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MERQUIOR
o
Liberalismo
Antigo e Moderno
Claude Lévj-Strauss
320.51
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ERNEST GELLNER
ProfeSsor
Cambridge Universicy
JOHN A. HALL
Profcs5or ele S()(iolo~ía
Ihrvard LJnivn5ity
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--
EDITORA
NOVA
FRONTEIRA
SEMPRE
UM BOM
LIVRO
Sumário
1 D e fin iç õ e s e p o n to s d e p a r t i d a ............................................ 15
Liberalismo....................................................................................... 15
Liberdade e autonom ia................................................................... 21
Três escolas de p ensam ento.......................................................... 27
O indivíduo e o Hslado................................................................... '>2
C.oiichtMio...................................................................................................
Cronologia....................................... ;.........................................................
Notas e, referências bibliográficas.... :..........................................................
Leitura complementar......................í.........................................................
Índice..........................................................................................................
Prefácio
Merquior; o liberista
a c u m u la d a lh e p e r m i t i r i a d e s e n h a r c m tã o p o u c o t e m p o esse c atc-
d r a le s c o m u r a l q u e d e s c re v e a lo n g a e x ig u c z a g u e a n le p e r e g r in a ç ã o
7
2 0 liberalismo - anligo e moderno
R o b erto C am pos
Rio d e J a n e iro , m aio de 1991
1
L iberalism o
15
16 0 liberalismo - antigo e modemo
| |
Liberdade e a utonom ia
T ip o s de a u to n o m ia *
T ipos de liberdade
Inglaterra
F rança
A le m a n h a \
0 indivíduo e o Es lado
35
36 O liberalismo - antigo e. moderno
D ireitos e m odernidade
n á rio s c o n c o r d a r ia m co m a n o ssa e q u a ç ã o d e m o d e r n id a d e e
lib e rd a d e , m as a julgavam em te rm o s fo rte m e n te d erro g a tó rio s.
Mas outros, até m e sm o p ro testa n te s fiéis, viram a R e fo rm a não
c o m o in icia d o ra d a m o d e rn id a d e , mas, n o m áxim o, co m o u m im
p o r ta n te a n tep assa d o d a m esm a. H egel foi u m e x e m p lo típico e
d e g r a n d e in flu ê n cia. P a ra H eg e l, o c ristian ism o , c o m a su a
m etafísica d a alm a, foi o b e rç o h istó rico d o p rin c íp io d a indivi
dualidade. A lib erd ad e g rega fora u m a con quista gloriosa, mas não
desenvolveu a individualidade h u m a n a . A R e fo rm a tro u x e consi
go u m a fo rte afirm ação d a consciência individual, disse Hegel, mas
m e sm o n o O c id e n te cristão a lib e rd a d e c o m o individualidade não
alcan çou u m a fo rm a ativa até a R evolução e N a p o leã o . Foi e n tão
q u e a “so ciedade civil” c o m p o sta p o r indivíduos m u n d a n a m e n te
in d e p e n d e n te s re c e b e u sua legitim ação a p ro p ria d a , m ais visivel
m e n te n o C ó d ig o d e N ap o le ã o , o d ir e ito civil d a E u r o p a pós-
revolucionária. A ntes d a q u ele m o m e n to , a individualidade, a for
ça m o to r a na c u ltu ra da m o d e r n id a d e , vivera p o r m u ito te m p o
co m o u m a crisálida. Portanto, o divisor d e águas m o d e rn o n ã o fora
ta n to 1500 q u a n to 1800 — u m d eslo c a m e n to considerável.
O te m a p ro te s ta n te d a inviolabilidade d e consciência foi u m a
c ontrib uição p o d e r o s a e sem inal p a ra o cred o liberal. Mas será que
n a h istó ria das instituições liberais o vínculo e n tre consciência e
lib e rd a d e e r a tão r e to e d ireto ? As seitas p ro te s ta n te s q u e sus
ten tav am a lib e rd a d e d e consciência d ia n te d a in transig ência ca
tólica re c a ía m m u itas vezes, elas p r ó p ria s , n a in to le râ n c ia e n a
re p re ssã o . A m o r te n a fo g u e ira d o m é d ic o M iguel S erv etu s n a
C.enebra c:\lvi nista (1553) to rn o u -se tuna arnsc râlrbtr d o f u r o r
p ro te sta n te co n tra a heresia; d e p r o n to , a persegu ição e n tr o u em
prática, c o m o E rasm o triste m e n te previra, e m am b o s os cam pos,
a R e fo rm a e a C o n tra -R e fo rm a . C o m p re e n s iv e lm e n te , o p e n s a
m e n to político d e v a n g u ard a re sp e ito u p o r u m te m p o a lib erd ad e
religiosa, e m b o ra tem esse ta n to o fanatism o co m o te m ia o p o d e r
— o te m p o q u e se a lo n g o u d e R ic h a rd H o o k e r (1 5 5 4 -1 6 0 0 ), o
■?<S O liberalismo - aruigu v nioae.ino
A principal f o r ç a na I c g it im a ç a o c o n c e i t u a i da m o d e rn a id é ia de
d ireitos foi a m o d e rn iza ç ão d a teoria d e direito natural. A noção
d e u m d ireito n a tu ra l era m u ito antiga. P o d eria ser e n c o n tr a d a n a
filosofia estóica, nas obras d e C ícero (n o ta d a m e n te De republica e
Dc. officiis), na jurisp ru d ên cia im perial ro m a n a (n o ta d a m e n te Claio
e U lpiano), e nos p a d re s d a Igreja. A c o n te n ç ã o básica d a teoria
d o d ire ito n a tu ra l é a d e q u e existe u m a lei mais alta, “u m a razão
reta (recta ralio) se g u n d o a n a tu r e z a ”, co m o disse C ícero (em De,
republica, livro 3, cap. 22). Essa ra zã o tã o im u táv el a p lic a d a ao
c o m a n d o e p ro ib iç ã o é “d ire ito ” p o r q u e p e rm ite às pessoas dife
re n c ia r o b e m d o m al c o n su lta n d o n ã o mais d o q u e suas cabeças e
40 0 liberalismo - antigo e moderno
Conclusão
0 legado do Iluminismo
P en sa m en to histórico e econômico
Progresso e liberismo
R o m a n tism o
Goya, B e e th o v e n e S te n d h a l n ã o fo ra m ro m â n tic o s, m as to d o s
co n stitu íra m forças principais n a cu n h a g e m d o ro m a n tism o . N a
França, a escola rom â n tica nasceu a la d a à política légilimisle ou de
R eslauração. O g r a n d e crítico Sainte-Betive e sc re v ru q u e o ro
m a n tism o é o m o n a rq u is m o e m política. C o n tu d o , d e u m p o n to
d e vista e u ro p e u , V ictor H u g o ac e rto u mais q u a n d o d e c la ro u q u e
o ro m a n tism o e ra o liberalism o e m literatura. Pois o p ró p rio H u g o
lid e ro u a tra n sfo rm a ç ã o d o r o m a n tism o fra n c ês d e m o n a rq u is m o
a liberalism o d e vanguarda.
