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Indicações bibliográficas:
• Manuais: “Manual de Processo Civil Vol. Único”, Daniel Amorim Assumpção Neves;
“Processo Civil”, Humberto Theodoro Jr.; “Curso de Processo Civil”, Fredie Didier; “O Novo
Processo Civil Brasileiro Vol. Único”, Alexandre Câmara; “Processo Civil Vol. Único”,
Cássio Scarpinella Bueno;
• Códigos Comentados: “Código Processual Civil Comentado”, Daniel Amorim Assumpção
Neves; Marinoni.
Palavras-chave:
• Jurisdição Voluntária.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
CARACTERÍSTICAS
Inquisitoriedade.
Ao falar em “sistemas processuais”, é tradicional a divisão entre sistema processual inquisitivo e
sistema processual dispositivo. O inquisitivo é um sistema fortemente amparado nos poderes do
juiz, ao passo que no dispositivo há uma base na vontade das partes.
O CPC/15, no art. 720, caput, passa a exigir para a instauração da jurisdição voluntária a
provocação da parte, do MP ou da Defensoria Pública. Tal dispositivo mantém a regra da inércia
da jurisdição.
O art. 738, que trata da herança jacente, e o art. 744, que trata a arrecadação de bens do
ausente, podem ser iniciados de ofício.
A segunda circunstância são os poderes instrutórios do juiz. Eles também estão na jurisdição
contenciosa. Porém, a diferença é que nesta os poderes instrutórios do juiz têm natureza
subsidiário, nos termos que a atividade oficiosa do juiz é complementar a das partes, ou seja, o juiz
atua quando as partes não atuarem.
Na jurisdição voluntária, a atuação probatória do juiz é considerada como principal. Ele atua
junto das partes e tem um poder para ser exercido de forma principal, e não apenas subsidiária.
Além disso, na jurisdição voluntária pode conseguir uma sucumbência integral de ambas as
partes, ou seja, juiz pode decidir contra ambas as partes. Ele pode não concordar com o acordo
das partes. Isso não acontece na jurisdição contenciosa, pois ou uma ganha ou há sucumbência
recíproca.
O último poder é o juízo de equidade. O art. 723 do CPC/15 é expresso no sentido de liberar
o juiz, na jurisdição voluntária, da legalidade estrita, podendo dar a solução que lhe parecer mais
oportuna e conveniente.
Ainda que a questão legal esteja em termos, ao juiz é dado negar a tutela se entender que a
pretensão pretendida não é a mais adequada, a mais conveniente.
Entende que não é jurisdição, pois na A teoria concorda que não inexiste
jurisdição voluntária inexiste o caráter caráter substitutivo. Porém, lembra
substitutivo. Afinal, o juiz não substitui que o caráter substitutivo não é
a vontade das partes – ele torna a essencial à jurisdição.
vontade das partes eficaz. Ele libera
os efeitos jurídicos da vontade das
partes.
Na jurisdição voluntária não há partes. Diz que o que não tem é a parte
Os sujeitos da jurisdição contrária. Não existe parte contrária
sem parte; mas existe parte sem
voluntária são interessados. parte contrária. Parte é quem pede e
contra quem se pede. Contra quem se
pede é a parte contrária; quem pede é
a parte. E se pede algo na jurisdição
voluntária.
Não há processo, mas tão somente Porém, vai ter procedimento, relação
procedimento. jurídica processual e contraditório na
Processo é um procedimento jurisdição voluntária.
animado por uma relação jurídica
processual em contraditório. O Somente na ação probatória
processo tem 3 elementos: autônoma, da jurisdição contenciosa,
procedimento, relação jurídica que traz vedação ao contraditório.
processual e contraditório (informação Então é óbvio que se tem processo.
somado a possibilidade de reação –
podendo reagir ou não).
TUTELA JURISDICIONAL
Como era de se esperar, há várias maneiras de se classificar a tutela jurisdicional, a depender do
critério usado. Vamos trabalhar com os mais tradicionais.
CLASSIFICAÇÕES
São 3 subespécies, mas em todas tem um elemento comum: a declaração do direito. Para
condenar o réu ao cumprimento de uma prestação, ou para criar, modificar ou extinguir uma relação
jurídica, precisa declarar o direito. É o elemento que une todas em um grupo só: revelar o direito,
dizer o direito, reconhecer o direito.
A segunda tutela é a tutela jurisdicional executiva (execução). Ela resolve uma crise só: a
crise de satisfação, ou seja, para satisfazer o direito. Seria um cumprimento de sentença (tutela
executiva judicial). E, pelo art. 297, caput, a efetivação da tutela provisória, é a mesma crise sendo
resolvida, sendo uma tutela executiva.
