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Por

SOLANGE MOLL PASSOS


Olá! Olha nós aqui!!!
Querido leitor, em matéria de fazer uma revista,
humildemente reconhecemos que somos apenas
um bebê. No entanto, somos um bebê com
sorriso aberto, olhos brilhantes e completamente
fascinados pelas descobertas que temos feito,
e claro, queremos compartilhar tudinho com
você. Este ano, você sabe, tem sido especial para
nós brasileiros, afinal, fomos às ruas reivindicar,
proclamar, gritar que o Brasil é nosso e o queremos
melhor. Da mesma forma, entendemos que temos
que fazer a nossa lição de casa direito. E é com
esse propósito que apresentamos a 2a. Edição da
Revista Psicosol. Educação para nós é coisa séria
e buscamos, assim como na primeira edição, profissionais com conhecimento teórico sobre o
assunto que iriam escrever, mas essencialmente com conhecimento prático também. Então,
aproveitem a leitura da revista! Esperamos que ela possa mexer com você, e de alguma maneira
interferir positivamente na construção do Brasil melhor ao qual fomos às ruas clamar.
Um forte abraço e boa leitura!

SUMÁRIO
5 Processamento auditivo: o que
isso tem a ver comigo?

Práticas cristalizadas no ambiente


8 escolar: um convite à reflexão e à
mudança de paradigmas

Os Conceitos do Visagismo apli-


12 cados à Educação

15 Pessoas com Altas Habilidades/


Superdotação?Superdotados?
Superdotados?
23 Jogos, brincadeiras e muito mais!

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PRODUTOS NA LOJA
TRIO CONSCIÊNCIA APOSTILA EM PDF
FONOLÓGICA ATENÇÃO GAROTADA
Três jogos com o propósito
Um dos quesitos essenciais no
de auxiliar o processo de
processo da aprendizagem é sem
alfabetização e também servir
dúvida nenhuma a atenção, que
de entretenimento. Devem
vai além de estar atento e vigilante.
ser mediados por um adulto.
Sem ela não há como acontecer a
Os jogos irão acondicionados
adequada aquisição da informação.
em uma pasta contendo: - 1
Segundo Riesgo (2006, p. 274):
cartela do jogo “Ops!” (estimula
a habilidade de segmentação
Ter atenção não é somente o fato de
das palavras em sílabas); - 1
estar desperto e vigil. Certamente
cartela do jogo “Quem rima com
o estado de vigilância também
quem?” (estimula a habilidade de
deve ser acompanhado da plena
identificação de rimas); - 1 cartela
capacidade em saber selecionar
do jogo “Quem sou eu?” (estimula
quais das informações que estão
a habilidade de identificação de
chegando ao Sistema Nervoso
sílabas iniciais e mediais); - 14 cartas; - 6 fichas (três de cada cor);
Central são relevantes para aquele instante.
- instruções dos jogos; - gabarito. Será enviado pelo Correio após
confirmação do pagamento.
Nesta apostila você terá acesso a 25 ideias de atividades e jogos
para estimular o desenvolvimento da atenção.
Valor com frete incluso para todo o Brasil.
Na compra de um Trio Consciência Fonológica você ganha uma
apostila em PDF Consciência Fonológica: jogos, brincadeiras e
atividades

APOSTILA EM PDF 50 KIT 5 APOSTILAS


ATIVIDADES PARA EM PDF
ALFABETIZAÇÃO

São cinco apostilas em


Apostila com 50 atividades
PDF:
prontas para impressão. A
•Apostila 50 atividades
primeira parte da apostila é
para alfabetização;
organizada com atividades para
•Apostila Cruzadinhas;
a aprendizagem do alfabeto e
•Apostila Consciência
a segunda parte é composta
Fonológica: jogos,
de atividades para estimular o
brincadeiras e atividades;
desenvolvimento da leitura e
•Apostila Escrita
escrita. Espelhada: atividades para
intervenção;
•Apostila Blocos Lógicos.

Apostilas em PDF são enviadas por e-mail após confirmação do pagamento.

MAMÃE, DEIXE-ME CRESCER


Nesta breve e encantadora história, a autora leva
os pais a refletirem sobre proteção, liberdade e
autonomia na educação de seus filhos, para que
estes possam crescer!

R$ 14,90
OL

Processamento auditivo:

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


o que isso tem a ver comigo?
Vamos imaginar algumas situações.

Cena 1: duas crianças assistem televisão. De repente uma outra


entra na sala e faz uma pergunta aos amigos. Uma das crianças
responde, sem ao menos titubear, a outra parece nem ter ouvido.

Regina Célia Brenner Kasai Cena 2: três adultos conversam na sala de jantar enquanto o menino
faz sua tarefa no quarto ao lado. Lá de dentro ele grita “dá pra falar
Regina Célia Brenner Kasai é mais baixo que tá me atrapalhando”!
fonoaudióloga em Curitiba,
especialista em Voz e Motricidade Cena 3: Úrsula e sua amiga passeiam pelo movimentado shopping
Oral. Mestre em Educação pela enquanto conversam.
PUCPR. Formação em Abordagem
Sistêmica e PEI (Programa Úrsula já está ficando irritada, pois a cada trecho de conversa sua
de Enriquecimento Instrumental). amiga diz ahn? e ela tem que repetir a última frase. Só o faz porque a
amiga realmente está prestando atenção na conversa. Essas situações
poderiam fazer você pensar que estamos lidando com pessoas com
perda auditiva, desatentas ou pouco interessadas no que o outro
tem a dizer. Mas não é esse o caso. Os protagonistas dessas cenas
ouvem bem e não tem déficit de atenção. A dificuldade deles é de
outra ordem. Eles não conseguem entender o que ouvem ou não
conseguem selecionar a qual informação auditiva dar atenção. Tem
um déficit de processamento auditivo e não uma perda auditiva.
Dito de outra forma: há um défict no processamento da informação
específico para a modalidade auditiva. (Jerger e Musiek, 2000).

Para entendermos melhor pense que seu ouvido é só a porta de


entrada dos sons, é quem faz a captação e transmissão desse som
até seu sistema auditivo central. Sem ele não ouviríamos. Mas
só com ele não entenderíamos o que ouvimos. A partir de nosso
ouvido e do nervo coclear o estímulo auditivo tem um longo
caminho pelo sistema nervoso e nesse caminho é que o som vai
sendo identificado, localizado, discriminado, analisado, codificado,
armazenado. Nas vias nervosas auditivas é que a escuta do som
não desejado vai sendo inibida e nossa atenção dirigida ao que é
importante ouvir e compreender. São as redes auditivas neuronais
que constroem as representações e imagens dos sons que ouvimos,
sejam eles verbais ou não, que armazenam essas informações e que
nos permitem resgatá-las à vontade. Ou seja, o processamento da
informação auditiva é essencial para o processamento da linguagem
oral, nos aspectos fonológico, sintático, semântico e pragmático.

COLUNISTA

pg 5
Quando suspeitar que há déficit no processamento auditivo?

Quando vários dos comportamentos listados abaixo estiverem presentes haverá a necessidade
de uma avaliação específica. São eles:
• Dificuldade em sustentar ou dirigir a atenção ao som;
• Com freqüência diz “ah?” ou “o quê?” durante uma conversa;
• Distrair-se facilmente, principalmente com ruído de fundo ou quando em um grupo;
• Busca de pistas visuais como apoio antes de realizar suas tarefas na sala de aula;
• Dificuldade para rítmo e para memorizar músicas;
• Pior performance na presença de ruídos e na escuta de fala rápida, demonstrando cansaço
ou irritação;
• Dificuldade para localizar a fonte sonora;
• Dificuldade em seguir ordens complexas;
• Memória prejudicada para recados, nomes, instruções;
• A compreensão de piadas , metáforas, palavras de duplo sentido, provérbios é pior;
• Lentidão para responder a informações auditivas, com melhor desempenho motor e visual;
• Dificuldade para associar a letra ao som, para perceber a juntura e segmentação de palavras,
tornando o aprendizado da leitura mais custoso;
• Pode ter uma leitura fluente, mas observam-se erros de prosódia (acentuação), de pontuação
e de compreensão;
• Dificuldades de fala envolvendo os fonemas /l/ /r/ /s/ /z/ ou histórico de alterações fonológicas;
• Dificuldades para memorizar as regras da língua.

