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Recurso Energético a Partir do Reuso da Água para Produção de

Energia Elétrica

Geraldo Francisco Burani


IEE/USP
Instituto de Energia e Eletricidade da Universidade de São Paulo
Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289 – CEP 05508-010 São Paulo, SP

Miguel Edgar Morales Udaeta


FabianaAparecida de Toledo Silva
Luiz Claudio Ribeiro Galvão
GEPEA – USP
Grupo de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo
Av. Prof. Luciano Gualberto, trav. 3, 158; CEP: 05508-900; São Paulo-SP, Brasil
eMail: udaeta@pea.usp.br

Resumo. O objetivo deste trabalho é analisar as possibilidades de aplicação como recurso energético a partir do lodo residual
obtido pelo tratamento de águas de esgotos urbanos (para reuso da água). Para atingir esse objetivo, neste trabalho também é
analisada a possibilidade de geração de energia elétrica através do bombeamento das águas do Rio Pinheiros para a represa
Billings e geração posterior na Usina de Henry Borden. , onde a quantidade de lodo produzida faz necessário um estudo para se
tratar essa grande quantidade de matéria orgânica da melhor forma possível, bem como o analisar o acúmulo de créditos carbono
devido à redução de emissão de carbono à atmosfera, decorrente do uso adequado do gás metano produzido, que é altamente
poluente causador do efeito estufa. Dentre os benefícios gerados pela utilização adequada do lodo residual pode-se citar a
produção de energia elétrica.O aproveitamento energético a partir do lodo residual insere-se em um contexto de desenvolvimento
sustentável e dos mecanismos de desenvolvimento limpo, ou seja, produzir energia elétrica a partir de fontes renováveis que
produzam menos poluentes que as fontes convencionais. Através da análise feita a respeito da utilização do lodo residual do
tratamento de esgoto para a geração de energia elétrica, pode-se constatar a necessidade deste tratamento e os benefícios que este
projeto pode trazer para a sociedade e ao meio ambiente. Benefícios que geram conseqüências imediatas, como a geração de
energia, desenvolvimento de tecnologias alternativas e também benefícios a longo prazo como a conscientização em relação a
preservação do meio ambiente e principalmente gerar um desenvolvimento sustentável e limpo para que futuras gerações possam
aproveitar os recursos que o meio ambiente oferece.

Palavras-chave. desenvolvimento sustentável; mecanismos de desenvolvimento limpo, reuso da água, fontes renováveis de energia,
redução de emissões.

1. Introdução

A água é um elemento fundamental à vida, seus múltiplos usos são indispensáveis às atividades humanas, sendo
assim a água deve ser utilizada de forma consciente e eficiente. Uma das formas de uso da água, evitando o uso de água
destinada ao consumo humano, é a utilização de água de reuso produzida dentro de estações de tratamento de esgoto
para fins tais como lavagem de ruas e pátios, lavagem de veículos, geração de energia, etc.
Assim como é importante o uso sustentado da água, deve-se despertar para a importância do uso sustentado de toda
e qualquer forma de energia. Torna-se cada vez mais importante o desenvolvimento de tecnologias que possam ser
empregadas na geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, como por exemplo, a biomassa, a energia solar
e eólica.
Uma das formas de biomassa que pode ser utilizada como fonte de combustível é a matéria orgânica denominada
lodo residual, produzida juntamente com a água de reuso no tratamento de águas de esgotos.
Com o processamento do lodo residual através dos processos de Pirólise Rápida, Tocha de Plasma e Biodigestão
torna-se possível a geração de energia elétrica e a adequada eliminação dos resíduos. Com a correta utilização do lodo
gera-se uma importante fonte de matéria prima para a geração de energia e conseqüentemente um desenvolvimento
sustentado, devido à renovação e constante produção de lodo.
Outro fator relevante é a contribuição com os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, que de acordo com o
protocolo de Kioto, os países desenvolvidos deveriam reduzir a emissão de gases que contribuam com o efeito estufa,
ou então incentivar e patrocinar estudos e implementações de projetos em países subdesenvolvidos para obter esta
redução de emissão de gases poluentes.

