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PREPARAÇÃO

IMPARÁVEL
rumo ao mpu
Direito Processual Civil I
Normas Processuais Civis

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
Normas Processuais Civis
Prof.ª Lisiane Brito

SUMÁRIO
Das Normas Processuais do Processo Civil, Princípios Constitucionais..................4
Apresentação do Curso.................................................................................4
Estudando Sozinho .....................................................................................5
Apresentação da Professora..........................................................................7
Introdução ao Direito Processual Civil ............................................................8
Direito Material e Direito Processual ............................................................ 10
O Processo Civil Moderno ........................................................................... 13
Direito Processual Civil Constitucional .......................................................... 15
Normas Processuais Contidas na Constituição Federal..................................... 16
Princípios Gerais do Processo Civil na Constituição Federal ............................. 16
Princípio do Devido Processo Legal............................................................... 17
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição .................................................... 18
Princípio do Contraditório............................................................................ 20
A Lei Processual Civil................................................................................. 25
Norma Jurídica.......................................................................................... 25
As Normas Cogentes e as Não Cogentes....................................................... 26
Norma Processual Cogente e Norma Processual Dispositiva............................ 26
Fontes Formais da Norma Processual Civil..................................................... 29
A Lei Federal como Fonte Formal do Processo Civil......................................... 31
Constituição e Leis Estaduais...................................................................... 32
Fontes Formais Acessórias.......................................................................... 33
Súmulas Vinculantes.................................................................................. 33
Edição de Súmula Vinculante após Reiteradas Decisões ................................. 34

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Competência para a Edição de Súmulas Vinculantes....................................... 35


Efeitos da Súmula Vinculante...................................................................... 36
Restrição da Eficácia da Súmula Vinculante................................................... 37
A Reclamação........................................................................................... 37
Fontes Não Formais do Processo.................................................................. 37
Jurisprudência........................................................................................... 38
Lei Processual Civil no Tempo e Direito Atemporal ......................................... 39
A Lei Processual Nova e os Processos em Curso............................................. 40
Isolamento dos Atos Processuais................................................................. 42
Alteração de Competência em Razão de Lei Nova .......................................... 43

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DAS NORMAS PROCESSUAIS DO PROCESSO CIVIL, PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS

Apresentação do Curso

Caro(a) aluno(a), estamos iniciando nosso curso de Direito Processual Civil para

os concurso do MPU – Ministério Público da União. As aulas foram elaboradas espe-

cialmente para esse certame e, claro, o conteúdo foi adequado aos temas cobrados

pelo edital.

Seu concurso será regido pelo CESPE/CEBRASPE, como você sabe. Em relação

ao conteúdo, saiba que trataremos dos temas do edital da forma mais didática pos-

sível, de maneira que tanto o(a) candidato(a) que está no começo de seus estudos,

quanto o(a) que já está em fase mais adiantada, fará excelente proveito das aulas.

A metodologia adotada inclui a explicação dos institutos jurídicos e aponta-

mentos da jurisprudência, sempre que forem relevantes para sua prova. Iniciamos

nosso estudo com a abordagem teórica de cada tema. Como nosso curso é voltado

para as provas objetivas, deverão ser estudados aspectos da legislação processual

atualizada, nos termos do NCPC. Diante disso, o conteúdo terá como principal en-

foque a legislação, pois a maioria das questões objetivas abordam o texto legal, de

forma literal, além de exigir conhecimento teórico. Nesses pontos, apresentarei o

posicionamento dos principais processualistas.

Por fim, haverá abordagem da jurisprudência dos Tribunais Superiores, princi-

palmente STF e STJ.

Ressalte-se que doutrina e jurisprudência serão trabalhadas na medida do ne-

cessário para que você resolva as questões da prova.

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Em relação ao Direito Processual Civil, verifico que, após a entrada em vigor

do NCPC, alguns dos que se preparam para concursos públicos dos TRTs, devido

ao imenso volume de matérias a estudar, não tiveram oportunidade ou tempo su-

ficiente para adquirir um aprofundamento no estudo da nova legislação, o que é

absolutamente necessário, já que o NCPC acrescentou novas premissas ao Direito

Processual Civil. Esse deficit no aprendizado acaba criando dificuldades para os

candidatos, no momento em que se deparam com provas que abordam um vasto

conteúdo dessa disciplina, como é o caso do nosso concurso.

Pois bem, amigo(a), as aulas contêm uma explanação minuciosa do NCPC, pro-

piciando a melhor compreensão da disciplina e, consequentemente, o sucesso na

resolução das questões da sua prova.

Confie na sua determinação, persiga sua meta com toda a sua energia e apro-

veite ao máximo as aulas!

Estudando Sozinho

Ter uma aula sem precisar se deslocar até o local do curso, sem perder tempo

no trânsito, a qualquer hora, para muitos é a maneira mais moderna, prática e ob-

jetiva de estudar. Afinal, você pode assistir uma aula a qualquer hora, em qualquer

lugar!

Mas fique sabendo que sua opção requer disciplina e organização, para que

o resultado seja uma aprendizagem efetiva e sólida. Lembre-se de que seu cérebro

é uma máquina espetacular, mas você precisa saber explorar ao máximo sua capa-

cidade! Siga essas dicas e você verá que tudo fica mais fácil:

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• Elabore um cronograma de estudos: fazer um cronograma de estudos é

fundamental. É com base nele que você organizará sua rotina de estudos e

criará o hábito de estudar. Se você ainda providenciou o seu, comece agora;

• Estabeleça metas de estudo: metas de estudo diárias ajudam o(a) estu-

dante a se manter motivado(a), e progredir gradativamente nos estudos. Es-

tabeleça uma meta realista, de acordo com o seu tempo, seu ritmo de leitura

e sua capacidade de concentração. Por exemplo: “– vou ler tantas páginas

por dia”. Quando já tiver adquirido um ritmo mais intenso, poderá estabelecer

uma meta maior;

• Respeite os limites de seu cérebro: já está provado que 50 minutos é o

tempo ideal para o cérebro assimilar conhecimento sem perder a atenção. Por

isso é importante que você programe cada hora da seguinte forma: estabele-

ça 50 minutos de estudo e 10 minutos de descanso. Nesse período de repou-

so, beba água ou suco, faça um alongamento, mexa-se um pouco. Não “force

a barra”, tentando prolongar o período de estudo, tampouco estenda além

dos 10 minutos o período de repouso, para evitar dispersão e perda de foco;

• Organize seu local de estudo: manter o local de estudo organizado vai

ajudar a ganhar tempo, pois precisará parar para procurar materiais, livros

etc. Também evita que procrastine. Imagine ter que arrumar uma gaveta an-

tes de começar a estudar, para poder reunir todo o material! Quando você se

der conta, já estará arrumando todas as gavetas e o estudo ficou para trás.

Perde-se muito tempo procurando materiais espalhados;

• Organize o conteúdo a ser estudado: organize o conteúdo a ser estudado.

Perde-se muito tempo decidindo o que vai estudar no dia. Você pode organi-

zar o conteúdo juntamente com a elaboração de seu cronograma de estudos.

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Fazendo isso, você certamente otimizará seu aprendizado, pois já sabe o que

deve ser estudado em cada dia da semana;

• Relaxe: não exagere. Lembre-se de que a jornada é longa. Estresse é ini-

migo do cérebro, pois atrapalha as transmissões e impede a memorização. É

importante ter um momento de relaxamento. Aproveite umas horas do fim de

semana para encontrar seus amigos, passear, curtir a família... Isso ajudará

a recuperar a energia para uma nova semana de estudos.

