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facebook.com/cursocei 1ª RODADA 24/07/2014

1ª RODADA

CEI - MPF
PREPARATÓRIO PARA O
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

24/07/2014

Círculo de Estudos pela Internet


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CORPO DOCENTE

Renan Paes – mediador das matérias Direito Constitucional e Metodologia Jurídica e Direito Penal.
Procurador da República em Monteiro/PB (aprovado em 2° lugar no 26° CPR). Especialista em Direito Constitucional. Juiz de
Direito do Estado de São Paulo (2012/2013). Analista Processual do Ministério Público Federal, com lotação na Procuradoria
Geral da República (2008/2012). Técnico Administrativo do Ministério Público Federal (2007/2008). Bolsista do Instituto Inte-
ramericano de Direitos Humanos (2008). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2007). Aprovado nos
concursos de Juiz de Direito do Estado de São Paulo, Promotor de Justiça do Estado da Paraíba, Procurador do Estado de
Pernambuco, dentre outros das carreiras de analista, técnico e procurador municipal.

Aldo Costa – mediador das matérias Direitos Humanos, Direito Internacional Público e Privado.
Procurador da República (27° CPR). Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (1999), com habilitação em Direito
Penal e Criminologia. Pós-graduado pelas Universidades de Buenos Aires (2004) e Valência (2007). Foi professor substituto da
Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (2002-2006), docente da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação
Getúlio Vargas (2009), pesquisador visitante no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e ad-
vogado (2000-2010). Exerceu os cargos de conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (2002), assessor especial
do Ministro da Justiça (2010-2011) e de assessor de ministro do Supremo Tribunal Federal (2013-2014).

Paulo Santiago – mediador das matérias Direito Eleitoral, Direito Administrativo e Direito Ambiental.
Procurador da República (27° CPR).Procurador Regional Eleitoral no Amapá. Representante da 5ª Câmara de Coordenação
e Revisão do Ministério Público Federal no Estado do Amapá. Mestre em Direito Público, Especialista em Direito do Estado e
Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Ex-Professor de Direito Administrativo da Universidade Federal da Ba-
hia. Ex-Procurador do Estado de Pernambuco. Aprovado em diversos concursos e seleções: Ministério Público Federal (2013),
Advocacia Geral da União (2013), Defensoria Pública do Estado da Bahia (2010), Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco
(2009), Advocacia da Petrobras (2012), do Banco do Nordeste (2011) e da EMBASA (2009).

Bruno Barros – mediador das matérias Direito Tributário, Direito Financeiro e Processo Penal.
Procurador da República em Campina Grande/PB. Procurador do Município de Recife (2009 a 2012). Pós-Graduado em Direito
Público. Aprovado nos concursos de Procurador do Município de Recife (1°lugar), Procurador do Estado de Alagoas (3º lugar),
Advogado da União e Procurador da República (6º Lugar no 25°CPR). Editor do http://blogdobrunobarros.blogspot.com.

João Paulo Lordelo – mediador das matérias Direito Econômico, Direito do Consumidor, Direito Civil e Processo Civil.
Procurador da República (aprovado em 1° lugar no 27°CPR). Ex-Defensor Público Federal. Aprovado em diversos concursos e
seleções: Técnico Administrativo da Universidade Federal da Bahia, Técnico Administrativo do Ministério Público do Estado da
Bahia, Técnico Administrativo e Analista Judicial do Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia, Procurador do Estado de
Pernambuco, Defensor Público Federal (7ª colocação final, tendo obtido a 1ª colocação na primeira fase), Mestrado em Direito
Público – Área de Concentração: Teoria do Processo e Tutela de Direitos (1ª colocação), Juiz de Direito do Estado da Bahia (1ª
colocação na primeira fase), Procurador da República (1ª colocação na classificação geral). É graduado e mestre em Direito
Público pela Universidade Federal da Bahia e especialista em Direito do Estado. Editor do website: http://www.joaolordelo.com.

COORDENADOR DO CURSO CEI-MPF


JOÃO PAULO LORDELO - joao.lordelo@cursocei.com

COORDENADOR-GERAL DO CEI
CAIO PAIVA - caio.paiva@cursocei.com

Defensor Público Federal, titular do 2º Ofício Criminal da DPU/Manaus, unidade em que é Chefe-Substituto. Membro do GT
– Grupo de Trabalho da DPU sobre presos. Especialista em Ciências Criminais. Exerceu o cargo de assessor de juiz de direito
(2010-2013). Fundador do CEI. Editor do site www.oprocesso.com.

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INSTRUÇÕES GERAIS

1. O objetivo principal do CEI é promover uma simulação máxima da “prova real”, mas, para que isso aconteça,
precisamos da colaboração de vocês. A principal instrução, aqui, é para que quando forem redigir as respostas das
questões dissertativas ou elaborar a peça judicial, fiquem à vontade para pesquisar o quanto puderem/quiserem
sobre os temas tratados. Porém, no momento de redigir a resposta/peça, estejam a sós com a legislação seca. Por
essa razão, evitem citar número de decisões, transcrever trecho de doutrina etc.

2. Todos os alunos do Curso recebem o “Espelho de Correção” (material que contém o gabarito comentado das
questões dissertativas e da peça judicial + as melhores respostas/peças dos alunos), inclusive aqueles que optarem
por não participarem ativamente submetendo suas respostas/peças para correção individualizada.

3. Para que o Curso seja dinâmico e possamos, todos, nos organizar, não iremos tolerar (salvo casos excepcionais)
atraso no envio das respostas/peças para correção individualizada. Atentem-se para identificar perfeitamente qual
o e-mail do mediador responsável pelo questionamento!

4. O funcionamento do Curso compreende, conforme divulgado no site do CEI (www.cursocei.com), basicamente,


rodadas de 10 em 10 dias, de modo que, a partir do dia em que receber o material, o aluno tem 10 dias para
enviar as suas respostas/peças para correção. Exemplo: o material da primeira rodada é enviado no dia 24/07,
tendo o aluno, portanto, até o dia 03/08 para submeter ao mediador as suas respostas/peças para a correção
individualizada.

Estarei sempre à disposição para dúvidas e questionamentos.


Caio Paiva – Coordenador Geral do CEI
E-mail: caio.paiva@cursocei.com

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO


Treine os seus conhecimentos e depois, à frente, confira o seu desempenho lendo os comentários dos
mediadores sobre os enunciados.

GRUPO I

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

1. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

a) Acordos ou convênios que podem gerar encargos ou compromissos gravosos ao pat-


rimônio estadual podem ser submetidos à autorização da Assembleia Legislativa sem que
haja ofensa ao princípio da separação de poderes.

b) Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes e da


liberdade de locomoção norma estadual que exige prévia licença da Assembleia Legislativa
para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo.

c) A garantia constitucional da imunidade parlamentar, em sentido material, representa um


instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo,
somente protegendo o membro do Congresso Nacional quando este exerça a liberdade de
opinião no contexto do exercício do mandato e dentro do recinto da própria Casa legislativa.

d) A CPI possui legitimidade, no decorrer das investigações, para decretar quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico de pessoas investigadas. No entanto, além da aprovação da que-
bra pelo voto dos membros da comissão, há necessidade de fundamentação concreta para a
restrição ao direito de intimidade.

2. Acerca do Poder Constituinte, assinale a alternativa incorreta:

a) Ao contrário das normas infraconstitucionais, a Constituição não retira o seu fundamento


de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontade das for-
ças determinantes da sociedade, que a precede.

b) A Constituição Federal atual, que foi promulgada em 5 de outubro de 1988, revogou por
completo a Constituição anterior, não excepcionando a vigência temporária de qualquer dis-
positivo da Lei Maior de 1967/69.

c) Segundo o STF, não se pode invocar direitos adquiridos contra a Constituição. Isso porque
o poder constituinte tem a prerrogativa de atingir efeitos futuros de fatos passados, que é o
que se chama de retroatividade mínima.

d) A proibição de alterar o art. 60, § 4º da Constituição Federal, que enumera as cláusulas pé-
treas, limitações materiais ao poder constituinte reformador, pode ser entendida como uma
cláusula pétrea implícita.

3. Acerca dos métodos e princípios de hermenêutica constitucional, assinale a alternativa correta:

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a) A tópica desenvolvida por Theodor Viehweg se caracterizou como uma técnica de pensar o
problema e através de debates e descoberta de argumentos relevantes e persuasivos, contri-
buir para solucioná-lo satisfatoriamente. Daí a sua função precipuamente instrumental.

b) Para Häberle, embora participem potencialmente da interpretação constitucional todas


as forças da comunidade política, é possível estabelecer um numerus clausus de intérpretes
constitucionais.

c) De acordo com Müller, o direito e a realidade são esferas incomunicáveis entre si. Assim não
é necessário observar a praxis jurídica para elaborar o processo estruturado de interpretação.

d) De acordo com o método científico-espiritual de interpretação, capitaneado por Heideger


e Gadamer, tem-se a ideia de Constituição como instrumento de integração e de ordenação
jurídica do Estado e da dinâmica vital em que se desenvolve a vida estatal.

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

4. No tocante às limitações extraordinárias ao exercício dos direitos humanos, é correto afirmar


que:

a) as limitações comuns ao exercício de direitos humanos e as extraordinárias, na forma de


derrogações, são categorias distintas de limitação.

b) a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos não prevê nenhuma derrogação das
obrigações legais.

c) o conceito de emergência previsto no art. 27(1) da Convenção Americana de Direitos Hu-


manos assemelha-se aos inseridos nos arts. 15(1) da Convenção Europeia de Direitos Huma-
nos e 4(1) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.

d) a suspensão de garantias implica uma suspensão temporária do Estado de direito.

5. A teoria da proteção indireta (“indirect protection”) ou da proteção por ricochete (“par rico-
chete”:

a) não é aplicável aos processos cooperacionais no sistema europeu de direitos humanos.

b) veda as decisões discricionárias do Estado em uma extradição.

c) deve ser balanceada com as necessidades de proteção da sociedade contra o terrorismo.

d) implica a avaliação subjetiva do Estado requerente.

DIREITO ELEITORAL

6. O RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA:

I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegi-

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bilidade.

II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.

III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não é


cabível nos casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda ve-
dada e captação ilícita de sufrágio.

IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em
toda sua plenitude até decisão do Tribunal Superior.

São verdadeiras as afirmações:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

7. Sobre as condições de elegibilidade, aponte a alternativa incorreta:

a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência perman-
ente no Brasil é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturaliza-
dos; desse modo, é possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo
de governador de estado.

b) Os militares são inalistáveis e, portanto, inelegíveis.

c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso,
o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude,
mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.

d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome
do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude
dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.

8. Sobre os instrumentos de democracia participativa:

a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei


Complementar com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente
interessada.

b) É competência exclusiva da Câmara dos Deputados a convocação de Plebiscito ou Refer-


endo.

c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei Com-
plementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Nacional.

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d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o
nacional em pleno gozo dos direitos políticos.

GRUPO II

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL

9. O regime jurídico dos contratos administrativos:

a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, des-


de que se indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.

b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Admin-
istração.

c) Considera imprescindível a realização de um procedimento prévio de licitação ou justifica-


ção de dispensa ou inexigibilidade.

d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração
a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de
execução.

10. No tocante ao controle da administração pública:

a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da


administração, consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.

b) Embora esteja sujeita ao controle jurisdicional, à Administração se garantiu o poder de au-


totutela, em virtude do qual é possível a anulação dos atos administrativos ilegais, desde que
não sejam objeto de litígio.

c) Ao Tribunal de Contas da União compete a fiscalização da aplicação de recursos federais,


inclusive aqueles repassados mediante convênio para órgãos e entidades da administração
estadual, municipal e distrital; no execício de sua fiscalização, o Tribunal de Contas da União
pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos.

d) A Controladoria-Geral da União é um órgão de controle interno ao qual incumbe a revisão


de atos de gestão quando constatada irregularidade insanável.

11. No tocante aos instrumentos econômicos da política nacional do meio ambiente:

I. A servidão ambiental é um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição


ao uso ou à exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15
(quinze) anos.

II. A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e
implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.

III. O Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de inconstitucionalidade em face de


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dispositivo da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de
Preservação Permanente na área de servidão ambiental.

IV. A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA,
servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou
a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de
imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.

Estão certas as alternativas:

a) I e II.

b) II e III.

c) II e IV.

d) III e IV.

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

12. Indique a opção certa, de acordo com as regras do CTN:

a) A obrigação tributária principal constitui uma obrigação de fazer.

b) A obrigação tributária acessória é dependente da obrigação principal, de modo que, inex-


istindo esta, não subsistirá aquela.

c) A obrigaçao tributária principal decorre da lei em sentido estrito, enquanto que a obriga-
ção acessória decorre da legislação tributária.

d) Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica, de direito público ou privado, titular da com-
petência para exigir o seu cumprimento.

13. Sobre a legislação tributária:

a) A lei ordinária pode instituir qualquer tributo previsto na Constituição Federal.

b) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas não possuem


qualquer relevância jurídica para o contribuinte.

c) Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

d) Interpreta-se extensivamente a legislação tributária que disponha sobre isenção.

14. Sobre empréstimos compulsórios:

a) São considerados, pela doutrina, tributos da natureza dos impostos.

b) A sua instituição compete a qualquer um dos entes federativos, mediante lei complementar.

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c) Além das hipóteses previstas na Constituição Federal, segundo a doutrina, ainda está vi-
gente o empréstimo compulsório citado no art. 15, III, CTN.

d) A circunstância de a receita decorrente dos empréstimos dever ser futuramente restituída


não descaracteriza a sua condição de tributo.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

15. O código de Lieber:

a) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de


elaboração do Direito de Genebra, relativo à limitação dos meios e métodos de combate, bem
como de tratados posteriores.

b) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de


elaboração do Direito da Haia, relativo à proteção das vítimas da guerra, bem como de trata-
dos posteriores.

c) traz, de forma direta ou indireta, as regras referentes aos meios de combate: proporciona-
lidade, distinção e necessidade militar.

d) traz, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades: proporcionali-


dade, distinção e necessidade militar.

16. O mecanismo internacionl:

a) é responsável pelas funções residuais da Corte Internacional de Justiça.

b) é responsável pelas funções residuais do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

c) é responsável pelas funções residuais do Tribunal Especial de Sierra Leoa.

d) é responsável pelas funções residuais do Tribunal Internacional Penal.

17. De acordo com a corte internacional de justiça no julgamento de 27 de janeiro de 2014 no caso
“Disputa Marítima“ (Peru v. Chile) é incorreto afirmar:

a) a Declaração de Santiago de 1952 possui natureza jurídica de tratado internacional.

b) as regras de interpretação de tratados previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena


sobre o Direito dos Tratados não são aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele
acordo internacional.

c) a exigência geral para o estabelecimento de uma fronteira marítima é a necessidade de


obter uma solução equitativa, cuja metodologia apropriada envolve o traçado provisório de
uma linha de equidistância, a análise de circunstâncias capazes de justificar um ajustamento
dessa linha, bem como da eventual desproporção entre os quinhões alcançados e o cumpri-
mento das linhas costeiras dos Estados.

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d) a delimitação da zona econômica exclusiva entre Estados com costas adjacentes, prevista
no art. 74, parágrafo 1 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM),
reflete uma norma de direito consuetudinário internacional.

18. O decreto nº 7.606, que regulamento no ordenamento jurídico brasileiro a resolução nº 1.989,
de 17 de junho de 2013, do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU):

a) não obriga as autoridades brasileiras, no âmbito de suas respectivas atribuições, a impedir


o trânsito, em seu território, de indivíduos associados à Al-Qaeda.

b) estabelece que o Estado-membro que vier a propor uma inclusão na lista de indivíduos
e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo deverá tornar
pública a condição de propositor.

c) estipula uma revisão de todos os nomes constantes da lista de indivíduos e organizações


sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo que não tenham sido revistos em
cinco anos ou mais.

d) autoriza os Estados-membros das Nações Unidas a apresentarem pedidos de exclusão da


lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo
em nome de entidade à Ouvidoria.

