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Horacio Simian-Yofre (org.

), Metodologia do Antigo Testamento (São Paulo: Edições


Loyola, 2000). Tradução do original em italiano Metodologia dell’Antico Testamento (1994).
Resenha do Prof. Fabiano Ferreira1

Este é um livro acadêmico surgido no ambiente do Pontifício Instituto Bíblico e da


Pontifícia Universidade Gregoriana, na Itália. O livro, escrito originalmente em italiano, e
traduzido por João Rezende Costa, tem quatro autores, a saber, os exegetas católicos Horacio
Simian-Yofre, organizador, Innocenzo Gardano, Jean Louis Ska e Stephen Pisano. Seu objetivo
é explicar algumas das bases teológicas que fundamentam certas metodologias e determinar
seus limites, servindo de introdução crítica e prática aos métodos exegéticos mais utilizados no
estudo do Antigo Testamento. Seu propósito principal é discutir alguns problemas importantes
da exegese atual, em particular do Antigo Testamento. O procedimento de cada metodologia,
pelo menos de modo geral, é ilustrado com exemplos. Portanto, tendo em vista seu papel
altamente relevante para o cenário editorial evangélico brasileiro, merece uma resenha.
O livro é composto de uma introdução, sete capítulos, cada um dos quais possuindo
uma Bibliografia para Aprofundamento e um Glossário de termos técnicos na área de exegese.
A introdução é feita pelo organizador Horacio Simian-Yofre. Nela, o autor procura
estabelecer a relação entre exegese, fé e teologia, defendendo a reinserção do exegeta na
história, na sociedade, na teologia, e na Igreja. Também, assegura que a metodologia exegética
precisa ser bem pensada, de modo que sejam levados em conta os pressupostos filosóficos e
teológicos de cada metodologia e haja condição por parte do exegeta de explicitá-los (p. 23).
No capítulo um, Jean Louis Ska aborda as questões atreladas à leitura do Antigo
Testamento, analisando problemas freqüentes surgidos durante esta leitura e sugerindo soluções
para as dificuldades encontradas. A tese do capítulo é que os relatos do Antigo Testamento não
tencionam dar respostas cabais e prontas ao leitor, porém, visam a oferecer-lhe pistas
apropriadas para sua busca por respostas. Longe de oferecer produtos acabados, esses relatos
fornecem apenas os instrumentos necessários para que ele forje no laboratório da leitura uma
experiência de fé sempre nova. Segundo Jean, a partir de uma hábil leitura, até mesmo as
passagens mais complexas e difíceis, depois de passadas por lentes de ressemantização
adequadas, produzirão significados os mais surpreendentes. Dirimidas todas as dificuldades e
perplexidades eventuais que um relato tenha produzido, a conclusão com êxito oriunda do
processo de ressemantização, que às vezes será lento e exigirá uma alta medida de
perseverança do leitor, certamente contribuirá para implementar renovadamente sua
experiência de fé.
No capítulo dois, Stephen Pisano trata do Texto do Antigo Testamento. A história de
desenvolvimento e transmissão do texto do AT é tratada detalhada e tecnicamente. Este
capítulo serve de excelente introdução às críticas literária e textual do AT, mostrando a
diversidade de elementos que deve ser levada em conta para o estabelecimento do texto
bíblico. O capítulo pretende dar respostas a perguntas como estas: Que texto chegou até nós?