Essas dicas são atitudes simples, mas que fazem toda a diferença. Experimente!

Apresentação da Professora

Sou a professora Lisiane Brito, especialista em Políticas Públicas e Gestão Go-

vernamental desde 2005, ano em que iniciei a atividade de docente.

Há mais de 13 anos, ministro aulas nos principais cursos preparatórios para

concursos públicos de Brasília, bem como nos mais importantes cursos do País,

além de atuar como instrutora em cursos de formação de servidores públicos e do-

cente em programas de pós-graduação.

Ao longo de todo esse período, venho acompanhando e comemorando o sucesso

dos milhares de alunos que conquistaram a tão sonhada vaga no serviço público,

com aproveitamento máximo nas provas.


Busco sempre empregar a melhor didática às aulas, aproveitando ao máximo
esse “dom” de transmitir o conhecimento de maneira clara e simples, buscando
desmitificar o Direito. Penso que isso acabou se tornando o maior atrativo das aulas.

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Foi a partir dessa experiência em sala de aula, empregando a mesma didática, que
desenvolvi nossas aulas de Direito em PDF. Todo o material foi elaborado com muito
cuidado, utilizando uma linguagem simples, clara e objetiva, sem abrir mão do devido
cuidado em trazer às aulas o necessário aprofundamento ao conteúdo abordado.
Então, espero que você faça o melhor proveito do nosso curso!

Introdução ao Direito Processual Civil

Sabemos que incumbe ao Estado zelar pela paz social e, para tanto, por meio
da função legislativa, são editadas diversas normas, com vistas ao estabelecimento
dos direitos e deveres dos membros da sociedade. Se todos esses direitos fossem
respeitados e todos os deveres fossem cumpridos, de acordo com o que a Lei esta-
belece, não surgiriam conflitos e, consequentemente, não haveria necessidade de
processos.
Só que não é dessa forma que a vida em sociedade transcorre. Primeiramente,
porque nem sempre existem regras claras e adequadas para gerir as relações e,
quando essas existem, geralmente não são suficientes para conter os impulsos hu-
manos que frequentemente se manifestam.
Na dinâmica social são frequentes, infelizmente, as situações em que o mais
forte quer lesar o mais fraco, ou que aquele que não se esforçou tenta usurpar
o produto do esforço alheio, ou ainda que o mais astuto procura enganar o mais
ingênuo. Quando isso ocorre, as normas de conduta previstas abstratamente pela
Lei, com vistas ao regramento de situações genéricas, são violadas, surgindo um
conflito de interesses.

Esse conflito, por si só, é um fenômeno sociológico, não se configurando em um

fenômeno processual. Isso porque, se os envolvidos fizerem um acordo, ou se um

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deles renunciar à sua pretensão, não haverá processo.

Entretanto, pode ocorrer determinada situação em que não se consiga encontrar

uma solução. Quando isso acontece, qualquer um dos envolvidos poderá buscar o

Estado-juiz, para que esse apresente uma solução imparcial (proferida por alguém

que não está envolvido no conflito), dotada de força coercitiva.

No momento em que um dos envolvidos nessa lide busca a tutela jurisdicional

o processo se inicia e, nesse momento deverá atuar a ciência processual, que tem

por finalidade estudar os instrumentos de atuação do Estado-juiz para dar solução

aos conflitos a ele apresentados. É fácil deduzir que, se não houvesse o instru-

mento do processo e a possibilidade de se recorrer ao Poder Judiciário, a força iria

prevalecer. Seria o império da “Lei do Mais Forte”. Daí surge a necessidade de haver

um procedimento, previamente estabelecido em lei, apto a pôr fim aos conflitos de

interesses trazidos à apreciação do Estado-Juiz.

Feitas essas considerações preliminares, vamos, agora, passar à definição de

Direito Processual Civil.

O Direito Processual Civil é o ramo do Direito que contém as regras e os prin-

cípios que tratam da jurisdição civil, isto é, da aplicação da lei aos casos concretos,

para a solução dos conflitos de interesses pelo Estado-juiz.

Já vimos que uma condição necessária para que exista o processo é o conflito

entre sujeitos. Entretanto, o conflito de interesses não é, isoladamente, suficiente

para que as normas relativas ao processo sejam aplicadas. É necessário que uma

das partes envolvidas recorra ao Poder Judiciário, trazendo a ele uma pretensão.

Diante disso, conclui-se que, para que exista o processo civil é necessário que

exista um conflito posto em juízo.

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O processo civil é, portanto, consequência de um conflito de interesses somado

a uma pretensão levada ao Estado-juiz.

Aí reside a diferença entre a relação processual e as relações interpessoais, das

quais podem até mesmo resultar eventuais conflitos. Nessas últimas, não encon-

tramos um dos sujeitos que figuram na relação processual: o juiz, cuja atribuição

é aplicar a lei ao caso concreto, na busca da paz social.

Para que se compreenda o Direito Processual Civil, como ramo autônomo do

Direito, é necessário que se saiba distinguir as relações de pessoas envolvidas em

conflitos não levados a juízo daquelas, cujos conflitos são levados ao Poder Judici-

ário.

No primeiro caso, há relações bilaterais, lineares, ao passo em que nos proces-

sos haverá relações triangulares.

Veja:

Relação de Direito Material

As partes se confrontam diretamente.

Relação de Direito Processual

Perceba que aqui o Estado-juiz se posiciona entre as partes.

Direito Material e Direito Processual

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Diante dos direitos atribuídos pela Lei aos membros da sociedade, há o surgi-

mento de várias normas de direito material, que são as que indicam os direitos de

cada indivíduo ou grupo de indivíduos. Assim, por exemplo, há uma norma legal

que estabelece o direito a postular alimentos. Temos aqui uma norma de direito

material, que confere ao titular um interesse primário.

Por outro lado, as normas processuais são instrumentais, pois só existirão se

houver um titular de direito material desrespeitado, ou que ele julgue que tenha

sido desrespeitado e, diante disso, recorra ao Judiciário para que o garanta.

Pode ocorrer, na vida em sociedade, de um direito material ser espontaneamen-

te respeitado, como pode ocorrer de não o ser. Nessa hipótese, se o lesado quiser

compelir aquele que violou seu direito a respeitá-lo, terá que recorrer ao Estado,

resultando disso a instauração de um processo.

O processo não é um fim em si mesmo. É um instrumento, um meio de buscar

a satisfação de um direito material desrespeitado. Assim, as normas de Direito Pro-

cessual regem o instrumento adotado pelo Estado-juiz para fazer valer os direitos

daqueles que a ele recorreram.

Instrumentalidade do Processo

Já vimos que o processo é o instrumento de que se vale o juiz para aplicar a

lei ao caso concreto. Podemos, então, concluir que o processo é o instrumento da

jurisdição.

Sabemos também que o processo não é um fim em si próprio, já que um cida-

dão não procura o Judiciário, peticionando, sem ter uma pretensão a ser satisfeita.

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O que esse sujeito busca é a prestação jurisdicional, a fim de proteger um direito

material lesado ou ameaçado, solucionando com isso um conflito de interesses.

Diante disso, o processo goza de relativa autonomia, em relação ao direito ma-

terial que nele se discute. Dizemos que a autonomia é relativa pelo fato de que não

existe processo sem que exista uma situação material concreta, posta em juízo.

Assim, só será efetivo um processo se ele funcionar como instrumento adequado à

solução do conflito.