GRUPO III

DIREITO ECONÔMICO E DO CONSUMIDOR

19. A respeito do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, assinale a alternativa correta:

a) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem


econômica, não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre inicia-
tiva, consistente em um dos princípios gerais da atividade econômica.

b) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do


Ministério Público Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição
de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do
Conselheiro-Relator.

c) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes
econômicos.

d) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal es-
pecializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a repre-
sentação judicial do órgão.

20. A estrutura organizacional do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é consti-


tuída dos seguintes órgãos:

a) Ministério Público Federal, Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

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b) Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

c) Superintendência-Geral, Tribunal Administrativo de Defesa Econômica e Departamento de


Estudos Econômicos.

d) Nenhuma das respostas acima.

21. A respeito do conceito jurídico de consumidor, assinale a alternativa correta:

a) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria fi-
nalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica, em nenhuma
hipótese, no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de ativi-
dade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.

b) A jurisprudência do STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada
a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.

c) A teoria maximalista ou objetiva sustenta que consumidor é a pessoa (física ou jurídica)


destinatária fática e econômica do produto ou serviço.

d) De acordo com a teoria subjetiva ou finalista, consumidor é a pessoa física ou jurídica


que adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade
econômica com objetivo de lucro ou não.

DIREITO CIVIL

22. Assinale a alternativa incorreta:

a) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em


princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é
possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.

b) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.

c) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por
seu turno, é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.

d) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Con-
tudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

23. A respeito da ação rescisória, assinale a alternativa correta.

a) Não é cabível ação rescisória contra decisões meramente terminativas.

b) Não se admite ação rescisória contra sentença citra petita.

c) É cabível ação rescisória no âmbito dos juizados federais.

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d) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.

24. Sobre o processo de execução, assinale a alternativa incorreta:

a) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a apli-
cação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.

b) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação


ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do
CPC.

c) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a
constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

d) Assim como ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo não é pressuposto


para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).

GRUPO IV

DIREITO PENAL

25. Acerca do crime de lavagem de dinheiro, julgue as alternativas e aponte a alternativa incor-
reta:

a) De acordo com a política de compliance estabelecida pela redação atual da lei de combate
à lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e jurídicas indicadas na legislação devem adotar
políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de opera-
ções, que lhes permitam atender as determinações dos órgãos de controle.

b) Sujeitam-se ao dever de comunicar operações financeiras suspeitas todas as pessoas físi-


cas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal
ou acessória, cumulativamente ou não: a captação, intermediação e aplicação de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; a compra e venda de moeda
estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; a custódia, emissão, dis-
tribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mo-
biliários.

c) As pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra


e venda de imóveis também estão sujeitas às obrigações de identificação de clientes, ma-
nutenção de registros e comunicação de operações financeiras aos órgãos de controle.

d) Os cadastros e registros mantidos pelas instituições obrigadas pela lei de combate à lava-
gem de ativos deverão ser conservados durante o período máximo de cinco anos a partir do
encerramento da conta ou da conclusão da transação.

26. Acerca da lei penal no tempo, assinale a alternativa correta:

a) O princípio da irretroatividade da lei penal limita-se às normas penais de caráter material,


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entre as quais se incluem aquelas relativas às medidas de segurança, que integram a seara do
direito penal material.

b) Para a orientação atual do STJ, no delito de tráfico ilícito de entorpecentes, é possível re-
alizar a combinação entre a lei nova (causa de diminuição) e a lei antiga (pena-base menor) a
fim de encontrar a situação mais favorável ao réu.

c) No Código Penal não há previsão legal de exceção ao princípio da irretroatividade da lei


penal mais benéfica.

d) Em matéria de lei penal no tempo, adota-se a teoria do resultado, ou seja, considera-se


praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re-
sultado.

27. Acerca dos crimes contra a saúde pública e os relacionados à remoção e transplante de órgãos,
assinale a alternativa correta:

a) O crime de endemia consiste na propagação de germes patogênicos e tem como sujeito


ativo qualquer pessoa.

b) Nos crimes relacionados à remoção e transplante de órgãos não há tipo penal de menor
potencial ofensivo.

c) O crime de omissão de notificação de doença caracteriza-se como próprio e de perigo


concreto.

d) O crime de envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia


ou medicina destinada a consumo não é crime hediondo.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

28. Indique a alternativa incorreta:

a) O prazo para conclusão de Inquérito Policial que apure crime federal será de 15 dias pror-
rogáveis por mais 15 dias, por decisão fundamentada do Juiz, em caso de investigado preso.

b) Entendendo pela incompetência absoluta do Juízo perante o qual oficia, o Procurador de-
verá manifestar-se pela remessa do Inquérito ao Juízo competente, tendo esta manifestação
sido denominada pela doutrina de arquivamento indireto.

c) Considere que o funcionário público ofendido em sua honra, em razão de acusações atrela-
das ao exercício de sua função, representou ao Ministério Público para apuração do caso. Se
o MP promover o arquivamento, ele poderá ajuizar a Queixa-crime, desde que já não tenha
sido extinta a punibilidade.

d) Segundo a orientação doutrinária e jurisprudencial dominante, o investigado não está


obrigado a participar da reconstituição do crime, em atenção ao princípo do nemo tenetur si
detegere.

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29. A respeito da competência penal, assinale a alternativa correta:

a) Havendo a expansão da Justiça Federal, com a criação de uma nova Vara Federal no interior
do Estado, deverão ser remetidos a ela todos os processos penais referentes aos Municípios
de sua área de abrangência, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

b) Havendo a criação de uma Vara Especializada, deverão ser remetidos a ela todos os pro-
cessos penais referentes à sua matéria exclusiva, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

c) Segundo a jurisprudência do STJ, a competência territorial, no processo penal, é de caráter


absoluto, razão pela qual pode ser suscitada em qualquer momento.

d) A jurisprudência atual do STF e do STJ entende ser nulo o julgamento proferido por Turma
de Tribunal composta, majoritariamente, por Juízes convocados.

30. A Transação Penal é um instituto despenalizador previsto na Lei n. 9.099/95. Acerca desse
tema, assinale o item correto:

a) Segundo o entendimento jurisprudencial majoritário, trata-se de direito subjetivo do in-


vestigado, de modo que, em caso de recusa de sua oferta pelo MP, o Juiz poderá formular a
proposta.

b) Na esteira do entendimento doutrinário prevalecente, trata-se de exceção ao princípio da


indisponibilidade, a denominada “indisponibilidade mitigada”

c) A jurisprudência do STF admite o cabimento da transação, se a condenação definitiva so-


frida pelo investigado já tiver produzido seus efeitos há mais de cinco anos.

d) Na hipótese de concurso de crimes, para fins de análise do cabimento, ou não, da transa-


ção, deve-se desconsiderar eventuais acréscimos ou exasperações decorrentes do concurso.

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

GRUPO I

MEDIADOR: RENAN PAES

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

1. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

a) Acordos ou convênios que podem gerar encargos ou compromissos gravosos ao pat-


rimônio estadual podem ser submetidos à autorização da Assembleia Legislativa sem que
haja ofensa ao princípio da separação de poderes.

b) Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes e da


liberdade de locomoção norma estadual que exige prévia licença da Assembleia Legislativa
para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo.

c) A garantia constitucional da imunidade parlamentar, em sentido material, representa um


instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo,
somente protegendo o membro do Congresso Nacional quando este exerça a liberdade de
opinião no contexto do exercício do mandato e dentro do recinto da própria Casa legislativa.

d) A CPI possui legitimidade, no decorrer das investigações, para decretar quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico de pessoas investigadas. No entanto, além da aprovação da que-
bra pelo voto dos membros da comissão, há necessidade de fundamentação concreta para a
restrição ao direito de intimidade.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 1.b e 24.b.

COMENTÁRIO
Nas questões de Direito Constitucional sempre haverá cobrança de jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal. Por isso, além da regular leitura dos Informativos, é importante ter sempre em mãos a excelente
compilação “A Constituição e o Supremo”, organizada pelo STF, onde se mescla o texto da Constituição
Federal e a principal jurisprudência da Suprema Corte. A leitura, ainda que pontual, é essencial,
principalmente na parte de direitos e garantias fundamentais e processo constitucional. Sugiro, outrossim,
dar um “ctrl + f” na palavra-chave “NOVO”. Assim, o estudante poderá identificar sempre as novidades
inseridas recentemente na compilação.

Link: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPublicacaoTematica/anexo/constituicao.zip

A alternativa “a” está correta, de acordo com o julgamento da ADI 331. O relator, Min. Gilmar Mendes,
exalta, em seu voto, o “laboratório” que pode se tornar o poder constituinte estadual, trazendo experiências
que, desde dentro dos parâmetros da Constituição Federal (princípio da simetria), podem ser proveitosas
para a democracia. Seguem os excertos do voto e a ementa:

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“(...) o requerente alega que o art. 49, I, da CF, ao prever competência exclusiva
do Congresso Nacional, restringe-se ao poder de resolver acordos ou tratados
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
nacional. Por outro lado, o dispositivo estadual vai além, prevendo o poder de
autorizar e resolver empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual. (...) no caso em análise, não
verifico inobservância local, pois a Constituição estadual apenas complementou o
Texto Federal. Nesse sistema de complementariedade, tenho que o Texto Federal
pode até́ mesmo ser influenciado, em possível poder constituinte reformador,
pelas experiências das Constituições estaduais. É preciso dar espaço a oficinas e
experimentos no âmbito do poder constituinte estadual. (...) No caso, a inovação
da Constituição paraibana não atenta contra os marcos fundamentais da Carta
Magna, mas, antes, procura tornar ainda mais efetivos os comandos constitucionais
do equilíbrio entre os poderes e do controle republicano dos compromissos públicos.”
(ADI 331, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 3-4-2014, Plenário, DJE
de 2-5-2014.).

“Ação direta de inconstitucionalidade. Inciso XXII do art. 54 da Constituição do


Estado da Paraíba. Competência privativa da Assembleia Legislativa para autorizar e
resolver definitivamente acordos e convênios. Alegada ofensa ao princípio da simetria.
Acordos ou convênios que podem gerar encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio estadual podem ser submetidos à autorização do legislativo local, sem
violar o princípio da separação dos poderes. Ação direta julgada improcedente.” (ADI
331, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/04/2014,
DJe-082 DIVULG 30-04-2014 PUBLIC 02-05-2014 EMENT VOL-02728-01 PP-00001).

A assertiva “b” também está correta. É que, de acordo com o princípio da simetria, até é possível que a
norma estadual estabeleça a exigência de autorização do legislativo estadual para o chefe do Executivo
sair do país. No entanto, há que se observar a limitação da Constituição Federal quanto ao prazo, que
é superior a 15 dias (Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença
do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do
cargo). Segue trecho do respectivo voto:

“Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes


e da liberdade de locomoção norma estadual que exige previa licença da Assembleia
Legislativa para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País
por qualquer prazo. Espécie de autorização que, segundo o modelo federal, somente
se justifica quando o afastamento exceder a quinze dias. Aplicação do princípio da
simetria.” (ADI 738, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 13-11-2002, Plenário,
DJ de 7-2-2003.) No mesmo sentido: RE 317.574, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento
em 1o-12-2010, Plenário, DJE de 1o-2-2011; ADI 307, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
em 13-2-2008, Plenário, DJE de 1o-7-2009; ADI 775-MC, Rel. Min. Celso de Mello,
julgamento em 23-10-1992, Plenário, DJ de 1o- 12-2006.

A alternativa “c” está incorreta. A imunidade do parlamentar no sentido material, que engloba suas opiniões,

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palavras e votos, afasta a tipicidade penal desde que proferidas em contexto que seja relacionado ao
exercício do mandato, ainda que fora do recinto da casa legislativa. Segue abaixo trecho de inconfundível
voto do Min. Celso de Mello:

“A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF,


art. 53, caput) – que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o
exercício independente do mandato representativo – somente protege o membro
do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este
exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa),
nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com
o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham sido proferidas
em razão dela (prática propter officium), eis que a superveniente promulgação da
EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da
inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da imunidade material – que constitui
garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso
mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a
manifestações do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do
mandato legislativo. A cláusula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput),
para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário nexo
de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a
prática inerente ao ofício congressional, de outro. Doutrina. Precedentes.” (Inq 1.024-
QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 21-11-2002, Plenário, DJ de 4-3-2005.)
No mesmo sentido: Inq 2.915, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 9-5-2013, Plenário,
DJE de 31-5-2013; Inq 2.874-AgR, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-6-2012,
Plenário, DJE de 1o-2-2013; Inq 2.332-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
10-2-2011, Plenário, DJE de 1o-3-2011.

A assertiva “d” está correta. É preciso atentar para o fato de que a CPI, por ser revestida de poderes de certo
modo equivalentes aos de uma autoridade judiciária, deve suportar os mesmos ônus, principalmente o da
argumentação e fundamentação. Assim, não basta que a CPI aprove, por maioria de votos, o pedido de
quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico. É preciso que tal decisão seja concretamente fundamentada,
sob pena ser anulada judicialmente:

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO,


FISCAL E TELEFÔNICO - AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FATOS CONCRETOS -
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA - INADMISSIBILIDADE - CONTROLE JURISDICIONAL
- POSSIBILIDADE - CONSEQÜENTE INVALIDAÇÃO DO ATO DE “DISCLOSURE”
- INOCORRÊNCIA, EM TAL HIPÓTESE, DE TRANSGRESSÃO AO POSTULADO
DA SEPARAÇÃO DE PODERES - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. A
QUEBRA DE SIGILO - QUE SE APÓIA EM FUNDAMENTOS GENÉRICOS E QUE
NÃO INDICA FATOS CONCRETOS E PRECISOS REFERENTES À PESSOA SOB
INVESTIGAÇÃO - CONSTITUI ATO EIVADO DE NULIDADE. - A quebra do sigilo
inerente aos registros bancários, fiscais e telefônicos, por traduzir medida de
caráter excepcional, revela-se incompatível com o ordenamento constitucional,
quando fundada em deliberações emanadas de CPI cujo suporte decisório apoia-

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se em formulações genéricas, destituídas da necessária e específica indicação de


causa provável, que se qualifica como pressuposto legitimador da ruptura, por
parte do Estado, da esfera de intimidade a todos garantida pela Constituição da
República. Precedentes. Doutrina. O CONTROLE JURISDICIONAL DE ABUSOS
PRATICADOS POR COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO NÃO OFENDE O
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. - O Supremo Tribunal Federal, quando
intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade
e a supremacia da Constituição, neutralizando, desse modo, abusos cometidos por
Comissão Parlamentar de Inquérito, desempenha, de maneira plenamente legítima,
as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. O regular exercício
da função jurisdicional, nesse contexto, porque vocacionado a fazer prevalecer a
autoridade da Constituição, não transgride o princípio da separação de poderes.
Doutrina. Precedentes.

(MS 25668, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em


23/03/2006, DJ 04-08-2006 PP-00027 EMENT VOL-02240-03 PP-00410 RTJ VOL-
00200-02 PP-00778 RCJ v. 20, n. 129, 2006, p. 55-66).

GABARITO: LETRA “C”

2. Acerca do Poder Constituinte, assinale a alternativa incorreta:

a) Ao contrário das normas infraconstitucionais, a Constituição não retira o seu fundamento


de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontade das for-
ças determinantes da sociedade, que a precede.

b) A Constituição Federal atual, que foi promulgada em 5 de outubro de 1988, revogou por
completo a Constituição anterior, não excepcionando a vigência temporária de qualquer dis-
positivo da Lei Maior de 1967/69.

c) Segundo o STF, não se pode invocar direitos adquiridos contra a Constituição. Isso porque
o poder constituinte tem a prerrogativa de atingir efeitos futuros de fatos passados, que é o
que se chama de retroatividade mínima.

d) A proibição de alterar o art. 60, § 4º da Constituição Federal, que enumera as cláusulas pé-
treas, limitações materiais ao poder constituinte reformador, pode ser entendida como uma
cláusula pétrea implícita.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 5.a e 6.a.

