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EXPIAÇÃO ILIMITADA*

Raimundo Edson de Amorim Silva**

INTRODUÇÃO
O teólogo Carlos A. Vailatti declara que “o maior de todos os símbolos da fé cristã,
ao contrário do que alguns possam imaginar, não é a manjedoura, o presépio, ou o peixe,
mas sim a cruz”.1 De fato, a cruz e o sacrifício de Cristo é o que torna o cristianismo uma
religião diferenciada de tantas outras existentes. O marco fundamental e diferencial desta
religião reside no evento da morte de seu líder.

Dentro desta perspectiva caminhará todo o entendimento cristão, portanto a


encarnação é necessária para tornar possível a crucificação e a crucificação torna possível
a reconciliação entre Deus e a humanidade. A centralidade da mensagem cruz se dá por
conta de sua presença majoritária nos evangelhos.

Porém, ao longo do desenvolvimento da teologia cristã o sacrifício de Cristo


ganhou diversas interpretações desde as mais simples às mais elaboradas. E a pergunta
principal a respeito do sacrifício de Cristo é: Por quem Jesus morreu? Duas respostas
possíveis têm sido oferecidas a esse questionamento, a saber: 1) Jesus morreu por toda
humanidade e 2) Jesus morreu somente pelos seus eleitos. A primeira resposta é defendida
por algumas alas do cristianismo e especialmente pelos chamados arminianos, já a
segunda é defendida por calvinistas, embora existam calvinistas que defendem a primeira
resposta, ou seja que Cristo morreu por todos, esses são conhecidos como “calvinistas de
quatro pontos”.

O presente trabalho visa trabalhar a perspectiva da expiação de Cristo conforme o


entendimento das Assembleias de Deus, especialmente nesse momento quando a
CGADB – Convenção Geral das Assembleias de Deus – publica sua Declaração de Fé
como documento base que descreve a das doutrinas fundamentais ensinada e professadas
por essa denominação centenária. Como veremos a seguir as Assembleias de Deus em
sua declaração de fé é arminiana, logo trabalharemos essa linha tentando demonstrar sua
ortodoxia, sua coerência teológica e sua importância no serviço de proclamação do
evangelho.

O presente trabalho não visa ser exaustivo, logo alguns assuntos que poderiam ser
abordados não o serão, isso não se dá porque tais assuntos tenham menor relevância, mas
somente por limitação de espaço e tempo. Esse pequeno estudo tem, meramente, a
intensão de ser uma nota introdutória nesse assunto que tem sido objeto de muito debate

*
Texto produzido para a Semana Teológica na IEADTC – Congregação de Amadeu Furtado
**
É aluno do curso de pós-graduação em Educação cristã pela FABAD – Faculdade Bíblica das Assembleias
de Deus e serve ao diaconato na Igreja evangélica Assembleia de Deus Templo Central em Fortaleza.
1
VAILATTI, Carlos Augusto. Expiação Ilimitada. São Paulo: Editora Reflexão, 2015. Pg.11.
ao longo do tempo, muito desse debate tem se tornado infrutífero por conta dos aspectos
emocionais envolvidos.

Esperamos que esse pequeno subsídio possa impulsionar os irmãos a buscarem


com mais afinco compreenderem a obra redentora de Cristo conforme ela se expressa, ou
seja, como a maior prova do amor de Deus pela humanidade.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Dentro do mosaico que se chama teologia cristã, há um debate intenso que já
permeia alguns séculos: Arminianismo x Calvinismo. Antes de prosseguirmos com
relação a questão da Expiação Ilimitada – a partir de agora designada de EI – acho
necessário fazer algumas colocações que, creio eu, podem nos auxiliar, a fim de
produzirmos debates respeitosos e com humildade. Os pontos são:

1) A primeira coisa que devemos ter em mente é distinção entre “Verdade


Teológica” e “Sistema teológico”. O primeiro é uma verdade imutável que
parte da revelação divina, o segundo é uma tentativa de entendimento
organizado e lógico do primeiro.