A terceira é a tutela jurisdicional cautelar, que resolve a crise do tempo ou crise do perigo
gerado pelo tempo. Carnelutti dizia que o tempo necessário a obtenção de uma tutela definitiva
acaba funcionando como inimigo da efetividade da tutela. Quando o tempo coloca a definitividade
em risco, há uma crise de perigo, que tradicionalmente era resolvido pela tutela cautelar. A partir de
94 e reafirmado no CPC/15 esse tipo de crise não é apenas mais resolvido só pela tutela cautelar,
mas também pela tutela antecipada. E isso é indiscutível, nos termos do art. 300, caput, do CPC/15,
que tornou homogêneo os requisitos da tutela antecipada e cautelar; as diferenças são
procedimentais.
A tutela preventiva, voltada para o futuro, tem um pequeno problema. É frequente chamar tal tutela
como tutela inibitória, como se as duas fossem sinônimas. A tutela preventiva se divide em duas
espécies: tutela inibitória e tutela de remoção do ilícito.
A tutela inibitória é uma tutela que busca evitar a prática de ato ilícito no futuro. Isso se dá de três
formas. A primeira é evitar a prática originária do ato ilícito, ou seja, a tutela inibitória pura. Impede
a própria violação do direito. A segunda é para evitar a repetição de ato ilícito. E a terceira é evitar
a continuação de prática do ato ilícito. EXEMPLO: Agressão ao meio ambiente pela poluição.
Precisamos fazer uma observação: cabe a tutela inibitória no processo coletivo? Há algum tempo
a tutela reparatória era considerada ineficaz para a tutela de direitos indisponíveis. E ai, como
alternativa a tutela reparatória, surge a inibitória. Assim, não é só possível, como a tutela inibitória
surge no sistema para tutelar aqueles direitos como os do processo coletivo. EXEMPLO: Ou então
acabaria com o meio ambiente, e depois tentaria uma indenização sem eficácia.
Se partirmos da premissa que a tutela inibitória evita a prática do ato ilícito, passa a ser necessário
a compreensão do que é ato ilícito. O art. 186 do CC faz uma confusão. Diz que o ato ilícito é o ato
contrário ao direito, praticado com culpa ou dolo e que gere dano. Porém, o que esse dispositivo
está fazendo é prever os requisitos da tutela reparatória, e não conceituando ato ilícito. A partir do
momento que entende ato ilícito como tão somente um ato contrário ao direito, para fins de tutela
inibitória os outros elementos são irrelevantes (o próprio dano é irrelevante). E o art. 497, caput, do
CPC/15 é expresso nesse sentido.
Já a tutela de remoção do ilícito, aqui tempos ato ilícito já praticado e que não é continuado, e que
não pode ser repetido. Mas qual seria a diferença para a tutela reparatória? Esse ato ilícito já
praticado e que não pode ser repetido continua a gerar efeitos. Então, a tutela da remoção do ilícito
busca evitar a continuidade da geração desses efeitos. E por isso ela é preventiva, já que é voltada
para o futuro. EXEMPLO: Empresa alugou um galpão e, atrás dele, tinha um rio. Ficou um ano lá e
polui o riu e o solo com lixo tóxico. Com estudos geológicos, descobriu-se que pode resolver a
contaminação do solo caso retire 3 metros de terra. Essa remoção da terra não visa reparar o dano,
mas tão somente fazer com que os efeitos do ilícito se cessem.
Por outro lado, a tutela reparatória é voltada a reparação de dano. Se assim o é, ela está voltada
para o que já aconteceu, para o passado. Salvo na tutela inibitória pura, a tutela preventiva é
absolutamente cumulável com a tutela reparatória.
Descarta o dano marginal, por exemplo, os custos do processo, o aborrecimento, etc. Isso ninguém
vai pagar.
Já a tutela pelo equivalente em dinheiro é a conversão em perdas e danos, que se configura como
a renúncia a tutela específica. Não vai receber o que exatamente receberia, mas o equivalente em
dinheiro.
A primeira é a impossibilidade jurídica e/ou material da tutela específica. A opção aqui é ficar sem
tutela ou com a tutela pelo equivalente.
Vamos imaginar uma obrigação de pagar quantia. Nesta, a única tutela possível é a tutela
específica. Isso, porque ou o sujeito recebe ou não. Somente na obrigação de fazer, não fazer e
entregar que se tem a conversão em perdas e danos, que nada mais é do que a conversão dessas
obrigações em uma de pagar quantia.
Um segundo comentário é que a tutela preventiva é sempre tutela específica. Isso porque ela é
voltada para o futuro, então sempre irá entregar algo que pode ser feito voluntariamente pelo réu.
Já a tutela reparatória pode ser específica – quando for, a doutrina chama de tutela reparatória in
natura; e também teremos a tutela reparatória pelo equivalente em dinheiro.