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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA


1ª VARA CÍVEL DE CURITIBA - PROJUDI
Rua Cândido de Abreu, 535 - Centro Cívico - Curitiba/PR

Autos nº. 0033559-36.2014.8.16.0001

Processo:0033559-36.2014.8.16.0001
Classe Processual:Procedimento Comum
Assunto Principal:Usucapião Extraordinária
Valor da Causa: R$80.000,00
Autor(s): Ingrid Oliveira de Almeida
Rodolfo Diegues Guidini representado(a) por Cezar Rodrigo Moreira
Réu(s): BERNARDINO ROGOSKI
CECÍLIA GOMES
JOAQUIM CHAGAS FILHO
JOÃO GOMES
LUIZ ANTONIO DE SIQUEIRA
MARIA ALEXANDRA ROGOSKI

I – RELATÓRIO

RODOLFO DIEGUES GUIDINI e INGRID OLIVEIRA DE ALMEIDA GUIDINI


ajuizaram a presente ação de usucapião em face de CECÍLIA GOMES, JOÃO GOMES,
BERNARDINO ROGOSKI, MARIA ALEXANDRA ROGOSKI, JOAQUIM CHAGAS FILHO e LUIZ ANTONIO
DE SIQUEIRA, aduzindo, em síntese, que adquiriram há mais de 15 (quinze) anos a posse
mansa, pacífica e ininterrupta do imóvel de 330m² situado nesta Comarca, mais
especificamente na rua Pintanguá, nº 28, planta Jardim Lendário, bairro São Braz.

Relatam que o imóvel usucapiendo está na posse dos requeridos há mais de


40 (quarenta) anos, mas que, no entanto, não há conhecimento do paradeiro destes.

Ao final, requerem as benesses da justiça gratuita, bem como seja


declarada a aquisição do domínio do imóvel, a qual constituirá título para registro no ofício
imobiliário competente. Juntam documentos (seq. 1.2/1.12).

A decisão inicial de seq. 7.1 concede a justiça gratuita e determina a


realização dos atos necessárias para o seguimento do feito.

Foram intimadas as Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal, que


informaram não terem interesse na ação (seq. 26.1, 23.1 e 28.1, respectivamente).

Foi expedido edital de citação dos réus incertos e desconhecidos, bem como
de eventuais interessados (seq. 10.1).

Citados (seq. 81.1), os confinantes e confrontantes não apresentaram


contestação, conforme certificado à seq. 92.1.
Citados por edital, os réus apresentaram contestação por negativa geral,
por intermédio de curadora especial, no bojo do qual alegam, preliminarmente, a nulidade da
citação por edital, eis que não esgotados todos os meios de localização (seq. 128.1).

Em sede de réplica, são repisados os mesmos argumentos expostos na


exordial (seq. 130.1).

Instadas as partes a especificarem as provas que pretendiam produzir (seq.


131.1), as partes manifestaram o desinteresse em novas provas e requereram o julgamento
antecipado (seq. 146.1 e 154.1).

A decisão saneadora de seq. 157.1 afasta a preliminar suscitada, reputando


válida a citação editalícia, bem como fixa os pontos controvertidos e determina a produção de
prova oral. O decisum de seq. 184.1 determina aos autores que comprovem a posse mansa,
pacífica e ininterrupta do imóvel por meio da oitiva de no mínimo 03 (três) testemunhas perante
qualquer Tabelião (extrajudicialmente) onde se localiza o imóvel, o qual deverá exigir
comprovante de residência e demais exigências necessárias.

Os autores encartam ao feito as declarações das testemunhas (seq.


208.2/208.4).

A deliberação de seq. 210.1 declara encerrada a instrução processual e


registra a fase decisória.

Vieram os autos conclusos.

É o relatório.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação de usucapião em que pretendem os autores a declaração


de domínio do imóvel objeto dos autos.

Ressalta-se que a presente demanda foi ajuizada anteriormente à entrada


em vigor do novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), de modo que para análise das
questões é necessária a adequação ao novo regramento vigente (art. 14, CPC/2015).

- Da posse

Alegam os requerentes da ação de usucapião que são os legítimos


possuidores há muitos anos do imóvel localizado à rua Pitanguá, nº 28, Planta Jardim Lendário,
Bairro São Braz, desta Comarca.

Pois bem.
Antes de entrar propriamente no mérito, convém tecer breves comentários
acerca do instituto ora em análise.

Quanto à posse “ad usucapionem”, sem dúvida o mais importante dos


requisitos que ensejam a usucapião, Carlos Roberto Gonçalves leciona que:

"Posse ad usucapionem é a que contém os requisitos exigidos pelos arts.


1238 a 1242 do Código Civil, sendo o primeiro deles o ânimo de dono
(animus domini ou animus rem sibi habendi). Requer-se, de um lado atitude
ativa do possuidor que exerce os poderes inerentes à propriedade; e, de
outro, atitude passiva do proprietário, que, com sua omissão, colabora para
que determinada situação de fato se alongue no tempo. Exigem os aludidos
dispositivos, com efeito, que o usucapiente possua o imóvel" como seu ""
(Direito Civil Brasileiro – vol. 5, Editora Saraiva, 5ª ed.,p. 280)".

Seus pressupostos são a coisa hábil (res habilis) ou suscetível de usucapião,


posse (possessio), decurso do tempo (tempus), justo título (titulus) e boa-fé (fides). O
doutrinador assevera que os três primeiros requisitos são indispensáveis e exigidos em todas as
espécies de usucapião. O justo título e a boa-fé somente são reclamados na usucapião
ordinária.

