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CliniCAPS, Vol 4, nº 11 (2010) – Artigos

Elementos mínimos para a construção do caso clínico na prática entre


vários
MINIMAL ELEMENTS TO THE BUILDING OF THE CLINICAL CASE IN PRACTICE
AMONG SEVERAL

Amancio Borges

Psicólogo, Psicanalista.
Pós-graduação lato sensu em “Teoria e clínica da psicanálise” (CES-JF/MG); Mestrado em
Psicologia/Psicanálise (Fafich/UFMG); Técnico Superior de Saúde da Prefeitura Municipal de
Ipatinga/Programa de Saúde Mental; docente do curso de Psicologia da UNIPAC - Ipatinga/MG; docente do
curso de Pós-graduação lato sensu da UNILESTE - Coronel Fabriciano/MG; membro do CEPP (Centro de
Estudos e Pesquisas em Psicanálise – Ipatinga/MG); consultório particular.
Endereço para Correspondência:
Av. Castelo Branco, 632/210 – Horto – Ipatinga – Minas Gerais
CEP: 35160-294
E-mail : amancioborgesmedeiros@yahoo.com.br

Resumo: Identificamos, neste artigo, elementos mínimos que conferem forma e função à
construção do caso clínico de orientação psicanalítica, na prática entre vários desenvolvida
nas várias instâncias de atenção à saúde mental.
Palavras-chave: Psicanálise; saúde mental; construção de casos clínicos.

Abstract: Our purpose in this article is to bring out the minimal elements that grant form and
function to clinical cases construction, under a psychoanalytic outlook, among fellows in
mental health care services.
Keywords: Psychoanalysis; mental health care; clinic cases construction.
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É sabido que Freud não tinha muito entusiasmo por si mesmo como terapeuta. Por
outro lado, falava com confiança das possibilidades de pesquisa que a psicanálise ---- a
psicanálise que ele chamava de aplicada ---- poderia oferecer: “[...] essa perspectiva de ganho
científico tem sido a feição mais orgulhosa e feliz do trabalho analítico” (FREUD, 1926/1976,
p. 291).
Se é verdade que “o único critério de validade para a teoria psicanalítica é sua
transmissibilidade” (SILVESTRE, 1991, p. 35), ele observará que, embora o estudante de
uma faculdade de medicina jamais aprenderia algo da psicanálise propriamente dita ---- a
psicanálise pura ----, por não possuir uma experiência direta e pessoal da análise, nem por
isso a transmissão nesse contexto perderia sua utilidade: “será suficiente que ele aprenda algo
sobre e que aprenda algo a partir da psicanálise” (FREUD, 1919/ 1976, p. 220).
Em Lacan, registramos as duas principais entradas sobre a psicanálise aplicada, em sua
obra, primeiramente no Ato de Fundação da Escola Freudiana de Paris, em 1964, e pouco
depois, já como psicanálise em extensão, na Proposição de 9 de Outubro de 1967. Se a
psicanálise aplicada atende essencialmente à interlocução com a terapêutica e a clínica médica
---- aqui, ele acompanha os passos de Freud ----, a psicanálise em extensão surge como a
função de nossa escola como presentificadora da psicanálise no mundo.
Foi a partir dessas referências que, no começo dos anos 1990, como uma estratégia
clínica sustentada por Antonio Di Ciaccia e demais integrantes da Antenne 110, da Bélgica,
instituição de tratamento para crianças autistas e psicóticas, surge o desdobramento aplicado
da prática entre vários.
Além de outros autores que, desde aquela época, irão contribuir para a ampliação
dessa experiência ---- Baio, Viganó, Zenoni, são alguns deles ----, a função da prática entre
vários e da psicanálise aplicada em instituições reproduz uma pragmática clínica orientada
pela própria psicose, pelo autismo e pelas condições dramáticas de discurso que recolhemos
do contato diário com aqueles pacientes mais graves.
No Brasil, e especialmente em nosso estado, após mais de duas décadas de inserção da
psicanálise aplicada nos serviços de saúde mental (BARRETO, 2009), podemos comemorar a
publicação recente, na revista psicanalítica eletrônica Clinicaps: impasses da clínica, de um
mapeamento dos CAPS em Minas Gerais e de uma “Avaliação da Metodologia da
Conversação Clínica junto aos CAPS de Minas Gerais”.
Seja como for, a partir dos discursos originais de Freud, Lacan e outros, hoje
aceitamos a tese de que a construção do caso clínico enseja um valor de método para a
psicanálise aplicada, na prática entre vários.
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De nossa parte, acolhemos sem ressalvas o fato de que a conversação clínica em torno
de um caso não admite seu tratamento como mais um entre amostras de uma coleção, sob
pena de se apagar tanto seu valor de exemplo quanto sua potência de invenção sintomática
singular.