O q u e fez com q u e o liberalism o e o ro m a n tis m o se m istu
rassem ? U m e stu d o r e c e n te d e N an cy R o se n b lu m p r o n ta m e n te
r e s p o n d e u q u e foi a experiência e a ap reciação d o individualism o
m o d e rn o . Os dois m o v im en to s coincid iam n o fato d e q u e am bos
acalentavam a in tim id ad e. A im aginação ro m â n tic a só p o d ia flo
rescer d e n tro d e u m p ro fu n d o respeito pelas fantasias pessoais; p o r
isso o r o m a n tism o era. liberalism o em literatura, n a sua desconsi
d eraç ão d o d e c o ro clássico e n a su a subversão d e regras clássicas.
Igualm ente o liberalismo sustentava q u e o d o m ín io pessoal era algo
d e inestim ável em si m esm o e n ã o a p e n a s u m m eio p a ra o u lro
objetivo.31
62 O liberalismo - antigo c moderno
65
O liberalismo - a ntig o e moderno
j
liberal: dem ocracia e libertariánismo.* Jun tos, esses temas essenciais
constituíram u m a defesa d o iiidivíduo não apenas c o n tra o goverUó
opressivo, m as ta m b é m c o n tra in tro m issõ es d e constrangim eritó
social. i |
responsável — a saber, a q u e le q u e se p o d ia c h a m a r a p r e s ta r c o n
tas. E m q u a r to lugar, figurava u m apelo ilu m inista em favor do
p ro g re sso e d o liberism o (ou u m a p re fe rê n c ia pelo liberism o justi
ficada pela c re n ç a n o progresso). A p rim e ira posição whig, o Iati-
tu d in a rism o m oral, e ra e stra n h a ao código d e valores dos re p u b li
can os “cívicos” h a rrin g to n ia n o s. N e m fo ra m a se g u n d a e a q u a rta
dessas posições suste n ta d a s p o r re p u b lic an o s cívicos; e ra m a p enas
individualistas p ela m e ta d e, e basica m en te estavam in o c e n tes de
progressivisino, inclinando-se antes a c o n te m p la r a história co m o
u m a p ro m essa om inosa d e decad ê n c ia m oral e d e declínio político.
Mas n o c o n te x to inglês d a R evolução G loriosa, tão sin g u lar 110
O santo libertário: J o h n S tu a rt M UI
O q u e é whiguismo?*
U m a espécie d e espírito nivelador, ra n c o ro so , racional,
Q u e n u n c a espia pelo o lho d e santo,
O u p e lo o lh o d e u m b ê b ad o .'12
Liberalismos conservadores
109
110 0 liberalismo - antigo e moderno
co m o e ra po litic a m e n te liberal, ta m b é m e ra e c o n o m ic a m e n te m o
d e rn o : n in g u é m m e n o s d o qufe A d a m S m ith elogiou-o p o r sua
p e rfe ita c o m p r e e n s ã o d a econjom ia liberal. B u rk e e r a u m lohig
institucion al da d écada d e 1770, q u e se (o rn a ra tory p o r q u e na
d é c a d a d e 1790 os ‘‘n ovos whigs", c o m o ele os apelidava, e ra m
pessoas co m o Fox, a d m ira d o re s d a Revolução.
' | ^ '
E típico da tendência conservadora cio e spirito d e lin rk e o falo
de q u e ele substituiu u m a ênfasj: histórica n a trad ição inglesa pela
ênfase co sm o p o lita d o Ilu m inism o escocês n o s estágios d a civili
zação.'5 Ele ta m b é m b o to u n o lug ar do d e sp re z o ilum inista whig
pela su perstição u m a rev erência p e la religião. A in d a mais, e m vez;
d e ligar o re fin a m e n to com a ascensão d o com ércio, c o m o o íize-j
ra m os philosophes, B u rk e foi u m cios c ria d o re s d a reavaliação
ro m â n tic a d a fé e d a cavalaria m edievais co m o fatores d a civiliza-;
ção — u m te m a a q u e logo seria c o n fe rid o m u ito b rilh o n a p ro sa
m ágica d o m a io r c o n se rv a d o r liberal, o visconde F rançois-R ené de
C h a te a u b ria n d (1768-1848).
A inclinação d<‘ Burke pela o rto d o x ia religiosa e pela socie
dad e o rg ânica tornou-o um v e rd a d e iro co nserv ado r, unia ve/. qu e
isso significava o p r ó p r io o p o s to d e dois traços p e rs is te n te s n a
c o rre n te principal d o liberalism o, o lalitu d in arism o m oral e o in
dividualismo. Além disso, a nostálgica visão histórica d e Burke não
era equilibrada p o r uma aceitação da d em ocracia. IVIo <<>ni rái ío,
co lo can do u m a c u n h a e n tre re p re s e n ta ç ã o e delegação, Burke lo
g ro u m a n te r seus m o d e lo s p a r la m e n ta ie s se p a ra d o s p o r u m a
g ra n d e distância de exigências radicais e ulilitárias p ara a dem o-
c.rat.izaçao d o p o d e r. Isso p reserv o u seu con serv ad o rism o liberal a
u m a g ra n d e distância d o liberalism o clássico, tan to política co m o
conceitualm cnfc.