2. Opções Energéticas

As formas de aproveitamento energético para as águas tratadas de esgoto, são: 1a) Direta: utilizando diretamente a
água tratada como forma de geração em hidrelétricas; 2a) Indireta: em termelétricas, utilizando o lodo residual do esgoto
tratado como fonte de energia de biomassa. Esta última será nosso foco de trabalho, mas a utilização da água também
será estudada como forma de incrementar a receita de empresas que venham a implementar as soluções que serão
apresentadas e tornar o balanço energético positivo,, caso nõa seja, minimizar os cutos de geração, já que será utilizada
uma fonte que a princípio seria descartada.
O tratamento do lodo residual pode ser feito através da Pirólise Rápida, Tocha de Plasma e Biodigestão. A seguir
serão descritos estes processos de tratamento do lodo residual.

2.1. Tocha de Plasma

Quando um gás é aquecido a temperaturas elevadas há mudanças significativas em suas propriedades. A 3.000 oC,
os átomos são ionizados pela perda de parte dos elétrons. Este gás ionizado é chamado de plasma. No estado de plasma
o gás atinge temperaturas extremamente elevadas que podem variar de 5.000 - 50.000 °C de acordo com as condições
de geração.
Um gerador de plasma (tocha de plasma) é um dispositivo que transforma energia elétrica em calor transportado
por um gás. As tochas de plasma já estão em uso há anos na indústria metalúrgica e siderúrgica e estão sendo utilizadas
também para dar fim à substancias perigosas e poluentes como, por exemplo, lixo hospitalar, drogas e outros materiais.
Por meio da tocha de plasma, o conversor de resíduos a plasma (CRP) produz eletricamente um campo de energia
radiante de altíssima intensidade que aplicado sobre os resíduos produz a dissociação das ligações moleculares
existentes nos compostos sólidos, líquidos, sejam eles perigosos ou não, orgânicos ou inorgânicos.
O jato de plasma é gerado pela formação de um arco elétrico, através da passagem de corrente entre o catodo e
anodo, e a injeção de um gás (qualquer gás) que é ionizado e projetado sobre os resíduos. É importante notar que no
processo a plasma não há combustão ou queima dos componentes do resíduo, não gerando compostos perigosos
provenientes da combustão como dioxinas, furanos e outros. Na Fig. (1) pode ser observado o esquema da tocha de
plasma.

Figura 1. Esquema da Tocha de Plasma

A redução de volume de materiais sólidos obtidos em um conversor de resíduos a plasma pode atingir 300 para 1 ou
mais, virtualmente eliminando todo o material processado.
Quando os resíduos carregados são de alto poder calorífico o sistema poderá ter balanço energético positivo,
permitindo a recuperação de energia em quantidade superior à despendida no processo.
Algumas vantagens da utilização da tocha de plasma são:
• processo é ambientalmente correto, pois o nível de emissão de gases poluentes é muito inferior às exigências das
leis ambientais.
• Elimina qualquer necessidade de tratamento subseqüente, estocagem ou disposição em aterros especiais. O material
residual resultante é um material inerte e vitrificado podendo ser utilizado, por exemplo, em pavimentações.
• Redução de volume extremamente elevada, a frações podendo ser inferiores a 1%.
• Possibilita a cogeração de energia, com a produção de energia elétrica, vapor e/ou frio.
• Eliminação de substâncias perigosas ou poluentes.
A princípio, o processo da tocha de plasma apresenta diversas vantagens com relação ao meio ambiente, porém do
ponto de vista energético deve-se fazer um estudo maior devido a forte dependência do poder calorífico do material
processado e da energia produzida, dependendo do material o balanço energético pode ser negativo.
2.2. Pirólise Rápida

