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2.

O senhor conserva o direito à substancie da coisa (4), ao qual


oportunamente virão de novo reunir-se os
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direitos destacados (5), e por essa razão continua a ser reputado proprietário
(6). O usofrutuário, portanto, exerce os seus direitos em coisa que está sob o
domínio de outrem: daí o princípio que o usofruto não se pode constituir
senão na coisa alheia (7).
O domínio, despojado dos direitos que formam o usofruto, se denomina
— núa propriedade (8).
3. Os direitos que ficam ao proprietário inibem o usofrutuário de exercer os
direitos elementares do usofruto na mesma extensão em que faz o proprietário
quando tais direitos se conservam ligados ao domínio. O proprietário no uso e gozo
da coisa tem a faculdade ampla de alterá-la, transformá-la, de destruir-lhe, enfim,
a substância (9). Mas o direito do usofrutuário não pode ser levado tão longe.
Desde que o proprietário conserva direito à substância

(5) § 4, i. de usufr. 2,4: Cum autem finitus fuerit totus ususfructus, revertitur ad proprietatem.
(6) §, I. «dem: Nud<B proprietáHs ádmmas.
(7) I. pr. de ustifr.: ususfmctus est jus alienis rebus utendi fruendi. Não se deve confundir o
direito que tem o proprietário de usufruir a própria coisa, com o usufruto. O direito de usufruir,
pertencente ao proprietário, é um atributo do diomínio ligado ao próprio domínio, e o usufruto
um direito distinto, separado do domínio, sujeito a regras especiais. Os antigos escritores
tomavam sen-sivel esta diferença, denominando usufruto causai ao jus utendi jru-endi do
proprietário, e usufruto formai ao usufruto propriamente dito. VoET, Pandect., 7,1, n. 3. Noodt.,
de Usufr. I, cajwtulo I.
(8) § 4, I. de usufr. 2,4: Nuda proprietates dominus. Dec. n. 4355, de 17 de Abril de 1869,
art. 7.», § 6.°: "O valor da nua-propriedade- Dec. 5881, de 28 de Mafço de 1874, art. 25, § 1.' e
art. 31, § único" propriedade separada."
(9) Vej. § 24. acima.
DIREITO DAS COISAS 305
do objeto, o usofrutuário é obrigado a respeitá-la: não há direito contra direito.
Assim o usofruto é um direito sobre a coisa alheia, salva a substância da
mesma coisa (10).
No assunto sujeito, por substância entende-se, não a coisa em si com
abstração de seus atributos, mas a fôrma atual, o caráter principal, o modo
de ser dela com as qualidades inerentes, ao tempo da constituição do usofruto
(11).

4. No momento em que o usofrutuário adquire o direito de usar e fruir a coisa,


ela se acha necessariamente sujeita a algum destino compatível com a sua
natureza, -e no qual é ou tem sido aproveitada. Este destino é um resultado
jurídico da vontade do proprietário sobre a coisa, e a vontade manifestada
legalmente se presume continuar a subsistir. Ao usofrutuário, pois, não é permitido
violar aquela vontade, isto é, mudar o destino da cois:a (12).