Da instrumentalidade do processo decorre a instrumentalidade das formas, pela

qual o desatendimento à forma prescrita na lei processual não importa nulidade de

ato que tenha atingido o fim visado. Um exemplo disso é a previsão legal de for-

malidades a serem observadas na citação do réu. Se tais formalidades não forem

cumpridas, mas o réu comparecer, espontaneamente, a juízo, o ato será conside-

rado válido.

É o que dispõe o art. 239, § 1º, do NCPC. Veja:

Art. 239.  Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do execu-


tado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência
liminar do pedido.
§ 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade
da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de
embargos à execução.

Isso ocorre porque, tendo a citação o fim de chamar o réu ao processo, se esse

comparecer, ainda que não tenha sido citado, a finalidade foi atingida.

O princípio da instrumentalidade das formas foi explicitamente previsto no art.

188 do CPC:

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Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada salvo


quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de ou-
tro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

O Processo Civil Moderno

Embora o surgimento do Direito Processual, como ciência autônoma, seja resul-

tado de uma lenta evolução, para a qual contribuíram vários estudiosos, a doutri-

na costuma apontar o ano de 1868 como o marco do seu surgimento. Nesse ano,

Oskar von Bülow publicou, na Alemanha, seu trabalho sobre a teoria dos pressu-

postos processuais, no qual desenvolveu a ideia de processo como relação jurídica

processual e procedimento. A partir daí se consolidou a autonomia do Direito Pro-

cessual face ao direito material, firmando-se o entendimento da relação jurídica

processual, com sujeitos, objeto e pressupostos próprios.

Pois bem, amigo(a).

Essa célebre obra é tratada como o marco da autonomia do Direito Processual

pelo fato de que, por meio dos estudos de Oskar von Bülow, se evidenciou clara-

mente que o processo não se confunde com o exercício do direito e que a ação não

é a mesma coisa que o direito material em movimento.

Deixe-me esclarecer esse ponto.

Nos primórdios do estudo do processo, houve a fase denominada “praxismo”,

ou “fase sincretista”. Nesse momento, entendia-se que havia um único corpo, que

agregava o direito material e o processual.


Nesse momento inicial, o processo era visto como um conjunto de formas, que
existiam para que o Direito pudesse ser exercido. O processo confundia-se com o

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próprio direito material. Na verdade, naquele momento, o processo era apenas o


direito material “em movimento”. Nessa linha de raciocínio sincretista, se alguém
tivesse um direito e encontrasse resistência, poderia movimentar esse direito, para
vê-lo garantido por meio de um processo.
Esclarecido o raciocínio da fase praxista, anterior à obra de Oskar von Bülow,
voltemos agora a esse doutrinador e ao produto de seu trabalho: a fase do proces-
sualismo.
Nesse momento da evolução dos estudos, ficou evidenciado que a relação jurí-
dica processual não se confunde com a relação material que se discute. A partir daí
o processo ganhou autonomia, sendo superado o pensamento sincretista.
O principal mérito do processualismo foi a conquista da autonomia do processo,
em relação ao direito material, destacando o Direito Processual como disciplina au-
tônoma. Entretanto, um aspecto prejudicial da busca pela autonomia do processo
foi seu distanciamento do direito material. O processo, como sabemos, existe para
garantir o direito material e solucionar questões a ele referentes. O primeiro é ins-
trumental em relação ao segundo e, portanto, não há como isolar um do outro.
É necessário que alguns institutos do Direito Processual sejam analisados em
compatibilidade com o direito material. É o que ocorre com a ação e suas condi-
ções, por exemplo. Não se pode examinar a legitimidade ad causam dos litigantes,
sem que se faça referência ao direito material alegado.
Os estudos evoluíram e a fase que sucedeu o processualismo foi a do instru-
mentalismo. Essa nova concepção tentou compatibilizar a autonomia do Direito
Processual com o direito material. Foi nessa fase que se chegou à conclusão de que,
se o Direito Processual concretiza e torna efetivo o direito material, esse confere
sentido àquele. Os dois coexistem, sendo o segundo instrumental ao primeiro.

Essa importante evolução teórica levou ao estabelecimento dos princípios e dos

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institutos jurídicos que permitem a qualificação de uma ciência como tal.

O instrumentalismo evoluiu, chegando-se, então, à fase do neoprocessu-

alismo, também conhecido como formalismo valorativo, formalismo ético ou

modelo constitucional de processos. Existem várias expressões que designam

a mesma fase. Diferentes doutrinadores usam diferentes termos, para chegar

a uma mesma conclusão: as normas de Direito Processual têm sua origem na

Constituição.

O neoconstitucionalismo levou à valorização dos princípios, que assumem sta-

tus de norma. Consequentemente, o Direito Processual Civil deve valorizar a força

normativa da Constituição, consagrando os direitos fundamentais. Isso se revela

nos artigos iniciais do NCPC, as denominadas “normas processuais civis fundamen-

tais”. Além disso, todas as normas processuais previstas em leis devem observar

os preceitos constitucionais. E, como sabemos, o texto da Constituição Federal

apresenta vários princípios processuais.

A conclusão a que se chega, diante disso, é que, pelo fato de ser a Constituição

da República a norma suprema do ordenamento jurídico brasileiro, os princípios

nela contidos têm força normativa, devendo orientar tanto a interpretação das de-

mais normas quanto a fundamentação das decisões.

Veja o que dispõe o art. 140 do NCPC:

Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.

Direito Processual Civil Constitucional

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Sabemos que as normas são criadas a partir dos preceitos e valores constitucio-

nais. O Direito Processual Civil não foge a essa regra.

Na verdade, esse ramo do Direito precisa estar em permanente sintonia com

a Constituição Federal, respeitando sua supremacia, sob pena de nos depararmos

com uma norma processual inconstitucional.

Diante disso, é necessário que aqueles que pretendem estudar as regras do

NCPC tenham prévio conhecimento do modelo processual delineado pela Constitui-

ção Federal.

A doutrina aponta quatro grupos de regras constitucionais que atuam direta-

mente na esfera processual. Vejamos a seguir quais são esses grupos.

Normas Processuais Contidas na Constituição Federal

As normas são:

• princípios constitucionais do Direito Processual Civil;

• regras de organização judiciária;

• funções essenciais à Justiça;

• procedimentos jurisdicionais constitucionalmente diferenciados.

Princípios Gerais do Processo Civil na Constituição Federal

O art. 1º do CPC determina a subordinação do Processo Civil à Constituição Fe-

deral.
Veja:

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Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores
e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,
observando-se as disposições deste Código.

Perceba que esse dispositivo estabelece que o processo civil deverá ser discipli-

nado e interpretado de acordo com os valores e normas fundamentais estabeleci-

dos na Constituição Federal, observadas as disposições contidas no próprio Código.

Essa regra, prevista no primeiro artigo do NCPC, orienta os que vão interpretá-lo a

tomar conhecimento dos valores e das normas fundamentais da Constituição Fede-

ral, sem o que não há como aplicá-lo adequadamente. Deverá haver observância e

subordinação, não apenas aos princípios fundamentais, mas aos valores e às nor-

mas constitucionais.

O legislador do NCPC, depois de inserir no art. 1º a obrigatoriedade de submis-

são à Constituição, repetiu nos artigos seguintes alguns dos princípios fundamen-

tais do processo civil previstos no texto constitucional, como o do contraditório, da

ampla defesa, da demanda, da duração razoável do processo e da isonomia.