B u rk e re a c e n d e u a cha m a d a “antiga c o n stitu iç ã o ”. N ão obs
tante, su ste n to u um conceito an tes flexível, adaptável d a tradição,
a b rin d o esp aço p a ra m udança na continuidade. P rovavelm ente, o
mais fam oso d e seus epigram as ainda é “Um Kslado sem m eios de
Liberalismos covscmadorcs 1l j
pro gresso. Isso a p a re c e u eiri seu célebre co n ceito cie u nia evolu
ção “<]<.' slalu.s a c o n tr a io ”, cx p oslo p rim e ira m e n te em seu livro de
1861, Ancient Law. A h u m a n id a d e , escreveu M aine, evoluíra de um
estad o social em q u e Iodas as relações eram go v ern ad as p o r .sialus
m im a e stru tu ra fam iliar p a ra u m a fase cm q u e o m o d e r n o indivi
d u a lism o p r o s p e r a so b re a p r o p r ie d a d e pessoal. Em Popular
Government (1885), M aine d e p lo ro u a p ersp ectiv a d e u m re tro c e s
so socialista nesse processo d e crescente individualização. Assim,
em M aine e n o u tro s, a rg u m e n to s b u rk ia n o s serviram ao objetivo
n ã o b u r k ia n o <le ind ivid ualism o, e r r a d a m e n te e n c a ra d o c o m o
a m e a ç a d o pela dem ocracia.
As p re o c u p a ç õ e s de lo rd e A cton não eram m tiilo diferentes.
N o b re de gen ealog ia e u ro p é ia , John D alberg, b a rã o A clon, foi
ed u c a d o co m o católico sob a direção d o h isto ria d o r liberal Ignaz
von D ollinger e, cm ú ltim a instância, tornou-se p ro fe sso r régio de
H istó ria em C a m b rid g e . H u m a n ista católico, ele c o m b a te u o
absolutism o papal (q u e foi d e c la ra d o “infalível” pela Santa Sé em
1870) e c o n d e n o u o “m o d e rn o confessionalism o" ju n ta m e n te com
o n a c io n a lism o , u m a te n d ê n c ia iliberal. Mas, c o m o b u rk ia n o ,
c o m b in o u religião, lib e rd a d e e trad ição . Seu a n tin a c io n a lis m o
levou-o a su ste n ta r o federalism o; olh o u n o stalg icam en te p a ra a
Igreja m edieval co m o o b a lu a rte da lib e rd a d e n o m u n d o feudal.
Mas e n q u a n to p a ra o u tro s h isto ria d o re s liberais o federalism o era
a p r ó p r ia g aran tia d e u m a participação política co m o a da polis, o
fed erâlism o d e A cto n foi id e alln en te 'dirigido p a ra uijn p ro p ó sito
m uito diferente; pois devia ser utn obstáculo à dem ocracia m ediante
u m a m ultiplicação whig d e ce n tro s d e p o d e r.'1
Liberalismos cotiservadores 115
espiritualistas e ro m â n tic a s. E m to d o o d e c o r r e r d o re in a d o de
Luís Filipe (1 8 3 0 -1 8 4 8 ), R é m u s a t te n to u fazer co m q u e seu ex-
c o m p a n h e iro o “doclrinaire" G u izot liberalizasse a política d o “rei
b tu g u é.s”. M;i.s falh o u, c a p ro x im o u .we d r seu A d o lp h e
T h iers (17 0 7-1 87 7 ), h isto ria d o r liberal d a Revolução e principal
rival d e G uizot. E m 1840, c o m o m in is tro d o g a b in e te d e c u r ta
d u ra ç ã o d e T hiers, ele d e u o rd e n s p a r a o a p risio n a m e n to d o in
q u ie to so b rin h o d e N ap o leão , Luís N ap o leão , q u e havia te n la d o
e n c e n a r u m golpe.
D epois q u e T h iers, p o r sua vez, lo g ro u p ô r abaixo Luís Filipe
e G u izo t e m 1848, R é m u sa t lid e ro u u m a m u d a n ç a id eológica im
p o rta n te . Pela p r im e ira vez e n tre os liberais franceses, ele ace ito u
o p rin c íp io re p u b lic a n o c o m o u m a f o r m a h istórica d e s o b e ra n ia
nacional. Afinal d e contas, a r g u m e n to u ele, o g o v e rn o re p r e s e n
tativo responsável e ra o q u e mais convinha, seja qual fosse a sua
(p referiv elm en te) v estim en ta m o n á rq u ic a . Assim a rep ú blica, com
o seu potencial d em ocrático, tornou-se aceitável à principal c o rre n te
d o liberalism o o rle a n ista n a França. Isso in iciou u m desenvolvi
m e n to q u e te r m in o u n a dissociação d a re p ú b lic a d o iliberalism o
ja c o b in o . R é m u s a t foi u m a fig u ra chave n a tra n siç ã o liberal d a
m o n a rq u ia c on stitu cio n al ao rep u b lic a n ism o liberal.
A p r ó p r ia re p ú b lic a sucum biu. O p â n ic o b u rg u ê s d ep ois das
d e s o rd e n s d e j u n h o d e 1848 c o n d e n o u o n ov o reg im e e a b riu ca
m in h o p a r a a d ita d u ra im perial. Mas Luís N a p o le ã o estava lon g e
d e p a rtilh a r o c re d o reacio n ário . Ele q u e ria m u ito colocar a glória
b o n a p a rtis ta a serviço d a n o v a fé política — o nacionalism o. Assim,
e m 1859, decidiu fazer b rilh a r seu tro n o arrivista a ju d a n d o C av ou r
(m as n ã o Mazzini) a u n ificar a Itália, a c re s c e n ta n d o nesse p ro c e s
so N ice e S a b ó ia à F ran ça. E m 1860, ele fez c o m q u e M ichel
C hevalier assinasse u m tra ta d o d e livre c o m é rc io c o m a In g laterra,
a p la c a n d o dessa f o r m a o a larm e lo n d rin o d ia n te d o novo ativism o
francês n o c o n tin e n te . L ogo católicos e o u tro s u niram -se à p re s
são liberal p a ra to r n a r o regim e p a rla m e n ta r. C o m o co nseq üên cia,
/28 O liberalismo - antigo e moderno
O m ais sério tra b a lh o h isto rio g ráílco daq ueles ano s (além d e
O antigo regime d e Tocqueville) foi intitu lad o L a Révolution Française,
q u e foi p u b lic a d o p o r u m exilado liberal, E d g a rd Q u in e t (1 8 0 3 -
1875), e m 1865. V ítim a, c o m o seu am ig o M ichelet, d a re p re ssã o
im perial, Q u in e t d esafiou a o p in iã o q u e e n tã o p revalecia d e q u e a
h istó ria m o d e r n a fran cesa e ra a m a rc h a triu n fa n te d a bu rg u esia.
