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– A fé e a pureza de alma.
O Senhor continua a passar pelas nossas vidas com sinais mais do que
suficientes, mas existe o perigo de que não o reconheçamos. Faz-se presente
na doença ou na tribulação, que nos purificam se sabemos aceitá-las e amá-
las; está – de modo oculto mas real – naqueles que trabalham na mesma tarefa
que nós e que precisam de ajuda, ou naqueles que participam do calor do
nosso próprio lar, naqueles que encontramos diariamente por motivos tão
diversos... Está por trás dessa boa notícia que espera que saibamos agradecer
para nos conceder outras novas. São muitas as ocasiões em que sai ao nosso
encontro... Que pena se não soubermos reconhecê-lo por estarmos
excessivamente preocupados, distraídos, ou por faltar-nos piedade, presença
de Deus!
A nossa vida não seria muito diferente se fôssemos mais conscientes dessa
presença divina? Não é verdade que desapareceria muita rotina, tristeza,
penas, mau humor...? “Se vivêssemos mais confiantes na Providência divina,
certos – com fé enérgica! – desta protecção diária que nunca nos falta, quantas
preocupações ou inquietações não pouparíamos! Desapareceriam tantos
desassossegos que, na frase de Jesus, são próprios dos pagãos, dos homens
mundanos (Lc 12, 30), das pessoas desprovidas de sentido sobrenatural”3, dos
que vivem como se o Mestre não tivesse ficado connosco.
“O que muitos combatem não é o verdadeiro Deus, mas a falsa ideia que
fizeram de Deus: um Deus que protege os ricos, que só sabe pedir e encostar
à parede, que sente inveja do nosso progresso, que espia continuamente do
alto os nossos pecados para ter o prazer de castigá-los [...].
“Deus não é assim: é justo e bom ao mesmo tempo; é Pai também dos filhos
pródigos, que deseja ver não mesquinhos e miseráveis, mas grandes, livres,
criadores do seu próprio destino. O nosso Deus é tão pouco rival do homem
que quis fazer-se seu amigo, levando-o a participar da sua própria natureza
divina e da sua própria felicidade eterna.
“Também não é verdade que nos peça demasiado; pelo contrário, contenta-
se com pouco, porque sabe perfeitamente que não temos grandes coisas [...].
Este Deus dar-se-á a conhecer e amar cada vez mais, e sem exceptuar
ninguém – mesmo os que hoje o rejeitam, não por serem maus [...], mas por
olharem-no de um ponto de vista errado. Continuam a não crer n’Ele? Ele
responde-lhes: Sou eu que creio em vós”11.
Deus, como bom Pai, não perde a esperança nos seus filhos. Não a
percamos nós: mostremos aos outros os sinais e referências que Ele deixa à
sua passagem. Se o lavrador conhece bem a evolução do tempo, nós, cristãos,
temos de saber descobrir Jesus, Senhor da História, presente no mundo, no
meio dos grandes acontecimentos da humanidade e nos pequenos
acontecimentos dos dias sem relevo. Então saberemos dá-lo a conhecer aos
outros.
(1) Lc 12, 54-59; (2) cfr. Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 5; (3) São
Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 116; (4) Jo 7, 17; (5) Pio XII, Carta Encíclica Humani
generis, 12.08.50; (6) cfr. Joseph Pieper, La fe, hoy, Palabra, Madrid, 1968, págs. 107-117; (7)
São Teófilo de Antioquia, Livro I, 2, 7; (8) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 13; (9)
cfr. Joseph Pieper, La fe, hoy; (10) Santo Agostinho, Confissões, 3, 1, 1; (11) Albino
Luciani, Ilustríssimos senhores, págs. 18-19.