COMENTÁRIO
A assertiva “a” é a alternativa correta.

A assertiva “b” está incorreta, uma vez que há uma exceção. No art. 34 do ADCT da CF/88 restou
estabelecido que: “O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês
seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a

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redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores”. Assim, a CF/88 conviveu, por curto período,
com a vigência temporária de dispositivos da Constituição anterior relacionados ao sistema tributário.

A assertiva “c” está correta. Os direitos adquiridos não são oponíveis à Constituição principalmente pelo
fato de o Poder Constituinte ser inicial, juridicamente ilimitado e incondicionado. Nesse sentido, assim se
manifesta a doutrina quanto ao tema:

“Reconhece-se como típico das normas do poder constituinte originário serem elas
dotadas de eficácia retroativa mínima, já que se entende como próprio dessas normas
atingir efeitos futuros de fatos passados. As normas do poder constituinte originário
podem, excepcionalmente, ter eficácia retroativa média (alcançar prestações
vencidas anteriormente a essas normas e não pagas) ou máxima (alcançar fatos
consumados no passado), mas para que opere com a retroatividade média ou
máxima, o propósito do constituinte deve ser expresso. É nesse sentido que se diz,
hoje, que não há direito adquirido contra a Constituição.” (MENDES, Gilmar Ferreira.
et al. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 211).

A assertiva “d” está correta. Ora, se o art. 60, §4º da CF/88 estabelece as limitações materiais ao poder
constituinte reformador, é imperativo lógico que a redação de tal dispositivo não pode ser alterada e nem
suprimida. Em razão disso, temos uma cláusula pétrea implícita no texto constitucional.

GABARITO: LETRA “B”

3. Acerca dos métodos e princípios de hermenêutica constitucional, assinale a alternativa correta:

a) A tópica desenvolvida por Theodor Viehweg se caracterizou como uma técnica de pensar o
problema e através de debates e descoberta de argumentos relevantes e persuasivos, contri-
buir para solucioná-lo satisfatoriamente. Daí a sua função precipuamente instrumental.

b) Para Häberle, embora participem potencialmente da interpretação constitucional todas


as forças da comunidade política, é possível estabelecer um numerus clausus de intérpretes
constitucionais.

c) De acordo com Müller, o direito e a realidade são esferas incomunicáveis entre si. Assim não
é necessário observar a praxis jurídica para elaborar o processo estruturado de interpretação.

d) De acordo com o método científico-espiritual de interpretação, capitaneado por Heideger


e Gadamer, tem-se a ideia de Constituição como instrumento de integração e de ordenação
jurídica do Estado e da dinâmica vital em que se desenvolve a vida estatal.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.a.

COMENTÁRIO
A alternativa “a” está correta. É exatamente esse o núcleo essencial do pensamento de Viehweg. A assertiva
“b” está incorreta na medida em que atribui a Peter Häberle a afirmação de ser possível estabelecer
limitação de intérpretes constitucionais. O pensamento do jurista é exatamente o oposto, no sentido

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de que todos os grupos (cidadãos, órgãos estatais, entes privados) estão autorizados a participar da
“sociedade aberta de intérpretes da Constituição”.

A alternativa “c” está incorreta. Müller entendia que se deve compreender a concretização da norma
como um “processo estruturado”. Para ele, “o texto de uma prescrição jurídica é tão somente a cabeça
do iceberg. No seio da montanha de gelo, na parte mais baixa, recôndita e profunda, porém invisível, é
que se deve procurar a essência da normalidade, feita dos fatos e relações de natureza estatal e social.”
(BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 504). Por isso, para
o autor alemão, “o Direito e a realidade não são esferas incomunicáveis nem categorias autônomas
subsistentes por si mesmas. O âmbito da norma é fator que fundamenta a normatividade. Não é simples
soma de fatos, mas conjunto de elementos estruturais retirados da realidade social.” (BONAVIDES, Paulo.
Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 506).

A alternativa “d” está errada pois, embora a descrição esteja adequada ao método científico-espiritual,
Heideger e Gadamer foram expoentes do método normativo-estruturante de interpretação. O principal
jurista relacionado ao método científico-espiritual é Rudolf Smend.

GABARITO: LETRA “A”

MEDIADOR: ALDO COSTA

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

4. No tocante às limitações extraordinárias ao exercício dos direitos humanos, é correto afirmar


que:

a) as limitações comuns ao exercício de direitos humanos e as extraordinárias, na forma de


derrogações, são categorias distintas de limitação.

b) a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos não prevê nenhuma derrogação das
obrigações legais.

c) o conceito de emergência previsto no art. 27(1) da Convenção Americana de Direitos Hu-


manos assemelha-se aos inseridos nos arts. 15(1) da Convenção Europeia de Direitos Huma-
nos e 4(1) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.

d) a suspensão de garantias implica uma suspensão temporária do Estado de direito.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 6.a.

COMENTÁRIO
Os Estados podem impor limitações ao gozo de alguns direitos, tais como o direito de liberdade de
expressão, associação e reunião para certos propósitos legítimos. Tais limitações são denominadas
limitações “comuns”, já que podem ser impostas permanentemente em tempos normais. As derrogações,
por outro lado, são criadas especialmente para situações críticas, que exigem a introdução de medidas

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extraordinárias. As limitações comuns ao exercício de direitos humanos e as limitações extraordinárias,


na forma de derrogações, não formam categorias distintas de limitação, e sim um contínuo jurídico (cf.
Direitos Humanos na Administração da Justiça, §16-5). O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
(art. 4º) e as Convenções Americana e Européia sobre Direitos Humanos (arts. 27 e 15) autorizam os
Estados-membros, em certas situações emergenciais, a derrogar algumas obrigações legais, mediante
o atendimento de requisitos estritos, formais e substantivos. Já a Carta Africana sobre Direitos Humanos
não contém dispositivo semelhante. Notem, ademais, que o conceito de emergência inserto no art. 27(1)
do Pacto de São José distingue-se do que referido nos instrumentos universal e europeu: ao invés de
aludir à ameaça “à existência da nação”, autoriza derrogações “em caso de guerra, de perigo público ou
de outra emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado-parte”. No mais, as únicas
diferenças entre o conceito de emergência inserido no art. 15(1) da Convenção Européia e o inserido no
Artigo 4(1) do Pacto Internacional é que o primeiro também faz menção à “guerra” e o verbo figura no
gerúndio (“ameaçando”), e não no presente do indicativo (“que ameaça”). Cumpre assinalar, ainda, que o
direito de derrogar não implica suspensão do Estado de direito, conforme anotou a Corte Interamericana
de Direitos Humanos ao apreciar o caso “Habeas Corpus” em Situações de Emergência (Sentença de 30
de janeiro de 1987, Série A, n. 8, p. 40, par. 24). Por todo o exposto, é possível assinalar o equívoco das
afirmações constantes dos itens (a), (c) e (d), bem como o acerto da assertiva veiculada por meio do item
(b) da questão.

GABARITO: LETRA “B”

5. A teoria da proteção indireta (“indirect protection”) ou da proteção por ricochete (“par rico-
chete”:

a) não é aplicável aos processos cooperacionais no sistema europeu de direitos humanos.

b) veda as decisões discricionárias do Estado em uma extradição.

c) deve ser balanceada com as necessidades de proteção da sociedade contra o terrorismo.

d) implica a avaliação subjetiva do Estado requerente.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 3.b.

COMENTÁRIO
A aludida doutrina é abordada com destaque no livro da examinadora de Proteção Internacional de
Direitos Humanos do 27o CPR (Denise Neves Abade, “Direitos fundamentais na cooperação jurídica
internacional”, Saraiva, 2013, pp. 130-145). Conforme expõe, “a proteção indireta (“indirect protection”) ou
proteção por ricochete (“par ricochet” [...]) consiste na exigência de que direitos previstos na Convenção
Europeia de Direitos Humanos sejam observados pelos Estados terceiros ao receber pessoas que estavam
sob a jurisdição de algum Estado europeu contratante da Convenção”. Em síntese, “não pode o Estado
expulsar ou extraditar um ser humano sob sua jurisdição para outro Estado, no qual haja o risco fundado
de que sofra tais tratamentos odiosos” (p. 135). O Estado requerido, assim, deve “avaliar subjetivamente as

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condições de direitos humanos específicas do Estado requerente para não violar a Convenção Europeia
de Direitos Humanos” (p. 141). Correta, portanto, a assertiva contida no item (d). A formulação encontrada
no item (a) está equivocada porque basta que o Estado tenha se comprometido a cumprir a Convenção
que esta incidirá imediatamente sobre os pleitos cooperacionais [...] exigindo-se que o Estado requerente
– mesmo que não seja um Estado contratante – não viole os direitos nela previstos (p. 143). Por outro lado,
“não há vedação às decisões discricionárias do Estado em uma extradição, mas impede-se que a decisão
estatal gere a violação a outros direitos (como o de não sofrer tratamento desumano) estes sim garantidos
pela Convenção Europeia de Direitos Humanos” (pp. 130-131). Errado, portanto o que consignado no item
(b). Por fim, há equívoco no argumento do item (c), rechaçado pelo Tribunal Europeu por ocasião do
julgamento do caso Chahal v. Reino Unido. Para a Corte, o dever do Estado de zelar pela segurança de
sua sociedade não pode ser feito a qualquer custo, colocando pessoas sob o risco de tortura, tratamento
desumano, execução extrajudicial ou desaparecimento forçado.

GABARITO: LETRA “D”

MEDIADOR: PAULO SANTIAGO

DIREITO ELEITORAL

6. O RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA:

I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegi-
bilidade.

II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.

III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não é


cabível nos casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda ve-
dada e captação ilícita de sufrágio.

IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em
toda sua plenitude até decisão do Tribunal Superior.

São verdadeiras as afirmações:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 7.b.

COMENTÁRIO

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I – Pode ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias contados da diplomação, nos casos de inelegibilidade
superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade.

Falsa. O prazo para a interposição do RCED é de 3 (três) dias, contados da diplomação; é muito comum
confundir o RCED com a AIME, cujo prazo é de 15 (quinze) dias.

II – Deverá ser interposto, nas eleições gerais, perante o Tribunal Superior Eleitoral.

Falsa. Apesar de ser julgado pelo TSE, o RCED é interposto perante o presidente do TRE. É dizer, o
processamento adotado é típico de recurso ordinário (269 e seguintes do CE), embora o procedimento
judicial se inaugure com o recurso.

III – Conforme jurisprudência recentemente consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não é cabível nos
casos de falsidade, fraude, coação, abuso de poder, conduta ou propaganda vedada e captação ilícita de
sufrágio.

Verdadeira. No julgamento do RCED 884/PI, o TSE declarou a inconstitucionalidade do art. 262, IV do


Código Eleitoral, que dispunha: “O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes
casos: IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos, nas
hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997. (Redação dada
pela Lei nº 9.840, de 28.9.1999)”.

Obs1. Trata-se de declaração de inconstitucionalidade e não de “não recepção”, uma vez que, mesmo
sendo o CE anterior à CF, o dispositivo havia sido inserido por uma lei de 1999.

Obs2. A partir desse entendimento, os RCED que haviam sido interpostos com base no CE, 262, IV foram
convertidos em AIME. Isso porque o fundamento da inconstitucionalidade é exatamente que a matéria
descrita seria relativa a AIME, por disposição do art. 14, §10 da CF.

Obs3. O dispositivo foi revogado pela minirreforma eleitoral, que não vai valer para 2014 por causa da
anterioridade anual (CF, 16). Mas o entendimento já está sendo aplicado e os próprios relatores já estão
devolvendo os RCED como AIME para os TRE – tenho uma em fase de instrução aqui.

IV – Não tem efeito suspensivo, mas o candidato diplomado poderá exercer o mandato em toda sua
plenitude até decisão do Tribunal Superior.

Verdadeira. A ausência de efeito suspensivo dos recursos foi prevista pelo art. 257 do CE. Mas há uma
regra específica para o RCED, prevista no art. 216 do CE: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o
recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua
plenitude”. Desse modo, se, de um lado, é verdadeiro que o RCED não tem efeito suspensivo; de outro, os
recursos manejados em face de uma decisão do TRE serão dotados desse efeito, em virtude de expressa
a previsão de que a cassação do diploma somente terá eficácia após decisão do Tribunal Superior.

GABARITO: LETRA “D”

7. Sobre as condições de elegibilidade, aponte a alternativa incorreta:

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a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência perman-
ente no Brasil é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturaliza-
dos; desse modo, é possível a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo
de governador de estado.

b) Os militares são inalistáveis e, portanto, inelegíveis.

c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso,
o funcionário público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude,
mesmo tendo domicílio necessário no município de exercício.

d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome
do filiado não conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude
dessa omissão, a filiação não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 6.b.

COMENTÁRIO
a) Desde que assegurada reciprocidade, aos cidadãos portugueses com residência permanente no Brasil
é assegurado o gozo dos mesmos direitos políticos dos brasileiros naturalizados; desse modo, é possível
a um cidadão português o registro de candidatura para o cargo de governador de estado.

Correta. Nos termos do art. 12, §1º da CF, “aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
previstos nesta Constituição”. Desse modo, garante-se aos portugueses direitos semelhantes àqueles
garantidos aos brasileiros naturalizados. Trata-se da situação de “quase-nacionalidade”. Isso permite que
cidadãos portugueses se candidatem a cargos eletivos não privativos de brasileiro nato, como o de
governador de estado.

b) Os militares são inalistáveis e, portanto, inelegíveis.

Errada. Nos termos do art. 14, §2º da CF, os conscritos não podem se alistar “durante o período do
serviço militar obrigatório”. Desse modo, apenas nessas hipóteses os militares estarão com o exercício dos
direitos políticos suspensos. Já os militares de carreira exercem plenamente sua capacidade eleitoral ativa
e passiva, nos termos do art. 14, §8º da CF.

c) O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o de domicílio civil; em virtude disso, o funcionário
público poderá manter seu domicílio eleitoral sem que se configure fraude, mesmo tendo domicílio
necessário no município de exercício.

Correta. O conceito de domicílio eleitoral previsto no art. 42, Parágrafo único do CE é amplo: “Para o
efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter
o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. Em caso de mudança de domicílio,
o eleitor deve requerer sua transferência (55, CE). Entretanto, poderá o eleitor preservar seu domicílio
eleitoral quando mantiver relações sociais e comunitárias no local anterior; trata-se do domicílio afetivo,

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muito comum em casos de servidores públicos que são lotados ou removidos para município diverso.

d) A filiação partidária pode ser comprovada por outros meios idôneos, ainda que o nome do filiado não
conste na lista encaminhada pelo partido à Justiça Eleitoral e que, em virtude dessa omissão, a filiação
não esteja registrada no sistema eletrônico do TSE.

Correta. Trata-se de entendimento sumulado pelo TSE (sum. 20): A falta do nome do filiado ao partido na
lista por este encaminhada à Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei nº 9.096, de 19.9.95, pode ser
suprida por outros elementos de prova de oportuna filiação.

GABARITO: LETRA “B”

8. Sobre os instrumentos de democracia participativa:

a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei


Complementar com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente
interessada.

b) É competência exclusiva da Câmara dos Deputados a convocação de Plebiscito ou Refer-


endo.

c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei
Complementar, ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Na-
cional.

d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o
nacional em pleno gozo dos direitos políticos.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 2.b.