(10) I. de usufr. pr. 2,4: Jus rebus alienis utendi fruendi, .salva rerum substancia. Estas údtimas
palavras teem dado lugar a
interpretações diversas. Vej. MAYNZ,«§ 212, nota 1, ACCAR., nú-roero 274, n. 4. QRTOLAN e Du COURSOY
à I. Ide usuf. pr. 2,4.
(11) PAUL, Sent., 3,6, § 31; fr. 5, § 1.». D. Quib. mod. -usufr. amitt. 7,0; fr. 10, §§ 1 a 8, D. éodem.
ACCARIAS, n. 274, m. 4. ORTOLAN, à I. de usufr. pr., MOURIX)N, 2,3, 1503. 150, 3. -Neste sentido a substância,
por exemplo, duma casa, não consiste •na natureza dos materiais de que é composta, mas na disposição e
forma dada a esses materiais.
(12) . Fr. 10, §§ 1 a 8, D. Quib. nlod. usufr. amit. 7,4; "ViNNio, I. de usufr. pr. 7; ACCAR., n. 275;
MOURLON, 2,3, nú-Tmero 1504.
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5. A propriedade, privada dos direitos de usar e fruir se torna, por asim
dizer, estéril. A perpetuidade deste estado de coisas reduziria o domínio a uma
pura quimera, e só teria por efeito impedir o tirarem-se da coisa, todas as
utilidades e vantagens de que ela é suscetível, quando sujeita à vontade
soberana do dono (13). Por força de motivos tão ponderosos, não permite a
lei que os direitos que formam o usofruto se conservem perpetuamcnte
separados do domínio. Por um sistema bem combinado de modos de extinção,
o usofruto depois de prazos mais ou ou menos longos, vem a fenecer, e os seus
elementos voltam a se incorporar no domínio (14). O usofruto, pois, é sempre
temporário.
6. Os caracteres expostos se podem resumir na fórmula seguinte:
"O usofruto é o direito real de retirar da coisa alheia durante um certo
período de tempo, mais ou menos longo, as utilidades e proveitos que ela
encerra, sem alterar-lhe a substância ou mudar-lhe o destino.
7. Resta finalmente observar:
a) Que o usofruto é da sua natureza divisivel, isto é,pode ser
constituido"por partes em uma mesma coisa, em uma metade, por exemplo,
de uma casa em favor de um, e noutra metade em favor de outro (15);
(13) MOURI.ON, 1, 3, n. 1492 e 1493. LAURENT, VI, n. 325.
(14) §§ 3 e 4, I. de usufr: 2,4.
(15) Fr. 5. D. de usufr. 7.1; ir. 14,25. D. Quib. moci.. usufr. amit., 7,4.
DIREITO DAS COISAS 307
b) Que o usofruto, para diversos efeitos de direito, se reputa coisa móvel ou imóvel,
segundo é movel ou imóvel o objeto sobre que recai (16).
CÓDIGO CIVIL
Art. 713 — Constitiie usofruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa,
enqtuinto temporariamente destacado da propriedade. — 718.
§ 94. -r- Em que coisas se pode constituir o usofruto
1. Da noção de usofruto -•— direito real de fruir a coisa alheia sem lhe alterar a
substância— resulta que ele só pode ser constituído:
1.° Em bens de raiz^
.2.° E nos moveis que não se consomem com o primeiro uso, como máquinas, navios,
alfaias, animais (17).

(16) Prov. de 16 de Fevereiro e 16 de Setembro de 1818, de 8 de Janeiro de 1819, Instr. de


1." de Setemlbro de 1836, artigo 5.°.
(17) § 2, de tisufr. 2,4: Constituitur autem ususfructus non tnatum in fundo et wdibus, verum
etiam in servis et jumentis, ccete-risque rebus, exceptis eis qu« ipso usu consumuntur, nam ha res
neque naturali. ratione neque civil recipiunt usumfructum.. Nooüt, Usufr, I, cajp. 4.
Em direito se dizem "coisas que se consoniem com p usu" aquelas que se extinguem com o
primeiro uso, ou fisicamente, como o •vinho, o pão, ou juridicamente, como a lã quê se emprega
nos tecidos, os materiais com que se faz o edifício, o dinheiro que se gasta. ViNNio, Cem. ao cit.
§ 2, da I., ns. 1 e 3. Na frase do Di-
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Nesta última classe se compreendem certas coisas imateriaiSi cuja substância
se conserva sempre intacta, a despeito da fruição de que elas são suscètiveis (18);
tais são a propriedade literária (19), a propriedade de apólices da dívida pública
(20), e de ações ou fundos de bancos e companhias (21).
São estas as coisas sobre as quais se pode exercer o usofruto.
2. Todavia, a lei por uma razão de analogia, afinal, admitiu um como usofruto
em relação às coisas que

