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Fecundação
A fecundação é o encontro e união das células sexuais masculina e feminina, haplóides,
com fusão dos seus núcleos e formação de um zigoto diplóide. A fecundação engloba
várias etapas:
1. Deposição na vagina de 50 a 130 milhões de espermatozoides, no decurso de uma
ejaculação;
2. Contacto dos espermatozoides com o muco cervical, produzido por glândulas do colo
uterino em quantidade e consistência variáveis ao longo do ciclo ovárico;
3. Deslocação do oócito II em direção ao útero, por contrações da trompa de Falópio e
movimentos ciliares das células do oviduto;
4. Progressão dos espermatozoides através do colo uterino.
Menos de 100 alcançam as trompas de Falópio, local de
fecundação;
5. Encontro do oócito II e dos espermatozoides, atraídos por
uma substância libertada pelas células foliculares;
6. Introdução de espermatozoides entre as células foliculares e
reconhecimento pela ligação a recetores específicos da zona pelúcida;
7. Libertação do conteúdo do acrossoma – reação acrossómica – com digestão local e
travessia da zona pelúcida e absorção da cabeça do espermatozoide pelo oócito II;
8. Conclusão da meiose formando-se o óvulo e 2º glóbulo polar;
9. Formação da membrana de fecundação, impedindo a entrada de mais
espermatozoides;
10. Fusão dos núcleos dos dois gâmetas (cariogamia);
11. Formação do ovo ou zigoto.
CAMADAEMBRIONÁRIA ÓRGÃOS/SISTEMAS
Sistema nervoso
Ectoderme Órgãos dos sentidos
Epiderme
Esqueleto
Músculos
Sistema circulatório
Mesoderme
Sistema excretor
Sistema reprodutor
Sistema respiratório
Endoderme Fígado
Pâncreas
PROCESSOS BIOLÓGICOS
Crescimento A partir de multiplicações celulares
(mitose) e aumento do volume das
células.
Conjunto de movimentos de territórios
Morfogénese celulares que tomam posições uns em
relação aos outros, de acordo com
as estruturas que vão formar. São
originadas três camadas embrionárias.
Métodos Contracetivos
A contraceção consiste na prevenção voluntária da gravidez com recurso a métodos que
permitem evitar a fecundação. Os métodos contracetivos são processos que permitem aos
casais planear o nascimento dos filhos. Existem vários métodos contracetivos: os que
modificam o funcionamento normal das gónadas, evitando a gametogénese; os que
impossibilitam o encontro do espermatozoide com o oócito II e consequente fecundação e
os que impedem a nidação do embrião.
Existem métodos contracetivos naturais e não naturais. Os métodos mais comuns são:
. A contraceção hormonal (oral, injetável, implante);
. O dispositivo intrauterino (DIU);
. O espermicida;
. O preservativo (feminino/masculino);
. O diafragma;
. A abstinência periódica;
. A contraceção cirúrgica;
. A contraceção de emergência.
Reprodução Assistida
Normalmente surgem casos em que casais que planeiam ter filhos e não conseguem
concretizar esse desejo. Trata-se de infertilidade. A infertilidade é a incapacidade
temporária ou permanente em conceber um filho e levar uma gravidez até ao seu termo
natura, após um ano de relações sexuais sem contracetivos. Os fatores de sucesso na
procriação são:
. Produção e libertação de espermatozoides normais e em número suficiente;
. Produção e libertação de oócitos II viáveis;
. Capacidade de os espermatozoides fecundarem os oócitos II;
. Existência de ovidutos onde possa ocorrer a fecundação;
. Existência de um endométrio normal onde possa ocorrer a nidação.
A reprodução assistida é um conjunto de técnicas que visam obter uma gestação
substituindo ou facilitando uma etapa deficiente no processo reprodutivo. Existem
várias técnicas para o tratamento da infertilidade. As técnicas mais comuns de
reprodução assistida incluem:
. A inseminação artificial;
. A fertilização in vitro;
. A transferência intratubária de gâmetas, de zigotos ou de
embriões;
. Estimulação ovárica;
. A injeção intracitoplasmática de espermatozoides
(microinjeção).
Inseminação Artificial
A inseminação artificial ou IUI (Intra – Uterine Insemination) é a transferência
mecânica de espermatozoides, previamente recolhidos, tratados e selecionados, para o
interior do aparelho genital feminino, na altura da ovulação. Atualmente existem bancos
de esperma nos hospitais e clínicas para os casais em que o homem é infértil. Assim os
espermatozoides dos dadores são crioconservados para posterior utilização.