COMENTÁRIO
a) A incorporação, subdivisão ou desmembramento de um estado depende da edição de Lei Complementar
com consequente aprovação, mediante referendo, da população diretamente interessada.

Errada. A aprovação é prévia, dando-se por plebiscito.

b) É competência exclusiva da Câmara dos Deputados a convocação de Plebiscito ou Referendo.

Errada. A referida competência é do Congresso Nacional.

c) Não é cabível a iniciativa popular de projeto de Lei que trate de matéria reservada à Lei Complementar,
ressalvada a possibilidade de sua subscrição por membro do Congresso Nacional.

Errada. Não há restrição à matéria tratada no projeto de lei de iniciativa popular, que, inclusive, não poderá
ser rejeitado por vício de forma (13, §2º, 9.709/98). Discute-se na doutrina a possibilidade de Projeto de
Emenda à Constituição de iniciativa popular, sendo majoritária a corrente que não admite. Lembre-se: a
Ficha Limpa foi de iniciativa popular e é LC (135).

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d) A ação popular somente pode ser ajuizada por cidadão brasileiro, assim entendido como o nacional
em pleno gozo dos direitos políticos.

Correta. A condição de cidadão é expressamente exigida pelo art. 5º, LXIII da CF. Já a Lei de Ação
Popular define que “a prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda” (1º, §3º – LAP). Desse modo, há consenso doutrinário de que somente
os cidadãos em gozo dos direitos políticos poderão ajuizar ação popular.

GABARITO: LETRA “D”

GRUPO II

MEDIADOR: PAULO SANTIAGO

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL

9. O regime jurídico dos contratos administrativos:

a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, des-


de que se indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.

b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Admin-
istração.

c) Considera imprescindível a realização de um procedimento prévio de licitação ou justifica-


ção de dispensa ou inexigibilidade.

d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração
a prerrogativa de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de
execução.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 6.b.

COMENTÁRIO
a) Outorga à Administração a prerrogativa de rescindi-los ou alterá-los unilateralmente, desde que se
indenize o particular para preservar o equilíbrio econômico-financeiro.

Errada. Somente a rescisão por culpa da Administração ou por interesse público implicam indenização
ao particular. Nos casos de rescisão unilateral por qualquer das formas de inadimplemento, deverá o
contratado indenizar a Administração pelos danos causados.

b) Impõe forma escrita, sendo sempre vedada a celebração de contratos verbal com a Administração.

Errada. A regra é a vedação da celebração de contratos verbais. Mas há permissão legal para que tais
ajustes sejam reconhecidos válidos quando se tratar “de pequenas compras de pronto pagamento, assim
entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso
II, alínea “a” desta Lei (limite da dispensa por valor), feitas em regime de adiantamento” (60, único –

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8.666/93).

c) Considera imprescindível a realização de um procedimento prévio de licitação ou justificação de


dispensa ou inexigibilidade.

Correta. O art. 37, XXI da CF impõe a realização de licitação para a contratação com o poder público,
ressalvadas as hipóteses especificadas na lei, a saber, dispensa ou inexigibilidade de licitação.

d) Os faz dotados de cláusulas exorbitantes, por meio das quais se garante à Administração a prerrogativa
de negociar com o vencedor do certame a definição do objeto e regime de execução.

Errada. As cláusulas exorbitantes garantem à Administração as prerrogativas de fiscalização, alteração e


rescisão unilateral do contrato administrativo. Quanto ao objeto e ao regime de execução, estes devem
compor o edital de licitação, de modo que não é dado à administração negociá-los com o vencedor. Há
modalidades que permitem a negociação do preço com o vencedor. Isso não exclui a possibilidade de
alteração unilateral ou consensual (com o já contratado) do contrato, desde que haja interesse público
e se respeite o limite legal; mas a definição do objeto e do regime de execução é anterior à abertura do
certame.

GABARITO: LETRA “C”

10. No tocante ao controle da administração pública:

a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da


administração, consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.

b) Embora esteja sujeita ao controle jurisdicional, à Administração se garantiu o poder de au-


totutela, em virtude do qual é possível a anulação dos atos administrativos ilegais, desde que
não sejam objeto de litígio.

c) Ao Tribunal de Contas da União compete a fiscalização da aplicação de recursos federais,


inclusive aqueles repassados mediante convênio para órgãos e entidades da administração
estadual, municipal e distrital; no execício de sua fiscalização, o Tribunal de Contas da União
pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos.

d) A Controladoria-Geral da União é um órgão de controle interno ao qual incumbe a revisão


de atos de gestão quando constatada irregularidade insanável.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 8.b.

COMENTÁRIO
a) No Brasil, adotou-se o sistema francês, em que há preponderância do controle judicial da administração,
consagrado pela Constituição na cláusula da inafastabilidade da jurisdição.

Errada. Esse é o sistema inglês ou de jurisdição única. O sistema francês ou dual é aquele que consagra
um “contencioso administrativo” com preponderância e insuscetível de revisão pelo poder judiciário, como

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as decisões do conselho de estado daquele país.

b) Embora esteja sujeita ao controle jurisdicional, à Administração se garantiu o poder de autotutela, em


virtude do qual é possível a anulação dos atos administrativos ilegais, desde que não sejam objeto de
litígio.

Errada. Ainda quando o ato tenha sido submetido a controle judicial, poderá a Administração revê-lo,
anulando-o e reconhecendo a procedência do pedido.

c) Ao Tribunal de Contas da União compete a fiscalização da aplicação de recursos federais, inclusive


aqueles repassados mediante convênio para órgãos e entidades da administração estadual, municipal e
distrital; no execício de sua fiscalização, o Tribunal de Contas da União pode apreciar a constitucionalidade
de leis e atos normativos.

Correta. O TCU pode apreciar a constitucionalidade desde que incidentalmente, a teor da súmula 347 do
STF. Não é dado à corte de contas, contudo, suspender a eficácia de ato normativo, pois se trataria de
controle abstrato, de competência exclusiva do STF.

d) A Controladoria-Geral da União é um órgão de controle interno ao qual incumbe a revisão de atos de


gestão quando constatada irregularidade insanável.

Errada. A Controladoria-Geral da União não tem competência revisional. Seus relatórios são a base para a
revisão do ato pela autoridade competente ou superior. Ademais, as fiscalizações da CGU instrumentalizam
a responsabilização dos gestores nas esferas administrativa, penal, civil e de improbidade administrativa.

GABARITO: LETRA “C”

11. No tocante aos instrumentos econômicos da política nacional do meio ambiente:

I. A servidão ambiental é um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição


ao uso ou à exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15
(quinze) anos.

II. A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e
implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.

III. O Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de inconstitucionalidade em face de


dispositivo da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de
Preservação Permanente na área de servidão ambiental.

IV. A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA,
servindo como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou
a pessoa jurídica de direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de
imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.

Estão certas as alternativas:

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a) I e II.

b) II e III.

c) II e IV.

d) III e IV.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 8.c.

COMENTÁRIO
I – A servidão ambiental é um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição ao uso ou à
exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15 (quinze) anos.

Falsa. A servidão também poderá ser perpétua. Quando for temporária, o prazo será determinado e o
mínimo efetivamente é de 15 (quinze) anos.

Lei da PNMA (6.938/81)

Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou


perpétua. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). § 1o O prazo mínimo da servidão
ambiental temporária é de 15 (quinze) anos.

II – A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e implicará
restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta.

Verdadeira.

Lei da PNMA (6.938/81)

9º-A, § 2o - A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente


e à Reserva Legal mínima exigida. § 3o - A restrição ao uso ou à exploração da
vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida
para a Reserva Legal.

III – O Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de inconstitucionalidade em face de dispositivo


da Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal) que admitiu o cômputo das Áreas de Preservação Permanente
na área de servidão ambiental.

Falsa. A ADI nº 4901 foi ajuizada pelo PGR questionando o cômputo das APP em Reserva Legal. As APP
não são contadas nas áreas de servidão ambiental.

Lei da PNMA (6.938/81) 9º-A, § 2o - A servidão ambiental não se aplica às Áreas de


Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida.

IV – A área de servidão ambiental pode ser convertida em Cota de Reserva Ambiental – CRA, servindo
como título que pode ser transferido, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de
direito público ou privado para fins de compensação de Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo

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bioma da área à qual o título está vinculado.

Verdadeira.

Art. 44. É instituída a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título nominativo


representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de
recuperação:

I - sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. 9o-A da Lei no


6.938, de 31 de agosto de 1981;

Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a
pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular
da CRA e pelo adquirente.

§ 2o A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural
situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.

GABARITO: LETRA “C”

MEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

12. Indique a opção certa, de acordo com as regras do CTN:

a) A obrigação tributária principal constitui uma obrigação de fazer.

b) A obrigação tributária acessória é dependente da obrigação principal, de modo que, inex-


istindo esta, não subsistirá aquela.

c) A obrigaçao tributária principal decorre da lei em sentido estrito, enquanto que a obriga-
ção acessória decorre da legislação tributária.

d) Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica, de direito público ou privado, titular da com-
petência para exigir o seu cumprimento.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 1.b.

COMENTÁRIO
A obrigação tributária é dividida em principal e acessória. A obrigação tributária principal diz respeito ao
pagamento da prestação pecuniária decorrente do tributo e das multas correspondentes, enquanto que
as obrigações acessórias referem-se a comportamentos positivos ou negativos em prol da arredacação e
fiscalização fazendária, a saber:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto
o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o

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crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as


prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em


obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Portanto, a obrigação principal é uma obrigação de dar (=pagar), e não de fazer, o que torna falsa a
alternativa “a”.

Por outro lado, embora receba o nome de obrigação acessória, o que poderia levar à conclusão, na esteira
da lição civilista, de que “o acessório segue o principal”, tal relação não tem aplicação na seara tributária,
sendo perfeitamente possível, por exemplo, a existência da obrigação acessória sem a existência da
obrigação principal, tal como ocorre em relação às entidades sem fins lucrativos que gozam de imunidade.
Ou seja, elas não pagam impostos (obrigação principal), mas remanescem as obrigações acessórias, que
permitem, inclusive, fiscalizar se os requisitos necessários à imunidade estão sendo atendidos.

Nesse sentido, destacamos:

“Aqui não valem as lições dos civilistas, no sentido de que a existência da coisa
acessória pressupõe a da coisa principal. Em direito tributário, existem vários exemplos
de obrigações acessórias que independem da existência da obrigação principal.
Um excelente exemplo de tal situação é o art. 14, III, do CTN (…) As relações de
acessoriedade, em direito tributário, consiste no fato deq ue as obrigações acessórias
existem no interesse da fiscalização ou arrecadação de tributos, ou seja, são criadas
com o objetivo de facilitar o cumprimento da obrigação tributária principal, bem
como de possibilitar a comprovação deste cumprimento (fiscalização). Assim, a
declaração do imposto de renda facilita o cálculo do montante a ser recolhido e
possibilita a verificação, por parte do Fisco, da correção do procedimento adotado
pelo contribuinte.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 2. ed.
São Paulo: Método, 2008. p. 275).

Assim, o item “b” está errado.

De mais a mais, a obrigação tributária principal decorre da lei em sentido estrito, pois, em virtude do
princípio da legalidade, somente a lei pode instituir tributo. Porém, a obrigação tributária acessória
pode decorrer da legislação tributária, conforme previsto no §2º acima mencionado, ou seja, normas
administrativo-fiscais podem regulamentar o tema.

Assim, o item “c” está certo.

Por fim, o sujeito ativo da relação tributária é o ente federativo que tem competência para instituir o
tributo. Tratando-se de tributo, somente os entes federativos, isto é, pessoas jurídicas de direito público,
têm legitimidade para criar e instituir os tributos, inexistindo hipótese de instituição de tributo por pessoa
jurídica de direito privado, razão pela qual o item “d” é falso.
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GABARITO: LETRA “C”

13. Sobre a legislação tributária:

a) A lei ordinária pode instituir qualquer tributo previsto na Constituição Federal.

b) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas não possuem


qualquer relevância jurídica para o contribuinte.

c) Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

d) Interpreta-se extensivamente a legislação tributária que disponha sobre isenção.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 7.a.

COMENTÁRIO
Regra geral, compete à lei ordinária instituir os tributos previstos na Constituição. No entanto, há
determinadas espécies tributárias que necessariamente precisam ser instituídos mediante lei complementar,
tal como empréstimo compulsório (art. 148), impostos residuais (art. 154, I) e contribuições sociais residuais
(art. 195, §4º). Dessa forma, o item “a” está errado.

Em seguida, cumpre transcrever o art. 100, CTN:

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas.

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que


a lei atribua eficácia normativa.

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas.

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios.

Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição
de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da
base de cálculo do tributo.

Vê-se, então, no parágrafo único, que a observância das “práticas reiteradamente observadas pelas
autoridades administrativas” exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e atualização
do valor monetário da base de cálculo do tributo”, de modo que as práticas reiteradamente adotadas pela
administração têm, sim, relevância jurídica. Portanto, o item “b” está falso.

Outrossim, segundo o CTN, o fato gerador do IPTU pode ser a propriedade, o domínio útil ou a posse
do bem, senão vejamos:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e

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territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de
bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado
na zona urbana do Município.

Nessa linha de raciocínio, o STJ pacificou entendimento de competir à legislação municipal estabelecer,
dentro deste parâmetro, o sujeito passivo do tributo, a saber:

399. Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

Assim, o item “c” está correto.

Por fim, conforme pontuado pelo art. 111,CTN, a interpretação das normas tributárias, em determinadas
situações, deve ser realizada de forma literal, sendo uma delas as hipóteses de isenção, a saber:

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Portanto, o item “d” está errado, pois a interpretação é literal, e não extensiva.

GABARITO: LETRA “C”

14. Sobre empréstimos compulsórios:

a) São considerados, pela doutrina, tributos da natureza dos impostos.

b) A sua instituição compete a qualquer um dos entes federativos, mediante lei complemen-
tar.

c) Além das hipóteses previstas na Constituição Federal, segundo a doutrina, ainda está vi-
gente o empréstimo compulsório citado no art. 15, III, CTN.

d) A circunstância de a receita decorrente dos empréstimos dever ser futuramente restituída


não descaracteriza a sua condição de tributo.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 4.c.

COMENTÁRIO
O art. 148, CF, dispõe sobre a figura dos empréstimos compulsórios, a saber:

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos


compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de


guerra externa ou sua iminência.

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse

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nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório


será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Dele, extraem-se as seguintes conclusões:

i) É tributo de competência privativa da União.

ii) Só podem ser instituídos mediante Lei Complementar.

iii) Caracteriza espécie de tributo, a despeito do fato de a receita ter que ser restituída,
pois a figura do empréstimo adequa-se, com precisão, ao conceito previsto no art. 3º,
CTN, que não estabelece qualquer previsão sobre a necessidade da definitivadade
dos recursos obtidos. Além disso, a espécie restou inserida na Constituição, na seção
referente aos princípios gerais do sistema tributário nacional.

iv) Caracteriza hipótese autônoma de tributo, e não modalidade de imposto ou


taxa. É importante ter em mente que, diferentemente dos impostos e taxas, que
se diferenciam pela natureza da hipótese de incidência (tributo vinculado ou não-
vinculado), o empréstimo compulsório pode ter, como fato gerador, tanto uma ação
particular quanto uma estatal, desde que presentes as circunstâncias que legitimam
a sua instituição. Isto é, trata-se de tributo de arrecadação vinculada, mas pode ser
tributo vinculado ou não-vinculado.

De outro giro, vale salientar que a hipótese elencada no art. 15, III, CTN, qual seja, “conjuntura que exija
a absorção temporária de poder aquisitivo”, não foi recepcionada pela Constituição Federal, só sendo
admitida a instituição de empréstimos compulsórios nas hipóteses taxativamente citadas no art. 148, CF.