É importante mencionar que o déficit no


processamento auditivo é um quadro clínico
específico, que pode ser diagnosticado com
uma investigação audiológica apropriada,
complementar à avaliação de linguagem realizada
pelo fonoaudiólogo. Embora inúmeras pesquisas
correlacionem a dislexia, o transtorno do déficit
de atenção e hiperatividade com o distúrbio no
processamento auditivo, é importante compreender
que ele não é resultante desses quadros.

O que pode causar um déficit de


processamento auditivo?

Entre os vários fatores citados na literatura deve-se dar atenção especial às Infecções de
ouvido frequentes; aos quadros de anoxia e prematuridade; meningite bacteriana; Infecções
(toxoplasmose,citomegalovírus); a hereditariedade (histórico familiar) e a presença de um meio
ambiente linguisticamente pouco estimulador.
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013

Como ajudar uma pessoa com déficit no processamento auditivo?

Após o diagnóstico fonoaudiológico é essencial que se realize um atendimento terapêutico direcionado


para as dificuldades auditivas e linguísticas decorrente do distúrbio das vias auditivas centrais. Esse
trabalho poderá ser desenvolvido de duas maneiras. De maneira formal, com treino em cabine
acústica, que permite o controle rigoroso sobre a geração e apresentação do estímulo auditivo,
ou de maneira informal, utilizando-se de estratégias de reabilitação envolvendo as habilidades
auditivas, sem controle rigoroso sobre as características dos estímulos acústicos. Quando é possível
associar as duas abordagem tem-se a situação ideal, porém a definição de qual abordada será mais
eficaz é tomada no estudo de cada caso individualmente.
6
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013
A família, a escola e os profissionais que atuam com o indivíduo com déficit
no processamento auditivo devem receber informações sobre o que fazer para
tornar a comunicação mais eficaz. Algumas pequenas mudanças de conduta
podem fazer muita diferença na compreensão da informação ouvida. Desta
forma, em linhas gerais pode-se adotar como estratégias:

• Falar de forma bem articulada, em velocidade moderada, de frente para a


pessoa;
• Aproximar-se da pessoa quando o ruído ambiente for muito alto;
• Dar ordens curtas, usando frases simples;
• Repetir a informação mais lentamente, quando o outro não entender;
• Associar a informação auditiva mais complexa a um gesto ou imagem;
• Sentar o aluno próximo ao professor e longe de portas e janelas que possam
distrai-lo;
• Oferecer um ambiente silencioso e agradável para o estudo.

O mais importante é lembrarmos que somos todos diferentes em nossas


necessidades e competências e que garantir a plena compreensão da
informação ouvida é dever de todos aqueles que se propõem a educar.

7
OL

Práticas cristalizadas no

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


ambiente escolar:
Vamos imaginar algumas situações.
um convite à reflexão e à mudança de
paradigmas
Cena 1: duas crianças assistem televisão. De repente uma outra
entra na sala e faz uma pergunta aos amigos. Uma das crianças
responde, sem ao menos titubear, a outra parece nem
ter ouvido.
Irene Debarba Neste texto, lanço no palco das mais intrínseco, certamente,
Cena 2: três adultos
discussões algunsconversam
aspectos na quesala éde ojantar
de enquanto
acertar. o No menino
entanto,
Licenciada em Pedagogia pela faz ao
sua tarefa no quarto ao lado. Lá de dentro
longo de minha carreira “forças ocultas” – advindas ele grita “dá pra falar de
Universidade Regional de Blumenau; mais baixo que tátenho
profissional me atrapalhando”!
observado/ experiências vivenciadas em
Especialista em Psicopedagogia vivido no contexto escolar. Longe nosso percurso acadêmico, de
pela Universidade Regional de Cenade 3:querer
Úrsulaadotar
e sua amiga passeiam nossa
uma posição pelo movimentado
convivência no shopping
ambiente
Blumenau, Especialista em Gestão enquanto
negativistaconversam.
ou de demonstrar escolar, de nossa formação –
Escolar pelas Faculdades Integradas descrença quanto à sua função nos dão a impressão de que
de Jacarepaguá, Especialista Úrsula
social,já está
tenhoficando irritada,
o objetivo pois a estamos
de refletir cada trecho de conversa
agindo sua
corretamente.
em Neuropsicopedagogia e amiga diz algumas
ahn? e elapráticas
tem queque repetir
sobre se a Estamos
última frase.
tão Só o fazdeporque
certos estarmos
Desenvolvimento Humano pelo a amiga realmente está prestando atenção na conversa. Essas
entranharam em nosso dia-a- fazendo o que é correto que
Grupo Uniasselvi; Mestre em situações poderiam
dia, em nossos fazer você pensarsequer
pensamentos, que estamos
passamos lidando com de
por crises
Educação pela Universidade Regional pessoas com perda auditiva, desatentas ou pouco interessadas no
no currículo, enfim, em tudo identidade ou de consciência.
de Blumenau. É professora há queque o outro tem a da dizer. Mas não
faz parte natureza doé esse
Se oalgo caso.está
Os protagonistas
errado, não é
28 anos. Já atuou na Educação
dessas cenas ouvem
ambiente escolar.bem Taise não tem déficit
posturas de atenção.
conosco; é comAodificuldade
sistema, com
Infantil, no Ensino Fundamental,
deles
se ajustaram de modo que, as famílias, com oso que
é de outra ordem. Eles não conseguem entender alunos,
na Graduação e Pós-Graduação.
ouvem
muitas ou vezes,
não conseguem selecionarcom
as consideramos, a qual informação
a falta auditiva na
de investimentos
Atualmente é Coordenadora de
darinclusive,
atenção. Tem um déficitnaturais.
totalmente de processamento
educação,auditivo e não aspectos
entre outros uma
Alfabetização da Rede Municipal de
perda
Ás auditiva.
vezes, sequerDito denotamos
outra forma: sua hápassíveis
um défictde no culpabilização.
processamento Os
Ensino de Blumenau, Coordenadora
da presença
informação ou específico
nocividade. para a modalidade
Essas auditiva.passam
fatores externos (Jerger ae ser
Municipal do Pacto Nacional pela
Musiek, 2000). Para entendermos melhor
posturas aliam-se profundamente considerados os grandes pense que seu ouvido é
vilões
Alfabetização na Idade Certa,
só aa porta de entrada
concepções que,dosao sons,
longoédos quemda faz história.
a captação e transmissão
Não que estejam
Professora de Pós-Graduação,
Pesquisadora, Conferencista,
desse som até seu sistema auditivo
anos, cristalizaram-se, passando totalmente central. Sem ele não ouviríamos.
isentos de
Orientadora de diversos trabalhos
Masa sófazer com parte
ele não dosentenderíamos o que ouvimos. APorém,
ambientes responsabilidade. partir vamos
de
acadêmicos. Ainda, trabalha como nosso ouvido e doenervo
educacionais dascoclear
práticaso estimulo
assumir auditivo
a partetem queum noslongo
cabe.
assessora no campo Educacional e caminho pelo sistema
pedagógicas. Nas linhas a nervoso e nesse caminho é que o som vai
no meio Empresarial. sendo identificado,
seguir, não há localizado,
a intençãodiscriminado,
de analisado, codificado,
armazenado. Nas vias
buscar culpados ou macular o nervosas auditivas é que a escuta do som
nãotrabalho
desejado e ovaiesforço
sendoque inibida e nossa atenção dirigida ao que é
escolas
importante ouvir e compreender.
e profissionais da educação
realizam – mesmo na adversidade
Sãoe assem redesaauditivas neuronais
remuneração que constroem as representações
justa
e imagens
e merecida. Ao contrário,sejam eles verbais ou não, que
dos sons que ouvimos,
armazenam
proponhoessas informações
reflexões a respeito edeque nos permitem resgata-las
à vontade. Ou seja,que
algumas práticas o processamento
adotamos, da informação auditiva é
essencial para o processamento
muitas vezes, sem nos darmos da linguagem oral, nos aspectos
fonológico, sintático, semântico
conta. Certamente, nenhume de pragmático.
nós, acorda pela manhã e pensa:
“Hoje, irei à escola para fazer
COLUNISTA

