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QOA-AA-AFN
2018/2019
CONHECIMENTOS GERAIS
MÓDULO – I
OUTUBRO - NOVEMBRO DE 2018
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CURSO www.cursoadsumus.com.br – adsumus@cursoadsumus.com.br - ESTUDE COM QUEM APROVA!
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MÓDULO 1 – 2018/2019 - Prof. Rafael Dias e Bernadete Rocha - CURSO ADSUMUS
REDAÇÃO
Tipos de argumentos / parágrafos Ex: Ao se desesperar num congestionamento em São
Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem
1. Argumento de autoridade: ajuda a sustentar quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que,
o ponto de vista, pois lança mão da voz de um por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma
especialista, uma pessoa respeitável (líder, artista, monumental ignorância histórica. São Paulo só chegou a
político) ou uma instituição de pesquisa considerada esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu,
autoridade no assunto em debate. no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como
Ex: O cinema nacional conquistou, nos últimos anos, cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é
qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma piorar ainda mais o trânsito.
câmera na mão e uma ideia na cabeça” - a famosa frase-
conceito do diretor Gláuber Rocha virou uma fórmula EXEMPLOS: Tema: Televisão
eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema
brasileiro faturou no ano passado. (Adaptado de Época, 1. Argumentação por exemplificação
14/04/2004). Já foi criada até uma campanha – Quem financia a
2. Argumento por exemplificação: pretende-se baixaria é contra a cidadania – para que sejam divulgados
levar o leitor a admitir a tese ou a conclusão justificando- os nomes das empresas que anunciam nos programas que
a por meio de exemplos de um fato ocorrido, mostrando mais recebem denúncias de desrespeito aos direitos
que aquilo que se defende é válido. humanos. O mais importante nessa iniciativa é que a
Ex: Vejam os exemplos de muitas experiências positivas participação da sociedade pode fazê-la abandonar a
— Jundiaí (SP), Campinas (SP), São Caetano do Sul passividade e interferir na qualidade da programação que
(SP), Campina Grande (PB) — sistematicamente chega às casas dos brasileiros.
ignoradas pela grande imprensa. Tantos exemplos levam 2. Argumentação histórica
a acreditar que existe uma tendência predominante na Quem assiste à televisão hoje talvez nem imagine
grande imprensa do Brasil de só noticiar fatos negativos. que seu compromisso inicial, quando chegou ao país, há
3. Argumento por comparação: O pouco mais de meio século, fosse com educação,
argumentador pretende levar o leitor a aderir a sua tese informação e entretenimento. Não se pode negar que ela
de modo a mostrar diferenças e semelhanças entre dois evoluiu – transformou-se na maior representante da
ou mais lados. mídia, mas, em contrapartida, esqueceu-se de educar –,
Ex: A quebra de sigilo nas provas do Enem 2009, informa relativamente e entretém de maneira discutível.
denunciada pela imprensa, faz todos indagarem quem 3. Argumentação por constatação
seriam os responsáveis. O sigilo de uma prova de Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se
concurso deve pertencer ao âmbito das autoridades levar em conta também seu papel social. Quem já não
educacionais e não da mídia. Assim como a imprensa é renunciou um encontro com amigou ou a um passeio com
responsável por seus próprios sigilos, as autoridades a família para não perder a novela ou a participação de
educacionais devem ser responsáveis pelo sigilo do algum artista num programa de auditório? Ao que tudo
Enem. indica, muitos têm elegido a televisão como companhia
4.Argumento de provas concretas ou de favorita.
princípio: comprova seus argumentos com 4. Argumentação por comparação
informações incontestáveis: dados estatísticos, fatos Enquanto países com Inglaterra e Canadá têm leis
históricos, acontecimentos notórios. que protegem as crianças da exposição ao sexo e à
Ex: De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de violência na televisão, no Brasil não há nenhum controle
Domicílio (PNAD) de 2008, o telefone, a televisão e o efetivo sobre a programação. Não é de surpreender que
computador estão entre os bens de consumo mais muitos brasileiros estejam a defender alguma forma de
adquiridos pelas famílias brasileiras. Esses dados censura sobre esse meio de comunicação.
mostram que boa parte desses bens de consumo é ligada 5. Argumentação por autoridade
ao desejo de se comunicar. A presença desses três meios Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, "o
de comunicação entre os bens mais adquiridos pelos que a televisão tem de mais fascinante para quem a faz é
brasileiros é uma evidência desse desejo. justamente o que ela tem de mais nocivo para quem a vê:
5.Argumentação por causa e consequência: a sua capacidade aparentemente infinita de massificação".
tese ou a conclusão é aceita justamente por ser uma causa De fato, mais de 80% da população brasileira tem esse
ou uma consequência dos fatos apresentados, ou seja, um veículo como principal fonte de informação e referência.
fato ocorre em decorrência de outro.
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RECONHECIMENTO DA IDEIA Esses argumentos podem ser desenvolvidos em etapas:
PRINCIPAL E DO ARGUMENTO DE APOIO DE· frases que propõem a CONFIRMAÇÃO ou
UMA DISSERTAÇÃO JUSTIFICATIVAS do que foi proposto anteriormente;
Quando opinamos a respeito de alguma coisa, temos o· frases que propõem a CONTESTAÇÃO da mesma
objetivo de convencer nosso interlocutor ou leitor de que ideia central;
estamos corretos. Para atingir esse objetivo não basta· na conclusão, a RETOMADA DA IDEIA CENTRAL
emitir a opinião, é preciso argumentar, ou seja, proposta na DECLARAÇÃO INICIAL.
desenvolver raciocínios, apresentar provas, exemplificar
de forma a sustentar nosso ponto de vista.
ARGUMENTO DE APOIO=
_______________________________________________________________________________________________
A) “Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo de vida, mas
porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza’’.
IDEIA PRINCIPAL= ___________________________________________________________________________
ARGUMENTO DE APOIO= _____________________________________________________________________
B) “A televisão é prejudicial, pois torna os modos de pensar dos espectadores muito parecidos, uniformiza-os’’.
IDEIA PRINCIPAL= ____________________________________________________________________________
ARGUMENTO DE APOIO= _____________________________________________________________________
C) “A violência mostrada na televisão não tem o mesmo efeito em todos os países; por exemplo, a televisão japonesa é
de uma violência terrível e os índices de criminalidade são baixíssimos no Japão’’.
IDEIA PRINCIPAL = ____________________________________________________________________________
ARGUMENTO DE APOIO=______________________________________________________________________
Identificar a IDEIA PRINCIPAL (tese) e os b) As ditaduras militares foram uma infeliz realidade na
argumentos nos parágrafos América do Sul dos anos 1960 e 1970. Em todas elas
houve drástica repressão às oposições e dissidências, com
1) Nos parágrafos abaixo, sublinhe a tese e coloque os a adoção da tortura e da perseguição como política de
argumentos entre parênteses. governo. Ao fim desses regimes autoritários adotaram-se
formas semelhantes de transição com a aprovação das
a) As leis já existentes que limitam o direito de porte de chamadas leis de impunidade, as quais incluem as
arma e punem sua posse ilegal são os instrumentos que anistias a agentes públicos. (Eugênia Augusta Gonzaga e
efetivamente concorrem para o desarmamento, e foram Marlon Alberto Weichert, Carta capital. In:
as responsáveis pelo grande número de armas devolvidas http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-brasil-
por todos os cidadãos responsáveis e cumpridores da lei, promovera-justica)
independentemente de sua opinião a favor ou contra o
ambíguo e obscuro movimento denominado c) Todos os palestrantes concordaram que a participação
desarmamento. Os cidadãos de bem obedecem às leis da sociedade civil é fundamental para que qualquer
independentemente de resultados de plebiscito, enquanto debate sobre a comunicação avance no Congresso. “Se
os desonestos e irresponsáveis só agem de acordo com dependermos apenas do conservadorismo da Câmara e do
seus interesses desobedecendo a todos os princípios Senado, será muito difícil avançar”, discursou o deputado
legais e sociais, e somente podem ser contidos através da Ivan Valente. Ele destacou o fato de que existem
repressão. (Opinião, site o Globo. In: parlamentares no Congresso que tem fortes vínculos ou
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/04/12/a- até mesmo são proprietários de meios de comunicação.
quem-interessa-um-plebiscito-sobre-desarmamento- “Até os Estados Unidos, o país mais liberal do mundo,
924221689.asp) estabelece limites para evitar monopólios e define que
quem tem rádio não pode ter televisão, e vice-versa.
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Precisamos pautar-nos em propostas como essas”. Agronegócio não garante segurança alimentar. Caros
(Ricardo Carvalho. Regulação da mídia é pela liberdade Amigos. In: http://carosamigos.terra.com.br/)
de expressão. Carta capital. In:
http://www.cartacapital.com.br/politica/regulacao-da- e) A leitura de jornais e revistas facilita a atualização
midia-e-pela-liberdade-de-expressao) sobre a dinâmica dos acontecimentos e promove o
enriquecimento do debate sobre temas atuais. A rapidez
d) Para a presidente do Conselho Federal de com que a notícia é veiculada por esses meios é clara,
Nutricionistas, Rosane Nascimento, não é necessário que garantindo a complementaridade da construção do
o Brasil lance mão de práticas baseadas no uso de conhecimento promovida pelas aulas e pelos livros
agrotóxicos e mudanças genéticas para alimentar a didáticos. O apoio didático representado pelo uso de
população. "Estamos cansados de saber que o Brasil jornais e revistas aproxima os alunos do mundo que os
produz alimento mais do que suficiente para alimentar a cerca. (Ana Regina Bastos - Revista Eletrônica UERG.
sua população e este tipo de artifício não é necessário. A Mundo vestibular. In:
lógica dessa utilização é a do capital em detrimento do http://www.mundovestibular.com.br/articles/4879/1/Com
respeito ao cidadão e do direito que ele tem de se o-se-preparar-para-o-vestibular-utilizando-jornais-e-
alimentar com qualidade", protesta. (Raquel Júnia. revistas/Paacutegina1.html)
ARGUMENTOS
01.ACUSAR A TELEVISÃO DE SER PERNICIOSA É UMA ATITUDE SEMELHANTE AO QUE SE FAZIA NO
PASSADO EM RELAÇÃO A ALGUMAS PUBLICAÇÕES POLÊMICAS (DANDO A ENTENDER QUE ESSA
ATITUDE É NATURAL E PASSAGEIRA ).
02.AS CRIANÇAS TÊM IMITADO, NA VIDA REAL, OS ROTEIROS PRODUZIDOS PARA SEUS ÍDOLOS
TELEVISIVOS.
05.A TELEVISÃO NÃO PODE ABRIR MENTES OU FECHÁ-LAS PARA INCUTIR NAS CRIANÇAS
VALORES HORRENDOS.
06.AS CENAS DE SEXO, SEM ORIENTAÇÃO, FAZEM COM QUE OS JOVENS BUSQUEM O PRAZER DE
FORMA EQUIVOCADA.
Proposta estrutural: 1º parágrafo: afirmativa / argumentação 1 (Isso ocorre porque) / argumentação 2 (Também)
/ argumentação 3 (Além disso)
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2º parágrafo: conclusão (Portanto, logo, por isso)
Como encontrar a causa e a consequência? Causa: A nação que deixa depredar as construções
consideradas como patrimônios históricos destrói parte
tema: Constatamos que, no Brasil, existe um grande da história de seu país.
número de correntes migratórias que se deslocam do Consequência: Essa situação demonstra claramente o
campo para as pequenas ou grandes cidades. subdesenvolvimento de uma nação, pois, quando não se
causa ( POR QUÊ?) : A zona rural apresenta conhece o passado de um povo e não se valorizam suas
inúmeros problemas que dificultam a permanência do tradições, despreza-se a herança cultural deixada pelos
homem no campo. antepassados.
consequência (O QUE ACONTECE EM RAZÃO
DISSO?) :As cidades encontram-se despreparadas para 3.Tema: A maior parte da classe política não goza de
absorver esses migrantes e oferecer-lhes condições de muito prestígio e confiabilidade por parte da população.
subsistência e de trabalho. Causa: A maioria dos parlamentares preocupa-se muito
mais com a discussão dos mecanismos que os fazem
Alguns exemplos: chegar ao poder do que com os problemas reais da
1. Tema: Muitas pessoas mais velhas são analfabetas população.
eletrônicas, pois não conseguem operar nem mesmo um Consequência: Caos na saúde e na educação.
computador.