É a particularidade do caso e seu valor de exemplo, sob o ângulo de relações


visíveis, manifestas, o que se apresenta em sua simplicidade, e à maneira como se
diz em geometria que um caso particular tem uma certa superioridade de evidência
totalmente deslumbrante em relação à demonstração, cuja verdade subjaz, em razão
de seu caráter discursivo, velada sob as trevas de uma larga cadeia de deduções”.
(LACAN, 1952/ 2008)

Além disso, entendemos que é no contexto da prática entre vários que a construção do
caso na prática entre vários pode se tornar “a única resposta praticável, quando não há meio
de fazer de outra forma” (ZENONI, 1998, p. 12).
Com base nesses argumentos, gostaria de arriscar alguns elementos mínimos para a CCC
nas comunidades de trabalho em que nem todos são analistas. Proponho que esses elementos
correspondem à “lógica interna” (PINTO, 2009, p. 08) da construção de casos clínicos,
conferindo-lhes forma e função, e que, além disso, estão dispostos numa certa combinatória
que pode mudar de acordo com as próprias experiências locais. A importância de cada
elemento varia conforme a condição clínica de cada equipe ou instituição.

1. A CCC requer desierarquização, transferência de trabalho e desejo do analista

O valor de método clínico da construção de casos está determinado por seu caráter de
transmissão a partir de exemplares ímpares, em que se destaca um pormenor ou resíduo de
saber que autoriza aquele caso, e nenhum outro, como passível de reconhecimento e de
acolhimento clínico pela comunidade de trabalho que o recebe.
Ele envolve, porém, o privilégio de uma abordagem mais literal ou textual dos fenômenos
da clínica, por oposição a um saber referencial ou semântico-conceitual. A abordagem literal
é a que privilegia, anteriormente aos enunciados, a enunciação. O saber fazer a que o paciente
se dedica, nas diferentes atividades clínicas, diz mais de sua posição subjetiva – daquilo que
ele suporta ser – do que o que ele diz querer, do que o que ele almeja ser ou do que os
conceitos da psicopatologia indicam. Nessa vertente da letra, do literal, é menos a dimensão
da significação e mais o registro do ato que orienta a direção do tratamento. Por conseguinte,
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ela implica também que os praticantes da construção a ela se apresentem mais munidos de um
estilo pessoal de convívio do que de um saber prévio, acadêmico, universitário. Diremos,
portanto, de uma desespecialização (STEVENS, 2007) e uma desierarquização (ZENONI,
1998) que não isentam, nem o psicólogo, nem o terapeuta ocupacional, médico, analista ou
qualquer outro, de assumir um lugar de referência clínica, para além de sua formação
profissional. A prática entre vários é, portanto, desierarquizante, porque faz de cada um o
responsável pela invenção constante, diária, dessa própria prática. Ela “fura a instituição e o
trabalho analítico através da construção do caso que atravessa todos os pontos de vista dos
especialistas” (STEVENS, 2007, p. 79). Neste sentido, inclusive, podemos entender que o
primeiro caso clínico é o da própria instituição, que precisa rever seus protocolos clínicos e
regulamentos muito hierarquizados, estanques, e começar a se perguntar sobre o que resta de
inventivo e indecidível na experiência diária, seja com seus usuários, seja com os da própria
equipe.
Pois, se a política institucional, habitualmente, faz terraplanagem das diferenças mínimas
e engaja sua prática na tautologia, na repetição, na inércia do discurso do mestre, ao contrário,
com a desierarquização exigida pela CCC, os vários integrantes da equipe posicionam-se no
mesmo nível de responsabilidade transferencial, desde o vigilante até o analista, passando
pelos assistentes sociais, pessoal administrativo, enfermeiro, médico, etc. Na CCC, tanto o
PTI, Projeto Terapêutico Individual, quanto o saber prévio do técnico de referência perdem
força, esvaziados dos seus ideais de orientação clínica uniformizante.