Essa reiteração tem uma finalidade didática, já que funciona como uma adver-

tência de que, na aplicação e na interpretação do código, tais princípios devem ser

observados.

Princípio do Devido Processo Legal

Também denominado princípio da legalidade, é inspiração para todos os demais.

Se origina do art. 5, LIV, da Constituição Federal:

Art. 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido pro-
cesso legal.

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Perceba que a CF/1988 assegura a liberdade e os bens, garantindo que seus

titulares não os percam por atos que não sejam judiciais e emanados do Estado. O

Judiciário, por sua vez, deverá observar as garantias próprias do Estado de Direito,

respeitando a Lei e garantindo a cada um o que é seu.

Devido Processo Legal Substancial e Formal

O devido processo legal formal diz respeito à própria tutela processual, ou seja,

ao processo, às garantias que esse processo deverá respeitar e ao regramento legal

que deve obedecer.

O devido processo legal substancial ou material, por sua vez, é uma forma de

autolimitação do poder do Estado, na medida em que veda a edição de normas que

violem a razoabilidade e agridam o regime democrático.

Ao nosso estudo interessa, nesse momento, o aspecto formal, que diz respeito

ao arcabouço processual.

Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição

Também denominado princípio do acesso à Justiça, tem sua origem no art. 5º,

XXXV, da Constituição Federal:

Art. 5º, XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito

O NCPC também especifica no art. 3º, caput:

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Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

Esse princípio garante a todos o direito à efetiva proteção judicial. Sua aplicação

deverá ser feita conjuntamente com os princípios da inafastabilidade da jurisdição

e do contraditório.

Há aqui o direito de ação, no seu sentido mais amplo, qual seja o direito

de obter uma resposta do Judiciário às petições a ele dirigidas. Trata-se de um

direito amplo e incondicional, já que o Poder Judiciário não pode se eximir de

examinar e responder os pedidos que lhe forem dirigidos. Pode até acontecer

de a resposta se limitar a avisar ao autor que sua pretensão não pode ser aten-

dida, por faltarem condições essenciais para tal. Mas, de qualquer forma, essa

informação será dada por um juiz, com a devida fundamentação, após a análise

do processo.

Embora a Constituição assegure o direito à apreciação jurisdicional, no caso de

lesão ou ameaça de lesão a direito, a solução consensual dos conflitos deverá ser,

sempre que possível, promovida pelo Estado, devendo a conciliação, a mediação

e outras formas de solução consensual ser estimuladas. Não há nisso ofensa ao

princípio da inafastabilidade da jurisdição, nem há que se falar em inconstituciona-

lidade. O STF, inclusive, já decidiu nesse sentido.

O NCPC, nos parágrafos do art. 3º, prevê métodos alternativos (arbitragem,

conciliação, mediação e outros meios de solução consensual). A Lei n. 9.307/1996,

que trata da arbitragem, permite que os conflitantes confiram a um árbitro a so-

lução do conflito. Nesse caso, um árbitro deverá proferir a decisão, com força de

sentença, sem haver necessidade de posterior homologação judicial.

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Princípio do Contraditório

Esse princípio foi explicitamente estampado no texto da Constituição Federal de

1988, no art. 5º, LV:

Art. 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em


geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.

O contraditório exige que sejam cientificados da existência do processo os

réus, os interessados, os executados. Da mesma forma, os litigantes deverão ser

informados acerca de tudo o que ocorre no procedimento, tendo o direito de se

manifestar, apresentar suas razões e se opor à pretensão do adversário. Ao juiz

incumbe ouvir o que as partes têm a dizer e, para que isso ocorra, é necessário

que lhes seja dada a oportunidade de se manifestar e a ciência do que se passa

no processo.

O NCPC deixa clara a importância conferida ao contraditório no texto do art. 9º:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente
ouvida.

As exceções à regra do art. 9º, são as hipóteses de tutela provisória de urgência

e de tutela de evidência prevista no art. 311, incisos II e III, bem como a decisão

prevista no art. 701, que trata da expedição de mandado de pagamento, de entre-

ga de coisa ou execução de obrigação de fazer ou não fazer, quando já estiverem

preenchidos os requisitos para o processamento da ação monitória.

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Veja o que estabelecem esses dispositivos:

Art. 311.  A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração


de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório
da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

Art. 701.  Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado
de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não
fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento
de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.

A importância de observância do contraditório no processo se manifesta tam-

bém na vedação a que os litigantes sejam surpreendidos por uma decisão judicial,

sem que terem tido a oportunidade de se manifestar.

Veja o art. 10 do NCPC:

Art. 10.  O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em funda-
mento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar,
ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Esse artigo proíbe a “decisão surpresa”, na qual o juiz se baseia em um funda-

mento que pode ser conhecido de ofício e que não tinha sido anteriormente susci-

tado, sem dar às partes a oportunidade de se manifestar.

É importante frisar que a vedação do art.10 se dirige a todos os juízos e tribu-

nais, como fica evidente na expressão “em grau algum de jurisdição”, grifada no

texto acima transcrito. É vedado a qualquer juiz proferir decisão surpresa, que te-

nha por base um fundamento sobre o qual as partes não foram ouvidas.

Vamos esclarecer melhor esse ponto.

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Existem algumas matérias, de ordem pública, que podem ser conhecidas de

ofício pelo juiz, mesmo que nenhuma das partes as alegue. O juiz poderá conhe-

cê-las, mas, antes de decidir com base nelas, deverá ouvir as partes, conferindo a

elas a oportunidade de se manifestar.

Se as partes não suscitaram a questão de ordem pública, o próprio juiz deve-

rá suscitá-la, a fim de obter a manifestação dos litigantes a seu respeito. Vamos

imaginar uma situação hipotética, para facilitar sua compreensão: digamos que,

no curso do processo, o juiz verifica a carência de ação, o que implica a extinção

do processo sem julgamento do mérito. Trata-se de matéria de ordem pública, que

deve ser conhecida de ofício. Caso o réu a tenha suscitado, o juiz deverá ouvir o

autor, antes de decidir. Mas, caso ninguém a tenha suscitado, o juiz, antes de ex-

tinguir o processo, sem resolução de mérito, deverá suscitar a questão da carência,

determinando que as partes sobre ela se manifestem. Nesse caso, provavelmente o

autor trará argumentos para afastá-la, e o réu, para confirmá-la. O juiz, após ouvir

ambos, poderá proferir a decisão.

Se for adotado esse procedimento, terá sido respeitado o princípio do contradi-

tório, sem o que a decisão prolatada seria nula. As partes não terão sido surpreen-

didas pela decisão, seja ela de acolhimento ou afastamento da carência de ação.

Além disso, o juiz terá decidido com maior segurança, após ter ouvido as partes.

Ficou claro? Ótimo, então vamos em frente.

Contraditório e Prova Emprestada

Sabemos que, pelo princípio do contraditório, deve ser oportunizado aos litigan-

tes o direito de participar ativamente na produção das provas. No caso de prova

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testemunhal, por exemplo, as partes podem formular perguntas às testemunhas

ou apresentar contradita, se quiserem suscitar suspeição ou impedimento. Na hi-

pótese de prova pericial, os litigantes terão o direito de formular quesitos, indicar

assistentes técnicos, impugnar o laudo e solicitar esclarecimentos.

Diante da obrigatoriedade de respeito ao contraditório no processo, uma ques-

tão importante que surge é a utilização de prova emprestada.