Causa: As pessoas mais velhas têm medo do novo, elas 4.Tema: Muitos jovens deixam-se dominar pelo vício em
são mais conservadoras, até em assuntos mais prosaicos. diversos tipos de entorpecentes, mal que se alastra cada
Consequência: Elas se tornam desajustadas, pois vez mais em nossa sociedade.
dependem dos mais jovens até para ligar um forno Causa: Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na
micro-ondas, elas precisam acompanhar a evolução do tentativa de esquecer seus problemas.
mundo. Consequência: Formam-se dependentes dos psicóticos
dos quais se utilizam e, na maioria das vezes,
2.Tema: É de fundamental importância a preservação transformam-se em pessoas inúteis para si mesmas e para
das construções que se constituem em patrimônios a comunidade.
históricos.
Exercícios: Apresentaremos alguns temas e você se incumbirá de encontrar uma causa e uma consequência para cada
um deles. Escreva-as, seguindo o modelo apresentado acima:
1 Tema: As linhas de ônibus que percorrem os bairros das grandes metrópoles não têm demonstrado muita eficiência
no atendimento a seus usuários.
Causa:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Consequência:___________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Consequência:___________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
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3 Tema: As novelas de televisão passaram a exercer uma profunda influência nos hábitos e na maneira de pensar da
maioria dos telespectadores.
Causa:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Consequência:___________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
5 Tema: Apesar de alertados por ecologistas, os lavradores continuam a utilizar produtos agrotóxicos
indiscriminadamente.
Causa:_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Consequência:___________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Frases de Apoio
Frases para parágrafos causas e consequências: Ao se examinarem alguns ..., verifica-se que ... Pode-se
mencionar, por exemplo, ...Em conseqüência disso, vê-se, a todo instante, ...
Frases para parágrafos prós e contras: Alguns argumentam que .... Além disso ...Outros, porém, ..... Há registros
históricos de ... que ....
Frases para parágrafos sobre trajetória histórica: Antigamente, quando ... , percebia-se que ...Atualmente,
observa-se que ...Em consequência disso, nota-se ...
Outras frases: Dentre os inúmeros motivos que levaram o ... é incontestável que ...A observação crítica de fatos
históricos revela o porquê de ...Ao fazer um estudo de ... , percebe-se, por meio de ......
Ligação entre os parágrafos do desenvolvimento: É muito importante que esses parágrafos de desenvolvimento
tenham ligação.
Segue, a seguir, uma série de frases para a ligação entre os parágrafos. Além disso ...Outro fator existente ...Outra
preocupação constante ... Ainda convém lembrar ...Por outro lado ...Porém, mas, contudo, todavia, no entanto,
entretanto ...
Elementos de coesão: Algumas palavras e expressões facilitam a ligação entre as ideias, estejam elas num mesmo
parágrafo ou não. Não é obrigatório, entretanto, o emprego destas expressões para que um texto tenha qualidade.
Seguem algumas sugestões e suas respectivas relações:
assim, desse modo - têm valor exemplificativo e complementar. A sequência introduzida por eles serve normalmente
para explicitar, confirmar e complementar o que se disse anteriormente.
ainda - serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão; ou para
incluir um elemento a mais dentro de um conjunto de ideias qualquer.
ademais, além do mais, além de tudo, além disso - introduzem um argumento decisivo, apresentado como
acréscimo.
mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj. adversativas) - marcam oposição entre dois enunciados.
embora, ainda que, mesmo que - servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento,
diminuir sua importância. Trata-se de um recurso dissertativo muito bom, pois sem negar as possíveis objeções,
afirma-se um ponto de vista contrário.
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Exercício de texto 1:
1. Gravidez Precoce
A gravidez precoce é considerada como um problema de saúde pública no Brasil e em outros países. No
Brasil, uma em cada quatro mulheres que dão à luz nas maternidades tem menos de 20 anos de idade. Essas meninas,
que não são mais crianças, nem tão pouco adultas, estão em processo de transformação e, ao mesmo tempo, prestes a
serem mães. O papel de criança que brinca de boneca e de mãe na vida real confunde-se. Na hora do parto é onde
tudo acontece. A fantasia deixa de existir para dar lugar à realidade. É um momento muito delicado para essas
adolescentes, o qual gera medo, angústia, solidão e rejeição.
As adolescentes grávidas vivenciam dois tipos de problemas emocionais: um pela perda de seu corpo infantil,
e outro por um corpo adolescente recém-adquirido, que se está modificando novamente pela gravidez. Essas
transformações corporais, rapidamente ocorridas, de um corpo em formação para o de uma mulher grávida são vividas
muitas vezes com certo espanto pelas adolescentes. Por isso é muito importante a aceitação e o apoio quanto às
mudanças que estão ocorrendo, por parte do companheiro, dos familiares, dos amigos e, principalmente, pelos pais.
A escola muitas vezes não dispõe de estrutura adequada para acolher uma adolescente grávida. O resultado é
que a menina acaba abandonando os estudos durante a gestação, ou após o nascimento da criança, o que traz
consequências gravíssimas para o seu futuro profissional.
Os riscos de complicações para a mãe e a criança são consideráveis quando o atendimento médico pré-natal é
insatisfatório. Isso ocorre porque, normalmente, a adolescente costuma esconder a gravidez até a fase mais adiantada,
o que impede uma assistência pré-natal desde o início da gestação. É muito comum também o uso de bebidas
alcoólicas e cigarros, o que, consequentemente, aumenta os riscos de surgimento de problemas. ( Lúcia Helena
Salvetti De Cicco / Diretora de Conteúdo e Editora Chefe
Fonte: http://www.saudevidaonline.com.br/gravprec.htm )
04. Segundo os argumentos apresentados pela autora no 1º parágrafo, ela aprova ou critica a gravidez na adolescência?
Identifique os argumentos da autora, justificando a sua resposta.
_______________________________________________________________________________________________
05. A autora não cita exemplos, isso interfere na compreensão do leitor? Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________________________________________
06. Qual é a sua posição sobre o assunto do texto? Concorda com a autora? Por quê? Escreva um parágrafo de 5 a 7
linhas, com 3 frases, no mínimo, na folha separada de redação do curso.
07. Marque, no texto, os elementos ( conectivos ) que servem de ligação entre os argumentos apresentados no texto .
_______________________________________________________________________________________________
08. Observe que o texto foi escrito em quatro parágrafos e, em cada um deles foi apresentada uma ideia nova.
Reescreva com suas palavras a ideia apresentada em cada parágrafo.
1º parágrafo : __________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
2º parágrafo : _________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
3º parágrafo : __________________________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________________________________
4º parágrafo : __________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
05. Marque, no texto, os elementos ( conectivos ) que servem de ligação entre os argumentos apresentados no texto .
_______________________________________________________________________________________________
06. Observe que o texto foi escrito em cinco parágrafos e , em cada um deles foi apresentada uma ideia nova.
Reescreva com suas palavras a ideia apresentada em cada parágrafo.
1º parágrafo :
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
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2º parágrafo :
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
3º parágrafo :
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_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
4º parágrafo :
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
5º parágrafo :
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FICHA DOCUMENTADA DA LEITURA ARGUMENTATIVA
05. Marque, no texto, os elementos ( conectivos ) que servem de ligação entre os argumentos apresentados no texto .
_______________________________________________________________________________________________
06. Observe que o texto foi escrito em cinco parágrafos e , em cada um deles foi apresentada uma ideia nova.
Reescreva com suas palavras a ideia apresentada em cada parágrafo.
1º parágrafo :
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
2º parágrafo :
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_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
3º parágrafo :
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_______________________________________________________________________________________________
4º parágrafo :
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_______________________________________________________________________________________________
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O TEXTO DISSERTATIVO
I. Assunto, tema e título
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, é necessário reconhecer a diferença que existe entre o
assunto, o tema e o título.
Título: é uma referência ao tema que será abordado. Recomenda-se que seja curto e, se possível, demonstre
criatividade.
Ex: Dias de incerteza
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Observação
Há concursos que não exigem colocação de título. Ainda assim, recomenda-se que sempre seja colocado devido ao
seu caráter funcional de delimitação do tema.
II. A dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma ideia, de um ponto de vista. Ou, então, pelo
questionamento acerca de um determinado assunto. O autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos,
com dados, utilizados por ele para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Para se obter uma exposição clara e ordenada, a dissertação é geralmente organizada em três partes:
1. Introdução – constituída geralmente de um parágrafo, deve conter a ideia principal a ser desenvolvida, ou seja,
denotar os objetivos do texto, o ângulo da análise e hipótese ou a tese a ser defendida. Há diversas e flexíveis
maneiras de se começar uma dissertação. O importante é que o parágrafo da introdução seja sucinto e conciso e
que deixe claras as diretrizes do texto.
2. Desenvolvimento ou argumentação – exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir
especificada através da argumentação, de pormenores, de causa e de consequência, definições, dados estatísticos,
ordenação cronológica etc.
3. Conclusão – é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez
que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação.
A dissertação objetiva
A dissertação objetiva caracteriza-se pelo texto escrito em terceira pessoa. Embora o autor esteja transmitindo
ao leitor sua visão pessoal a respeito do tema, ele jamais aparece para o leitor como uma pessoa definida.
Nas dissertações objetivas, o autor expõe os argumentos de forma impessoal e objetiva, não se incluindo na
exploração, o que confere ao texto um caráter imparcial, facilitando a aceitação, por parte do leitor, das ideias expostas
(prova da MB).
A dissertação subjetiva
A dissertação subjetiva caracteriza-se pelo texto escrito em primeira ou segunda pessoa. Com isso, o texto
perde seu caráter impessoal e assume, de forma explícita, um caráter pessoal.
Obs.: Evitar pontuação expressiva (exclamações, reticências) e expressões radicais (“é um absurdo” / “é ridículo”).
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VI. Linguagem impessoal
Usar a terceira pessoa do singular (Sabe-se que...; Reconhece-se que..., É evidente que...)
Pessoal Impessoal
Eu acho a Marinha uma ótima instituição secular. A Marinha é uma ótima instituição
Opinião
secular.
Logo, escrever de forma impessoal é uma forma de expressar opiniões como se elas fossem fatos (impessoalidade ≠
imparcialidade)
* Imparcialidade ≠ impessoalidade
* Objetivo: evitar redundâncias + aumentar credibilidade.
COMO COMEÇAR
Imagine que você possua um determinado tema sobre o qual deve redigir um texto argumentativo. A sua
primeira providência é reescrever o tema e perguntar POR QUÊ? Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e
sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo
que você tenha ao menos uma noção de qualquer tema que lhe vier apresentado. O ideal, para que seu texto explore
suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada; estas respostas
chamam-se argumentos. Veremos um exemplo.
TEMA: Ao chegar ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a
todos.
Repare que essas respostas são exaustivamente noticiadas pelos meios de comunicação, evidentemente você
encontrará mais respostas para sua pergunta, isso significa mais argumentos para seu texto, mas atente-se para o
tamanho do texto, dependendo do objetivo da redação, o texto não pode ser MUITO longo. Lembre-se também de que
cada argumento será desenvolvido e argumentos demais podem deixar seu texto complexo e extenso.
Uma vez que você estabeleceu o número de argumentos (baseado no número de respostas), você já dispõe do
necessário para iniciar ser texto. Um texto argumentativo (dissertação) deve constar de três partes: INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. Com os dados acima, você já é capaz de escrever o primeiro parágrafo de
seu texto. Esse parágrafo traz uma visão geral do seu texto, apresenta o tema e os argumentos. Esse parágrafo é a
INTRODUÇÃO.