8
tudo errado!”. Nosso desejo

pg
Iniciaremos este diálogo falando do professor fundantal ao aprendizado. Não estou aqui me
profeta. É isso mesmo: nós, professores, referindo a métodos, estratégias, variedade de
realizamos profecias. Profecias de sucesso materiais pedagógicos, novas tecnologias. Não
e profecias de fracasso. E o pior é que elas que não sejam relevantes e dignas de estudo. No
geralmente se confirmam. Ao iniciar o ano, já no entanto, neste caso, refiro-me à crença inabalável
primeiro bimestre ou trimestre, sabemos quem de que todos podem aprender; independente de
será aprovado, quem terá condições de frequentar suas fragilidades, dificuldades, histórico familiar,
o ano seguinte com entre outros elementos
aproveitamento, quem complicadores.
não vai de jeito nenhum, A c r e d i t a r ,
quem é fraco, que tem incondicionalmente,
as mesmas dificuldades que cada um pode
do irmão que reprovou aprender, muda
três vezes; e aí por completamente a
diante. Esta prática é concepção de ensino
tão comum que não e aprendizagem. Não
nos damos conta de uma convicção que
sua seriedade e seu se abala mediante os
poder. Ao realizarmos primeiros obstáculos,
julgamentos dessa mas uma convicção
natureza, estamos avaliando e sentenciando que se fortalece a cada experiência mal sucedida,
alunos ao sucesso ou ao fracasso. Sim; porque por entender que cada cérebro é diferente. Que
tais julgamentos influenciam significativamente se insistirmos, incansavelmente, haveremos
nossas expectativas de aprendizagem, nossas de encontrar a maneira mais eficaz de ensinar,
ações pedagógicas, nossas convicções. Neste bem como, de aumentar nosso repertório de
momento, meus pensamentos são remetidos a aprendências. Desse modo, realizar profecias de
uma passagem presente em I Coríntios, 14,3: sucesso, acreditando incondicionalmente que
quem “[...] profetiza fala aos homens para todos podem aprender, potencializa o sucesso
edificação, exortação e consolação”. Desse modo, escolar de todos e, principalmente, de cada
na Educação, nosso equívoco não é realizar um. Um fator que pode abalar – se deixarmos
profecias e, sim, sentenciar, prematuramente, – nossas profecias de sucesso e nossa confiança
alunos ao fracasso; desconsiderando a função de que todos podem aprender está relacionado
maior da proposta político-pedagógica da escola às crianças, adolescentes e adultos que perdem
e nossa própria condição de ensinar. Façamos a identidade mediante acontecimentos marcantes
profecias, muitas profecias; profecias de sucesso, ou por serem acometidos por doenças, possuírem
principalmente, para aqueles em que ninguém transtornos, síndromes, entre outros. Como se
acredita, nem a própria família. Dependendo já não bastasse, serem vítimas de estupro, de
do caso, somos a única possibilidade de mudar abandono familiar, de apresentarem dificuldades
sua história de vida. Além de realizar profecias específicas de aprendizagem, deficiências, em
de sucesso, devemos considerar um elemento alguns contextos escolares; ainda, perdem a
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013
identidade e passam a ser conhecidos/intitulados Como diria Roberto Crema, “Cada Criança é um

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


como “o down”, “a abusada”, “o abandonado”, milagre suficiente para não ter que ser comparada
“o autista”, “a disléxica”, entre outros rótulos. com ninguém a não ser consigo mesma”. Feito
Essas práticas são comuns: nós os rotulamos, os isso, o próximo passo é, para nós professores, um
estigmatizamos de tal forma que sua inclusão dos maiores desafios: encontrar o rosto de cada
é apenas administrativa, ou seja, são alunos que aluno dentro do nosso planejamento cotidiano.
constam na chamada escolar. Questiono: quanto Temos o hábito – e assim fomos ensinados – a
à inclusão pedagógica? Ela está sendo realizada? planejar para a turma A, B, C. É aí que cometemos
Esta postura é inaceitável quando praticada um dos maiores pecados educacionais: deixamos
dentro do espaço escolar, por aqueles que são à margem do processo aqueles que, muitas vezes,
responsáveis, diretamente, pela socialização e apenas contam com a escola para se apropriarem
construção do conhecimento. Por aqueles que da ferramenta essencial que lhes possibilitará
fizeram um juramento perante a sociedade e exercerem sua cidadania, conquistarem um espaço
assumiram o compromisso de ensinar a todos. digno no mercado de trabalho, serem felizes.
Portanto, vigiemos nossas concepções, nossas Trata-se do conhecimento, das competências,
palavras, nossas práticas, nossas ações, a fim de das habilidades que permitirão que respondam
que em nós e por meio de nós, tais procedimentos às novas exigências de uma sociedade em
discriminatórios não sejam alimentados, constate transformação e mutabilidade. O
proliferados, sequer, cogitados. Lembremo-nos: próprio conhecimento é fugaz, tem a duração
todos podem aprender. Possivelmente, num de um instante. É preciso aprender a aprender.
tempo diferente e por meio de propostas distintas, Planejamento único não serve mais! Para alguns,
pois cérebros e histórias são marcados pela ele estará na medida; para outros, aquém de suas
singularidade e pela beleza do ser de cada um. necessidades e, ainda, para outros, muito além
Realizadas tais reflexões, passamos a tratar de delas. De que adianta um planejamento desses
um aspecto que pode impactar, negativamente, se sabemos que é ineficaz? Por que continuamos
o sucesso escolar. Temos o hábito de enxergar com tal prática? Como diz o Poeta Fernando
uma turma ou classe como um coletivo de Pessoa: “Há um tempo em que é preciso
alunos. Pensamos na turma, nos referimos à abandonar as roupas usadas que já têm a forma
turma, planejamos para a turma, avaliamos a do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos,
turma. Em alguns momentos, referimo-nos a que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o
alunos da turma com o objetivo de identificar tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-lo,
quem se sobressai ou quem está com problemas teremos ficado, para sempre, à margem de nós
de comportamento, de aprendizagem. Há uma mesmos”. Tomo a liberdade de acrescentar fato
intenção claramente percebida: diferenciar os incontestável: teremos deixado à margem muitos
alunos que, por algum motivo, não correspondem de nossos alunos; justamente aqueles que mais
ao perfil da turma. O leitor deste texto poderia precisavam de nós. Vamos abandonar as roupas
perguntar: historicamente, não foi sempre assim? que já têm a forma do nosso corpo; devemos
De fato, este foi/é o comportamento mais usual. No trilhar novos caminhos. Fica o convite àqueles
entanto, hoje, com os conhecimentos que temos e que já estão fartos de fazer parte de um sistema
com a firme intenção de garantir a aprendizagem educacional que, mesmo de forma inconsciente,
a todos e, em especial, a cada um; não cabe mais nega o direito de aprender àqueles que já tiveram
falar da turma, planejar para a turma, preparar vários de seus direitos negligenciados, desde o
recuperação paralela para a turma, entre outros nascimento. Sejamos nós os que fazem a diferença
termos genéricos. A grande sacada é: antes de na vida de nossos alunos. Que, por meio de nossa
realizar o plano de ensino/aula, realizar um bom sensibilidade e eficiência pedagógica, esforcemo-
diagnóstico educacional a partir do qual teremos nos para que eles sejam muito mais que sujeitos
um perfil da turma. Todavia, o que mais nos perdidos no anonimato e na inércia. Que sejam
interessa é saber exatamente como cada um cidadãos felizes e praticantes de seus direitos e
está. Saber o que cada um já sabe, identificar deveres!
suas fragilidades e potencialidades, enfim, esse é
o primeiro passo para garantir a aprendizagem.

10
Dicas Importantes

Logo nos primeiros dias de aula, faça um bom diagnóstico da aprendiza-


gem de seus alunos.

No momento de elaborar seu planejamento, além das Diretrizes e


Propostas Curriculares, leve em consideração os dados coletados no diag-
nóstico.

Identifique os alunos com maior dificuldade. Procure saber como apren-


dem melhor. Utilize estratégias visuais, auditivas, sinestésicas. Alimente
seus cérebros com mil e uma possibilidades de aprender.