reito Ronmno: — res quae ipso usu aut primo usu consumuntur; — in abusu continentur, in absumptione
sunt: § 2, I. de usuír. ; fr. 5, §§ 1 e 2, D. de usufruct earuiií rerum 7.5.
(18) ViNNio, ao cit. § da I. pr.: sed et rerum inccrpwa^ lium ususfructus constitui potest. NOODT,
usuír. I, cap. 4, in fine.
(19) -Vej. § 24, acima. O autor de um livro pode, por exemplo, transferir a terceiro o usufruto da
propriedade, rsimprimir. e vender o livro, por um certo tempo.
(20) E' muito usual a prática de se constituir usufruto em apólices da dívida pública. Nos termos de
transferência se faz aver-bação do título ou conven<ção peío quaD se estabelece o usufníto. Ordenri n. 130
de 14 de Dezembro de 1842.
O usufruto de apólices tem todos os característicos do verdadeiro usufruto: o usufnííuário não adquire
a propriedade delas, nã»i as pode alienar, não as consome no seu uso, mas, expirado o prazo «do seu direito,
é obrigado à restituí-las ao proprietáxio.
(21) Deeret. n. 156, de 28 de Aibril de 1842, art. 12, § 4; Decret. 2708, de 13 de Dezeníbro de 1860,
art. 15, § 2 e Decreto n. 4.355, de 17 de Abril de 1869, art. 7, n... HUBER, Pandect-, 7,5; n. 2-B, CARNEIRO, §
46, n, 46.
Enquanto o banco ou companhia subsiste, o usufruto instituído nos fundos ou ações, é'verdadeiro
usufruto e não- quase-usj-fruto; mas se se liquidam, o usufruto, passando a se exercer sobre as quantias que
as ações representavam, se converte em quase usufruto, por cujas regras é eníã.o regido; VINNIO e KUBER,
loc. dt.
DIEEITO DAS COISAS 3(»
se consomem com o primeiro uso (22). Esta nova espécie, •que na realidade não se pode
confundir com o verdadeiro usofruto, tomou a denominação de (^ujõsi-usofruto. As
particularidades de sua natureza o tornam sujeito a certas regras peculiares, de que adiante
se dará notícia (23).
CÓDIGO CIVIL
Art. 714 — O tisofruto pode recair em um ou mais bem, moveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades.
Art. 715 — O usofruto de imóveis quando- não resulte do direito de família, dependerá
de transcrição no respectivo registo. — 260, I, 389, 676, 856, III.
Art. 716 — Salvo disposição, em contrário, o usofruto estende-se aos aceessórios da
coisa e seus acrescidos. — 727.
Art. 717 — O usofruto só se pode trc/nsferir, por alienação, ao proprietário da coisa;
mas o seu exercício pode ceder-se por títztlo gratuito ou orieroso. — 724, 739, V.
Art. 718 — O U£ofrutuário tem. direito è, posse, uso, ad-wÀnistração e percepção dos
frutos. — 486, 726, 730, 732.
Art. 719 •— Qvxmdo o usofruto recai cm títulos de crédito, o usofrutuário tem direito,
não só a cobrar as respecfi-

(22) Fr. 2, § 1.0, D. usufr. ear. rer.. 7,5: Que senatus-•consulto non id effectum est ut pecunia
ususfructiis proprié esset; nec enim naturalis ratio autoritate senatus contmitain potuit, sed seredio
intraducto, aspit qua ususfructus halberi. HUBER, Pandect., 7,5, NiooDT, I. cap. 4.
(23) Vej. § 110, adiante.
310 DIREITO DAS COISAS
VOS dividas, mas ainda a empregar a importância recebida. — 720.
Essa aplicação, porem, corre por sua conta e risco; e, cessando o usofruto, o
proprietário pode recusar os novos títulos exigindo em espécie o dinheiro.
Art. 720 — Quando o usofruto recai sobre apólices da dívida pública ou títulos
semelhantes, de cotação variável, a alie-nação deles só se efetuará mediante prévio acordo
entre o uso-frutuário e o dono.

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