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Ao chegar ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a
todos, POIS existem populações imersas em completa miséria E, EM MUITOS PAÍSES, a paz é interrompida por
conflitos internacionais. ALÉM DISSO, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Note que o TEMA foi acrescido dos TRÊS argumentos com a utilização de CONECTIVOS. Esses conectivos
(geralmente conjunções) tornam o texto COESO. Aprender a utilizar conectivos é importante para a construção de
textos, já que o texto começou com frases isoladas que foram CONECTADAS de forma COESA.
Após a Introdução, você fará a argumentação propriamente dita, ou seja, você irá desenvolver seu texto, de
modo a expandir os argumentos apresentados na Introdução. Essa fase do seu texto é chamada de
DESENVOLVIMENTO. Logo o próximo parágrafo tratará sobre o seu primeiro argumento. Veja o exemplo:
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis, existem legiões de famintos em pontos específicos da
Terra. Nos países chamados subdesenvolvidos, sobretudo em certas regiões da África, há um numeroso contingente de
pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. No Brasil, tal questão é visível em diversas regiões, tanto em zonas
rurais do Nordeste quanto nas zonas urbanas em morros e favelas de grandes cidades. É preciso, por isso, que os
líderes mundiais busquem soluções para retroceder esse mal.
Depois disso, você deverá entrar com o segundo argumento. Lembre-se de que, como começará um novo
ARGUMENTO, você deve iniciar um novo parágrafo, mas não se esqueça da CONTINUIDADE do texto, então use
um conectivo para manter a COERÊNCIA do texto. A coerência é a relação lógica das ideias do texto, sem ela, os
argumentos pareceriam fragmentos soltos e sem sentido. Vejamos como ficaria a continuação do texto com a entrada
de um novo argumento.
Além disso, nas últimas décadas, têm sido frequentes os conflitos internacionais. Dois exemplos de tal
situação foram os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 e, mais recentemente, a
crise sociopolítica da Líbia e de outros países da África. Há também a crescente violência urbana que tem gerado
sentimentos de pânico e insegurança nos brasileiros, os quais são facilmente notados na ocupação das favelas
ocorridas no Rio de Janeiro.
Note que as ideias apresentadas são bastante atuais, ao utilizar dados da contemporaneidade, você mostra que
é uma pessoa bem informada e preocupada com as questões de seu tempo. Ademais, falar de fatos passados só vale a
pena se forem essenciais a sua argumentação. Repare também que o novo argumento foi iniciado com ALÉM DISSO,
que é uma expressão que dá uma ideia de adição e continuidade. Você deverá apresentar seu último argumento para
manter a continuidade, por isso utilize mais um parágrafo, mas não repita o ALÉM DISSO.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela utilização desenfreada dos recursos
não renováveis, o que tem causado o desmatamento de florestas e a poluição de rios e mananciais. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente se desgaste mais rápido e diminua seu poder de autorrenovação.
Consequentemente, a natureza tem entrado em estado de desequilíbrio, o que afeta a qualidade de vida das pessoas e
dos animais e plantas.
Você incluiu mais um argumento e note que a expressão que inicia o parágrafo dá essa ideia. Após essa
argumentação, você escreverá a CONCLUSÃO, com base no que foi dito no DESENVOLVIMENTO.
Percebe-se, portanto, que, embora o terceiro milênio seja caracterizado como a época de avanços tecnológicos,
o homem está longe de solucionar os graves problemas que afligem grande parcela da humanidade. Novas tecnologias
são criadas para solucionar problemas novos, entretanto velhas questões como fome, guerras e devastação ambiental
continuam insolúveis. O ideal seria utilizar os avanços de hoje como ferramentas para salvar o planeta de seu declínio
para que as gerações futuras usufruam, pelo menos, de um local suficientemente habitável.
Na conclusão, você reafirmou o tema e deu sua opinião com base nos argumentos. Na maioria das vezes, é
importante construir perguntas e sugerir soluções para os problemas, pelo menos, de forma abrangente. É bom mostrar
preocupação com a persistência do problema e enfatizar que você é capaz de compreender a problemática e propor
soluções. A conclusão deve iniciar com palavras que deem ideia de que você está finalizando o texto como o
“portanto”.
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Primeiro passo: entender bem o tema do texto e retirando dele uma expressão central
Exemplo: TEMA: “O adolescente, hoje, precisa de limites?”
Exemplos:
OPÇÃO 1: defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites e apresentar justificativas para isso:
Esquema: Os adolescentes precisam de limites porque, nessa fase da vida,
a) ainda se estão moldando valores que os farão indivíduos íntegros, com caráter.
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b) eles ainda não têm total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado, segundo um modelo de vida sadio e
com respeito à moral.
OPÇÃO 2: defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites, apresentando exemplo(s) que
comprove(m) isso:
Sobre os exemplos: apresentar valores que se aprendem na adolescência e são levados para a vida inteira, sendo tais
valores passados por meio dos limites impostos. Apresentar exemplo(s) de atitudes de jovens que mostram a falta de
discernimento para distinguir certo e errado.
OPÇÃO 3: defender a ideia de que os adolescentes NÃO precisam de limites e apresentar justificativas para
isso:
Esquema: Os adolescentes não precisam de limites,
a) mas de carinho dos pais, que, em muitos casos, mostram-se ausentes. Os limites impostos afastam pais e filhos.
b) porque eles já são capazes de entender as regras sociais, e os limites serviriam apenas para inibir a criatividade, a
liberdade, a capacidade do adolescente de “amadurecer” sozinho, de encarar a realidade tal como ela é.
OPÇÃO 4: defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites, mas estes não devem ser impostos com
muito rigor:
a)Os adolescentes precisam de limites porque todo ser humano deve saber lidar com regras, ter disciplina para
enfrentar todo tipo de situação, e isso se constrói ao longo da vida, principalmente, quando se é jovem.
b)Por outro lado, esses limites não precisam ser impostos com tanto rigor, porque pode tolher a criatividade do
adolescente.
Exemplo: apresentar uma solução para o problema tratado ou uma sugestão relacionada à questão desenvolvida.
1) Uma sugestão para os pais: mostrar uma maneira de impor limites apropriada para a geração de adolescentes atual.
Assim, diante da dúvida se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de
indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir
regras, internalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido.
2) Uma sugestão para os próprios adolescentes: mostrar uma maneira de entender a imposição de limites como algo
positivo.
Portanto, os adolescentes não devem enxergar os limites impostos como uma forma de perseguição ou como uma
maneira de evitar que eles “vivam a vida", mas sim como uma autodefesa diante da liberdade exagerada, da falta de
humanidade, do modismo em detrimento do amor próprio e do excesso de suaves armadilhas que a realidade
apresenta.
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realidade, diferir o que é interessante momentaneamente e o que é correto e promissor não é uma tarefa fácil
para o adolescente, por isso é necessário impor limites para que ele aprenda estabelecer essa distinção.
Assim, diante da dúvida se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade
precisa de indivíduos de bom caráter, que demonstrem noção de disciplina. Para haver essa ação, é preciso
que os jovens saibam seguir regras, internalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido.
Portanto os adolescentes não devem enxergar os limites impostos como uma forma de perseguição ou como
uma maneira de evitar que eles vivam a vida, mas sim como uma autodefesa diante da liberdade exagerada,
da falta de humanidade, do modismo em detrimento do amor próprio e do excesso de suaves armadilhas que
a realidade apresenta.
GRAMÁTICA
Noções de Sintaxe
1. FRASE, PERÍODO E ORAÇÃO
1.1. Frase: enunciado de sentido completo (Que calor hoje! O calor está infernal hoje.)
1.2. Período: frase com verbo; pode ser simples ou composto. (O calor está infernal hoje e não tenho
vontade de demorar aqui.)
1.3. Oração: estrutura com verbo que expressa uma ideia, nem sempre de sentido completo. No exemplo
“Ele gostaria de que fôssemos ao cinema hoje”, há duas orações e nenhuma delas, separadamente, tem o
sentido completo. É necessária a leitura de ambas para obter-se o sentido desejado.
2. ORAÇÃO
2.1. TERMOS ESSENCIAIS
2.1.1. SUJEITO
c) INDETERMINADO: é aquele que existe, mas não se pode ou não se quer identificar. Isto ocorre em
duas situações:
1ª - oração iniciada por verbo na terceira pessoa do plural (sem referente, ou seja, sem sujeito expresso).
Ex.: Roubaram meu carro.
2ª - oração com verbo intransitivo, transitivo indireto ou verbo de ligação (sempre terceira pessoa do
singular), ligado à partícula se, indeterminador do sujeito.
Ex.: Vive-se bem no Rio de Janeiro.
Assiste-se a filmes ótimos nos cinemas da capital.
Era-se feliz naquele lugar.
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OBSERVAÇÃO: no caso de voz passiva pronominal, há uma ideia de indeterminação, mas não um sujeito
indeterminado.
Ex.: Vendem-se duas casas. Duas casas são vendidas. (sujeito simples, paciente)
d) ORAÇÃO SEM SUJEITO: oração que apresenta verbo impessoal (esses verbos concordam no singular).
Podem ser
* verbos que expressam fenômenos da natureza: nevar, gear, trovejar.
Ex.: Choveu dias e dias. Está nevando durante as últimas semanas em Gramado.
OBSERVAÇÃO: quando estes verbos estiverem empregados no sentido figurado, eles admitem sujeito.
Ex.: Choveu canivete lá em casa. Choveram canivetes lá em casa.
* verbos fazer (quando se refere a tempo) e haver (quando se refere a tempo ou quando significa existir ou
acontecer); verbo ser (quando se refere a tempo ou lugar); verbo estar (quando significa tempo ou clima).
Ex.: Faz meses que não o vejo.
Havia muitos candidatos.
São oito horas agora.
Era aqui que morávamos.
Está quente.
OBSERVAÇÃO: o sujeito de uma oração pode ser expresso por uma outra oração (sujeito oracional); o
verbo da oração principal é empregado na 3ª pessoa do singular.
Ex.: É urgente que entreguem essa mercadoria. Convém que eles saiam agora.
1) Sublinhe o sujeito e identifique o(s) núcleo(s); depois diga se o sujeito é simples ou composto:
a) A batucada continuou madrugada afora. _____________________________________________
b) A animada orquestra volta de novo à cidade. _________________________________________
c) Patrões e empregados continuam as negociações. ______________________________________
d) Deixou rápido o palco o engraçado palhaço. __________________________________________
e) Greves e passeatas são formas de luta dos estudantes. ___________________________________
f) O longo desabafo trouxe-lhe a paz. _________________________________________________
g) A psicóloga, o professor e a diretora analisaram o caso. _________________________________
h) As duas meninas passeavam pela calçada. ____________________________________________
i) Todos os atletas foram homenageados. _______________________________________________
j) O prefeito e os vereadores se reuniram na Câmara. _____________________________________
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j) Contaram a história errada. ________________________________________________________
k) Que alegria! Fizeste a tarefa. ______________________________________________________
l) Procuraram você por todos os lugares. _______________________________________________
m) Levaram minha carteira. _________________________________________________________
n) Falarei com ele a respeito desta história. _____________________________________________
o) Resolveram o problema. __________________________________________________________
p) Instalaram novas máquinas na fábrica. _____________________________________________
3) Numere de acordo com o seguinte código:
( 1 ) Sujeito Simples
( 2 ) Sujeito Composto
( 3 ) Sujeito Oculto
( 4 ) Sujeito Indeterminado
( 5 ) Oração sem sujeito
4) Os livros escolares devem ser tratados com carinho. Nesta oração o tipo de sujeito é:
a) composto c) simples
b) indeterminado d) oração sem sujeito
8) Defina o tipo de sujeito desta oração: Faz dez anos que cheguei aqui.
a) Sujeito oculto. c) Sujeito indeterminado.
b) Sujeito simples. d) Oração sem sujeito.
9) Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. Qual é o sujeito e o tipo de sujeito desta oração?
a) Nunca ninguém / composto. c) Ninguém /indeterminado.
b) Ninguém / simples. d) Nunca / simples.
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c) Sujeito indeterminado.
d) Sujeito oculto.
