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Journals Homepage: Scire Salutis, Aquidabã, v.4, n.2,
www.sustenere.co/journals
Abr, Mai, Jun, Jul, Ago, Set 2014.
ISSN 2236‐9600
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA RELACIONADA AOS
ESCORPIÕES DO NORDESTE BRASILEIRO: REVISÃO
INTEGRATIVA DE LITERATURA NO PERÍODO ENTRE SECTION: Articles
2008 A 2014 TOPIC: Saúde Coletiva
RESUMO
Scire Salutis (ISSN 2236‐9600)
© 2014 Sustenere Publishing Corporation. All rights reserved.
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A produção científica relacionada aos escorpiões do nordeste brasileiro: revisão integrativa de literatura no período entre 2008 a 2014
INTRODUÇÃO
Os acidentes com animais peçonhentos têm aumentado significativamente nos últimos anos
em todo o mundo e, portanto, se tornado um problema global de saúde pública, porém, apesar
disso, pertence ao grupo de agravos à saúde que são mundialmente negligenciados pelos sistemas
de saúde (WHO, 2007). Existe um desconhecimento mundial, tanto em relação à incidência, quanto
em relação à gravidade dos casos de escorpionismo, estima-se que esse tipo de acidente, chegue
à aproximadamente 1.200.000 casos/ano, com uma letalidade maior que 3.250 mortes em cada
ano (CHIPPAUX & GOYFFON, 2008). No Brasil, a média anual de casos de acidentes com animais
peçonhentos é de 100.000 casos, sendo que, os casos envolvendo escorpiões, superam em
números absolutos os acidentes com ofídios (BRASIL, 2009). Conforme LOURENÇO e
EICKSTEDT (2009), são relatados no país, aproximadamente oito mil acidentes escorpiônicos, com
incidência de 3 casos por 100.000 habitantes, sendo que o Sudeste concentra 50% dos casos
(LIRA-DA-SILVA et al., 2009).
Vários estudos, apontam o Tityus serrulatus como o principal agente etiológico dos acidentes
no Brasil, especialmente no Sudeste do país (CUPO et al., 2003; CAMPOLINA, 2006; GUERRA et
al., 2008; BRAZIL & PORTO, 2010), no Nordeste, ainda não está totalmente esclarecido o perfil
epidemiológico dos casos de picada de escorpião, apesar da realização de estudos nos Estados da
Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Ceará, que apontam o Tityus
stigmurus como a principal espécie envolvida nos acidentes escorpiônicos da região (BARROS et
al., 2014).
O gênero Tityus, representa cerca de 60% da fauna escorpiônica do Brasil e dos países da
America do Sul (BRASIL, 2009), pertecem a família Buthidae e apesar de existirem 57 espécies de
Tityus no país (ALMEIDA, 2010), as espécies de importância para a saúde, por causarem
envenenamento graves e em alguns casos fatais são T. serrulatus Lutz & Mello, 1922 (causador do
maior número de acidentes no país e principal envolvido nos caso de óbitos por escorpionismo), T.
bahiensis (segundo maior causador de escorpionismo na região Sudeste), T. obscurus (muito
envolvido nos casos de escorpionismo na região Norte), T. stigmurus Thorell, 1876 (causador do
maior número de acidentes escorpiônicos no Nordeste e com registros de surto populacionais em
capitais como Salvador e Recife) (BRAZIL et al., 2009; PORTO, 2010).
As condições ambientais particulares do hábitat ao qual estão adaptadas algumas espécies,
aspectos sazonais de temperatura, composição do solo, tipologia das rochas e disponibilidade de
alimentação são fatores que limitam a distribuição dos escorpiões no território, sendo que a maior
parte deles apresenta exigências em relação ao hábitat, que se caracterizam pelos padrões
ecológicos e biogeográficos de possível previsão (LOURENÇO & EICKSTEDT, 2009), contudo,
algumas espécies escorpiônicas, possuem uma variabilidade ecológica e irregular nos padrões de
distribuição, ocorrendo até mesmo, em ambientes modificados pelo homem, onde encontra o abrigo
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ALMEIDA, C. A. O.; PEDRESCHI NETO, O.
e alimentação necessária, em locais próximos ou nas próprias habitações humanas (BRAZIL &
PORTO, 2010).
No espaço urbano, é frequente a presença do homem, que determina através da construção
civil as ações antrópicas, reduzindo assim, as ambiências naturais e os hábitats e nichos de
preservação natural, aumentando cada vez mais as distâncias entre o homem e os espaços
silvestres, contudo algumas espécies de artrópodes, como é o caso dos escorpiões, adaptaram-se
à vida urbana, alterando seus processos reprodutivos, através da partenogênese, apresentando-se
como espécies oportunistas, invasoras, com características expansivas e colonizadoras (BRITES-
NETO & BRASIL, 2012).Assim, com a oferta de condições favoráveis para a vida e reprodução das
espécies escorpiônicas, os ambientes urbanos ofertam uma quantidade variada de microclimas que
facilitam a proliferação de escorpiões, especialmente dentro de galerias de esgoto e de água
residenciais, onde encontram uma ausência de predadores naturais e o alimento necessário. Esse
quadro produz diferentes padrões e dinâmicas variadas na população de escorpiões (SZILAGYI-
ZECCHIN et al., 2012).