Estabeleça metas de aprendizagem para cada um. Monitore-as por meio


de avaliações constantes.

Favoreça a autoestima propondo situações didáticas que não estejam


muito além do que são capazes de fazer. Vá aumentando sua complexi-
dade, de acordo com os avanços.

Experimente elaborar atividades diferenciadas conforme as necessidades


grupais/individuais.

No início, parecerá quase impossível! Com o tempo, perceberá que é a


única forma de garantir a aprendizagem de todos.

Ignore totalmente comentários e informações que sentenciem seus


alunos ao fracasso.

Para finalizar, o mais importante: jamais desista de um aluno. Prin-


cipalmente, daquele que mais incomoda e que parece não ter jeito!
Aquele que a escola inteira conhece pelos seus “feitos”.

Lembremo-nos: Albert Einstein, o mais célebre cientista do século 20,


foi considerado por alguns de seus mestres mentalmente lento, pouco
sociável, desatento, um caso perdido.

Felizmente, tanto para ele quanto para a humanidade, não acreditou no


que lhe disseram!

11
OL

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


Os Conceitos do
Visagismo aplicados
à Educação

Philip Hallawel
Philip Hallawell nasceu em São Paulo A arte do Visagismo, de acordo com o conceito estabelecido por
em 1951 e teve sua formação na Philip Hallawell, é a criação de uma imagem pessoal customizada,
Inglaterra, em Haverford College, que expressa as qualidades de temperamento, com harmonia e
EUA. Artista plástico de renome estética. É baseada no princípio de que a imagem pessoal é uma
internacional, com mais de 50 identidade visual e precisa estar em sintonia com o senso de
exposições, e arte educador desde identidade da pessoa.
1983, apresentou e criou a Oficina de
Desenho no programa Revistinha “Toda alteração no rosto marca a personalidade do indivíduo em
(TV Cultura, 1989-1991) e a série sua forma mais profunda.” (David Le Breton).
À Mão Livre - A Linguagem do
Desenho (TV Cultura, 1994-2002). O método Philip Hallawell foi criado a partir de várias associações
Autor dos livros da série À Mão Livre dos princípios da linguagem visual com trabalhos das áreas da
(Ed. Melhoramentos), Visagismo: psicologia, antropologia e neurobiologia.
harmonia e estética (Senac SP, 2003)
e Visagismo Integrado: identidade,
estilo e beleza (Senac SP, 2009),
dirige, com sua esposa Sonia, o
Centro de Visagismo Philip Hallawell.

Em primeiro lugar, é preciso compreender que qualquer imagem


é, essencialmente, uma composição de linhas, formas e cores, que
estabelece o que a imagem representa e sua estética, mas esses elementos
também criam uma expressão. Carl Jung, no seu livro O Homem e
seus Símbolos, explicou que os formatos geométricos são os símbolos
arquetípicos mais básicos, daí raciocinei que as linhas que compõem os
formatos também são arquétipos, elementos cujo significado todo mundo,
de qualquer raça, de qualquer época, compreende instintivamente e
inconscientemente. Portanto uma imagem é composta por símbolos
arquetípicos que determinam o que ela expressa. Jung acreditava que os
arquétipos estavam presentes no inconsciente coletivo do ser humano.
O trabalho de Joseph LeDoux na Universidade de Nova Iorque, sobre
o cérebro emocional, indica que símbolos arquetípicos são reconhecidos
pelo tálamo e ativam sistemas primitivos que geram nossas emoções.

COLUNISTA

pg 12
Isso explica porque a percepção visual é um e atenção. O cabelo encaracolado também pode
processo emocional, não racional, algo que há ser prejudicial, porque linhas curvas intercaladas
muito tempo já foi notado. Quando encontramos criam uma sensação de conturbação. Por outro
uma pessoa, ou nos olhamos no espelho, os lado, linhas verticais expressam determinação
nossos cérebro simediatamente registram e e foco e as horizontais, estabilidade. Crianças
reconhecem as linhas e formas que compõem com rostos de formato de triângulo invertido
nossa imagem, provocando reações emocionais (laterais inclinadas do rosto, queixo pontudo e
antes que possamos compreender o que a crânio largo e grande), o símbolo do perigo, por
imagem representa – no caso, outra pessoa, ou ser visualmente extremamente instável, devem
nós mesmos. Reagimos àquilo que a imagem receber atenção especial. É recomendado que
expressa através dos elementos visuais: o o seu cabelo seja entregue a um profissional
formato do rosto, as características das feições, (se possível, que tenha conhecimento sobre
as linhas e formas do cabelo, dos dentes, da visagismo) para equilibrar essa forma. Contudo,
maquiagem, dos pelos faciais, das sobrancelhas, o que mais contribui para a agitação e o déficit
das vestimentas e dos acessórios. Esse conjunto de atenção é a exposição excessiva a imagens,
estabelece uma identidade visual que afeta nosso especialmente na televisão e em videogames. Na
comportamento, estado emocional e psicológico televisão, a imagem muda a cada 10 segundos
e define como os outros se relacionarão conosco. em média. Com uma mudança de câmara, um
A pessoa que consegue analisar e interpretar as zoom ou um “travelling”, por exemplo. Em cada
linhas e formas do rosto consegue identificar mudança há uma nova composição de linhas
o temperamento de uma pessoa, mas não sua formas e cores que provocam novas sensações.
personalidade ou caráter, pois não seria possível Isso significa que em 1 minuto assistindo televisão,
uma pessoa conviver com o rosto que expressa
algo que não corresponde a quem ela é. Também
sabe o que a imagem dela expressa. Podemos
verificar que muitas pessoas têm imagens que
conflitam com o que o rosto expressa e é por
isso que elas não se reconhecem no espelho.
A consequência disso é a autoestima baixa e
um estado emocional perturbado. Educadores
que empregassem o Visagismo conseguiriam
conhecer o temperamento básico de cada aluno;
se é mais extrovertido ou introvertido; dinâmico,
determinado, cauteloso ou acomodado; metódico
e disciplinado, objetivo e competitivo, adaptável
e conciliador, ou impetuoso e audacioso, entre
tantas outras características. Poderiam identificar
quem é motivado por desafios, ou novidades, ou
pela busca da perfeição, ou pela necessidade de
estabilidade. Também saberiam quem é mais
independente e quem precisaria de mais apoio.
Ao analisar a imagem da criança ou adolescente,
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013

também saberia como ela estaria o afetando


emocionalmente, positiva ou negativamente.
Um dos grandes problemas encontrados nas
escolas atualmente é a baixa capacidade de
concentração e atenção. E a imagem da criança
pode contribuir para aumentar esse problema
ainda mais, ou atenuá-lo. Linhas inclinadas
são dinâmicas, instáveis e energéticas. Uma
criança com cabelo espetado e irregular, tendo
tendência a ser agitado, se torna ainda mais, o
que prejudica sua capacidade de concentração
a criança recebe seis estímulos emocionais; em imagem é mais rápida ainda. Considero que o

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


uma hora, 360 estímulos; em 3 horas, quase mil. conhecimento do Visagismo é uma ferramenta
Aos poucos, a criança (e o adulto também!) tende que ajuda o educador a melhorar o desempenho
a se tornar agitado. Enquanto assiste televisão não do seu aluno, pois a imagem pessoal em sintonia
consegue refletir; limita-se a absorver como uma com o senso de identidade, que expressa o
esponja tudo que passa à sua frente. Enquanto melhor da pessoa, eleva a autoestima, equilibra
está à frente do aparelho é passivo, mas, longe emocionalmente, proporciona autoconfiança
dele, fica agitado, sem capacidade de se concentrar e maximiza o potencial criativo e produtivo. O
ou de refletir, o que prejudica seu aprendizado. O professor também conhece melhor seu aluno
problema não está no conteúdo da programação, e sabe como motivá-lo. Além disso, ficará
mas nas próprias características da tecnologia. consciente do que sua própria imagem expressa
Marshall McLuhan descreveu a televisão como o e como afeta seus relacionamentos na sala de
ópio do povo e, na verdade, tecnicamente funciona aula. No entanto, há fatores que só os pais
como um entorpecente que, eventualmente, podem controlar. O conhecimento da linguagem
vicia. Hoje se constata que muitas pessoas estão visual, através do Visagismo, conscientiza acerca
viciadas pela imagem da televisão. O videogame do poder da imagem e seu potencial, tanto
é mais problemático, porque a mudança da nocivo, como também muito benéfico.

