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Direito Processual Penal

Sujeitos processuais: o juiz e o tribunal;


competência e princípios

David Silva Ramalho


Assistente Convidado da Faculdade de Direito de Lisboa

2017/2018
SUMÁRIO:
Plano

1. Organização dos tribunais judiciais


2. Competência dos tribunais em matéria penal
3. Separação de processos e prorrogação de
competência
4. Declaração de incompetência
5. Conflitos de competência
6. Impedimentos
7. Suspeições
1. Organização dos tribunais judiciais
1.1. Princípio do juiz natural

• Expressão utilizada na Constituição alemã


(101.º, I, 2) que visa impedir a interferência de
terceiros no exercício da jurisdição através da
escolha de um juiz para um processo concreto.
1.1. Princípio do juiz natural

• “Ora, o artigo 32.º, n.º 9, encontra-se entre as garantias


de processo criminal (cf. a epígrafe do artigo 32.º),
valendo, pelo menos, para estes processos, quer para o
tribunal do julgamento quer para o juiz de instrução
criminal, durante as fases processuais anteriores ao
julgamento, uma vez que a exigência de independência e
imparcialidade, bem como a necessidade de evitar
influências estranhas sobre o conteúdo das decisões,
através da escolha do decisor, não valem só para o
julgamento mas também para a actuação judicial durante
o inquérito e a instrução penais” – Ac. TC 614/2003
1.1. Princípio do juiz natural

• Manifestações na lei:
– Proibição de tribunais extraordinários (ou seja, fora
da ordem judicial) e de excepção (arts. 209.º/4,
211.º/1 e 3 e a excepção no 213.º da CRP) que
possam julgar certo tipo de crimes.
– Reserva de lei anterior na delimitação da
competência (art. 32.º/9 da CRP)
– Proibição de desaforamento (art. 32.º/9 da CRP),
1.2. Jurisdição e competência

• Jurisdição penal – Actividade de administração da justiça penal


exercida pelos tribunais (GMS) – 202,º CRP

• Competência – a medida de jurisdição atribuída a cada tribunal


(GMS).

• Determinação da competência – Atribuição ao âmbito de


actuação um único tribunal do caso penal concreto.
1.3. Espécies de tribunais

• Espécies de Tribunais judiciais competentes


para preparar e julgar processos-crime:
– STJ – art.º 11.º do CPP e arts. 45.º a 66.º da LOSJ;
– TR – art.º 12.º do CPP e arts. 67.º a 78.º da LOSJ;
– Tribunais judiciais de 1.ª instância – comarca –arts.
79.º a 89.º da LOSJ):
• Tribunais de comarca – competência residual – 80.º/1
LOSJ;
– Competência genérica ou de competência especializada
(80.º/2)
1.3. Espécies de tribunais
• Espécies de Tribunais judiciais competentes para preparar
e julgar processos-crime:
– Desdobramento dos tribunais de comarca (81.º/1 e 2 LOSJ) em:
• Juízos de competência especializada;
• Juízos de competência genérica;
• Juízos de proximidade (130.º/5 e 6 e 82.º/3 e 4 - LOSJ); e
• Juízos de competência especializada mista (81.º/4 LOSJ)
– Os Juízos de competência especializada podem ser:
• Central Criminal (81.º/3/c) LOSJ];
• Local Criminal (81.º/3/d) e 130.º/1 e 2LOSJ];
• Local de Pequena Criminalidade (81.º/3/e) e 130.º/4 LOSJ: processos
especiais];
• Instrução Criminal (81.º/3/f) LOSJ]: actos de inquérito dos arts. 268.º e
269.º do CPP e respectiva fase de instrução
1.3. Espécies de tribunais
• Art. 85.º/ 1 LOSJ: Os tribunais judiciais de primeira
instância funcionam, consoante os casos, como:
– tribunal singular (art. 16.º do CPP + art. 132.º
LOSJ),
– tribunal colectivo (art. 14.º do CPP + arts. 133.º a
135.º LOSJ ), e
– tribunal de júri (art. 13.º do CPP + art. 136.º e
137.º LOSJ + Regime do Júri, aprovado pelo DL n.º
387-A/87, de 29/12.
2. Competência dos tribunais em matéria
penal
2.1. Competência internacional

• Não resulta do CPP.