A partir das informações acima enumeradas, observa-se que o item correto é a letra “d”.

GABARITO: LETRA “D”

MEDIADOR: ALDO COSTA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

15. O código de Lieber:

a) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de


elaboração do Direito de Genebra, relativo à limitação dos meios e métodos de combate, bem
como de tratados posteriores.

b) foi a primeira tentativa de codificação do direito da guerra terrestre e a base principal de


elaboração do Direito da Haia, relativo à proteção das vítimas da guerra, bem como de trata-
dos posteriores.

c) traz, de forma direta ou indireta, as regras referentes aos meios de combate: proporciona-
lidade, distinção e necessidade militar.

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d) traz, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades: proporcionali-


dade, distinção e necessidade militar.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 12.a.

COMENTÁRIO
O Código de Lieber foi objeto de questionamento pelo examinador de direito internacional público
do 26º CPR. Na prova oral, indagou em que consistia. Pois bem. Preparadas durante a guerra civil dos
Estados Unidos por Francis Lieber, então professor do Columbia College, em Nova York, essas instruções
foram revisadas por um grupo de militares e, posteriormente, promulgadas como decreto pelo Presidente
Abraham Lincoln. Refletem, em boa parte, as leis e os costumes de guerra existentes à época. O aludido
regulamento influenciou a ulterior codificação das leis da guerra. Estimulou, ainda, a adoção, por outros
países, de regulamentos similares. Originou, por fim, o projeto de codificação internacional de leis de
guerra apresentado na Conferência de Bruxelas de 1874 e estimulou a adoção das Convenções da Haia
de 1899 e 1907 (cf. D. Schindler e J. Toman, “The Laws of Armed Conflicts”, Martinus Nihjoff Publisher,
1988, pp. 3-23). Agora que já sabemos de que trata o Código Lieber, passemos à análise das assertivas
da questão. O item (a) está duplamente errado. Em primeiro lugar, porque o Código de Lieber não foi a
base do Direito de Genebra, e sim do Direito da Haia (cf. Clarita Costa Maia, “Estados Unidos e o Direito
Internacional dos Conflitos Armados: a negação da herança de Lieber”, Meridiano 47, n. 46, 2004, pp.
2-4). Em segundo lugar, porque o Direito de Genebra diz respeito à proteção das vítimas da guerra, e
não à limitação dos meios e métodos de combate. O Direito da Haia, esse sim, refere-se à limitação dos
meios e métodos de combate. Daí também estar o item (b) errado. Errado, ainda, o item (c). As instruções
trazem, de forma direta ou indireta, os princípios de condução de hostilidades e não aqueles referentes
aos meios de combate. Os primeiros foram refinados na Declaração de São Petersburgo e consistem na
necessidade militar (os beligerantes só podem usar a quantidade de força necessária para dominar o
inimigo, não para aniquilá-lo), na humanidade (os tipos e os níveis de violência que são desnecessários
para subjugar o oponente não são permitidos) e a proporcionalidade (auto-explicativo). Esses princípios
permanecem válidos e fazem parte do direito consuetudinário. Confiram com os artigos 22 e 23 da
Convenção (IV) sobre as Leis e os Costumes da Guerra Terrestre e seu Anexo: Regulamentações sobre as
Leis e os Costumes da Guerra Terrestre, adotados na Haia, em 1907. Por fim, as normas que proíbem ou
restringem o uso de certas armas e métodos de combate são informadas, mas não se confundem com
os princípios de condução de hostilidades. Por todo o exposto, a única formulação correta é a que está
contida no item (d).

GABARITO: LETRA “D”

16. O Mecanismo Internacional:

a) é responsável pelas funções residuais da Corte Internacional de Justiça.

b) é responsável pelas funções residuais do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

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c) é responsável pelas funções residuais do Tribunal Especial de Sierra Leoa.

d) é responsável pelas funções residuais do Tribunal Internacional Penal.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 11.a.

COMENTÁRIO
Eis mais uma questão relacionada com um tema que foi objeto de indagação em provas orais do CPR,
desta vez pela examinadora de direito internacional público do 27o. Para respondê-la, é preciso saber que
o Conselho de Segurança das Nações Unidas criou, por meio da Resolução 1966 (2010), uma estrutura
denominada Mecanismo Internacional Residual (“Mecanismo”), a quem encarregou de assumir e concluir
as tarefas restantes do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) e do Tribunal Penal Internacional
para a ex-Iugoslávia (TPIY). Pequena e transitória, funcionará por um período inicial de quatro anos a
partir de 1o de julho de 2012 (subdivisão do TPIR, com sede em Arusha) e 1o de julho de 2013 (subdivisão
do TPIY, com sede na Haia). Para fins do concurso, é importante ter em conta que, embora o Órgão
siga desempenhando as funções do TPRIR e do TPIY durante o período de funcionamento, não está
autorizado a formalizar novas acusações, excetuadas aquelas dirigidas contra pessoas que interfiram em
sua administração, que venham a cometer desacato contra os respectivos membros ou, ainda, que nele
venham a prestar falso testemunho. Ante o exposto, a única formulação correta é a que está contida no
item (b).

GABARITO: LETRA “B”

17. De acordo com a corte internacional de justiça no julgamento de 27 de janeiro de 2014 no caso
“Disputa Marítima“ (Peru v. Chile), é incorreto afirmar:

a) a Declaração de Santiago de 1952 possui natureza jurídica de tratado internacional.

b) as regras de interpretação de tratados previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena


sobre o Direito dos Tratados não são aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele
acordo internacional.

c) a exigência geral para o estabelecimento de uma fronteira marítima é a necessidade de


obter uma solução equitativa, cuja metodologia apropriada envolve o traçado provisório de
uma linha de equidistância, a análise de circunstâncias capazes de justificar um ajustamento
dessa linha, bem como da eventual desproporção entre os quinhões alcançados e o cumpri-
mento das linhas costeiras dos Estados.

d) a delimitação da zona econômica exclusiva entre Estados com costas adjacentes, prevista
no art. 74, parágrafo 1 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM),
reflete uma norma de direito consuetudinário internacional.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 18.c.

COMENTÁRIO

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Tendo em conta a cobrança no 25º, no 26º e no 27º CPR de casos da jurisprudência internacional, elaborei
a questão visando antecipar os aspectos jurídicos tratados neste recente e polêmico julgamento da Corte
Internacional de Justiça. A espécie revela demanda a envolver a demarcação da fronteira marítima entre
o Perú e o Chile. Na óptica peruana, os limites marítimos entre os dois países nunca foram especificados.
Para o Chile, os espaços marítimos dos países foram delimitados por meio da Declaração de Santiago,
de 1952, entre outros acordos. Instada a se manifestar, a Corte assentou constituir o acordo um tratado
internacional (par. 48), de molde a vincular as partes signatárias do documento. O fez analisando a prática
dos Estados envolvidos, isto é, “quaisquer atos ou declarações de um Estado a partir dos quais possam
ser deduzidas suas opiniões accerca do direito costumeiro” (Michael Akehurst, “Custom as a source of
International Law”, British Yearbook of International Law, 1975, n. 47, p. 10). Valeu-se, também, das regras
de interpretação previstas nos artigos 31 e 32 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, as
quais entendeu aplicáveis aos tratados internacionais anteriores àquele acordo internacional (par. 57)
Reafirmou, no pronunciamento, a metodologia que costuma utilizar (vide os casos Nicarágua v. Colômbia
e Romênia v. Ucrânia) para alcançar a solução equitativa a que se refere o art. 74(1) da Convenção de
Montego Bay de 1982. Consignou, ainda, que os conceitos de zona econômica exclusiva e de plataforma
continental eram desconhecidos do direito internacional ao tempo em que firmada a Declaração de
Santiago (par. 116), muito embora posteriormente a delimitação daqueles institutos viesse a fazer parte
do direito consuetudinário internacional (par. 179). Em resumo, no problema formalizado, somente a
afirmação contida no item (b) não pode ser considerada correta.

GABARITO: LETRA “B”

18. O decreto nº 7.606, que regulamento no ordenamento jurídico brasileiro a resolução nº 1.989,
de 17 de junho de 2013, do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU):

a) não obriga as autoridades brasileiras, no âmbito de suas respectivas atribuições, a impedir


o trânsito, em seu território, de indivíduos associados à Al-Qaeda.

b) estabelece que o Estado-membro que vier a propor uma inclusão na lista de indivíduos
e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo deverá tornar
pública a condição de propositor.

c) estipula uma revisão de todos os nomes constantes da lista de indivíduos e organizações


sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo que não tenham sido revistos em
cinco anos ou mais.

d) autoriza os Estados-membros das Nações Unidas a apresentarem pedidos de exclusão da


lista de indivíduos e organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo
em nome de entidade à Ouvidoria.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 14.a.

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COMENTÁRIO
O conteúdo do Decreto nº 7.606/2011, que dispõe sobre a execução no território nacional da Resolução
1989 (2011), do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que trata de sanções contra indivíduos,
grupos, empreendimentos e entidades da Al-Qaeda e a ela associados foi questionado pela examinadora
de direito internacional público do 27º CPR, por ocasião da prova oral. Indagou-se, em suma, se o
candidato tinha conhecimento da existência de uma lista de indivíduos e organizações sob o regime de
sanções internacionais contra o terrorismo mantida pelas Nações Unidas e qual o procedimento para
processar os pedidos de exclusão dessa relação. A resposta à primeira indagação é afirmativa: a lista em
questão foi estabelecida pelo Conselho de Segurança, por meio das Resoluções 1267 (1999) e 1333 (2000).
Já o procedimento para a exclusão de nomes da lista encontra-se descrito no Anexo II da Resolução 1989
(2011), anexada ao mencionado Decreto, cujo art. 1º obriga as autoridades brasileiras a adotar, dentre
outras providências, as seguintes: congelar fundos, ativos financeiros ou outros recursos econômicos
desses indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades, impedir a entrada no Território Nacional ou
o trânsito através dele de tais indivíduos, e a impedir o fornecimento, venda ou transferência a tais
indivíduos, grupos, empreendimentos e entidades, de armas e materiais correlatos de todos os tipos.
A relação, por si só, indica o equívoco do que veio a ser consignado no item (a) da questão. Há erro
também na afirmação constante do item (b), pois ao proporem uma inclusão na lista de indivíduos e
organizações sob o regime de sanções internacionais contra o terrorismo, os Estados-membros, podem,
ou não, tornar pública a condição de propositor, conforme dispõe o nº 14 da Resolução. A assertiva
contida no item (c) também não está certa pelo simples fato de ser trienal e não quinquenal o prazo da
revisão nela referida. Confiram com o nº 40 do documento. Correto está o que asseverado no item (d),
havendo recomendação nesse sentido no preâmbulo do mencionado Anexo II. Cumpre ressaltar que a
Ouvidoria a que alude a formulação foi criada pela Resolução 1904 (2009) do Conselho de Segurança
e tem como função receber, de uma maneira independente e imparcial, pedidos dos que desejam ser
excluídos da relação. O Órgão, ademais, está impedido de buscar ou receber instruções de qualquer
governo e deve apresentar ao Comitê estabelecido pela Resolução 1267 (1999), também do Conselho de
Segurança, observações e recomendações sobre a manutenção ou exclusão de nomes da lista.

GABARITO: LETRA “D”

GRUPO III

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO ECONÔMICO E DO CONSUMIDOR

19. A respeito do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, assinale a alternativa correta:

a) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem


econômica, não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre inicia-
tiva, consistente em um dos princípios gerais da atividade econômica.

b) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do

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Ministério Público Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição
de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do
Conselheiro-Relator.

c) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes
econômicos.

d) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal es-
pecializada, responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a repre-
sentação judicial do órgão.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 9.a.

COMENTÁRIO
O ponto em comento é muito explorado em questões objetivas, exigindo do candidato, nesta fase, ao
menos, o domínio da literalidade da lei e de noções básicas sobre assunto.

(A) A Lei n. 12.529/2011 estabelece apenas medidas de repressão às infrações contra a ordem econômica,
não dispondo sobre medidas preventivas, tendo em vista o respeito à livre iniciativa, consistente em um
dos princípios gerais da atividade econômica.

Cuida-se de questão que aborda temas muito comuns em provas de Direito Econômico. A alternativa está
incorreta, por dois motivos: 1) a Lei n. 12.529/2011 também se ocupa de medidas preventivas, como dispõe
o caput do seu art. 1°; 2) nos termos do art. 170, caput, da Constituição Federal, a livre iniciativa não é
princípio geral, mas fundamento da atividade econômica. Tais informações foram recentemente cobradas
na prova oral do último concurso para Procurador da República.

(B) O Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do Ministério Público
Federal para emitir parecer nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por
infrações à ordem econômica, de ofício ou a requerimento do Conselheiro-Relator.

A alternativa está correta e reproduz a literalidade do art. 20. da Lei n. 12.529/2011, devendo ser assinalada
pelo candidato.

(C) Os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 12.529/2011 são titularizados apenas por agentes econômicos.

A alternativa está incorreta, pois, segundo o art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 12.529/2011, os bens jurídicos
tutelados são titularizados pela coletividade.

(D) Também oficia junto ao CADE, além do Ministério Público, uma Procuradoria Federal especializada,
responsável por prestar assessoramento e consultoria, sendo-lhe vedada a representação judicial do
órgão.

A alternativa está incorreta. De acordo com o art. 15, II, cabe à Procuradoria Federal também a atividade
de representação judicial do CADE.

GABARITO: LETRA “B”


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20. A estrutura organizacional do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é consti-


tuída dos seguintes órgãos:

a) Ministério Público Federal, Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

b) Procuradoria Federal e Tribunal Administrativo.

c) Superintendência-Geral, Tribunal Administrativo de Defesa Econômica e Departamento de


Estudos Econômicos.

d) Nenhuma das respostas acima.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 9.a.

COMENTÁRIO
A questão em comento também já foi explorada em pergunta na prova oral do 26° concurso, sendo
bastante simples. Bastaria ao candidato a leitura do art. 5° da Lei n. 12.529/2011, sendo a alternativa C a
correta:

Art. 5O O Cade é constituído pelos seguintes órgãos:

I - Tribunal Administrativo de Defesa Econômica;

II - Superintendência-Geral; e

III - Departamento de Estudos Econômicos.

GABARITO: LETRA “C”

21. A respeito do conceito jurídico de consumidor, assinale a alternativa correta:

a) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria fi-
nalista ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica, em nenhuma
hipótese, no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de ativi-
dade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo.

b) A jurisprudência do STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada
a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.

c) A teoria maximalista ou objetiva sustenta que consumidor é a pessoa (física ou jurídica)


destinatária fática e econômica do produto ou serviço.

d) De acordo com a teoria subjetiva ou finalista, consumidor é a pessoa física ou jurídica


que adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade
econômica com objetivo de lucro ou não.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 1.b, 2.b, 5.b.

COMENTÁRIO

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O tema em questão tem sido recorrente em questões de concursos, sendo alvo de diversos precedentes
judiciais no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). É preciso estar atento!

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) conceitua o consumidor em três momentos distintos:

• Art. 2°, caput (regramento geral): prevê que consumidor “é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.

• Art. 2º, parágrafo único: equipara a consumidor “a coletividade de pessoas, ainda


que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.

• Art. 17: equipara a consumidor todas as vítimas de defeitos do produto ou do


serviço.

O grande questionamento reside em saber o que se entende por “destinatário final”, a que alude o CDC,
em seu art. 2º, caput. Sobre esse ponto, há basicamente duas teorias.

Para a teoria finalista, subjetiva ou teleológica, consumidor é a pessoa (física ou jurídica) destinatária do
produto ou serviço, sob os aspectos fático e econômico. Ou seja, é aquele que retira definitivamente
de circulação do mercado o produto ou serviço do mercado, utilizando-o sem reintegrá-lo na cadeia
econômica. Em outras palavras, o consumidor, para a teoria subjetiva ou finalista, retira o bem de circulação
do mercado.