Este texto é confiável e reflete o original? Qual a sua antiguidade? Como foi feita a sua
transmissão? Stephen procura respondê-las do modo mais completo possível dentro do escopo
desta obra. O autor também sinaliza a dificuldade de trânsito na tênue fronteira existente entre
a crítica literária e a crítica textual. A partir do foco da crítica textual, o autor constata que o
1
O autor é ministro na Obra da Restauração de Tudo e, desde 2007, pastoreia a Igreja em Philadelphia,
Pennsylvania, EUA. É mestre em teologia e doutor em filosofia, e um estudioso aficionado pelas línguas originais
da Bíblia (hebraico bíblico, aramaico bíblico e grego koiné). Foi organizador e tradutor da An Introduction to
Biblical Hebrew Syntax (Introdução à Sintaxe do Hebraico Bíblico), de Bruce K. Waltke e M. O'Connor,
publicada em 2006 pela Editora Cultura Cristã, São Paulo, Brasil. Leciona Hermenêutica, Exegese, Teologia
Histórica, Bíblica e Sistemática, Línguas Originais da Bíblia, Linguística Aplicada à Língua Portuguesa, ao
Hebraico Bíblico e ao Grego Koiné, Ciência da Religião, dentre outras disciplinas, na FATEIRIVER (Faculdade
Teológica Internacional Riverside), em Philadelphia, EUA.
texto bíblico esteve por muitos séculos em estado de criação e evolução antes de a comunidade
judaica escolher uma forma única, a do texto massorético, como forma oficial e autorizada,
com base na diversidade de testemunhos. Ao constatar a presença de inúmeras variantes
textuais nos manuscritos do Mar Morto e na LXX, bem como no Pentateuco Samaritano no
que tange à Torah, Stephen conclui que a busca de uma forma que se possa chamar de
“original” é uma tarefa extremamente delicada. Este capítulo, apesar de muito denso e
altamente técnico para o leitor que se depara pela primeira vez com os problemas de crítica
textual e de crítica literária, oferece um excelente panorama da história do texto do AT.
No capítulo três, o organizador Horacio Simian-Yofre define, descreve e avalia os
métodos histórico-críticos, destacando seu caráter essencialmente diacrônico, se bem que ele
considera a designação “diacrônico” um tanto ou quanto incompleta e carente de
esclarecimento subseqüente. Os conceitos de “método”, “histórico” e “crítico” são definidos e,
à luz dessas definições e observações pertinentes ao conceito de “crítico”, chega-se às
seguintes conclusões acerca da descrição dos métodos histórico-críticos: (1) do ponto de vista
histórico, são aqueles que buscam explicar todo texto a partir de seus pressupostos e entender
sua intenção original; (2) do ponto de vista crítico, buscam entender os textos da maneira mais
diferenciada possível, seja no que diz respeito à sua compreensão original, seja no que diz
respeito às interpretações sucessivas que o texto – ainda em seu processo de crescimento – foi
recebendo. Em seguida, Horacio passa a estabelecer os limites dos métodos histórico-críticos,
mencionando, pelo menos, três limites que devem ser levados em conta pelo exegeta: (1) a
dificuldade de estabelecer relação objetiva entre o MHC e outros resultados válidos obtidos por
outras interpretações, como por exemplo, segundo o autor, aqueles obtidos pela alegorese
patrística; (2) a contraparte teológica e espiritual do limite anterior, a saber, sua incapacidade
de nos fazer atingir certas verdades teológicas ou de fé, verdades salvíficas que a Escritura nos
quer transmitir; e (3) a incapacidade de o MHC abrir-se a uma interpretação atual do texto,
superando assim a distância entre texto e leitor. Após essas colocações necessárias, Horacio
passa a fazer a descrição e a avaliação, respectivamente, dos MHC’s, na seguinte ordem:
Crítica da Constituição do Texto (Literaturkritik), Crítica da Redação e da Composição
(Redaktionskritik e Kompositionskritik), Crítica da Transmissão do Texto, Crítica da Forma
(Formkritik), Crítica do Gênero Literário e Crítica da Tradição (Traditionskritik).
