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ECLESIA NO NOVO
TESTAMENTO
Prefácio
Eis aqui num livro, simples em estilo, mas ainda profundo em pensamento. É
digno, com certeza, de uma consideração cuidadosa pela maioria erudita de nossos
líderes batistas, indiferente das crenças presentes no assunto. É um livro que deve
estar nas mãos de cada pastor batista em nosso país.
Esta tese deve-se tornar um antídoto eficaz à crença popular de uma igreja
invisível universal, e todos os seus diversos efeitos e tentativas infelizes -
ecumenismo; multiplicação de organizações extra-eclesiásticas; menosprezo do
estudo cuidadoso da natureza, ordenanças, disciplinas, oficiais, governo e missão
da igreja; e a depreciação resultante da importância de trabalhar em e por uma
igreja verdadeira do Novo Testamento.
É nossa crença que muitos que estudarem este documento com cuidado, chegarão
à conclusão de John Ebrard, o internacionalmente reconhecido alemão e erudito
pré-milenário que disse: "Uma igreja invisível é em si mesma uma contradição
"em adjecto".. Devemos portanto rejeitar este uso de ecles. invis. O significado
dele não é Igreja, mas o reino de Deus como ainda invisível, mas no futuro
visivelmente erigida." LOUIS A. MAPLE
INTRODUÇÃO
A palavra igreja hoje tem uma variedade de significados, alguns dos mais comuns
sendo: o lugar onde a assembléia dos crentes se reúne; assembléia cristã; o culto de
adoração; a profissão do clero; todos de uma mesma denominação; todos os
crentes professos vivos ou mortos.
Antes de continuar mais nosso assunto, podemos dizer sem medo de contradição
que todos esses significados não podem ser atribuídos a palavra eclesia no Novo
Testamento. Nenhum estudante da Bíblia que conhecemos atribui mais do que dois
ou três destes significados à eclesia no Novo Testamento.
Já que a palavra igreja é um termo muito vasto e que tem muitos significados
possíveis, e eclesia é um termo mais limitado, devemos ter o cuidado em nosso
estudo, para não trazermos os presentes significados da igreja em eclesia como
encontrada no Novo Testamento. Hort reconheceu este perigo ao dizer:
A razão pela qual escolhi o termo eclesia é simplesmente para evitar ambigüidade.
O termo português igreja, agora o representante mais familiar de eclesia para a
maioria de nós, carrega consigo associações derivadas de instituições e doutrinas
dos últimos tempos, e assim não podem, no presente, sem um esforço mental
constante ser levada a transmitir a força completa e exata que pertenceu
originalmente a eclesia. (F. J. A. Hort, A Eclesia Cristã). #
A palavra igreja não devia estar em nossas versões do português hoje, para
representar eclesia. Sua aparição no Novo Testamento, cremos, tem obscurecido o
verdadeiro significado. A palavra igreja não foi usada nas versões de Tyndale,
Coverdale e Bíblia de Cranmer (A Grande Bíblia). Estas e outras versões usaram a
palavra congregação para traduzir eclesia. Hort diz:
De fato é muito provável que ela não tivesse aparecido na versão do Rei Tiago se
não existisse as quinze regras que este Rei deu aos tradutores, para guiá-los no seu
trabalho. A regra três afirma: !As antigas palavras eclesiásticas têm que ser
mantidas, por assim dizer, a palavra igreja, não é para ser traduzida congregação,
etc." (K. W. Robinson, A Bíblia em Suas versões Antiga e Inglesa). #
No longo prefácio à Bíblia do Rei Tiago em 1611, que não é mais imprimida hoje,
nem tem sido a muito tempo, está escrito:
Em nosso estudo da palavra eclesia no Novo Testamento está claro que devemos
ser cuidadosos em destacar a palavra igreja dele, para que leiamos em eclesia o
significado da palavra igreja, sem preconceitos que possamos ter pelo uso comum
da palavra (igreja) hoje em dia. *
Nosso plano, em geral, neste estudo será examinar a palavra antes dos tempos do
Novo Testamento usando o contexto imediato para saber seu significado.
Capítulo II
Liddell e Scott definem eclesia como "uma assembléia de cidadãos convocado pelo
pregoeiro; assembléia legislativa". (R. Scott e H. G. Liddell, Uma Léxica Greco-
Inglesa). # A léxica de Thayer diz: "uma assembléia de pessoas convidadas a ir ao
lugar público de concílio com o propósito de deliberarem" (J. H. Thayer, Uma
léxica Greco-Inglesa do Novo Testamento) # Trench dá o significado como "a
assembléia legal, numa cidade grega livre, de todos os possuidores dos direitos da
cidadania, para a transação de negócios públicos" (R. C. Trench, Sinônimos do
Novo Testamento, 7a edição).# O dicionário de Seyffert afirma "A assembléia de
pessoas, que em cidades gregas tinham um poder da decisão final em negócios
públicos" (Oscar Seyffert, Um dicionário de Antigüidades Clássicas).# Thomas
diz:
Ewing escreve:
Poucas palavras deviam ser ditas sobre a etimologia de eclesia, antes de passarmos
ao próximo capítulo. A léxica de Thayer afirma: "francês" = "ekkletos" - uma
reunião dos cidadãos convocados das suas casas para um lugar público = uma
assembléia, e esta palavra veio da palavra raiz = "ekkaleo" (J. H. Thayer, Op.
Cit.). Esta parece ser a opinião unânime de todos os eruditos gregos. Uma distinção
deve ser mantida entre a etimologia (ou raiz) de uma palavra e seu significado em
algum tempo particular na história. Ás vezes os dois são o mesmo; muitas vezes são
completamente diferentes." “Const?vel" veio de "camis est?bule" que significava
‘assistente de est?bulo’ hoje significa um oficial de paz. "Eclesia" veio de
"ekkeletos" que significava "convocar", mas no tempo anterior ao Novo
Testamento significava assembléia ou assembléia convocada. Dizer que ela
significa o chamado não é certo. Broadus escreve:
Capítulo III
Na versão dos Setenta "eclesia" é usada quase que cem vezes. Ela traduz a palavra
hebraica "qahal" que significa assembléia ou congregação. No hebreu há duas
palavras usadas para a reunião do povo de Israel: ‘edhah’ e ‘qahal’. Hort diz:
Nenhum dos dois termos hebreus eram estritamente técnicos: os dois, ás vezes,
eram aplicados a tipos muito diferentes de reuniões ou ajuntamento de pessoas,
apesar de que qahal teve sempre uma referência humana de algum tipo; reunião
de indivíduos ou de nações. As duas palavras coincidiam tanto no significado, que
em muitos casos podiam ser aparentemente usadas sem diferença, mas no primeiro
exemplo, não eram estritamente sinônimas. Na língua hebraica, ‘Edhah’ (derivada
de uma raiz y’dh usada no Niphal = (forma de conjugação dos verbos na língua
hebraica)*, com o sentido de reunir, especialmente em reunir para consulta ou
acordo é correta, quando aplicada a Israel, à própria sociedade, formada pelos
filhos de Israel ou seus cabeças representativos, quer reunidos ou não. Por outro
lado "qahal" é corretamente a reunião em si: por isso temos poucas vezes a frase,
"qahal ‘edhah" - a assembléia da congregação (Op. Cit.)
