/fraco-b-ric-s-forte-ric-o-
triangulo-estrategico-que-desafia-os-eua-e-o-ocidente-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A aliança China-Índia (Chíndia) e a ascensão do século asiático. Ecodebate,
04/05/2018 https://www.ecodebate.com.br/2018/05/04/a-alianca-china-india-chindia-e-a-
ascensao-do-seculo-asiatico-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. As ameaças de Trump à China e o déficit comercial recorde. Ecodebate, 06/02/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/02/16/as-ameacas-de-trump-china-e-o-deficit-
comercial-recorde-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O mundo sinocêntrico: a iniciativa um cinturão uma rota, energia renovável e o
Ártico. Ecodebate, 17/01/2018 https://www.ecodebate.com.br/2018/01/17/o-mundo-
sinocentrico-iniciativa-um-cinturao-uma-rota-energia-renovavel-e-o-artico-artigo-de-jose-
eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A nova revolução chinesa: fim dos carros com motor de combustão interna.
Ecodebate, 06/10/2017 https://www.ecodebate.com.br/2017/10/06/nova-revolucao-chinesa-
fim-dos-carros-com-motor-de-combustao-interna-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A China e a Rede Elétrica Inteligente global, renovável e UHVDC. Ecodebate,
13/03/2017 https://www.ecodebate.com.br/2017/03/13/china-e-rede-eletrica-inteligente-
global-renovavel-e-uhvdc-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Brasil do consumo versus China do investimento. Ecodebate, 22/02/2017
https://www.ecodebate.com.br/2017/02/22/brasil-do-consumo-versus-china-do-
investimento-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O fim da política de filho único e o desequilíbrio na razão de sexo na China.
Ecodebate, 08/04/2016 http://www.ecodebate.com.br/2016/04/08/o-fim-da-politica-de-filho-
unico-e-o-desequilibrio-na-razao-de-sexo-na-china-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Crescimento econômico e poluição (“arpocalipse”) na China. Ecodebate,
14/02/2014 http://www.ecodebate.com.br/2014/02/14/crescimento-economico-e-poluicao-
arpocalipse-na-china-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A ascensão da China, a disputa pela Eurásia e a Armadilha de Tucídides, IHU,
21/06/2018 http://www.ihu.unisinos.br/580107-a-ascensao-da-china-a-disputa-pela-eurasia-
e-a-armadilha-de-tucidides-entrevista-especial-com-jose-eustaquio-diniz-alves

Вам также может понравиться