Por seu turno, defende a teoria maximalista ou objetiva que consumidor é a pessoa física ou jurídica que
adquire o produto como destinatário fático final, podendo empregá-lo na sua atividade econômica com
objetivo de lucro ou não, desde que não o repasse para outrem.

Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência consolidada adotando a teoria finalista
ou subjetiva. Assim, para o STJ, o conceito de consumidor não se aplica no caso em que o produto ou
serviço é contratado para implementação de atividade econômica, já que não estaria configurado o
destinatário final da relação de consumo.

Mas atente: o STJ tem mitigado a teoria finalista nos casos em que ficar comprovada a condição de
hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica. Assim, pequenos empresários e taxistas,
por exemplo, podem ser considerados consumidores num litígio contra uma grande empresa de seguros.
Confira:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. CÓDIGO


DEDEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA. TEORIA FINALISTA. DESTINATÁRIO
FINAL. NÃO ENQUADRAMENTO. VULNERABILIDADE. AUSÊNCIA. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. RECURSO ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ.

2. Consoante jurisprudência desta Corte, o Código de Defesa do Consumidor não se


aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de
atividade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação
de consumo (teoria finalista ou subjetiva).

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3. Esta Corte tem mitigado a aplicação da teoria finalista quando ficar comprovada
a condição de hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.

4. Tendo o Tribunal de origem assentado que a parte agravante não é destinatária


final do serviço, tampouco hipossuficiente, é inviável a pretensão deduzida no apelo
especial, uma vez que demanda o reexame do conjunto fático-probatório dos autos,
o que se sabe vedado em sede de recurso especial, a teor da Súmula 7 desta Corte.

5. Agravo regimental a que se nega provimento.

EDcl no Ag 1371143/PR, Relator(a): Ministro RAUL ARAÚJO (1143), T4 - QUARTA


TURMA, DJe 17/04/2013.

GABARITO: LETRA “B”

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO CIVIL

22. Assinale a alternativa incorreta:

a) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em


princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é
possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.

b) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.

c) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por
seu turno, é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.

d) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Con-
tudo, há algumas concessões para a teoria subjetiva.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 2.c.

COMENTÁRIO
(A) O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, em princípio, não
impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é possível a transformação
do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria.

A alternativa está correta, conforme precedente clássico do STJ, decidido no ano de 2004:

REsp 143976 / GO, Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA, Data do Julgamento:


06/04/2004, Data da Publicação/Fonte: DJ 14/06/2004 p. 221

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. PROMESSA DE VENDA E COMPRA.


TRANSMUTAÇÃO DA POSSE, DE NÃO PRÓPRIA PARA PRÓPRIA. ADMISSIBILIDADE.

– “O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel,

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em princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por usucapião,
uma vez que é possível a transformação do caráter originário daquela posse, de não
própria, para própria” (REsp nº 220.200-SP). Recurso especial não conhecido.

(B) Segundo entendimento do STJ, a posse precária não pode ser convalidada.

Conforme entendimento doutrinário, precária é a posse “obtida com abuso de confiança ou de direito.
Tem forma assemelhada ao crime de estelionato ou apropriação indébita, sendo também denominada
esbulho pacífico. Ex.: locatário de um bem móvel que não devolve o veículo no final do contrato” (TARTUCE,
Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 811).

Pergunta-se: a posse injusta pode ser convalidada?

• 1ª corrente (clássica): As posses violenta e clandestina podem ser convalidadas,


excepcionando-se a regra segundo a qual a posse é mantida com o mesmo caráter
com que foi adquirida. Já a posse precária JAMAIS se converte em posse justa, seja
pela vontade, ação do possuidor ou decurso do tempo (pois ela representa abuso
de confiança). Para essa corrente clássica, o art. 1.208, ao prever que “não induzem
posse os atos de mera permissão ou tolerância” impede a convalidação da posse
precária, que nunca poderia gerar usucapião. É com base nessa corrente que alguns
juízes não aceitam a usucapião de imóvel da Caixa no SFH.

• 2ª corrente (moderna – majoritária): Para essa corrente, qualquer posse injusta


pode ser convalidada, após a cessão dos atos (de violência/clandestinidade). Essa
cessão não deve ser presumida com base no período de 1 ano e dia, devendo ser
analisado cada caso. A posse precária também pode ser convalidada, desde que
haja alteração substancial na causa (ex.: locatário que se nega a devolver). Neste
caso, contudo, se houver mera permissão, não é possível a usucapião. É o que
dispõe o Enunciado 301 do CJF/STJ:

Enunciado 301 do CJF/STJ. É possível a conversão da detenção em posse, desde


que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos
possessórios.

Incorreta, portanto, a alternativa, devendo ser assinalada.

(C) Posse violenta é a que se adquire por ato de força (moral ou física). Posse clandestina, por seu turno,
é a posse que se adquire através às ocultas em relação ao seu legítimo titular.

Segundo entendimento doutrinário, a posse violenta “é a obtida por meio de esbulho, por força física
ou violência moral”, enquanto a posse clandestina “é a obtida às escondidas, de forma oculta, à surdina,
na calada da noite” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 811).

Correta, portanto, a alternativa.

(D) Segundo entendimento majoritário, foi adotada no Brasil a teoria objetiva de Jhering. Contudo, há
algumas concessões para a teoria subjetiva.

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Segundo entendimento majoritário, “é forçoso concluir que o CC/2002, a exemplo do seu antecessor,
adotou parcialmente a teoria objetivista de Ihering, pelo que consta do seu art. 1.196” (TARTUCE, Flávio.
Manual de Direito Civil. 2. Ed. São Paulo: Ed. Método, 2012, p. 804). Confira-se:

Art. 1.196 do CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum
dos poderes inerentes à propriedade [Jhering].

Apesar disso, a teoria subjetiva (que exige, para a configuração da posse, o aspecto subjetivo da intenção
de ter a coisa como dano) influencia determinados pontos, a exemplo do instituto da usucapião, que
exige o animus domini.

Correta, portanto, a alternativa.

GABARITO: LETRA “B”

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

23. A respeito da ação rescisória, assinale a alternativa correta.

a) Não é cabível ação rescisória contra decisões meramente terminativas.

b) Não se admite ação rescisória contra sentença citra petita.

c) É cabível ação rescisória no âmbito dos juizados federais.

d) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 15.b.

COMENTÁRIO
(A) Não é cabível ação rescisória contra sentenças meramente terminativas.

O cabimento de ações rescisórias em sentenças meramente terminativas – ou seja, aquelas em que


não há resolução de mérito – sempre foi tema polêmico na doutrina e na jurisprudência. Vejamos a sua
evolução doutrinaria:

1º Momento: Tradicionalmente, NÃO se admitia ação rescisória de decisão


terminativa, pois não há coisa julgada material.

Pontes de Miranda, historicamente, sempre defendeu rescisória de decisões


terminativas, de forma isolada.

2º Momento: Entende que é possível rescisória no caso da sentença terminativa que


impede a repropositura da demanda (sentença com base no art. 267, V do CPC, que
extingue o processo por LITISPENDÊNCIA, PEREMPÇÃO ou COISA JULGADA).

Essa sentença produz um efeito semelhante ao da coisa julgada material, o que

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ensejou a dúvida: não seria cabível, nestes casos, o ajuizamento de ação rescisória?
As últimas manifestações doutrinárias são todas no sentido de ser possível rescindir
essa sentença, pois embora elas não julguem o mérito, impedem a repropositura
da ação.

3º Momento: Tendência atual - Hoje, a doutrina já vislumbra ir além, entendendo


que haveria outros casos de sentença terminativa que também impediriam a
repropositura da ação (interpretação extensiva do art. 268, abrangendo também os
incisos I, IV, VI e VII do art. 267). Assim, outras decisões terminativas poderiam ser
rescindíveis. Ex: todas as decisões que se baseassem em defeito do processo.

Nesse sentido, a 2ª Turma do STJ decidiu, em outubro de 2012, pelo cabimento da ação rescisória para
desconstituir sentenças terminativas, o que torna a assertiva em comento incorreta.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA TERMINATIVA.

É CABÍVEL O AJUIZAMENTO DE AÇÃO RESCISÓRIA PARA DESCONSTITUIR TANTO


O PROVIMENTO JUDICIAL QUE RESOLVE O MÉRITO QUANTO AQUELE QUE
APENAS EXTINGUE O FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. A redação do art. 485,
caput, do CPC, ao mencionar “sentença de mérito” o fez com impropriedade técnica,
referindo-se, na verdade, a “sentença definitiva”, não excluindo os casos onde se
extingue o processo sem resolução de mérito. De toda sentença terminativa, ainda
que não seja de mérito, irradiam-se efeitos declaratórios, constitutivos, condenatórios,
mandamentais e executivos. Se o interesse do autor reside em atacar um desses
efeitos, sendo impossível renovar a ação e não havendo mais recurso cabível em
razão do trânsito em julgado (coisa julgada formal), o caso é de ação rescisória,
havendo que ser verificado o enquadramento nas hipóteses descritas nos incisos
do art. 485, do CPC. O equívoco cometido na redação do referido artigo, o foi na
compreensão de que os processos extintos sem resolução do mérito (à exceção
daqueles em que se acolheu a alegação de perempção, litispendência ou de coisa
julgada, art. 267, V) poderiam ser renovados, na forma do art. 268, do CPC, daí que
não haveria interesse de agir em ação rescisória movida contra sentença ou acórdão
que não fosse de mérito. No entanto, sabe-se que a renovação da ação não permite
rediscutir todos os efeitos produzidos pela ação anteriormente extinta. Exemplo
disso está no próprio art. 268, do CPC, que condiciona o despacho da nova inicial à
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. Para
estes casos, onde não houve sentença ou acórdão de mérito, o único remédio é a
ação rescisória. REsp 1.217.321-SC, Rel. originário Min. Herman Benjamin, Rel. para
acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/10/2012.

(B) Não se admite ação rescisória contra sentença citra petita.

Entende-se por sentença citra petita decisão omissa, seja porque deixa de examinar um fundamento
relevante, seja porque deixa de examinar um pedido. Quanto à sentença que deixa de examinar um
pedido, por se tratar de decisão inexistente, não cabe rescisória (não há o que ser rescindido). Quanto à
sentença que deixa de examinar um fundamento relevante, por outro lado, cabe ação rescisória, pois a

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decisão é existente (embora nula).

Nesse sentido deve ser interpretada a OJ 41 do SDI/II do TST:

OJ-SDI II-41 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA “CITRA PETITA”. CABIMENTO.

Revelando-se a sentença “citra petita”, o vício processual vulnera os arts. 128 e 460
do CPC, tornando-a passível de desconstituição, ainda que não opostos embargos
declaratórios.

(C) É cabível ação rescisória no âmbito dos juizados especiais.

NÃO CABE rescisória das decisões proferidas em Juizados Especiais Estaduais, por
previsão do art. 59 da lei 9.099/95 (“Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas
causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei).

(D) Conforme entendimento do STJ, não cabe rescisória por violação de súmula.

De fato, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de não ser cabível ação rescisória
por violação de súmula. É a alternativa correta, conforme precedente abaixo descrito:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CABIMENTO DE AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DE


SÚMULA.

Não cabe ação rescisória contra violação de súmula. Conforme o art. 485, V, do CPC
a sentença pode ser rescindida quando violar literal disposição de lei, hipótese que
não abrange a contrariedade à súmula. Assim, não há previsão legislativa para o
ajuizamento de ação rescisória sob o argumento de violação de súmula. Precedentes
citados: REsp 154.924-DF, DJ 29/10/2001, AR 2.777-SP, DJe 3/2/2010. AR 4.112-SC,
Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012.

GABARITO: LETRA “D”

24. Sobre o processo de execução, assinale a alternativa incorreta:

a) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a apli-
cação da multa de 10% do art. 475-J do CPC.

b) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação


ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do
CPC.

c) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a
constrição sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

d) Assim como ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo não é pressuposto


para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.c.

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COMENTÁRIO
(A) O oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não impede a aplicação da
multa de 10% do art. 475-J do CPC.

Conforme entendimento jurisprudencial, o único meio de afastar a multa do art. 475-J é REALIZANDO
O PAGAMENTO. Ou seja: o oferecimento de bens à penhora, ainda que de depósito de dinheiro, não
impede a aplicação da multa de 10%. Isso porque pagar é satisfazer; penhorar é garantir o juízo.

Assim sendo, a alternativa está correta. Nesse sentido, decidiu o STJ em jun/jul de 2012:

IMPUGNAÇÃO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MULTA. INTENÇÃO. PAGAMENTO.


RESP 1.175.763-RS. Para que não haja a incidência da multa prevista no art. 475-J
do CPC, no percentual de dez por cento sobre o valor da condenação, é necessário
que o devedor deposite a quantia devida em juízo, com a finalidade de pagar o seu
débito, permitindo ao credor o imediato levantamento do valor. Por outro lado, se o
devedor depositar judicialmente a quantia devida com o escopo de garantir o juízo,
para que possa discutir o seu débito em sede de impugnação de cumprimento de
sentença, não haverá o afastamento da multa, pois o credor não poderá levantar o
dinheiro depositado até o deslinde da questão.

(B) Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação ficta, não há
necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC.

Em outubro de 2011, no informativo n. 485, a terceira turma do STJ, mudando entendimento anterior,
decidiu que, na hipótese de o executado ser representado por curador especial em virtude de citação
ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo estabelecido no art. 475-J do CPC. É o
que prevalece. Assim, correta a alternativa.

REsp 1.189.608-SP. PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INÍCIO DO


PRAZO PARA O CUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO DA DECISÃO. RÉU REVEL, CITADO
FICTAMENTE. INTIMAÇÃO PARA A FLUÊNCIA DO PRAZO ESTABELECIDO NO
ART. 475-J DO CPC. DESNECESSIDADE.

1. A Corte Especial firmou o entendimento de que o prazo estabelecido no art. 475-


J do CPC flui a partir do primeiro dia útil seguinte à data da publicação
de intimação do devedor na pessoa de seu advogado. A Corte afirmou que não
há no CPC regra que determine a intimação pessoal do executado para o
cumprimento da sentença, devendo, portanto, incidir a regra geral no sentido de
que o devedor deve ser intimado na pessoa dos seus advogados por meio do Diário
da Justiça (arts. 234 e 238 do CPC) .

7. Na hipótese de o executado ser representado por curador especial em


virtude de citação ficta, não há necessidade de intimação para a fluência do prazo
estabelecido no art. 475-J do CPC.

(C) A penhora de dinheiro e a fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a constrição

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sobre o primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

A assertiva está correta, conforme entendimento consolidado do STJ:

AgRg no AREsp 260781 / MG, T2 - SEGUNDA TURMA, DJe 10/05/2013

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO FISCAL. SUBSTITUIÇÃO DA


PENHORA DE DINHEIRO POR FIANÇA BANCÁRIA.

1. A Seção de Direito Público do STJ, nos Embargos de Divergência no Recurso


Especial 1.077.039/RJ, uniformizou a orientação de que a penhora de dinheiro e a
fiança bancária não possuem o mesmo status, de modo que a constrição sobre o
primeiro não pode ser livremente substituída pela garantia fidejussória.

(D) Assim como ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo não é pressuposto para o
processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).

Após longa discussão doutrinária, o STJ consolidou o entendimento no sentido de que, diferentemente do
que ocorre na exceção de pré-executividade, a garantia do juízo é sim pressuposto para o processamento
da impugnação ao cumprimento de sentença. Confira-se:

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO. GARANTIA DO JUÍZO.