Eclesia nunca traduz a palavra hebraica ‘edhah, a qual Hort diz poder ser "Israel
quer reunido ou não", mas traduz qahal, que significa assembléia.
Dana diz, falando sobre a versão dos Setenta: "Nela eclesia foi usada para traduzir
a palavra hebraica qahal que significa uma assembléia, convocação ou
congregação" (H. E. Dana, Op. Cit.).
Dana nota seis variações na versão dos Setentas, no modo como eclesia é usada.
(1) É usada cinco vezes para indicar simplesmente uma agregação de indivíduos,
sem referência a qualquer caracter religioso específico ... (2) Treze vezes se refere a
um grupo reunido para um propósito especial ... (3) Em vinte e seis exemplos a
referência é a uma assembléia em uma localidade particular, para propósitos
religiosos, geralmente para adoração ... (4) É claro que a ocorrência mais
freqüente do termo é para denotar uma reunião formal de todo povo de Israel, na
presença de Jeová, sentido no qual é usada trinta e seis vezes ... (5) Em sete lugares
a palavra designa todo Israel em um sentido ideal, como a possessão peculiar de
Jeová. Não séria correto dizer que este uso reflete "o Israel espiritual", pois
significa indubitavelmente a nação literal; nem pode ser propriamente descrito
como a "Igreja Hebraica", pois era uma nação e não um corpo eclesiástico. É
usada para descrever certas barreiras que preveniam alguém de se tornar um
participante nos privilégios do povo escolhido de Deus, embora nenhuma
assembléia particular do povo de Deus esteja em mente, como em Deuteronômio
23:3: "Nenhum amonita, nem moabita entrará na congregação do Senhor". (Ver
também Lamentações 1:10). Está claro que se refere a um princípio geral, a
aplicação real da qual séria literal do povo num tempo e lugar definidos. O Velho
Testamento e a literatura judaica em nenhum lugar usam eclesia onde possa ser
exatamente imaginada como "Israel espiritual" ... (6) Finalmente podemos fazer
uma observação separada às nove referências nas quais o termo é aplicado ao resto
dos fiéis em Israel que voltaram do exílio da Babilônia (Op. Cit.).
Dana conclui seu estudo sobre eclesia na versão dos Setenta com estas palavras:
Há três fatos sobre o uso de eclesia na versão dos Setenta, e o uso no Velho
Testamento de "qahal", que são importantes para nós num estudo sobre igreja: (1)
Nunca é examinado como um fato espiritual, independente de limitações de tempo
e espaço. (2) A assembléia (eclesia) de Israel como uma possessão peculiar de Jeová
foi planejada como uma concepção ideal, mas tendo só seu complemento literal
numa reunião definida de pessoas. (3) A palavra veio, especialmente, no período
interbíblico, para denotar uma reunião local para propósitos de adoração. (Op.
Cit.).
"Como a eclesia na versão dos Setenta traduz a palavra hebraica "qahal", isto não
significa "todo Israel, quer reunido ou não?"
Minha réplica é que não vejo como esta pergunta tenha sido formulada em
qualquer mente, através de um estudo pessoal e indutivo de todas as passagens da
versão dos Setenta, já que em cada exemplo dos 114 citados a palavra significa
uma reunião - uma assembléia.
Vocês podem ver por si mesmos, pelo contexto de sua versão em português. O uso
da versão dos Setenta é tão solidamente uma só coisa como a falange macedônica
(B. H. Carroll, Eclesia - A Igreja). #
Mas outra pergunta é: "Algumas destas passagens da versão dos Setenta não
justificam o significado de não reunidos?" Enquanto aceitei idéias Pedobatistas
pensava assim, mas nunca mais, desde que examinei o assunto por mim mesmo,
não sei agora nem mesmo da existência de tal passagem (Op. Cit.).
Carroll também aponta como uma confirmação de suas conclusões, que na versão
Revista, a palavra hebraica é traduzida assembléia ou congregação em cada lugar
onde a versão dos Setenta usou a palavra eclesia.
Antes de terminar este capítulo deve ser notado que alguns tem dito que qahal, ás
vezes, significa todo povo israelita. Se esta é uma interpretação verdadeira ou não,
não podemos dizer, mas podemos afirmar que quando tentam dar este significado
amplo a eclesia, porque é usada para traduzir qahal, cometem um erro. Thomas
diz a respeito deste assunto:
Foi por isso, inversa e mais ilogicamente deduzido que, já que qahal, ás vezes,
significa todo povo israelita e é traduzida por eclesia, portanto eclesia deve sempre
assumir esta amplitude de significado. A referência aos Setenta mostrará, contudo,
que os tradutores gregos do Velho Testamento em vez de encorajarem tal
implicação, a têm cuidadosamente evitado. Pois quando qahal tem o sentido amplo
nunca é traduzida por eclesia, mas por outra palavra grega (Jesse B. Thomas, Op.
Cit.).
Depois de examinar pessoalmente cada lugar onde eclesia ocorre na versão dos
Setenta estou convencido de que a palavra retém o mesmo significado básico que
tem no grego clássico, de assembléia, em cada lugar. O uso na maioria dos lugares
é muito claro, de que assembléia é o significado da palavra. Em Deuteronômio é
usada para se referir ao tempo em que o povo se reuniu diante do Monte Sinai e
ouviu os Dez Mandamentos; quando Josué reuniu a nação da terra prometida
para ler a lei ao povo israelita; quando Salomão fez a oração de dedicação do
templo e o povo estava reunido diante dele, e muitas outras vezes onde o contexto é
tão claro que ninguém se atreveria a pensar de modo diferente. Os poucos lugares
em que pode ser questionada faz bom sentido de acordo com seu significado
comum, tal fato resolvendo o assunto. Um princípio aceito por todos os eruditos é
que o significado que mais prevalece de uma palavra deve continuar em cada
lugar, enquanto fizer bom sentido. Um significado novo ou raro não pode ser
admitido, mesmo que mostre fazer bom sentido num lugar em particular,
enquanto o significado predominante couber no contexto.
Capítulo IV
INTRODUÇÃO
Ao examinar nosso assunto um pouco mais devemos parar e notar que a versão do
rei Tiago em 1611 e a versão Americana Padrão em 1901 são baseadas em textos
gregos diferentes. Mesmo que no significado não haja diferença de grande
significância, ainda assim, para efeito de clareza no estudo, devemos fazer uma
pesquisa rápida de eclesia nas duas versões; as palavras em inglês usadas para
traduzir eclesia, e notar as diferenças com respeito a eclesia nestas duas traduções.
