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RESENHA

Thayan Correia da Silva1

1. OBRA

ESTEVÃO, Carlos. O ossuário da "Gruta-do-Padre" em Itaparica e algumas


notícias sobre remanescentes Indígenas do Nordeste, Rio de Janeiro: Boletim do
Museu Nacional, Imprensa Nacional, 1942. 151 à 184 p. Disponível em:
http://www.etnolinguistica.org/biblio:estevao-1942-ossuario, aceso em 15 de
novembro de 2014

2. CREDENCIAIS DO AUTOR
Carlos Estevão de Oliveira e brasileiro natural da cidade do Recife em
Pernambuco, cursou por um período de três anos a Faculdade de Medicina não
concluindo, formou-se então em direito, era também um poeta e naturalista, iniciou
sua carreira como funcionário público em Alenquer, no estado do Pará, e exerceu o
cargo de diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) entre os anos de 1930 a
1945; esta última função é certamente a mais importante de sua carreira pública no
Pará.

3. RESUMO

Decorrente de uma excursão que havia acabado de realizar em alguns


trechos dos sertões nordestinos. Dando-lhe uma feição descritiva e não analítica, ele
mostrar, por essa forma, não só a vastidão de um precioso campo de exploração,
como, também, quanta são merecedores de proteção os remanescentes indígenas
existentes nos sertões nordestinos.
Tendo em elaboração um trabalho sabre a etnologia brasileira, sempre que o
manuseava para continuar a tarefa, notava, com pesar, que o material referente aos
índios do Nordeste era demasiadamente frágil para suportar uma obra de base