Equipe multidisciplinar Prática entre vários

Projeto terapêutico individual Construção do caso clínico


Técnico de referência Técnico de transferência

Nossa aposta é, assim, que essa estratégia se articule através da transferência de


trabalho, para proceder à construção do caso e “fazer caminhar o coletivo não-todo da equipe,
sustentando um certo vazio de saber” (FIGUEIREDO; GUERRA; DIOGO, 2006, p. 138).
Se nem todos ali são praticantes da psicanálise, um acordo sobre os fundamentos
básicos, sobre as premissas conceituais da construção do caso, seria suficiente para que cada
um, como Freud indicou, pudesse aprender algo sobre e algo a partir da psicanálise e, assim,
orientar analiticamente aquela construção.
Ao examinar essa questão a partir de uma fórmula atribuída a Éric Laurent, Alexandre
Stevens concorda que são “analisantes civilizados” aqueles que, na comunidade de trabalho
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institucional, ou estão em análise ou suportam uma transferência com “a psicanálise enquanto


sujeito suposto saber”, e que são “regulados por essa transferência” (STEVENS, 2007, p. 80-
81).
Portanto, não necessariamente analistas, mas necessariamente sob transferência.
Como último ponto desta seção: uma transferência com “a psicanálise como sujeito
suposto saber” implica, a nosso modo de ver, como condição, que a transferência seja
induzida por pelo menos um que faz da psicanálise causa de desejo. Temos, então, a condição
do desejo de um analista, ao menos um, para fazer circular a suposição de saber em torno do
corpo doutrinário da psicanálise. E aqui, não é somente a presença do analista que conta, mas
o desejo do analista, que condiciona internamente a experiência da construção do caso clínico.
Isso nos parece de acordo com a ideia de que esse desejo do analista não está limitado à cura.
Ele faz avançar a transmissão, lá onde não seria possível fazer de outra forma (ZENONI,
1998, p. 13). O desejo do analista, mais que sua presença, pode mostrar-se decisivo quanto ao
efeito de indução do significante freudiano na prática entre vários. Ele pode inocular um
desejo novo no tecido técnico-referencial das equipes convencionais, desenvolvendo as
condições para que uma transferência de trabalho instale-se em torno da construção do caso.
Outro modo de dizê-lo: há um saber, a ser extraído do paciente, que depende diretamente de
uma transferência de trabalho (VIGANÓ, 1999, p. 59). O desejo do analista pode inspirar a
constituição dessa transferência no seio da equipe, tomando a construção do caso como meio
de trabalho compartilhado.