• A jurisdição portuguesa é competente quando
a lei portuguesa for aplicável.
– Artigos 4.º e ss do CP
– Princípio do pavilhão – 20.º CPP
– Crimes cometidos no estrangeiro – 22.º
2.2. Competência funcional

• Tratada em conjunto com a competência material – 10.º a


18.º CPP

• Delimita a jurisdição dos tribunais materialmente


competentes de acordo com:
– A fase do processo (e.g. 17.º JIC)
– Os graus em que se encontram (e.g. 12/3/b – TR e recursos)
– Os actos a praticar dentro de cada fase ou grau (e.g.
repartição de competência entre o tribunal e o seu
presidente – 311.º e 338.º CPP)
2.2. Competência funcional

• A regra é a de que serão competentes, para o


julgamento, os tribunais judiciais de 1.ª instância,
salvo se for competente o STJ ou os TR (a contrario
sensu art.ºs 11.º; 12.º do CPP e 80.º da LOSJ).
2.3. Competência material
• GMS – A competência material delimita a jurisdição penal
em razão:
– Da matéria em causa(rationae materiae)
• Natureza (gravidade) do crime – cf. critérios
qualitativos dos 13/1; 14/1 e 2/a, 16/2/a
• Gravidade da pena aplicável – cf. critérios
quantitativos dos 13/2, 14/2/b, 15 e 16/2/b;
• Recurso ao 16/3
– Da qualidade dos agentes (rationae personae)
• E.g. Presidente da República – 11/3/a
2.3. Competência material
• Critério quantitativo pressupõe a aplicação do 15.º CPP.

• Não se inclui no cálculo uma eventual atenuação da pena


a verificar a final

• Incluem-se, sim, os casos em que se trate de


circunstâncias incluídas na acusação ou na pronúncia que
impliquem necessariamente a atenuação da pena.
– E.g. tentativa – 23, n.º 2 e 27.º, n.º 2, do CP
2.3. Competência material
• Critério qualitativo :
– Tribunal singular – 16/2/a:
• 347.º a 358.º do CP
– Razão: Facilidade probatória decorrente do contributo de pessoas que
exercem funções públicas
– Nota: o tribunal pode aplicar penas superiores a 5 anos nestes casos
(e.g. 350/1 e 358.º do CP, possivelmente em concurso).
– Tribunal colectivo – 14/2/a
• 236.º a 246.º do CP
• 308.º a 346.º do CP
• Lei 31/2004
– Prevalecem sobre os critérios quantitativos
2.3. Competência material
• Artigo 16.º, n.º 3:

– Método de determinação concreta da competência;


– Aplicável apenas aos casos do artigo 14.º, n.º 2, b);
– Deverá ser um juízo fundamentado;
– Tendencialmente insindicável (PPA admite reclamação
hierárquica);
– Em caso de ilegalidade, o tribunal declarar-se-á incompetente –
32/1 e 33/1
2.3. Competência material
• Tribunal de júri (artigo 13.º):

– Aplicável, quando requerido, aos crimes:


• P. e p. nos artigos 236.º a 246.º do CP, 308.º a 346.º do CP e na Lei n.º
31/2004
– Critério qualitativo que prevalece sobre o critério também
qualitativo no 14/2/a.
• Puníveis com pena máxima abstractamente aplicável de 8 anos, ainda
que cada crime isoladamente considerado não o permite (15.º CPP)
– Critério quantitativo que prevalece sobre o critério qualitativo do
14/2/b
– Não aplicável aos crimes de terrorismo e criminalidade altamente
organizada (207/1 CRP) e aos cometidos por titulares de cargos
públicos (artigo 40.º da Lei n.º 34/87)
2.4. Competência territorial
• Primeiro os critérios especiais (20-23). Depois o 19.º:
– 1 - É competente para conhecer de um crime o tribunal em cuja área se
tiver verificado a consumação.
– 2 - Tratando-se de crime que compreenda como elemento do tipo a
morte de uma pessoa, é competente o tribunal em cuja área o agente
actuou ou, em caso de omissão, deveria ter actuado.
– 3 - Para conhecer de crime que se consuma por actos sucessivos ou
reiterados, ou por um só acto susceptível de se prolongar no tempo, é
competente o tribunal em cuja área se tiver praticado o último acto ou
tiver cessado a consumação.
– 4 - Se o crime não tiver chegado a consumar-se, é competente para
dele conhecer o tribunal em cuja área se tiver praticado o último acto
de execução ou, em caso de punibilidade dos actos preparatórios, o
último acto de preparação.
2.4. Competência territorial
• Artigo 21.º:
• Se o crime estiver relacionado com áreas diversas e houver
dúvidas sobre aquela em que se localiza o elemento relevante
para determinação da competência territorial, é competente
para dele conhecer o tribunal de qualquer das áreas,
preferindo o daquela onde primeiro tiver havido notícia do
crime.
• Se for desconhecida a localização do elemento relevante, é
competente o tribunal da área onde primeiro tiver havido
notícia do crime
3. Competência por conexão
2.1. Questões gerais
• Primeiro definem-se quais os tribunais competentes.
• Depois verifica-se se estão preenchidos os pressupostos que
justificam a excepção à regra quot causae, tot processus.
– Quando exista uma relação relevante entre vários crimes,
pode justificar-se que sejam processados conjuntamente.
– “Através do regime da conexão um processo irá exercer uma
força atractiva em relação a outros processos existentes” –
FCP e TPB.
• Verificados os pressupostos da conexão, ela tem de operar.
– Apenas poderá cessar nos casos tipificados no art. 30.º
2.2. Vantagens
• Vantagens:
– economia na produção de prova,
– prevenção da contradição de julgados,
– Facilitação da atribuição de uma pena única ao
mesmo agente nas situações de concurso de
crimes (sem prejuízo de a pena única ter de ser
aplicada também na falta de processamento
conjunto, neste caso sendo aplicada pelo tribunal
da última condenação, nos termos dos arts. 77.º e
78.º do CP),
2.3. Consequências
• Se forem da competência do mesmo tribunal (material,
funcional e territorialmente), então:
– Se ainda não houver processo, organiza-se um só (29.º/1);
– Se já houver processos instaurados, apensam-se os processos
existentes (29.º/2).
• Se forem da competência de tribunais diferentes, então
define-se a competência por conexão com recurso
também aos artigos 27.º e 28.º e:
– Se ainda não houver processo, organiza-se um só (29.º/1);
– Se já houver processos instaurados, apensam-se os processos
existentes (29.º/2).
2.3. Consequências
• Em suma:

– Concentra-se a competência para todos os processos


num só tribunal que, de outro modo, não seria
competente para todos os processos;
– Derroga-se a competência de outros Tribunais que, de
outro modo, seriam competentes;
– Unifica-se ou apensam-se os processos.
2.3. Etapas
• Verificação a dois passos:

– Primeiro verifica-se os termos em que haverá lugar


à conexão de processos (24.º a 26.º);
– Depois definem-se os tribunais material e
territorialmente competentes, quando a conexão
possa conduzir à atribuição de competência a mais
do que um tribunal (27.º e 28.º)
2.4. Requisitos da conexão

– i) pluralidade de processos (real ou hipotética);


– ii) pluralidade de tribunais competentes;
– iii) verificação de uma situação típica de conexão –
objectiva ou subjectiva (art.ºs 24.º e 25.º do CPP),
respeitando-se os limites à conexão (art.º 26.º do
CPP) ;
38

– iv) tramitação concomitante - art.º 24.º, n.º 2 do


2.5. Obstáculos à conexão

– Encontrarem-se os processos já em fase de recurso


(24/2)
– Existência de processos da competência de tribunal
de menores (26.º)
2.6. Tipos de conexão

• Pode ser de dois tipos:

– Subjectiva – Critério da unidade do agente [24/1/a


e b e 25.º];
– Objectiva – Independentemente da pluralidade de
agentes e de infracções, a conexão opera pela
materialidade das infracções [24/1/c), d) e e)];
2.7. Conexão subjectiva

• Conexão subjectiva:

– Quando o mesmo agente tiver cometido vários crimes


através da mesma acção ou omissão (Concurso ideal)
• Permite uma apreciação global da personalidade do
arguido;

– Quando o mesmo agente tiver cometido vários crimes, na


mesma ocasião/lugar, sendo uns causa/efeito dos outros,
ou destinando-se uns a continuar/ocultar os outros;
2.7. Conexão subjectiva

• Conexão subjectiva:

– Para além dos casos previstos no artigo anterior, há


ainda conexão de processos quando o mesmo agente
tiver cometido vários crimes cujo conhecimento seja
da competência de tribunais com sede na mesma
comarca, nos termos dos artigos 19.º e seguintes.
• Não é um caso de competência por conexão. É um
caso de conexão por competência.
2.8. Conexão objectiva

• Conexão objectiva:
– O mesmo crime tiver sido cometido por vários agentes
em comparticipação;
– Vários agentes tiverem cometido diversos crimes em
comparticipação, na mesma ocasião ou lugar, sendo
uns causa ou efeito dos outros, ou destinando-se uns a
continuar ou a ocultar os outros; ou
– Vários agentes tiverem cometido diversos crimes
reciprocamente na mesma ocasião ou lugar.
Verificam-se os pressupostos da conexão.
E agora?
2.9. Conexão heterogénea e homogénea
• Modalidades de competência por conexão:

– Heterogénea – Os tribunais competentes são de


hierarquia ou espécie diferente do que vem a
receber a competência (27.º)

– Homogénea – Os tribunais competentes são da


mesma hierarquia e espécie, pelo que a conexão
apenas se reflecte na competência territorial (28.º)
2.9. Conexão heterogénea
• Se forem competentes tribunais da mesma
comarca e estes forem de diferente hierarquia
ou espécie, o 27.º resolve – é competente o
tribunal de espécie ou hierarquia mais elevada.
– Exemplo: o A cometeu um crime de roubo para
cujo julgamento é competente o tribunal colectivo.
Ao fugir deparou-se com um segurança a tentar
detê-lo, tendo-o agredido com um soco, para cujo
julgamento seria competente o tribunal singular.
• Art. 24.º, n.º 1, a) + 27.º - Tribunal colectivo
2.9. Conexão heterogénea
• Na definição de qual o tribunal de espécie mais
elevada, discute-se se deve entender-se o tribunal de
júri como sendo de espécie mais elevada do que o
tribunal colectivo.
• Estando em curso processos no tribunal colectivo e
no tribunal de júri que preencham os pressupostos da
conexão, pergunta-se se será competente o tribunal
de júri.
– A favor PPA + JFD/NB;
– Contra - GMS
2.10. Conexão homogénea
• Se forem de espécie igual mas de comarcas
diferentes, o 28.º resolve
• O tribunal competente para conhecer do crime a
que couber pena mais grave;
• Em caso de crimes de igual gravidade, o tribunal a
cuja ordem o arguido estiver preso ou, havendo
vários arguidos presos, aquele à ordem do qual
estiver preso o maior número;
• Se não houver arguidos presos ou o seu número for
igual, o tribunal da área onde primeiro tiver havido
notícia de qualquer dos crimes.
2.10. Conexão homogénea
• Exemplo: o A cometeu um crime de homicídio
simples em Lisboa. Apercebeu-se que uma
testemunha se escapara e perseguiu-a até
Cascais, onde viria a matá-la (homicídio
qualificado, 132.º, n.º s, al. g).
– Competência do Tribunal Colectivo de Lisboa ou do
Tribunal Colectivo de Cascais?
– 28.º, al. A) – Tribunal Colectivo de Cascais por ser o
tribunal competente para conhecer do crime a que
couber pena mais grave.
2.11 Conexão homogénea e heterogénea
• Se forem competentes tribunais de comarcas e
de espécies diferentes:
– Ex. Numa reunião pública que teve lugar em
Aveiro, X incitou à prática de um crime (297.º CP).
Na sequência desse facto, Y comete um crime de
ofensas à integridade física graves (144.º CP) em
Lisboa (exemplo de FCP + TPB).
• Tribunal singular de Aveiro é competente para o primeiro
crime – 16,º/2/b) e 19/1;
• Tribunal colectivo de Lisboa é competente para o segundo
– 14/2/b) e 19/1.
2.11 Conexão homogénea e heterogénea