2.2. PREDICADO
O predicado de uma oração pode ser nominal, verbal ou verbo-nominal. Para entender o tipo de
predicado, é preciso analisar o tipo de verbo e de estrutura. Para saber o tipo de predicado, é necessário
reconhecer o valor do verbo, isto é, identificar se é verbo de ação (intransitivo, transitivo direto, transitivo
indireto, transitivo direto e indireto) ou verbo de ligação (verbo que não expressa ação; liga o sujeito a uma
característica ou qualidade, termo chamado de predicativo do sujeito).
Exemplos: Pedro faleceu. Pedro mora neste bairro. Pedro trabalha muito. (intransitivos).
Pedro trabalha a madeira como ninguém. (transitivo direto)
Pedro precisa da madeira encomendada. (transitivo indireto).
Pedro pagou a madeira ao fornecedor. (transitivo direto e indireto).
Pedro é artesão. Pedro está embriagado. (verbos de ligação)
Resumo:
• Predicado nominal (verbo de ligação mais predicativo do sujeito)
Ex.: Pedro estava cansado.
(Importante: os principais verbos de ligação são ser, estar, parecer, continuar, permanecer, tornar-se, ficar,
andar)
1) Classifique os termos grifados em: objeto direto, objeto indireto ou predicativo do sujeito:
a) Ponha o livro sobre a mesa. ( ) f) A prisão deles parecia inevitável. ( )
b) Não gostei desse filme. ( ) g) Eu não o encontrei na escola. ( )
c) Ana ficou furiosa com a brincadeira. ( ) h) A cidade resistiu ao ataque. ( )
d) Quero descobrir meu erro. ( ) i) Estas observações são úteis para nós. ( )
e) É preciso confiar em alguém. ( ) j) Desconfio de pessoas como ele. ( )
2) Separe o sujeito do predicado nas frases abaixo e classifique o predicado em: predicado verbal, predicado nominal
ou predicado verbo nominal.
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d) A economia daquele país continua atrasada.
a) Predicativo do sujeito: termo que expressa um estado ou qualidade do sujeito.(com predicado nominal ou verbo-
nominal):
Ex.: Elas são belíssimas.
b) Objeto direto: complemento verbal sem preposição obrigatória (predicado verbal ou verbo-nominal). Ex.: Ele
comprou um carro novo. O chefe nomeou Pedro gerente geral.
c) Objeto indireto: complemento verbal com preposição obrigatória (predicado verbal ou verbo-nominal). Ex.: Maria
obedece à mãe sempre. João chamou a José de bobo.
d) Predicativo do objeto: termo que expressa um estado ou qualidade do objeto, atribuídos pela ação do verbo da
oração.
Ex.: O juiz julgou o réu inocente.
e) Complemento nominal: termo preposicionado que completa o sentido de nomes (adjetivos, substantivos e
advérbios).
Ex.: Não foi obediente a nós. Eu não tenho medo de escuro.
f) Agente da passiva: termo preposicionado que indica aquele que pratica a ação do verbo, quando este está
empregado na voz passiva.
Ex.: Esse trabalho foi feito por mim.
(IMPORTANTE: corresponde ao sujeito na voz ativa. Ex.: Eu fiz esse trabalho.)
a) Adjunto adverbial: termo que indica uma circunstância, modifica um verbo ou intensifica o sentido desse, de um
adjetivo ou de um outro advérbio.
Ex.: Ele caminha muito. Ele está muito triste. Ele mora muito longe.
Principais circunstâncias: modo, tempo, lugar, intensidade, dúvida, negação, afirmação, condição, concessão,
condição, finalidade, instrumento, companhia, matéria, assunto.
c) Aposto: termo que se junta a um nome para explicá-lo, ou para servir-lhe de resumo, equivalente ou identificação.
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Ex.: Maria , líder da greve, foi demitida ontem. (aposto explicativo)
A cidade de Niterói é linda. (aposto especificativo)
Conhecemos várias cidades: Roma, Paris, Londres. (aposto enumerativo)
Eram dois bons atletas: um no futebol e o outro na natação (aposto distributivo)
Brinquedos, roupas novas, passeios, nada o fazia feliz.(aposto resumitivo)
d) Adjunto adnominal: termo de valor adjetivo que modifica um substantivo. Pode ser expresso por artigo, numeral,
adjetivo (Os dois livros didáticos eram bons.); por locução adjetiva (Comprava material de guerra .) ; por pronomes
(Este carro é bonito.) .
4) Os verbos das frases abaixo são verbos transitivos diretos e indiretos, logo, possuem dois objetos: um direto e outro
indireto. Identifique-os:
a) O pai emprestou o carro ao filho.
objeto direto: ___________________________ objeto indireto: ____________________________
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6) Classifique o predicado das orações do exercício anterior:
a) ___________________________________________________.
b) ___________________________________________________.
c) ___________________________________________________.
d) ___________________________________________________.
e) ___________________________________________________.
f) ___________________________________________________.
21
M
A
T
E
M
Á
T
I
C
A
CURSO ADSUMUS
Profº César Loyola
Então 630 = 2 x 3 x 3 x 5 x 7.
630 = 2 x 32 x 5 x 7.
3 - FRAÇÕES
de fração;
a de numerador;
b de denominador.
Adição e subtração de números fracionários
Temos que analisar dois casos:
1º) denominadores iguais
Para somar frações com denominadores iguais, basta somar os numeradores e conservar o
denominador.
Para subtrair frações com denominadores iguais, basta subtrair os numeradores e
conservar o denominador.
Observe os exemplos:
as frações .
Obtendo o mmc dos denominadores temos mmc(5,2) = 10.
4 - NUMERAÇÃO DECIMAL
Introdução
A figura nos mostra um paralelepípedo com suas principais dimensões em centímetros.
Essas dimensões são apresentadas sob a forma de notação decimal, que corresponde a uma
outra forma de representação dos números racionais fracionários.
A representação dos números fracionária já era conhecida há quase 3.000 anos, enquanto a
forma decimal surgiu no século XVI com o matemático francês François Viète.
O uso dos números decimais é bem superior ao dos números fracionários. Observe que nos
computadores e nas máquinas calculadoras utilizamos unicamente a forma decimal.
Numeração decimal
Números Decimais
O francês Viète (1540 - 1603) desenvolveu um método para escrever as frações decimais; no
lugar de frações, Viète escreveria números com vírgula. Esse método, modernizado, é utilizado
até hoje.
Observe no quando a representação de frações decimais através de números decimais:
= 0,1
= 0,01
= 0,001
= 0,0001
= 0,5
= 0,05
= 0,005
= 0,0005
= 11,7
= 0,117
= 0,0117
Os números 0,1, 0,01, 0,001; 11,7, por exemplo, são números decimais.
Nessa representação, verificamos que a vírgula separa a parte inteira da parte decimal.
Centésimos
Décimos
Centenas Dezenas Décimos Centésimos Milésimos milésimos Milionésimos
milésimos
Unidades
Leitura
Lemos a parte inteira, seguida da parte decimal, acompanhada das palavras:
décimos ........................................... : quando houver uma casa decimal;
centésimos....................................... : quando houver duas casas decimais;
milésimos......................................... : quando houver três casas decimais;
décimos milésimos ........................ : quando houver quatro casas decimais;
centésimos milésimos ................... : quando houver cinco casas decimais e, assim
sucessivamente.
Exemplos:
1,2: um inteiro e dois décimos;
2,34: dois inteiros e trinta e quatro centésimos
Quando a parte inteira do número decimal é zero, lemos apenas a parte decimal.
Exemplos:
0,1 : um décimo;
0,79 : setenta e nove centésimos
Observação:
1. Existem outras formas de efetuar a leitura de um número decimal. Observe a leitura do
2. Todo números natural pode ser escrito na forma decimal, bastando colocar a vírgula após o
último algarismo e acrescentar zero(s). Exemplos:
4 = 4,0 = 4,00 75 = 75,0 = 75,00
Assim:
Decimais equivalentes
As figuras foram divididas em 10 e 100 pares, respectivamente. A seguir foram coloridas de
verde escuro 4 e 40 destas parte, respectivamente. Observe:
Verificamos que 0,4 representa o mesmo que 0,40, ou seja, são decimais equivalentes.
Logo, decimais equivalentes são aqueles que representam a mesma quantidade.
Exemplos:
Exemplos:
3,4 > 2,943, pois 3 >2. 10,6 > 9,2342, pois 10 > 9.
Exemplos:
• 0,75 > 0,7 ou 0,75 > 0,70 (igualando as casas decimais), pois 75 > 70.
8,3 > 8,03 ou 8,30 > 8,03 (igualando as casas decimais ), pois 30 > 3.
5 - NÚMEROS RACIONAIS
Números racionais positivos e números racionais negativos que sejam quocientes de dois
negativos que sejam quocientes de dois números inteiros, com divisor diferente de zero.
Por exemplo:
(+17) : (-4) =
(+8) : (+5)
(-3) : (-5)
Obs.: Todo número inteiro é um número racional, pois pode ser escrito na forma fracionária:
Denominamos número racional o quociente de dois números inteiros (divisor diferente de zero),
ou seja, todo número que pode ser colocado na forma fracionária, em que o numerador e
denominador são números inteiros.
Multiplicação e divisão
Na multiplicação de números racionais, devemos multiplicar numerador por numerador, e
denominador por denominador, assim como é mostrado nos exemplos abaixo:
Método prático
1º) Igualamos o números de casas decimais, com o acréscimo de zeros;
2º) Colocamos vírgula debaixo de vírgula;
3º) Efetuamos a adição, colocando a vírgula na soma alinhada com as demais.
Exemplos:
1,28 + 2,6 + 0,038 35,4 + 0,75 + 47 6,14 + 1,8 + 0,007
Subtração
Método prático
1º) Igualamos o números de casas decimais, com o acréscimo de zeros;
2º) Colocamos vírgula debaixo de vírgula;
3º) Efetuamos a subtração, colocando a vírgula na diferença, alinhada com as
demais.
Exemplos:
3,97 - 2,013 17,2 - 5,146 9 - 0,987
Multiplicação
Considere a seguinte multiplicação: 3,49 · 2,5
Exemplos:
3,49 · 2,5
1,842 · 0,013
Observação:
Divisão
1º: Divisão exata
Considere a seguinte divisão: 1,4 : 0,05
Efetuado a divisão
Igualamos as
1,40 : 0,05
casa
decimais:
Suprimindo 140 : 5
as vírgulas:
• 6 : 0,015
Efetuando a divisão
Igualamos as casas
6,000 : 0,015
decimais
Suprimindo as vírgulas 6.000 : 15
Logo, o quociente de 6 por 0,015 é 400.
Efetuando a divisão
• 4,096 : 1,6
Observe que na divisão acima o quociente inteiro é 2 e o resto corresponde a 896 unidades.
Podemos prosseguir a divisão determinando a parte decimal do quociente. Para a determinação
dos décimos, colocamos uma vírgula no quociente e acrescentamos um zero resto, uma vez que
896 unidades corresponde a 8.960 décimos.
Continuamos a divisão para determinar os centésimos acrescentando outro zero ao novo resto,
uma vez que 960 décimos correspondem a 9600 centésimos.
Em algumas divisões, o acréscimo de um zero ao resto ainda não torna possível a divisão.
Nesse caso, devemos colocar um zero no quociente e acrescentar mais um zero ao resto.
Exemplos:
• 2,346 : 2,3
Verifique 460 (décimos) é inferior ao divisor
(2.300). Colocamos, então, um zero no
quociente e acrescentamos mais um zero ao
resto.
Observação:
Para se dividir um número decimal por 10, 100, 1.000, ..., basta deslocar a vírgula para a
esquerda uma, duas, três, ..., casas decimais. Exemplos:
Tomando o quociente 3 (por falta), ou 4 (por excesso), estamos cometendo um erro que uma
unidade, pois o quociente real encontra-se entre 3 e 4.
Logo:
Tomando o quociente 3 (por falta), ou 4 (por excesso), estamos cometendo um erro que uma
unidade, pois o quociente real encontra-se entre 3 e 4.
Logo:
= 0,333... = 0,8333...