Na versão do rei Tiago ou Autorizada eclesia aparece 115 vezes no texto grego.
Cento e doze vezes é traduzida pela palavra igreja e três vezes pela palavra
assembléia em Atos 19. A palavra igreja aparece 114 vezes, 112 das quais
representa eclesia. Outras duas ocorrências são em Atos 19:37 e em I Pedro 5:13.
Em Atos 19:37 a palavra grega é "hierosulos", não eclesia, e significa ladrões de
templos como traduzida corretamente na versão Americana Padrão. Em I Pedro
5:13 igreja não representa nenhuma palavra grega no original, mas é a
interpretação dos tradutores para fazer um sentido melhor. Por esta razão igreja
aparece em itálico em muitas Bíblias. O grego é assim, neste caso em que se
permite tal interpretação e pode ser a idéia correta do escritor, contudo esta
passagem não diz respeito a nós, já que eclesia não está realmente presente no
original. A versão Americana Padrão usa a palavra ‘ela’ neste lugar, em vez de
igreja, o que também é uma interpretação.
Eclesia aparece 114 vezes no texto grego da versão Americana Padrão. Em Atos
2:47 eclesia não está no grego, mas um pronome a traduziu. A outra única
diferença no grego do texto do rei Tiago está em Atos 9:31, onde a palavra está no
singular na versão Americana Padrão e no plural na versão do rei Tiago. A
palavra igreja aparece 110 vezes, todas as quais são usadas para traduzir eclesia;
assembléia é usada para traduzi-la três vezes em que a assembléia grega é
mencionada em Atos 19, e congregação é usada uma única vez em Hebreus 2:12.
Em nossa tradução (Edição Revista e Corrigida) as passagens em Atos 19 são
traduzidas "ajuntamento" - versos 32, 39 e 41.* (Veja a história da tradução de
João Ferreira de Almeida). !
Vinte e duas vezes a palavra tem o lugar indicado no contexto imediato. Atos 8:1
"que estava em Jerusalém", Atos 11:22 "que estava em Jerusalém", Atos 13:1
"que estava em Antioquia", Atos 15:4 "E, quando chegaram a Jerusalém, foram
recebidos pela igreja", Atos 20:17 "mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da
igreja", Rom. 16:1 "que está em Cencréia", Rom. 16:5 "que está em sua casa", I
Cor. 1:2 "que está em, Corinto", I Cor. 16:19b "que está em sua casa", II Cor. 1:1
"que está em Corinto", Col. 4:15 "que está em sua casa", Col. 4:16 "dos
laodicenses", I Tess. 1:1 "dos tessalonicenses", II Tess. 1:1 "dos tessalonicenses",
Filemon 1:2 "em sua casa", Apoc. 2:1 "em Éfeso", Apoc. 2:8 "em Smirna", Apoc.
2:12 "em, Pérgamo", Apoc. 2:18 "em Tiatira", Apoc. 3:1 "em Sardo", Apoc. 3:7
"em Filadélfia", Apoc. 3:14 "em Laodicéia".
Três vezes eclesia é acompanhada pelas palavras ‘cada’ ou ‘nenhuma’. Atos 14:23,
I Cor. 4:17, Fil. 4:15. Quatro vezes eclesia está num contexto que menciona reunir.
Atos 11:26 "se reuniram naquela igreja", Atos 14:27 "e reuniram a igreja", I Cor.
11:18 "quando vos ajuntais na igreja", I Cor. 14:23 "toda igreja se congregar num
lugar".
Há oito vezes em I Cor. que o contexto imediato e remoto torna claro que a palavra
se refere a eclesia do Corinto. I Cor. 6:4; 11:22; 14:4,5,12,19,28,35.
Em Atos 15:3 é outro lugar onde a palavra é usada e aceita por todos com o
significado de assembléia. Esta é a eclesia em Antioquia. Ler de Atos 14:26 até 15:3
provará isto. III João usa a palavra três vezes nos versículos 6, 9 e 10. Obviamente
a palavra tem seu significado comum de assembléia também aqui.
Há outras três ocorrência da palavra que são também aceitas por todos como
tendo o significado comum de assembléia. Tiago 5:14 "Está alguém entre vós
doente? Chame os presbíteros da igreja"; I Tim. 3:5 "Porque, se alguém não sabe
governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?" I Tim. 5:16 "Se
algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a
igreja."
Das 115 vezes a palavra ocorre no texto do rei Tiago temos examinado noventa e
duas, e verificamos que todas têm o significado comum, se não único predominante
e anterior ao Novo Testamento de assembléia. Geralmente todos os eruditos
aceitam estas 92 vezes que a palavra eclesia é usada com o significado de
assembléia. !
"Mas se igreja significa assembléia, isto não requer que ela esteja sempre em
sessão?" Nenhuma eclesia clássica, judaica ou cristã, conhecida na história,
manteve uma sessão perpétua. Todas elas tinham seus adiamentos e se reuniam de
acordo com os requerimentos do caso. A organização, a instituição, não era
dissolvida pela suspensão temporária. (B. H. Carroll, Op. Cit.).
A eclesia cristã era composta de crentes batizados, que se reuniam com o propósito
de ganhar pessoas para Cristo, batizando-as e ensinando-lhes a Bíblia. Eles
observavam duas ordenações: o batismo e a Ceia do Senhor. Seus oficiais eram os
pastores e diáconos. O governo era democrático. As passagens estudadas até aqui
sustentarão isto. Apesar de haver muitas outras eclesias cristãs por todo império
romano, havia só um tipo. Todas tinham o mesmo padrão em relação a fazer
membros, propósito, ordenanças, oficiais, etc., até aqui indicados. Para resumir o
estudo no Novo Testamento a este ponto, vamos ver o que a palavra significa em
cada caso e que há só um tipo de assembléia cristã visita nas oitenta e oito vezes em
que observamos a palavra.
Capítulo V
Este princípio é tão auto-evidente que não cremos ser necessário fazer mais do que
afirmá-lo, mas para não haver mal-entendido citaremos vários eruditos, para
mostrar que este método é reconhecido e usado para encontrar o significado das
palavras. Berkhof desenvolve este princípio ao dizer:
Terry diz:
A passagem em I Cor. 14:34,35, tem sido deturpada, para significar algo mais que
a proibição das mulheres falando nas assembléia públicas das igrejas ... Outros
têm buscado na palavra lalein um sentido um sentido peculiar, e, descobrindo que
ela tem nos eruditos grego - clássicos o significado de cochichar, ensinam de um
estranho que Paulo quer dizer: 'As mulheres estejam caladas na igreja porque lhes
não é permitido cochichar ... porque é indecente que as mulheres cochichem na
igreja!' Um exame ligeiro mostra que neste mesmo capítulo a palavra lalein - falar
- ocorre mais do que vinte vezes, e em nenhum exemplo há qualquer necessidade
ou razão de entendê-la em outro sentido que não seja o normal de discursar, falar
(Milton S. Terry, Hermenêutica Bíblica). #
A palavra não pode ter outro significado aqui do que o óbvio. A tentativa de
estabelecer para ela o sentido de raça ou nação falhou. Há alguns exemplos nos
quais pode ter tal significado, mas nenhum dos quais é imperativo, pois em cada
caso o significado reconhecido responderá, e assim outro sentido não é admissível
(John A. Broadus, Op. Cit.).