A m a rg u ra d o p e la n ova o n d a d e a u to rita rism o sob N a p o le ã o III,
Q u in e t n ã o q u e ria m o n a rq u ia lib ertad o ra. E ra claro, observou, q u e
a n o b re z a p e r d e r a os seus direitos, m as o p ov o n ã o r e c e b e ra d irei
to algum . P io r d o q u e isso, n o to u ele, o T e rc e iro E stad o francês
p re ju d ic a ra a d em o cracia, ao aliar-se c o m a c o ro a absolutista, to r
n a n d o , d e s d e o inicio, a c o ro a iliberal. Q u in e t a b a lo u o m ito
bislorio gráfico da b urg uesia <• d o liberalism o d e e sq u e rd a p r o n lo
p a ra novas e m e n o s classistas reivindicações, n a m assa d o p e n sa
m e n to rep u b lican o .
Mas o “se g u n d o liberalism o” francês tornou-se c o n se rv a d o r n a
p ro s a ética d e u m dos m ais lidos p e n s a d o re s d o século, E rn e st
R e n a n (1 823-1892). T a m b é m nascido d e u m a família h u m ild e n a
B retan ha, e e d u c a d o co m o u m orientalista, R e n a n q u a se to m o u
o rd e n s m as p e r d e u a fé. E n tão , te n d o tr a ta d o C risto c o m o u m
h o m e m , u m g u r u e n c a n ta d o r, e m sua Vida cieJesus d e 1863, ele foi
expulso d e sua c á te d ra universitária, p a ra tornar-se u m herói dos
intelectuais e d os livres-pensadores.
R e n a n é algum as vezes descrito c o m o positivista, m as tu d o o
q u e partilhava co m C o m te (cujo estilo lh e desagradava) e ra u m a
neg ação d o so b re n a tu ra l, u m culto d a ciência, c u m a visão d a civi
lização e m três fases. R e n a n co n sid erav a C o m te u m re d u c io n ista
infiel à “infinita v aried ad e da na tu re z a h u m a n a ” e d o lo ro sa m e n te
ignaro d e história e filologia.17 Sua g ra d u a ç ã o ia d e um a ép oca de
fé, seg u in d o p o r u m a d e crítica, a u m a é p o c a final d e “sín te se ”,
q u e e ra a u m te m p o científica e religiosa. O p r o b le m a chave de
R e n a n consistia e m fu n d a m e n ta r a fé, d e p o is d e esvaziar a religião
tradicional. Ele v a rio u e n tre o ceticism o e a nostalgia, sem nad a
130 O liberalismo - antigo e moderno
(*) A palavra: figura, n es se s e n lid o , 110 d ic io n á rio d e L a u d e lin o F re ire. (N. d o 'I'.)
/ >7 () liberalismo - antigo e moderno
e ra u m a f o r m a b r a n d a d o Kulturpessim üm us. A m o d e r n id a d e e ra o
re in o d a racionalização — o c re sc im e n to c o n tín u o , d ifu n d id o de
ra c io n a lid a d e in s tru m e n ta l (a a d a p ta ç ã o ideal “dos fins aos m e io s”
e m ação social), e m c o n tra ste com c o m p o rta m e n to g o v e rn a d o p o r
valores absolutos, tradição, 011 se n tim e n to . Aos olhos d e W e b e r, a
m o d e rn id a d e ta m b é m significava u m crescim ento de racio nalid ade
form al, u m n ú m e r o crescen te d e n o rm a s cuja aplicação exige p e rí
cias específicas. Essa espécie d e perícia e m n o rm as era, ta n to q u a n to
a eficiência, a alm a d o vasto processo social d e burocralização. W e b e r
alim entava graves desconfianças q u a n to à m a rc h a d a racionaliza
ção p o rq u e ela p o d e ria firm a r u m d o m ín io dos m eios sobre os fins,
e n q u a n to a b uro cracia p od eria tra n c a r a so ciedade m o d e r n a n u m a
"gaiola de feiro " dc sei vidao.
C o ntra essa perspectiva gelada, W eber discerniu dois antídotos;
vocação (u m talento) e carism a. R o b ert Eden, n u m exam e m u ito
lúcido d o p e n s a m e n to político d e W eber, acred ita q u e sua ênfase
no “ta le n to ” e ra u m a re sp o sta ao individualism o d e m o n ía c o d e
Nicl/.sche.2r’ O co n ceito d e vocação era, é claro, u m a velha idéia
lu teran a, m as W e b e r conferiu-lhe novo e n c a n to usan do -a p a ra es
b o ç a r u m a dialética e n tr e a in dividualidade e a ascensão d o p ro fis
sionalism o em i i o s s o lem po. Isso la m b e m o habilitou a reconsli-
tuir o e.lhos ascético d a id ad e h e ró ic a d a burguesia, tão b e m re tra
ta d o em su a o b r a mais co nh ecida, A élica protestante e o espírito do
capitalismo ( I 9 0 /l).
E m seus e scrito s políticos ta rd io s, “ta le n to ” e c a rism a são
m isturados, co m o n a clara advertência de “Política co m o vocação”,
publicado e m 1919: “há apenas a opção: dem ocracia com liderança
(1'uhri’rdcmokratie) com a ‘m áq u in a’ (partidária), ou dem ocracia sem
lid e ra n ç a — o u seja, o d o m ín io d os ‘políticos p ro fissio n a is’ sem
u m a vocação, sem as qualidades carismáticas internas que so m ente
elas c o n stitu e m u m líd e r.” A ú n ic a m a n e ira de evitar “o d o m ín io
b u ro crático d e sc o n tro la d o ” era u m a política do carisma, mais bem
exem plificada p o r líderes com o G lad sto ne e Lloyd G eorge. W eber
/ ><S’ O liberalismo - avtigo e modcnw
Croce e Ortega
Conclusão
75/
/ () liberalismo - antigo e mo/lemo
De Kelsen a Keynes:
liberalismo de esquerda no entre guerras
De Kelsen a Keynes:
liberalismo de esquerda no entre guerras
(*) “N o v ilín g u a”: a p e lid o d a d o p o r O n v cll à lin g u a g e m cria d a p elo E studo totalitá
rio d e M il novecentos e oitenta e quatro.