VERDADE TEOLÓGICA SISTEMA TEOLÓGICO


Vem de cima para baixo (Deus se revela)
É de baixo para cima (O homem discorre
sobre a revelação).
É ‘Theo’ – Lógica (Deus se revela no É antropológica (O homem se detêm em
Logos) compreender sua experiência com o
Logos)
É dinâmica É estática
Pode dar vida Pode gerar a morte (heresias)

A teóloga da igreja do nazareno Mildred B. Wynkoop declara que existem quatro


aspectos, ou bases que determinam o pensamento cristão. Seriam eles: A) Experiência
religiosa pessoal (experiência vivenciada através da união mística no corpo de cristo,
regeneração); B) Pressuposições filosóficas básicas; C) Teologia Sistemática; D)
Terminologia teológica.2 Para ela todos estão unidos na Verdade Teológica da
regeneração por exemplo, porém, a divergência começa no nível B, ou seja, nas
pressuposições filosóficas e essas, por sua vez, determinarão suas Sistemáticas e
Terminologias. Conforme o esquema abaixo:

2
WYNKOOP, Mildred B. Fundamentos da Teologia Armínio-Wesleyana. Campinas: Casa Nazarena
Publicadora, 2004. Pg.22
Corpo de Cristo

Arminianismo Calvinismo

2) A necessidade do Sistema. Um ser humano é ser que dada a sua racionalidade


busca, ou pelo menos deveria buscar, organizar suas ideias a fim entender o
geral, ou seja, desenvolver uma cosmovisão. O sistema é indispensável para a
compreensão do mundo, das experiências e própria Verdade, porém o Sistema
não deve ser confundido com a própria Verdade ou mesmo sacralizá-los.
Conforme observa Roldán (2000),

“admitimos que é necessário sistematizar


nossa fé, e que devemos ser coerentes em
nosso pensamento, mas disso até sacralizar
um sistema há um abismo de diferença.
Temos de estabelecer uma distinção entre o
intento de elaborar ou possuir um sistema
um sistema teológico que seja bíblico e a
própria Bíblia, que é muito mais rica e ampla
que qualquer sistema”.3
Ainda discorrendo sobre a necessidade do sistema ela assevera.
“Para que fique claro: é legitimo e até
necessário que sistematizemos nossa fé, mas
devemos estar conscientes de dois fatos: as
influências filosóficas, sociológicas e
culturais nessas sistematizações, e a natureza
revisável da tarefa.

Tillich (2000) observa que “os sistemas não são feitos para permanecermos neles”.4 Para
ele o sistema é o pensamento se utilizando de certas regras lógicas, da fala ou dos escritos
a fim de tratar com a experiência. Nesse caso o sistema pode oferecer perigo quando ele

3
ROLDAN, Alberto Fernando. Para que serve a teologia – Método, História e Pós-modernidade. Curitiba:
Descoberta,2000. Pg.45
4
TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: ASTE, 2000. Pg. 19
caminha dentro de si mesmo, pois a partir daí ele pode se separar da realidade e
transformar-se em algo, por assim dizer, acima da realidade que pretende descrever.5

3) Não há unanimidade dentro dos sistemas teológicos. Normalmente, chama-se


os sistemas teológicos pelo nome do teólogo que o desenvolveu.
Arminianismo, Armínio. Calvinismo, Calvino. Mas, será exatamente isso?
Será que hoje temos um Arminianismo de Armínio ou um calvinismo de
Calvino? De forma nenhuma! Fico preocupado quando alguém diz que é isso
ou aquilo. Quando alguém diz que é reformado (entenda-se calvinista) fico
com dúvidas se ele está falando do calvinismo que com relação a origem da
alma é Pelagiana (criacionista) ou Sheddiana (traducionista). Não sei se com
relação a ceia ou sacramento da comunhão ele concorda com Calvino, Lutero
ou Zwinglio. Alguém pode dizer, sou calvinista com relação a soteriologia.
Ok! Mas, que soteriologia calvinista? A de Baxter ou a de Owen.6 Enfim, isso
não serve como argumentação para o fim dos debates ou para dizer que não se
pode chegar a um consenso, somente sugere humildade quanto as conclusões.7