No capítulo quatro, Horacio Simian-Yofre discute os Métodos Estruturalistas,
destacando sua abordagem acrônica. Estes métodos surgiram como resposta tanto às
insuficiências objetivas dos MHC’s, como também às consideradas tais por falta de adequada
compreensão. Apesar de esses ME’s não terem atingido o gabarito de métodos amplamente
seguidos, eles contribuíram para a leitura atenta da Bíblia. Em síntese, esses métodos deixam
de considerar problemas relacionados à origem e à evolução temporal do texto, o que justifica
o fato de eles serem chamados de “acrônicos” (fora do tempo). O ME tem uma verdadeira e
profunda dificuldade, bem assinalada por Horacio, que reside não na limitada aplicação ou nas
dificuldades da terminologia, mas antes nos subentendidos e, particularmente, na falta de
interesse em determinar a intenção do texto que se manifesta num texto concreto –, se não até
mesmo na radical negação da possibilidade de acesso àquela intenção.
No capítulo cinco, Jean Louis Ska discute o método da Análise Narrativa, destacando
sua abordagem sincrônica. Como o texto narrativo é preponderante no AT, esse método tem
tido muito usado para sua leitura. O método é dito sincrônico (em unidade de tempo) porque
trata dos textos em sua fase final, sem levar em conta qualquer aspecto evolutivo. Contudo, a
análise da narrativa não ignora nem nega essa evolução e possui a vantagem principal de
aplicar às narrativas bíblicas um método adequado ao próprio objeto, vantagem principal de
aplicar às narrativas bíblico um método adequado ao próprio objeto, uma vez que analisa os
relatos como relatos e não sé, por exemplo, como possíveis documentos históricos. Seu grande
problema, entretanto, é a ausência de rigor na fixação de seus próprios limites, o que deixa o
exegeta sem saber onde parar a fim de não ir além ou ficar aquém do permitido, incorrendo em
superinterpretações ou em subinterpretações. Os instrumentos da Análise da Narrativa
permitem a penetração no mundo do relato, porém, quando se trata de estabelecer as relações
entre o relato e o mundo de experiência, esses instrumentos perdem sua força e o exegeta
precisa recorrer a outros MHC’s clássicos mais adequados. Neste sentido, a figura do artesão
ilustra precisamente o trabalho do exegeta, que deve examinar longamente o material a
trabalhar e só depois escolher os instrumentos mais adequados para o trabalho que deve
realizar.
No capítulo seis, de autoria de Horacio Simian-Yofre, é tratado o futuro da exegese. A
atenção é focalizada na relação entre o leitor que produz a exegese, o leitor a quem é destinada
a exegese e a situação da recepção da exegese. Como esta relação está atrelada ao problema da
comunicação ou transmissão viva do texto, Horácio busca valer-se dos resultados da lingüística
pragmática, cuja abordagem trata o texto na totalidade de sua relação com o tempo, desde sua
fase inicial até à fase final do texto escrito. O distintivo dessa abordagem é que ela não pensa
que haja fase final absoluta; pelo contrário, abre-se às possíveis fases posteriores do texto,
determinadas por sua proposição e transmissão atual. Por isso é que ela pode ser chamada de
anacrônica, uma vez que tenta entender o texto em cada momento na sucessão do tempo. Esta
abordagem relaciona hermenêutica e pragmática. Porém, hermenêutica aqui não é tomada pelo
autor em seu sentido clássico, ou reformado, de disciplina que estabelece os princípios de
interpretação do texto bíblico, mas no sentido descritivo que a palavra adquiriu nos últimos
anos, indicando uma interpretação da Escritura que conecta o sentido histórico do texto com
seu significado para o leitor em cada momento da história do texto. Neste caso, a correlação
entre significado e significação corresponde à correlação entre explicação e interpretação, à de
Deutung und Bedeutung (interpretação e significação) e à categoria de “leitura
contextualizada”. A “leitura hermenêutica”, por conseguinte, fica situada na história da
hermenêutica no campo pós-moderno designado de Reader Response (reação do leitor), que
enfatiza o envolvimento do leitor na produção e na determinação do sentido de um texto, o que
justifica os exemplos extraídos por Horacio da hermenêutica da Teologia da Libertação.