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Pessoas com

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


Altas Habilidades
Superdotação?
Superdotados?
Susana Graciela Pérez Hmmm... Isso soa tão estranho... prejudicadas. Estas letras, então,
Barrera Pérez Hoje em dia, há muita gente são uma reflexão despretensiosa,
falando, escrevendo, copiando mas apoiada em alguns anos de
Bacharel em Artes Plásticas pela e tagarelando sobre Altas estudo, pesquisa e experiências,
Universidade Federal do Rio Grande do Habilidades/Superdotação. Por que têm o intuito de fomentar a
Sul (1992), Especialista em Educação um lado, isso é muito bom, curiosidade dos leitores, de levá-
Especial Área de Altas Habilidades pela porque quando o assunto vem à los a procurar (em fontes seguras)
Faculdade de Educação da UFRGS, tona, aumenta a produção escrita mais informações sobre este
Mestre e Doutora em Educação pela e as pesquisas sobre esse tema, tema tão apaixonante que é o das
Faculdade de Educação da Pontifícia
a sociedade é mais informada Altas Habilidades/Superdotação.
Universidade Católica do RS.
sobre tudo o que tem a ver com Super-o-quê? Pelo menos em
É presidente do Conselho Brasileiro
isso, a imprensa abre espaço para grande parte do País, os mitos
para Superdotação, membro do
essa discussão, as autoridades e crenças populares fazem que
Conselho Técnico da Associação
responsáveis são questionadas, tenhamos uma ideia muito
Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades/
melhorias são reivindicadas e equivocada destas pessoas.
Superdotação e delegada pelo Brasil
o ganho é de todos. Por outro, Super-heróis, superperfeitas,
perante Federación Iberoamericana
isso não é tão bom, porque supercomportadas, superisola-
del World Council for Gifted and
Talented Children.
quando pessoas que não têm das, superestranhas, super-
conhecimento aprofundado criativas, superinventores, super-
começam a escrever ou falar cientistas, superestimuladas,
sobre um determinado tema, superpoderosas, superbem-
quando a imprensa não cumpre sucedidas; superativas, hiper-
o dever de casa pesquisando ativas: esses são alguns dos
fontes seguras, ou quando adjetivos que inventamos para
pretensos “profissionais” qualificar essas pessoas que
começam a atuar sem estar são apenas DIFERENTES e
devidamente preparados para que, devem ser reconhecidas,
isso, geram-se muitos equívocos respeitadas e valorizadas.
e muitas pessoas acabam sendo

COLUNISTA

pg 15
" O medo de ser DIFERENTE e a necessidade de
ser NORMAL são tão grandes na nossa sociedade
que acabamos tirando o direito que as Pessoas
com Altas Habilidades/ Superdotação (PAH/SD)
têm de terem uma identidade. "

Muitas vezes, sentimentos de amor e de ódio se quadrados, aprenderam desde crianças que
misturam ao nos defrontarmos com uma delas, e “somos todos iguais” e ser diferente é um pecado
a admiração pode ser também entrelaçada com a inconcebível em um mundo democrático. De
fato, na Educação Superior,
onde o censo deveria refletir
a autonomeação na hora
da matrícula, dos mais de
286.000 alunos/as com
AH/SD que deveríamos
ter registrados, no ano de
2011, apenas 953 tiveram a
coragem de se declararem.
A ideia equivocada de
que a pessoa com Altas
Habilidades/Superdotação
será obrigatoriamente
uma pessoa bem sucedida
também contribui para
que elas não queiram ser
identificadas como tais, pois
as expectativas depositadas
nelas pela família ou mesmo
inveja. Como responder a um estereótipo que é pelos professores, muitas vezes, são extremamente
tão perverso e diferente do conceito que a PAH/ descabidas e não corresponder a elas é algo difícil
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013

SD tem de si própria? Na falta de referências para uma criança que quer agradar sua família ou
confiáveis e amigáveis, é melhor construir as seus professores, para um adolescente ou jovem
outras identidades, aquelas que todo mundo em relação a suas figuras de referência ou mesmo
tem (de homem/mulher; pai/mãe; filho/filha; para um adulto. Os pais e mães de crianças com
irmão/irmã; estudante/trabalhador/profissional, AH/SD sentem-se intimidados e preferem não
etc.) e que a devolvem à normalidade. Preferem comentar nada com a família e/ou com a escola
esconder as AH/SD porque é muito complicado para não serem considerados “pedantes” ou
se autonomearem com essa palavra carregada “pretensiosos”. Até porque muitas vezes, são
de preconceito ou mesmo porque elas não se acusados de “superestimular” os filhos ou de
consideram A-NORMAIS. Embora se sintam “criar necessidades que não são próprias da idade
como peças redondas em um mundo de encaixes deles”.
16
“ —Mãe, deixa sua filha brincar”, diz a professora seu comportamento que não é “normal”. Já ouvi

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


à mãe de Rita, que prefere ler a sair para o pátio chamar as altas habilidades/superdotação de “essa
na hora do recreio, porque as brincadeiras dos coisa que eu tenho”, “isso”, “o problema dele/
colegas são “muito chatas”. dela” e, consequentemente, da necessidade de se
“—Pai, o seu filho tem que respeitar os obter um “diagnóstico” ou um “laudo” para essas
coleguinhas”, diz o professor para o pai do João, crianças. Isso reflete uma forte associação com um
que sempre tem comentários e contribuições a transtorno ou perturbação da saúde e a necessidade
fazer na aula de história, já que o tema que está de “tratamento” é uma consequência lógica.
sendo apresentado pelo professor há muito Infelizmente, a escola é uma grande propagadora
tempo é foco de pesquisas do menino e ele quer desse grande erro, quando – desconfiando que
mostrar tudo o que sabe, como qualquer menino uma criança possa ter AH/SD – a encaminha para
de sua idade. Mas, também temos os pais e a área da saúde ou pede que a família consiga
mães que identificam seus filhos com AH/SD e um diagnóstico ou um laudo para garantir-lhe o
o fazem de duas formas opostas. Uns preferem atendimento educacional especializado que é um
supervalorizar seus filhos com AH/SD, fazendo direito subjetivo desta criança. Por outro lado,
exigências descabidas e tornando eles pequenos alguns (maus) profissionais da saúde aproveitam
troféus reluzentes a serem expostos. Essas crianças e reforçam esses equívocos que vêm da época em
podem não gostar desse brilho todo e sofrer muito que a educação especial tinha como objetivo a
com isso ou, condizente com o desejo desse tipo medicalização, fazendo avaliações de inteligência
de pais, supervalorizarem o seu potencial, serem com instrumentos padronizados e fornecendo
altamente competitivas e também sofrerem, um “laudo” de superdotação. Infelizmente, são
porque esse é um tipo de colega rejeitado pelos quase inexistentes os psicólogos, psiquiatras,
alunos. Outros, que também identificam seus neurologistas ou pediatras que receberam
filhos com AH/SD, acham melhor ocultar esse formação para identificar as AH/SD nos seus
comportamento dizendo a seus filhos e inclusive cursos de graduação ou pós-graduação, além de
à escola, que eles são “normais e que não têm a avaliação de “inteligência” com instrumentos
nada de diferente” e chegando a pedir aos padronizados ser insuficiente para identificar
docentes que nada comentem. Os filhos dessas uma pessoa com AH/SD. Por outro lado, não
famílias sofrem porque não podem externar suas existe um “tratamento” para as Altas Habilidades/
diferenças e porque podem pensar que há algo Superdotação, porque não se trata de uma doença
de errado com eles, já que precisam esconder ou de um distúrbio e o “atendimento” que pode
ser oferecido não é uma ou várias “consultas” ou oportunidades e podem se evidenciar somente na
“sessões” com um desses profissionais, a menos vida adulta quando um evento casual, a leitura de
que essa pessoa necessite, por outras razões, de um artigo como este ou a descoberta de um filho
um atendimento ou acompanhamento psicológico ou filha com AH/SD revoluciona sua vida; a faz
ou neurológico. Outra questão importante que refletir sobre sua própria história e dar-se conta de
deve ser salientada é a confusão que costuma que, geralmente, a fruta não cai muito longe da
acontecer entre AH/SD e os sintomas de alguns árvore. Como são pessoas que apresentam uma
transtornos psicológicos ou neurológicos, como o sensibilidade diferenciada aos problemas sociais e
Transtorno de Déficit de Atenção, Transtorno de aos outros, muitas vezes, têm uma percepção
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), mais aprofundada de um determinado problema
transtorno bipolar, Transtorno de Asperger e e podem ter reações completamente diferentes
que não raramente terminam com a medicação das demais pessoas, serem intolerantes ou
desnecessária de pessoas com AH/SD. Em geral, muito exigentes e críticos, especialmente consigo
as pessoas não compreendem que uma pessoa mesmos. Não raramente as veremos trabalhando
com AH/SD não é nem melhor nem pior que as em atividades de voluntariado ou em projetos que
demais; não é doente e não precisa ser curada; é tenham uma finalidade social. O perfeccionismo
apenas diferente. Mas, diferente como, por quê? é uma característica bastante presente nas PAH/
Diferente na forma de pensar, agir e sentir SD e, em certas ocasiões, pode chegar a ser tão
perante diferentes situações, mas não em todas intenso que pode levar à paralisação: o nível de
nem em tudo o que faz. A pessoa com AH/SD exigência é tão grande que ele impede que a
apresenta uma habilidade acima da média (em pessoa fique satisfeita com o seu trabalho e, em
uma ou mais áreas, não em todas), um nível de consequência, que coloque um ponto final nele.
comprometimento com a tarefa diferenciado nessa Não é raro encontrar adultos que começam um
área na qual apresenta habilidade acima da média curso superior, por exemplo, e quando constatam
e uma criatividade também destacada na mesma que não têm ali o que procuram, o abandonam
área. Isso acontece quando essa pessoa teve antes de concluílo. Como apresentam um senso do
oportunidades de desenvolver esses três conjuntos humor muito desenvolvido, às vezes são capazes
de traços. Às vezes, quando essas oportunidades de rir de suas próprias vicissitudes e encontrar
não foram oferecidas, as Altas Habilidades/ humor onde as demais pessoas não o encontram;
Superdotação ficam em letargo, à espera dessas e a ironia é uma arma que usam com maestria.