Tudo pode ser dito nesta causa pela nova interpretação, portanto, é que ela
também pode vir a concordar com o contexto; e tanto mais, e muito mais, pode ser
dito para o velho. Deixamos o assunto nesta forma, já que obviamente uma
interpretação detalhada da passagem inteira não pode ser introduzida aqui, mas
deve ser reservada para uma ocasião posterior. É suficiente dizer agora que
obviamente nenhuma vantagem pode ser declarada para a nova interpretação
deste ponto de vista. A pergunta é, afinal de contas, não o que se quer que a
palavra signifique, mas o que ela significa; e o testemunho de seu uso seja onde for,
sua forma e modo de composição, e o sentido dado a ela pelos seus leitores no
início, suprem aqui a evidência primária. Só se o sentido assim recomendado a nós
for inútil ao contexto se justificará a procura de uma nova interpretação - assim
exigida pelo contexto. Isto não pode, de jeito nenhum, ser declarado no presente
exemplo, e nada pode ser declarada por nós, além de mostrarmos que o sentido
mais natural e corrente da palavra está de acordo com o contexto (B. B. Warfield,
A Inspiração e Autoridade da Bíblia). #
Carson também usa este princípio para provar seu ponto de vista ao afirmar:
Se de outras passagens sabemos que ela tem seu significado, esta passagem não
pode ensinar o contrário, se a coisa for possível. Sobre o princípio da interpretação
aqui reconhecido pelo Sr. Ewing e pelo Dr. Wardlaw, podemos rejeitar tudo na
história que não caiba em nossas próprias concepções; ou explicá-las cortando o
significado das palavras ... Se imersão é o significado da palavra, não é optativo
recebê-lo ou rejeitá-lo. Quer este seja ou não seu significado, deve ser aprendido de
sua história, não da probabilidade ou improbabilidade abstratas da imersão de
camas. Se a história da palavra declara que seu significado é imersão, a mera
dificuldade de imergir camas, de conformidade a uma tradição religiosa, não pode
implicar que ela tenha outro significado aqui ... Reduzirei minhas observações
neste ponto á forma de um cânon. Quando uma coisa for provada por evidência
suficiente, nenhuma objeção de dificuldade pode ser admitida como decisiva,
exceto se envolver uma impossibilidade (A. Carson, Baptism its Mode and its
Subjects, página 72).
Este princípio será o único que determinará se a palavra tem um novo significado
ou mantém o comum no restante das Escrituras.
'O' com um substantivo singular às vezes indica uma classe ou tipo de objetivo. !
"O elefante é o maior dos quadrúpedes. O avião é uma invenção muito recente. A
resina é obtida do pinheiro." Note: neste uso 'O' é geralmente chamado o artigo
genérico (do latim genus, "tipo" ou "sorte"). O número singular com o genérico 'o'
eqüivale praticamente ao plural sem um artigo. ! (G. E. Kittredge e F. E. Farley,
Uma Gram?tica Inglesa Avan?ada.). #
984. O artigo pode ter uma força genérica, marcando um objeto como o
representante de uma classe. Ex.: ho anthropos homem (em geral); hoi anthropoi
raça humana (oposto aos deuses inferiores); hoi gerentes velho (como uma classe).
(W. W. Goodwin e C. B. Gulik, Gramática Grega.) #
763. Artigo Genérico - O artigo genérico denota uma classe inteira, distinta de
outras classes; como ho antropos - homem (distinto de outros seres); hoi gerentes -
o velho; poneron he su?ophantes - o delator ! uma coisa vil. (H. W. Smyth,
Gram?tica Grega para Escolas e Universidades). #
Cremos que a palavra eclesia é usada genericamente muitas vezes nas passagens
restantes, e porque muitos eruditos não reconhecem isto, um significado novo tem
sido atribuído à palavra erroneamente.
'Mas quando Paulo diz 'eu persegui a igreja', é claro que só pode significar que ele
perseguiu os discípulos?'
Porém significa muito mais. Significa exatamente o que diz. Os meros indivíduos
não significavam nada para Paulo. Era a organização ao qual pertenciam, e o que
ela defendia. Como prova disto nosso Senhor chamou a atenção dele com uma
pergunta: "porque me persegues? Eu sou Jesus, a quem tu persegues." Jesus não
estava sendo perseguido pessoalmente por Saulo.
Assim quando 'Erodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja' - ele tinha em
objetivo a organização, o que ela defendia, apesar de sua ira cair diretamente só
sobre Tiago e Pedro (B. H. Carroll, Op. Cit.).
Hort reconhece o fato que estes usos da palavra se referem à igreja de Jerusalém
ao dizer:
A eclesia original de Jerusalém ou Judéia, num tempo quando não havia outra:
Gál. 1:13; I Cor. 15:9; Fil. 3:6; a ocasião da referência em todos os três casos sendo
a própria ação de Paulo como perseguidor (F. J. A. Hort, Op. Cit.).
Ao concluir nosso estudo nestas passagens, gostaria de citar as palavras de
Thomas.
É um fato curioso não haver prova de que a 'perseguição' feita por Paulo fosse
além da igreja de Jerusalém. Em Atos 8:3 lemos que ele "assolava a igreja" de lá.
Ananias quando chamado para visitar Paulo, replicou ao Senhor: "Senhor, a
muito ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em
Jerusalém" (Atos 9:13). Quando Paulo começou a pregar, o povo disse: "Não é este
o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome?" Na própria defesa de
Paulo perante Agripa ele enfatizou suas crueldades aos 'santos' em Jerusalém,
encerrando-os nas prisões e obrigando-os a blasfemar. É verdade que ele
acrescenta que 'enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades entranhas
os persegui'. Mas a palavra que ele usa (dioko) implica que os objetos de sua
vingança ainda eram os santos em Jerusalém, a quem perseguia. Assim é que sua
'perseguição à Igreja de Deus' parece ter sido limitada aos componentes de uma
única igreja (Jesse B. Thomas, Op. Cit.)
Romanos 16:23 tem sido declarado por alguns como se referindo a todos os
crentes, por causa da palavra 'toda'. Não há necessidade real para tal
interpretação; o significado comum faz bom sentido. Provavelmente está se
referindo á uma eclesia que se reúne na casa de Gaio, que é o anfitrião tanto de
Paulo como desta eclesia. Toda esta eclesia, que pode até ser pequena, saúda os
santos em Roma. Atos 15:22 fala de toda eclesia, onde ninguém pode duvidar que
ela signifique a totalidade da eclesia de Jerusalém, e o mesmo tipo de linguagem é
usada sobre a eclesia de Corinto em I Cor. 14:23.