No capítulo sete, que encerra o livro, Innocenzo Gargano discute minuciosamente a
metodologia exegética dos pais da igreja. Em síntese, o aprimoramento dos métodos exegéticos
patrísticos deveu-se às problemáticas suscitadas pelas várias correntes heréticas, às situações
históricas que perturbaram a ordem do mundo greco-romano, sobretudo a partir do momento
em que se tornou cristão o imperador, e ao desejo de responder da forma mais adequada
possível às instâncias de um amadurecimento ou crescimento dos fiéis individuais. Como
característica essencial, a exegese patrística destaca-se por sua eclesialidade. Na opinião de
Innocenzo, não obstante a diversidade de horizonte cultural que nos separa dos pais, a exegese
patrística sempre constitui uma fonte de inspiração para a leitura do texto sagrado.
Os autores conseguiram atingir o fim colimado no projeto do livro. Mantendo-se dentro
dos limites de uma introdução, certos problemas tiveram uma apresentação simplificada, como
também foram reduzidas as referências técnicas e bibliográficas. A dificuldade toda encontrada
pelo exegeta reformado em aceitar o uso dos MHC’s consiste em qualificar essas ferramentas.
Torna-se uma tarefa extremamente delicada conciliar os pressupostos bíblico-teológicos
reformados com aqueles assumidos nas diversas metodologias histórico-críticas que, na
maioria das vezes, desconsideram ou se opõem a esses pressupostos. Parece-me que estas
questões não preocuparam os autores, talvez pelo ambiente em que se encontrem e, até mesmo,
pelas novas diretrizes propostas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) à academia católica.
Entretanto, o exegeta reformado poderá usar uma metodologia como a Crítica da Forma com
bastante proveito, uma vez que as questões vinculadas ao gênero e ao aspecto formal de um
texto servem bem à exegese. O objetivo principal do uso da crítica da forma se prende ao
aspecto da tessitura textual, da delimitação das perícopes e dos seus entrosamentos das orações
e dos períodos na composição do texto e pode ser aplicado a praticamente todos os textos do
AT com grande proveito na busca do sentido tencionado pelo autor sagrado. Também, a
definição do gênero literário pode ser demonstrada através dessa ferramenta. As funções das
perícopes dentro do texto sinalizam para a apreensão do motif do discurso, postulado pela
análise do discurso, ferramenta da lingüística contemporânea, como sua grande figura ou a
mensagem transmitida por sua macroestrutura, que sinaliza na direção da busca da intenção do
autor.
Contudo, há exageros que precisam ser evitados. À guisa de exemplo, perguntamos se o
“miraculoso” processo de ressemantização proposto pelos estudos recentes sobre a “Bíblia
como Literatura” pode ser conciliado com o caráter divino da Escritura, que leva em
consideração os conceitos de inerrância, infalibilidade e autoridade da mesma? Será que não é
flagrante a contradição entre o conceito de sentido único da Escritura, axioma da hermenêutica
reformada, e os múltiplos, infindos e incontroláveis resultados possíveis a partir da aplicação
da metodologia exegética alegórica patrística?
Assim, como trabalho descritivo, o livro presta um relevante serviço aos estudos
bíblicos no âmbito acadêmico do Brasil, tanto evangélico quanto católico, ainda que o mesmo
pretenda ser destinado a um público mais amplo. Contudo, seria importante destacar que, como
disse o Dr. Augustus Nicodemus Lopes 2: “o fim do método histórico-crítico foi profetizado por
Gerhard Maier na sua obra extraordinária Das Ende der historichen-kritischen Methode (O Fim
do Método Histórico-Crítico) (1974). Mesmo os exegetas liberais católicos, que utilizam os
MHC’s para provar suas teses, têm chegado a resultados que os protestantes conservadores
vêm sustentando desde a Reforma”, sendo que estes, diferentemente daqueles, mantêm a
louvável atitude de jamais negar e abandonar as doutrinas da inspiração e da autoridade da
totalidade do cânon sagrado.
Com essas ressalvas necessárias, recomendo o livro a todos os que queiram introduzir-
se na Metodologia do Antigo Testamento.

2
Fides Reformata Vol V, N 2, p. 169, 2000.

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