A garantia do juízo é pressuposto para o processamento da impugnação ao


cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC). É que, como esse dispositivo
prevê a impugnação posterior à lavratura do auto de penhora e avaliação, conclui-
se pela exigência de garantia do juízo anterior ao oferecimento da impugnação.
Tal exegese é respaldada pelo disposto no inciso III do art. 475-L do CPC, que
admite como uma das matérias a ser alegada por meio da impugnação a penhora
incorreta ou avaliação errônea, que deve, assim, preceder à impugnação. O Min.
Relator salientou que, vistas tais regras em conjunto, observa-se que a impugnação
ofertada pelo devedor não será apreciada antes do bloqueio de valores do executado
que, eventualmente, deixar de indicar bens à penhora, como forma de garantir o
juízo. Mas, caso o devedor prefira não esperar a penhora de seus bens ou mesmo
o bloqueio de seus ativos financeiros, deve, para tanto, efetuar o depósito do
valor exequendo, para, então, insurgir-se contra o montante exigido pelo credor.
Precedente citado: REsp 972.812-RJ, DJe 12/12/2008. REsp 1.195.929-SP, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 24/4/2012.

Cuida-se, portanto, da alternativa incorreta. Logo, deveria ser assinalada pelo candidato.

GABARITO: LETRA “D”

GRUPO IV

MEDIADOR: RENAN PAES

DIREITO PENAL

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25. Acerca do crime de lavagem de dinheiro, julgue as alternativas e aponte a alternativa incor-
reta:

a) De acordo com a política de compliance estabelecida pela redação atual da lei de combate
à lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e jurídicas indicadas na legislação devem adotar
políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de opera-
ções, que lhes permitam atender as determinações dos órgãos de controle.

b) Sujeitam-se ao dever de comunicar operações financeiras suspeitas todas as pessoas físi-


cas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal
ou acessória, cumulativamente ou não: a captação, intermediação e aplicação de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; a compra e venda de moeda
estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; a custódia, emissão, dis-
tribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mo-
biliários.

c) As pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra


e venda de imóveis também estão sujeitas às obrigações de identificação de clientes, ma-
nutenção de registros e comunicação de operações financeiras aos órgãos de controle.

d) Os cadastros e registros mantidos pelas instituições obrigadas pela lei de combate à lava-
gem de ativos deverão ser conservados durante o período máximo de cinco anos a partir do
encerramento da conta ou da conclusão da transação.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 15.c.

COMENTÁRIO
Prestar bastante atenção às inovações legislativas trazidas ao tema pela Lei nº 12.683/2012, que alterou a
Lei nº 9.613/98.

A assertiva “a” está correta. Compliance é o dever de agir de acordo com uma regra ou instrução interna.
É termo amplamente utilizado no jargão financeiro e está relacionado ao dever de cooperação das
instituições para combater a lavagem de ativos. O dever indicado na alternativa está previsto no art. 10,
inciso III, da Lei nº 9.613/98.

A alternativa “b” está correta, a teor do art. 9º da Lei nº 9.613/98.

A alternativa “c” está correta, a teor do art. 9º, parágrafo único, inciso X, da Lei nº 9.613/98.

A alternativa “d” está incorreta, pois, conforme art. 10, § 2º, da Lei nº 9.613/98, tais cadastros devem ser
mantidos pelo prazo mínimo de cinco anos.

GABARITO: LETRA “D”

26. Acerca da lei penal no tempo, assinale a alternativa correta:

a) O princípio da irretroatividade da lei penal limita-se às normas penais de caráter material,

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entre as quais se incluem aquelas relativas às medidas de segurança, que integram a seara do
direito penal material.

b) Para a orientação atual do STJ, no delito de tráfico ilícito de entorpecentes, é possível re-
alizar a combinação entre a lei nova (causa de diminuição) e a lei antiga (pena-base menor) a
fim de encontrar a situação mais favorável ao réu.

c) No Código Penal não há previsão legal de exceção ao princípio da irretroatividade da lei


penal mais benéfica.

d) Em matéria de lei penal no tempo, adota-se a teoria do resultado, ou seja, considera-se


praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re-
sultado.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 5.a.

COMENTÁRIO
A assertiva “a” está correta. Nesse sentido a doutrina (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito
Penal. Volume I. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 184) e jurisprudência (STJ. HC 13.054/SP. Rel. Min. Gilson Dipp.
DJ 14.10.2002).

A assertiva “b” está errada. Súmula 501/STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde
que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.”.

A alternativa “c” está incorreta, uma vez que o art. 3º do Código Penal prevê expressamente a ultra-
atividade das leis excepcionais ou temporárias.

A alternativa “d” está incorreta, pois é a teoria da atividade a adotada na Lei Penal (art. 4º do Código
Penal).

GABARITO: LETRA “A”

27. Acerca dos crimes contra a saúde pública e os relacionados à remoção e transplante de órgãos,
assinale a alternativa correta:

a) O crime de endemia consiste na propagação de germes patogênicos e tem como sujeito


ativo qualquer pessoa.

b) Nos crimes relacionados à remoção e transplante de órgãos não há tipo penal de menor
potencial ofensivo.

c) O crime de omissão de notificação de doença caracteriza-se como próprio e de perigo


concreto.

d) O crime de envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia


ou medicina destinada a consumo não é crime hediondo.

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Pontos do Regulamento do 27º CPR: 20.c.

COMENTÁRIO
A assertiva “a” está incorreta. Em verdade, o tipo penal previsto no art. 267 do Código Penal é o de
epidemia, que difere de endemia. A epidemia é uma doença que acomete, em curto espaço de tempo
e em determinado lugar, várias pessoas. A endemia, por sua vez, é uma enfermidade que existe, com
frequência, em determinado lugar, atingindo número indeterminado de pessoas (NUCCI, Guilherme de
Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: RT, 2013. p. 1076).

A assertiva “b” está incorreta. Na Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes
do corpo humano para fins de transplante e tratamento, estão tipificados também crimes de menor
potencial ofensivo, com pena máxima de 2 anos de detenção e reclusão (arts. 17 a 20).

A assertiva “c” está incorreta. O crime de omissão de notificação de doença, previsto no art. 269 do
Código Penal, é próprio, pois demanda sujeito ativo especial, que é o médico (“Deixar o médico de
denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”). No entanto, é delito de perigo
comum abstrato. Assim, o perigo é presumido por lei, não sendo necessário comprovar risco concreto
para a configuração do tipo.

A assertiva “d” está correta. Embora inicialmente inserido no rol de crimes hediondos, o delito tipificado
no art. 270 do Código Penal foi retirado em alteração legislativa posterior.

GABARITO: LETRA “D”

MEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO PROCESSUAL PENAL

28. Indique a alternativa incorreta:

a) O prazo para conclusão de Inquérito Policial que apure crime federal será de 15 dias pror-
rogáveis por mais 15 dias, por decisão fundamentada do Juiz, em caso de investigado preso.

b) Entendendo pela incompetência absoluta do Juízo perante o qual oficia, o Procurador de-
verá manifestar-se pela remessa do Inquérito ao Juízo competente, tendo esta manifestação
sido denominada pela doutrina de arquivamento indireto.

c) Considere que o funcionário público ofendido em sua honra, em razão de acusações atrela-
das ao exercício de sua função, representou ao Ministério Público para apuração do caso. Se
o MP promover o arquivamento, ele poderá ajuizar a Queixa-crime, desde que já não tenha
sido extinta a punibilidade.

d) Segundo a orientação doutrinária e jurisprudencial dominante, o investigado não está


obrigado a participar da reconstituição do crime, em atenção ao princípo do nemo tenetur si
detegere.

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Pontos do Regulamento do 27º CPR: 4.a, 6.a.

COMENTÁRIO
O tema Inquérito Policial é, sem dúvidas, um dos mais cobrados nas provas objetivas do MPF, razão pela
qual merece um estudo mais cuidadoso.

Regra geral, o Inquérito tem prazo de 30 dias para conclusão, se o investigado estiver solto, e 10 dias, se
ele estiver preso. Porém, há prazos diferenciados em legislações específicas, conforme tabela abaixo:

Prazos de conclusão do Inquérito Policial:

PRAZOS INVESTIGADO SOLTO INVESTIGADO PRESO


REGRA GERAL 30 dias 10 dias (art. 10, CPP)
JUSTIÇA FEDERAL 30 dias 15 dias + 15 dias (art. 66, Lei n. 5010/66)
LEI DE DROGAS 90 + 90 dias (art. 51, Lei n. 11.343/06) 30 + 30 dias (art. 51, Lei n. 11.343/06)

Portanto, o item “a” está correto, pois há prazo específico para o Inquérito Policial que tramite na Justiça
Federal.

Por outro lado, ao receber os autos do Inquérito Policial, o membro do MP poderá verificar hipótese
de incompetência absoluta ou territorial. Por exemplo, o Procurador da República pode não identificar
hipótese de incidência da competência da Justiça Federal (art. 109, CF).

Em tais casos, deverá o membro do MP manifestar-se, em Juízo, pugnando pelo declínio de competência,
a fim de que os autos sejam remetidos ao Juízo competente. Se o Juízo concordar, não há maiores
problemas. Porém, se o Juízo não concordar, o que acontecerá? Ele não pode simplesmente determinar
ao membro do MP que ofereça Denúncia, afinal, a titularidade da Ação Penal é do Ministério Público.

Nessa linha de raciocínio, a doutrina desenvolveu a tese de que a manifestação do MP no sentido da


incompetência do Juízo perante o qual oficia, configura, indiretamente, uma promoção de arquivamento,
de maneira que, discordando deste posicionamento, o Juízo deve aplicar, por analogia, a regra do art. 28,
CPP, encaminhando os autos ao Procurador Geral de Justiça ou à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão
do MPF.

Portanto, correto o item “b”.

O item “c” diz respeito à natureza da Ação Penal em casos de crimes contra a honra praticado em
desfavor de funcionário público e relacionado às suas atribuições legais. Sobre este tema, o STF editou a
Súmula n. 714, a saber:

“É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público,


condicionada à representação do ofendido, para ação penal por crime contra a
honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”.

Ocorre que, a bem da verdade, não se trata de legitimidade concorrente, no sentido de que um ou outro
(MP ou ofendido) poderia ajuizar a Ação Penal, mas sim legitimidade alternativa, isto é, ou um ou o outro,

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de forma excludente.

Nesse sentido, sinaliza Renato Brasileiro que “de acordo com o próprio Supremo, se o funcionário público
ofendido em sua honra apresenta representação ao Ministério Público, optando, pois, pela ação penal
pública condicionada à representação, estaria preclusa a instauração penal de iniciativa privada, já que,
em tal hipótese, o Ministério Público estaria definitivamente investido na legitimação para a causa” (STF,
Inq 1.939).

Em outras palavras, o funcionário público poderá optar entre ajuizar a Queixa-crime ou formular
Representação ao Ministério Público. Contudo, uma vez havendo Representação, não mais terá
legitimidade para ajuizar a Queixa-crime, ainda que o MP promova o arquivamento dos autos.

Assim, o item “c” é falso.

Por fim, é verdadeiro o item “d”. Com efeito, o STF já teve oportunidade de pronunciar-se sobre a não-
obrigatoriedade do investigado participar de atos de reconstituição do crime, em atenção ao princípio da
proibição da produção de provas contra si mesmo.

Nesse sentido, destacamos:

E M E N T A: “HABEAS CORPUS” - DENEGAÇÃO DE MEDIDA LIMINAR - SÚMULA


691/STF - SITUAÇÃO EXCEPCIONAL QUE AFASTA, NO CASO, A RESTRIÇÃO
SUMULAR - RETARDAMENTO EXCESSIVO (UM ANO E 2 MESES) DO JULGAMENTO,
PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DO MÉRITO DO “WRIT” LÁ IMPETRADO -
PRISÃO CAUTELAR DECRETADA COM FUNDAMENTO NA GRAVIDADE OBJETIVA
DO CRIME E NA RECUSA DA PACIENTE EM RESPONDER AO INTERROGATÓRIO
JUDICIAL A QUE FOI SUBMETIDA - INCOMPATIBILIDADE DESSES FUNDAMENTOS
COM OS CRITÉRIOS FIRMADOS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE
PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL - DIREITO DO INDICIADO/RÉU
AO SILÊNCIO - DIREITO, QUE TAMBÉM LHE ASSISTE, DE NÃO SER CONSTRANGIDO
A PRODUZIR PROVAS CONTRA SI PRÓPRIO - DECISÃO QUE, AO DESRESPEITAR
ESSA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA DA
ACUSADA - INADMISSIBILIDADE - NECESSIDADE DE RESPEITO E OBSERVÂNCIA,
POR PARTE DE MAGISTRADOS, TRIBUNAIS E ÓRGÃOS DE PERSECUÇÃO PENAL,
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ASSEGURADOS A QUALQUER
INVESTIGADO, INDICIADO OU RÉU - “HABEAS CORPUS” CONCEDIDO DE
OFÍCIO. ABRANGÊNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO “DUE PROCESS OF
LAW”, QUE COMPREENDE, DENTRE AS DIVERSAS PRERROGATIVAS DE ORDEM
JURÍDICA QUE A COMPÕEM, O DIREITO CONTRA A AUTOINCRIMINAÇÃO. - A
garantia constitucional do “due process of law” abrange, em seu conteúdo material,
elementos essenciais à sua própria configuração, dentre os quais avultam, por
sua inquestionável importância, as seguintes prerrogativas: (a) direito ao processo
(garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b) direito à citação e ao conhecimento
prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e célere, sem dilações
indevidas; (d) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à
defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com base em leis “ex post
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facto”; (f) direito à igualdade entre as partes (paridade de armas e de tratamento


processual); (g) direito de não ser investigado, acusado processado ou condenado
com fundamento exclusivo em provas revestidas de ilicitude, quer se trate de ilicitude
originária, quer se cuide de ilicitude derivada (RHC 90.376/RJ, Rel. Min. CELSO DE
MELLO - HC 93.050/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO); (h) direito ao benefício da
gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito à prova;
(l) direito de ser presumido inocente (ADPF 144/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) e,
em consequência, de não ser tratado, pelos agentes do Estado, como se culpado
fosse, antes do trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória (RTJ
176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO); e (m) direito de não se autoincriminar
nem de ser constrangido a produzir provas contra si próprio (HC 69.026/DF, Rel.
Min. CELSO DE MELLO - HC 77.135/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - HC 83.096/RJ,
Rel. Min. ELLEN GRACIE - HC 94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). (...) Aquele
que sofre persecução penal instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas
básicas, (a) o direito de permanecer em silêncio, (b) o direito de não ser compelido
a produzir elementos de incriminação contra si próprio nem de ser constrangido
a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e (c) o direito de se recusar a
participar, ativa ou passivamente, de procedimentos probatórios que lhe possam
afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução simulada (reconstituição) do evento
delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de padrões vocais para efeito de
perícia criminal (HC 96.219-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). (...). - (STF,
HC99289, Rel. Min. Celso de Mello, p. 04/08/11).

Ora, sabe-se que, em um sistema acusatório, há, além da divisão das atribuições de acusar, defender e
julgar, a precisa definição do comportamento de cada uma das partes na gestão da prova, ou seja, quem
tem a obrigação de provar determinado fato. Nesse passo, a partir da constatação de que o investigado é
sujeito de direitos – e não objeto de prova - cabe ao Estado-acusador providenciar as provas necessárias
ao oferecimento da Denúncia e posterior condenação, não sendo admissível compelir o investigado/réu
a produzir ou colaborar com a produção de provas em seu desfavor.

GABARITO: LETRA “C”

29. A respeito da competência penal, assinale a alternativa correta:

a) Havendo a expansão da Justiça Federal, com a criação de uma nova Vara Federal no interior
do Estado, deverão ser remetidos a ela todos os processos penais referentes aos Municípios
de sua área de abrangência, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

b) Havendo a criação de uma Vara Especializada, deverão ser remetidos a ela todos os pro-
cessos penais referentes à sua matéria exclusiva, não se aplicando a perpetuatio jurisdicionis.

c) Segundo a jurisprudência do STJ, a competência territorial, no processo penal, é de caráter


absoluto, razão pela qual pode ser suscitada em qualquer momento.

d) A jurisprudência atual do STF e do STJ entende ser nulo o julgamento proferido por Turma
de Tribunal composta, majoritariamente, por Juízes convocados.
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Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.b, 11.a.

