Obviamente, alguns Gestalt-Terapeutas enfatizam mais algu-
‘mas das questdes anteriormente mencionadas em detrimento de
outras; no entanto, este me parece ser o panorama geral da Ges
Terapia 30 anos depois de sua eclosi
anos depois de sua eclosio no Bri
10 nos Estados Unidos e 25
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‘Gestolt- Therapy Dialogic Metho
NNeurose, Munchen, Pfeifer Verlog,
22
‘AO DE
CONTTEXTO ASSOCIAC/
PSICODRAMA 00 PARANA
nae
O PSICODRAMA NO BRASIL
Sergio Perazzo*Estou diante de uma tarefa dificil que é a de falar durante
apenas meia hora sobre tudo 0 que aconteceu no cendrio psico-
dramatico brasileiro nestes tltimos 25 anos. Na verdade, eu teria
que me reportar & histéria do psicodrama a partir de Moreno, in-
cluindo a histéria da cria¢o cientifica pés-moreniana, Eu teria
que tragar um esboco dos caminhos do psicodrama no Brasil, te-
ria que discorrer sobre a minha trajetéria pessoal como psicodra-
matista e a evolucao do pensamento e de toda a producio cienti-
ica brasileira neste periodo de mais de duas décadas.
Moreno criow o psicodrama em 1921, ¢ seu desdobramento
compreende varias fases. O bergo desta criagao e que lana as ba
ria da espontaneidade-criatividade, é o seu contato ¢ ob-
servacdo de jogos infantis nos jardins de Viena, em que as crian-
as criam personagens e enredos para suas brincadeiras. Moreno
transpée esta experiéncia para o seu Teatro Espontaneo, em que
6s atores criam uma pega no préprio momento em que a repre-
sentam, subvertendo as regras do teatro tradicional
As possibilidades terapeuticas deste Teatro Espontaneo con-
tadas ¢ recontadas tantas vezes, que acaba se transformando no
Teatro Terapéutico, sAo descobertas por acaso, quando, numa das
+ Protestor-supervsor da Sociedade de Prisodrama de Sto Paulo
25representacdes do Teatro Esponténeo em Viena, uma das pessoas
presentes, que havia se casado com uma das atrizes, diz a More-
no que 0s papéis doces ¢ liricos que ela comumente representava
nao correspondiam a realidade de sua vida dentro de casa. Na ver~
dade, tratava-se de uma mulher infeliz ¢ agressiva.
Moreno teve, entéo, a idéia de fazé-la representar, no palco
de seu Teatro Espontaneo, papéis de vild, de prostituta, de mal-
vada e, para sua surpresa, a situaco do casal comegou a melho-
rar no seu cotidiano. A partir deste episédio, ele propde aos dois
que representem as situagdes conjugais vividas por eles no Teatro
Espontaneo. Moreno percebe que essas dramatizagdes de Jorge
Barbara acabam fazendo com que a platéia se emocione muito
mais do que com as outras representacdes espontineas. Pode ob-
servar, portanto, os efeitos teraputicos de seu Teatro Esponta-
neo, tanto nos atores como no ptiblico. Foi esta a origem do psi
codrama, relatada pelo préprio Moreno.
A fase seguinte é aquela em que Moreno comega a descobrir
iades do grupo, criando a terapia de grupo e lancan-
ymetria.
€ anos de desenvolvimento da sociometria, inclusa como um ca-
pitulo de uma cigncia a que chamou de Socionomia. Fica claro,
neste momento, que Moreno acaba direcionando suas descober-
tas para um patamar que nao se situa nem simplesmente no so-
cial, nem simplesmente no psicol6gico, procurando fazer uma jun-
do entre as duas ordens de coisas. E justamente nesta esfera inter-
relacional que o psicodrama acaba se fundamentando, e é por ai
que ele desenvolve todo um projeto cientifico que mais tarde vai
se consolidar, na iltima fase de sua vida, com suas tiltimas obras,
Moreno é o grande criador de um método de ago revolucio-
nario, que levanta tantas questes e tantas variéveis, muito mais
numerosas que as possibilidades de sistematizé-las satisfatoriamente
e de publicé-las durante sua vida. A criagdo sobrepassa o criador.
psicodrama chega 20 Brasil em fins dos-anas sessenta, €
bem na época em que me formei em medicina e enveredei pela
26
gastrenterologia, como especi inicio de carreira
Neste viés de histéria pessoal, viviamos todos uma grande efer-
a tica, que ia dos movimentos estudantis
dasassembléias até a bossa-nova ¢ o cinema novo. Epoca rica de
es e contradigdes. Definia-se uma palavra de ordem nas
plendrias €, no momento seguinte, cantava-sc 0 amor, 0 sorriso
€ flor no patio da faculdade ao som de um violaozinho “light”
Em 1964 eu freqiientava os bancos da faculdade durante a
semana € servia o exército no CPOR aos domingos. No fim de
semana apéso 1° de abril, nés estudantes de medicina em forma-
40 militar no patio da caserna, ouvimos uma reprimenda do co-
mandante porque nao fomos capazes de, nem ao menos, telefo-
nar para o quartel no meio da semana quando acontecia uma re-
volugdo. Nao éramos patriotas, porque nem sequer procuramos
saber se éramos necessarios A defesa da patria. O comandante,
€ claro, nem mesmo se perguntava de que lado queriamos ficar.
Ao mesmo tempo em que isso acontecia, nas quartas-feiras,
‘em nossos plantdes nos hospitais de pronto-socorro, saiamos de
ambulancia para atender aos feridos das passeatas estudantis.
Abriamos as portas traseiras e as ambulncias se enchiam de nos-
sos colegas fugitivos da PM, que levavamos de carona até o quar-
teirdo seguinte. Acabei me formando trés dias depois do AIS. Nos
bastidores do teatro, no dia da colagdo de grau, um agente do
DOPS garantia a censura do discurso, até mesmo um tanto ingé-
nuo e.exaltado, do orador da turma,
Safamos em passeata pelos direitos colocados por terra pelos
militares e politicos seus aliados, e dangévamos nos bailes — de
terno e gravata ou “‘smoking”” e vestidos de organdi ou tafetd e
salto alto — a selero completa dos standards americanos das gran-
des orquestras. Nao foi d-toa que muitos anos depois, na ocasiao
da anistia, os exilados que pertenceram as organizagées clandes-
tinas daquela época foram comemorar a sua volta com um sam-
ba rasgado no Clube de Regatas Flamengo, fato este patrulhado
pela imprensa, muito mais radical que os préprios radicais. Seré
que neste tempo todo transcorrido, também desaprendemos o que
é dancar?
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