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RESENHA • IMPÉRIO

IMPÉRIO
Por Peter Pál Pelbart
Doutor em Filosofia e Professor no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP.
E-mail: ppelbart@uol.com.br

IMPÉRIO (trad. Berilo Vargas)


De Toni Negri e Michael Hardt
Rio de Janeiro : Record, 2001.

A nova ordem to que se instalaram nas últimas dé- política ou nacional localizada, é
imperial e seu avesso cadas, bem como as novas possibili- antes uma lógica presente por toda
A impressão que se tem ao ler Im- dades de reversão. Não faria sentido parte, uma estrutura de poder que
pério, escrito a quatro mãos pelo pen- resumir em poucas frases o rico en- se generalizou, uma nova forma de
sador e militante italiano Toni Negri quadre teórico proposto pelos auto- soberania correspondente à fase atu-
juntamente ao jovem filósofo norte- res, inspirados em um arco concei- al do capitalismo mundial integra-
americano Michael Hardt, é a de ter tual que vai de Maquiavel a Foucault, do. O Império é sem limites nem
em mãos, finalmente, um claro mapa de Espinosa e Marx a Deleuze-Guattari, fronteiras: engloba a totalidade do
do mundo contemporâneo. A excita- e no prolongamento de uma obra an- espaço do mundo, apresenta-se
ção intelectual que toma o leitor ao terior de Negri, intitulada O poder como ordem a-histórica, eterna, de-
embrenhar-se em suas 500 páginas constituinte (que acaba de sair agora, finitiva, e penetra na vida das popu-
vem do fato de que os autores tive- pela D&PA, em excelente tradução lações, não só nas interações, mas no
ram a coragem de pensar o contexto brasileira). Melhor seria escolher três corpo, na mente, na inteligência, na
atual em sua abrangência maior, pla- linhas de força que atravessam o pen- afetividade. Jamais uma ordem po-
netária, com um fôlego que não se samento dos autores, para dar uma lítica avançou a tal ponto em todas
via há tempos: leitura ao mesmo tem- pequena idéia do vigor e relevância as dimensões, recobrindo a totalida-
po histórica e filosófica, cultural e de sua empreitada teórica. de da existência, o espaço, o tempo,
econômica, política e antropológica. a subjetividade, a vida. No entanto,
A partir dela, aparecem os novos pro- O Império e é esse um dos pontos fortes do li-
cessos de dominação e assujeitamen- O Império não é uma entidade vro, esse poder já não se exerce ver-

