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Assim, toda a educação das mulheres deve ser relativa ao homem. Serem
úteis, serem agradáveis a eles e honradas, educa-los jovens, cuidar deles
grandes, aconselhá-los, consolá-los, tornar-lhes a vida mais agradável e
doce; eis os deveres das mulheres em todos os tempos e o que lhes devemos RECENTES
ensinar já na sua infância. Enquanto não remontarmos a esse princípio,
"Moro trata as milícias de forma
afastaremo-nos do objetivo e todos os preceptores que lhes derem servirão de
super cial"...
nada nem para sua felicidade nem para a nossa. 7 de fevereiro de 2019
E aí meu segundo ponto: tal qual a rmaram Sadker e Sadker (1994), mesmo
“estando na mesma sala de aula, lendo os mesmos livros, ouvindo o mesmo
professor, meninos e meninas recebem educações diferentes” – a sala de aula
envolve estruturas de poder para além da entre professor-alunos (BRISKIN;;
COULTER, 1992) que não são neutralizadas apenas pela desconsideração da
existência da questão de gênero (WILLIANS, 1991) e por iniciativas de
promoção da pesquisa por mulheres. Em Stanford, instituição que faz parte da
Ivy League nos EUA, foi realizado um estudo entre 1989 e 1992 para analisar a
condição das alunas no campus da universidade. Os resultados concluíram que
as alunas são, muitas vezes, ignoradas, interrompidas em seus discursos e não
recebem o mesmo tipo de atenção nem da sala nem do professor. Também em
Harvard, outra instituição da Ivy League, um estudo foi conduzido a respeito.
Além de resultados similares, a pesquisa evidenciou que, em muitos casos, as
calouras eram tratadas não como estudantes, mas possíveis alvos de
encontros amorosos pelos professores assistentes (KRUPNICH, 1985). Como
resultado, as alunas se sentiam diminuídas, fragilizadas, minimizadas e
ignoradas num modelo de ensino preponderantemente centrado no
comportamento masculino, entendido como o padrão ao qual elas deveriam se
encaixar – e não o contrário (ROMANO, 1994).
É fácil entender em termos teóricos o que isso diz e concordar com a lósofa,
difícil é interpretar os sinais desta socialização na prática. Recentemente fui
convidada pelo professor responsável pela disciplina de Teoria das Relações
Internacionais do IRI-USP a ministrar parte da aula sobre feminismo, pois as
alunas do Coletivo feminista da instituição lhe haviam pedido isso. Aceitei com
prazer e montei uma aula com a crítica do sujeito liberal que se encerrava com
a aplicação de um exercício. Acompanhei um grupo com cinco integrantes, dos
quais apenas um era homem. Este, em nenhum momento, pediu licença para
se manifestar ou demonstrou qualquer dúvida sobre a importância do seu
discurso. Já uma das alunas pedia desculpas a cada frase que ela iniciava e
repetia ao nal que não sabia se o que falava era importante. Se eu não tenho
conhecimento do processo de socialização da mulher, tomo o comportamento
da aluna como falta de preparo, como uma de ciência que a aluna,
individualmente, deve superar e afasto de mim a responsabilidade de
colaborar para a construção de um sistema no qual ela não sinta a necessidade
de se desculpar por se manifestar. Este comportamento não é um caso isolado
na minha experiência como professora.
Referências
CODE, L.. What Can She Know? Feminist Theory and the Construction of
Knowledge. Ithaca: Cornell University Press, 1991.
KRUPNICK, C.. Women and Men in the Classroom: Inequality and Its
Remedies. On Teaching and Learning: The Journal of the Harvard-Danforth
Center, p. 19-25, 1985.
SADKER, D.; SADKER, M. Failing at Fairness: How Our Schools Cheat Girls.
Toronto: Simon & Schuster, 1994.