Aos numerais decimais em que há repetição periódica e infinita de um ou mais algarismos, dá-
se o nome de numerais decimais periódicos ou dízimas periódicas. Em uma dízima periódica, o
algarismo ou algarismo que se repetem infinitamente, constituem o período dessa dízima. As
dízimas classificam-se em dízimas periódicas simples e dízimas periódicas compostas.
Exemplos:
São dízima periódicas compostas, uma vez que entre o período e a vírgula existe uma parte não
periódica.
Observações
1. Consideramos parte não periódica de uma dízima o termo situado entre a vírgula e o
período. Excluímos portanto da parte não periódica o inteiro.
2. Podemos representar uma dízima periódica das seguintes maneiras:
0,555... ou ou 0,0222... ou ou
2,333... ou ou 1,15444... ou ou
0,121212... ou 0,1232323... ou
12,53262626... = 12 + 0,53262626... =
Potenciação
As potências nas quais a base é um número decimal e o expoente um número natural seguem
as mesmas regras desta operação, já definidas. Assim:
(3,5)2 = 3,5 · 3,5 = 12,25 (0,64)1 = 0,64
(0,4)3 = 0,4 · 0,4 · 0,4 = 0,064 (0,18)0 = 1
Raiz Quadrada
A raiz quadrada de um número decimal pode ser determinada com facilidade, transformando o
mesmo numa fração decimal. Assim:
Expressões Numéricas
No cálculo de expressões numérico envolvendo números decimais seguimos as mesmas regras
aplicadas às expressões com números fracionários.
Em expressões contendo frações e números decimais, devemos trabalhar transformando todos
os termos em um só tipo de número racional. Exemplo:
7 - RAZÕES - INTRODUÇÃO
Vamos considerar um carro de corrida com 4m de comprimento e um kart com 2m de
comprimento. Para compararmos as medidas dos carros, basta dividir o comprimento de um
deles pelo outro. Assim:
Podemos afirmar também que o kart tem a metade do comprimento do carro de corrida.
A comparação entre dois números racionais, através de uma divisão, chama-se razão.
A razão pode também ser representada por 1:2 e significa que cada metro do kart
corresponde a 2m do carro de corrida.
o quociente ou a:b.
A palavra razão, vem do latim ratio, e significa "divisão". Como no exemplo anterior, são
diversas as situações em que utilizamos o conceito de razão. Exemplos:
• Dos 1200 inscritos num concurso, passaram 240 candidatos.
Razão dos candidatos aprovados nesse concurso:
Observações:
1) A razão entre dois números racionais pode ser apresentada de três formas. Exemplo:
A razão entre 1 e -8 é .
A razão entre é .
Razões inversas
Considere as razões .
Exemplo:
Observações:
1) Uma razão de antecedente zero não possui inversa.
2) Para determinar a razão inversa de uma razão dada, devemos permutar (trocar) os seus
termos.
Exemplo: O inverso de .
Razões equivalentes
Dada uma razão entre dois números, obtemos uma razão equivalente da seguinte maneira:
Exemplos:
Exemplos:
1) Calcular a razão entre a altura de dois anões, sabendo que o primeiro possui uma altura
h1= 1,20m e o segundo possui uma altura h2= 1,50m. A razão entre as alturas h1 e h2 é dada por:
2) Determinar a razão entre as áreas das superfícies das quadras de vôlei e basquete,
sabendo que a quadra de vôlei possui uma área de 162m 2 e a de basquete possui uma área de
240m2.
Exemplos:
1) Consumo médio:
• Beatriz foi de São Paulo a Campinas (92Km) no seu carro. Foram gastos nesse percurso 8
litros de combustível. Qual a razão entre a distância e o combustível consumido? O que
significa essa razão? Solução:
Razão =
Razão =
Razão = 90 km/h (lê-se "90 quilômetros por hora").
Essa razão significa que a cada hora foram percorridos em média 90 km.
3) Densidade demográfica:
• O estado do Ceará no último censo teve uma população avaliada em 6.701.924 habitantes.
Sua área é de 145.694 km2. Determine a razão entre o número de habitantes e a área
desse estado. O que significa essa razão?
Solução:
Razão =
Razão = 46 hab/km2 (lê-se "46 habitantes por quilômetro quadrado").
Essa razão significa que em cada quilômetro quadrado existem em média 46 habitantes.
Razão =
Razão = 7,8 g/cm3 (lê-se "7,8 gramas por centímetro cúbico").
Essa razão significa que 1cm3 de ferro pesa 7,8g.
8 - PROPORÇÕES - INTRODUÇÃO
Rogerião e Claudinho passeiam com seus cachorros. Rogerião pesa 120kg, e seu cão, 40kg.
Claudinho, por sua vez, pesa 48kg, e seu cão, 16kg.
Observe a razão entre o peso dos dois rapazes:
ou a:b=c:d
• b e c os meios da proporção.
• a e d os extremos da proporção.
Exemplo:
Solução:
5 . x = 8 . 15 (aplicando a propriedade fundamental)
5 . x = 120
x = 24
Logo, o valor de x é 24.
Solução:
5 . (x-3) = 4 . (2x+1) (aplicando a propriedade fundamental)
5x - 15 = 8x + 4
5x - 8x = 4 + 15
-3x = 19
3x = -19
Logo, o valor de x é .
Os números 5, 8, 35 e x formam, nessa ordem, uma proporção. Determine o valor de x.
Solução:
x = 56
Logo, o valor de x é 56.
• Numa salina, de cada metro cúbico (m3) de água salgada, são retirados 40 dm3 de sal.
Para obtermos 2 m3 de sal, quantos metros cúbicos de água salgada são necessários?
Solução:
A quantidade de sal retirada é proporcional ao volume de água salgada.
Indicamos por x a quantidade de água salgada a ser determinada e armamos a
proporção:
x = 50 m3
Logo, são necessários 50 m3 de água salgada.
Observe que uma grandeza varia de acordo com a outra. Essas grandezas são variáveis
dependentes. Observe que:
Quando duplicamos o tempo, a produção também duplica.
5 min ----> 100Kg
10 min ----> 200Kg
Quando triplicamos o tempo, a produção também triplica.
5 min ----> 100Kg
15 min ----> 300Kg
Assim:
Verifique na tabela que a razão entre dois valores de uma grandeza é igual a razão entre os dois
valores correspondentes da outra grandeza.
Observe que uma grandeza varia de acordo com a outra. Essas grandezas são variáveis
dependentes. Observe que:
Quando duplicamos a velocidade, o tempo fica reduzido à metade.
5 m/s ----> 200s
10 m/s ----> 100s
Quando quadriplicamos a velocidade, o tempo fica reduzido à quarta parte.
5 m/s ----> 200s
20 m/s ----> 50s
Assim:
Verifique na tabela que a razão entre dois valores de uma grandeza é igual ao inverso da razão
entre os dois valores correspondentes da outra grandeza.
Regra de três simples é um processo prático para resolver problemas que envolvam quatro
valores dos quais conhecemos três deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos
três já conhecidos.
Passos utilizados numa regra de três simples:
1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma espécie em colunas e
mantendo na mesma linha as grandezas de espécies diferentes em correspondência.
2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamente proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Exemplos:
1) Com uma área de absorção de raios solares de 1,2m 2, uma lancha com motor movido a
energia solar consegue produzir 400 watts por hora de energia. Aumentando-se essa área para
1,5m2, qual será a energia produzida?
Solução: montando a tabela:
Área (m2) Energia (Wh)
1,2 400
1,5 x
Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que contém o x (2ª coluna).
Observe que: Aumentando a área de absorção, a energia solar aumenta.
Como as palavras correspondem (aumentando - aumenta), podemos afirmar que as
grandezas são diretamente proporcionais. Assim sendo, colocamos uma outra seta no mesmo
sentido (para baixo) na 1ª coluna. Montando a proporção e resolvendo a equação temos:
Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que contém o x (2ª coluna).
Observe que: Aumentando a velocidade, o tempo do percurso diminui.
Como as palavras são contrárias (aumentando - diminui), podemos afirmar que as
grandezas são inversamente proporcionais. Assim sendo, colocamos uma outra seta no
sentido contrário (para cima) na 1ª coluna. Montando a proporção e resolvendo a equação temos:
4) Uma equipe de operários, trabalhando 8 horas por dia, realizou determinada obra em 20
dias. Se o número de horas de serviço for reduzido para 5 horas, em que prazo essa equipe fará
o mesmo trabalho?
Solução: montando a tabela:
Horas por dia Prazo para término (dias)
8 20
5 x
Observe que: Diminuindo o número de horas trabalhadas por dia, o prazo para término
aumenta.
Como as palavras são contrárias (diminuindo - aumenta), podemos afirmar que as
grandezas são inversamente proporcionais. Montando a proporção e resolvendo a equação
temos:
11 - DÍZIMAS PERIÓDICAS
São dízimas periódicas simples, uma vez que o período apresenta-se logo após a vírgula.
São dízimas periódicas compostas, uma vez que entre o período e a vírgula existe uma parte
não periódica.
Observações:
Consideramos parte não periódica de uma dízima o termo situado entre vírgulas e o período.
Excluímos portanto da parte não periódica o inteiro.
Podemos representar uma dízima periódica das seguintes maneiras:
Exemplos:
Na resolução de uma equação do 1º grau com uma incógnita, devemos aplicar os princípios de
equivalência das igualdades (aditivo e multiplicativo). Exemplos:
9x = -10
Como , então .
2x - 4 - 3 + 3x = 2x - 8
2x + 3x -2
x=-8+4+3
3x = -1
Como , então
O par ordenado (20, 5), que torna ambas as sentenças verdadeiras, é chamado solução do
sistema. Um sistema de duas equações com duas variáveis possui uma única solução.
2 . (4 - y) -3y = 3
8 - 2y -3y = 3
8 - 2y -3y = 3
-5y = -5 => Multiplicamos por -1
5y = 5
y=1
x +1= 4
x= 4-1
x=3
V = {(3, 1)}
Método da adição
Sendo U = , observe a solução de cada um dos sistemas a seguir, pelo método da adição.
Resolva o sistema abaixo:
Solução
• Adicionamos membros a membros as equações:
x=8
Substituímos o valor encontrado de x, em qualquer das equações, determinado y:
8 + y = 10
y = 10 - 8
y=2
A solução do sistema é o par ordenado (8, 2)
V = {(8, 2)}
14 - RADICIAÇÃO
Potenciação de Radicais
Observando as potencias, temos que:
De modo geral, para se elevar um radical a um dado expoente, basta elevar o radicando
àquele expoente. Exemplos:
Divisão de Radicais
Segundo as propriedades dos radicais, temos que:
: =
Metro
A palavra metro vem do gegro métron e significa "o que mede". Foi estabelecido inicialmente
que a medida do metro seria a décima milionésima parte da distância do Pólo Norte ao Equador,
no meridiano que passa por Paris. No Brasil o metro foi adotado oficialmente em 1928.
Unidade
Múltiplos Submúltiplos
Fundamental
2º) Colocar o número no quadro de unidades, localizando o último algarismo da parte inteira
sob a sua respectiva.
1 5, 0 4 8
3º) Ler a parte inteira acompanhada da unidade de medida do seu último algarismo e a parte
decimal acompanhada da unidade de medida do último algarismo da mesma.
15 metros e 48 milímetros
Outros exemplos:
6,07 km lê-se "seis quilômetros e sete decâmetros"
lê-se "oitenta e dois decâmetros e cento e sete
82,107 dam
centímetros".
0,003 m lê-se "três milímetros".
Transformação de Unidades
km hm dam m dm cm mm
Para transformar hm em m (duas posições à direita) devemos multiplicar por 100 (10 x
10).
16,584 x 100 = 1.658,4
Ou seja:
16,584hm = 1.658,4m
km hm dam m dm cm mm
Para transformar dam em cm (três posições à direita) devemos multiplicar por 1.000 (10
x 10 x 10).
1,463 x 1.000 = 1,463
Ou seja:
1,463dam = 1.463cm.
Para transformar m em dam (uma posição à esquerda) devemos dividir por 10.