Fertilização in vitro
A fertilização in vitro é a recolha de oócitos II e espermatozoides e a
sua junção em laboratório (placas de Petri). Esta técnica de
reprodução assistida tem as seguintes etapas:
1. Estimulação da produção de oócitos pelos ovários;
2. Recolha dos oócitos, por laparoscopia ou passando uma agulha
através da parede genital;
3. Mistura, em laboratório, de gâmetas masculinos e femininos;
4. Incubação, in vitro, do zigoto até à sua divisão (2 a 8 células);
5. Transferência do embrião ou embriões para o útero, para que se
possam implantar e desenvolver (FIV – ET) (ET – Embryo
Transfer ou transferência embrionária)
Estimulação Ovárica
Esta técnica é praticada quando existem anomalias no funcionamento dos ovários, por
exemplo por lesões hipófisiárias. É efetuado um tratamento hormonal à mulher a partir
do terceiro ou quinto dia do ciclo sexual para estimular o desenvolvimento folicular.
Quando este desenvolvimento já é suficiente injeta-se à mulher uma nova hormona
(semelhante a LH) que provoca a ovulação. Este tratamento pode gerar gestações
múltiplas uma vez que ocorrem em simultâneo o amadurecimento de vários folículos.
Microinjeção citoplasmática de um
espermatozoide (ICSI)
A injeção intracitoplasmática de
espermatozoides é a microinjeção de um único
espermatozoide diretamente no citoplasma de
um oócito II. Seguidamente, o embrião é
implantado segundo a mesma técnica utilizada
na FIV – ET. Engloba várias etapas:
1. Recolha de esperma e escolha de um
espermatozoide normal e bem móvel que é
aspirado por uma micropipeta;
2. A micropipeta com o espermatozoide
aproxima-se do oócito II, mantido por uma
pipeta de contenção;
3. A micropipeta penetra no citoplasma do oócito até ao centro, sendo o espermatozoide
empurrado para fora.
A genética é uma ciência jovem, iniciada nos primórdios do século XX, altura em que
foram redescobertas as leis da hereditariedade, estabelecidas por Gregor Mendel em
1865.
A genética, área do conhecimento que tem como objecto de estudo os genes, procura
respostas para a forma como se processa a herança genética, tendo-se tornado um
assunto central na Biologia.
O contributo de Mendel
As leis de Mendel foram estabelecidas a partir da análise estatística de resultados
experimentais obtidos em cruzamentos realizados com a ervilheira (Pisum sativum). A
ervilheira é uma planta que apresenta características adequadas ao estudo da
hereditariedade, uma vez que possui características diferenciadas e contrastantes, fácil
cultivo e rápido crescimento, obtenção de várias gerações e elevado número de
descendentes num curto período de tempo e flor com estrutura adequada à auto –
polinização e ao controlo da fecundação.
Mendel começou a sua investigação com a análise da transmissão de um carácter
isoladamente (monibridismo).
Monibridismo
O monibridismo é o cruzamento entre indivíduos em que se considera a transmissão de
um só carácter. Para cada uma das características seleccionadas e durante dois anos,
Mendel tentou isolar linhas puras, ou seja, indivíduos que, cruzados entre si, originam
sempre descendência toda igual entre si e igual aos progenitores, para o carácter
considerado.
Interpretação de Mendel:
1. Existem dois factores (genes) alternativos para a expressão de um dado carácter;
2. Para cada carácter, um organismo herda dois factores (genes), um de
cada progenitor;
3. Se dois alelos são antagónicos, um é dominante (forma lisa das ervilhas) e é
totalmente responsável pelo fenótipo manifestado enquanto que o outro
érecessivo (forma rugosa das ervilhas) e não interfere na aparência do indivíduo,
quando em presença do dominante correspondente.
4. Na formação dos gâmetas os dois factores (genes) separam-se – cada gâmeta fica só
com um de cada par (principio da segregação factorial.
Para simplificar o tratamento dos dados utiliza-se símbolos para representar os factores.
Assim L designa o alelo responsável pela forma dominante e l o alelo responsável pela
forma recessiva das sementes da ervilheira.
De Mendel à actualidade:
. Factores de Mendel – são actualmente, designados por genes (segmentos de ADN).
Cada carácter é determinado por um par de formas alternativas do mesmo gene –
alelos, situados no mesmo local relativo (locus) em cromossomas homólogos;
. Genoma – conjunto de genes que constitui a informação genética de um indivíduo;
. Genótipo – constituição genética de um indivíduo em relação à (s) característica (s)
considerada (s);
. Fenótipo – características observáveis (morfológicas ou funcionais) do individuo,
resultante da expressão do genótipo (em interacção com o ambiente);
. Indivíduo homozigótico – os alelos do par são idênticos e os seus gâmetas
geneticamente semelhantes;
. Indivíduo heterozigótico – os alelos são diferentes e os seus gâmetas portadores de
um alelo ou de outro.
Assim, no exemplo das ervilheiras, partimos de uma geração parental onde os
progenitores são homozigóticos (LL e ll) e fenotipicamente, um origina sementes lisas e o
outro rugosas. A geração F1 é formada por indivíduos todos heterozigóticos (Ll) e
fenotipicamente com sementes lisas. Estes indivíduos produzem dois tipos de gâmetas:
gâmetas que transportam o alelo dominante (L) e gâmetas que transportam o alelo
recessivo (l). estes gâmetas vão combinar-se de todas as formas possíveis para originar a
2ª geração (F2).