Pirólise Rápida é, por definição, uma decomposição térmica que ocorre na ausência de oxigênio. É também o
primeiro passo nos processo de combustão e gaseificação, onde é seguido por uma oxidação total ou parcial dos
produtos principais.
Temperaturas de processo mais baixas e períodos mais longos de permanência de vapor favorece a produção de
carvão vegetal. Altas temperaturas e períodos mais longos de permanência de vapor aumentam a conversão de
biomassa em gás, e temperaturas de processo moderadas e períodos curtos de perman6encia de vapor são ótimos para a
produção de líquidos. Após o resfriamento e condensação, é formado um líquido marrom escuro que tem a metade do
poder calorífico do óleo combustível convencional.
A Pirólise Rápida é um dos mais recentes processos dentre uma família de tecnologias que converte biomassa – na
forma de lenha ou resíduos agrícolas – em produtos de alto valor energético incluindo gases, líquidos e sólidos. A
pirólise rápida é a única em que o produto principal é líquido, com vantagens de armazenamento e transporte. A pirólise
rápida possui apenas 20 anos de desenvolvimento, comparado com centenas de anos para a gaseificação e milhares de
anos para a combustão, mesmo assim já está sendo vista como candidato à líder no setor de energia renovável à medida
que passar das pesquisas para usinas em escala comercial.
Qualquer forma de biomassa pode ser considerada para a pirólise rápida. A maior parte do trabalho tem sido feita
com a lenha, porém aproximadamente 100 diferentes tipos de biomassa estão sendo testados por vários laboratórios,
dentre eles resíduos agrícolas como palha, caroço de azeitonas e casca de nozes, e resíduos sólidos como lodo de esgoto
e resíduos de couro.
O bio-óleo produzido a partir da pirólise rápida pode substituir o óleo combustível ou o diesel em muitas aplicações
estáticas incluindo caldeiras, fornos, motores e turbinas para geração de eletricidade. No caso da produção de energia
elétrica temos um exemplo de aplicação onde pelo menos 500 horas de operação foram alcançadas nos últimos anos em
vários motores de unidades de testes laboratoriais, motores modificados de duplo óleo combustível de 1,4 MW. Um dos
motores é um motor de 250KW de duplo combustível que chegou a aproximadamente 400 horas, incluindo várias
jornadas de 9 horas, e com energia sendo gerada por 320 horas. Uma turbina a gás foi modificada e funcionou com
sucesso com o bio-óleo.
Algumas vantagens da pirólise rápida são: a facilidade de armazenamento e locomoção devido a maior quantidade
de produto produzido ser na forma líquida e; a utilização de várias formas de biomassa
Algumas desvantagens são: o custo do bio-óleo, que é 10% a 100% maior que combustíveis fósseis; a falta de
padrões para uso e distribuição do bio-óleo, e qualidade inconsistente, impedem o uso mais abrangente; o bio-óleo é
incompatível com combustíveis convencionais e; são necessários sistemas dedicados de manuseio com o combustível.

