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Grande parte das soluções para produzir resultados são primas das
receitas dos adivinhos, dos xamãs e dos milagreiros. Não é à toa que o
termo "guru" se universalizou para designar os mestres da
administração. Mas, se há um mundo, como dizia Carl Sagan, engolfado
pela superstição e pela corrente de pensamento mitológico, há também
uma crescente escola moderna de desmistificação. Ela começou a ganhar
força nos anos 1990, uma época de tanta bonança econômica que se
podiam encontrar consultores para qualquer coisa. Foi aí que a revista
Fast Company lançou sua Debunking Unit, a unidade de caça a
baboseiras, uma seção que ridicularizava as teses e expressões mais
estapafúrdias dos consultores.
Era natural a ironia. Afinal, se você ler muitos livros sobre gestão, é
praticamente inevitável que adquira um certo grau de ceticismo. Num
dia, você acompanha os argumentos do consultor Jim Collins. Ele
assegura que as empresas só se tornam excelentes se seguirem uma
estratégia incremental, com pequenas melhorias de cada vez. Aí você lê
o megaguru Tom Peters, cuja principal premissa é que só os
revolucionários têm chance de se dar bem. Para ele, o importante é
fazer algo novo, e o melhor gestor é um realizador. Mas o mestre da
competitividade, Michael Porter, diz que um bom gestor é um pensador.
O especialista em liderança Warren Bennis diz que um bom gestor tem
de ser... adivinhou, um líder. Um dos primeiros pensadores da
administração, o francês Henri Fayol, dizia que o bom gestor é um
exímio controlador. Ou o bom gestor é necessariamente um ser
superior, que pensa, realiza, lidera e controla, ou essas teorias não
batem umas com as outras.
No século 21, a escola antimitos vem ganhando peso. É possível até que
ela se transforme no novo modismo da administração. Já há sinais disso.
Em2006, um dos livros de negócios de maior sucesso nos Estados Unidos
foi “A Verdade dos Fatos”. Nele, os professores de administração Jeffrey
Pfeffer e Robert Sutton lançam uma espécie de movimento pela gestão
baseada em evidências científicas - e também demolem mitos de
pesquisas pseudocientíficas.
E qual o problema do efeito aura? É que ele contamina grande parte dos
estudos supostamente científicos sobre sucesso. Talvez motivação seja
um ingrediente essencial para o sucesso, mas se você pergunta o
segredo do sucesso a uma pessoa bem-sucedida, é provável que ela
reconheça ter tido mais motivação do que teve de verdade. E o mesmo
vale para clima organizacional, inteligência, ousadia etc.
- A busca de causas a partir dos efeitos. É uma ilusão comum nos estudos
que procuram inferir receitas de sucesso olhando apenas para empresas
bem-sucedidas.