176,9 : 10 = 17,69
Ou seja:
176,9m = 17,69dam
km hm dam m dm cm mm
Perímetro de um Polígono
Perímetro do retângulo
b - base ou comprimento
h - altura ou largura
Perímetro = 2b + 2h = 2(b + h)
Envolva a roda com um barbante. Marque o início e o fim desta volta no barbante.
Estique o bastante e meça o comprimento da circunferência correspondente à roda.
Assim:
O número 3,141592... corresponde em matemática à letra grega (lê-se "pi"), que é a primeira
lera da palavra grega perímetro. Costuma-se considera = 3,14.
Logo:
Utilizando essa fórmula,
podemos determinar o
comprimento de qualquer
circunferência.
Podemos agora conferir com
auxílio da fórmula o comprimento
da toda obtido experimentalmente.
3,141592...
C=2 r C = 2 3,14 · 20 ·
C = 125,6 cm
O dam2, o hm2 e km2 são utilizados para medir grandes superfícies, enquanto o dm 2, o cm2 e o
mm2 são utilizados para pequenas superfícies.
Exemplos:
1) Leia a seguinte medida: 12,56m2
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
12, 56
Lê-se “12 metros quadrados e 56 decímetros quadrados”. Cada coluna dessa tabela
corresponde a uma unidade de área.
2) Leia a seguinte medida: 178,3 m2
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
1 78, 30
Lê-se “178 metros quadrados e 30 decímetros quadrados”
3) Leia a seguinte medida: 0,917 dam2
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
0, 91 70
Lê-se 9.170 decímetros quadrados.
Medidas Agrárias
As medidas agrárias são utilizadas parea medir superfícies de campo, plantações, pastos,
fazendas, etc. A principal unidade destas medidas é o are (a). Possui um múltiplo, o hectare (ha),
e um submúltiplo, o centiare (ca).
17 - MEDIDAS DE VOLUME
Introdução
Frequentemente nos deparamos com problemas que envolvem o uso de três dimensões:
comprimento, largura e altura. De posse de tais medidas tridimensionais, poderemos calcular
medidas de metros cúbicos e volume.
Unidade
Múltiplos Submúltiplos
Fundamental
1.000.000 0,000000001
1.000.000.000m3 1.000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3
m3 m3
18 - MEDIDAS DE CAPACIDADE
A quantidade de líquido é igual ao volume interno de um recipiente, afinal quando enchemos
este recipiente, o líquido assume a forma do mesmo. Capacidade é o volume interno de um
recipiente.
A unidade fundamental de capacidade chama-se litro.
Litro é a capacidade de um cubo que tem 1dm de aresta.
1l = 1dm3
kl hl dal l dl cl ml
19 - EQUAÇÕES DO 2º GRAU
Definições
Denomina-se equação do 2º grau na incógnita x, toda equação da forma:
ax2 + bx + c = 0; a, b, c IR e
Exemplo:
• x2 - 5x + 6 = 0 é um equação do 2º grau com a = 1, b = -5 e c = 6.
• 6x2 - x - 1 = 0 é um equação do 2º grau com a = 6, b = -1 e c = -1.
• 7x2 - x = 0 é um equação do 2º grau com a = 7, b = -1 e c = 0.
• x2 - 36 = 0 é um equação do 2º grau com a = 1, b = 0 e c = -36.
Nas equações escritas na forma ax² + bx + c = 0 (forma normal ou forma reduzida de uma
equação do 2º grau na incógnita x) chamamos a, b e c de coeficientes.
a é sempre o coeficiente de x²;
b é sempre o coeficiente de x,
c é o coeficiente ou termo independente.
Equações completas e Incompletas
Uma equação do 2º grau é completa quando b e c são diferentes de zero. Exemplos:
x² - 9x + 20 = 0 e -x² + 10x - 16 = 0 são equações completas.
Uma equação do 2º grau é incompleta quando b ou c é igual a zero, ou ainda quando ambos
são iguais a zero. Exemplos:
• x² - 36 = 0 • x² - 10x = 0 • 4x² = 0
Solução
Substituímos a incógnita x da equação por cada um dos elementos do conjunto e
verificamos quais as sentenças verdadeiras.
(-1)² - (-1) - 2 = 0
Para x = -1 1+1-2=0 (V)
0=0
0² - 0 - 2 = 0
Para x = 0 0 - 0 -2 = 0 (F)
-2 = 0
1² - 1 - 2 = 0
Para x = 1 1-1-2=0 (F)
-2 = 0
2² - 2 - 2 = 0
Para x = 2 4-2-2=0 (V)
0=0
Logo, -1 e 2 são raízes da equação.
Solução
Substituindo a incógnita x por 2, determinamos o valor de p.
• Logo, o valor de p é .
1ª Propriedade:
2ª Propriedade:
Solução
Inicialmente, colocamos x em evidência:
Para o produto ser igual a zero, basta que um dos fatores também o seja. Assim:
número positivo, não tendo raiz real caso seja um número negativo.
Exemplos:
• resolução a equação:
Temos
Discriminante
Denominamos discriminante o radical b2 - 4ac que é representado pela letra grega (delta).
Exemplo:
• Para quais valores de k a equação x² - 2x + k- 2 = 0 admite raízes reais e desiguais?
Solução
Exemplo:
• Determine o valor de p, para que a equação x² - (p - 1) x + p-2 = 0 possua raízes iguais.
Solução
Exemplo:
• Para quais valores de m a equação 3x² + 6x +m = 0 não admite nenhuma raiz real?
Solução
Para que a equação não tenha raiz real devemos ter
Resumindo
Dada a equação ax² + bx + c = 0, temos:
EQUAÇÕES LITERAIS
As equações do 2º grau na variável x que possuem alguns coeficientes ou alguns termos
independentes indicados por outras letras são denominadas equações literais.
As letras que aparecem numa equação literal, excluindo a incógnita, são denominadas
parâmetros.
x=
Logo, temos:
• Resolva a equação literal incompleta my2- 2aby=0,com m 0, sendo y a variável.
Solução
my2 - 2aby = 0
y(my - 2ab)=0
Temos, portanto, duas soluções:
y=0
ou
my - 2ab = 0 my = 2ab y=
Assim:
Portanto:
Logo:
Como ,temos:
Assim: Assim:
• Determine o valor de m na equação 4x2 - 7x + 3m = 0, para que o produto das raízes seja
igual a -2.
Solução
Nesta equação, temos: a=4, b=-7 e c=3m.
P= x1. x2= -2
Logo, o valor de m é .
• Determine o valor de k na equação 15x2 + kx + 1 = 0, para que a soma dos inversos de
suas raízes seja igual a 8.
Solução
Considere x1 e x2 as raízes da equação.
x2 - Sx + P= 0
Exemplos:
• Componha a equação do 2º grau cujas raízes são -2 e 7.
Solução
A soma das raízes corresponde a:
S= x1 + x2 = -2 + 7 = 5
O produto das raízes corresponde a:
P= x1 . x2 = ( -2) . 7 = -14
A equação do 2º grau é dada por x2 - Sx + P = 0, onde S=5 e P= -14.
Logo, x2 - 5x - 14 = 0 é a equação procurada.
.
Solução
Se uma equação do 2º grau, de coeficientes racionais, tem uma raiz , a outra raíz será
Assim:
20 - INEQUAÇÕES DE 1º GRAU
Introdução
As inequações do 1º grau com uma variável podem ser escritas numa das seguintes formas:
, , , , como a e b reais .
Exemplos:
21 - PORCENTAGEM
É frequente o uso de expressões que refletem acréscimos ou reduções em preços, números ou
quantidades, sempre tomando por base 100 unidades. Alguns exemplos:
• A gasolina teve um aumento de 15%
Significa que em cada R$100 houve um acréscimo de R$15,00
• O cliente recebeu um desconto de 10% em todas as mercadorias.
Significa que em cada R$100 foi dado um desconto de R$10,00
Razão centesimal
Toda a razão que tem para consequente o número 100 denomina-se razão centesimal.
Alguns exemplos:
As expressões 7%, 16% e 125% são chamadas taxas centesimais ou taxas percentuais.
Considere o seguinte problema:
João vendeu 50% dos seus 50 cavalos. Quantos cavalos ele vendeu?
Para solucionar esse problema devemos aplicar a taxa percentual (50%) sobre o total de
cavalos.
Exemplos:
• Calcular 10% de 300.
(a + b) = a 2 + 2ab + b 2
2
( a − b) = a 2 − 2ab + b 2
2
( a + b ) . ( a − b ) = a 2 − b2
2º Caso – Agrupamento:
xy + xz + ay + az = x( y + z) + a( y + z) = ( y + z)( x + a)
3º Caso – Diferença de dois quadrados:
x 2 − y 2 = ( x + y )( x − y )
4º Caso – Trinômio quadrado perfeito
a) x 2 + 2 xy + y 2 = ( x + y )2
b) x 2 − 2 xy + y 2 = ( x − y)2
5º Caso – Trinômio do 2º Grau
São expressões de forma x² + Sx + P, em que S e P representam, respectivamente, a soma e o
produto de dois números a e b tal que se pode escrever:
x² + Sx + P = ( x + a)( x + b)
Exemplos:
a) x² + 7x + 12 = (x + 3)(x + 4)
b) x² – 6x + 8 = (x – 2)(x – 4)
c) x² + 2x – 8 = (x – 2)(x + 4)
23 – EQUAÇÕES EXPONENCIAIS
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS:
1) 3x=81
Resolução: Como 81=34, podemos escrever 3x = 34
E daí, x=4.
2) 9x = 1
Resolução: 9x = 1 9x = 90 ; logo x=0.
3) 23x-1 = 322x
Resolução: 23x-1 = 322x 23x-1 = (25)2x 23x-1 = 210x ; daí 3x-1=10,
de onde x=-1/7.
y’=-3 3x’ = -3 não existe x’, pois potência de base positiva é positiva
y’’=9 3x’’ = 9 3x’’ = 32 x’’=2
1 1
1− −
1) O valor da expressão 6 3 é:
2
1 1 3
+ +
6 2 2
a) 1/2
b) 3/2
c) 3/5
d) 4/5
e) 1/3
1 2
2) O resultado de 0,333... + − : 2 é:
2 3
a) 2/3
b) 1/2
c) 1/3
d) 3/2
e) 1
3 4
7) O valor de (0, 01) .(0, 001)
5
é
(0, 0001)
a) 1000
b) 100
c) 10
d) 1
e) 0,1
7 − 1, 25 x0, 2
8) Calcule a expressão abaixo e marque a opção correta.
3,6 :1,8 + ( 0,5)
2
a) 3
b) 5,5
c) 5,75
d) 6
e) 9
0, 2929... − 0, 222...
10) O valor exato de é:
0,555... + 0,333...
3
a)
25
3
b)
28
4
c)
34
6
d)
58
7
e)
88
3 13 1
12) Calcule a média aritmética dos números , e e assinale a opção correta.
5 4 2
a) 1,25
b) 1,45
c) 2,95
d) 3,65
e) 4,25
1
13) Dada a dízima x = 0,222... , então o valor numérico da expressão x+ −1 é representado por
x
1
x + +1
x
a) 67/103
b) 65/103
c) 67/105
d) 65/104
e) 67/104
14 ) O valor de 1,936.10 é
a) 4,8
b) 4,7
c) 4,6
d) 4,5
e) 4,4
15) Dada a expressão algébrica mn – m², determinar o ser valor numérico quando m = 1,1 e n =
0,8.
a) – 0,33
b) – 0,12
c) – 1
d) 0,16
e) 0,24
18) Dada a inequação x/3 - (x+1)/2 < (1 - x) / 4, para que valores em será possível:
a) x >2
b) x <2
c) x >3
d) x <9
e) x >9
x2 x
20) Quais são as raízes da equação − − +1 = 0 :
6 6
a) – 3 e 2
b) – 2 e 3
c) – 3 e - 2
d) 2 e 3
e) 3 e 2
5 3
21) Resolvendo a equação x 2 + x − = 0 , quais as raízes que satisfazem a sua resolução.