2.3. Biodigestão

O biogás é uma mistura gasosa combustível, produzida através da digestão anaeróbia, ou seja, pela biodegradação
de matéria orgânica pela ação de bactérias na ausência de oxigênio.
Esse é um processo natural que ocorre em pântanos, mangues, lagos e rios, e é uma parte importante do ciclo
biogeoquímico do carbono. Produzido dessa maneira, o biogás não é utilizado como fonte de energia.
A produção de biogás também é possível a partir de diversos resíduos orgânicos, como estercos de animais, lodo de
esgoto, lixo doméstico, resíduos agrícolas, efluentes industriais e plantas aquáticas. Nesse caso, quando a digestão
anaeróbia é realizada em biodigestores especialmente planejados, a mistura gasosa produzida pode ser usada como
combustível, o qual, além de seu alto poder calorífico, de não produzir gases tóxicos durante a queima e de ser uma
ótima alternativa para o aproveitamento do lixo orgânico, ainda deixa como resíduo um lodo que é um excelente
biofertilizante.
Um exemplo de utilização de biodigestores é a produção de biogás pela Sabesp na estação de tratamento do
Barueri, este gás produzido é utilizado na geração de energia elétrica através de motores e microturbinas, que supre
parte da energia elétrica consumida na Estação.
O biogás é uma mistura gasosa composta principalmente de:
• Metano (CH4): 40 – 70% do volume de gás produzido.
• Dióxido de carbono (gás carbônico, CO2): 30 – 60% do volume de gás produzido.
• Hidrogênio (H2): 0 – 1% do volume.
• Sulfeto de hidrogênio (gás sulfídrico, H2S): 0 – 3% do volume.
O poder calorífico do biogás é aproximadamente 6 kWh/m3, o que corresponde a aproximadamente meio litro de
óleo diesel. O principal componente do biogás, quando se pensa em usá-lo como combustível, é o metano.
As vantagens da utilização do processo de Biodigestão são:
• É um processo natural para se tratar rejeitos (resíduos) orgânicos.
• Requer menos espaço que aterros sanitários ou compostagem.
• Diminui o volume de resíduo a ser descartado.
• É uma fonte de energia renovável.
• Produz um combustível de alta qualidade e ecologicamente correto (a combustão do metano só produz
água e dióxido de carbono, não gerando nenhum gás tóxico).
• Maximiza os benefícios da reciclagem/reaproveitamento da matéria orgânica.
• Produz como resíduo o biofertilizante, rico em nutrientes e livres de microorganismos patogênicos.
• Reduz significativamente a quantidade emitida de dióxido de carbono (CO2) e de metano (CH4), gases
causadores do efeito estufa.
As desvantagens da utilização do processo de Biodigestão são:
• Controle dos níveis ótimos das variáveis de operação dos biodigestores como: temperatura, teor de água,
pH, nutrientes e impermeabilidade ao ar.
• Formação de gás sulfídrico (H2S), um gás tóxico.
• Necessidade de tratamento do gás obtido, dependendo da quantidade de gás sulfídrico.
• Escolha do material na construção do biodigestor devido a formação de gases corrosivos.

3. Processo Escolhido

Os estudos desenvolvidos revelaram que se os três processos analisados forem viáveis individualmente, os mesmos
podem apresentar uma boa alternativa se trabalharem complementarmente, como é o caso escolhido.
Analisando os três processos pré-selecionados, a biodigestão do lodo residual apresenta um balanço energético
positivo, como era de se esperar. Pois, se o metano que é produzido naturalmente não for expelido diretamente na
atmosfera, será queimado sem nenhuma forma de aproveitamento energético. A tocha de plasma que aparentemente
poderia ser utilizado como uma outra maneira de obtenção de energia elétrica, também se mostrou inviável para essa
finalidade, mas se é uma boa alternativa para eliminação de rejeitos indesejados para a sociedade; e a pirólise rápida por
ser um processo relativamente novo, não está disponível em escala comercial, inviabilizando assim a sua utilização.
Portanto a solução escolhida para atingir o objetivo de geração de energia elétrica, e ao mesmo tempo viabilizar o
projeto, é a utilização da biodigestão complementada com a utilização da tocha de plasma.

3.1. Aspectos da Implementação

A implementação dessa solução na cidade de São Paulo, mais especificamente no Rio Pinheiros, será feita através
da utilização das Estações de Flotação e Remoção de Flutuantes (EFRF) que estão no curso do rio. Essas EFRF`s farão
o tratamento da água do rio e o lodo resultante receberá um tratamento físico-químico, pela adição de polímero que
facilitará sua desidratação e sua centrifugação. Dessa forma, obtém-se ao final desse processo o lodo a uma
concentração de 30%. A Figura 2 ilustra o processo de desidratação do lodo.
A composição do lodo tem um comportamento sazonal, podendo variar em um curto período de tempo. Conforme
pode ser verificado pelos gráficos abaixo, em questão de horas, a concentração de compostos orgânicos e inorgânicos
podem ter seus valores alternando-se relativamente, dificultando o cálculo tanto do poder calorífico como da densidade
aparente.