O presente trabalho teve por objetivo fornecer subsídios para o conhecimento da produção
científica sobre escorpiões na Região Nordeste do Brasil.
METODOLOGIA
desempenhada por meio de leitura, com vista à crítica externa (crítica do texto, da autenticidade e
da providência) e crítica interna (crítica do valor interno do conteúdo, do valor que representa o
trabalho e as ideias nele contidas), para após a reflexão do tema, fundamentada na literatura.
DISCUSSÃO TEÓRICA
Foram levantados 61 publicações durante o período de 2008 a 2014. Destas, 39 (64%) foram
referentes a congressos e eventos científicos, 19 (31%) provenientes de artigos científicos, 02 livros
(3%) e 01 dissertação (2%). Observou-se que as produções científicas da categoria artigos
decresceram progressivamente a partir de 2010 (Figura 1). Contudo a realização de congressos
pertinentes ao tema escorpiões, na região Nordeste do país, deslocou a produção científica,
aumentando as publicações ligadas a esses eventos. No ano de 2009, foi realizado no estado da
Bahia o I workshop sobre animais peçonhentos, esse evento contribuiu com 08 trabalhos
relacionados aos escorpiões, em 2010, no XXVII Congresso Brasileiro de Zoologia, no estado do
Pará, foram apresentados 03 estudos realizados sobre as espécies do Nordeste, em 2011, realizou-
se o XLVII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, no Rio Grande do Norte, que
contou com a apresentação de 08 trabalhos e em 2012, no XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia
na Bahia, foram apresentados 12 trabalhos relacionados com o tema.
Observou-se que nas categorias estudadas, a formação de dois grupos distintos com relação
ao quantitativo da produção científica. Um grupo com um maior quantitativo de publicações,
representado pelas categorias Biogeografia/Faunística (n=14); Escorpionismo (n=11);
Epidemiologia/Medicina (n=10); Ecologia (n=10). O outro grupo com menor número de publicações,
representado pelas categorias Etologia (n=6); Taxonomia/Filogenia/Anatomia (n=5), Biologia Geral
(n=4), Toxinologia/Bioquímica (n=2); Etnozoologia (n=1). Quando observados separadamente,
verificou-se que o grupo com mais publicações apresentou uma maior tendência dos estudos em
abordar aspectos relativos à distribuição espacial e de espécies escorpiônicas, conflitos resultantes
do encontro do homem com algumas espécies de escorpiões, suas consequências médicas e a
relação do homem e o ambiente.
Figura 3: Correlação dos quantitativos de referências ou citações sobre os escorpiões dos estados do
Nordeste brasileiro e a existência de grupos de pesquisas sobre escorpiões ou afins nos territórios.
CONCLUSÕES
Verificou-se que no grupo com menor número de publicações houve uma diminuição da
busca do conhecimento de novas espécies, da observação dos habitats e comportamentos desses
animais, do conhecimento dos efeitos e constituição dos venenos, assim como uma diminuta
produção de estudos que busquem aferir o conhecimento da população, em relação aos escorpiões
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A produção científica relacionada aos escorpiões do nordeste brasileiro: revisão integrativa de literatura no período entre 2008 a 2014
e das formas de elevar a capacidade e autonomia popular para o convívio equilibrado com a
natureza.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. B.. Atlas das espécies de Tityus. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
BARROS, R. M.; PASQUINO, J. A.; PEIXOTO, L. R.; TARGINO, I. T. G.; SOUSA, J. A.; LEITE, R. S..
Clinical and epidemiological aspects of scorpion stings in the northeast region of Brazi. Ciência & Saúde
Coletiva, v.19, n.4, p.1275-1282, 2014.
CHIPPAUX, J. P.; GOYFFON, M.. Epidemiology of scorpionism: a global appraisal. Epub., v.107, n.2, p.71-
79, 2008.
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GUERRA, C. M.; CARVALHO, L. F.; COLOSIMO, E. A.; FREIRE, H. B.. Analysis of variables related to fatal
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LIRA-DA-SILVA, R. M.; AMORIM, A. M.; CARVALHO, F. M.; BRAZIL, T. K.. Acidentes por escorpião na
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LOURENÇO, W. R.; EICKSTEDT, V. R.. Escorpiões de importância médica. In: CARDOSO, J. L. C..
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MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVAO, C. M.. Revisão integrativa: método de pesquisa para a
incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto - Enferm., v.17, n.4, p.758-764,
2008
PORTO, T. J.; CALDAS, E. A.; COVA, B. O.; SANTO, V. M. N.. Primeiro relato de acidentes escorpiônicos
causados por Tityus martinpaechi Lourenço, 2001 (Scorpiones; Buthidae). Revista de Ciências Médicas e
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WHO. Library cataloguing-in-publication Data Rabies and envenomings: a neglected public health
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