1
Thayan Correia da Silva é graduando em História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL Campus
III – Palmeira dos Índios e membro do Grupo de Estudos da História Indígena de Alagoas. E-mail:
thayan.t@hotmailcom.
cientifica. Assim, ele tem a ideia de realizar uma visita aos remanescentes indígenas
ainda existentes nessa região.
Sua primeira visita e aos Pankararu do Brejo dos Padres em princípios de
1935 e aos Fulniôs de Águas-Belas, e por não dispor de muito tempo acaba que em
sua visita ele não consegue passar o tempo necessário, e no ano seguinte, ele
solicita uma “licença prêmio” para poder ficar mais tempo na área e iniciar seus
trabalhos nas terras do povo Pankararu.
No dia 22 de fevereiro de 1936, acompanhado pelo Dr. Max Liebig ele segue
viagem para Itaparica chegando a mesma no dia 23, onde antes mesmo de ir para o
Brejo dos Padres, ele sai em visita a Cachoeira de Itaparica onde ficava o canteiro
de obras da Companhia Industrial e Agrícola do Baixo São Francisco, e nessa visita
ele descobre em “um Serrote que fica perto da aludida cachoeira um ossuário
indígena de real valor científico”. E ali próximo, ele conhece o velho Anselmo, um
Pankararu com quem ele inicia a subida para o “Serrote”, e que lhe conta as
primeiras narrativas sobre a “Gruta do Padre” na qual tinham sido queimados vivos
um Padre e uma moça, onde ele ao ouvir a narrativa ele percebe um sabor de lenda
muitíssimo acentuado onde lá chegando logo verificou a primeira vista, que a história
do Padre, que, aliás, já havia servido para dar nome ao "Serrote" e a "Gruta" não
passava, efetivamente, de lenda.
Entrando na gruta, ele foi levado diretamente ao local em que estavam os
"ossos do Padre", segundo acreditava o velho Anselmo, e este, levantando uma
lage, pôs a mostra ossos humanos, onde Estevão rapidamente os examina,
percebendo que eles pareciam ser antigos, ele começa então, uma ligeira inspeção
por todo o solo da gruta, abaixando-se ao lado de uma, determinou que Anselmo
cavasse um pouco por debaixo dela, e ao cavar, apareceram ossos, que o fizera
compreendendo que estava diante de um grande ossuário, encaminhei-me para
junto de uma outra lage, e comecei a fazer, com Anselmo, ligeiramente, uma nova
escavação.
A partir daí ele começa uma espécie de diário de viajem, onde ele descreve
suas visitas as diversas tribos presentes nos sertões de Pernambuco, Baia e
Alagoas.
A primeira visita é na aldeia do Brejo dos Padres que segundo ele era um
vale, tão belo quanto fértil, e que fica situado entre Itaparica e Tacaratú, onde viviam
em número bastante elevado, remanescentes de tribos filiados a varies grupos
indígenas, reunidas por influência da catequese religiosa, segundo suas pesquisas,
onde diziam os habitantes daquele vale que foram os ''Pancararús", do antigo
"Curral-dos-Bois", hoje "Santo Antônio da Gloria", na Baia, ·os primeiros indígenas
que ali estabeleceram aldeamento, e, depois daqueles índios chegou ao "Brejo"
gente da "Serra Negra", "Rodelas", "Serra-do-Urubá", "Águas-Belas", "Colégio" e
"Brejo-do-Burgo", mas ele repetia que acreditava ele que a reunião de povos
pertencentes a grupos tão diversos naquele vale, resultou da Missão que nele existiu
em épocas remotas.
Ele Chegou na aldeia do Brejo dos Padres justamente na época das festas do
"Umbu", festas tradicionais naquela aldeia onde ele diz que certamente nasceram do
valor que tem aquele fruto na economia do povo. Onde ele descreve todo a
festividade, desde o flechamento do "Umbu" e a luta com o cipó (cabo de guerra
como comumente conhecemos) que formão a primeira parte dos festejos, como
também a segunda parte que começa quando a safra do mencionado fruto está
no·auge e inicia-se com a festa a que chamam "Corrida do Umbu", a flagelação com
pés de “Urtiga Cansanção”, descreve também a figura do Praiá. A festa do Umbu
não é a única que acontece naquela aldeia, ele descreve também a festa do “Menino
do Rancho” um dos mais importantes festejos pois marca a iniciação dos rapazes na
comunidade dos Praias sendo estes, pode-se dizer, a incarnarão dos espíritos
protetores da aldeia, que formam uma espécie de sociedade secreta, a qual evita,
quanto possível o contanto direto de seus membros com outras pessoas, quando se
encontram no "Poró", que é o "Rancho" em que se reúnem por ocasião das festas.
Outras festas são os do “Toré” e a festa da "Jurema" ou do "Ajucá" que ele se
delimita falar por ser mais religiosos e de caráter mais reservados para os indígenas.
Partindo do Brejo dos Padres ele volta para Itaparica no dia 23 de março,
onde no dia 24, logo pela manhã, auxiliado pelo velho Anselmo ele começa a
escavar a "Gruta-do-Padre", retomando suas pesquisas a respeito do ossuário ali
encontrado, ele tenta desvendar de qual povo pertenceria aquele ossuário, pois dizia
ele que descobrir qual o povo que fez da "Gruta-do-Padre" um ossuário, não sabia
ainda, e, talvez, nunca saberia já que pensava ele que não tinha sido gente do grupo
"Tupi" nem do "Gê", nem do "Cariri", pois ao que se sabia, nenhuma tribo desses
três grupos tinha por habito queimar os ossos ·dos seus defuntos. Os "Tupis"
enterravam seus mortos em grandes potes, os "Gês'', no chão, e os "Cariris'',
conforme informação de Elias Herckman, os comiam, por achar, segundo o mesmo
informante, "que eles não podiam ser melhor guardados ou enterrados do que em
seus corpos".
Não podendo permanecer por mais tempo em Itaparica, no dia 6 de Abril,
partiu para "Colégio", e lá pelas investigações realizadas naquela cidade, constatou
que ali vivem descendentes das tribos "Natu", "Chocó, "Carapotó", e, possivelmente,
"Prakió" e "Naconã", que, segundo me declarou a velha cabocla "Naúu'', Maria
Tomázia, foram, também, aldeadas em "Colégio", onde ele viu também que a cultura
espiritual dos "caboclos" de "Colégio", cai na mesma extratificaçâo da do "Brejo-dos-
Padres" e de “Águas-Belas”.
No dia 11, deixou aquela cidade em direção a "Palmeira dos Índios", onde
segundo ele, de todos os remanescentes indígenas que ele visitou no Nordeste, são
os “Chucurús” “Caririzeiros” os que se apresentam em melhor estado de pureza
física. Em "Palmeira dos Índios" ele verificou um fato de interesse para a nossa
etnografia, Elias Herckman diz que os "Cariris" comiam seus mortos, entretanto
quando ·ele começa suas pesquisas na cidade, ele descobre por intermédio do
velho "Chucurú" José Francelino de Melo, que antigamente "quando os "Chucurús"
eram bravios e moravam no mato", botavam os seus mortos dentro de grandes
potes e enterravam estes nas grutas das serras.
Terminado o tempo reservado a Palmeira dos Índios na madrugada do dia 17
de abril seguiu para "Águas-Belas". Que dos povos por ele visitados, os "Funiôs" era
o que apresenta uma situação econômica menos precária e o único dentre os
remanescentes indígenas do Nordeste, são os únicos que conservam a primitiva
língua e os que melhor conservam a primitiva cultura.
Durante os períodos seguintes dos achados da Gruta do Padre Carlos
Estevão vai trabalhar com esses achados e com os Pankararu. Essa publicação
contém um relato dessas viagens, muito importante para os índios desta região.
Ele conclui o seu texto fazendo um apelo em nome dos Pankararu, que na
ocasião sofriam com a invasão de gado de fazendeiros em suas terras. Os animais
atrapalhavam a atividade agrícola dos Pankararu, pois destruíam as lavouras.
No anexo ao texto, Carlos Estevão publicou um conjunto de fotografias que
registram pessoas e momentos importantes dos Xukuru-Kariri, Fulniô e Pankararu.
Essas fotografias, certamente feitas pela sua “Rolleiflex”, foram muito bem
selecionadas.
4. APRECIAÇÃO