EXPIAÇÃO – DEFINIÇÕES
No contexto das Escrituras existem diversos termos que se referem a expiação,
cada termo demonstra uma nuança dessa obra maravilhosa da graça de Deus. Porém,
nosso intento não é tratar de forma isolada de cada termo, mas retratar de forma geral o
conceito de expiação conforme compreendido ao longo da história da igreja e dentro da
ortodoxia Cristã.

Tecnicamente, a palavra “expiar” no Antigo Testamento – hb. Kaphar – significa


cobrir, ocultar, tirar da vista. No Novo testamento conforme observa Wiley (1990) a
palavra expiação ocorre apenas uma vez [...] (Rom. 5: 11). Entretanto, o termo grego
catalaguín, donde deriva, aparece frequentemente, ainda que, em geral, se traduza pela
palavra reconciliação.8 Porém, Vailatti (2015) citará duas outras palavras correlatas, são
elas; primeiro hilaskomai, refere-se a um clamor dirigido a Deus por misericórdia (Lc
18.13) e ao ato de Jesus expiar os pecados diante de Deus como Sumo Sarcerdote (Hb
2.17). O segundo é hilasmos que descreve a ação graciosa de Deus por meio da qual Ele
remove a culpa do pecador (1 Jo 2.2;4.10). Por conta desses dois termos é que a Doutrina
da Expiação é conhecida como “Hilasmologia”.

Portanto, em termos gerais, poderíamos definir biblicamente a expiação como a


ação de Cristo na cruz, morrendo em nosso lugar para poder nos remir, tirar e nos salvar

5
Ibid., Pg.19
6
Para entender a controvérsia entre Richard Baxter e John Owen ver: COOPER, Tim. John Owen, Richard
Baxter and the Formation of Nonconformity. Ashgate Publisher, 2013.
7
Para um estudo das “Teologia(S)” reformadas ver: OLSON. Roger. Contra o Calvinismo. São Paulo: Editora
Reflexão, 2013. Pgs. 39-58
8
CULBERTSON, Paul T. WILEY, H. Orton. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena
Publicadora, 1990. Pg.250
do pecado. (Jo 1.29). E também essa obra nos reconcilia com Deus, tirando-nos do estado
de inimigos e nos colocando como amigos do Criador (Rm 5.10-11).

Definição semelhante é citada por Wiley (1990), que declara que a expiação é “a
satisfação oferecida à justiça divina por meio da morte de Cristo pelos pecados da
humanidade, em virtude do qual todos os verdadeiros penitentes que crêem em Cristo são
pessoalmente reconciliados com Deus, livrados de toda a pena dos seus pecados e feitos
merecedores da vida eterna”. 9

TEORIAS DA EXPIAÇÃO
A existência de diversos termos na Escritura relacionados a expiação tem levado
a diversas tentativas de sistematizar e/ou compreender melhor como funciona “na prática”
essa obra de Cristo. Tendo em vista as diversas pressuposições tem-se, então, algumas
teorias que em momentos se aproximam e em outros se afastam, umas bíblicas e outras
heréticas. Entre essas teorias destacaremos algumas, talvez, as mais importantes.
TEORIA DA RECAPITULAÇÃO

Irineu (130 – 200 d.C), bispo da igreja de Lyon, formulou sua teoria a partir da
leitura de Ef. 1.9-10 que diz: “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que propusera em si mesmo, De tornar a congregar em Cristo todas as
coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que
estão na terra...”