I Cor. 10:32 "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos
gregos, nem a Igreja de Deus". Esta passagem também é discutida por alguns, mas
o significado comum faz bom sentido, e assim um novo significado não é
necessário. Thomas respondeu bem aos que queriam introduzir um novo
significado aqui.
A 'Igreja de Deus' como é discutida, deve significar aqui a igreja universal, já que,
"judeus" e "gregos", cobre um grupo mundial. Mas o escândalo dado deve ter sido
a judeus ou gregos individualmente, já que não podiam, como uma raça, ser assim
perturbados pela conduta individual. Porque, então, ela precisa significar mais do
que 'não deis escândalo a nenhuma igreja, nem a nenhum membro da igreja?' O
fato é que a exortação completa, como um estudo de contexto tornará claro, é
dirigida ao regulamento da conduta pessoal diante de classes diferentes da
comunidade presente. (Op. Cit.).
A figura da 'casa de Deus' pode ser vista de duas maneiras. Pode ser considerada
do ponto de vista como constituinte, ou do ponto de vista de sua função. A anterior
ia requerer que ela se aplicasse a todos os filhos de Deus; a última a qualquer
grupo dos filhos de Deus. A função de uma casa é oferecer sustento e comunhão a
seus habitantes. Qualquer eclesia local faz isto por seus membros. Nisso, a igreja
local, em Éfeso, como uma agência de Deus, oferecia cuidado e comunhão a todos
os discípulos em Éfeso e pode ser justamente descrita como 'a casa de Deus'. Este
significado da figura é óbvio e não é forçado, e evita todas as dificuldades no modo
do outro, e portanto deve ser aceito como a explicação correta. A 'eclesia do Deus
vivo' à qual Paulo se refere neste versículo é a igreja de Éfeso. (H. E. Dana, Op.
Cit.).
Atos 20:28 é outra passagem que alguns pensam ensinar um significado diferente
para eclesia. A razão para encontrar um novo significado aqui deve-se ao fato de se
dizer desta igreja "que ele resgatou com seu próprio sangue", uma afirmação que
muitos pensam ser grande demais, para ser dita de qualquer igreja local. Não
cremos que esta seja uma boa objeção. Paulo falando sobre si mesmo em Gálatas
2:30b diz: "e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual
me amou, e se entregou a si mesmo por mim." Por que não se pode dizer que Jesus
resgatou com Seu sangue um grupo organizado de crentes professos no Senhor
Jesus Cristo? Isto não exclui outras igrejas de crentes ou indivíduos de fazerem a
mesma afirmação. Paulo afirma a mesma idéia referindo-se a si mesmo. Se fosse
objetado que alguns são só crentes professos e não verdadeiramente comprados
por Seu sangue concordaríamos, mas esta não é a objeção à palavra igreja tendo
seu significado comum. As Escrituras se referem aos crentes professos como
santos, irmãos, filhos de Deus e outros termos que só se aplicam verdadeiramente
aqueles que nasceram de novo. E ainda as Escrituras notam que alguns crentes
professos são falsos mestres e em tais casos estão tão perdidos quanto os que
rejeitam a Cristo. A Bíblia avisa a tais, mas ainda fala de acordo com a aparência.
Se uma pessoa professa ser crente e não há nada que faça alguém pensar de outro
modo, todos se referem a ele pelos termos maravilhosos que só pertencem
realmente ao verdadeiro Filho de Deus. Em, I Tess. 1:1 lemos: "à igreja dos
tessalonicenses em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo". Tais afirmações podiam
ser ditas a não ser aos salvos? Não achamos ainda que Paulo escreva por
inspiração que esta igreja em Tessalônica está em Deus, o Pai e no Senhor Jesus
Cristo. É um grupo de crentes professos com talvez alguns dentre eles que são
falsos mestres, ainda reconhecidos como salvos e recebendo estes termos.
"Resgatado pelo seu próprio sangue" pode ser afirmado sobre cada igreja do Novo
Testamento e cada crente individualmente. Esta afirmação não é objeção à igreja
em Atos 20:28 como sendo local. O contexto torna claro que está se referindo à
igreja em Éfeso. Notem os versículos 17 e 28 em particular, e examinem os termos:
Éfeso, anciãos da igreja, rebanho e vigilantes, vendo se qualquer igreja que não a
de Éfeso pode ser mencionada aqui. Crê-se que I Cor. 12:28 apoia uma igreja
universal, por alguns eruditos bíblicos. O argumento, como é declarado
geralmente, é que os apóstolos não eram oficiais de uma igreja local, mas o
ministério deles era para todas as igrejas. Assim a palavra igreja, não pode se
referir a um grupo local, mas deve se referir a algo muito maior, uma igreja
universal que incluiria todos os crentes. A idéia de que esta passagem se refere aos
oficiais desta igreja é completamente sem base. O contexto indica que estas várias
coisas estabelecidas na igreja são melhores descritas como dons. Estes dons eram
necessários para o serviço na igreja do Senhor. Alguns eram só necessários por
pouco tempo, outros para a história completa da igreja. Nos dias primitivos as
igrejas precisavam de certos dons que não precisam hoje. Precisavam-se de
apóstolos para estabelecê-las e dar a elas a direção inicial, o que não era necessário
depois. O padrão era completado no tempo deles sob a direção do Espírito Santo,
como vemos em Atos e nas Epístolas. Eles trabalhavam com igrejas locais, como
vemos claramente nestes livros. Os profetas eram necessários para inspirar
mensagens, antes que o Novo Testamento fosse completado. Línguas, curas,
milagres eram necessários naqueles dias antigos, para autorizar a igreja como uma
instituição divina e a mensagem que pregava. Os dons de ensinar, ajudar e
governar ainda estão nas igrejas hoje, e pela natureza de seu serviço serão
necessário até que o Senhor volte. Cremos que a palavra igreja é usada
genericamente nesta passagem e as Escrituras nos dizem dos dons que o Senhor
colocou naquela instituição, para que o serviço pudesse ser executado
corretamente. Estes dons beneficiariam todas as igrejas do Novo Testamento
daquele tempo e de hoje, apesar dos apóstolos, profetas, milagres, etc. não estarem
presentes em cada igreja em particular. Estes dons foram colocados naquele tipo
de instituição e não em cada igreja em particular para o benefício de todos. O
padrão, a mensagem e o crédito trazidos por estes dons são nossos agora, apesar
dos dons que os produziram terem passado. O capítulo inteiro (I Cor. 12) fala
claramente de uma igreja local como um corpo. Este capítulo será discutido depois
neste livro. Já que todo o capítulo é definitivamente sobre uma igreja local, parecia
estranho e até mesmo foras de lugar inserir 12:28 como se falando sobre um tipo
diferente de igreja, um tipo universal e invisível. O significado comum faz bom
sentido, se interpretado como um uso genérico da palavra, por isso não precisamos
recorrer a um novo significado.