Dos novos liberalismos aos neoliberalismos 183
da e co n o m ia d a Escola d e E co n o m ia d e L o n d re s (o n d e , d e fo rm a
b astante curiosa, a ciência política n a ép o ca estava sob a iníluên-
cia esq u erd ista d e Laski). Em 1944, Hayek, n a d a n d o c o n tra a c o r
ren te, p u b lico u O caminho da servidão, n o qual a cu so u o planeja
m e n to e o E sta d o p re v id e n c iá rio d e le v a re m à tiran ia. K eynes
declarou-se “sim p ático e m te r m o s g e ra is” aos s e n tim e n to s q u e
a nim avam o livro, o q u e a p en a s d e m o n s tra q u ã o p o u c o ele se ti
n h a afastado d o c red o liberal. Mas o p ro g n ó stic o d e H ayek e ra o b
v iam en te m u ito e x agerado. Iro n ic a m e n te , suas p ró p ria s críticas
ulleriores à dem ocracia p o d e m ser in te rp re ta d a s co m o refutação
d a tese d e O caminho. Se a d e m o c ra c ia d e sim p e d id a , c o m o ele
pensa agora, milila co ntra o m ercad o , pelo m e n o s ela obv iam ente
sobreviveu em vez d e p erec er d u ra n te o p io lo n g a d o <resi im ento
d o E stado social.
O livro c o m p leto d e H ayek sobre te o ria política foi p u blicado
em 1960 c om o título Os fundam entos da liberdade. U m tra ta d o n a
fo rm a clássica, ele desafiou a b e rta m e n te a in te rd içã o analítica da
filosofia política. E n q u a d ro u o m e rc a d o e o p ro g re sso n u m a m ol
d u r a evolucionista. H ayek p a rtiu p a ra a p re s e n ta r o m e rc a d o co m o
u m sistem a sem rival de inform ação: preços, salários, lucros altos
e baixos são m ecan ism os q u e d istrib u e m in fo rm a çã o e n tre ag en
tes eco n ô m ico s d e o u tr a fo rm a incapazes d e saber, j á q u e a m assa
colossal d e fatos e c o n o m ic a m e n te significantes está fa d a d a a
escapar-lhes. A intervenção d o Estado é m á p o r q u e faz com q u e a
re d e d e inform ações do sistema de preços em ita sinais enganadores,
além d e re d u z ir o escopo d a ex p erim e n ta ç ã o econôm ica. Q u a n to
ao progresso, este o c o rre através d e u m a m iríad e d e tentativas c
erros feitos pelos seres h u m a n o s, pois a evolução social p ro c e d e
m e d ia n te “a seleção p o r im itação d e instituições e hábitos bem - !
su ce d id o s”.37 G en eralizan d o seu d isc e rn im e n to do papel d o m e r
cado, H ayek su sten to u q u e os p ro b le m as h u m a n o s c o m o um (odo
são de m asia d o com plexos e m utáveis p a ra serem d o m in a d o s de
form a “construtivista” pelo intelecto h u m a n o . Tal racionalism o é
Dos novos liberalismos aos neoliberalismos 191
A r o n e R alf D a h re n d o r f. Talvez p o r se e n g a ja re m a f u n d o e m
política ( D a h re n d o rf literalm ente, e A r o n p o r m eio d e décadas de
jo rn a lis m o político), fo ra m levados a d e s d o b r a r sua o b r a socioló
gica em alguns ensaios, p ro fe ssa n d o a b e rta m e n te o c re d o liberal,
a o qual am b o s fizeram co n trib u içõ e s m u ito im p o rtan tes.
É curiosa a posição d e R a y m o n d A ro n (1 90 5 -1 9 8 3 ) n a histó
ria d o p e n s a m e n to liberal. E m bora sociólogo, A ron era a ltam e n te
crítico d o q u e cham ava dc. sociologismo, a negligência d os aspectos
específicos d a política em teorias q u e afirm am d e te rm in ism o s so
ciais. Em contraste, A ro n salientou q u e a principal diferenciação
e n tre as sociedades m o d e rn a s reside na o rd e m política. T o d a s as
socied ades industriais, assinalou, são m u ito se m e lh a n te s 11 0 nível
cu ltural e n o tipo d e forças produtivas. Elas d ife re m é n o seu siste
m a d e g o v e rn o .50 A ro n n u n c a e sq u ec e u a alternativa p o sta em re
levo p o r seu h e ró i Tocqueville: q u e as so cied ad es d e m o crática s
p o d e m ser gov ernadas seja d e fo rm a livre seja d e fo rm a despótica.
E screvendo c o m o u m M o n te sq u ie u d a so cie d a d e industrial,
A r o n exibe so b e rb a s h ab ilid ad es c o m p ara tistas. D e p o is d e u m a
notável o b ra d e ju v e n tu d e so b re a filosofia d a histó ria (Introduction
à la philosophie critique de VHistoire, 1938), ele d e ix o u sua p rim e ira
m a rc a n o c e n á rio in te rn a c io n a l co m u m a crítica p e n e tr a n te d a
ideologia “progressiva”. Em 0 ópio dos intelectuais (1955), ele ata
co u q u a tro mitos: o m ito d a esq u erd a, o m ito d a revolução, o mito
d o p ro le ta ria d o , e o m ito d a n e cessidade histórica. Mas logo tro
caria a Ideologiekritik p o r u m a análise a p ro fu n d a d a d a sociedade
in d u s tria l m o d e r n a . E sta foi o b je to d c sua fam osa trilogia da
S o rb o n n e , iniciada co m Eighteen Leclures on Industrial Society (proT
m a n d a d a s em 19 55-1956, publicadas e m 1962).
A ro n divisou o in dustrialism o co m o u m feixe d e q u a tro p r o
cessos básicos: u m a crescente divisão d o trabalho; a cu m u lação de
capital p a r a investim ento; contab ilid ad e e p la n e ja m e n to racionais;
e a sep araç ão d a e m p re s a d o c o n tro le fam iliar. Podem -se re c o
n h e c e r com facilidade as fontes teóricas: D u rk h e im em p rim e iro
198 U liberalismo - antigo e moderno
Conclusão
221
(> liberalismo - antigo e modernp
am ericanos e sua red efin ição d o con ceito d e rep ú b lica em term o s
<lc go v ern o re p re se n ta tiv o em lrrg a escala. E n tre m e n te s, e c o n o
mistas clássicos, d e S m ith a R icardo, leg itim aram a lib e rd a d e eco
nôm ica — o u tr o te m a p rin c ip a l d o liberalism o em su a fo rm a clássi
ca. A lém disso, os liberais clássicos a c re sc e n ta ra m dois novos fo-
i
cos: in ic ia ra m a te o riz a ç ã o d á d e m o c ra c ia , d e B e n th a m a
T ocqueville, e desenvolveram as p re o c u p a ç õ e s libertárias d o indi
vidualism o liberal, m ais n o ta d a m e n te n a o b ra d e J o h n Mill.