• Crimes estão numa relação de causa e efeito –


24/1/b)
• Será competente o tribunal colectivo de Lisboa
– 24/1/b + 27 + 28/a do CPP.
• Não pode verificar-se qualquer um dos limites
do 24/2 e do 26
2.11 Conexão homogénea e heterogénea
• Haverá que analisar a natureza da competência por
conexão:
– Concepção derrogativa da competência – Assim, se
for aplicável o artigo 27.º, este funciona como “regra
de conflitos” e determina o tribunal competente
material, funcional e territorialmente.
– Critério autónomo de competência – caso em que o
27.º e o 28.º são de aplicação cumulativa. O 27.º
determina o tribunal material e funcionalmente
competente e depois o 28.º delimita o
territorialmente competente
2.11 Conexão homogénea e heterogénea
• Relevância (casos residuais):
– Imagine-se que o A deverá responder por 1 crime
de auxílio de funcionário a evasão (350.º CP - 1 a 8
anos de prisão) cometido em Lisboa e por 1 crime
de homicídio privilegiado (133.º - 1 a 5 anos)
cometido em Coimbra.
• Competência para o primeiro – Tribunal Singular de
Lisboa – 16/2/a
• Competência para o segundo – Tribunal Colectivo de
Coimbra – 14/2/a.
2.11 Conexão homogénea e heterogénea
• Relevância (casos residuais):
– Concepção derrogativa da competência:
• Existem dois tribunais abstractamente competentes:
Tribunal Singular de Lisboa e Tribunal Colectivo de
Coimbra;
• Com base no artigo 27.º é competente o tribunal de
hierarquia superior.
• Logo, é competente o Tribunal Colectivo de Coimbra.
2.11 Conexão homogénea e heterogénea
• Relevância (casos residuais):
– Critério autónomo de competência:
• Existem dois tribunais abstractamente competentes:
Tribunal Singular de Lisboa e Tribunal Colectivo de
Coimbra;
• Com base no artigo 27.º apenas podemos concluir que a
competência será de um Tribunal Colectivo. Mas qual?
• Artigo 28.º/a diz que será o tribunal competente para
conhecer do crime a que couber pena mais grave.
• O crime com a pena mais grave, por sinal, é o da
competência do Tribunal Singular de Lisboa.
• Competência será do Tribunal Colectivo de Lisboa
3. Separação de processos e prorrogação
de competência
3.1. Separação de processos
• A conexão pode cessar e ser ordenada a
separação de algum ou alguns dos processos
sempre que (30.º):
– Houver na separação um interesse ponderoso e
atendível de qualquer arguido, nomeadamente no
não prolongamento da prisão preventiva;
– A conexão puder representar um grave risco para a
pretensão punitiva do Estado, para o interesse do
ofendido ou do lesado.
• E.g. Prescrição do procedimento criminal.
3.1. Separação de processos
• A conexão pode cessar e ser ordenada a
separação de algum ou alguns dos processos
sempre que (30.º):
– A conexão puder retardar excessivamente o
julgamento de qualquer dos arguidos;
– Houver declaração de contumácia, ou o
julgamento decorrer na ausência de um ou alguns
dos arguidos e o tribunal tiver como mais
conveniente a separação de processos
3.1. Separação de processos
• Pode ainda suceder a requerimento de algum
ou alguns dos arguidos, quando outro ou
outros dos arguidos tiverem requerido a
intervenção do júri (30/2 e 3).
– Não é aplicável aos casos em que o requerimento
foi deduzido pelo MP ou pelo assistente.
3.2. Prorrogação de competência
• A competência determinada por conexão, nos termos dos
artigos anteriores, mantém-se:
– a) Mesmo que, relativamente ao crime ou aos crimes determinantes da
competência por conexão, o tribunal profira uma absolvição ou a
responsabilidade criminal se extinga antes do julgamento;
• Exemplo: O Tribunal Colectivo absolve pelo crime de ofensa à integridade física grave
mas condena pelo crime de injúria.

