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A intenção de cumprir uma obrigação deixa-se surpreender, com alguma facilidade, pela negativa.

Quem efectue uma prestação sem tal intenção, das duas uma:
a. Ou tem animus donandi, altura em que cumpre seguir o regime da doação;
b. Ou visa enganar o accipiens ou terceiros; neste caso, o solvens (a pessoa que presta) não perde,
necessariamente, a prestação; mas terá que recorrer à cláusula geral do enriquecimento e isso
desde que o art.º 475.º não tenha aplicação.
Só por abstracção se pode referir um animus solvendi. O que, de facto, se tem é a conduta solutória (o
pagamento) livre, feita por um ser humano. Tal conduta tem, necessariamente, um animus; ou não seria
nem conduta, nem humana. Perante um comportamento aferido a uma obrigação, presume-se, nos
termos gerais, que ele tem animus solvendi. Quem assim não o entenda, deverá prová-lo.

Elemento objectivo, que poderá depor no sentido de o solvens não ter a intenção de cumprir uma
obrigação será o facto de ele conhecer a inexistência da mesma. Disto pode inferir-se que, na repetição
do indevido, o solvens estará em erro, quando à existência de obrigação. Não se trata, todavia, de um
erro tecnicamente relevante, jogando-se, aqui, um sentido mais empírico e imediato de
desconhecimento da ausência de obrigação, i.e., de não-configuração, na consciência, da sua
inexistência.
A lei não exige a desculpablidade do erro do solvens, sendo que este só releva perante o cumprimento
antecipado de uma obrigação efectivamente existente (art.º 476.º, n.º 3, CC). Isto deve-se a facto de em
face ao “cumprimento” de uma obrigação manifestamente não-existente, caberá ao accipiens não a
aceitar. Se aceita, ou está de má-fé ou, ele próprio naufraga em erro indesculpável, pelo que a sua
sujeição à repetição é de justiça.

Quem cumprir uma obrigação com dúvidas quanto à sua existência fá-lo com animus solvendi,
inexistindo, aqui, uma questão de scientia: apenas de vontade. De resto, dúvidas, havê-las-á sempre,
pelo menos com pessoas que sejam minimamente modestas. Assim, aquele que, na dúvida, opta por
cumprir, pode lançar mão da repetição do indevido, case se venha a constatar que, afinal, a obrigação
não existia.

Quanto ao indebitum, o art.º 476.º, n.º 1, requer, para a repetição do indevido, que a obrigação não
exista no momento da prestação, colocando tal a questão complexa da obrigação inexistente por
invalidade do negócio.

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