2 2
a) – 2 e 3
b) – 3 e - 2
c) – 3 e 1/2
d) 1/2 e 3
e) 2 e 5
23) De um recipiente cheio de água tiram-se 2/3 de seu conteúdo. Recolocando-se 30 litros de
água, o conteúdo passa a ocupar a metade do volume inicial. Qual a capacidade do recipiente?
a) 160 l
b) 180 l
c) 200 l
d) 210 l
e) 230 l
24) Uma piscina de 12 m de comprimento por 6 m de largura e 3m de profundidade está cheia até
os 5/8 de sua capacidade. Quantos metros cúbicos de água ainda cabem na piscina?
a) 78 m³
b) 80 m³
c) 81 m³
d) 82 m³
e) 85 m³
25) Numa piscina retangular com 10 m de comprimento e 5 m de largura, para elevar o nível da
água em 10 cm, são necessários (litros de água):
a) 3.500 l
b) 4.000 l
c) 4.500 l
d) 5.000 l
e) 5.500 l
26) As dimensões internas de um reservatório de água com forma de paralelepípedo são: 1,2 m,
80 cm e 60 cm. Qual a quantidade de água, em litros, que cabe nesse reservatório?
a) 0,576
b) 5,676
c) 57,66
d) 576,0
e) 5,760
29) Um triângulo tem base medindo (6 − 6) cm e altura no valor de (6 + 6) cm. Sua área é igual
a:
a) 9 cm²
b) 12 cm²
c) 15 cm²
d) 18 cm²
e) 21 cm²
35) Uma mercadoria custava X real e seu preço sofreu um aumento de 12%. Se ao novo preço
for dado um desconto de 12% ele passará a custar:
a) 88% de X
b) X
c) 88,88% de X
d) 98,56% de X
e) 92,12 de X
36) Quando aumentamos cada lado de um triângulo eqüilátero em 20% de seu comprimento sua:
a) área aumenta em 40%
b) área aumenta em 44%
c) altura aumenta em 10%
d) altura não se altera
e) área não se altera
37) A rede “Lojas BBB”, numa promoção relâmpago, estava oferecendo um desconto de 20% em
todas as suas mercadorias. Ilda se interessou por um sofá e pagou pelo mesmo o valor de
R$400,00. O valor original do sofá, sem o desconto de 20%, era de:
a) R$480,00
b) R$500,00
c) R$520,00
d) R$540,00
e) R$560,00
( a + b)
−a −b
2
a
39) Na equação = 3 , sendo a e b números reais não nulos, o valor de é:
a + ab − a
2
b
a) 0,8
b) 0,7
c) 0,5
d) 0,4
e) 0,3
x+3 1 − 3x
b) = 1+ ( x 0)
x 2x
1 3 x −1
c) + = ( x 0)
6x 2x 4x2
x −3 3
d) = ( x −3)
x+3 5
2 5 1
e) = x , x −1
2x −1 x +1 2
41) Efetue as operações com expressões algébricas, reduzindo os resultados à forma mais
simples:
a)(3x² − 2x + 9) − (3x −1)( x + 4)
4a − 6b + 2
b)a(a − b + 1) +
2
d )( x + 6)( x − 2) + ( x + 4)( x − 4)
6( x − 1)( x + 2)
e)
(2 x − 5) − 2( x − 1)
b) 25x² - 4y²
c) x² - 5x + xy – 5y
d) x² - 16x + 64
e) x 4 − y 4
b) ax + bx + ay + by
c) 4x² - y²
d) 4 – m²
e) x² + 2xy + y²
f) a² -4a + 4
g) (a + b)x + a + b
h) ax + 2x + ab + 2b
i) 4b² - 1
j) z² - 8z + 16
x 2 − 25
b) 2
x + 10 x + 25
20 x3 yz 2
c)
35 xy ² z ²
x 2 + 2 xy + y 2
d) 2
x + xy − 3x − 3 y
5 x − 10
e)
x2 − 2 x
x+6
f)
x3 − 36 x
b) (2x – 1/4)²
e) (a + b)² - (a + b)(a – b)
g) (x + y)² - (x – y)²
x x x
c) + + = 2( x − 1)
3 2 4
1 2x −1 x + 2
d) − =
4 2 3
5 1 4− x
f) + − =0
x x + 1 x² + x
b) x² + 3x(x – 12) = 0
x 8 x
c) = + ( x −1)( x 1)
x +1 3 1− x
x −3 1
d) +1 = ( x −2)( x 2)
x −4
2
x−2
9
f ) x + 10 = − ( x 0)
x
3x + 5
g )6 x + 5 = ( x 1)
x −1
1 3 1
h) = − ( x 0)( x 1)
x 2 x −1
x 3 3
i) − = ( x 1)( x 2)
x − 2 x − 1 ( x − 2 )( x − 1)
1 1 1
j) − = ( x 2)( x 3)
x −3 2 x −2
x −2
1
( )
x
49) A solução da equação = 27 pertence ao intervalo:
81
a) 0,1
b) 1, 2
c) 2,3
d) 3, 4
e) −3, 4
a) 3
b) 2
c) 1
d) 0
e) – 1
1 – c; 2 – b; 3 – a; 4 – c; 5 – e; 6 – e; 7 – b; 8 – a; 9 – d; 10 – e; 11 – a; 12 –
b; 13 – a; 14 – e; 15 – a; 16 – e; 17 – c; 18 – d; 19 – b; 20 – a; 21 – c; 22 – d;
23 – b; 24 – c; 25 – d; 26 – d;
27 – d; 28 – a; 29 – c; 30 – b; 31 – d; 32 – a; 33 – b; 34 – e; 35 – d; 36 – b; 37 –
b; 38 – b; 39 – c; 40 – a) - 4 b) – 5/3 c) – 3/17 d) 12 e) 7/8 ; 41 – a) 13 – 13x b) a² -
ab + 3a - 3b + 1 c) 2x² + 14x + 9 d) 2x² + 4x – 28 e) – 2x² - 2x + 4; 42 – a) 6x(5x – 2 + 3y)
b) (5x – 2y)(5x + 2y) c) (x + y)(x – 5) d) (x – 8)² e) (x – y)(x + y)(x² + y²); 43 – a) x(2 + b + x)
b) (x + y)(a + b) c) (2x + y)(2x – y) d) (2 – m)(2 + m) e) (x + y)2 f) (a – 2)² g) (a + b)(x + 1)
h) (x + b)(a + 2) i) (2b + 1)(2b – 1) j) (z – 4)²; 44 – a) 2x – 3/5 b) (x – 5)/(x + 5) c) 4x²/7y d)
(x + y)/(x – 3) e) 5/x f) 1/x(x – 6); 45 – a) x² - 6x + 9 b) 4x² - x + 1/16 c) x4 a 4 − y 4b4 d) 12xy +
18y² e) 2ab + 2b² f) x 4 − y 4 g) 4xy; 46 – a) 5/29 b) 7/2 c) 24/11 d) 1/16 e) – 9/13 f) – 1/7;
47 – a) (-9, 9) b) (0, 9) c) (-2, 2) d) (- 3, 3) e) 8/5 f) (- 9, - 1) g) (- 1, 5/3) h) (1/3, 2) i) 3 j)
(1, 4); 48 – b; 49 – b; 50 – a; 51 – e.
1
1. REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS EM GEOGRAFIA
1.1 - Argumentos para a revisão conceitual: a abordagem é elementar, isto porque refere-se a conceitos do
atual ensino fundamental e muitos alunos não se lembram ou ainda têm dúvidas. É necessário muita atenção
na leitura dos textos e, principalmente, nas questões durante as provas. Pois, o eixo da questão pode estar na
localização do fenômeno contextualizado.
Estes conceitos não serão comentados individualmente ao longo das aulas, salvo quando manifestado pelo(s)
aluno(s). Logo, não deve(m) deixar passar quaisquer dúvidas durante as aulas. Isto porque a(s) mesma(s)
pode(m) se transformar em dívida(s) na hora da prova!!!!!
Qual será a reação do candidato ????
1.2 - Localização: preferencialmente consultar mapas, quando estudar em casa, principalmente para aqueles
que não estudam Geografia por muito tempo ou não tem interesse com atualidades. Qual é o objetivo: saber
onde está localizado o fato ou fenômeno estudado (no país ou no continente citado) e maior facilidade na
fixação/compreensão do assunto.
2
DIVISÃO DOS CONTINENTES: AMÉRICAS, EUROPA, ÁFRICA, ÁSIA E OCEANIA
Mesmo tendo a segunda menor extensão territorial do mundo, o continente europeu possui grandes
diversidades espaciais ao longo da sua área. Formada por muitos países de espaços territoriais pequenos e
médios, com exceção da Rússia (maior país do mundo), a Europa é palco de várias regionalizações
caracterizadas pelas diferenças físicas e socioeconômicas. Com uma grande história sobre as sociedades
3
geradas neste continente, analisar cada nação europeia requer sempre um trabalho complexo, pois
necessitamos conhecer o seu passado para compreender suas questões atuais. Dessa forma, divide-se a
Europa em seis regiões: Europa Nórdica, Europa Central, Península Ibérica, Leste Europeu, Península dos
Bálcãs e Países Bálticos.
Europa Nórdica - Situada no extremo norte da Europa, os países Nórdicos são caracterizados por serem de
alto padrão de vida social e economias estáveis. Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia fazem
parte desta região, o que demonstra que problemas sociais não são temas desses países. Com índices de
renda per capta entre US$ 19.000 (o valor mais baixo) até US$ 28.000, essas nações estão a anos-luz da
realidade mundial. Particularmente, a Noruega que, segundo o IDH (ONU) tem sido classificado entre os
cinco maiores nos últimos 15 anos. O padrão de vida nórdico chega a diferenciar-se do padrão europeu. Com
pouca população e muito dinheiro circulando em seus territórios, esses países distribuem muito bem suas
riquezas. No campo físico, a região é muito conhecida pelos fiordes noruegueses que estão na península
Escandinava (Noruega e Suécia), enquanto que a ilha da Islândia, que situa-se bem afastada da massa
continental europeia, possui grandes processos vulcânicos por estar num falha tectônica. Outro fato
interessante da Europa Nórdica, é o acontecimento do “sol da meia-noite” (no verão) e da aurora boreal (no
inverno). Isto é possível em virtude da região estar localizada na proximidade do Polo Norte (países
setentrionais).
Europa Central - Conhecida também como centro geoeconômico da Europa, por agrupar os países mais
ricos e influentes em questões mundiais, essa região é na verdade o coração europeu em todos os sentidos.
Esta área é formada por doze nações que são difundidas em todo o mundo como governantes da União
Europeia (UE), pois nesta região está localizada a sede da UE em Bruxelas, capital da Bélgica. Países como:
Alemanha, Reino Unido, França e Itália, são grandes potências econômicas e também participam como
membros do G-7, e Áustria, Bélgica, Irlanda (Eire), Holanda, Luxemburgo, Liechtenstein, Suíça, Mônaco,
San Marino e Vaticano dão suporte econômico para a União Europeia. Os países dessa região possuem
economias estáveis e bons níveis de vida. O território da Europa Central é caracterizado por diferentes
formas de relevo, podemos encontrar desde extensas planícies (como na região dos Países Baixos –
Holanda) até grandes montanhas, onde está localizado o Mont Blanc (Monte Branco) com 4.810 metros de
altitude (ponto mais alto da Europa), situado na região dos Alpes, entre a França e a Itália.
Península Ibérica - São três nações que compõem esta região: Andorra, Espanha e Portugal. Mas nem por
isso deixa de ter significativa importância para a Europa. Esses países (Espanha e Portugal) foram grandes
potências na época da colonização das Américas, sendo que atualmente suas influências estão mais
relacionadas com o continente europeu. Participam da União Europeia desde a sua criação e são grandes
produtores agrícolas na Europa por terem suas terras em latitude mais baixa, o que condiciona um clima
mais quente do que outros países do continente. São grandes os atrativos turísticos da região, tanto suas
famosas praias mediterrâneas, como pelas questões históricas. O relevo da região é muito peculiar, pois se
tem áreas de montanhas (Serra Nevada) e extensas planícies e planaltos. O nome Ibérica provém da
península em que se localizam essas nações.
