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Anexo 3 NOTAS SOBRE GRUPOS Supe José Casetro? Por que trabalhar com grupos? Temos visto que a saiide é também determinada por fatores bem mais amplos que 0 dos organis 8. Do mesmo modo, os p satide nio sesiam ocorréncias puramente individuais; pode-se observar como costumam envolver muitas pessoas, afetando- as direta ou indiretamente. Por exemplo, alguém que adoece vive mudangas no seu modo de vida, mas o mesmo ocorre com coutras pessoas 2 ele associa ‘asaide poderia ser pen- sada como sendo relativa a mais do que um, pois mesmo que ‘08 onganismos paregam adoecer “individualmente”, a0 menos seu cuidado envolveri sempre mais sujeitos: uma rede de con- tatos poder ser acionada para tomar e manter providéncias, profissionais poderio ser solicitados a intervir; siguém poder ser uma peca importante no esforco do tratamento, etc. ‘Além disso, € pelos lagos entre pessoas que se constituem 4s alegrias, os divertimentos, as realizagbes de projetos e pro~ dugées que estimulam, dio sentido ¢ tornam melhor a vida que se vive, favorecendo a sate, Dai a opgao de, neste semnes- tre, trabalharmos em equi momento da formacio em que jé que considerem as diversas dreas p: necessidades que comeramos a id 1 Material didtico sedigido a pani de dscastes cleivas dos docentes ‘qe integravam o exo Trabho om Sade em 2007. 290 particularmente no semestre anterior, no qual procuramos ouvir uma histéria em profundidade. Para auxiliar neste tra- balho, seguem algumas notas iniciais sobre grupos, que po- derio ser actescidas de muitas outras que pudermos ir iden- tificando no caminho, Série versus Grupo Pessoas podem se reunir de muitas formas. Podem fizer uma fila, por exemplo, e nfo se sentirem associadas umas is outras, a ndo ser naquela ordenagio pratica; este seria o exem- plo mais tipico da série, Mas sea fila para de andar e as pessoas comecam a conversar entre si sobre a situagio e a discutir um meio de resolvé-la, entio teriam constituido um grupo (Lan~ cetti, 1993), Identificamos também a série quando, num agrupamento, ‘vemos os sujeitos ocuparem-se somente de questdes individuais, procurando meios de se fizer notar e tentando obter a resolu 40 dos seus problemas.’ Passar da série para 0 grupo pode exigir um trabalho a ser feito, procurando-se criar condigées para que se tecam, ou ce fortalecam, os lacos entre os sujeitos. ‘final, estes lagos, como afirmamos antes, teriam uma impor~ tante participacio nos processos de satide-doenga-cuidado, Deveriamos entio estimular a unidade do grupo, pro~ curando evitar e eliminar as dissonAncias internas?’Trata-se de uma ideia que jé seduziu muita gente: se somos um grupo, devemos pensar e agir de forma unissona; claro que, assim, quem insistirem ser diferente serd visto como inimigo ¢ grande ameaga 4 coesio conquistada. Um grupo que se forma segun- do este ideal da unidade tende a representar-se como sendo melhor do que outros, a estes como inferiores, e valorizar a “pureza” dos seus elementos. Isto poderé induzi, inclusive, forte coesio grupal. Um dos problemas desta dintimica é 0 que fazer com as diferengas que vio insistir em aparecer. A elas s6 restaré serem. expurgadas, ¢ a sobrevivéncia do grupo ficard condicionada a ‘operagdes constantes de controle, repressio e eliminagio da diversidade, 0 que produziré softimento e consumiré muito esforso e energia, sendo o melhor resultado possivel a manu- tengio do mesmo: mudangas aqui nfo serio bem-vindas. Simpatia, competigio © cooperagio Porém, além da série ¢ do grupo sem dissonincias hé outeas possibilidades. Uma delas é resultado da “simpatia’, Nio se trata de fazer com que todos sejam agradiveis a todos, ‘© que, além de impossivel, setia um bom estimulo a hipocri- sia, Mas se tomarmos a palavra no sentido mais préximo da- ‘quele de sua origem, o de “sentir com’, poderemos pensar no cexercicio deste afeto que pode nos ligar sem exigir que seja- ‘mos iguais no pensar e agir, ou que est ‘em tudo, ou que nos amemos, ou que se} ‘mos uma familia, ete. Ele implica numa capacidade de perce- ber-se implicado, de algum modo, no softimento ou na alegria dos demais. ‘Mas é dificil ser simpitico a alguém que parece nos amea- sar. Se a situagio for de competiglo entre pessoas, por exem- plo, 0 outro é alguém cujo sucesso implica no nosso fracasso. Nio faz muito sentido desejar o seu bem, pelo menos aio tanto quanto para nés. Mas a “sociedade” no é inevitavelmen- +e competitiva? Nao se trata de um “instinto natural”? Este de fato, o senso comum sobre o tema. Porém, muitos trabalhos questionam estes pressupostos, mostrando possibilidades di- 292 versas de organizagao grupal (Brotto, 2000). Com isso nio se pretende negara existéncia da competicio, mas problematizar a ideia de que ela seja a forma inevitével (e mais produtiva) de associagao humana, Diferent poisyde desejar a competiglo, pode-se sentem-se estimulados por desafios. Nao pensar em desafios que implicassem em cooperacio; ao invés de competicio. Nos grupos que iremos ‘acompanhar, poderemos ficar atentos a isso. Haverd provavel- ‘mente uma tendéncia nossa e dos componentes