• b) Para o conhecimento dos processos separados nos termos


do n.º 1 do artigo 30.º
– Exemplo: o Tribunal Colectivo de Lisboa é competente porque o crime
mais grave foi cometido pelo arguido X. O Arguido X não é encontrado e
ordena-se a separação do processo. São julgados os arguidos Y e Z
mesmo que na ausência do X fosse competente o Tribunal Colectivo de
Coimbra.
4. Declaração de incompetência
4.1. Declaração de incompetência
• Em regra, a violação de regras de competência
implica a nulidade insanável do art. 119.º/e) +
32/1.
• Regime especial para a incompetência territorial –
32/2 (nulidade sanável) – que só pode ser
declarada:
– Até ao início do debate instrutório, tratando-se de juiz
de instrução; ou
– b) Até ao início da audiência de julgamento, tratando-
se de tribunal de julgamento.
4.2. Consequências da incompetência
• O tribunal que se declarar incompetente remete o processo
para o tribunal competente;
• O tribunal competente, se reconhecer a sua competência,
toma posição sobre os actos praticados pelo seu antecessor.
• Ordena a repetição dos actos necessários.
• As medidas de coacção ou de garantia patrimonial ordenadas
pelo tribunal declarado incompetente conservam eficácia
mesmo após a declaração de incompetência, mas devem, no
mais breve prazo, ser convalidadas ou infirmadas pelo tribunal
competente.
• Se para conhecer de um crime não forem competentes os
tribunais portugueses, o processo é arquivado
5. Conflitos de competência
5.1. Conflitos de competência
• Conflito positivo de competência – 34,º, n.º 1
• Conflito negativo de competência – 34,º, n.º 2
• O conflito negativo poderá ser resolvido por um
dos tribunais que se assuma como competente.
• O conflito positivo só cessa quando apenas um
dos tribunais se assumir como competente.
– Normas sobre competência para resolução de conflitos
– 11/1/a, 11/6/a, 12/2/a, 12/5/a
6. Impedimentos
6.1. Fundamentos gerais

