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O resultado disto é que as acções de qualquer vendedor ou comprador são inócuas para
o preço de mercado. Compradores e vendedores são conhecidos como price takers.
E.g. Leite; pregos; sardinha.
As vezes uma terceira condição também é tida como caracterizando mercados perfeita-
mente competitivos:
Esta condição não é necessária para as empresas serem ‘price takers’. É, contudo, impor-
tante para determinar a forma do mercado no longo prazo.
Firmas competitivas1 tentam maximizar o lucro (não só neste tipo de mercado).
Tal como no capı́tulo anterior, os conceitos de média e marginal são também úteis na
análise do rendimento. A Tabela 1 ilustra tais conceitos.
O que é que estes conceitos nos dizem? Respondem às seguintes perguntas:
Quanto rendimento adicional recebe uma firma se aumentar a produção numa uni-
dade?
1
Rendimento médio
Rendimento total dividido pela quantidade vendida (AR = T R/Q).
Rendimento marginal
A variação no rendimento total resultante da venda adicional de uma unidade
(M R = ∆T R/∆Q).
2
Q T R = P xQ TC π = TR − TC M R = ∆T R/∆Q M C = ∆T C/∆Q
0 0 3 -3
1 6 5 1 6 2
2 12 8 4 6 3
3 18 12 6 6 4
4 24 17 7 6 5
5 30 23 7 6 6
6 36 30 6 6 7
7 42 38 4 6 8
8 48 47 1 6 9
aumentar o produção nessa unidade porque o lucro aumenta. Na situação inversa compensa
diminuir a produção. Assim, o ponto óptimo, no sentido de maximizar os lucros, é dado
pela quantidade para a qual M C = M R, no caso concreto 6 unidades.
Um dos princı́pios de economia é o de que os agentes pensam na margem. Aqui está
um exemplo concreto – maximizar os lucros – da importância de pensar na margem.
e
6 MC
M C2
ATC
P = M R1 = M R2 P = AR = MR
AVC
M C1
-
Q1 Qmax Q2 Q
Figura 1: Maximização de Lucro
Para explorar mais a análise de maximização do lucro, considera a Figura 1. Para além
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das curvas estudadas no capı́tulo anterior, a figura inclui uma linha horizontal representa-
tiva do preço de mercado P . O preço da produção de uma firma num mercado competitivo
é sempre o mesmo independentemente da quantidade produzida por uma firma.
Que quantidade maximiza o lucro desta empresa? Suponhe que a firma decide produzir
Q1 . A este nı́vel o custo marginal da unidade adicional é inferior ao rendimento marginal
(M C1 < M R1 ). Assim, compensa produzir pelo menos Q1 pois o lucro adicional é positivo.
E se a empresa decidir produzir Q2 . A este nı́vel M R2 < M C2 , logo a unidade adicional
reduzirá os lucros da empresa.
Onde é que estes ajustamentos ao nı́vel de produção nos conduzem? Para a direita de
Q1 e para esquerda de Q2 , com o ponto óptimo dado por Qmax . O nı́vel de produção que
maximiza os lucros é dado pela quantidade que verifica a condição:
M C = M R = P.
Em termos gráficos, o número de unidades que maximiza os lucros é dado pela quan-
tidade para a qual a curva do custo marginal intersecta a curva do rendimento marginal
(linha horizontal do preço do mercado competitivo).
e
6
MC
P2
ATC
AVC
P1
-
Q1 Q2 Q
Figura 2: Custo Marginal e a Curva da Oferta
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(P1 ↑ P2 ). A nova quantidade que maximiza os lucros da empresa é dada pela intersecção
da linha P2 com a curva M C, resultando numa quantidade óptima de Q2 unidades.
Porque a curva do custo marginal de uma empresa determina a quantidade do
bem que a firma está disposta a fornecer a um dado preço, representa também a
curva de oferta de uma empresa competitiva.
TR < V C
T R/Q < V C/Q, dividindo ambos os lados por Q
P.Q/Q < V C/Q, definição de TR
P < AV C, definição de AVC
Assim, concluimos que um empresa decide-se pelo shutdown se o preço de mercado for
inferior ao custo variável médio.