2 – A CCC envolve a eleição de um saber disjunto, afirmação ética precisa e a


conversação clínica
A expressão pedaços de real surge em O Seminário, livro 23 - o sinthoma, para
mostrar de que modo, em Joyce, a orientação pelo real forclui o sentido. Os pedaços de real
remontam ao S ( A ), a uma falta estrutural no simbólico e, nessa medida, consistem naquilo
tem a propriedade de “não se ligar a nada” (LACAN, 1975-1976/ 2007, p. 119), que subsiste
como um nódulo de opacidade significante no aparelho da linguagem. Aqui, portanto, nada de
lei simbólica (enquanto o Φ inaugura a lei simbólica pela metáfora da falta); nada de sentido
(enquanto o Φ instaura a significação do falo); nada de parceiro (enquanto o Φ, “primeira letra
da palavra fantasia”, coage o sujeito à busca pelo parceiro de gozo).
Pedaços de real são aquilo que os psicóticos e os autistas oferecem como o “caroço”
(ZAVALLA, 2004, p. 119), ou como “nódulos verbais espessos e atípicos” (ZAVALLA,
2004, p. 107) a serem assimilados pela prática entre vários. Esses nódulos que “não se ligam a
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nada” comumente ficam espalhados pelo ambiente dos serviços de saúde, como as pegadas de
Sexta-feira na praia de Crusoé. Nada se sabe delas, exceto que não se dirigem a nós. A
decisão pela conversação em torno desses pedaços de real (BAIO, 2007, p. 168) é uma
escolha forçada pela ressonância ética do método da CCC. É uma escolha contra a elisão do
sujeito sob categorias universalizantes. É uma decisão pela elevação de suas respostas à
dignidade de sinthomas. Essa escolha é solidária ao vazio de saber (FIGUEIREDO;
GUERRA; DIOGO, 2006, p. 135), ou a posição de “não-saber” (STEVENS, 2007, p. 84) pela
qual os praticantes da construção, como “aprendizes da clínica”, podem acolher ou mesmo
provocar essas invenções inúteis para o sentido e reconfigurá-las para uso do próprio sujeito
que as produziu.
De enunciados sem apelo ao Outro, a tarefa não é de transformá-los em enunciados
plenos de sentido: isso nos condenaria a ocupar o lugar do “herói hermenêutico” de que fala
Éric Laurent (ANSERMET; BORIE, 2007, p. 157). O desafio é preservar, no dito, sua
potência de dizer; viabilizar, no enunciado atípico, a passagem ao estilo de um sujeito da
enunciação.
As duas noções anteriores nos parecem articuláveis a outra, de O Avesso da
Psicanálise: aquela de um saber disjunto. O que nos interessa de perto é o seguinte: o saber
do mestre se produz de forma inteiramente autônoma em relação ao saber mítico, e isto, para
Lacan, é o que se chama “ciência”. Esse saber trata da conservação de uma regularidade, de
uma cifra ou unidade, que só pode ser construída a partir da ilusão de que o significante seja
capaz de significar a si mesmo. Nesse caso, não há nada de um sujeito peculiar capaz de fazer
uma entrada inaudita no cálculo lógico, formal. Tudo ali está previsto para excluir a
“contingência inoportuna” (LAURENT, 2003, p. 69) do circuito onde se decidem os valores
proposicionais. Tudo ali está previsto para afastar o imprevisto ---- como vimos, o universo
quineano visa ao “extermínio dos intrusos” (MILLER, 2007, p. 236).
Porém, e aqui está estaria o ponto principal: se o discurso da lógica proposicional é
fundamentalmente tautológico, porque “rejeita e exclui a dinâmica da verdade” e serve para
recalcar aquilo que habita o saber mítico ---- paradoxalmente, no mesmo movimento ---- ele
volta a se deparar com “o que reencontramos nas espécies do inconsciente, quer dizer, como
resíduo desse saber, sob a forma de um saber disjunto” (LACAN, 1969-1970/ 1992, p. 85). E
o mais importante: “o que será reconstruído desse saber disjunto não retornará de maneira
alguma ao discurso da ciência, nem às suas leis estruturais”, ou seja, é preciso outro aparato
metodológico apto a reintegrar o saber disjunto a um campo de saber compartilhado.
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É nesse aspecto que a psicanálise se torna um recurso ímpar, no sentido de “preservar