COMENTÁRIO
Nos últimos anos, a Justiça Federal – e, consequentemente, o Ministério Público Federal -, passou por
um rápido e profundo processo de interiorização, a partir da criação de Varas Federais em Municípios
do interior dos Estados. Hoje, sabe-se que há Vara Federal em Municípios com população de 40, 50 mil
habitantes.

Nesse passo, surge o problema de saber o que acontece com os processos que tramitam em uma
Vara Federal da capital do Estado que dizem respeito a Município submetido à área jurisdicional da
nova Vara Federal do interior deste Estado. Devem permanecer na capital ou, pelo contrário, devem ser
encaminhados para o interior?

A jurisprudência pátria concluiu que, tratando-se de competência territorial – e, portanto, de natureza


relativa – tem aplicação a regra da perpetuatio jurisdicionis (art. 87, CPC), e, por isso, os processos devem
permanecer na Vara Federal originária.

Vejamos:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


CRIAÇÃO DE NOVA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA COM JURISDIÇÃO SOBRE O
MUNICÍPIO ONDE OCORREU O CRIME. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA
JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PERPETUATIO
JURISDICTIONIS. PRECEDENTES. (…) 3. Aplica-se ao processo penal, de acordo
com o art. 3º desse diploma legal, o disposto no art. 87 do Código de Processo
Civil, segundo o qual se determina a competência no momento em que a ação
é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem
a competência em razão da matéria ou da hierarquia. 4. A criação de vara federal
no local em que ocorrida a infração não implica a incompetência superveniente do
juízo a que, até então, competia processar e julgar o processo.(...) (STJ, HC246383,
Rel. Min. Og Fernandes, p. 20/08/13).

O item “a” está errado.

Hipótese parecida, mas com consequências bastante distintas, é a criação de Vara Federal Especializada.
Por exemplo, há Estados que possuem Varas Especializadas em Lavagem de Dinheiro, crimes contra o
sistema financeiro etc... Assim, se uma Ação Penal referente a um crime financeiro é distribuída livremente
perante uma Vara Federal e, posteriormente, uma outra Vara torna-se exclusiva sobre aquela matéria, o
que deve acontecer? O processo permanece na Vara comum ou vai para a Vara Especializada?

O participante deve atentar-se para a circunstância de que as Varas são especializadas em razão da
matéria, e a competência em razão da matéria é de natureza absoluta. Portanto, nessas hipóteses, é de
ser afastado o art. 87, CPC, não se aplicando o princípio da perpetuatio jurisdicionis, de modo que os
autos deverão, sim, ser remetidos à Vara Especializada:
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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO.


ART. 75 DO CPP. REDISTRIBUIÇÃO DOS AUTOS PARA VARA ESPECIALIZADA
EM MATÉRIA CRIMINAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ
NATURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 212 DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. INQUIRIÇÃO DE
TESTEMUNHAS. INVERSÃO DA ORDEM. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO.
AUSÊNCIA DE NULIDADE. FIXAÇÃO DO REGIME MAIS GRAVOSO. GRAVIDADE
CONCRETA DO DELITO. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ACÓRDÃO
EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO
IMPROVIDO. 1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a
remessa do processo ao juiz competente, diante da criação de Vara Especializada
em matéria criminal, não implica ofensa ao princípio do juiz natural, não havendo
que se falar em perpetuatio jurisdicionis, pois a competência, na hipótese, é absoluta.
(...) (STJ, AgRg no Resp 1434434, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, p. 12/06/14).

O item “b” é verdadeiro.

De outro giro, em que pese entendimento doutrinário em sentido contrário, ou seja, no sentido de que a
competência penal territorial tem natureza absoluta, certo é que a jurisprudência do STJ é pacífica quanto
ao caráter relativo dessa competência, de maneira que deve ser arguida oportunamente, sob pena de
preclusão, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. PENAL


E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. ALEGAÇÃO
DE INÉPCIA DA DENÚNCIA. EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA GARANTIDO.
PEÇA ACUSATÓRIA QUE PREENCHE OS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 41
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
QUESTÃO JÁ ANALISADA POR ESTA CORTE EM SEDE DE HABEAS CORPUS.
INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL. PRECLUSÃO. NULIDADE MATERIAL DA SENTENÇA
POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. QUESTÃO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE ACOLHEU PRELIMINAR
DEFENSIVA E DETERMINOU O RETORNO DOS AUTOS PARA O JUÍZO DE PRIMEIRO
GRAU AVALIAR O CABIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.
DECISÃO MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO DESPROVIDO.
(…) 4. A incompetência territorial é matéria que gera nulidade relativa, portanto,
deve ser arguida em momento oportuno. Na hipótese, vê-se que em razão da inércia
da defesa restou operada a preclusão, prorrogando-se a competência inicialmente
firmada. (…) (STJ, AgRg no Resp 1265395, Rel. Min. Laurita Vaz, p. 31/03/14).

Assim, o item “c” está errado.

Por derradeiro, após algumas divergências jurisprudenciais, a jurisprudência do STF e do STJ restou firmada
na vertente de que não há nulidade no fato de o julgamento ter sido proferido por uma Turma ou Câmara
de Tribunal composta, em sua maioria, por Juízes convocados, desde que convocados de acordo com os
procedimentos legais, a saber:

EMENTA Habeas corpus. Constitucional. Recurso de apelação julgado por turma

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composta integralmente por juízes convocados. Nulidade. Alegada ofensa ao princípio


do juiz natural. Não ocorrência. Precedentes da Corte. Ordem denegada. 1. O princípio
do juiz natural não apenas veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, mas
também impõe que as causas sejam processadas e julgadas por órgão jurisdicional
previamente determinado, a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa
de competência, excluída qualquer alternativa à discricionariedade. 2. A convocação
de juízes de primeiro grau de jurisdição para substituir desembargadores não malfere
o princípio constitucional do juiz natural, autorizado no âmbito da Justiça paulista
pela Lei Complementar estadual nº 646/90. Não se vislumbra, no ato de designação
do juiz convocado, nenhum traço de discricionariedade capaz de comprometer a
imparcialidade da decisão que vier a ser exarada pelo órgão colegiado competente.
3. Habeas corpus denegado. (STF, HC110925, Rel. Min. Dias Toffoli, p. 11/05/12).

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA


COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. ÓRGÃO JULGADOR COMPOSTO POR
JUÍZES CONVOCADOS. AUSÊNCIA DE NULIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE
ARGUMENTOS NOVOS PARA INVALIDAR A DECISÃO AGRAVADA. MANUTENÇÃO
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. (...) 2. Há firme compreensão jurisprudencial
no sentido de que não ocorre violação do princípio do juiz natural quando o órgão
julgador é composto, na sua maioria, por juízes convocados. (...) (STJ, AgRg no HC
282982, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, p. 14/04/14).

O item “d”, então, também está errado.

GABARITO: LETRA “B”

30. A Transação Penal é um instituto despenalizador previsto na Lei n. 9.099/95. Acerca desse
tema, assinale o item correto:

a) Segundo o entendimento jurisprudencial majoritário, trata-se de direito subjetivo do in-


vestigado, de modo que, em caso de recusa de sua oferta pelo MP, o Juiz poderá formular a
proposta.

b) Na esteira do entendimento doutrinário prevalecente, trata-se de exceção ao princípio da


indisponibilidade, a denominada “indisponibilidade mitigada”

c) A jurisprudência do STF admite o cabimento da transação, se a condenação definitiva so-


frida pelo investigado já tiver produzido seus efeitos há mais de cinco anos.

d) Na hipótese de concurso de crimes, para fins de análise do cabimento, ou não, da transa-


ção, deve-se desconsiderar eventuais acréscimos ou exasperações decorrentes do concurso.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 13.b.

COMENTÁRIO
A Transação Penal é um dos institutos processuais mais relevantes na prática forense penal, razão pela
qual também é alvo comum de questões de concursos públicos, sobretudo concursos para o Ministério
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Público.

A despeito de certos entendimentos doutrinários e até jurisprudenciais em sentido diverso, não há dúvidas
de que a jurisprudência amplamente majoritária defende que a Transação não é direito subjetivo do autor
do fato, mas sim poder-dever do MP, que poderá, analisando as circunstâncias do caso concreto e os
requisitos legais, formular a proposta.

Dessa forma, se o Juiz entende ser cabível a Transação, mas o membro do MP não a formula, jamais poderá
o Juiz formulá-la, devendo, na verdade, aplicar, por analogia, o art. 28, CPP, e submeter às instâncias
superiores do MP a decisão a respeito do oferecimento, ou não, da proposta.

Nesse sentido:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA.


TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO
QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.
I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se
trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério
Público (Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal). (STJ, Apn 634,
Rel. Min.Felix Fischer, p. 03/04/12).

Portanto, o item “a” está errado.

De outra banda, segundo a doutrina pátria, a Transação constitui exceção ao princípio da obrigatoriedade
da Ação Penal, uma vez que, ainda que presentes os elementos necessários ao oferecimento da Denúncia,
o MP poderá formular a Transação. Comumente, passou-se a falar em “obrigatoriedade mitigada”.

Perceba-se, entretanto, que a assertiva fala em exceção ao princípio da indisponibilidade – e não


obrigatoriedade -, segundo o qual o MP não pode desistir da Ação Penal. A exceção ao princípio da
indisponibilidade é a suspensão condicional do processo, outro instituto despenalizador trazido pela Lei
n. 9.099/95 (art. 89).

Portanto, o item “b” está errado.

Prosseguindo, transcreveremos o art. 76, da Lei n. 9.099/95, com a intenção de destacar os requisitos
legais necessários ao cabimento da Transação:

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública


incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
proposta.

(...)

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;

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II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela


aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,


bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da
medida.

Vê-se, então, que um dos requisitos legais é que o autor do fato não tenho sido condenado definitivamente
a pena privativa de liberdade.

Daí surge a indagação: Então, mesmo depois de 10, 15 anos do cumprimento da pena ou da extinção
dos efeitos da condenação por qualquer que seja a razão, o sujeito não poderá ser beneficiado pela
Transação?

O STF entendeu que este requisito deve ser interpretado em conjunto com a regra da reincidência
penal, ou seja, se os efeitos da reincidência permanecem por apenas cinco anos (art. 64, I, CP), este
prazo também deve ser utilizado como parâmetro para permitir, ou não, a Transação com autor do fato
condenado definitivamente, a saber:

EMENTA: PROCESSO CRIMINAL. Suspensão condicional. Transação penal.


Admissibilidade. Maus antecedentes. Descaracterização. Reincidência. Condenação
anterior. Pena cumprida há mais de 5 (cinco) anos. Impedimento inexistente. HC
deferido. Inteligência dos arts. 76, § 2º, III, e 89 da Lei nº 9.099/95. Aplicação analógica
do art. 64, I, do CP. O limite temporal de cinco anos, previsto no art. 64, I, do Código
Penal, aplica-se, por analogia, aos requisitos da transação penal e da suspensão
condicional do processo (STF, HC86646, Rel. Min. Cezar Peluso, p. 09/06/06).

Portanto, o item “c” está verdadeiro.

Por fim, quando há concursos de crimes, os seus efeitos sobre a sanção penal devem ser considerados
para fins de análise da extrapolação, ou não, do limite de dois anos da pena (infração de menor potencial
ofensivo):

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES DO ART. 55 DA LEI N.º


9.605/98 E DO ART. 2.º DA LEI N.º 8.176/91, C.C. ART. 70 DO CÓDIGO PENAL.
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. PRESCINDIBILIDADE DO INDICIAMENTO
FORMAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, POR SUPOSTA FALTA DE JUSTA
CAUSA. SUPERVENIENTE SENTENÇA CONDENATÓRIA. PREJUDICIALIDADE DA
TESE. APLICAÇÃO DA TRANSAÇÃO PENAL OU SUSPENSÃO CONDICIONAL
DO PROCESSO. CONCURSO DE CRIMES. NECESSIDADE DO SOMATÓRIA DAS
INFRAÇÕES PENAIS. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. INOCORRÊNCIA.
RECURSO PARCIALMENTE PREJUDICADO E, NO MAIS, NÃO PROVIDO. (…) 3. Em
concurso material de crimes, a transação penal e/ou a suspensão condicional do
processo somente têm cabimento quanto o somatório das penas em abstratos das
infrações penais não ultrapassarem os limites legais, de 02 anos, no máximo, e de
01 ano, no mínimo, respectivamente. Inteligência da Súmula n.º 243/STJ. (…) (STJ,

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RHC 40495, Rel. Min. Laurita Vaz, p. 03/02/14).

Assim, em caso de concurso material, devem ser somadas as penas máximas abstratamente previstas, para
verificar se extrapolam, ou não, o limite de dois anos. Nas hipóteses de concurso formal ou continuidade
delitiva, à pena máxima deve ser acrescido o percentual máximo de aumento decorrente do concurso, a
fim de realizar tal análise.

Ante o exposto, o item “d” está errado.

GABARITO: LETRA “C”

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

MEDIADOR: BRUNO BARROS

PROCESSO PENAL

Competência em razão da prerrogativa de foro. Perpetuatio jurisdicionis. A renúncia e suas impli-


cações. (Máximo de 20 linhas).

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 10.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 03/08:
bruno.barros@cursocei.com

MEDIADOR: ALDO COSTA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

Explique em que consiste a teoria dos efeitos. (Máximo de 35 linhas. O que ultrapassar não será
considerado).

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 17.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 03/08:
aldo.costa@cursocei.com

DISSERTAÇÃO
Sem limite de linhas.

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL

1) Em janeiro de 2010, membros da comunidade remanescente de território quilombola Serra do


Bem, localizada em Barreiras-BA, procuraram o Ministério Público Federal na cidade, narrando
a situação de perigo a que estão sujeitos. Registraram que a área onde residem há mais de 50
(cinquenta) anos foi doada pelo Estado da Bahia, em 2007, à União, que lá pretende instalar um
alojamento militar. Por conta disso, a comunidade vem sofrendo ameaças constantes dos milita-
res, sendo surpreendida com a presença de tratores prontos para derrubar as casas dos morador-
es, acusados de ocuparem irregularmente as terras, bem como o templo religioso que mantêm.

Em sede administrativa, o MPF expediu ofício à União, para que prestasse esclarecimentos. Esta,
por intermédio da AGU, respondeu que: a) embora ciente do auto-reconhecimento da comuni-

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dade como remanescente de território quilombola perante a Fundação Palmares, não a reconhece
como tal; b) o auto-reconhecimento não é suficiente, nem o critério adequado para qualificar a
referida comunidade como remanescente de quilombo; c) existe procedimento administrativo
no INCRA, instaurado a partir de requerimento de membros da própria comunidade, datado de
2002, objetivando a titulação das terras, mas ainda em fase inicial, paralisado e sem previsão de
conclusão; d) a construção do alojamento militar atende a interesse público superior, sendo pos-
sível o realojamento da comunidade em uma outra região, caso haja interesse.

Diante das circunstâncias, elabore a peça processual adequada à tutela adequada dos interesses
da comunidade ameaçada, tocando nos seguintes pontos: a) competência da Justiça Federal; b)
regime de proteção das comunidades quilombolas, em diferenciação às comunidades indígenas;
c) validade ou não do critério de auto-reconhecimento das comunidades quilombolas; d) normas
internacionais que regulamentem o tema; e) medida a ser tomada em relação ao procedimento
administrativo em curso.

Pontos do Regulamento do 27º CPR: 2.c, 9.c, 19.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 03/08:
joao.lordelo@cursocei.com

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