Agora temos uma descrição completa do comportamento (quantidade) de uma empresa
competitiva. Recordando, se uma empresa produz, produz a quantidade à qual o custo
marginal iguala o preço do bem. Ainda assim, se o preço for inferior ao custo variável médio
para essa quantidade, a firma melhora encerrando temporariamente e não produzindo.
Estes resultados são ilustrados na Figura 3. A curva de oferta de curto prazo de uma
empresa competitiva é a porção da sua curva de custo marginal que fica acima da curva
do custo variável médio.
Sunk cost
Um custo que já foi efectivado e não se pode recuperar.
5
e
6
MC
ATC
AVC
-
Q
Figura 3: Curva da Oferta de Curto Prazo
Porque nada pode ser feito para recuperar sunk costs, podemos ignorá-los quando to-
mamos decisões nos vários aspectos da vida, incluindo de estratégia empresarial.
E.g. Pensem no caso das companhias de aviação.
TR < TC
T R/Q < T C/Q, dividindo ambos os lados por Q
P.Q/Q < T C/Q, definição de TR
P < AT C, definição de ATC.
P > AT C
6
Podemos agora caracterizar a estratégia de longo prazo de uma firma que maximiza
os lucros. Se uma empresa está no mercado, produz a quantidade para a qual o custo
marginal é igual ao preço do bem. Ainda assim, se o preço é menos que o custo total
médio para essa quantidade, a empresa optar por sair do mercado. A curva de oferta de
longo prazo de uma empresa competitiva é a porção da sua curva de custo marginal que
fica acima da curva de custo total médio (Figura 4).
e6 MC
ATC
-
Q
Figura 4: Curva da Oferta de Longo Prazo
Recorda que
Lucro = T R − T C
= (T R/Q − T C/Q) × Q
= (P − AT C) × Q
Esta forma de expressar o lucro permite medir o lucro no gráfico. A Figura 5 ilustra
duas situações. No lado esquerdo temos uma situação de maximização dos ganhos, no lado
direito temos uma situação de minimização de perdas.
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P P
MC
6 MC 6
ATC
ATC
ATC
ATC 6
P 6
Ganho
Perda
(Lucro > 0)
(Lucro < 0)
- -
Q Q
Figura 5: Lucros
Considera que há 1000 empresas iguais neste mercado. Desde que o preço esteja acima
do custo variável médio, a curva do custo marginal representa a curva da oferta de cada
empresa. Assim, a curva da oferta do mercado é dada pela soma da 1000 curvas da oferta
de cada uma das empresas (iguais). Para derivar a curva da oferta de mercado fixa o preço
e multiplica por 1000 a quantidade oferecida pela empresa tı́pica deste mercado. Repete o
processo para diferentes preços.
E se as empresas puderem entrar e sair do mercado? Supõe que todos têm acesso à mesma
tecnologia e mercado de inputs. Isto é, todas as firmas e potenciais firmas têm as mesmas
curvas de custos.
Se as empresas já no mercado são lucrativas, novas firmas têm um incentivo para entrar
no mercado. Isto conduz à expansão do número de firmas, aumentando a quantidade ofere-
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cida do bem, resultando em preços e lucros mais baixos. Contrariamente, se as empresas já
no mercado estão com prejuı́zos, o número de empresas diminuirá. A quantidade oferecida
diminui, o preço aumenta e os prejuı́zos diminuiem. No fim do processo de entrada e
saı́da, as firmas que ficam no mercado têm que realizar lucro económico nulo.
O processo de entrada e saı́da só termina quando o preço iguala o custo total médio.
Nota que, no longo prazo, o preço iguala o custo médio, mas nós dissemos que a empresa
produz no ponto que o preço iguala o custo marginal. Assim, o custo médio tem que igualar
o custo marginal, e como nós já vimos, isto só acontece no ponto mı́nimo da curva do custo
total médio, i.e., no ponto de escala eficiente. Portanto, no equilı́brio de longo prazo de um
mercado com entradas e saı́das as firmas têm que operar no ponto de escala eficiente.