Figura 2. Desidratação do Lodo

Para estimar o poder calorífico do lodo, utilizou-se o valor de 900 kcal/kg e uma densidade de 0,780g/cm³ (Tab. 1).
Tabela 1. Valores do Lodo

Densidade aparente: 780 kg/m³


Volume de Lodo produzido 507 m³/dia
Massa do lodo produzido: 395850 kg/dia
Poder calorífico: 900 kcal/kg
Poder calorífico total do lodo (por dia) 356265000 kcal = 1,49*1012 J
Potência média disponível para geração 17.26 MW

3.2. Energia do Lodo

A potência que será transformada em energia elétrica dependerá do processo e das máquinas que serão utilizadas,
levando-se em conta o rendimento de cada máquina e a utilização de ciclo combinado ou não no processo. Em
termelétricas tradicionais, esse rendimento pode chegar a casa dos 50%. Se atingirmos esse valor, o lodo poderia
produzir certa de 8,6MW de potência elétrica média.

3.3. Análise Econômica

Para se conhecer os benefícios do processo proposto, é necessário conhecer o que se muda após a sua
implementação. Além de benefícios intangíveis que serão citados posteriormente, deve ser feita também uma análise
econômica comparando os dois processos: atual e proposto.
Atualmente existem três etapas que representam custos altos para a despoluição do Pinheiros. O tratamento em si da
água necessita de uma energia de 0,117 kWh/m³, sabendo-se que a vazão do Pinheiros é de 10m³/s, seria necessário
mais de 3 GWh/mês.
Depois disso, o lodo resultante passa por um processo de inertização o que possibilitará sua destinação em aterros
sanitários. Para cada m³ de água tratada, são adicionados 30g de cal virgem, assim, serão necessários 777 toneladas de
cal por mês a um custo de R$ 240/ ton, totalizando um custo com cal de R$186.624,00/mês. Depois de desidratado e
inertizado, o lodo deverá ser transportado em carretas para aterros sanitários. O custo desse transporte está estimado em
R$ 20,00/m³ de lodo produzido. Atualmente o lodo inertizado produzido é cerca de 1080 m³/dia, dessa forma, o custo
total de transporte do lodo seria em torno de R$ 646.800,00/mês.
Para finalizar a análise atual, basta saber o custo da energia gasta e para isso é necessário saber a curva de carga de
todo tratamento, verificar o tipo de tarifa que se enquadra e calcular mais precisamente todo o custo energético,
considerando a demanda e a energia, contudo para simplificar nosso cálculo estimamos o custo da energia em R$
90,00/MWh, portanto a energia gasta por mês custaria R$ 273.000,00, totalizando um custo total de mais de R$
1.100.000,00/mês, lembrando que esse custo está sendo estimado e que para deixá-lo mais fiel à realidade é necessário
verificar o custo real pela tarifa em que se enquadra.
No modelo proposto, o custo e a energia do tratamento se manterão (R$ 273.000,00 para 3GWh/mês), mas o lodo
não deverá ser inertizado, muito pelo contrário, o lodo deverá manter suas propriedades bacteriológicas e entrar no
processo de biodigestão onde produzirá os gases utilizados na produção de energia.
Como visto anteriormente, a potência média útil produzida pelo biogás é de 8,6MW, podendo num mês produzir
cerca de 6,2 GWh correspondendo a uma receita de R$ 557.000,00/mês.
Para essa etapa, os dados foram obtidos para o lodo a uma concentração de 60%, por tanto, seria necessário
conhecer também a energia gasta para desidratar ainda mais o lodo até a concentração de 60%. A secagem deverá ser
térmica, portanto é necessário calcular a energia para evaporar esta quantidade de água considerando-se um
determinado rendimento em função do processo a ser adotado.
Após a produção do gás, o lodo passará pelo processo de vitrificação através da tocha de plasma. Nesse processo o
lodo pode ter seu volume reduzido a 1%, como o volume era de 507m³/dia a uma concentração de 60%, após passar
pela tocha de plasma seu volume se reduzirá a 5m³/dia ou 150m³/mês, e o custo de transporte desse volume será em
torno de R$ 3.000,00/mês.
Novamente, nos faltou nessa etapa conhecer a energia consumida pela tocha o que pode comprometer a viabilidade
econômica sensivelmente, mas essa conclusão só poderá ser tomada depois de conhecido essa energia. Contudo a tocha
não deixa de ser uma boa alternativa ecológica para o lodo.
Depois que toda água do Pinheiros estiver tratada, poderá se rebombear 10m³/s (vazão natural do rio) em direção à
represa Billings com a finalidade de geração extra na Usina de Henry Borden. Esse rebombeamento terá um gasto de
0,1035kWh/m³ e, portanto será necessário uma energia de 2,68GWh/mês. Em contrapartida, na usina de Henry Borden,
cada 10m³ de água representa a geração de 1,639kWh, com a vazão de 10m³/s, serão quase 2.600.000m³/mês e, portanto
será possível gerar mais de 42 GWh/mês. A diferença de energia produzida e consumida representará uma receita de
quase R$ 3.600.000,00/mês.
Ficará a critério da empresa utilizar a energia gerada, abatendo-se da energia contratada bilateralmente do
fornecedor ou vende-a no mercado em momentos de crise energética aonde seu valor já chegou a R$ 600,00/MWh.
Atualmente o valor nesse mercado é de R$ 4,00/MWh.
Uma maneira alternativa de gerar mais receitas é a venda de créditos carbonos pela emissão evitada de gases estufa
no processo, para isso, como a maior parte dos gases produzidos é o metano, e o crédito carbono é dado em US$/ton de
CO2, deve-se verificar qual é a relação do metano com o dióxido de carbono para premiação.
Verifica-se pela Tabela 2 que o processo proposto tem balanço positivo de cerca de R$ 3.800.000,00, obviamente
negligenciando o processo de secagem, a tocha de plasma e os créditos carbonos, mas considerando novamente o custo
da energia a R$90/MWh, ainda será possível gastar 42GWh/mês para esses dois processos, de forma que o processo
total não deixe de ser autônomo, e ainda sem contar com a receita dos créditos carbonos.