Em m e a d o s d o século XIX, oi ;o rre ra u m a im p o rta n te inflexão
n a te o ria lib eral, q u a n d o o m ec o d a d e m o c ra c ia levou m u ito s
p e n s a d o re s p r o e m in e n te s a d e f e n d e r e m u m liberalismo distinta
mente conservador. Foi esta a posição q u e prevaleceu d e B ag eh o t a
S p en cer. E sta posição c o m p re e n d e u a m a io r p a rte das o p in iõ es
germ ânicas q u a n to ao Rechtsslaal, e ta m b é m o im pacto m ais tard io
dos influentes filósofos latinos C ro ce e O rtega. Falando em term o s
gerais, o liberalism o c o n se rv a d o r p ro d u z iu u m a versão elitista da
idéia liberal.
O s últim os anos do século X IX te ste m u n h a ra m u m se g u n d o
im p o rta n te desvio d o parad ig m a clássico, desta feita n o se n tid o das
reivindicações igualitárias dos nonos liberais, co m o a firm a d o p o r
p re stig io so s p e n s a d o r e s c o m o G re e n , p o r vo lta d e 1880, e
H o b h o u se , n a a ltu ra d e 1910. M uito d e sua posição in telectu al foi
p reserv ad a pelos g ra n d e s liberais d e e sq u e rd a d o p e río d o d e e n
tre guerras, com o Kelsen n a E uropa, Keynes n a Inglaterra, e Dewey
nos Estados U nidos. O s anos d o apó s-g u erra assistiram à ascensão
de u m a crítica liberal d o totalitarism o (a ser d istin g u id a d a crítica
conservadora) nos escritos de P o p p e r e d c m oralistas c o m o Orwcll,
Caimis e Berlin.
As ú ltim as d u a s d é c a d a s to r n a r a m m a n ife sto u m fo rte
re n a sc im e n to d o liberalism o. H o u v e u m a ev id en te re to m a d a d o
d iscu rso c o n tra tu a lis ta dos d ire ito s, c o m o e m Rawls, B o b b io e
N ozick. U m a escola m u ito d iv ersa d e p e n s a m e n to d e sa fio u a
p reo cu p ação social d o novo liberalism o, a rticu lan d o u m a p o d e ro sa
1
C onclusão 223
d e fe sa n e o lib e ra l d o m e rc a d o e u m a c rítica c o n v in c e n te d o
b u ro c ra tism o .
N a m e d id a e m q u e a investida n e o lib e ra l significa u m re g re s
so a o liberalism o, sen ão ao laissezfairc, esta pa re c e estar m u ito b e m
e n tr in c h e ir a d a n u m a é p o c a d e lib e ra liz a ç ã o c o r r e n te , c o m o se
to r n o u a nossa. N o e n ta n to , c o m o os g loriosos a c o n te c im e n to s n a
E u ro p a o rie n ta l cm 1989 (o rn a ra m e sp a n to sa m e n te claro, a v o n ta
d e c o n te m p o râ n e a d e lib e rd a d e é u m m o v im e n to a m p lo e p a re c e
valorizar a lib e rd a d e civil e política ta n to q u a n to os m ais altos p a
d rõ e s d e vida d e p e n d e n te s d e g ra n d e s influxos d e lib e rd a d e eco
n ô m ica. N e m o su rto o u re n a sc im e n to d e m ais lib e rd a d e e c o n ô
m ica — a te n d ê n c ia liberista — significam o d o b re d e finad o s p a ra
im pulsos igualitários, seja n o cam p o d a arg u m en tação o u n a prática.
C o m o foi o b se rv a d o p o r alguns d istin to s sociólogos co m o A ro n
o u D a h re n d o rf, a n o ssa so cied ad e p e rm a n e c e cara c te riza d a p o r
u m a dialética c o n tín u a , e m b o ra cam hiante, e n tre o c rescim en to d a
lib e rd a d e e o ím p e to em d ireção a u m a m a io r ig u ald ad e — e disso
a lib e rd a d e p a re c e e m e rg ir m ais fo rte d o q u e e n fraq u ecid a.
Cronologia
o
224
Cronologia 225
Capítulo 1
1. Cf. D . J . M a n n i n g , Liberalism ( L o n d r e s : D e n t , 1976), p. 9.
6. P o r e x e m p l o , N o r b e r t o B o b b io , “ K a n t e !e d u e l i b e r t a ”, e m s e n Da
Hobbes a M arx (1 9 6 4 ; N á p o le s : M o r a n o , 1971), p. 147.
7. C h a r le s T a y lo r, “W h a t ’s W r o n g w ith N e g a ti v e L ib e r t y ”, in A l a n R y a n ,
ed ., The Idea ofFreedom - Essays in H onour oflsaiah Berlin ( O x f o r d e N o v a
Y o rk : O x f o r d U n iv e r s ity P re ss , 1979), p p . 1 7 5 - 1 9 3 .
9. P a r a u m e x a m e d o s l ib e r a lis m o s e m d iv e r s o s “c o n te x t o s i n t e r n o s ”,
v e r M a u r i c e C r a n s l o n , Freedom: A Neto Analysis ( L o n d r e s : L o n g m a n s ,
1953).
228 O liberalismo - antigo e moderno
\
Capítulo 2
1. K nist T r o e l t s c h , Die liedeulungdes Protestantismosfiir die F.ntslehnng der
Modemen Welt ( M u n i q u e : O l d e n b u r g , 1906). P a r a u m e x c e l e n t e e x a
m e d a s o p i n i õ e s d e T r o c l t s c h , v e r H a r r y L ie b e r s o h n , Fale and Utopia
in German Sociology 1870-1923 ( C a m b r i d g e , M a ss a c h u se tts : M I T P re ss,
1988), c a p . 3.
26. Albert O. Hirschman, The Passions and the Interests: Political Arguments
for Capitalism befnre Its Triumph (Princeton: Princeton University Press,
1077), |>|>. 100 I 13; cil. 1>r.im.: Às paixócs c os interesses: (rrfnminitos polí
ticos a favor >!o capitalismo antes de seu triunfo, l i . n l . I ,úciii ( l ;mi[>rllo ( R i o
d e J a n e i r o : P a z c Ver ia , 1979).