Chegamos agora aos livros de Efésios e Colossenses. Confia-se que estes livros
sejam principalmente para estabelecer um novo significado para a palavra, pelos
crentes da teoria da igreja universal e invisível. Efésios usa a palavra nove vezes e
Colossenses duas, as quais podiam ser usadas para apoiar esta teoria. As duas
vezes em Colossenses são muito parecidas com as passagens em Efésios. Se a teoria
da igreja invisível e universal não puder ser provada em Efésios, não poderá ser
provada em Colossenses, nem em outro qualquer livro da Bíblia. Os defensores
desta teoria confiam muito neste livro, e, por isto, ela deve permanecer ou cair.
Neste livro gostaríamos de considerar primeiro Efésios 1:22, Colossenses 1:18 e 24
ao mesmo tempo.
O argumento para esta teoria nestas passagens é que a igreja é referida como Seu
corpo e Jesus é o cabeça do Seu corpo. Corpo e igreja nestas passagens estão no
singular. As igrejas locais são muitas, por isso não podem ser a igreja falada aqui.
Cristo teve só um corpo físico e assim Ele só tem um corpo místico, a Igreja. I Cor.
12 é também tomado juntamente com esta passagem onde a igreja como um corpo
é muito discutida. Estes argumentos para a teoria da igreja invisível é inteiramente
plausível à primeira vista, mas sob um exame mais minucioso são vistos sem
qualquer força real. Primeiro: Cristo é o Cabeça de cada igreja no sentido de que
Ele reina sobre aquela igreja e é a sua Autoridade final. Cristo é o Cabeça de cada
homem, isto é; Ele é a autoridade ou rei de cada homem (I Cor. 11:3).
Vemos nos três primeiros capítulos de Apocalipse, o Senhor Jesus Cristo no meio
de sete castiçais. Os sete castiçais são interpretados como sete igrejas em
particular. Jesus no meio revela claramente que Ele é o rei, autoridade e cabeça
delas. Ele elogia, repreende, exorta, avisa, dirige, como só um cabeça pode fazer.
Jesus é claramente revelado o cabeça delas aqui. Ele é o cabeça de cada uma destas
igrejas locais, sem nenhum problema envolvido. Nesta conexão devíamos notar
também que a igreja como um corpo é discutida mais completamente em I Cor. 12
e nesta passagem a cabeça, o olho e o ouvido são representados como vários
membros de uma igreja no Novo Testamento. A cabeça sobre o corpo é Cristo. Ele
o dirige; Ele é sua autoridade final. Mas cada parte do corpo, inclusive a cabeça, é
igual a certos membros de uma igreja. O marido é o cabeça da esposa no mesmo
sentido. Ela tem uma cabeça sobre os ombros, mas mesmo assim o marido é o
cabeça ou autoridade dela. I Cor. 12:12 afirma que o corpo humano é um e tem
muitos membros, e isto também é verdade sobre o corpo do Senhor, a igreja. O
texto diz realmente "assim é Cristo também" mas o contexto torna muito claro que
"Cristo" se refere a Seu corpo, a igreja.
Cremos que o escritor está usando "Cristo" como metonímia. O fato que se diz que
o corpo é um, é usado como argumento que o corpo aqui se refere a algo diferente
de uma igreja local, porque há somente uma desta igreja. Esta é a igreja universal
e invisível que é referida aqui como um corpo, de acordo com aqueles que
defendem esta teoria. Esta interpretação é muito superficial. É evidente que o
corpo falado no versículo 12 é um corpo humano, e que ele tem duas
características que são iguais às da igreja do Senhor. O corpo humano é um e tem
muitos membros. Estas características são vistas muito claramente ao
examinarmos qualquer corpo humano. É uma unidade; é indivisível; mas ainda é
composto de partes muito diferentes, cada uma com uma função particular. Isto
também é verdade em uma igreja do Novo Testamento. Os membros são reunidos
como um corpo, tendo certas coisas em comum. Um Senhor, uma fé, um batismo,
um propósito, uma Bíblia, etc. São algumas destas coisas que fazem da igreja uma
unidade, mas ainda cada membro é diferente. Deus tem dado vários dons a cada
um. Um pode ser um bom professor; outro um dirigente da música; outros podem
visitar; outro é muito habilidoso em relação a negócios, etc.; todos sendo
necessários para o trabalho de uma igreja. Os corintos precisavam desta
mensagem; eles estavam divididos e precisavam saber que os vários dons eram
todos importantes e cooperavam em harmonia na igreja deles. No versículo 27 esta
lição é aplicada diretamente à igreja em Coríntios. O artigo definido antes de
corpo não está no grego e então séria melhor traduzido assim: "Ora vós sois um
corpo de Cristo, e seus membros em particular".
Cremos que I Cor. 12:13 se refere à água do batismo, que o Espírito Santo nos leva
a receber. Este batismo nos admite como membros de uma igreja do Novo
Testamento. Quando lemos esta passagem notamos certas situações que cabem
perfeitamente numa igreja local, mas que são inteiramente contrárias à teoria da
igreja universal e invisível. Duas destas são vistas no versículo 26. Se numa igreja
local um membro sofre por causa da perda de seu filho, os outros membros
sofrerão também. Mas isto poderia ser verdade se estivesse se referindo à uma
igreja universal? Não! Os crentes na África, na China e na América do Norte não
podem sofrer com um crente em nosso país. Eles não tem jeito de saber sobre a
perda de um modo regular. O mesmo é verdade se um dos membros é honrado.
Ele aponta que num corpo o inteiro é dependente da diversidade do ofício dos
vários membros, e que cada membro é dependente do ofício de outros membros.
Então ela acrescenta: "Mas vós sois o corpo de Cristo (soma Christou), e membros
em particular..." Evidentemente aqui é a própria comunidade coríntia que é
chamada "corpo de Cristo". Isto depende não só da ausência de um artigo, mas de
"húmeis", que não pode significar "todos vós, os crentes".
Efésios 1:23 fala da igreja como "Seu corpo", que significa que pertence a Ele. Ele
a comprou; Ele a dirige e é servido por ela. Cremos que esta passagem e outras
semelhantes que se referem à igreja como um corpo e a Cristo como seu cabeça,
refere-se à igreja local e não à uma igreja universal e invisível. O significado
comum faz bom sentido, por isso deve ser mantido. O fato das palavras igreja e
corpo serem singular e terem o artigo definido não são prova contra estas
passagens que se referem à igreja local. O uso genérico da palavra e o artigo
definido é o que temos nestes lugares.