Tabela 2. Balanço Energético e Financeiro

Custo Proposto Atual


tratamento da água 0,117kWh/m³ (273,00) (273,00)
inertização (cal) R$ 240/ton (187,00)
secagem do lodo verificar
energia do lodo 900kcal/kg 557,00
tocha de plasma verificar
transporte do lodo R$ 20/m³ (3,00) (647,00)
bombeamento da água 0,1035kWh/m³ (241,00)
geração em Henry Borden 1,639kWh/m³ 3.823,00
crédito carbono (CO2) US$ 6/ton verificar
TOTAL (em R$1000,00/mês) 3863 -1107

3.4. Créditos Carbono

Com o processo de tratamento do lodo residual e a conseqüente utilização do biogás como combustível na geração
de energia, deixa-se de emitir na atmosfera o gás metano, o principal componente do biogás, que é altamente poluente,
chegando a contribuir cerca de 23 vezes mais para o efeito estufa que o gás carbônico.
De acordo com o Protocolo de Kioto que visa um desenvolvimento sustentável e desenvolvimento de mecanismos
limpo, através da produção de energia por meio de fontes renováveis e que agridam menos o meio ambiente, os países
desenvolvidos teriam que reduzir a emissão de gases poluentes e causadores do efeito estufa, ou então viabilizar e
implementar projetos em outros países (subdesenvolvidos) nesta direção.
Com isso, devido a redução de emissão de gás metano na atmosfera, o projeto de utilização do lodo residual de
esgoto passa a acumular créditos carbono, que podem ser comercializados com os países que não conseguirem a
redução de emissão de gases estipulada. Gera-se com isso receita para a viabilidade do projeto.