Com efeito, analisando-se a exordial, infere-se que os autores alegam


estarem na posse no bem imóvel há mais de 15 (quinze) anos, é inclusive o que demonstram as
declarações de testemunhas de seq. 1.10.

Logo, considerando a regra de transição do artigo 2028 do Código Civil atual


[1], aplicável à espécie os prazos da lei anterior, mais precisamente o previsto no artigo 1.238,
haja vista que, entre a data do início da alegada posse e a entrada em vigor do novo Código
Civil (janeiro de 2003), não havia transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei
revogada.

Reza o mencionado dispositivo legal:

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição,
possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim
o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório
de Registro de Imóveis.

Assim, há que se verificar se de fato, o autor é legítimo possuidor do imóvel


pelo período afirmado.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos
se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

O autor declarou na inicial que reside no imóvel que pretende usucapir


desde a aquisição, de modo que, comprovada tal condição, o prazo aquisitivo é reduzido para
10 (dez) anos.

Logo, ao examinar as provas produzidas nesses autos, verifico que os


confrontantes, confinantes e possíveis interessados não impugnaram que o requerente ocupa o
imóvel usucapiendo ao menos há mais de 10 (dez) anos, bem como que nele residiu por todo
este período.

Não bastasse, do exame das declarações de seq. 208.2/208.4, se extrai a


convicção que as testemunhas ISAURA PERES OCANHA, MARIA DE LOURDES FLOR e JANE
ESCOLE PICHECKI confirmaram que os autores residem no imóvel há cerca de 20 (vinte) anos.
Também as declarações prestadas certificam a inexistência de oposição à posse dos
demandantes.

Assim, uma vez configurados os requisitos legais do art. 1.238 do Código


Civil, dúvida não há de que os requerentes fazem jus ao pedido de usucapião.

Logo, considerando que as Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal


informaram não terem interesse na ação (seq. 26.1, 23.1 e 28.1) e, finalmente considerando
que estão presentes os requisitos legais exigidos para o reconhecimento da aquisição da
propriedade, não resta alternativa senão a procedência do pedido exordial.

Em similar sentido, confira-se a recente orientação jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO (BENS IMÓVEIS). AÇÃO DE USUCAPIÃO.


MODALIDADE APLICÁVEL: EXTRAORDINÁRIA DO ART. 550 DO CCB/1916.
TRANSMUTAÇÃO DO CARÁTER DA POSSE VERIFICADA. ANIMUS DOMINI
PRESENTE DURANTE O PERÍODO AQUISITIVO (1984 A 2004). POSSIBILIDADE
DE CONTAGEM DO PRAZO NO CURSO DA DEMANDA. POSSE MANSA,
PACÍFICA E ININTERRUPTA, PORQUE AUSENTE QUALQUER OPOSIÇÃO POR
PARTE DO PROPRIETÁRIO. REQUISITOS PREENCHIDOS. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. SUCUMBÊNCIA A CARGO DOS USUCAPIENTES CONFORME O
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. 1 Modalidade aplicável: Hipótese em que deve
ser aplicada a usucapião em sua modalidade extraordinária prevista no art.
550 do Código Civil de 1916. 2 Detenção, transmutação do caráter da posse
e animus domini: 2.1 A respeito do animus domini, deve-se, por primeiro,
identificar a causa possessionis (como se operou a imissão na posse) e,
após, verificar se existem ou não obstáculos objetivos, que são a detenção
ou a posse direta (relação de locação, comodato ou usufruto, por exemplo).
A inexistência de obstáculos objetivos gera presunção positiva do animus
domini. (...) (TJ-RS - AC: 70074174251 RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Data
de Julgamento: 19/10/2017, Décima Sétima Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 25/10/2017). (grifei)
III – DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fulcro artigo 487, inciso I do CPC/2015, JULGO


PROCEDENTE o pedido formulado por RODOLFO DIEGUES GUIDINI e INGRID OLIVEIRA DE
ALMEIDA GUIDINI em desfavor de CECÍLIA GOMES, JOÃO GOMES, BERNARDINO ROGOSKI, MARIA
ALEXANDRA ROGOSKI, JOAQUIM CHAGAS FILHO e LUIZ ANTONIO DE SIQUEIRA, pelo que declaro
o domínio dos autores sobre o imóvel inicialmente descrito, com características, medidas e
confrontações constantes do mapa e memorial descritivo que ficam fazendo parte integrante
desta decisão.

Custas pelo autor, devendo ser observada a suspensão da exigibilidade


diante da concessão da benesse da justiça gratuita à seq. 7.1, nos termos do art. 98, § 3º do
CPC/2015. Sem honorários ante a inexistência de pretensão resistida.

Transitada em julgado, expeça-se mandado para inscrição da presente


sentença na Circunscrição Imobiliária, para que inclusive promova a abertura de matrícula
individualizada, com cópia do mapa e memorial mencionados, observando o oficial a norma
contida no art. 225, da Lei nº 6.015, de 31.12.73, no Código de Normas da E. Corregedoria Geral
da Justiça e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie.

Após, nada mais sendo requerido, arquivem-se os autos, com as baixas


necessárias.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Curitiba, data da assinatura digital.

Débora Demarchi Mendes de Melo

Juíza de Direito Substituta

III

[1] Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido
mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.

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