Em suma, segunda a presente teoria, Cristo transmite a imortalidade àqueles que


se unirem a ele em fé, transformando eticamente suas vidas e, desse modo, Ele reverte a
desobediência de Adão com a Sua própria obediência.10

Irineu, também defendeu que a expiação foi uma vitória sobre Satanás. E através
desta perspectiva Orígenes desenvolverá sua teoria.
TEORIA DO RESGATE

Orígenes (1.85-254) foi o que primeiro converteu esta ideia popular numa teoria
dizendo que o preço do resgate foi pago a Satanás. Orígenes, ao comentar o texto bíblico
de Mateus 20.28b “...para dar a sua vida em resgate de muitos.” Orígenes conclui que
Cristo não poderia pagar um resgate ao próprio Deus, pois estávamos escravizados pelo
maligno, logo segue-se que o resgate só poderia ser pago àquele que nos mantinha em
“cativeiro”, à saber, Satanás.

9
Ibid., Pg. 151
10
VAILATTI, Carlos Augusto. Expiação Ilimitada. São Paulo: Editora Reflexão, 2015. Pg. 30
TEORIA DA SATISFAÇÃO

Anselmo de Cantuária (1033 – 1109 d.C) retratou seu entendimento da obra da


expiação da seguinte forma:
"O pecado viola a honra divina e merece castigo
infinito, porquanto Deus é infinito. O pecado é culpa
ou dívida e, sob o governo de Deus, esta dívida deve
ser paga. O homem não pode pagá-la porque em
virtude do pecado se encontra em estado de
bancarrota. Por consequência, o Filho de Deus
tomou a forma humana a fim de pagar por nós.
Sendo divino, podia pagar a dívida infinita; e sendo
humano e sem pecado, podia propriamente
representar a humanidade. Mas, por ser sem mácula
não estava obrigado a morrer e, como nada devesse
no Seu próprio nome, recebeu como recompensa de
mérito o perdão dos nossos pecados" 11

A teoria de Anselmo, diferentemente de Orígenes, atribui a dívida humana não a


Satanás, mas a, pois foi sua santidade e justiça que foram afrontadas pelo pecado. Logo,
nós nos tornamos devedores de Deus e somente um sacrifício de valor infinito poderia
“satisfazer” uma dívida infinita.
TEORIA DA SUBSTITUIÇÃO PENAL

A Teoria da satisfação de Anselmo foi o lastro para que Calvino (1509-1564),


desenvolvesse uma nova teoria. Essa teoria adquire uma conceituação mais jurídica. A
lógica da teoria pode ser expressa da seguinte forma:

(l) O pecado, de si mesmo, como uma violação da lei de Deus, merece a ira e a maldição
de Deus.

(2) Deus está disposto, pela própria excelência da Sua natureza, a tratar as criaturas tal
como merecem,
(3) Para satisfazer o juízo reto de Deus, o Filho assumiu a nossa natureza, tornou-se
sujeito à lei, cumpriu toda a justiça e sofreu o castigo dos nossos pecados,

(4) Pela Sua justiça, os que crêem constituem-se justos, aplicando-se-lhes o mérito de
Cristo de tal maneira que são considerados como justos diante dos olhos de Deus.

Esta concepção foi adotada pela maioria da igreja protestante antiga e atual.
Embora existam várias críticas a essa teoria.

11
CULBERTSON, Paul T. WILEY, H. Orton. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena
Publicadora, 1990. Pg.260
A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO
A extensão da expiação tem sido objeto de debate durante um grande período da
caminhada da igreja na terra. A pergunta, Por quem Jesus morreu? É, sem sombra de
dúvidas, uma das mais debatidas e, talvez, uma das mais importantes perguntas a serem
respondidas.