em propor atividades competitivas. Mas hé um grande acervo de jogos cooperativos que podem ser explorados para o exercicio deste ‘outro modo de vencer desafios em que o sucesso de um ajuda no de outro. Alguém, no entanto, poderia langar a seguinte questo: ‘mas isso no estimula a dependéncia entre as pessoa deveriamos, ao contrério, trabalhar pela autonomia d Pteocupasio é procedente, pois sabemos que podem existic relagbes cronificadas de dependéncia, que nio conseguem aju- dar na superagio de dificuldades, Por outro lado, se olharmos para as relacdes pessoais e institucionais que temos, podemos ver que elas nunca caracterizam uma completa independén- cia, mostrando-nos, a0 contritio, sempre vinculados a (c, de certo modo, apoindos em) outros. Ou seja, 0 que podemos vir |, @conquistar é a interdependéncia, uma condigio em que se depende de um conjunto significativo de relagées, O proble~ mitico parece ser a dependéncia de poucas relagdes ou coisas, © que nos impede de ampliar as possibilidades de vida (Ki- noshita, 2001), A equipe e seus objetivos ‘Tudo que estantos falando sobre grupos vale para a equipe que vai preparar as oficinas: Esta equipe no tem, provavel- ‘mente, uma histéria anterior de trabalho conjunto, de modo 293 que esta serd sua primeira experiéncia. Porém, nio partiré do zero, Cada membro traz. a meméria do acompanhamento do semestre anterior, e também seu percurso de vida, que resultou nna aquisicio de habilidades diversas. Alguém pode saber sobre ‘iésica, outro tem jeito para conduzir jogos, outro tem boa capacidade de observagio ou de escuta. A equipe, portanto, parte de uma riqueza propria, que poderia ser interessante explorar, Sabemos quais si0 08 talentos dos colegas? Em adi~ «#0, temos os conhecimentos das Areas profissionais que jé fo- ram aprendidos até aqui. Os recursos e conhecimentos dos membros da equipe, centretanto, no fio mais do que a eaixa de ferramentas disponi- vel, nfo devendo eles determinar o que seré feito com os grupos. No devemos decidir 0 que fazer na area da sate por aquilo por aquilo que promete atingir um obje- tivo desejvel. Este objetivo deverd ser ajustado as possbilidades da equipe, claro, mas é ele que deverd ser o guia do trabalho. Entio, devemos definir 0 objetivo do trabalho. O que pretendemos com as agdes de saide que vamos realizar? O que almejamos alcangar? Esta é uma parte trabalhosa do pro~ cesso, ¢ tendemos a negligencié-Ia. Mas vale a pena gastar um tempo para que a equipe chegue a uma formulago negociada com todos, mesmo que provis6ria e sujeita a transformagées no decorrer do processo. Quando, depois, houver decisbes a tomar, este pardmetro seré muito stil, O objetivo depende de quem € o grupo com quem va~ suas necessidades de satide, Depende também al que modela esta atividade: 0 campo da promosiio, educagio em saiide ¢ prevencio de doengas, num certo limite de tempo, Depende, ainda, das experiéncias acu- que podem dar uma jf tentadas. E, por muladas com grupos semelhantes a ideia do sucesso ou fracasso de iniciati fim, depende das possibilidades da equi Sobre quem ¢ 0 grupo, devemios seunir informagées. Te ‘mos algumas da regio, que vem sendo conhecida desde o pri- 294 miro ano de cursos podemos ter reunido mais elementos com as pessoas acompanhadas no semestre passado; na primeira atividade de campo procuramos perguntar e obter dados a res- peito, Estas informagdes ajudam a compor um quadco inicial dos sujeitos do grupo, que ajudard a escolher 0 objetivo. Mas ste seré apenas o ponto de patti, pois deveremos complemen- ticlas (vero “Roteiro do plano de trabalho com grupos”), e no decorrer das oficinas iremos aprofiindar este conhecimento, de modo a que o retrato do grupo continue a ser feito durante © processo, como se fosse uma pintura em andamento, Ainda sobre o objetivo, podemos nos beneficiar da lem- branga das eriticas feitas por Meyer et al. (2006) a0 modelo majoritirio utilizado na érea de saiide para intervir em popu- lagGes: normalmente consideradas ignorantes, deveriam alte- rar sua conduta a partir de um conhecimento especializado que. técnico lhes transmitisse, como se nfo tivessem elas pré= dos patolégicos pudessem ter um papel importante na dina ‘mica local de sobrevivéncia. Em contraste, poderiamos pensar em propostas de trabalho com 0 grupo e ni sobre o grupo, em que tentissemos parcerias, ao invés de intervengées verticais ¢ hierarquicas. Conseguimos nos pensar como sujeitos interde- ‘pendentes em relagio ao grupo com quem vamos trabalhar? Por outro lado, os membros da equipe nio sio equiva- Ientes aos participantes do grupo. Hé alguma assimetria, que € dada pela posigio de profissional (ou aprendiz de profis- sional) que se ocupa; dissolver esta diferenca nfo seria dese~ pois enfraqueceria 2 forga da acio, Trata-se entio de encontrar-Ihe um bom uso, € uma maneira é pensar a inter- ‘vengsio como um “dispositiv”, conceito da Andlise Iastitucional ‘que procura caracterizar aquilo que é capaz-de abrir uma brecha no que ja esté estabelecido para dar oportunidade de surgir 3 Anexo 4 (pigina 297) 295

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