Efésios 3:10 e 21 também se referem à igreja local. A palavra nos dois lugares está
no singular e tem o artigo definido. Isto fará bom sentido de acordo com o
significado comum da palavra, interpretando-a nestes lugares como usadas
genericamente. A sabedoria multiforme de Deus é dada a conhecer a toda criação
de Deus pela mensagem que cada igreja do Novo Testamento prega e pelo plano
desta organização, que é dado por Deus. Sua sabedoria é vista particularmente
nesta passagem pelo fato de judeus e gregos poderem ser membros da mesma
igreja, trabalhando juntos para Ele. Deus é e será glorificado por uma igreja do
Novo Testamento, através do tempo e da eternidade por sua pregação de Jesus
Cristo como o plano de Deus para a salvação, e por aqueles que são convertidos e
edificados como resultado de suas mensagem. Deus planejou e deu a salvação em
Cristo, e isto traz glória a Ele eternamente, e àqueles que são salvos para sempre.
O trabalho de uma igreja do Novo Testamento traz glória a Deus para sempre.
Referindo-se a Efésios 3:10, Dayton diz:
A idéia na primeira destas duas passagens é que, os anjos de Deus, que são
chamados em outro lugar principalidades e poderes, podem olhar a este plano
maravilhoso de Jesus Cristo para a execução de Suas leis e para a promoção do
conforto e piedade do Seu povo, e virem nela evidências da sabedoria de Deus. Foi
um plano divino, caracterizado pela sabedoria infinita. Nada mais podia ser
possivelmente ter feito tanto bem. Os homens não creram nisto. Eles tem mexido
com o plano de Deus todo o tempo, tentando consertá-lo. Os homens o deixam de
lado, substituindo outros em seu lugar; mas para os anjos ele parece a própria
perfeição da sabedoria. E foi incluída no plano de Deus no estabelecimento da sua
igreja para que Sua sabedoria pudesse, através da igreja, ser conhecida aqueles
poderes e principados celestiais. Mas agora, qual foi este plano? Qual era esta
igreja? Era, como já vimos, uma assembléia local, na qual cada membro era igual
ao outro, e por quem, no nome de Cristo e por Sua autoridade, Suas ordenanças
deviam ser ministradas e Suas leis firmadas. O que há nestes textos que requeiram
uma grande coleção de todas as igrejas em uma, a fim de tornar a linguagem
apropriada? Suponham que um amigo na Inglaterra me escrevesse que está para
publicar uma nova história sobre as máquinas a vapor, "para que aos reis e
príncipes, em seus palácios e tronos, pudesse se tornar conhecida através da
máquina, a inteligência multiforme do inventor." O que vocês pensariam do senso
comum daquele homem, mesmo que fosse um Doutor em mecânica, o qual
insistisse que apesar da máquina a vapor ser definida e bem conhecida, havendo
uma vasta multidão de máquinas a vapor distintas e separadas, ainda houvesse, de
uma maneira ou de outra, um vasto aglomerado de uma máquina "universal",
consistindo de todas as máquinas a vapor do mundo reunidas em uma; ou que a
linguagem do meu amigo, quando fala de "mostrar a inteligência multiforme do
inventor através da máquina" é também incompreensível? Mas é assim que os
doutores da divindade relacionam sobre uma expressão semelhante de Paulo (A. C.
Dayton, Theodosia Ernest, Vol. II).
No quinto capítulo de Efésios eclesia é usada seis vezes nos versículos 23, 24, 27 e
32. Esta passagem é considerada por muitos defensores da teoria da igreja
universal e invisível como uma das passagens mais fortes para o estabelecimento
do ponto de vista deles. Dizem que "Cristo é o cabeça da igreja" é uma afirmação
que se refere à igreja invisível. A palavra igreja é usada genericamente aqui e
afirma uma verdade que se aplica a cada igreja. A primeira parte deste versículo,
23, usa das palavras genericamente e o fato nunca é questionado. "O marido" e "a
mulher" referem-se ao que é comumente significado por estes termos. O fato de
serem ambos singular e precedidos de artigos definidos não é considerado por
ninguém para provar que há um novo significado em mente aqui. O que se diz
aqui se refere a cada marido e a cada mulher. O significado comum tem bom
sentido e um novo significado não é necessário. Dizer que há um novo significado
para cada uma destas palavras, por causa do singular e do artigo definido,
pareceria ilógico e extremamente fora do normal a cada mente. E ainda este tipo
de prova é mantido como verdadeiro, com grande segurança, por defensores da
teoria da igreja universal invisível. Outras supostas provas para um novo
significado de eclesia aqui são que a igreja é dita como um corpo e que Cristo deu-
Se a Si mesmo pela igreja. Estes dois argumentos já foram considerados antes
nesta tese e reconhecidos como sem valor. As duas afirmações podem se referir a
cada igreja, fazendo perfeitamente um bom sentido.
É útil notar que esta passagem não está ensinando primeiramente sobre a igreja,
mas sobre a relação entre maridos e mulheres. A relação entre Cristo e a igreja é
usada para ensinar qual deve ser a relação entre marido e mulher. O apóstolo não
está introduzindo um novo ensinamento sobre alguma igreja universal invisível.
Ele toma a igreja, a qual todos conheciam, e ilustra verdades por meio dela, com
respeito a maridos e mulheres. O versículo 30 fala de uma igreja sendo o corpo
dEle e continua a elaborar falando de "sua carne e de seus ossos". O autor está
falando sobre a igreja de um modo figurado, como um corpo; corpo este que
pertence a Cristo e O representa assim, Seu corpo. Um corpo é feito de carne e
ossos, e assim outra maneira de designar a figura é elaborar em relação a seus
elementos e dizer "de sua carne e de seus ossos". A verdade só é elaborada um
pouco mais, porém é a mesma figura básica que se refere a cada igreja. Esta frase
contudo não está nos melhores manuscritos gregos.
A figura de uma noiva ilustra bem, verdades que dizem respeito à igreja, quando
se dá a ela seu significado comum. Cristo tem a liderança sobre ela e a amou
grandemente, o que foi mostrado Sua morte por ela. Cada igreja deve procurar
obedecer á palavra de Cristo, como uma boa esposa, reconhecendo Sua
autoridade, e deve ser composta de pessoas salvas, às quais Ele amou tanto que
morreu por elas. O significado comum faz bom sentido de Efésios a Colossenses,
por isso não precisamos procurar outro.