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PETER PÁL PELBART

ticalmente, desde cima, de maneira dução e da reprodução da própria cape para pensar a resistência.
transcendente. Que o poder está por vida, penetrando corpos e consciên- É como se os autores dissessem:
toda parte, que não seja localizado cias, organizando a totalidade de a lógica imperial do pós-moderno
ou centralizado, que não paire aci- suas atividades. É a dimensão bio- removeu os últimos obstáculos para
ma da sociedade, significa apenas política da sociedade de controle. a subsunção real e total da socieda-
que sua lógica se modificou: ele se Quando o poder se torna inteira- de ao capital (Estados-nação, públi-
exerce agora de maneira mais ima- mente biopolítico, o conjunto do co/privado, sociedade civil, institui-
nente. A soberania tornou-se ima- corpo social é abraçado pela máqui- ções com função de mediação etc ),
nente ao capital – é a subsunção real na do poder, integrando suas múl- vampirizando como nunca o bios
da sociedade mundial ao capital. É tiplas dimensões e atingindo o pró- social. Mas com isto, ao mesmo tem-
o que os autores chamam, prolon- prio bios social. po, pôs a nu as sinergias da vida, os
gando uma intuição de Foucault e poderes virtuais da multidão, o po-
de Deleuze, de passagem da “socie- A multidão der ontológico da atividade de seus
dade disciplinar” para a “sociedade Poderia parecer, pela breve des- corpos e mentes, a força coletiva do
de controle”. Uma sociedade disci- crição de algumas características desejo.
plinar funciona através de disposi- evocadas até aqui, que a totalização
tivos disciplinares e mecanismos de produzida pelo poder imperial es- Resistência
inclusão e exclusão tais como a pri- vaziou o campo da conflitualidade A pergunta que fica é como esses
são, a escola, o manicômio, o hos- política. Ora, é aí que intervém uma elementos de virtualidade que cons-
pital, a universidade, etc. Ora, sabe- das linhas mais instigantes desse tra- tituem a multidão podem atingir um
se que tais instituições entraram em balho, ao conduzir a análise para o limiar de realização conforme a seu
colapso, porém sua lógica foi disse- nível do corpo biopolítico coletivo, poder, driblando as estratégias im-
minada. Uma sociedade de controle de sua produtividade própria e do periais que se esforçam em neutra-
pode prescindir dessas instituições espaço de comunialidade que ele lizar a potência subjetiva e explosi-
disciplinadoras (por isso parece cria. Basta tomar a reconfiguração do va da multidão, alienando-a de sua
muito mais democrática, flexível, trabalho, e a tendência crescente do produtividade. O único ponto de
aberta), pois seus mecanismos, mais trabalho imaterial (informação, ciên- partida possível é o espaço biopolí-
difusos, ondulantes, “imanentes”, cia, comunicação, serviços, cuidado tico (e não público) da multidão,
incidem mais diretamente sobre os etc) de constituir rede, de dar-se por considerado do ponto de vista do
corpos e as mentes dos cidadãos, associação, de instaurar cooperação desejo, da produção, do coletivo
seja através de sistemas de comuni- e espaços comuns de comunicação. humano em ação – da geração.
cação, redes de informação, ativida- Mais e mais o trabalho aparece como Como dizem os autores: “nós somos
des de enquadramento etc. Esses atividade produtiva da multidão (e os senhores do mundo porque nosso
mecanismos são interiorizados, e não do capital), de sua inteligência, desejo e nosso trabalho regeneram-
reativados pelos próprios sujeitos, conhecimento, paixão, afetividade, no continuamente”. É a multidão
no que os autores chamam de um criatividade, em suma, de sua vita- contra o Império, sua força irrepri-
estado de alienação autônoma. lidade. Ele produz uma comuniali- mível de criação de valor, seu traba-
Através de redes flexíveis, modu- dade expansiva, corresponde a um lho imanente, suas modalidades de
láveis e flutuantes, o poder muda a poder de autovalorização, é poder de cooperação, de comunidade, mas
sua cara, mas também sua extensão, agir, poder constituinte. É a multi- também de êxodo, de escape, de
seu alcance, sua penetração. Ele tor- dão, e não o Império, que cria, gera nomadismo.
na-se uma função integradora da e produz novas fontes de energia e O leitor termina o livro com vis-
vida da população. Foucault cha- de valor. O poder do Império é ape- lumbres vertiginosos, mas sem pala-
mava a atenção para o surgimento nas organizativo, não constituinte, vras de ordem nem propostas concre-
de uma modalidade de poder que ele parasita e vampiriza a riqueza tas. Ao recensear as formas de resis-
toma por objeto a vida da popula- virtual da multidão, é o seu resíduo tência atuais, desde certos modos de
ção, e que ele denominou biopoder. negativo. “O próprio Império não é deserção e defecção, de evacuação
Os autores seguem essa trilha e a uma realidade positiva”, dizem os dos lugares de poder, até a explosão
aprofundam, assinalando o quanto autores, em uma inversão teórica de revoltas virulentas, ora incomuni-
agora o poder se encarrega da pro- que abre uma poderosa linha de es- cáveis entre si, ora “globalizadas”, os

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autores insistem em que se trata de dão, tecer ontologicamente novas de- cluem os autores, o militante atual
lutas a um só tempo econômicas, po- terminações do humano, de vida. é chamado a ir além, e a participar
líticas, culturais, “biopolíticas” – pois Daí a nova imagem do militante vitalmente na cooperação produtiva
são lutas que têm por objeto a forma na era pós-moderna, diante da dis- da intelectualidade de massa e das
de vida. No entanto, apesar de sua solução da figura do povo. O mili- redes afetivas. “Esse militantismo faz
intensidade, e por mais que criem tante não “representa” ninguém, e ao da resistência um contra-poder e da
novos espaços e novas formas de co- lado dos que se revoltam contra o rebelião um projeto de amor”. A uto-
munidade, ainda parecem obsoletas. reino do capital, ele resiste de ma- pia que se entrevê nesse tom a um
É que uma exigência maior impõe-se neira criativa, investindo dispositi- só tempo cáustico e terno não con-
a cada dia: a de ir além da recusa, vos cooperativos de produção e de figura um contorno geométrico aca-
transpôr o Império para “sair do ou- comunidade a partir de dentro do bado com cores de um outro mun-
tro lado”. Trata-se de construir, no Império (não há como colocar-se do, mas apenas prolonga as linhas
não-lugar que as desconstruções das “fora” dele). Ao retomar as virtudes de força já presentes neste mundo,
últimas décadas deixaram, um lugar da ação insurrecional de dois sécu- em um telos coletivo e experimental
novo. A partir da sinergia da multi- los de experiência subversiva, con- da multidão.

