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Clomar Toledo
Resumo:
INTRODUÇÃO
1 COMUNICAÇÃO, MODERNIDADE E O “CASO ISABELLA”
Um exemplo que pode ajudar a compreender o fato de que cada indivíduo capta
e assimila informações mediadas de acordo com seu contexto enquanto ser humano é o
famoso “Caso Isabela”. Ocorrido em março de 2008, em São Paulo, o dramático caso
dos pais Alexandre Nardoni e Ana Carollina Jatobá, acusados de jogar Isabella Nardoni,
6 anos, do sexto andar do prédio no qual moravam, causando-lhe uma queda fatal, foi
largamente explorada pela mídia nacional. Após os primeiros exaustivos meses em que
redes de televisão, jornais impressos, emissoras de rádio e sites da internet tentavam
destacar os diferentes ângulos do fato, o fato foi se desenrolando, até culminar no
julgamento dos acusados, em março de 2010.
Como esperar neutralidade de jurados que passaram dois anos sob cobertura
jornalística pouco técnica, embora legítima e cada vez mais profissional?
Como convencer os jurados a relevar o bombardeio de emoções a que foram
submetidos no período? (Podval, Roberto, disponível em
www.conjur.com.br)
Vale lembrar inclusive, que a repercussão do fato foi tão explorado pela mídia,
que existe um link especial, no site de notícias G1 (www.g1.globo.com), pertencente a
maior rede de televisão brasileira, através do qual se pode acessar um “especial”, ou
seja, uma variedade de matérias que comportam um conteúdo vasto de informações
sobre o acontecimento, desde sua ocorrência, até seu desfecho. Nisso, o caso também
pode incorrer na questão que Thompson dá uma leve pincelada: a sociedade do
espetáculo criada pela mídia.
Debord discorre, assim como Thompson, sobre uma nova forma de interação
dentro da sociedade, criada através do crescimento do poder midiático, frente aos rumos
da humanidade. Um pouco radical, Debord afirma que o homem deixou de vivenciar a
realidade com seus próprios olhos, usando hoje as lentes da mídia para construir seu
próprio mundo de maneira alienada e idealizada.
2 INTERAÇÕES REFORMULADAS E FORMAÇAO DE CONGLOMERADOS
Esse processo evolutivo da mídia a princípio parece ter ocorrido a pouco tempo e
de maneira devastadoramente acelerada. No entanto, de acordo com o levante histórico
realizado por Thompson, percebe-se que a comunicação origina-se de tempos remotos e
teve, ao longo do tempo, diferentes configurações e variadas ligações institucionais.
No sistema feudal, por exemplo, por volta do século XIV, a comunicação era
desenhada pelas características da sociedade da época. Nesse tempo, a Igreja constituía-
se na mãe de todas as instituições, sobrepondo-se muitas vezes ao próprio Estado. A
comunicação, dentro desse contexto enfrentava a censura como maior inimiga. Além
disso, a comunicação escrita era privilégio dos raros cidadãos que sabiam ler, quase que
totalmente pertencentes à classe eclesiástica. Talvez por isso, tenha se difundido, por um
tempo, algumas formas inusitadas de se transmitir a comunicação escrita, como a leitura
em voz alta do material produzido. Cabe salientar, ainda, que esse material, por ser
controlado pela Igreja versava quase exclusivamente sobre textos sagrados e de cunho
religioso.
No entanto, é essa mesma co-relação Lula-povo, que o levou ao cargo mais alto
do pa´s
Porém, não é apenas para agentes públicos que o avanço da comunicação trouxe
novas formas de vivenciar o mundo e suas intensas relações. Cidadãos comuns também
experimentam novas realidades. Teóricos chegaram inclusive a levantar a hipótese de
que esse avanço apagaria a presença da tradição na sociedade moderna. No entanto,
como todo o resto, a tradição não foi aniquilada, mas sim reinventada, vista de formas
novas, absorvida e utilizada com novos vieses. Afinal, os aspectos mais importantes da
tradição, a sua capacidade de trazer ao indivíduo a possibilidade de encontrar um
sentido para sua vida, através de ações ou informações do passado, ela também traz o
que podemos considerar o fator mais importante: o sentido de pertencimento a um grupo
ou a sociedade.
Podemos citar como exemplo bastante próximo o cultivo das tradições gaúchas,
na região sul do Brasil. Para os cidadãos do estado do Rio Grande do Sul a chamada
“tradição gaúcha” - conjunto de valores oriundas dos antepassados que povoaram a
região-, é passada de geração em geração, e mesmo que não seja seguida com
frequência por alguns, em muitos momentos ela aflora nos indivíduos que exaltam sua
origem e se orgulham por pertencer a um grupo determinado de brasileiros. A tradição e
outros aspectos sociais dos grupos e indivíduos representam a busca pela formação de
sua própria identidade, processo que apresenta hoje um contexto inovador. Hoje se
experimenta um mundo mediado. Ao mesmo tempo em que temos muito mais
conhecimento de mundo e de outras culturas, podendo aprimorar o processo de
formação de nosso “self”, essa mesma oferta de produtos simbólicos podem muitas
vezes se transformar em uma avalanche de informações que nos desorienta.
Podemos destacar aqui o crescente número de jovens que diante de uma vasta
oferta de cursos de graduação, de estágios, de viagens, enfim, acabam não sabendo o
que realmente querem. Em um momento em que se esperava que o acesso facilitado a
um mundo cheio de possibilidades pudesse criar uma sociedade com indivíduos
realizados, nos deparamos com milhares de pessoas insatisfeitas e cada vez mais
dependentes dos produtos simbólicos mediados para construírem uma identidade para si
mesmos. Isso também, porque, no mundo moderno muito se experimenta, mas pouco se
vivencia pessoalmente. Indivíduos se relacionam através da rede mundial de
computadores (Internet), criam laços de amizade, de amor, criam intimidade com quem
nunca puderam vivenciar uma interação face a face.