4. Benefícios Indiretos

Na análise de obtenção de energia a partir do uso do lodo residual de esgoto tratado, é totalmente relevante
considerar outras questões que podem influenciar a decisão de investimento na implementação de qualquer solução que
venha a ser escolhida. Através dessa análise poder-se-ão observar benefícios indiretos, mesmo que o balanço energético
do processo não seja positivo, ou seja, ganhos em qualidade de vida, tanto ambientalmente quanto socialmente.

4.1. Meio Ambiente

Um aspecto imediato quanto à questão ambiental é a diminuição da poluição do Rio Pinheiros ou até mesmo a sua
inteira recuperação que permitiria o retorno da vida aquática e a retomada de ciclos biológicos.

4.2. Transporte e Atividade Pesqueira

O transporte fluvial além de representar uma alternativa para o caótico trânsito urbano, seria uma solução de baixo
custo de operação e manutenção. Construção de marinas para barcos de pequeno porte, parques aquáticos próximo ao
rio e talvez até utilizando sua água, construção de locais para atividade pesqueira tanto esportiva como comercial.

5. Conclusão

Através desta análise feita a respeito da utilização do lodo residual do tratamento de esgoto para a geração de
energia elétrica, pode-se constatar a necessidade deste tratamento e os benefícios que este projeto pode trazer para a
sociedade e ao meio ambiente.
Benefícios que geram conseqüências imediatas, como a geração de energia, desenvolvimento de tecnologias
alternativas e também benefícios a longo prazo como a conscientização em relação a preservação do meio ambiente e
principalmente gerar um desenvolvimento sustentável e limpo para que futuras gerações possam aproveitar os recursos
que o meio ambiente oferece.

6. Agradecimentos

Aos Engenheiros André Takabatake e Nei Morita Nishio, pelo trabalho realizado (Takabatake e Nishio, 2002), que
serviu de base para o presente manuscrito.

7 – Bibliografia

Hespanhol, Ivanildo. et at. Proposta de reuso de esgotos tratados pela usina de geração de energia Carioba – II, CTH,
maio de 2001.
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Martins, Osvaldo Stella. et al. Produção de energia elétrica a partir do biogás resultante do tratamento de esgoto.
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Menezes, Marco Antônio. et al. O Plasma Térmico – solução final para resíduos perigosos. Kompac, outubro de 1999
Pereira, Carlo Roberto. Sistema de flotação e remoção de flutuantes para a melhoria das Águas do Rio Pinheiros.
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Site da Cetesb (http://www.cetesb.sp.gov.br)
Site da EMAE (http://www.emae.sp.gov.br)
Site da Kompac (http://www.kompac.com.br)
Site da Sabesp (http://www.sabesp.com.br)
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Site da USP (06/06/2002) (http://www.usp.br/jorusp)
Takabatake, A. Nishio, N.M. Produção de Energia Elétrica a partir dos Resíduos da Água, Relatório Final do Projeto de
Formatura. PEA – EPUSP, Sao Paulo 2002.

8. Direitos Autorais

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo impresso neste artigo

Energy Resource from Water Reuse for Electric Energy Production


Abstract. The aim of this paper is to assess the possibility of attaining energy gain from the residual sludge resulting from the
treatment of urban sewage water.. In this work will be approach too: the possibility of indirect generation of electricity pumping
water from the Pinheiros river to the Billings Dam (after cleaning the water in an complex flotation process that is the water reuse),
which in turn generates electricity at the Henry Borden plant; accumulation of carbon credits due to the reduction of carbon
emission to the atmosphere as a result of the adequate use of the methane gas, one the greenhouse gases. A preliminary case study
will be done for the Pinheiros river, where the amount of sludge produced from the water reuse reaches a startling level, compelling
the study for the best possible ways to processes and eliminate this great amount of organic matter. Obtaining energy gain from
residual sludge fits in the comprehensive context of sustained development which in turn supports the concept of clean energy
production and renewable sources use, less pollutant the conventional ones. A benefit inherent to the proper use of that kind of
sludge is the clean generation of electricity as distributed generation.

Keywords. Sustainable development; clean development mechanisms; water reuse, energy renewal sources; emissions reduction.

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