30. Ghita Ionescu, Politics and the Pursuit of Happiness: A n Inquiry into lhe
Involvement of Human Beings in the Politics of Industrial Society (Londres:
Longman, 1984), cap. 4.
32. Colin Campbell, The Romantic Ethics and the Spirit of Modem Consum-
erism (Oxford: Blackwell, 1987), pp. 203-205.
('a p ítu lo 3
2. S e g u n d o J . G. A. P o c o c k ( “C o n s e r v a tiv e E n l i g h t e n m e n t a n d D e m o -
c r a t i c R e v o lu t i o n s : T h e A m e r i c a n a n d F r e n c h C a s e s in B r i ti s h
P e r s p e c ti v e ”, in Government an d Opposition 2 4 [ in v e r n o d e 1989], p. 83),
o n o m in a l is ta H o b b e s o p ô s - s e à filo so fia g r e g a e à e s c o lá s tic a p o r q u e ,
e n c o r a j a n d o a c r e n ç a n a r e a l i d a d e d a s e ssê n c ia s, e le s a li m e n t a v a m
a firm a ç õ e s cssencialistas c o n t r a a a u to r i d a d e d o s o b e r a n o . A in d a assim J
n a é p o c a d e O ccam , o n o m in a lis m o fo ra u sa d o p a ra so la p a r a causa
d o a b s o l u li s m o p a p a l.
7. Is a a c K r a m n i k , “R e p u b l i c a n R e v is io n i s m R e v i s i t e d ”, i n Am erican
Historical Review 8 7 (19 8 2 ).
2 0 . S o b r e C o n s t a n t , v e r a i n t r o d u ç ã o p o r M a r e e i G a u c h e t à s u a e d iç ã o
De la liberte ck.cz les
d o s e s c r it o s e s c o lh i d o s d e B e n j a m i n C o n s t a n t ,
modemes (P aris: L iv re d e P o c h e , 1980); S. H o l m e s , Benjamin ('oiislnnt
234 O liberalismo - antigo e moderno
27. C o n s t a n t , “D e la p e r f e c ti b i l it é d e 1’e s p è c e h u m a i n e ”, in G a u c h e t , De la
liberte chez les modemes (v e r n o t a 2 0 , c a p . 3), p p . 5 8 0 - 5 9 5 .
Capítulo 4
1. D o n a l d S o u t h g a te , The Passingof the Whigs, 1832-1886 (L o n d r e s : 1962),
c it a d o e m B u r r o w , Whigs and Liberais (v e r n o t a 3 4, c a p . 3), p . 12.
The Politics of Imperfection: The Religious and Secular
2. A n t h o n y Q u i n t o n ,
Traditions of Conservative Thought in England from Hooker to Oakeshott
( L o n d r e s : F a b e r , 1978), p p . 5 6, 60.
8. Q u a n t o a e s t e c o m e n t á r i o , v e r A l h e r d i , “ Del u s o d e Io c ô m i c o c n S u d
A m é r i c a ”, El In ic ia d o r l ( B u e n o s A ir e s, 15 d e j u l b o d e 1 8 3 8 ), c i t a d o
p o r G e r a l d M a r t i n n o c ap . 18 d e I.eslie Betliel, ed., The Cambridge
II isto >y o f Lati n America, vol. 3, 1'iiim Independente to c. LS7()(( '.aml>i'i< Ige:
C a m b r i d g e U ni v e r si ty Pres s, 1985).
23. Bramsted e Melhuish, Western Liberalism (ver nota 16, cap. 4),
pp. 389-390.
24. De Ruggiero, History ofEuropean Liberalism (ver nota 40, cap. 3), vol. 1,
cap. 3, seção 4.
25. Robert Eden, Political Leadership and Nihilism: A Study o f Weber and
Nietzsche (Tampa: University Presses of Florida, 1984).
26. David Beetham, Marx Weber and the Theory of Modem Politics (Londres:
Allen & Unwin, 1974), cap. 4.
27. Quanto a esse caráter “hipodemocrático” da teoria de Weber sobre a
legitimidade, ver o meu Rousseau and Weber: Two Studies in the Theory
of Legitimacy (ver nota 11, cap. 1), pp. 130-135 e 197-198; e resenha
feita do original em inglês por Wofgang Mommsen em Government and
Opposition 17 (inverno de 1982).
28. Norbcrto Bobbio, Profilo ideologi.co dei nmwcenlo, vol. 9, Storia delia
letteratura italiana (Milão: Garzanti, 1969), pp. 161-162.
29. Quanto ao contexto histórico do pensamento político de Croce e de
suas atitudes, ver H. Stuart Hughes, Conscioiisness and Society: the
Rmienlation of lium/mnSocial Tlumghl, ISVO-1930(1958; reimpressão,
Londres: Paladin, 1974), pp. 213-229.
30. Quanto a esse ponto, ver Richard ISellamy, Modem Italiau Social Tkemy:
ídmlogy and Politics fmm Pareto to the 1'reseut (CambridgT: 1’olily, 1987),
pp. 91-92.
238 O liberalism o - antigo e moderno
31. Para uma excelente discussão crítica, ver Norberto Bobbio, Politica e
cultura (1955; reimpressão, Turim: Einaudi, 1980), cap. 13.
32. Para uma referência curta à dívida de Gramsci para com —e crítica de
— Croce, ver o meu Westerm Marxism (Londres: Paladim, 1986),
pp. 96-98; ed. bras.: O marxismo ocidental, trad. Raul de Sá Barbosa
(Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987).
33. Quanto a Mosca, ver Norberto Bobbio, On Mosca and Pareto (Genebra:
Droz, 1972); Hughes, Consciomness and Society (ver nota 29, cap. 4)>
cap. 7; c Goraint Pariy, Political Elites (Londres: Allen & Unwin, 19(59)j,
pp. 30-42. , j
Capítulo 5
1. F. C. Montague, The Limits of Individual Liberty (Londres: 1885), p. 2.
2. Como observado por Vittorio Frosini, La Ragione dello stato: studi sul
pensiero politico inglese contemporâneo (1963; reimpressão, Milão: GiuíTré,
1976), p. 33.
5. Ver Mdvin Ridiler, The Polüirs of (Umxcience: 71 íl. Green and Ifis Age
(Londres: Weiclenfeld & Nicolson, 1964).
10. Para tim exame de .suas afirmações, ver Sleven Lukes, Evdle, Durkheim,
1 lis Life and Work; A IlLüorical and CMlical Study (1973; reimpressão,
Harmondsworth: Penguin, 1975), pp. 338-344.