Duas respostas têm sido oferecidas a essa pergunta. A primeira delas é que a
expiação é Universal ou ilimitada, essa tem sido a posição majoritária nos pais da igreja
e é defendida pelos arminianos, seguidores do entendimento soteriológico do teólogo
holandês Jacó Arminio (1560-1609). Já a segunda resposta oferecida é a de que a expiação
de Cristo foi somente para os eleitos, ou seja, ela é limitada, essa perspectiva é defendida
pela MAIORIA dos calvinistas. Embora exista um intenso debate dentro do próprio
calvinismo sobre se Calvino de fato ensinou uma expiação limitada.

A declaração de fé das Assembleia de Deus disserta da seguinte forma a esse


respeito.
“Cremos que Deus aceitou a morte de seu
filho Jesus como expiação pelos nossos
pecados (Hb 10.12) [...] Jesus é a
propiciação pelos pecados do MUNDO
INTEIRO. [...] Deus proveu a salvação para
todas as pessoas, mas essa salvação aplica-se
somente àquelas que creem (Rm 3.22).12

Podemos ver que a declaração corrobora com a resposta presente do sistema


soteriológico conhecido como arminianismo. Ele efetivamente declara que a expiação foi
para toda a humanida, ou seja, ela é ilimitada quanto a sua “oferta”. Em seguida ela
complementa que sua “aplicabilidade” se dá aos que creem.
Sobre a expiação Arminio declara:

“...as escrituras dizem, de maneira


extremamente clara e em muitas passagens,
que Cristo morreu por todos, pela vida do
mundo, e isso pela ordem e pela graça de
Deus”

Quando falamos de uma Expiação Ilimitada, vem logo a mente de alguns que o
fato dela ser “universal” (outro nome dado é Redenção Universal), logo toda a
humanidade deve ser salva. Esse é um ledo engano, aliás tanto o universalismo como a
expiação limitada, fazem parte de sistemas deterministas, ou seja, eles excluem a
condicionalidade da fé e do arrependimento. Portanto, quando falamos de expiação
ilimitada, isto não quer dizer que toda a humanidade se salvará incondicionalmente, mas

12
SOARES, Esequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017. Pg.
61,113.
apenas que a oferta sacrificial de Cristo satisfez as pretensões da lei divina, de maneira
que tornou a salvação possível para todos.

Os opositores desse entendimento, normalmente, usam versículos que tomados de


forma isolada parecem apoiar tal ideia. Em outros casos é necessário fazer inferências a
fim de que o texto coadune com a ideia já pré-concebida. Segue-se alguns exemplos, que
por motivo de espaço e tempo serão poucos.

“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque
são teus”. (João 17:9)

O texto acima é utilizado no intuito de asseverar a atenção especial de Cristo pelos


discípulos. Logo, pressupõe-se que essa atenção especial de Cristo se dá pelo fato de os
discípulos serem eleitos e ao restante ou o mundo lhe é imputado meramente a punição,
porém se lermos atentamente o texto veremos que uma das coisas que Cristo pede é que
seus discípulos guardem a união e isso com um propósito, “Para que todos sejam um,
como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, PARA QUE
O MUNDO CREIA QUE TU ME ENVIASTE. (João 17:21)

“Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, E DOU A


MINHA VIDA PELAS OVELHAS.” (João 10:15)

“Ninguém tem maior amor do que este, de DAR ALGUÉM A SUA VIDA
PELOS SEUS AMIGOS.” (João 15:13)

Os dois textos acima têm sido muito citados a fim de comprovar que a morte de
Cristo foi efetuada apenas por “seus amigos” e por “suas ovelhas.” Porém, tal
interpretação não é coerente, pois temos aí o que chamamos de falácia da inferência
negativa, que é pegar uma argumentação positiva e propor uma conclusão negativa. Num
exemplo mais simples, quando eu digo: Gosto de arroz. Alguém conclui que eu NÃO
gosto de feijão.

Por outro lado, há inúmeros versículos enfatizado que a obra expiatória de Cristo
visou proporcionar salvação a todos os homens. Isso tem sido enfatizado não somente na
Bíblia, mas também através dos pais da igreja e também por uma série de calvinistas,
chamados de calvinistas de quatro pontos.