Esta é a primeira vez em que o Senhor usa a palavra no Novo Testamento. Antes
desta vez único significado que conhecemos para a palavra é assembléia, uma idéia
que envolve visibilidade e localidade com relação às pessoas. Se a palavra fizer
bom sentido, de acordo com este significado comum e único conhecido para a
palavra, ele deve permanecer e a nova idéia proposta, que é caracterizada por
idéias opostas, deve ser rejeitada. Um rápido exame mostra que a palavra faz bom
sentido aqui, de acordo com seu significado comum. Portanto a idéia da igreja
universal invisível deve ser rejeitada. Alguns insistem que Ele diria igrejas se
tivesse em mente o significado comum. Se um homem dissesse hoje: "Vou
construir meu armazém", não haveria certamente mal entendido quanto ao que
ele quer dizer por armazém. Todo mundo vai pensar numa construção local,
visível, onde os alimentos são vendidos. Um novo significado, com certeza, não ia
ser considerado por ninguém. Se esta pessoa que disse que ia construir, tivesse em
mente uma rede de armazéns, algumas de suas próprias idéias fariam dele um tipo
distinto de todos os outros de armazéns do mundo. Mesmo que planejasse ter uma
rede deles espalhados pela área, ainda assim sua afirmação faria bom sentido. Se
Jesus após considerar os vários tipos de assembléia no mundo decidisse construir a
Sua, com Seus próprios requerimentos peculiares para ser membro, ordenanças e
propósitos nela, e tivesse em mente que se multiplicaria e séria encontrada em cada
comunidade onde houvesse pessoas salvas, porque não poderia dizer: "edifiquei
minha assembléia"? É isto exatamente o que Ele tem em mente, como o resto do
Novo Testamento o prova. Jesus tinha em mente Seu tipo de assembléia em
distinção a outros tipos, quando disse: Minha assembléia. Ele estava usando o
termo genericamente.
Hebreus 12:23 é a última passagem que vamos discutir. Muitos tem certeza que
eclesia aqui significa definitivamente alguma coisa muito diferente do seu
significado comum. Eles pensam que é a igreja universal invisível. Outros crêem
que a palavra mantém seu significado comum de assembléia, mas não se refere ao
tipo de assembléia que o Senhor disse que edificaria e que vimos por todo o Novo
Testamento, mas outro tipo da qual haverá uma única, e será no futuro, no céu,
quando todos os santos se reúnem lá. Isto não mudaria o significado básico da
palavra que vimos, e cujo significado é o mesmo em cada passagem até aqui. Isto
traria outro tipo de assembléia cristã. Um tipo que teria seus próprios
requerimentos para se tornar membro e propósito. Isto faria quatro tipos de
assembléia que a palavra eclesia é usada para representar. Uma - o tipo grego de
Atos 19, outra - o tipo judeu de Atos 7:38, outra - o tipo cristão mencionado aqui, e
a última um tipo cristão mencionado em todos os outros usos da palavra no Novo
Testamento. O requerimento para se tornar membro deste novo tipo de eclesia
cristã mencionado aqui é só a salvação e seu propósito provavelmente séria a
comunhão e adoração, quando o tempo e lugar proibissem que seu propósito fosse
o de ganhar o perdido, batizando e ensinando-o. Cremos que esta opinião também
é errada, mesmo aceitando o significado comum de assembléia. Um novo tipo de
assembléia cristã deve ter provas nas Escrituras da sua existência. Se o tipo de
assembléia cristã vista em cada lugar até aqui faz sentido, devemos aceitá-la com
este significado, rejeitando assim um novo tipo. Aqueles que defendem um novo
tipo de assembléia cristã que agora está só em perspectiva e que realmente se
encontrará no céu depois, algumas vezes tomarão Efésios 5 como prova posterior
de tal assembléia. Efésios 5 faz bom sentido no único significado já visto, por isso
não vamos discuti-lo aqui.
Interpretando assim, o que cremos ser correto, faz a palavra eclesia ter um bom
sentido de acordo com seu significado comum de assembléia, e ao único tipo de
assembléia cristã vista por todo o Novo Testamento. Por causa disto não podemos
aceitar qualquer significado diferente para o termo aqui.
Capítulo VI
CONCLUSÃO
Para concluir devemos dizer que cada vez que eclesia aparece no Novo Testamento
ela faz sentido traduzida de acordo com o seu significado comum de assembléia, e
que cada vez a palavra é usada com um significado cristão refere-se a um só tipo
de assembléia cristã.
Pode-se dizer: "Para que tanta confusão? A idéia de uma igreja universal invisível
é praticamente a mesma representada pelas palavras reino e família." Há dois
perigos muito grandes. O primeiro é que, permitir que a idéia de uma universal
invisível fique firme, mina as Escrituras. Se pudermos dar a uma palavra um novo
significado porque faz bom sentido, poderemos mudar a Bíblia inteira para
satisfazer nosso capricho, e outra pessoa podia mudá-la para satisfazer o seu. Esta
idéia, se seguida, tornaria a Bíblia realmente sem significado e todos os outros
escritos também.
O outro perigo é que traz negligência por parte da igreja local. Se alguém é
membro de uma igreja invisível, o que é sempre considerado grande pelos que têm
tal idéia, quase sempre vai ficar satisfeito a negligenciar a igreja local. Sua
freqüência, ofertas e trabalho nela serão negligenciados de uma maneira qualquer,
geralmente porque crê que não é tão importante. Mesmo assim encontramos por
todo o Novo Testamento que a igreja local é sempre composta de salvos e que eles
trabalham nela. Os apóstolos estabeleceram igrejas, escreveram para elas e
mantiveram a organização em alta estima. Jesus em sua última mensagem
endereça-Se a sete delas e fala sobre elas de uma maneira que todos podem ver sua
grande importância. Muitos usam a teoria da igreja universal invisível como um
mecanismo de escape para se livrarem de trabalhar para o Senhor em Sua igreja
local, com os vários problemas em que sempre estão envolvidas. As igrejas no Novo
Testamento tiveram seus problemas. Ainda assim os crentes nunca são
encorajados a negligenciarem sua responsabilidade para com elas, e ficaram de
fora para julgá-las e agradecerem por fazer parte da verdadeira igreja universal
invisível. Esta atitude pode ser vista hoje em alguns e cremos que a causa é
encontrada em sua crença numa igreja universal e invisível.
SUMÁRIO
O que a palavra eclesia significa no Novo Testamento? Esta é uma pergunta que
procuramos responder nesta tese. A palavra igreja é a tradução comum de eclesia
no Novo Testamento. Não é uma boa tradução, já que igreja tem vários
significados hoje, os quais ninguém pode alegar para eclesia. Devemos ter isto em
mente, enquanto estudamos esta palavra, senão ficarmos enganados. Eclesia
significa assembléia no grego clássico e na versão dos Setenta. Ao nos
aproximarmos do Novo Testamento vemos que a palavra é admitida por todos
como tendo este significado em quase noventa lugares. Alguns contendem por
assembléia, outros por um novo significado melhor descrito como a igreja
universal invisível. Como podemos dizer qual é o certo? O princípio usado é dizer
que o significado comum deve ser aceito em cada lugar onde fizer sentido. Só
quando o significado comum não fizer sentido temos a permissão de dar-lhe um
novo. Seguindo este princípio vemos que a palavra assembléia faz sentido em cada
passagem contestada. Assim qualquer outro sentido deve ser rejeitado. Dizer que
ela tem um novo significado em face desta evidência é seguir um caminho falso de
interpretar, o que tornaria a Bíblia sem significado e poderia diminuir a
responsabilidade de uma pessoa à igreja local.