Como seus conhecimentos sobre um determinado tema podem ser extremamente


aprofundados e seus interesses muito diferentes aos dos seus pares, é difícil que
encontrem parceiros para suas conversas na sua mesma faixa etária e acabam
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013

preferindo relacionar-se com pessoas mais velhas (que dominam os assuntos do


seu interesse) ou muito mais novas do que elas (que não discriminam alguém que
entende muito sobre um assunto) e sendo mais seletivos nas suas amizades. Em
um mundo em que as amizades de uma pessoa são contabilizadas pelo número de
amigos adicionados no Facebook (que, paradoxalmente foi criado por uma pessoa
com AH/SD), essa seletividade chega a ser considerada uma busca de isolamento e
a as pessoas com AH/SD acabam sendo rotuladas de pessoas isoladas e egoístas.
Como resolvem os problemas de forma diferente, às entrega a prova de ciências com um pontinho

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


vezes, encontram soluções inesperadas, incomuns minúsculo no meio, porque o professor tinha
e que as demais pessoas não compreendem. solicitado que desenhassem uma célula e, claro,
Podem, por exemplo, usar fórmulas próprias “—Mas, você não disse que a célula é invisível a
para solucionar problemas matemáticos e os olho nu?”. Os alunos com Altas Habilidades/
professores desconfiam que elas tenham “copiado Superdotação são um desafio para a escola?
a solução de outro colega” porque não “fizeram a Sim, se reforçarmos os mitos populares de que
continha do lado”. Às vezes, como essas fórmulas o/a aluno/a com Altas Habilidades/ Superdotação
são mais complexas que as que são usadas (AH/SD) é necessariamente aquele/a que tira nota
tradicionalmente, precisam de mais tempo para 10 sempre; que não precisa aprender nada, porque
concluir e não conseguem resolver o problema já sabe tudo; que é uma criatura rara, com hábitos
proposto no tempo calculado para a sua solução esquisitos, insociável, gênio, com problemas
com as fórmulas padronizadas. Quando são psicológicos... Não, se considerarmos que é um/a
mulheres, então, a coisa é ainda mais complexa! aluno/a com necessidades educacionais especiais
Quem ousaria se considerar melhor que as demais que apresenta algumas diferenças que a escola
pessoas depois de séculos a fio sendo ensinada a e a sociedade devem aceitar, reconhecer e
ser comportada, humilde, compreensiva, a cuidar valorizar, oferecendo o atendimento educacional
dos demais? Quais são especializado (AEE) previsto
os modelos de mulheres pela legislação em sala de
bem sucedidas que recursos (multifuncional ou
essas mulheres têm? Os específica) ou em centro
Einsteins, Beethovens, especializado e também
Pasteurs, Picassos, Rodins na sala de aula regular de
e Da Vincis são muitos todas as escolas públicas ou
mais e mais geniais que privadas brasileiras. Se não
as Maries Curies e todas acreditarmos que algumas
as pouco nominadas e informações a mais nos
inominadas que foram colocam em patamares
ofuscadas pelas sombras mais elevados e tivermos
da história. Quem ousaria medo que um/a aluno/a
não dar prioridade à família na hora de escolher coloque em risco o nosso olhar privilegiado das
entre ela e seus interesses pessoais? A conclusão, alturas. Todo aluno é um desafio – felizmente
então, que é mais comum no mundo feminino é: - se considerarmos e respeitarmos as suas
“Não, mulheres se destacam pelo seu esforço, não singularidades e, logicamente, esse/a aluno/a
por terem Altas Habilidades/Superdotação”. Na constitui um desafio para os professores, porque
escola, são alunos que podem ter um excelente precisa ser primeiramente identificado/a. Precisa
desempenho em algumas disciplinas e em outras sair da invisibilidade em que ainda se encontra
não, ou, se por acaso as áreas de AH/SD forem nas estatísticas oficiais - que somente refletem uma
a linguística e a lógico-matemática, serão aquele parcela insignificante dos mais de 2,5 milhões de
almejado aluno nota dez, porque essas são as estudantes com AH/SD, segundo as estimativas
duas inteligências valorizadas pela escola e que mais conservadoras – e principalmente nos
perpassam todas as disciplinas escolares. Esses bancos de verdade nos quais as escolas somente
também serão os que terão bons escores nos conseguiram sentar pouco menos de 11.000 alunos
tradicionais testes de QI, é claro. Mas, também em todo o País, segundo o último censo escolar
podem ser aqueles alunos desmotivados, que (INEP, 2012). É um desafio para os professores
não copiam nada no caderno, questionadores e que ainda não foram capacitados para identificar
que, no entanto, se desafiados adequadamente, e atender esse/a aluno/a que, na sala de aula (ou
teriam condições de mostrar aquele desempenho fora dela), não se comporta como os demais da
esperado pela escola. Esses são comumente sua mesma idade, que pode ser o melhor ou o
subvalorizados, considerados “maus alunos”, pior aluno da turma, a mais comportada ou a mais
“alunos problema”, são expulsos da escola da rebelde e desmotivada, o mais questionador ou o
média uma e outra vez até que, alguns deles, mais tímido da sala.
finalmente desistem. Podem ser aquele aluno que
19
" As escolas públicas e privadas precisam adaptar-se a esse/a aluno/a que
tem pensamento abstrato e capacidade de observação muito desenvolvidos,
memória destacada, vocabulário rico, leitura precoce e voraz, grande curiosidade
e ritmo de aprendizagem diferenciado, entre outros indicadores, porque, mesmo
quando ele/a apresenta AH/SD em áreas como a música, o esporte, a dança
ou as artes plásticas, a escola é - muitas vezes - o único recurso que as suas
famílias podem lhe oferecer para desenvolver seu potencial, particularmente
quando proveem de classes sociais desfavorecidas."