um espaço de legibilidade para um sujeito particular” (DHÉRET, 2007, p. 145). A psicanálise
é o recurso final de quem sustenta que seu desejo tem uma assinatura, ou que seu gozo não
possui precedentes.
O saber disjunto é aquele cuja assimilação pelo universal revelou-se impossível, e que
só o dispositivo de uma construção a partir do singular seria capaz de restituir. A eleição do
saber disjunto como objeto da prática entre vários não é garantia de nada ---- que garantia
poderíamos extrair de “pedaços de real”? Assim como o inconsciente furta-se à causalidade
lógica e à lei da temporalidade, esse saber, se vier à luz, será obtido por acréscimo, a
posteriori, e sua legitimação terá que esperar por suas consequências para se afirmar.
Como se manifestaria para nós, então, a articulação entre as três noções acima?
Nossa hipótese para uma fórmula mínima da construção do caso, na prática entre
vários, seria a seguinte: quando um vazio de saber institucional suporta acolher um pedaço de
real em ato, criam-se as condições de produção de um saber disjunto.
E aqui nos defrontamos com a penúltima e, talvez, a mais difícil de manejar entre as
propriedades da construção, no ambiente da instituição. É que o vazio de saber que
fundamenta a posição dos praticantes deve incidir, também, sobre o que devemos querer para
“o bem dos pacientes”. A afirmação ética precisa que recorta e suspende a “promoção do bem
estar” e o “desejo de curar” contradiz o ideal dos serviços de saúde em geral e choca
particularmente aqueles que, em saúde mental, se dedicam à condescendência moral para com
os loucos, considerados deficitários de racionalidade e de responsabilidade. A virada do
último ensino de Lacan, colocando o sinthoma psicótico como paradigma para o sintoma
neurótico, representa a tradução clínica do paradoxo ético levantado por Freud, a partir do
reconhecimento da pulsão de morte.
Na prática entre vários orientada pela psicanálise, é inevitável certo afastamento da
ética do bem-estar, de querer o bem do outro, segundo nossas convenções.
Em Aristóteles, encontramos uma aproximação entre o Bem e o Bem Estar e, na
medida em que a busca do Bem consiste num exercício em direção à excelência moral, ela é
também da ordem da felicidade (BARRETO, 2009, p. 26). Há em Aristóteles uma “disciplina
da felicidade” acessível àqueles que praticam a virtude do mesotes, ou meio-termo; pelo
evitamento de todo excesso, seria permitido a cada homem realizar-se em seu bem próprio
(LACAN, 1959-1960/1988, p. 351). Em Kant (1788/2002), já surge a cisão entre um e outro,
quando ele distingue das Gute, o Bem, de das Wohl, o bem-estar:
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O Wohl ou Übel <bem-estar ou mal-estar> sempre significa somente uma referência


a nosso estado de agrado [Annehmlichkeit] ou desagrado [Unannehmlichkeit], de
prazer e dor, e se por isso apetecemos ou detestamos um objeto, isto ocorre somente
na medida em que ele é referido à nossa sensibilidade e ao sentimento de prazer e
desprazer que ele produz. Mas o Gute ou Böse <bom ou mau> significa sempre uma
referência à vontade, na medida em que esta é determinada pela lei da razão a fazer
de algo seu objeto. (KANT, 1788/ 2002, p. 96-97)