Isso porque não é raro ocorrer de, no curso de uma ação, uma das partes pre-

tender utilizar prova produzida em outro processo. Ocorre que não é sempre que

o juiz pode admitir isso.

Daí surge um questionamento: quando será permitida a prova emprestada?

Pois bem, o procedimento correto é o seguinte: quando uma das partes traz

prova emprestada, o juiz só poderá deferi-la se a outra parte tiver participado, no

processo anterior, da produção dessa prova. Essa regra é decorrência do disposto

no art. 372 do NCPC.

Art. 372.   O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.

Vejamos um exemplo: digamos que alguém sofreu um acidente de trabalho, do

qual resultaram lesões. Esse sujeito deverá ajuizar duas ações.

Na primeira, em face do INSS, ele buscará receber benefícios acidentários. Essa

ação deverá ser ajuizada na Justiça Estadual, em uma Vara de Acidente de Traba-

lho ou, caso essa não exista no local, em uma Vara Cível. Num momento posterior,

outra ação será movida, dessa vez em face do empregador, perante a Justiça do

Trabalho, pleiteando uma indenização.

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Chegará um momento em que a prova da incapacidade decorrente do acidente

de trabalho será necessária para duas ações distintas: a ação acidentária, na qual

o autor pleiteia benefícios previdenciários e a indenizatória, que tramita na Justiça

do Trabalho.

O autor deverá comprovar, em ambos os processos, a incapacidade para o tra-

balho e, para tanto será necessária prova pericial. Digamos que na ação contra o

INSS essa prova seja produzida. Chegamos ao ponto que nos interessa.

Poderá a perícia da ação acidentária ser utilizada, por empréstimo, na ação in-

denizatória movida contra o empregador?

A resposta é: depende. Se essa prova for beneficiar o autor, o juiz da segunda

ação deverá, antes de deferi-la, ouvir o empregador. Se esse não concordar com a

utilização da prova emprestada, o juiz não poderá deferir, pois o patrão não parti-

cipou do processo movido contra o INSS e, portanto, não teve direito ao contradi-

tório, não formulou quesitos, não indicou assistente técnico. Caso o juiz permitisse

que essa prova fosse utilizada na nova ação, sem haver consentimento do empre-

gador, estaria ofendendo o princípio do contraditório.

A perícia só poderia ser utilizada como prova emprestada se o réu (empregador)

concordasse. Por outro lado, no caso de a perícia não ser favorável ao autor, pode

ocorrer de o réu extrair cópias da ação anterior e trazê-las, para usar como prova

emprestada. Nesse caso, o autor não poderá se opor, pois ele participou do proces-

so anterior, tendo na ocasião a oportunidade de requerer o que tinha direito. Para

ele houve o respeito ao contraditório.

Amigo(a), com esse exemplo, penso que ficou claro que só será possível a uti-

lização de prova emprestada quando, à época de sua produção, em processo an-

terior, aquele contra quem será utilizada tenha participado ou, caso não o tenha,

mediante sua concordância.

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A Lei Processual Civil

Norma Jurídica

Sabemos que entre nós vigora o princípio da supremacia da lei, assim entendida

a norma positivada, emanada da autoridade competente.

São características principais da norma legal: a generalidade, a imperatividade,

o autorizamento, a permanência e a emanação da autoridade competente.

Vamos fazer uma breve análise de cada uma dessas características.

• Generalidade: impõe que a norma legal seja aplicável a todas as pessoas,

sem distinções, ou no mínimo, a indivíduos que se encontrem em uma mes-

ma situação;

• Imperatividade: determina que a lei se imponha a todos os destinatários, que

não poderão se escusar de obedecê-la;

• Autorizamento: é a possibilidade conferida àquele que sofreu lesão, devido a

uma violação à lei, de exigir que essa seja cumprida. Isso é o que distingue a

norma legal das regras éticas ou religiosas;

• Permanência: significa que a norma deverá vigorar e prevalecer até que seja

promovida sua revogação;

• Emanação da autoridade competente: a lei deverá ser produzida, nos

termos impostos pela Constituição Federal, por aqueles competentes

para tal.

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As Normas Cogentes e as Não Cogentes

Aqui, há uma classificação com base na imperatividade da norma que, sob esse

aspecto, poderá ser:

• Cogente: de ordem pública, não poderá ser derrogada em função da vonta-

de do particular. Aqui temos uma norma editada com o fim de resguardar os

interesses da sociedade;

• Não cogente: essa norma, também chamada de dispositiva, não traz um

comando absoluto e inderrogável. Possui imperatividade relativa. A norma

dispositiva se subdivide em:

− Permissiva: é aquela que autoriza o interessado a derrogá-la, podendo dis-

por da matéria como melhor lhe convier;

− Supletiva: fala-se que uma norma cogente é supletiva quando sua aplica-

bilidade ocorre sempre que não houver disposição em contrário das partes.

Norma Processual Cogente e Norma Processual Dispositiva

A norma processual, como sabemos, se dirige àqueles que participam do pro-

cesso. Trata das relações que se travam entre as partes e do modo pelo qual os

atos processuais deverão ocorrer. As normas processuais são criadas para cuidar

da relação processual e do procedimento.

Não é muito simples distinguir as normas processuais cogentes das dispo-

sitivas. Isso porque, pelo fato de o processo civil integrar o direito público, na-

turalmente suas normas são predominantemente cogentes, e excepcionalmente

dispositivas.

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Mas, mesmo diante dessa realidade, o NCPC foi responsável por uma ampliação,

em relação ao código anterior, das hipóteses de derrogação das normas proces-

suais pelas partes, permitindo explicitamente que essas, sob a supervisão do juiz,

convencionem algumas alterações no procedimento, a fim de adaptá-lo às especi-

ficidades da causa.

Veja o art. 190:

Art. 190.  Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito
às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às
especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e de-
veres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único.  De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das conven-
ções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade
ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
manifesta situação de vulnerabilidade.

O antigo CPC, diante do caráter público do processo, limitava a negociação pro-

cessual e o poder de disposição das partes sobre o procedimento, restringindo-o a

situações expressamente autorizadas pelo legislador.

O NCPC, por sua vez, explicita a autorização e impõe bem menos restrições.

Mas, tenha em mente que nem por isso foi afastado o caráter predominante-

mente público das normas processuais. Tanto é assim que a Lei dá poderes ao juiz

para controlar as convenções, vetando-as, quando nulas ou abusivas.

Além da negociação processual prevista no art. 190, aplicável em ações que

admitam autocomposição, as partes poderão criar um cronograma dos atos do pro-

cesso, nos termos do art. 191.

Art. 191.  De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática
dos atos processuais, quando for o caso.

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A lei também autoriza as partes a delimitarem consensualmente as questões de

fato e de direito, inclusive sobre as quais deverá recair a prova, levando à homolo-

gação do juiz (art. 357, § 2º):

§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual


das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homolo-
gada, vincula as partes e o juiz.

Outra concessão do NCPC é a permissão conferida às partes de indicar, por con-

senso, o perito que desejam (art. 471).

Art. 471.  As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante
requerimento, desde que:
I – sejam plenamente capazes;
II – a causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos
para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente
anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pare-
ceres em prazo fixado pelo juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por pe-
rito nomeado pelo juiz.

Poderão também, de comum acordo, escolher o conciliador, o mediador (ainda

que esses não sejam cadastrados no Tribunal) ou a câmara privada de mediação

ou conciliação (art. 168).

Art. 168.  As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a
câmara privada de conciliação e de mediação.
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado
no tribunal.
§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribui-
ção entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.
§ 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou con-
ciliador.

