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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO REGIONAL II - SANTO AMARO
7ª VARA CÍVEL
RUA ALEXANDRE DUMAS Nº 206, São Paulo - SP - CEP 04717-000

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0051233-79.2013.8.26.0002 e código 020000004U227.
SENTENÇA

Processo Físico nº: 0051233-79.2013.8.26.0002


Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Obrigação de Fazer / Não Fazer
Requerente: Salvador Jose Ascione
Requerido: Murillo Torres Arraval

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANA BORGES DE CARVALHO, liberado nos autos em 30/07/2014 às 13:01 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Adriana Borges de Carvalho

VISTOS.

SALVADOR JOSÉ ASCIONE ajuizou ação de obrigação


de não fazer c/c reparação de danos e pedido de antecipação de tutela em
face de MURILO TORRES ARRAVAL, alegando que vem sofrendo constantes
perturbações em seu sossego, inclusive, prejudicando sua saúde, em razão de
barulhos oriundos da casa vizinha, pertencente ao réu. Disse que tentou
resolver a situação amigavelmente, porém não obteve êxito, registrando
boletim de ocorrência. Assim, pede concessão de tutela antecipada para que o
réu abstenha-se de perturbar o sossego do autor e sua família. Ao final,
aguarda a procedência da ação, confirmando a tutela antecipada e a
condenação do réu no pagamento de danos morais no valor de R$ 20.000,00,
bem como perdas e danos na quantia de R$ 3.200,00 referente aos honorários
advocatícios.

O pedido de tutela antecipada foi deferido (fls. 28/30 ).

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Citado, o réu constituiu patrono que apresentou
procuração nos autos (fls. 83/86). Porém, não contestou o feito (fl. 93).

É o relatório.

DECIDO.

Conheço diretamente do pedido, nos termos do artigo

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANA BORGES DE CARVALHO, liberado nos autos em 30/07/2014 às 13:01 .
330, inciso II, do Código de Processo Civil.

Em razão da revelia da parte, consideram-se


verdadeiros os fatos alegados, na petição inicial (artigo 319 do Código de
Processo Civil).

A ação é procedente em parte.

Trata-se de ação de obrigação de não fazer consistente


na abstenção do réu em praticar qualquer ato que perturbe o sossego e a
saúde do autor.

Conforme já explicitado na decisão que deferiu a


antecipação da tutela, o direito ao sossego é assegurado a todos os cidadãos,
especialmente nos horários de repouso noturno.

No caso dos autos, o barulho excessivo e constante


prejudicou a saúde do autor, como relatado na inicial. Ou seja, o requerido
agiu em total desrespeito com o direito alheio, não observando o disciplinado
no art. 1277 do Código Civil.

Como resultado do acima exposto, evidente o dano


moral sofrido pelo demandante, que não se limitou a um mero desconforto.
Pode-se entender os danos morais como as lesões sofridas por uma pessoa,
atingindo certos aspectos de sua personalidade em razão de injusta investida
de outrem, causando avaria em sua moralidade e afetividade, fazendo brotar
sentimentos de constrangimentos, vexames, sensações negativas e de

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desespero, em suma: de injustiça.

No presente caso, o fato está provado (o barulho


constante que retirou o sossego do autor), o dano é decorrente (o abalo no
estado de saúde do autor), e o dever de indenizar é dele consequência
indissociável.

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É certo que a indenização da lesão a direitos não
patrimoniais tem previsão constitucional (artigo 5º, incisos V e X, da
Constituição Federal), devendo ser observado o caráter dúplice desta verba,
quais sejam, o aspecto compensatório em relação à vítima (para minimizar
sua dor) e o aspecto punitivo em relação ao réu‚ (com o escopo de, através da
punição, ser coibida a reiteração de condutas semelhantes pelo causador do
dano).

Por outro lado, é notório que a indenização por dano


moral não pode levar o beneficiário a um enriquecimento desproporcional. O
valor deve equivaler para este como um alento ao desconforto sentido.

No que concerne ao dano moral, orienta a


jurisprudência que:

"A indenização por dano moral deve ser fixada em


termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a
constituir-se em enriquecimento indevido, devendo o arbitramento
operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao
porte empresarial das partes, às suas atividades comerciais e,
ainda, ao valor do negócio. Há de orientar-se o juiz pelos critérios
sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade
da vida, notadamente à situação econômica atual e às
peculiaridades de cada caso" (STJ - REsp 203.755-MG, Rel. Min.
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA - RSTJ 121/408).

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Considerando todos os elementos acima apontados,
entendo adequada a fixação, a título de reparação da dor moral, no valor de
R$ 10.000,00 (equivalente a 13,81 salários mínimos vigentes na atualidade).
Esta cifra será corrigida monetariamente a contar da publicação desta
sentença. Os juros moratórios serão de 1% ao mês, contados a partir da
citação.