No longo prazo, só há um preço consistente com lucro económico zero – o mı́nimo do
custo total médio. Assim, a curva da oferta de longo prazo tem que ser horizontal e ao
nı́vel do custo total médio mı́nimo.
Pode parecer estranho que as firmas competitivas tenham lucros nulos no longo prazo.
Afinal o objectivo das firmas é ter lucros!
Para perceber melhor a condição lucro-nulo, recorda que os lucros são dados pela di-
ferença entre rendimento total e custos totais, incluindo todos os custos de oportunidade
(explı́citos e implı́citos). Isto é, contabilistas e economistas calculam o lucro de forma di-
ferente. No ponto de lucro económico nulo, o lucro contabilı́stico é positivo (não inclui os
custos implı́citos).
As firmas podem entrar e sair do mercado no longo prazo, mas não no curto prazo. Assim,
o efeito de uma deslocação da procura tem efeitos diferentes para horizontes temporais
diferentes.
A Figura 6 ilustra o efeito de um aumento da procura. A situação inicial, primeiro
painel, assume que o mercado está no equilı́brio de longo prazo. Isto é, lucros nulos e o
preço no custo total médio mı́nimo.
No painel intermédio, a procura aumenta (D1 ↑ D2 ), resultando num aumento do preço
(P1 ↑ P2 ) e na quantidade de equilı́brio (Q1 ↑ Q2 ). As empresas passam a ter lucros
(positivos). O aumento de produção de cada firma é determinado pela curva do custo
marginal (e a intersecção com o novo preço).
No longo prazo, painel inferior, o lucro encoraja outras firmas a entrarem no mercado.
A curva da oferta desloca-se (sucessivamente) para a direita até que o preço de longo prazo
volte a P1 , isto é, o custo médio mı́nimo. Assim, os lucros voltam a ser nulos. O novo
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e Empresa Mercado
6 MC 6 S1 (c. prazo)
ATC
P1
S (l. prazo)
D1
Condição inicial
- -
Q Q
6 6
S1
MC
ATC B
P2
A
P1
S (l. prazo)
D2
D1
Resposta de curto prazo
- -
Q Q1 Q2 Q
6 6
MC S1
ATC
B
S2
A C
P1
S (l. prazo)
D2
Resposta de longo prazo
D1
Q
- -
Q Q1 Q2 Q3
equilı́brio de longo prazo é dado pelo ponto C que se caracteriza pelo mesmo preço, P1 , mas
com mais quantidade Q3 > Q1 . Cada firma opera na escala eficiente (como anteriormente),
mas porque há mais firmas no mercado a quantidade oferecida e vendida aumenta.
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14.3.5 A curva da oferta de longo prazo pode ser positivamente inclinada
Até aqui vimos que as entradas e saı́das resultam numa curva de oferta de longo prazo
horizontal (ao custo total médio mı́nimo). Há, contudo, duas razões para que a curva da
oferta de longo prazo possa ser positivamente inclinada:
2. As empresas podem ter estruturas de custos diferentes. Assim, aqueles com custos
inferiores são tipicamente os primeiros a entrar no mercado. Mas se quisermos pro-
duzir mais, as empresas que entram no mercado têm custos superiores, exigindo um
preço superior. Mais uma vez resulta numa curva da oferta com inclinação positiva.
No entanto, a lição básica sobre entradas e saı́das mantem-se válida. Porque as firmas
podem entrar e sair mais facilmente do mercado no longo prazo do que no curto prazo, a
curva da oferta de longo prazo é tipicamente mais elástica do que a de curto prazo.
14.4 Conclusão
Um dos princı́pios de economia é o de que as pessoas pensam na margem. Este capı́tulo
ilustra a importância deste princı́pio para mercados competitivos.
Referências
Mankiw, N. Gregory, 2002, “Principles of Economics”, Harcourt College Publishers,
2nd Edition.
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