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Além de todas essas normas dispositivas que acabamos de ver, o NCPC mante-

ve as que já existiam no Código anterior, como as que cuidam da possibilidade de

inversão do ônus da prova por convenção (art. 373, § 3º):

§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das
partes, salvo quando:
I – recair sobre direito indisponível da parte;
II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Outras normas dispositivas mantidas pelo novo CPC são: autorização para a

suspensão do processo e da audiência de instrução por convenção das partes e as

normas de competência relativa, que pode ser derrogada pelos litigantes.

Fontes Formais da Norma Processual Civil

O termo “fonte do Direito” pode ser empregado em mais de um significado.

Podemos utilizá-lo para designar o poder de criar normas jurídicas, como tam-

bém para indicar a maneira pela qual o Direito se manifesta.

A doutrina tradicionalmente distingue fontes formais de fontes não formais do

Direito. Essa distinção, em termos práticos, não tem muita relevância, mas vamos

abordá-la, já que nossa meta é cobrir o programa do edital na integralidade, sem

deixar “brechas”.

Pois bem, amigo(a), fontes formais são aquelas pelas quais o Direito positivo se

manifesta. Assim, a fonte formal primária é a lei.

Também são fontes formais as súmulas vinculantes do Supremo Tribunal Federal

(STF), assim como as decisões definitivas de mérito que o STF profere no controle

concentrado de constitucionalidade, nas ações diretas de inconstitucionalidade e

nas Ações declaratórias de constitucionalidade

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Como exemplos de fontes formais acessórias ou indiretas, podemos citar a ana-


logia, o costume e os princípios gerais do Direito. Todos são importantes e neces-
sários, pois, já que ordenamento jurídico não pode ter lacunas, caberá às fontes
trazer elementos para supri-las.
Resumindo:
• Fonte formal primária: a Lei;
• Fontes formais acessórias:
− Analogia;
− Costume e princípios gerais do Direito, citados como fonte formal pelo art.
4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro;
− Súmula vinculante, editada pelo STF (art. 103-A, e parágrafos, da Consti-
tuição Federal; e Lei n. 11.417/2006);
− Decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF em controle direto de
constitucionalidade (art. 102, § 2º, da Constituição Federal);

• Há ainda, as fontes não formais, que são:


− A doutrina;
− A jurisprudência, salvo a súmula vinculante ou as decisões definitivas de
mérito do STF em controle concentrado de constitucionalidade, que são
fontes formais.

Cuidado: o CPC, no art. 927, incisos III, IV e V, menciona outras formas de


jurisprudência vinculante, além daquelas previstas na CF/1988.
No entanto, a própria Constituição Federal não atribuiu eficácia vinculante àque-
las hipóteses. Sabemos bem que só a Carta Magna pode criar outras situações de
jurisprudência vinculante. Assim, face à inconstitucionalidade dos incisos III, IV e
V, o melhor entendimento é no sentido de que a jurisprudência, ainda nesses casos,

deve ser considerada fonte não formal do Direito.

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Apenas a súmula vinculante e a decisão do STF em controle concentrado de

constitucionalidade podem ser consideradas fontes formais, pois são os únicos ca-

sos de jurisprudência a que a CF/1988 reconhece eficácia vinculante.

Em se tratando de fontes do Direito, podemos dizer que as mesmas fontes das

normas em geral, tanto as principais quanto as acessórias, são fontes das normas

processuais civis

A Lei Federal como Fonte Formal do Processo Civil

O processo civil é, em regra, disciplinado por lei federal. De acordo com o que

estabelece o art. 22, I, da Constituição Federal, compete à União legislar sobre o

Direito Processual civil.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;

No entanto, o art. 24, IX, da CF/1988, atribui competência concorrente à União

e aos estados para legislar sobre “procedimento em matéria processual”. Os §§ 1º,

2º e 3º desse dispositivo determinam que a União editará as normas gerais sobre

procedimento, cabendo aos estados competência suplementar para editar as de

caráter não geral.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
XI – procedimentos em matéria processual;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a esta-
belecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

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§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência


legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei es-
tadual, no que lhe for contrário.

Do disposto na Constituição, resulta que, na ausência de lei federal, a compe-

tência estadual é plena, podendo o Estado editar normas de cunho geral.

A dificuldade é distinguir regras do processo de regras do procedimento, no que

diz respeito à competência legislativa. Isso porque a cada processo deverá corres-

ponder um procedimento e, por outro lado, todo procedimento diz respeito a um

processo.

Então, podemos afirmar que, via de regra, as normas referentes a procedimen-

to são as que tratam tão somente da forma pela qual os atos processuais se rea-

lizam e se sucedem no tempo. Se diferenciam daquelas que cuidam das relações

entre as partes do processo, no que tange a poderes, faculdades, direitos e ônus

atribuídos a cada uma.

O Código de Processo Civil, como sabemos, é uma lei federal ordinária, que

carrega em si o mais importante repositório de normas processuais. Mas, além do

CPC, existem outras leis que tratam de processo, como, por exemplo, a Lei do Jui-

zado Especial Cível, o Código de Defesa do Consumidor, as leis da Ação Civil Públi-

ca, de Falências, do Mandado de Segurança, do Inquilinato, dentre outras.

Constituição e Leis Estaduais

Sabemos que os estados têm competência concorrente para editar normas so-

bre procedimentos.

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Também vimos que incumbe à União editar normas gerais, enquanto aos estados
compete editar as suplementares. Assim, não havendo lei federal, a competência es-
tadual para legislar sobre o assunto será plena, na forma do art. 24, § 3º, da CF/1988.
Além da competência legislativa concorrente, a Constituição Federal atribui aos
estados a tarefa de organizar sua própria justiça, criando as leis de organização ju-
diciária (art. 125, § 1º), além de dispor sobre a competência dos Tribunais e sobre
a declaração de inconstitucionalidade de leis estaduais e municipais.

Fontes Formais Acessórias

São as mesmas das normas em geral, previstas na Lei de Introdução às Normas


do Direito Brasileiro, no art. 4º:
• analogia, costume e princípios gerais do Direito;
• as fontes formais acessórias servem para suprir as lacunas do ordenamento
jurídico, integrando-o.

Devemos acrescentar a elas as decisões definitivas e de mérito do STF em con-


trole concentrado de constitucionalidade (art. 102, § 2º, da CF) e as súmulas vin-
culantes, que examinaremos a seguir

Súmulas Vinculantes

Foi no ano de 2004 que a Emenda Constitucional n. 45 introduziu a figura da


Súmula Vinculante no ordenamento jurídico brasileiro. O tema gerou muita polê-
mica e a regulamentação da EC n. 45 só aconteceu em 2006, com a promulgação
da Lei n. 11.417, de 19 de dezembro daquele ano. A vacatio legis dessa lei foi de
três meses.

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A jurisprudência classifica as súmulas vinculantes como fonte não formal do

Direito. Entretanto, o art. 103-A da Constituição, bem como a lei regulamentadora,

conferem expressamente força vinculante a tais súmulas. Diante disso, a doutrina

as considera fontes formais.

A súmula vinculante é editada pelo STF, tendo por objeto a validade, eficácia

e interpretação de normas determinadas, vinculando tanto as decisões judiciais

quanto os atos administrativos.