O Atendimento Educacional Especializado para escola a incorporação das modalidades de AEE


alunos com AH/SD está previsto nos dispositivos no seu projeto pedagógico, já a partir de 2002,
legais há muito tempo; basta consultar a Lei de pode ocorrer que ela não tenha cumprido essa
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei normativa; nesse caso, a família poderá consultar
9394/96); as Diretrizes Nacionais de Educação o Conselho Municipal de Educação (se a escola for
Especial na Educação Básica (2002); a Política municipal), o Conselho Estadual de Educação (se
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da a escola for estadual ou privada) ou o Conselho
Educação Inclusiva (2008); o Decreto 7611/11, Federal de Educação (se a escola for federal ou
e as Diretrizes Operacionais do AEE (Parecer Nº privada). Essa consulta pode
13 e Resolução Nº 4) do Conselho Nacional de ser feita inclusive por e-mail, em alguns órgãos, e
Educação/Câmara de Educação Básica. O Artigo os Conselhos informam qual o procedimento que
24 da LDB, no seu item II prevê que a classificação deve ser seguido. Normalmente, a escola costuma
dos alunos em qualquer série, exceto a primeira fazer essa consulta e o Conselho emite um parecer
poderá ser feita: informando à escola sobre a sua autonomia
para tomar essa decisão. A possibilidade de
c) independentemente de escolarização anterior, aceleração para os alunos com Altas Habilidades/
mediante avaliação feita pela escola, que defina superdotação, assim como o atendimento
o grau de desenvolvimento e experiência do educacional especializado estão previstos no
candidato e permita sua inscrição na série ou Artigo 59 da LDB que refere:
etapa adequada, conforme regulamentação do Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos
respectivo sistema de ensino (grifos nossos); educandos com necessidades especiais:
(BRASIL, 1996, p. 8).
I - currículos, métodos, técnicas, recursos
Isso quer dizer que qualquer aluno/a - tenha AH/ educativos e organização específicos, para atender
SD ou não, que demonstre domínio do conteúdo às suas necessidades;
curricular do ano que está cursando – poderá II - terminalidade específica para aqueles que não
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013

ser acelerado/a, desde que, após avaliado/a puderem atingir o nível exigido para a conclusão
pela escola, esteja em condições de passar para do ensino fundamental, em virtude de suas
o ano seguinte. A Resolução Nº 2 da SEESP/ deficiências, e aceleração para concluir em menor
MEC recomenda que essa avaliação inclua a tempo o programa escolar para os superdotados;
maturidade social e emocional da criança e que III - professores com especialização adequada
tanto esse procedimento quanto o enriquecimento em nível médio ou superior, para atendimento
curricular devem estar previstos no projeto político especializado, bem como professores do ensino
pedagógico da escola. A avaliação da possibilidade regular capacitados para a integração desses
de aceleração, então, é responsabilidade da educandos nas classes comuns; (BRASIL, 1996,
escola e ela tem autonomia para decidir pela sua p. 19).
execução ou não. Apesar de ser obrigação da
20
A outra estratégia pedagógica para os alunos

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


com AH/SD é o enriquecimento curricular que
pode ser intracurricular ou extracurricular, e que
também está prevista nos demais dispositivos
legais vigentes. O enriquecimento intracurricular é
promovido pelo professor de sala de aula regular,
com a colaboração do professor do AEE ou dos
profissionais dos Núcleos de Atividades de Altas
Habilidades/Superdotação (NAAH/S) e envolve
atividades relacionadas ao currículo regular,
diferenciadas para os alunos com AH/SD. O
enriquecimento extracurricular deve acontecer no
contraturno, nas salas de recursos multifuncionais,
salas de recursos específicas ou centros
especializados de atendimento. As atividades
do enriquecimento extracurricular não estão
relacionadas com o currículo regular e devem
respeitar os interesses dos alunos, podendo ser
realizadas também em parceria com outros órgãos
da comunidade, especialmente em aquelas
atividades geralmente não contempladas na
escola, como a dança, a música, teatro, esportes
ou ainda disciplinas que não são oferecidas no
nível de formação que o/a aluno/a frequenta
nesse momento, como podem ser física, química,
arqueologia, astronomia, filosofia, literatura, etc.
Atualmente, o atendimento educacional
especializado é desenvolvido de formas diferentes
e de acordo com o contexto de cada estado ou
município. O Distrito Federal e o Paraná, os dois
estados onde o atendimento é mais difundido,
oferecem atendimento aos alunos com Altas
Habilidades/Superdotação em salas de recursos
específicas. Esses dois estados possuem política
pública própria e dispositivos legais específicos
que regulamentam o atendimento educacional
para as Altas Habilidades/Superdotação. Outros
estados oferecem atendimento a estes alunos nos
NAAH/S ou nas Salas de Recursos Multifuncionais,
em interface com os NAAH/S. Existem também
instituições privadas, com ou sem fins lucrativos,
que oferecem programas de atendimento por
meio de oficinas, seleção e preparação de alunos
para se candidatarem a bolsas de estudo, etc. E,
finalmente, existem aqueles estados que, seja por
desconhecimento, desinformação ou omissão,
deixaram de oferecer atendimento a estes alunos
nos NAAH/S. Desta forma, assim como em
qualquer outro setor, neste imenso país, temos
de atendimentos exemplares a carência total de
atendimento. Mas... e depois que crescem?
Essa foi uma pergunta que me fiz e que não teve
– e ainda não tem - muitas opções de resposta.
Infelizmente, se o atendimento para crianças e Então, começam a se entender e entender as
adolescentes é precário e escasso, para os adultos razões de alguns sentimentos, pensamentos e
ele é praticamente inexistente, com exceção comportamentos seus, começam a se dar conta
de algumas experiências muito pontuais em que as características e os indicadores de AH/ SD
universidades do País. Os adultos, geralmente sempre estiveram presentes neles. Para alguns é
não foram identificados quando crianças e estão um alívio, pois percebem que não são “doidos”,
chegando a esta comunidade recém agora, quando nem “estranhos”, nem “esquisitos”, como algumas
lendo alguma matéria de jornal ou revista, vendo pessoas lhes fizeram acreditar; para outros, é
uma entrevista na TV, descobrindo um filho/a, dolorido se dar conta de tudo o que poderiam ter
sobrinho/a ou neto/a com AH/SD ou entrando em feito e não fizeram, todo o potencial desperdiçado
contato com o tema por outros meios, começam a pela falta de oportunidades e de opções. Alguns
perceber que não são “sapos de outro poço”, que, adultos preferem continuar procurando outras
o que eles pensavam ser uma esquisitice ou alguma explicações para suas diferenças, em transtornos,
coisa pior ainda, tem um nome que eles preferem em doenças, em explicações religiosas ou
não pronunciar: Altas Habilidades/Superdotação. esotéricas. É como se de repente, descobrissem

" Em relação aos adultos, as empresas brasileiras ainda


não se deram conta dos ganhos que teriam identificando
seus funcionários com AH/SD e colocando-os no lugar
certo dentro da estrutura laboral. "

Um funcionário com AH/SD na área de criação pessoas com Altas Habilidades/Superdotação que
gráfica, por exemplo, pode estar trabalhando estavam no lugar certo, na hora certa - os gênios
na redação de um jornal ou de uma agência de da humanidade - e que tudo o que contribuiu com
publicidade; transferi-lo para o departamento mudanças importantes na sociedade, geralmente
de criação pode ser um ganho extremamente foi produto de uma pessoa que apresentava os três
importante tanto para a empresa quanto para o grandes grupos de traços com os quais Renzulli
funcionário. Algumas poucas empresas no mundo (1988) define a superdotação: habilidade acima
já perceberam que o investimento no potencial da média em uma ou mais áreas, elevado nível de
humano é uma ação que terá um grande retorno criatividade e de comprometimento com a tarefa.
financeiro e incentivam a criatividade nos Talvez se aprendermos mais sobre as Pessoas
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013

seus empregados de diversas formas, algumas com Altas Habilidades/Superdotação e deixarmos


promovem incentivos financeiros para os que elas se sintam livres para serem como são e
funcionários que façam propostas de melhoria mostrarem o que sabem fazer, se lhes dermos a
nas suas tarefas, outras oferecem oficinas para oportunidade de desenvolverem o potencial que
o desenvolvimento da criatividade, outras têm hoje fica lá dentro escondido, o mundo tenha um
bancos de talentos aos quais oferecem formação na ganho qualitativo bem significativo nos próximos
área de destaque, etc. Não podemos esquecer que tempos. Para saber mais sobre este tema, visite o
as grandes invenções e descobertas que tornaram site do Conselho Brasileiro para Superdotação –
o mundo melhor (ou pior, também) foram obra de www.conbrasd.org

22
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013
JOGOS, BRINCADEIRAS E
MUITO MAIS!
CO

Revista Psicosol 02 - Outubro/2013


Sua ideia
Aline Duham
Aline Dunham é Psicopedagoga clínica e institucional. Trabalha em consultório particular.