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RESENHA • RULING THE WAVES: CYCLES OF DISCOVERY,
PETER PÁL
CHAOS,
PELBART
AND WEALTH FROM THE COMPASS TO THE INTERNET

RULING THE WAVES: CYCLES OF


DISCOVERY, CHAOS, AND WEALTH
FROM THE COMPASS TO THE INTERNET
Por Gilmar Masiero
Professor da Universidade Estadual de Maringá - PR.

RULING THE WAVES


De Deborah L. Spar
New York, San Diego, and London : Harcourt, 2001. 403 p.

Em Ruling the waves: cycles of posteriormente, a televisão por satéli- ção são freqüentemente mais impor-
discovery, chaos, and wealth from te, a indústria de software, a Internet tantes do que a superioridade da tec-
compass to the Internet, Deborah L. e a música digitalizada. nologia por si mesma. Em essência,
Spar analisa a evolução das inovações O primeiro objetivo do livro, se- Ruling the waves é um livro sobre como
científicas do início do século XV até gundo a autora, é simplesmente con- os mercados são estabelecidos e como
nossos dias. Baseado em estudos de tar histórias sobre a fronteira tecnoló- homens de negócios e governos, por
caso, o livro mostra que empreende- gica – narrativas que são fascinantes meio de esforços cooperativos, mui-
dores de visão que comercializaram por si mesmas e pouco conhecidas tas vezes moldam sua criação.
invenções no mercado mundial foram fora do mundo acadêmico. O segun- Como cientista política especializa-
a principal fonte de difusão tecnoló- do objetivo é utilizar essas histórias da em negócios internacionais e
gica e continuada inovação. No início para unir os atuais desenvolvimentos professora da Harvard Business
do século XV, o desenvolvimento de tecnológicos – os da fronteira do co- School, Spar tem as credenciais ne-
tecnologias como o astrolábio e o com- nhecimento – com suas raízes histó- cessárias para analisar essa área. An-
passo foram cruciais nas descobertas ricas. O terceiro objetivo é examinar teriormente, havia escrito estudos de
realizadas pelos exploradores espa- o papel e as regras da inovação tecno- caso e livros examinando temas
nhóis e portugueses. Spar argumenta lógica ao longo da história. como: a fronteira tecnológica; os as-
que os empreendedores exerceram o Em termos de mercado, a forma pectos econômicos e sociais das ino-
mesmo papel no desenvolvimento de como as regras são estabelecidas na vações tecnológicas; a tecnologia de
outras importantes tecnologias, como fronteira tecnológica e quem desem- informação; e a Internet, a tecnolo-
o rádio na metade do século XIX e, penha o papel principal em sua cria- gia e o Estado. Seu último livro –

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RESENHA • RULING THE WAVES: CYCLES OF DISCOVERY,
RESENHACHAOS,
• IMPÉRIO
AND WEALTH FROM THE COMPASS TO THE INTERNET