11. Quanto a Duguit, ver Dyson, The State Tradition (ver nota 20, cap. 4),
pp. 145-149.
12. Burrow, Whigs and Liberais (ver nota 34, cap. 3), pp. 142-152.
'■10 () Liberalismo - antigo e moderno
14. Cf. Petcr Clarke, Liberais and Social Democrats (Cambridge: Cambridge
University Press, 1978), pp. 230-234. i
lf>. Pcter Clarke, “In Honor of Ilobson”, Times Literary Supjilernent (24 dc‘
março de 1978), uma resenha de Frccden, The New Liheralism. !
18. Três bons volumes sobre C. Schmitt —um dos mais capazes desafiantes
do liberalismo em nosso século — são o livro de Joseph Bendersky,
CarlSchmitt, TheoristJortheReich (Princeton: Princeton University Press,
1983); a edição especial de Telos 72 (verão de 1987); e a seleta editada
por Giuscppe Duso, La política oltre lo stato: Carl Schmitt (Veneza:
Arsenale, l!)HI).
21. Para uma boa explicação da filosofia de Dewey, ver James Gouinlock,
John Dezuey's Philosophy ofValue (Nova York: Humanities Press, 1972).
23. Robert Skidelsky chama a atenção para esse fundo de visão do mundo
no primeiro fascículo de sua biografia, John Maynard Keynes, Ilopes-
Betrayed 1883-1920 (Londres: Macmillan, 1983).
N otas e referências bibliográficas 241
24. Devo essa observação a Marcello de Cecco de Siena. Ver sua contri
buição n Robert Skidelsky, ed.. The Erul of lhe Keynesian Era (Londres:
Macmillan, 1077), p. 22.
25. Cf. Samuel Brittan, The Economic Consequences ofDemocracy (Londres:
Temple Smith, 1977).
26. Quanto a essas críticas, ver Bhikhu Parekh, Conlemporary Political
Thinkers (Oxford: Martin Robertson, 1982), pp. 149-152.
27. Ver o capítulo de Anthony Quinton sobre Popper (“A política sem
essência”) em Anthony de Crespigny, Filosofia política contemporânea,
trad. Yvonejean (Brasília: Editora da Universidade dc Brasília, 1982).
Para um excelente exame crítico do anli-historicismo de Popper, ver
Burleigh Taylor Wilkins, Has History Any Meaning? A Critique of Popper ’s
Philosophy of Histoiy (Ithaca, Nova York: University Press, 1978).
28. Michael Walzer, The Company of Critics: Social Criticism and Political
Cornmitment in the Twentieth Century (Nova York: Basic Books, 1988),
cap. 7.
33. ( ;C. Merquior, Rousseau and 'Weber: Two Studies in the Theory ofLegitimacy
(ver nota 11, cap. 1), pp. 82-83.
>1. Joseph Raz, The Morality of Freedom (Oxford: Olarendon, 1987).
48. Robert Nisbet, The Sociological Tradition (Nova York: Basic Books,
1966).
49. Alvin Gouldncr, The Corning of Crisis of Western Sociology (Nova York:
Avon Books, 1970).
50. A questão sobre a autonomia da política está bem salientada em Ghita
lonescu, “Um clássico m oderno”, in Filosofia política contemporânea (ver
nota 27, cap. 5).
51. Robert Colquhoun, Raymond Aron, vol. 2, The Sociologist in Society,
1955-83 (Londres e Beverly Hills: Sage, 1986), pp. 85-86.
52. Quanto a Aron, ver especialmente Gaston Fessard, La philosophie
historique de Raymond Aron (Paris:JulIiard, 1980); e Robert Colquhoun,
Raymond Aron, vol. 1, The Philosopher in History, 1905-55, e vol. 2, The
Sociologist in Society, 1955-83 (Londres e Beverly Hills: Sage, 1986).
Obras chaves de Aron a respeito do nosso curto exame são The Opium
of the Intellectuah (Nova York: Doubleday, 1957); Eigliteen Lectures on
Industrial Society (1967) e Democracy and Totalitarianism (1968), ambos
de Londres: Weidenfeld e Nicolson; An Essay on Freedom (Nova York:
World, 1970), ed. port.: Ensaio sobre as liberdades (Lisboa: Aster, 1965);
e Estudos políticos, trad. Sérgio Bath, pref. José Guilherme Merquior,
apres. Rolf Kuntz (Brasília: Ed. Universidade de Brasíllia, 1985).
53. Coligido de Ralf Dahrendorf, Essays in the Theory of Society (Stanford
University Press, 1968); ed. bras.: Ensaios da teoria da sociedade (Rio de
Janeiro: Zahar, 1974).
54. Para um excelente resumo das opiniões de Dahrendorf sobre conflito
social, ver John A, Hall, Diagnoses ofimr Time: Six Vimas of Our Social
Condition (Londres: Heinemann, 1981), cap. 5.
55. Ralf Dahrendorf, “Tertium Non Datur: A Commcnt on the Andrew
Shonfield Lectures”, in Government and Opposition 24 (primavera de
1989), pp. 133, 135.
244 O lib e ra lis m o - a n tig o e m oderno
69. Anderson, “The Affmities of Norberto Bobbio” (ver nota 66 , cap. 5),
p. 19.
70. Norberto Bobbio, Stato, governo, società: per una teoria generale delia
politica (Turim: Einaudi, 1985), pp. 16, 41-42; ed. bras.: Eslado, go-
vmut, sociedade: paru uma teoria geral d.a politica (Rio de Janeiro: Paz o
Terra, 1988).
71. Ibid, p. 109; ver também Norberto Bobbio, 1J futuro delia dem,ocrazi.a
(Turim: Einaudi, 1984), pp. 132-138; ed. bras.: Ofuturo da democracia:
uma defesa das regras do jogo, trad. Marco Aurélio Nogueira (Rio de
Janeiro: Paz c Terra, 1989).
72. Cf. Celso Lafer, Ensaios sobre a liberdade (São Paulo: Perspectiva, 1980).
73. Norberto Bobbio, Politica e adtura (ver nola 31, cap. A), p. 178.
74. Bobbio, IIfuturo delia democrazia (ver nota 71 acima), p. 111.
75. Richard Bellamy, Modem Italian Social Theory (ver nota 30, cap. 4),
pp. 165-166.
Leitura complementar
246
L eitu ra com plem entar 247
249
''() O liberalismo - antigo e moderno