Essas súmulas não podem tratar de qualquer tema, mas somente sobre maté-

ria constitucional, nos termos do art. 102 da Constituição Federal, que confere ao

STF a guarda da Constituição, o que inclui questões diretamente ligadas a ela ou

ao controle de constitucionalidade. Em outras palavras: apenas questões sujeitas

a julgamento do STF.

Edição de Súmula Vinculante após Reiteradas Decisões

Para que uma súmula Vinculante seja editada, é preciso que a questão já tenha

sido objeto de reiteradas decisões anteriores.

Alguém poderia perguntar: quantas, Lisiane?

Bem, a lei usou um termo vago: “reiteradas”. Mas, de qualquer forma, essa ex-

pressão dá a ideia de várias.

Além disso, é necessário atualidade na questão que suscita a edição da súmula.

Questões já superadas não podem levar a uma súmula vinculante.

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Competência para a Edição de Súmulas Vinculantes

Apenas o STF tem competência para emitir, revisar ou cancelar o enunciado das

súmulas vinculantes.

O Supremo Tribunal federal poderá fazê-lo, de ofício ou mediante requerimento

daquelas pessoas ou entes mencionados no art. 3º da Lei n. 11.417/2006, que são:

• o Presidente da República;

• a Mesa do Senado Federal;

• a Mesa da Câmara dos Deputados;

• o procurador-geral da República;

• O Conselho Federal da OAB;

• o defensor público-geral da União;

• partido político com representação no Congresso Nacional;

• confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional;

• Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

• governador de Estado ou do Distrito Federal;

• Tribunais Superiores;

• Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios;

• Tribunais Regionais Federais;

• Tribunais Regionais do Trabalho, Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunais Mi-

litares.

Todos esses são legitimados autônomos, pois seu requerimento pode ser feito

independentemente de haver qualquer processo em curso, no qual se discuta ques-

tão a ser objeto da súmula, ou já sumulada.

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Além disso, a lei também confere legitimidade aos municípios, para que propo-

nham a edição, revisão ou cancelamento da súmula vinculante, incidentalmente,

no curso de processo em que seja parte, o que não autoriza a suspensão do pro-

cesso. Essa legitimidade é incidental.

Efeitos da Súmula Vinculante

O enunciado da súmula vinculante deverá ser publicado no Diário da Justiça e

no Diário Oficial da União, no prazo de 10 dias, contados da data da sessão em que

foi editada, revista ou cancelada.

A partir da publicação a súmula passa a ter eficácia vinculante, ou seja, passa a

vincular os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, bem como os atos da Ad-

ministração Pública direta e indireta, de todas as esferas de poder.

Só não haverá vinculação do Poder Legislativo, que poderá revogar ou modifi-

car a lei que fundamenta a súmula. Se isso ocorrer, caberá ao STF, de ofício ou por

provocação, promover sua revisão ou cancelamento, conforme o caso, conforme

estabelece o art. 5º da Lei n. 11.417/2006.

A súmula vinculante também não vincula o próprio STF, que sempre poderá, de

ofício, revisar ou cancelar as próprias súmulas.

A principal consequência do efeito vinculante é que, caso seja descumprida a

súmula, por órgão do Poder Judiciário ou pela Administração Pública, o prejudicado

pode se valer da reclamação.

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Restrição da Eficácia da Súmula Vinculante

O art. 4º da Lei n. 11.417/2006 autoriza o STF a restringir os efeitos vinculantes


ou determinar que eles só tenham eficácia a partir de outro momento, por razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse público. Dependerá do voto de
2/3 dos membros do Tribunal.

A Reclamação

A reclamação é o mecanismo próprio a tornar eficazes as súmulas vinculantes.


Caberá reclamação contra decisão judicial ou ato administrativo que contrariar
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente
(art.7º, Lei n. 11.417/2006, e art. 988, IV, primeira parte, do CPC).
A reclamação tem a vantagem de ser dirigida diretamente ao STF que, acolhen-
do-a, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial atacada, determi-
nando que seja proferida outra, com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso (art. 7º, § 2º da Lei). Ainda que se trate de decisão de primeira instância, a
reclamação deverá ser diretamente dirigida ao STF, pois não tem natureza de re-
curso. Mas, que fique claro que, embora a lei preveja a reclamação ao STF para
combater violação a sumula vinculante, nada impede que o prejudicado se utilize
dos recursos previstos na legislação processual.

Fontes Não Formais do Processo

A jurisprudência e a doutrina são fontes não formais. Assim, ao julgar um pro-


cesso, o julgador poderá se valer da opinião dos estudiosos ou dos precedentes
judiciais.

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Jurisprudência

O ordenamento jurídico brasileiro não adotou o sistema da common law, no qual

a jurisprudência é a fonte formal do Direito. Nosso ordenamento, que tem suas

origens no sistema romano-germânico, se baseia especialmente na norma positi-

vada (escrita).

Para nós, a jurisprudência não é fonte formal do Direito e a principal consequ-

ência disso é que uma sentença ou decisão judicial não pode ter como único fun-

damento jurídico a jurisprudência. Devem basear-se na lei, ou, em caso de lacuna,

nas fontes formais subsidiárias.

Mas, de qualquer forma, os precedentes judiciais são úteis, pois dão reforço às

conclusões do julgador.

Quanto mais reiterados forem os julgados em determinado sentido, maior será

o auxílio, principalmente quando forem provenientes dos Tribunais Superiores. Não

há como negar a força persuasiva que pode ter uma súmula (não vinculantes) do

STF e do STJ, embora o juiz não seja obrigado a obedecê-las, podendo adotar de-

cisão diversa, já que essas súmulas não possuem efeito vinculativo. Mas é raro que

isso aconteça, pois, essa jurisprudência é resultado de reiteradas decisões daque-

les Tribunais aos quais compete proferir a última palavra sobre questões legais ou

constitucionais.

O NCPC conferiu grande importância à jurisprudência. Determinou que os Tri-

bunais façam sua uniformização e busquem mantê-la estável e coerente, editando

enunciados das súmulas e publicando a sua jurisprudência dominante, conforme as

regras fixadas em seus regimentos internos.

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O Código também determina que sejam observadas, por parte dos juízes e dos

Tribunais, as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de

constitucionalidade, bem como os enunciados de súmulas vinculantes, acórdãos

em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas

e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos, os enunciados

das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior

Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, bem como a orientação do ple-

nário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Nos três primeiros casos, ou seja, na hipótese de afronta à decisão do STF

em controle concentrado de constitucionalidade, afronta a enunciado de súmu-

la vinculante ou inobservância de decisão proferida em incidente de assunção de

competência e em julgamento de casos repetitivos, considerados tais o incidente

de resolução de demandas repetitivas e o recurso especial e extraordinário repe-

titivos, o interessado ou o Ministério Público deverão se utilizar da reclamação,

para promover a impugnação. Paras as duas últimas hipóteses não há previsão de

reclamação.

Lei Processual Civil no Tempo e Direito Atemporal

Sabemos que, se as próprias leis não indicarem o prazo de sua vacatio legis,

deverá ser aplicada a regra do art. 1º da LINDB:

Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco
dias) depois de oficialmente publicada.

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A vigência da lei deve se estender até sua revogação, por lei posterior que a

declare revogada, ou seja, incompatível com ela, ou ainda que trate integralmente

da mesma matéria.

O CPC teve vacatio legis de um ano, por expressa determinação do seu Livro

Complementar, que trata “Das Disposições Finais e Transitórias” (art. 1.045).

A Lei Processual Nova e os Processos em Curso

O tema “direito intertemporal” ou “direito atemporal” diz respeito à aplicabili-

dade das novas leis a processos em curso. É uma matéria de grande importância.