“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro
de Deus, QUE TIRA O PECADO DO MUNDO.” (João 1:29)

Calvino comentando esse texto declara que quando João Batista diz: “o pecado do
mundo, ele estende essa benevolência indiscriminadamente a toda raça humana”.13

13
CALVINO, João. O evangelho segundo João – Volume 1. São José dos Campos: Editora FIEL, 2015. Pg.
68
“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.”
(Romanos 5:6)

“Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que
todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:3,4)

“Porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus


vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis.” (1 Timóteo 4:10)

“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas
é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos
venham a arrepender-se.” (2 Pedro 3:9)

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém
pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
(1 João 2:1,2)

Além do apoio escriturístico, a expiação ilimitada foi defendida e ensinada pelos


pais da igreja. Alguns exemplos são:

Clemente de Alexandria
“Cristo livremente traz ... salvação para toda humanidade”. (Pedagogo, cap 11)

João Crisóstomo
“De modo que, pela graça de Deus, experimentou a morte em benefício de todos.”
(Sobre a carta aos hebreus 4)

Cirilo de Alexandria
“[...] a morte de uma só carne é suficiente para o resgate de toda a raça humana,
pois ela pertenceu ao Logos, gerado de Deus, o pai”.14

CONCLUSÃO
A obra expiatória de Cristo providencia salvação e remissão dos pecados a todas
as pessoas, conforme declara a palavra de Deus. Esse entendimento é o que tem motivado
inúmeros cristãos piedosos em todas as épocas a pregarem o amor de Deus a toda criatura.
O zelo evangelístico depende do nosso entendimento da obra de Cristo. Seu amor nos
alcançou estando nós, ainda, mortos em delitos e pecados. De fato, cremos que nem todos
os homens serão salvos, mas isso, entendemos que, não se dá porque o amor de Cristo foi
demonstrado somente a um grupo de pessoas, mas porque a dureza do coração humano
os impedem de deixarem-se “cair” nos braços daquele que fez a maior declaração de

14
Para mais citações dos pais da igreja acerca da Expiação Ilimitada ver: VAILATTI, Carlos Augusto.
Expiação Ilimitada. São Paulo: Editora Reflexão, 2015.
amor, a saber Jesus Cristo, aquele que é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

É por saber que Jesus possibilita salvação a todos que podemos cantar com toda
sinceridade: “Oh! por que Jesus me ama? / Eu não posso t'explicar! / Mas, a ti também te
chama, / Pois deseja te salvar!

BIBLIOGRAFIA
CALVINO, João. O evangelho segundo João – Volume 1. São José dos Campos: Editora
FIEL, 2015.
ERICKSON, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997

COOPER, Tim. John Owen, Richard Baxter and the Formation of Nonconformity.
Ashgate Publisher, 2013

CULBERTSON, Paul T. WILEY, H. Orton. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo:


Casa Nazarena Publicadora, 1990.
OLSON. Roger. Contra o Calvinismo. São Paulo: Editora Reflexão, 2013.

POMMERENING, Claiton Ivan. A obra da salvação – Jesus Cristo é o caminho, a


verdade e a vida. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

ROLDAN, Alberto Fernando. Para que serve a teologia – Método, História e Pós-
modernidade. Curitiba: Descoberta, 2000.

SOARES, Esequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro:


CPAD, 2017.

____________. A razão da nossa fé – Assim cremos, assim vivemos. Rio de Janeiro:


CPAD, 2017.
TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: ASTE, 2000.
VAILATTI, Carlos Augusto. Expiação Ilimitada. São Paulo: Editora Reflexão, 2015.

WYNKOOP, Mildred B. Fundamentos da Teologia Armínio-Wesleyana. Campinas:


Casa Nazarena Publicadora, 2004.

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