Xadrez Mendeliano
Os cruzamentos costumam ser representados através de um quadro ou matriz de
cruzamento com duas entradas. Numa entrada do quadro inscreve-se a constituição
genética dos tipos de gâmetas possíveis para um dos progenitores; numa outra entrada,
o mesmo tipo de informação para o outro progenitor.
Interpretação moderna dos resultados de Mendel:
1. No cruzamento parental os progenitores são homozigóticos dominantes (LL) ou
recessivos (ll);
2. Cada progenitor forma gâmetas contendo só um tipo de alelo;
3. Os indivíduos da geração F1 são heterozigóticos (Ll);
4. Os indivíduos da geração F2 são:
. 25% Homozigóticos dominantes (LL);
. 50% Heterozigóticos (Ll);
. 25% Homozigóticos recessivos (ll).
. 75% manifestam o fenótipo dominante; 25% manifestam o recessivo.
Cruzamento – teste
Uma das maneiras de averiguar o genótipo de indivíduos que fenotipicamente revelam a
característica do alelo dominante é cruzar esses mesmos indivíduos com indivíduos
homozigóticos recessivos e analisar a respectiva descendência. A estes cruzamentos dá-
se o nome de cruzamentos – teste ou retrocruzamentos. Estes funcionam para
descendências numericamente significativas.
Diibridismo
Mendel também analisou a transmissão simultânea de duas características –
experiências de diibridismo. Ao efectuar cruzamentos de plantas homozigóticas para os
dois caracteres em estudo (ex.: forma e cor da semente) verificou que:
. Existe uma uniformidade dos híbridos da primeira geração (F1) em relação aos
caracteres em estudo, manifestando-se os caracteres dominantes. Os recessivos não
se manifestam. Todas as sementes são amarelas e lisas;
. A geração F2 revelou-se heterogénea surgindo, além dos parentais (amarelo/liso -
AALL e verde/rugoso - aall), outros dois novos fenótipos (verde/liso e
amarelo/rugoso).
Mendel conclui que os pares de factores hereditários se comportam de uma forma
independente, distribuindo-se ao acaso nos gâmetas. A união aleatória dos quatro tipos
de gâmetas origina dezasseis fenótipos, com as seguintes
proporções fenotípicas:
. 9 amarelas e lisas;
. 3 amarelas e rugosas;
. 3 verdes e lisas;
. 1 verde e rugosa.
Leis de Mendel
. Lei da segregação factorial (1º lei de Mendel) – Os dois elementos de um par de genes
alelos separam-se nos gâmetas de tal modo que há probabilidade de metade
dos gâmetas transportar um dos alelos e a outra metade transportar o outro alelo;
. Lei da segregação independente (2ª lei de Mendel) – durante a formação dos gâmetas,
a segregação dos alelos de um gene é independente da segregação dos alelos
de outro gene.
Ligação Factorial
O número de cromossomas do cariótipo de um indivíduo é incomparavelmente menor do
que o número de genes que condicionam o seu fenótipo. Um cromossoma terá de ter,
necessariamente, um grande número de genes. Os genes dispostos ao
longo do mesmo cromossoma dizem-se genes ligados
factorialmente ou em linkage e constituem um grupo de ligação factorial,
sendo transmitidos em blocos aos descendentes.
Nesta situação não se verifica a segregação independente (2ª lei de
Mendel) embora possa ser explicada pela teoria cromossómica da
hereditariedade.
b – símbolo do alelo responsável pela cor negra do corpo
vg - símbolo do alelo responsável pelas asas vestigiais
b+ - símbolo do alelo responsável pela cor cinzenta do corpo
vg+ - símbolo do alelo responsável pelas asas longas
No caso considerado cruzaram-se indivíduos de duas linhas puras com
características antagónicas. Os diíbridos da 1ª geração são uniformes, manifestando as
características determinadas pelos alelos dominantes (corpo cinzento e asas longas). O
genótipo é heterozigótico em relação aos dois pares de genes, b+bvg+vg. Na geração
F2 surgem 50% de indivíduos de corpo cinzento a asas longas e 50% de indivíduos de
corpo negro e asas vestigiais.
Com estes resultados conclui-se que o híbrido apenas produziu dois tipos de gâmetas:
um tipo portador dos alelos b+vg+ e outro tipo portador dos alelos bvg. Assim conclui-se
também que os genes que se situam no mesmo cromossoma (ligados factorialmente)
transmitem-se à descendência em conjunto, não ocorrendo segregação independente.
Mas nem sempre isto acontece. Como resultado de crossing-over, durante a meiose, os
genes podem separar-se e surgir nos gâmetas como se estivessem situados
em cromossomas separados.
A descendência será qualitativamente igual à prevista numa segregação independente
dos genes; quantitativamente, surgem em proporções alteradas dado que o crossing-
over é menos frequente do que a transmissão em bloco dos genes em causa.