Jogo das Bolinhas

A brincadeira é interessante
porque pode ser feita também
com apenas uma criança. Porém,
torna-se mais divertida à medida
que vai aumentando o número
de participantes.

Objetivo: Estimular a coorde-


nação motora fina, concentração,
memória, atenção, paciência
contagem, operações matemáti-
cas, socialização.
ATIVIDADES

pg 24
Materiais:

- Hashi (palito japonês), ou palitos de prender cabelo, ou pinça


para sobrancelhas.

- Várias bolinhas de miçangas, de preferência coloridas (para que


seja determinada uma pontuação diferente para cada cor e, as-
sim,trabalhar contagem e operações matemáticas também).

- Uma caixa qualquer, de preferência rasa e com tampa (para co-


locar as bolinhas que forem pegando)

Regras do jogo:

Cada participante terá sua vez


de jogar. Segurando os palitos
com apenas uma das mãos, devem
tentar pegar a maior quantidade
possível de bolinhas dentro do
tempo estipulado.

Neste caso, costumo determinar


2 minutos para cada participante.
Ao final do jogo, ganha quem
pegar mais bolinhas, ou se o prin-
cipal objetivo for trabalhar
operações matemáticas,
ganha quem obtiver uma maior
pontuação, somando o valor de
cada bolinha que pegou.

25
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013
Comendo Letras

A
Mara Rubia Dickmann Meier
Mara Rubia Dickmann Meier
Professora de 1º ano do Ensino Fundamental no Colégio Adventista de
Indaial, SC. Graduada em Pedagogia e Pós-graduada em Psicopedagogia

Aprender a ler e a escrever vai muito além de usar o lápis e

B
o papel. Pensando em promover a alfabetização e o letramento
de maneira lúdica e prazerosa, desenvolveu-se a atividade
"Biscoitos de letras" , oportunizando às crianças manipular e
sentir a textura e o sabor das letras, que normalmente só veem
no papel. A atividade promoveu não só o desenvolvimento
da coordenação motora, mas também da lateralidade e dos

C
sentidos, permitindo a familiaridade com uma nova tipologia
textual, a receita. Foi gratificante ver as crianças colocando a
mão na massa para confeccionar e comer as letras. Certamente

D
após "comerem as letras" , não as esquecerão!
27
Revista Psicosol 02 - Outubro/2013
Sequência
Materiais necessários:

- E.V.A.;
- duas folhas de cartolina ou
- papel craft;
- 0,50cm de velcro;
- tesoura;
- dois cabides ou um cabo de
Preparo do jogo:
vassoura cortado ao meio;
- cola quente e pistola para
- Corte pares de formas
cola quente.
geométricas de E.V.A.;

- cole um pedaço do velcro


em cada forma geométrica e
nas duas folhas de cartolina;

- pendure as cartolinas nos


Procedimento:: cabides (ou cole-as no cabo
de vassoura).

Disponha em uma das cartolinas


as formas geométricas. chame a
atenção das crianças para a se-
quência em que você disponibi-
lizou as formas geométricas. Dependendo da idade ou nível de
vire a cartolina que está com
atenção da criança você pode
as formas geométricas para as
aumentar o grau de
crianças não terem mais acesso
complexidade da brincadeira
à sequência. convide uma criança
para vir até a outra cartolina e
colocando uma quantidade
fixar as formas geométricas, ou maior de formas
seja, colocar na sequência de geométricas.
acordo com o que ela lembra. de-
pois é só conferir os acertos.
28
ATENÇÃO RO-
GAROTADA
Essa e outras ideias você encontra na apostila em PDF

29
A peça que estou
pensando é...

Material
necessário
Blocos Lógicos

Procedimento

Espalhe várias peças sobre uma mesa ou no chão. Em pensamento escolha uma peça.
Diga para as crianças que está pensando em uma peça e quer ver se elas descobrem
qual é essa peça. Para isso você irá dar algumas pistas. Exemplo: “A peça que es-
tou pensando é amarela.” (As crianças deverão retirar todas as peças que não são
amarelas). Dê pistas até que uma das crianças acerte a peça que você pensou, mas
certifique-se que o palpite da criança não tenha sido uma escolha aleatória.

Essa e outras ideias você


encontra na apostila em PDF

30
Caixa de histórias
Materiais necessários:
- Uma caixa;
- Potes de iogurte vazios;
- Cartolina;
- miçangas;
- retalhos de tecido;
- fita dupla face;
- Pequenos objetos.

Preparação da atividade:
Faça furos na tampa da caixa e coloque
os potes. Com a cartolina, os retalhos
de tecido e miçangas faça tampas para os
potes. Coloque fita dupla face nas tam-
pas (para elas não saírem do lugar facil-
mente). Dentro dos potes coloque os
objetos.

Como utilizar:

Organize um grupo de crianças. Convide uma


das crianças para iniciar a brincadeira
escolhendo uma tampa para abrir. Após, a
criança deve iniciar uma história em que o
objeto
encontrado faça parte da mesma. Outra
criança escolhe outro pote para abrir e
continua a história. Assim sucessivamente até
todos os potes serem abertos. A criança
que abrir o último pote será responsável
pelo final da história.

Esta atividade pode ser feita oralmente ou


as crianças podem escrevê-la à medida que
for construída.

31
Trio Consciência Fonológica e
apostila 50 atividades para
alfabetização

Disponível em nossa
loja virtual

32
Escreva para gente!
www.psicosolblu@gmail.com

Aritana Alice: “Que maravilha ter um produto como este


a disposição das mãos, no conforto do lar. Parabéns pela
iniciativa. Abraço!!”

Nadia: “Meu primeiro contato com a revista e já sou fã


de carteirinha! Parabéns! Matérias, jogos, conteúdo muito
interessante.”

Cristina Beatriz Cavadas De Oliveira: “O que posso dizer


além de: Parabéns e muuuiiitooo obrigada!”

Carla: “Maravilhoso …muito, muito, muito obrigada


!!!!!!!!!!!!!”

Márgara: “Adorei a revista Psicosol, quando virá a


próxima?”

Ana Luzia França: “Adorei a revista, parabéns pelo


trabalho!!!”

Luciana Caldeira: “Solange, parabéns por essa tão


gratificante iniciativa de postar uma revista num site! É,
com certeza, uma preciosa contribuição para qualquer
profissional de saúde, educação, pais e responsáveis pelo
cuidado com as crianças, jovens, adultos, com as pessoas,
de modo geral. Fácil, Clara, descontraída de uma utilidade
de informações ricas para nós todos. Por favor, não páre!
Estou aguardando ansiosa pela próxima edição. Sou recém
formada em psicopedagogia e espero usufruir muito das
suas dicas e, quem sabe, possamos trocar informações
futuramente?!!! Sucesso para você e a equipe colaboradora.
Abraços!”

Maria Isabel Almeida: “Olá, gostei imenso da vossa revista


(...). Parabéns pela iniciativa, a revista está excelente. Sou
Licenciada em Educação e Pedagogia Social e da Formação
e trabalho em acompanhamento Psicopedagógico a
crianças e jovens aqui em Lisboa, Portugal.”
COLABORADORES

Wilson Luiz Stadnick Osni Passos


Empresário e advogado nas áreas: cível, tra- Consultor de WebMarketing e Programa-
balhista e direito de família. dor com diversas formações na área.
Prestou consultoria jurídica. Prestou consultoria na distribuição da
revista.

http://www.advogadoemblumenau.com.br http://osnipassos.com

LAYOUT E DIAGRAMAÇÃO

www.alexguenther.com

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