Attracting high technology investment: mentações em países como Inglater- detalhadamente quanto poderiam.
Intel’s Costa Rican Plant –, publicado ra, Japão e Austrália, onde os automó- Como regras e padrões são estabele-
em 1998, é de particular interesse. veis possuem a direção no lado direi- cidos por governos nacionais ou por
Entre outras obras encontram-se: The to (em vez do lado esquerdo como é meio de acordos internacionais, o
comparative edge: the internal politics of comum nas Américas e em quase toda comportamento governamental pode
international cartels (1994) e Beyond Europa), não impediram o surgimen- ser tão central quanto o das empresas
globalism: remaking american foreign to de impérios tecnológicos na indús- na determinação do aparecimento e
economic policy (1988), este último tria automotiva. expansão de dada tecnologia. Por
escrito com Raymond Vernon (1913- No primeiro capítulo, “The first exemplo, os governos europeus foram
1999). wave”, Spar descreve como os três sé- mais intervencionistas na regulação de
No prólogo de Ruling the waves, culos de desenvolvimento euro-ame- empresas e mercados que os governos
Spar delineia o padrão ou fase domi- ricano foram impulsionados pelos dos Estados Unidos. Infelizmente,
nante comum de cada estudo de caso descobrimentos da tecnologia de na- Ruling the waves não dá indicações de
apresentado – inovação, comerciali- vegação, pelas crenças e desejos de como essas diferenças podem ser
zação, anarquia criativa e regras, cada pioneiros e pelos piratas. A autora sa- explicadas. Os argumentos de Spar
uma delas com seu próprio ritmo e lienta o papel e o comportamento dos sobre o ambiente regulatório certa-
velocidade. Os principais atores das pioneiros, que percebiam oportunida- mente poderiam ser aprofundados por
histórias são os “pioneiros”, os “pira- des e adaptavam-se por meio da ex- meio de um análise das diferenças de
tas” e os “profetas”. Os casos dos “gu- perimentação. Nos sete seguintes ca- comportamento dos governos e do im-
rus” tecnológicos como Marconi, pítulos do livro, Spar concentra-se na pacto que as mesmas podem gerar em
Sarnoff, Murdoch e Gates ilustram o indústria da comunicação. O surgi- termos de avanços tecnológicos.
fato de ser a criação de mercados, e mento e a queda dos monopólios te- O livro de Deborah Spar deve ser
não o desenvolvimento de novos pro- legráficos no século XIX é discutido, lido por cientistas políticos, econo-
dutos ou invenção de novas tecnolo- considerando os primeiros esforços de mistas e homens de negócios. A obra
gias, a chave do sucesso. O mais im- Samuel Morse na comercialização de proporciona uma maior compreensão
portante é a estratégia empregada pe- sua invenção – o telégrafo - além das das forças que impulsionaram a fron-
los empreendedores tecnológicos fronteiras de seu laboratório. teira tecnológica nos últimos cinco
para criar mercados – manipular e A indústria da comunicação exibe séculos. A autora apresenta evidên-
controlar o processo de regulamen- os clássicos atributos da fronteira tec- cia efetiva que os direitos de proprie-
tação que substitui velhos padrões e nológica: a fase de inovação, com in- dade não são suficientes para garan-
regras por novos que, por sua vez, ventores como Morse e outros, e a fase tir o sucesso de qualquer empreen-
favoreçam suas tecnologias. da comercialização, com uma nova dimento. Coordenação e competição
Spar é persuasiva. Segundo ela, o casta de pioneiros como Cooke, entre empresas, extensivamente des-
sucesso de impérios tecnológicos está O’Rielly e Field, também responsáveis critas nos casos, também são impor-
baseado na habilidade de impor não pela fase do caos. Eles construíram tantes aspectos do processo. Final-
só seu direito de propriedade, mas muitas linhas e códigos diferentes e mente, as interações entre governos
também de fazer valerem os padrões incompatíveis que originaram proble- e empresas são da mesma forma cru-
que regulam as novas tecnologias ou mas de coordenação extremamente ciais, uma vez que estabelecem pa-
novos mercados. O que não está cla- difíceis. Para resolver esse caos e as- drões, regulam a competição e, fre-
ro, porém, é se o estabelecimento de segurar o sucesso de suas indústrias, qüentemente, por meio de empresas
regras e padrões cruciais para o su- os pioneiros foram obrigados a criar estatais ou outros arranjos, desenvol-
cesso das empresas na fronteira da tec- regras de acesso – normas, padrões, vem a fronteira tecnológica.
nologia de informação também o é códigos e preços. Assim, o aparato go- O debate sobre como a inovação
para outras indústrias. Normalmente, vernamental não desenvolve seu pa- tecnológica é iniciada e sustentada está
as empresas são capazes de adaptar pel critico de regulador nas primeiras longe de qualquer conclusão. Contu-
seus produtos para distintos padrões fases, mas somente nas últimas duas. do, pode-se dizer que esse novo livro
e regras, realizando pequenas modifi- Apesar da importância que Spar dá de Spar traz uma grande contribuição,
cações. A adoção do sistema métrico, ao estabelecimento de regras, as inte- merecendo ser considerado por todos
por exemplo, parece ter pouco impac- rações entre empresas e governos, en- os envolvidos no desenvolvimento de
to no domínio do mercado. Regula- tretanto, não são analisadas tão velhas e novas tecnologias.

