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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/FAL PROCESSO Nº 29.221/14


ACÓRDÃO

L/M “TANGARÁ” e uma embarcação não identificada. Assalto com uso de


armas e violência contra os tripulantes da L/M “TANGARÁ”, com uso de
embarcação não identificada nos autos, resultando em danos pessoais e
materiais, mas sem registro de danos ambientais. Ação dolosa de pessoas
identificadas nos autos. Medidas preventivas e de segurança. Condenação.

Vistos, discutidos e relatados os presentes autos


Trata-se de analisar os fatos da navegação ocorridos cerca das 23h do dia 23
de setembro de 2012, caracterizados pelo uso de uma embarcação não identificada para a
prática de atos ilícitos, quando três adultos e um adolescente tomaram de assalto a L/M
“TANGARÁ” (nº de inscrição 021-020496-6, casco de madeira, de 16,1m de
comprimento e 3,75m de boca, 17,4 AB, ano de construção 1986, classificada para
transporte de passageiros, navegação interior, com dois motores de potência total de 190
HP, de propriedade de Secretaria do Estado da Fazenda – SEFA), que estava atracada ao
porto do estaleiro ETN, no furo do Maguary, Belém, PA, com danos materiais e pessoais,
mas sem registro de danos ambientais.
No Inquérito instaurado pela Capitania dos Portos da Amazônia Oriental
foram ouvidas três testemunhas e anexados os documentos de praxe.
Na fl. 3 consta a comunicação do fato em pauta, em 6 de março de 2014, à
Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, por uma das vítimas, José Maria de Araújo
Gonçalves, com anexos às fls. 4 a 23.
No Laudo de Exame Pericial indireto, fls. 27 a 30, realizado em 29 de maio
de 2014 (cerca de 20 meses depois dos fatos em pauta), consta que a embarcação
“TANGARÁ” não foi apresentada para perícia.
Os Peritos apresentaram a seguinte sequência de acontecimentos: no período
noturno do dia 23 de setembro de 2012, a L/M “TANGARÁ” se encontrava atracada no
porto do estaleiro ETN, localizado no furo Maguary, distrito de Icoaraci, Belém, PA, com
dois tripulantes a bordo, sob o Comando do MAC José Maria; cerca das 23h, uma
embarcação regional do tipo rabeta abordou a L/M “TANGARÁ”, com quatro meliantes
encapuzados, armados com facas que invadiram a lancha, anunciaram o assalto e
renderam o MAC Raimundo Moreira. O MAC José Maria acordou assustado e tentou
correr em direção ao trapiche, mas, no momento em que subia, a escada quebrou e ele
caiu e bateu com seu rosto no molinete da lancha sofrendo um traumatismo no rosto,
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perdendo os sentidos e ficando desacordado. Os meliantes recolheram uma máquina
xerox, um botijão de gás, um televisor, duas baterias e pertences pessoais dos tripulantes,
em seguida se evadiram de bordo na embarcação regional do tipo rabeta. O vigilante do
porto, percebendo a movimentação estranha a bordo da L/M “TANGARÁ”, solicitou
auxílio da Polícia, que posteriormente chegou ao local com uma viatura da Polícia Militar
e conduziu o MAC José Maria para o hospital Abelardo Santos, no distrito de Icoaraci,
enquanto isso o MAC Raimundo Moreira se dirigiu até a Delegacia de Polícia Civil -
Seccional de Icoaraci onde registrou um Boletim de Ocorrência Policial. O MAC José
Maria de Araújo Gonçalves sofreu traumatismo na face, sendo atingido no olho, com
perda de 80% da visão do olho direito, conforme laudo oftalmológico emitido pelo
Hospital Saúde da Mulher (HSM), assinado pela Dra. Debora Lissa Morotomi (CRM:
7599), em 4 de junho de 2014.
Os Peritos consideraram que os fatores humano, material e operacional não
contribuíram e concluíram que a causa determinante do fato da navegação em pauta foi a
ação de bandidos que tomaram de assalto a L/M “TANGARÁ”, mediante grave ameaça,
com emprego de armas brancas, que resultou no roubo de equipamentos da embarcação e
pertences de valor dos tripulantes, seguido de lesão grave no tripulante José Maria de
Araujo Gonçalves, a bordo da referida embarcação.
As testemunhas declararam os fatos como descritos no Laudo de Exame
Pericial.
O Encarregado do IAFN, fls. 87 a 91, depois de resumir os depoimentos e o
Laudo de Exame Pericial, acompanhando os Peritos, concluiu que a causa determinante
foi a ação de bandidos que tomaram de assalto a L/M “TANGARÁ”, mediante grave
ameaça com emprego de armas brancas, que resultou no roubo de equipamentos da
embarcação e pertences de valor dos tripulantes, seguido de lesão grave no tripulante
José Maria de Araujo Gonçalves, que sofreu traumatismo na face, ocasionando a perda de
80% da visão no seu olho direito, conforme Laudo Oftalmológico, além dos prejuízos
materiais dos tripulantes, que tiveram seus pertences pessoais roubados e a Secretaria de
Estado da Fazenda, proprietária da L/M “TANGARÁ”, por terem sido roubados uma
máquina xerox, um botijão de gás, um televisor e duas baterias.
A embarcação utilizada pelos delinquentes durante a abordagem não foi
identificada pelos tripulantes.
Foram juntados aos autos: Boletim de Ocorrência Policial Nº
00008/2012.010742-7, da Delegacia de Polícia Civil - Seccional do Distrito de Icoaraci,
Belém-PA, datado de 24/09/2012, tendo como declarante Raimundo Moreira da
Conceição Pereira, tripulante da L/M “TANGARÁ”; Laudo de Exame de Corpo de