Temos aqui uma possível questão de prova.

Os problemas ou dificuldades relativas à aplicabilidade de lei nova se restringem

processos em andamento no momento do início da vigência. Isso porque proces-

sos que já foram concluídos ou os que ainda não tiveram início não serão em nada

afetados pela nova norma legal.

O art. 14 do CPC apresenta a seguinte regra, aplicável às normas de processo:

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos pro-
cessos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada.

Diante desse dispositivo, as normas de processuais devem ter incidência ime-

diata, atingindo os processos em andamento. As partes não possuem direito adqui-

rido de ter o processo que se iniciou na vigência de lei antiga regido até o final por

essa, em detrimento da nova lei.

O STJ já decidiu nesse sentido, acerca da aplicabilidade das novas regras da

execução civil aos processos em andamento:

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Veja:

EMENTA: “O art. 1.211, do CPC [que correspondente ao atual art. 1.046 do CPC], em
sua interpretação literal, não é uma norma geral de direito intertemporal. Ao contrário,
seu sentido está, a princípio, adstrito à eficácia das normais originais do CPC no tempo.
Com efeito, o mencionado artigo estabelece que ‘este Código regerá o Processo Civil em
todo o território nacional. Ao entrar em vigor suas disposições aplicar-se-ão desde logo
aos processos pendentes’. No entanto, esta Corte vem dando interpretação mais ampla
a esta regra, para tratá-la como regra geral aplicável a todo processo civil. Com isso,
essa norma regula os efeitos temporais da Lei n. 11.232/05. Confira-se: ‘PROCESSUAL
CIVIL. EXECUÇÃO. IMPUGNAÇÃO. RECURSO CABÍVEL. DIREITO INTERTEMPORAL.
l -Em tema de Direito Processual intertemporal prevalece ‘o chamado
isolamento dos atos processuais, pela qual a lei nova, encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já realizados e disciplina o
processo a partir de sua vigência (Amaral Santos)’.
2 - O recurso cabível contra a decisão que resolve a impugnação, na fase executiva do
processo, é, como regra, o agravo de instrumento, conforme o art. 475-M, § 3º, do
CPC, acrescentado pela Lei n. 11.232/2005. O fato de, no caso concreto, ter havido
o manejo de embargos de devedor, ainda sob a vigência do anterior regramento, não
faz concluir pelo cabimento de apelação só porque proferida a decisão que o resolve já
quando em vigor o mencionado dispositivo.
Aplicação do art. 1.211 do CPC (‘tempus regit actum’). Recurso especial conhecido e
provido para determinar ao Tribunal de origem o julgamento do agravo, conforme en-
tender de direito’ (REsp 1.043.010/SP, 4º Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJE
23/06/2008).
‘( ... ) Embora o processo seja reconhecido como um instrumento complexo, no qual os
atos que se sucedem se inter-relacionam, tal conceito não exclui a aplicação da teoria
do isolamento dos atos processuais, pela qual a lei nova, encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já realizados e disciplina o
processo a partir da sua vigência. Esse sistema, inclusive, está expressamente previsto
no art. 1.211, do CPC (...)’ (MC 13.951, 3ª Turma, minha relatoria, DJE 01104/2008).
Com isso, pode-se dizer que o direito brasileiro não reconhece a existência de direito
adquirido ao rito processual. A lei nova aplica-se imediatamente ao processo em curso,
no que diz respeito aos atos presentes e futuros. Vale a regra do ‘tempus regis actum’.
Por isso, é impreciso afirmar que a execução de título judicial, uma vez ajuizada, está
imune a mudanças procedimentais ... “ (STJ - REsp 1.076.080/PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi).

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Isolamento dos Atos Processuais

A lei processual alcança os processos em curso. No entanto, sendo o procedi-

mento uma sequência de atos encadeados, que se projeta no tempo, ao entrar em

vigor uma nova lei, essa vai encontrar atos processuais já produzidos, outros que

estão por se realizar e ainda outros pendentes, como ocorre no caso de prazos pro-

cessuais em curso.

A lei nova deverá respeitar todos os atos processuais já realizados e consuma-

dos. O processo deve ser entendido como uma cadeia de atos isolados: há os que

já foram realizados na vigência da lei antiga e esses persistem. Os que ainda serão

produzidos, por sua vez deverão observar a lei nova.

O questionamento diz respeito aos atos que perduram no tempo.

Imaginemos que, durante o curso de um prazo recursal, entra em vigor lei nova,

que extingue aquele recurso, ou altera o prazo. Nesse caso, a parte que tinha a

intenção de recorrer ficará prejudicada?

Ora, a lei não poderá violar o direito adquirido processual. No momento em que

a sentença foi prolatada, os litigantes obtiveram o direito de recorrer, nos termos

da lei que vigorava à época. Pois bem, se esse recurso foi extinto por lei nova, ou

se o prazo para a interposição foi reduzido, isso não pode gerar prejuízo para as

partes. No entanto, se o prazo for ampliado, a lei nova deverá ser aplicada, pois

essa não pode retroagir para prejudicar, mas pode para beneficiar os litigantes.

A ampliação só se aplica se a decisão não estiver preclusa!

Veja esse exemplo: uma sentença foi publicada, começando a correr o prazo de

15 dias para apelação. Imagine que, após a publicação, o prazo tenha sido reduzido

para 10 dias. Isso não pode resultar em prejuízos às partes.

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Por outro lado, se durante o prazo de 15 dias, esse for ampliado para 20 dias,

todos terão o benefício do prazo maior. Isso se a nova lei não entrar em vigor após

o 15º dia. A partir do 16º, a decisão terá se tornado preclusa.

Veja o julgado a seguir:

EMENTA: “Segundo princípio de direito intertemporal, salvo alteração constitucional,


o recurso próprio é o existente à data em que publicada a decisão” (STJ – 2ª. Seção,
CC 1.133-RS, Rei. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 11103/1992, v.u., DJU 13/04/1992).
Se a decisão é proferida em audiência ou em sessão de órgão colegiado, as partes saem
intimadas e têm o Direito Processual adquirido de interpor o recurso, na forma vi-
gente no momento da intimação.

Conclusão: a lei processual atinge os processos em andamento, vigorando o

princípio do isolamento dos atos processuais, segundo o qual a nova lei preserva os

atos já praticados, aplicando-se apenas aos que ainda serão realizados.

A nova lei não retroagirá para prejudicar direitos processuais adquiridos.

Alteração de Competência em Razão de Lei Nova

A nova lei deverá reger os atos processuais a serem produzidos, nos processos

já em curso. No entanto, um ponto que merece atenção diz respeito às leis novas

que alteram a regra de competência. O CPC estabelece, no art. 43, o regramento

de tal situação.

Vejamos:

Art. 43.  Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição


da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem
a competência absoluta.

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Assim, a definição da competência ocorre no momento do registro da petição

inicial ou da distribuição dessa. Há, aqui, a regra da perpetuatio jurisdictionis. Uma

nova lei processual, que altere a competência, não terá aplicabilidade aos proces-

sos já em curso.

Entretanto, o art. 43 apresenta duas exceções, nas quais essa lei atingirá pro-

cessos em andamento: quando a nova lei suprimir o órgão judiciário ou alterar a

competência absoluta.

Caro(a) aluno(a), com isso concluímos nossa primeira aula.

Espero que tenha sido proveitosa para você!

Bom estudo e até a próxima aula!

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