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INDICAÇÕES
PETER PÁL
BIBLIOGRÁFICAS
PELBART

A MULHER, O FEMININO E AS ORGANIZAÇÕES


Quando se pensa em bibliografia indicada sobre mulher e fe- tões que contemplem também outros olhares sobre a temática:
minino em uma revista de Administração de Empresas, a pri- aquele da Psicanálise, da Sociologia, da Psicologia, da Antro-
meira idéia que ocorre é que a abordagem seja sobre mulher, pologia e da Política. Abordagens que possibilitam uma análi-
trabalho e organizações no sentido mais estrito do tema. Po- se crítica do longo processo de inserção da mulher na socie-
rém, Maria Irene Betiol, professora do departamento de Fun- dade ocidental em busca da cidadania e da construção de si
damentos Sociais e Jurídicos da FGV-EAESP, opta por suges- mesma como sujeito na história.

MULHER E MITO Georges Devereux. Campinas : Papirus Editora, 1990. 328 p.


O autor, etnólogo e psicanalista, aborda a questão feminina e as relações entre os sexos por meio da
análise da mitologia grega, suas deusas e heroínas e as interpretações da Psicologia e da Psicanálise.
Para Devereux, “o valor igual de homens e mulheres está no fato de que, em uma espécie sexuada, o
homem pressupõe a mulher como a mulher pressupõe o homem. Sua diversidade garante o sentido de
cada um dos dois e prova a igualdade de seu valor”. Livro para quem aprecia mitologia e psicanálise.

DESLOCAMENTOS DO FEMININO – a mulher freudiana na passagem para a modernidade Maria Rita Kehl. Rio
de Janeiro : Imago, 1998. 345 p.
O feminino e a Psicanálise são o foco deste livro. A autora, psicanalista, aborda, como diz o próprio
título de seu trabalho, os deslocamentos que a mulher, na modernidade, faz ao longo da vida para
deixar de ser, tão somente objeto de desejo do outro para ser, também, sujeito desejante e sujeito de
um discurso que lhe é próprio, tornando-se o ser de linguagem e cultura de que fala a Psicanálise.
A proposta da autora é, pois, em suas palavras, “examinar e contribuir para ampliar o campo a
partir do qual as mulheres se constituem como sujeitos.”

GENDER, POWER AND ORGANISATION – a psychological perspective Paula Nicolson. London and New York :
Routeledge, 1996. 174 p.
A autora examina as formas pelas quais a estrutura patriarcal interfere na vida cotidiana da mulher
e em seu progresso na carreira profissional e os impactos psicológicos desta estrutura na construção
da própria subjetividade, na auto-estima e na identidade de gênero, bem como suas implicações na
saúde física e emocional da mulher. Discute o papel do feminismo para a compreensão da vida
organizacional e a elaboração de estratégias de apoio recíproco diante das dificuldades que as mu-
lheres enfrentam na carreira profissional.

GENDER, SYMBOLISM AND ORGANIZATIONAL CULTURES Silvia Gherardi. London, Thousand Oaks, New Delhi :
SAGE Publications, 1995. 202 p.
A autora, socióloga italiana, coloca sua própria experiência cotidiana e suas pesquisas para ilustrar
a temática. Trabalha com o pressuposto de que um discurso sobre gênero é sempre um discurso
político e que as culturas organizacionais diferem conforme o simbolismo de gênero adotado. Argu-
menta que a desigualdade de gênero está tornando-se embaraçosa em sociedades ditas democráticas
e propõe formas mais criativas nas relações de gênero através da pluralidade de vozes.
Livro extremamente instigante para quem se interessa pela questão de gênero nas organizações.

ORGANIZATIONAL CHANGE & GENDER EQUITY – international perspectives on fathers and mothers at the
workplace Linda L. Haas, Philip Hwang, Graeme Russell Editors. London, Thousand Oaks, New Delhi : SAGE
Publications, 2000. 291 p.
Esta coletânea de artigos aborda três grandes temas em diferentes países de três continentes. O
primeiro tema trata da questão do trabalho e da vida familiar e os possíveis arranjos do casal frente
à dupla demanda; o segundo diz respeito às diferentes políticas organizacionais face à dupla de-
manda; e o último tema trata de mudança organizacional e equidade de gênero. O livro avança no
sentido de integrar esferas sociais tradicionalmente vistas como excludentes. O ingresso da mulher
no mercado de trabalho tem levado a sociedade e as organizações a repensarem novas formas de
arranjos sociais.
Tema de interesse para o campo da Administração, estudos internacionais e políticas de gênero.