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Delito nº 60589/2012, Lesão Corporal, expedido pelo Centro de Perícias Científicas
“RENATO CHAVES”, datado de 17/10/2012, assinado pela Médica-legista, Kamilly
Costa de Araujo – CRM 10.906; Laudo Oftalmológico, emitido pelo Hospital Saúde da
Mulher (HSM), datado de 15/10/2012, assinado pela Dra. Etiene França, CRM: 7201; e
Laudo Oftalmológico, emitido pelo Hospital Saúde da Mulher (HSM), datado de
04/06/2014, assinado pela Dra. Debora Lissa Morotomi CRM: 7599.
O Encarregado do IAFN não apontou possível ou possíveis responsáveis pela
ocorrência em pauta, em virtude de não haver indício de envolvimento dos tripulantes na
autoria da ação criminosa e por não ter sido identificados os autores do assalto.
A D. Procuradoria, fls. 98A e 99, requereu diligências, deferidas à fl. 100 e
atendidas pela Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, fls. 109 a 171, que inclui a
Denúncia do Ministério Público Estadual em face de Leonardo Tinoco Ferreira, Wagner
Cezar Almeida Tinoco, Izan Gonçalves de Lima e de Luiz de Jesus Coelho. Em síntese,
Leonardo, Wagner e Izan foram denunciados por, juntamente com um adolescente que
portava um revólver calibre 32, que fizeram uso de um “barco a remos” de propriedade
do avô do adolescente, adentrarem a L/M “TANGARÁ” e renderam os tripulantes
Raimundo Moreira da Conceição Pereira e José Maria de Araújo Gonçalves, sendo que o
adolescente e Leonardo passaram a agredir fisicamente o tripulante José Maria, enquanto
Wagner e Izan subtraiam “um botijão de gás, uma televisão LCD AOC 18”, uma
copiadora EPSON, duas baterias de motor marítimo, três aparelhos de telefone celular e
os documentos pessoais e o dinheiro que estavam nas carteiras porta-cédulas dos
marítimos Raimundo Moreira da Conceição Pereira e José Maria de Araújo Gonçalves”.
Após a consumação do roubo, para facilitar a fuga, os tripulantes foram trancados em um
dos camarotes e parte dos objetos roubados foi guardada na residência do denunciado
Luiz de Jesus Coelho, que é irmão do adolescente; que a autoria e materialidade dos
crimes foi comprovada pelos depoimentos dos tripulantes da L/M “TANGARÁ”, os
quais reconheceram os denunciados Izan, Leonardo e Wagner como autores do roubo,
além da confissão policial do denunciado Izan, o qual relatou com riqueza de detalhes
como o crime foi praticado e que o crime de receptação foi comprovado através da
confissão do denunciado Luiz de Jesus Coelho, o qual admitiu que guardou os objetos
roubados pelos demais denunciados e que parte destes objetos roubados foram
apreendidos; e ainda a tipificação no crime de corrupção de menor de 18 anos, além dos
outros crimes já citados.
Chamada a conhecer dos documentos juntados em resposta às diligências
requeridas, a D. Procuradoria representou em face de Leonardo Tinoco Ferreira, Wagner
Cezar Almeida Tinoco e Izan Gonçalves de Lima, por entendê-los responsáveis pelos