• Relação pessoal do juiz com algum sujeito ou


participante processual;
• Intervenção anterior em processo, como juiz ou
noutra qualidade;
• Necessidade de participar no processo como
testemunha.
6.2. Aplicação do CPC
• Por serem excepções à regra da competência do
juiz, a lista de impedimentos dos arts. 39.º e 40.º é
frequentemente entendida como taxativa.
• A existência de lacunas justifica, porém, o recurso
ao artigo 115.º do CPC, ex vi 4.º do CPP.
– Justifica-se pela necessidade de boa administração da
justiça penal e de uma leitura do regime legal
conforme ao artigo 32.º, n.º 5, CRP (JFD + NB)
6.3. Impedimentos por participação no processo
• Aplicação de medida de coacção dos 200-202.º
– Motivo: juízo sobre fortes indícios.
– Apenas no caso de “aplicação” ou também no de
manutenção?
– Interpretação restritiva quando seja o juiz de
julgamento quem aplica, pela primeira vez, uma das
medidas do 200-202 (JFD + NB)
• Presidido a debate instrutório
6.3. Impedimentos por participação no processo
• Participado em julgamento anterior
– Abrange qualquer julgamento anterior
• Inclui anulação de sentença? Inclui o juiz que declarou
prescrito o procedimento criminal por decisão revogada pela
Relação?
– JFD + NB propõem uma interpretação restritiva:
impedimento aplica-se ao juiz de 1.ª instãncia que
depois de, em sentença, ter conhecido do mérito
da causa seja confrontado com um cenário de
repetição integral da audiência de julgamento.
• Propõem o mesmo para a alínea d)
6.3. Impedimentos por participação no processo
• Participado em julgamento anterior
– Abrange qualquer julgamento anterior
• Inclui anulação de sentença? Inclui o juiz que declarou
prescrito o procedimento criminal por decisão revogada pela
Relação?
– JFD + NB propõem uma interpretação restritiva:
impedimento aplica-se ao juiz de 1.ª instãncia que
depois de, em sentença, ter conhecido do mérito
da causa seja confrontado com um cenário de
repetição integral da audiência de julgamento.
• Propõem o mesmo para a alínea d)
6.4. Regime dos impedimentos (41.º)
• O juiz que tiver qualquer impedimento nos termos dos artigos
anteriores declara-o imediatamente por despacho nos autos.
• A declaração de impedimento pode ser requerida pelo
Ministério Público ou pelo arguido, pelo assistente ou pelas
partes civis logo que sejam admitidos a intervir no processo,
em qualquer estado deste; ao requerimento são juntos os
elementos comprovativos. O juiz visado profere o despacho no
prazo máximo de cinco dias.
• Os actos praticados por juiz impedido são nulos, salvo se não
puderem ser repetidos utilmente e se se verificar que deles
não resulta prejuízo para a justiça da decisão do processo.
6.4. Regime dos impedimentos (42.º)
• O despacho em que o juiz se considerar impedido é
irrecorrível. Do despacho em que ele não reconhecer
impedimento que lhe tenha sido oposto cabe recurso para o
tribunal imediatamente superior.
• Se o impedimento for oposto a juiz do Supremo Tribunal de
Justiça, o recurso é decidido pela secção criminal deste mesmo
Tribunal sem a participação do visado.
• O recurso tem efeito suspensivo, sem prejuízo de serem
levados a cabo, mesmo pelo juiz visado, se tal for
indispensável, os actos processuais urgentes.
7. Suspeições
7.1. Recusa e escusa

• Recusa é uma suspeição suscitada pelo MP, pelo


arguido, pelo assistente ou pelas partes civis para
obstar à intervenção do juiz (43/3)

• Escusa é o acto de um juiz suscitar perante outro


tribunal a suspeição que admite que possa recair
sobre si, para desse modo ser dispensado de intervir
no processo (43/4)
– Ambas se processam nos termos do art. 45.º
7.2. Fundamento

• “A preocupação central é prevenir o perigo de a


intervenção do juiz ser encarada com desconfiança e
suspeita pela comunidade” (JFD + NB).
• Não é necessário que se verifique uma afectação da
imparcialidade e isenção do juiz, mas tão-somente
que haja um perigo objectivo de tal suceder
• “Solução eminentemente objectiva mas direcionada à
concreta actuação do juiz e/ou aos condicionalismos
que a rodeiam” (JFD + NB)
7.3. Abordagem mista subjectiva-objectiva
(TEDH)
• 1 – O juiz tem algo contra o arguido ou expressa uma
predisposição no sentido da sua condenação?

• 2 – Ainda que tal não suceda, existe alguma razão legítima que
faça temer uma falta de imparcialidade?

• 3 – Trata-se de uma suspeição fundada num motivo sério e


grave?
7.4. Casos de suspeição (JFD + NB)
• Amizade entre o juiz e o arguido ou o assistente.
– Já não, em regra, situações de inimizada ou litigiosidade entre juiz e
advogado
• Actos praticados pelos juiz no processo em curso, em
declarações que sobre ele produza ou em processos que com
aquele guardem algum tipo de conexão.
– Importante atender ao 43/2, relativo a intervenções no processo que
possam gerar uma dúvbida ponderosa e objectivamente fundada sobre
a capacidade do juiz para decidir com imparcialidade e isenção.
– Participação noutro processo, mesmo que não penal, que tenha tido
por objecto a mesma factualidade ou factualidade relacionada.
– Demonstração antecipada de inclinação para decidir em certo sentido.
– Tratamento injustificada e arbitrariamente diferenciado a um sujeito.

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