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Em relação à condenação por danos materiais, este
pedido fica indeferido, uma vez que não comprovada efetivamente a quantia
paga. Ademais, o réu não pode responder por acordos travados entre
terceiros, nos quais ele não teve nenhuma participação ou ingerência. Não se
olvide que o advogado do vencedor já terá seus honorários fixados
judicialmente.

No mais, ratifico integralmente a decisão proferida initio


litis, a qual transcrevo parcialmente (fls. 28/29):

"2. Quanto à tutela antecipada, fica esta deferida, ....


Por isso, desde já, fica o réu autorizado a promover festas
e reuniões em sua casa, desde que não perturbe o sossego e a
saúde do autor e sua família, nos exatos termos disciplinados no
artigo 1277 e parágrafo único do Código Civil:

“Art. 1277. O proprietário ou o possuidor de um prédio


tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à
segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas
pela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências


considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio,
atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os
limites ordinários de tolerância dos moradores da
vizinhança.

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4. Por “limites ordinários de tolerância dos
moradores da vizinhança” adota-se a regra social de que, a partir
das 22h00min, o barulho deve ser reduzido para patamares
mínimos (limitado a conversa em tom normal entre os presentes).
Imprescindivelmente, todo o ruído deve extinto após a 01h00min,
hipótese em que se não houver o encerramento do evento será

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permitida apenas a conversa em tom realmente baixo, inferior até
mesmo aos decibéis comuns para as conversas rotineiras.
Tal medida é imprescindível para garantir o repouso dos
vizinhos do réu, viabilizando a realização das tarefas comuns do
quotidiano com a atenção necessária.

5. Em casos semelhantes, encontra-se o seguinte


julgado:

“EMENTA: DIREITO AO SOSSEGO. ÁREA RESIDENCIAL. USO DA


PROPRIEDADE VIZINHA. OFENSA. O direito ao sossego, a todos assegurado
(CC, artigo 1.277), impede - sobretudo nas horas de repouso noturno
- que o uso da propriedade vizinha, ainda que seja no exercício da
liberdade de culto, incomode e traga transtorno ao morador de área
residencial. Agravo não provido”. (TJDF - Agravo de Instrumento nº
2010.00.2.013618-9 - 6ª Turma Cível Rel. Desa.: ANA MARIA DUARTE
AMARANTE BRITO j. 27/10/10);

6. Em caso de descumprimento do horário ou do volume


do barulho pelo réu, será aplicada multa de R$ 2.000,00 por
constatação de descumprimento desta decisão, sem prejuízo
da caracterização de infração penal, com instauração de inquérito
policial pelo crime de desobediência de ordem judicial e pela
perturbação ao sossego alheio e à ordem pública".

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Diante do exposto e do mais que dos autos consta,
JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação ajuizada por SALVADOR
JOSE ASCIONE em face de MURILLO TORRES ARRAVAL, tornando
definitiva a tutela anteriormente concedida, ficando o réu autorizado a
promover festas e reuniões em sua casa, desde que não perturbe o sossego
e a saúde do autor e sua família, observados os limites ordinários de
tolerância, com a adoção da regra social de que, a partir das 22h00min, o

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANA BORGES DE CARVALHO, liberado nos autos em 30/07/2014 às 13:01 .
barulho deve ser reduzido para patamares mínimos (limitado a conversa em
tom normal entre os presentes). Imprescindivelmente, todo o ruído deve
extinto após a 01h00min, hipótese em que – se não houver o encerramento
do evento – será permitida apenas a conversa em tom realmente baixo,
inferior até mesmo aos decibéis comuns para as conversas rotineiras.

Em caso de descumprimento do horário ou do volume


do barulho pelo réu, será aplicada multa de R$ 2.000,00 por constatação
de descumprimento desta decisão, sem prejuízo da caracterização de
infração penal, com instauração de inquérito policial pelo crime de
desobediência de ordem judicial e pela perturbação ao sossego alheio e à
ordem pública.

Na mesma oportunidade, condeno o réu ao pagamento de


R$ 10.000,00 a título de danos morais, o qual será corrigido monetariamente
a partir da publicação da presente sentença, por já ter sido fixado em valores
atualizados. Os juros moratórios, de 12% ao ano, serão calculados a contar da
citação.

Em razão da sucumbência parcial, o réu arcará com


90% das custas e despesas processuais, corrigidas desde o desembolso, além
de 90% dos honorários advocatícios, que ora fixo em 10% do valor atualizado
da condenação em pecúnia.

Após o trânsito em julgado, aguarde-se por 30 dias. Nada


sendo requerido, arquivem-se os autos, com as cautelas de praxe.

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Para cálculo da taxa de preparo recursal, considerar-se-á
o valor singelo da condenação (R$ 10.000,00).

P.R.I.

São Paulo, 24 de julho de 2014.


Adriana Borges de Carvalho
Juíza de Direito

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(assinatura digital)

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

0051233-79.2013.8.26.0002 - lauda 7

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