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fatos da navegação tipificados no art. 15, letras “e” e “f”, da Lei nº 2.180/54,
fundamentando nos autos, requerendo seja a presente recebida e os Representados
condenados.
Nas fls. 178 a 180 consta “consulta de processos do 1º grau” referente ao
Processo número 0005060-49.2012.8.14.0201, em andamento na 3ª Vara Criminal
Distrital de Icoaraci, competência: “crimes contra a criança e o adolescente”, assunto:
“roubo majorado”, tendo como denunciados Leonardo Tinoco Ferreira, Wagner Cezar
Almeida Tinoco, Izan Gonçalves de Lima e Luiz de Jesus Coelho, referente aos fatos em
pauta.
Os Representados foram regularmente citados, Leonardo Tinoco Ferreira e
Wagner Cezar Almeida Tinoco, por Edital, fl. 212, depois de esgotados outros meios de
citação, e Izan Gonçalves de Lima por carta A/R, assinada pelo próprio à fl. 194.
Leonardo Tinoco Ferreira e Wagner Cezar Almeida Tinoco foram defendidos
pela D. Defensoria Pública da União, fls. 222 a 225, que requereu “assistência integral e
gratuita” e, no mérito, apresentou “Negativa Geral”. Finalizou requerendo a absolvição
dos Representados e, caso se entenda pela condenação, requereu, quando da aplicação da
pena, a aplicação das atenuantes aplicáveis ao caso.
Izan Gonçalves de Lima não apresentou Defesa, conforme Certidão de fl.
195, e foi declarado revel, fl. 207 (publicado no e-DTM nº 133, de 18/09/17), com as
formalidades previstas no RIPTM.
Aberta a Instrução, fl. 226 (publicado no e-DTM nº 36, de 5/04/18), nenhuma
prova adicional foi produzida e em Alegações Finais, fl. 229 (publicado no e-DTM nº 71,
de 08/06/18), a PEM, fl. 230 verso, e a DPU, fl. 231 verso, se manifestaram reiterando os
termos de suas peças anteriores, e Izan Gonçalves de Lima, revel, permaneceu inerte,
conforme Certidões de fls. 229 e 233.
É o Relatório.
De tudo o que consta dos presentes autos, temos que a D. Procuradoria
representou em face de Leonardo Tinoco Ferreira, Wagner Cezar Almeida Tinoco e Izan
Gonçalves de Lima, por entendê-los responsáveis pelos fatos da navegação tipificados no
art. 15, letras “e” e “f”, da Lei nº 2.180/54, fundamentando nos autos e requerendo a
condenação destes.
Os Representados foram regularmente citados, sendo que Leonardo Tinoco
Ferreira e Wagner Cezar Almeida Tinoco foram defendidos pela D. DPU, que apresentou
a tese de Negativa Geral, além de pedir “gratuidade de justiça”, e Izan Gonçalves de
Lima foi declarado revel, permanecendo inerte, atraindo para si os efeitos da revelia.
Aberta a Instrução nenhum aprova adicional foi produzida.

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Não pode ser aceita a tese da defesa patrocinada pela D. DPU.
Embora tardio, o Laudo de Exame Pericial e o Relatório do IAFN, baseados
nos depoimentos e documentos juntados, apresentaram os fatos como foram descritos na
Exordial da PEM, não havendo qualquer prova ou indício contrário às provas produzidas
em sede de Inquérito, devendo ser acolhidos os termos da Representação da PEM, com
fulcro no artigo 58, da Lei nº 2.180/54.
O citado Processo número 0005060-49.2012.8.14.0201, em andamento na 3ª
Vara Criminal Distrital de Icoaraci, competência: “crimes contra a criança e o
adolescente”, assunto: “roubo majorado”, tendo como denunciados Leonardo Tinoco
Ferreira, Wagner Cezar Almeida Tinoco, Izan Gonçalves de Lima e Luiz de Jesus
Coelho, referente aos fatos em pauta, até o término deste Relatório ainda não foi julgado,
conforme pesquisas realizadas por este Juiz Relator, em 13/08/2018, e, na Denúncia do
Ministério Público, foi incluído Luiz de Jesus Coelho por receptação de mercadoria fruto
do roubo e não pela participação nos eventos tipificados no art. 15, letras “e” e “f”, da Lei
nº 2.180/54, em julgamento nesta E. Corte Marítima.
Por todo o exposto, por não haver prova em contrário, devem ser aceitos os
termos da Representação da D. Procuradoria Especial da Marinha e responsabilizar os
Representados, Leonardo Tinoco Ferreira, Wagner Cezar Almeida Tinoco e Izan
Gonçalves de Lima, pelos fatos da navegação tipificados no art. 15, letras “e” e “f”, da
Lei nº 2.180/54.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão dos fatos da navegação: assalto com uso de armas e violência contra
os tripulantes a bordo da L/M “TANGARÁ”, com uso de embarcação não identificada
nos autos, resultando em danos pessoais e materiais, mas sem registro de danos
ambientais; b) quanto à causa determinante: ação dolosa de pessoas identificadas nos
autos; c) decisão: julgar os fatos da navegação, tipificados no art. 15, letras “e”
(exposição a risco) e “f” (emprego de embarcação para a prática de crimes), da Lei nº
2.180/54, como decorrentes da ação dolosa dos Representados, Leonardo Tinoco
Ferreira, Wagner Cezar Almeida Tinoco e Izan Gonçalves de Lima, acolhendo os termos
da Representação da D. Procuradoria Especial da Marinha, e, considerando as
circunstâncias e consequências, com fulcro nos artigos 17, letra “a”, 58, 121, inciso VII,
124, inciso VII, e 127, todos os artigos da Lei nº 2.180/54, aplicar-lhes a pena de multa
de R$ 1.000,00 (mil reais). Isentos das custas processuais o 1º e o 2º Representados,
como requerido pela D. Defensoria Pública da União, e um terço das custas para o 3º
representado, Izan Gonçalves de Lima; e d) medidas preventivas e de segurança: com

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fulcro no art. 21, da Lei nº 2.180/54, oficiar ao D. Ministério Público do Estado do Pará,
enviando cópia do acórdão.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 11 de setembro de 2018.

FERNANDO ALVES LADEIRAS


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 5 de outubro de 2018.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF,
cn=COMANDO DA MARINHA
Dados: 2018.12.14 14:34:17 -02'00'

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