Porém, foi preciso esperar por Freud para formalizarmos clinicamente o fato de que
um sujeito que renuncia às pulsões, em benefício da cultura e da civilização, em nada suaviza
as exigências do supereu que lhe ordena a renúncia. Pelo contrário, cada desistência de uma
satisfação só faz aumentar a severidade do supereu. A psicanálise constata, a partir da clínica,
que não é por devotar-se a servir ao Bem Comum que um sujeito se reconcilia com seu Bem
Estar Próprio. Alguém pode estar em perfeito acordo com seu máximo Bem, estando em
perfeito desacordo com as normas sociais do bem-estar. Os contornos clínicos desse fato nos
são acessíveis em fenômenos que vão desde o masoquismo à repetição compulsiva, passando
pelo sentimento de culpa, pela reação terapêutica negativa, pelo afeto depressivo, etc.
Quando, então, dedicamos nosso enfoque de atendimento à intenção de fazer o bem,
como saber que não estamos impelindo o sujeito, justamente, ao mal-estar? Que sabemos do
que, para ele, é seu bem-estar no Mal, ou seu mal-estar no Bem? A direção ética da
construção do caso entre vários deve reservar-se a não querer o bem. Mas, dirão alguns: vocês
se meteram no serviço público, para o qual o mais importante é o bem comum, é procurar
fazer o bem como um dever. Certo. Isso, porém, não se faz sem o consentimento do sujeito.
“Por nossa posição de sujeito, sempre somos responsáveis”, é o que Lacan ( 1965/ 1998, p.
859) relembra em A ciência e a verdade.
Um caso construído por Valérie Péra-Guillot evoca esse tema. Trata-se de um jovem
esquizofrênico que procura a instituição visando assegurar-se de alguma “socialização”,
quando tinha problemas sérios com a mulher que amava e já havia perdido todo o status
social. Como gostava muito de música, a equipe achou por bem que ele participasse de um
ateliê musical – algo semelhante a nossas conhecidas “oficinas”. Ele compareceu somente a
uma sessão, e não mais voltou. Dois anos depois, retorna, agora em cadeira de rodas, após
uma passagem ao ato suicida. Começam, então, a se empenhar em sessões de fisioterapia e
exercícios variados, acreditando que ali estava o bem último a ser resgatado para esse sujeito.
O ponto principal é o seguinte: a equipe, letárgica, ficou fascinada pela paraplegia, dedicando-
se com furor ao desejo de restituir-lhe o uso das pernas, enquanto o próprio sujeito
manifestava persistentemente que sua autonomia passava por outros caminhos: ele gosta de
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escrever, torna-se locutor na rádio da instituição, quer colocar a estética musical a serviço da
ética, ou seja, do laço social. “Minha potência está na voz, o importante é o verbo”, diz ele,
“Depois que fiz o luto de meu corpo, posso andar”. Ensurdecidos diante da ideia de que seu
Bem passava pela recuperação do uso das pernas, a equipe esqueceu-se de ouvir o Bem que
ele reconquistava pelo uso das palavras. “A imagem do corpo ferido e desamparado
mobilizou nosso desejo por muito tempo: furor de curar. Ora, o essencial desenrolou-se
alhures, nas ‘deflagrações de palavras’ que ele fez ressoar em seus textos e sobre as ondas do
rádio...” (PÉRA-GUILLOT, 2007, p. 201).
Em geral, a ética resume-se a um código impresso que fica esquecido até que alguma
infração dramática venha convocar sua releitura e as sanções devidas. Cai um prédio, um
paciente morre à mesa de cirurgia, um deputado rouba: invoca-se o código de ética. Em
psicanálise, a ética é operativa. É uma ética prática. Ela consta em cada sessão, em cada
intervenção do analista, como um operador clínico que relembra a esse analista, a todo
instante, a questão de partida: qual a medida de tua ação? É assim que entendemos o que foi
escrito por Lacan no Ato de fundação: “Ética da psicanálise, que é a práxis de sua teoria”
(LACAN, 1964/ 2003 p. 238).
Talvez seja mesmo necessário apresentar aos operadores da transferência, na prática
entre vários, certas premissas fundamentais decorrentes do ato psicanalítico, pautado por tal
ética. Por exemplo: i) frear o furor terapêutico; ii) não se colocar no lugar do paciente; iii)
evitar a interpretação pela intersubjetividade; e, sobretudo, iv) não querer o bem do paciente.
Nas palavras de Lacan: “Diria mais – poder-se-ia, de maneira paradoxal, ou até mesmo
decisiva, designar nosso desejo como um não-desejo de curar” (LACAN, 1959-1960/ 1988, p.