O texto é resultado de uma palestra realizada no Instituto Arqueológico,


Histórico e Geográfico Pernambucano, no dia 10 de julho de 1937 e publicado
inicialmente nos volumes XIV a XVII do Boletim do Museu Nacional, referentes aos
anos de 1938 a 1941, e impresso pela Imprensa Nacional em 1942.
Trata-se de obra de cuidadoso rigor metodológico, que explora e conclui sobre
os problemas que se propõe a estudar, sem desvios ou distorções. Utiliza várias
técnicas de coleta de dados, obtendo assim maior riqueza de informações.
Tornando-se uma peça importante no reconhecimento formal dos índios
Pankararu pelo Estado brasileiro. A partir desse trabalho que se tornou público
através do Boletim do Museu Nacional, iniciou-se o interesse de muitos outros
pesquisadores. Vale mencionar como exemplo Mário de Andrade, que em 1938
visita à região, registrando em filme as músicas e os torés Pankararu. A organização
da narrativa do “ossuário de Gruta do Padre” é muito bonita, pois e rica em detalhes,
e cita os nomes de todos aqueles com que manteve contato durante esse período
em que se encontrava de “licença prêmio”. Ele também faz um relato muito simples
e extremamente detalhado das visitas que fez entre os índios de Colégio, os Xukuru-
Kariri, e entre os Fulniôs de Águas Belas.

5. INDICAÇÕES

Esta obra apresenta especial interesse para estudantes e pesquisadores de


Sociologia, Arqueologia, Antropologia e Etnografia. Pode ser utilizada tanto em nível
de graduação como de pós-graduação, pois apresenta linguagem simples, sendo
também útil como modelo, do ponto de vista metodológico.

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