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INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

CRIAÇÃO DE VALOR AO ACIONISTA


Criação de Valor ao Acionista é um tema atual que vem se diferenciam das demais técnicas de administração, por-
sendo divulgado na literatura pela área financeira. Entre- que habilitam dirigentes e gestores a utilizar, de maneira
tanto sua abrangência é ampla atingindo a estratégia, mis- mais eficiente, os recursos humanos e financeiros disponí-
são e valores da empresa como é possível observar na lista veis em seus negócios. Os instrumentos propiciam respos-
que se segue elaborada pelo Professor Oscar Malvessi, con- tas com alternativas tangíveis, rápidas e claras, demons-
sultor e professor adjunto do departamento de Contabili- trando os caminhos para obter retorno econômico nos in-
dade, Finanças e Controle da FGV-EAESP. vestimentos, criando valor ao acionista e demais colabora-
As metodologias com foco na Criação de Valor ao Acionista dores do negócio.

CREATING SHAREHOLDER VALUE: A guide for managers and investors Alfred Rappaport. New York The Free
Press, 1998 – revised and updated. 205 p.
Rappaport é um dos pioneiros na apresentação metodológica do conceito de Criação de Valor ao
Acionista. Utiliza os conceitos do Lucro Econômico e de fluxo de caixa descontado como instru-
mentos de avaliação da administração e evolução da performance das empresas. Põe em evidência
as deficiências que os conceitos tradicionais de análise apresentam e as diferenças e benefícios pro-
porcionados pelo uso da metodologia de Criação de Valor no estabelecimento de estratégias empre-
sariais e remuneração aos gestores.

THE QUEST FOR VALUE – A guide for senior managers G. Bennett Stewart, III. Harper Business, New York, NY –
1991 – 781 p.
Neste livro, Stewart introduziu a metodologia do EVA‚ – Economic Value Added. Desenvolve os
conceitos demonstrando as vantagens da utilização da abordagem com foco na Criação de Valor ao
Acionista - EVA‚ para a correta análise do desempenho econômico-financeiro da empresa, quando
comparados com os conceitos tradicionais de análise. Demonstra a utilização da metodologia com a
aplicação das fórmulas tomando empresas como exemplos. Defende o uso do EVA‚ para o estabele-
cimento da remuneração variável e apresenta instrumentos a ser utilizados na definição dos incen-
tivos aos gestores que criem valor ao acionista.

VALUE BASED MANAGEMENT. The Corporate Response to the Shareholder Revolution John D. Martin e J. Willian
Petty – Harvard Business School Press, Boston - 2000 - 249 p.
Martin e Petty apresentam os conceitos e instrumentos para a utilização do VBM, metodologia que
tem a finalidade de direcionar a administração da empresa para a criação de valor ao acionista.
Demonstram que as principais metodologias que defendem a criação de valor ao acionista, utilizam
entre outros conceitos, o tradicional método do fluxo de caixa descontado, para avaliar novas opor-
tunidades de investimentos. Apresenta as vantagens e desvantagens com o uso dos métodos e a
contribuição para a criação de valor, como também faz a conexão com o sistema de remuneração
variável aos gestores.

IN SEARCH OF SHAREHOLDER VALUE. Managing the drivers of performance Andrew Black, Philip Wright e John
E. Bachman – Pitman Publishing, London 1998 – 292 p.
Os autores descrevem os conceitos da metodologia de criação de valor, usando os direcionadores
de valor das atividades como indicadores chaves de medidas, bem como os instrumentos ao qual
a criação de valor pode ser mensurada. Apresentam os conceitos para a determinação do custo
médio ponderado de capital e demonstram as aplicações da criação de valor em vários setores e
países.

THE VALUE IMPERATIVE. Managing for Superior Shareholder Returns James M. McTaggart, Peter W. Kontes e
Michael C. Mankins – The Free Press, New York, N.Y. 1994 – 366 p.
Os autores defendem que a administração de valor deve ser direcionada ao objetivo estratégico da
empresa para se obter, consistentemente, a criação de valor ao acionista. Demonstram a amplitu-
de conceitual do tema e a necessidade de entender e aplicar os direcionadores de valor nas ativi-
dades da empresa e/ou unidades de negócio. Enfatizam o uso da estratégia como instrumento de
administração para melhorar a performance da empresa que tem como objetivo a criação de valor
ao acionista.

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