267).
Suportar não querer o bem não é tão difícil. Difícil é querer o bem e não suportar seus
efeitos, que adveem como fenômenos do transitivismo imaginário: a erotomania, a
persecutoriedade, a demanda insaciável, a ira da insatisfação, a angústia pela perda do amor, a
dependência compulsiva, etc.
Chegamos ao final. O último de nossos elementos mínimos se refere aos meios de
suporte coletivo da construção dos casos. Eis a questão: a elaboração do caso clínico envolve
redação, escrita do caso, ou simplesmente comentário e conversação?
A CCC em psicanálise é de hábito associada a uma narrativa que comporta variações,
seja na perspectiva de um “relato contínuo do sujeito com seu inconsciente” (LAURENT,
2003, p. 70) – como nos casos freudianos clássicos –; seja ao modo de uma monografia
exaustiva – como no caso Aimée, de Lacan –; seja no relato sessão-por-sessão – inaugurado
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por Melanie Klein –; ou, finalmente, nos relatórios do tipo vinheta clínica, em que se busca
recuperar um fragmento em destaque na história pulsional de um sujeito ou na pertinência
doutrinária de um conceito psicanalítico.
O material comum às diferentes versões da apresentação de casos clínicos é que,
primeiramente, eles testemunham a tensão inerente ao encontro de cada sujeito com um
problema de gozo, o que se traduz, no dispositivo da cura, como algo de impossível redução
pela via do significante: é isso o que Eric Laurent identifica como a contingência inoportuna a
ser capturada pelo caso clínico, ou seja, uma “gravitação da lógica do significante no campo
de gozo” (LAURENT, 2003, p. 69). Outro elemento em comum nos casos psicanalíticos é que
eles se depositam em escritos. Nas diversas variações da estrutura de suporte do relato,
persistiu a necessidade de se fazer uma redação, uma escrita do caso.
Sabemos que o vocábulo caso originou-se do verbo latino cadere: cair, tender para
baixo. Em nossos termos, significa ir para fora de uma regulação simbólica, num encontro
direto com o real, com aquilo que não é dizível e que é, portanto, impossível de ser suportado.
Clínica, por sua vez, vem do grego klyné, ou seja, leito: é o ensinamento que se recolhe ao
lado do leito do paciente, diante do corpo do paciente, com a presença do sujeito. Um
ensinamento que não é teórico, mas que se dá a partir do particular. Não é construído a partir
do universal do saber, mas do singular de cada sujeito (VIGANÓ, 1999, p. 51).
Sabemos também que a construção e a interpretação não coincidem. Interpretação é a
decifração dos significantes recalcados, perdidos ou esquecidos, aqueles que a transferência
atualiza. É uma operação simbólica que visa extrair o real do gozo pela via dos significantes.
A construção, por outro lado, nos remete à indestrutibilidade do objeto psíquico. A
construção visa a restaurar a topologia de um furo que não é o furo da perda dos significantes,
mas o furo de um objeto perdido que causa o desejo. Esse furo marca o objeto, mas enquanto
perdido para sempre, assim como marca as tentativas de cada sujeito de haver-se com ele e de
reavê-lo. O trabalho de construção consiste no “testemunho das diversas fases do trabalho do
analisante” (VIGANÓ, 1999, p. 55), no sentido de recapturar o objeto precioso que lhe falta,
ou de reencontrar um lugar discernível para o que é sem sentido em sua história pulsional, em
sua vida.
Assim, construir o caso clínico é colocar o paciente em trabalho, registrar seus
movimentos, recolher as passagens subjetivas que constam em sua história de vida, para que o
analista esteja pronto para escutar sua palavra, quando esta vier, se vier.
Recolher e registrar as passagens importantes na história de um sujeito corresponde a
inscrevê-las em alguma instância de discurso. A inscrição da trajetória de um sujeito, marcada
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pelo seu encontro e desencontro com o Outro e com o real pulsional, é o que entendemos por
“meios de suporte coletivo” para a CCC. Haveria necessidade dessa inscrição depositar-se
numa escrita do caso?
Reconhecemos no dia a dia da clínica a hipótese de que, na prática entre vários, no
âmbito da APS, do CAPS ou do hospital, a construção do caso decorre, antes, de uma
conversação clínica. Como afirma Baio:

Descubro que escolhemos ‘conversar’ a partir dos pedaços de real da criança, a


partir dos impasses estratégicos e táticos do coletivo, passando pelo instante de ver,
levando ao tempo para compreender a lógica e chegando ao momento de concluir,
para que cada um aceite uma mesma política e uma mesma estratégia, mas deixando
cada um, no seu ritmo, encarnar essa estratégia segundo seu estilo, suas manobras,
seu saber-fazer-com-isso sintomático. (BAIO, 2007, p. 168)

A conversação clínica trata, portanto, de adaptar a cura ao caso, de retificar a posição


do analista (em nosso caso, dos operadores da transferência) e, ainda, de fazer a experiência
clínica avançar (ZAVALLA, 2004, p. 49). Essa conversação seria, a nosso ver, um exercício
semelhante ao que Lacan fez em seu exame do drama de Hamlet, o que ele denominou como
seu “método implacável de comentário dos significantes” (LACAN, 1959-1960/ 1988, p.
305). Esses comentários se dirigem a um problema de gozo, a um nó que enlaça a dor ao
prazer, no cerne de um sintoma; mais especificamente, o problema de gozo se deve a um mal
funcionamento desse nó, que se afrouxa ou rompe, liberando uma espécie de hemorragia de
libido cujo sinal mais freqüente é a angústia. Os nós de gozo que constituem sintomas
estruturam-se como uma linguagem e constituem o texto que ordena a realidade, e o índice de
que nos aproximamos da realidade subjetiva no sintoma é a presença da angústia: “a
verdadeira captura do real se encontra na função da angústia, única apreensão derradeira da
realidade como tal” (LAURENT, 2007, p. 138).
A flutuabilidade do laço que mantém unidos simbólico, real e imaginário, sua
ineficiência em restituir a homeostase da libido e equacionar uma ordenação satisfatória da
realidade psíquica remonta, portanto, ao erro nodal ou lapso do nó, mencionado por Lacan na
última lição de O Seminário, livro 23 - o sinthoma ( 1976/ 2007, p. 148). Nos comentários
finais de Miller sobre esse seminário, o que Lacan chamou de “erro do nó” tem a função de
uma transformação cuja propriedade é de desenlaçar o nó de trevo, fazendo dele uma simples
rodinha de barbante. O princípio do tratamento matemático da questão é de que tal erro,
definido como uma singularidade ou uma catástrofe na estrutura dos nós, produz-se quando
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uma parte do nó atravessa uma outra em um “ponto duplo”: nesse instante, o nó se torna
singular, para logo depois voltar a ser comum, ou regular, mas, eventualmente, diferente do
nó inicial (MILLER, 2007, p. 217). Podemos, a partir disso, articular a singularidade a um
ponto de catástrofe que a, construção do caso viria trazer à luz.
A conversação clínica teria, portanto, a função de destacar os significantes que se
desprendem no decorrer de uma catástrofe subjetiva, ocasionada por um lapso na amarração
entre os registros do simbólico, real e imaginário.
Nossa fórmula mínima da CCC, então, se especifica ainda mais: quando um vazio de
saber institucional suporta inventariar os pedaços de real, os resíduos significantes envolvidos
numa catástrofe subjetiva, em torno de uma conversação clínica, criam-se as condições de
produção de um saber disjunto.
A nosso ver, o inventário desses resíduos ou destroços significantes não precisa
esperar pela redação e escrita do caso para se realizar. Se todo caso é “sempre, de uma certa
forma, um ‘caso de urgência’” (LAURENT, 2003, p. 74), a conversação clínica é um recurso
de construção mais adaptado ao tempo da urgência. Ele não impede um desenvolvimento,
posterior ou simultâneo, na forma da redação, mas, no momento da pressa em que se
desenrola uma catástrofe subjetiva, a conversação clínica permitiria aos vários praticantes
responder de forma mais imediata, adequada e precisa.
Em nossa pesquisa chegamos, finalmente, a uma formalização mínima da construção
de casos clínicos na prática entre vários: quando um vazio de saber, cavado no espaço
institucional por uma transferência de trabalho com a psicanálise, identifica os pedaços de
real e os resíduos significantes dispersos numa catástrofe subjetiva, criam-se as condições de
produção e transmissão de um saber disjunto que permitem ao sujeito tratar, de forma
inventiva, suas relações com o desejo e com o gozo do Outro.
Esta é a experiência que estamos iniciando junto ao serviço público de saúde mental
de Ipatinga, Minas Gerais. Esperamos divulgar seus resultados, proximamente.

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