Leste Europeu - Com a maior extensão territorial das divisões regionais da Europa, o Leste Europeu é
composto por países originados com o fim da Guerra Fria e com nações que faziam parte do bloco socialista
da Europa. Em consequência deste fato, a inserção na EU dependeu de muitos investimentos dos vizinhos
ocidentais e rigorosos ajustes na economia, que geraram crises, principalmente na década atual. Alguns deles
também se uniram para reunir forças e formaram a CEI (ex-URSS). Esta região é “liderada” pela Rússia,
mas possui outras nações importantes e conhecidas: Polônia, Romênia, Hungria, República Tcheca, Ucrânia,
Eslováquia, Moldávia, Belarus, Geórgia, Armênia e Azerbaidjão. No que se refere ao relevo local podemos
citar os montes Urais, que fazem a divisão da Europa com a Ásia, e extensas planícies que são áreas
agrícolas de suma importância para estes países.
Península dos Balcãs ou Balcânica - Conhecida nos últimos anos como palco da Guerra da Iugoslávia, essa
região está mergulhada em diversos problemas de ordem sociais e econômicos, onde Iugoslávia, Croácia,
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Bosnia-Herzegovina e Macedônia levarão anos para se reestruturar internamente. Porém, Grécia, Bulgária,
Eslovênia, Albânia e Turquia (parte europeia), antes da crise econômica e imigratória atual não se
encontravam em situação tão precária, vale destacar que a Grécia é um país-membro da União Europeia
desde a sua criação. Em consequência da guerra nos Balcãs, a região necessitou de ajuda financeira
internacional pois teve sérios problemas em sua infraestrutura. Por outro lado, observamos o turismo grego
se destacando no panorama mundial. Caracterizado por regiões montanhosas, as Balcãs possuem um relevo
peculiar ao longo de sua extensão, encontrando planícies somente no norte desta região.
Países Bálticos - Tendo o menor território de todas as regiões da Europa, os Países Bálticos são formados
por três nações provindas do extinto mundo socialista: Estônia, Letônia e Lituânia. Vale lembrar que esta
região possui este nome em razão do mar que banha essas três nações, o Mar Báltico. Estes países
conseguiram sua independência com o fim da URSS e este fato se explica o atraso dos mesmos em relação
aos vizinhos ocidentais. As empresas de celulose e pesqueiras têm investido muito na modernização. Desde
o fim da URSS se manifestaram a favor da inserção na UE. As três nações se uniram de tal forma que é
muito difícil relacionar uma delas sem pensar na outra, isto pode ser explicado pela proximidade geográfica,
cultural e religiosa que elas possuem. A região é caracterizada por extensas planícies, mas também é
composta por montanhas em seu interior.
AMÉRICAS
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ÁFRICA
Regionalização do continente africano - Quem tem alguma noção do processo histórico de ocupação e
partilha da África entre as potências europeias, bem como de sua descolonização, regionalizar o continente
africano não é uma tarefa nada fácil, tendo em vista a coexistência de fronteiras artificiais herdadas pela
partilha de seu território. As formas de regionalização mais usuais de dividir a África são baseadas na
divisão regional política e/ou na divisão regional étnica.
1. Divisão Regional Política - De acordo com a sua divisão político-administrativa e a localização dos
países, o continente africano se apresenta dividido em 5 regiões. Alguns autores consideram 6 regiões, pois
consideram a “África do oceano Índico” (ou África Indo-Oceânica) como uma região distinta,
desarticulando-a da “África Oriental”.
Outras divisões regionais políticas, no entanto, não conferem as mesmas áreas das regiões.
A divisão, aqui, apresentada foi extraída do material didático do curso sobre o Continente Africano oferecido
pelo CEDERJ. E, de acordo com este, politicamente, o continente apresenta-se dividido nas seguintes
6
regiões:
I. África Setentrional ou do Norte: distribuídos sob 2 sub-regiões: o Machrsch (leste) e o Magreb (oeste);
II. África Ocidental;
III. África Central;
IV. África Oriental: disposta em duas sub-regiões, a Norte-Oriental (Chifre da África) e a Centro-Oriental;
V. África Meridional ou Austral.
2. Divisão Regional Étnica - Esta divisão se baseia na grande diversidade étnico-cultural do continente
africano. E, em linhas gerais, o continente é dividido em dois grandes complexos regionais, a saber:
I. África Branca ou Setentrional (Norte): constituída por 5 países e o território de Saara Ocidental. Alguns
autores, no entanto, incluem Mauritânia nesta região, que se caracteriza pelo predomínio da população
branca, de influência árabe e islâmica. Alguns autores denominam-na com “África do Norte ou Islâmica”.
Embora todos sejam subdesenvolvidos, mas comparados com os demais países africanos, apresentam
melhores indicadores sociais e econômicos.
O deserto do Saara representa um obstáculo natural da África Branca, se constituindo em uma área
anecúmena, ou seja, de baixa densidade demográfica.
Áreas de difícil acesso e fixação do homem.
II. África Negra ou Subsaariana: esta região é formada por 48 países, sendo predominantemente de
população negra.
Esta região é caracterizada por uma grande diversidade étnico-cultural (povos, línguas, religiões etc.),
correspondendo a área do continente africano marcada pelo subdesenvolvimento crônico, pelos conflitos
armados, epidemias, Aids, miséria, desnutrição, fome, entre outros problemas socioeconômicos.
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OCEANIA -
A Oceania tem 8.923.000 Km², dos quais 85% correspondem à Austrália. É um conjunto de ilhas situadas no
Oceano Pacífico. Dividido em três grupos de ilhas: Melanésia ou ”ilhas negras”; de Micronésia, as
”pequenas ilhas”; e Polinésia, compreende o maior número de ilhas.
A Austrália e a Nova Zelândia localizam-se na Oceania ou Novíssimo Continente, são países desenvolvidos
do continente. Os demais são economicamente dependentes. São os únicos países do chamado Norte
industrializado ou mundo desenvolvido que se situam ao sul do Equador.
A Nova Zelândia é um arquipélago constituído por duas ilhas principais e outras menores, localizadas ao sul
da Oceania.
Alguns de seus países procuram desenvolver o turismo ou atrair investimentos estrangeiros com isenção de
impostos e garantia de anonimato, o que os caracteriza como "paraísos fiscais".
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1.4 - Conteúdo político-ideológicos dos mapas: projeções de Mercator e Peters
A primeira vista você pode estranhar o mapa-múndi apresentado, que pode dar a impressão de estar
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“invertido” e “distorcido”. Isso acontece porque estamos acostumados a observar os mapas “normais”
centrados na Europa, com o hemisfério norte acima do sul, e, em geral, com as terras do hemisfério norte
desproporcionalmente maiores. Como o nosso planeta é esférico, podemos representá-lo tendo qualquer
ponto como centro. A opção entre diferentes representações cartográficas não é simplesmente técnica mas,
também, política ou geopolítica. Na verdade, qualquer mapa contém uma visão de mundo e um conteúdo
político-ideológico.
Projeção de Peters:
- Alterou as formas em para manter as reais
proporções dos continentes.
- Apesar de deformar a forma dos continentes, esta
projeção mantém a área proporcional dos
continentes, mais próxima do tamanho real.
- Destaque ao continente Africano no centro do
mapa.
- Propostas de Peters: Valorização do mundo
subdesenvolvido, mostrando sua área real.
Lembre-se:
"por trás de cada mapa, sempre existe um
conteúdo Político-Ideológico".
Conferência de Bandung
Em 1955, foi realizada em Bandung na Indonésia, uma conferência que reuniu as nações recém
independentes da Ásia e da África. Nesse encontro, o termo Terceiro Mundo passou a ser identificado como
uma terceira via de desenvolvimento, uma alternativa ao capitalismo norte-americano e ao socialismo
soviético. Com isso a Conferência de Bandung lançou as bases do movimento dos países não alinhados
com a URSS e com os EUA.
O objetivo era estabelecer o futuro de uma nova força política global constituída de países do Terceiro
Mundo, visando a promoção da cooperação econômica e cultural afro-asiática, como forma de oposição ao
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que era considerado colonialismo ou neocolonialismo, por parte dos Estados Unidos e da União Soviética.
Após a Segunda Guerra mundial, o fato de pertencer ao Terceiro Mundo tinha um significado
geopolítico e socioeconômico e expressava alguma identidade entre os países que pertenciam a esse grupo
por isso da organização da conferência. Essa conferência foi a primeira forma de união entre os países
pobres em busca de fortalecimento de seus interesses. Hoje, com alguns objetivos similares e funcionando de
forma mais forte no cenário mundial existe os BRICS, o G-20 o IBAS, organizações que estudaremos
adiante.
Países subdesenvolvidos possuem um nível de industrialização muito baixo ou com economia baseada
predominantemente no setor primário (agropecuária e atividade extrativa), dependentes tecnológica e
financeiramente dos países ricos e cuja população, em sua maioria, apresenta baixo padrão de vida. As
principais características desses países são: baixo escolaridade e expectativa de vida, alto crescimento
populacional, alta concentração de renda, dependente dos países ricos, país exportador de produtos
primários, a população rural é predominante, renda per capita baixa, PIB baixo e voltado predominantemente
para produtos primário, poucas multinacionais se instalam nesses países por causa da falta de infra estrutura.
Países em desenvolvimento países que tem características dos países pobres e dos países ricos.
Características que são dos países pobres são: a população na maioria possuem péssimas condições de vida
com muita desigualdade, corrupção e pobreza, a escolaridade e expectativa de vida em transição, exporta
tecnologia e matéria prima, crescimento da população em transição( redução), alta concentração de renda,
dependente dos países ricos, renda per capita em transição, PIB voltado para produtos primários e o fato de
ser nesses países que predomina a localização do processo produtivo das multinacionais. Contudo esses
países possuem reduzidas empresas que podem ser consideradas multinacionais. Já em relação as
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características que são dos países ricos podemos mencionar a industrialização e o predomínio da população
urbana. Contudo a industrialização é resultado de investimentos externos, pois esses países não investem em
desenvolvimento tecnológico.
Os conceitos de desenvolvimento e de subdesenvolvimento passaram a ser usados com mais
frequência a partir da década de 1950, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) começou a divulgar
periodicamente dados estatísticos de diferentes nações do mundo, como taxa de mortalidade infantil,
expectativa de vida, analfabetismo, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e renda per capita. Esses
dados revelaram a existência de grandes contrastes entre as nações desenvolvidas e as menos desenvolvidas
economicamente: nos dias atuais, sabe-se que cerca de 50,5% da população mundial vive em países cuja
renda per capita anual é igual ou inferior a mil dólares, o que caracteriza uma situação de
subdesenvolvimento; já uma parcela restrita da população do planeta vive em países considerados
desenvolvidos, nos quais a renda per capita anual é igualou superior a 30 mil dólares.
3.2 - O capitalismo comercial - Séc. XVI até a primeira metade do séc. XVIII
O capitalismo comercial estendeu-se do fim do século XV até o século XVIII. Durante esse período a
produção de mercadorias era essencialmente artesanal e a maior fonte de riquezas era o comércio. Tudo o
que pudesse ser vendido com muito lucro, como perfumes, sedas tapetes, especiarias e até mesmo seres
humanos escravos, transformava-se em mercadoria nas mãos dos comerciantes europeus.
Essas transações comerciais se intensificaram com a expansão marítima das potências econômicas da
Europa ocidental na época (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos) em busca de novas rotas
de comércio, sobretudo para as Índias. Foi o período das Grandes Navegações, descobrimentos de novas
terras e povos, das conquistas territoriais e também da escravização e genocídio de milhões de nativos da
América e da África. Com as Grandes Navegações, as trocas comerciais proporcionaram grande acúmulo de
capitais por parte dos Estados europeus por isso a primeira etapa desse sistema econômico é chamada
capitalismo comercial. Ou seja, quase todo o lucro acumulado pelos capitalistas era oriundo do
comércio. Tem início o processo de globalização.
Nesse período a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos
acumulados, prática conhecido como Metalismo. Para garantir a acumulação de metais os países europeus,
as metrópoles, colonizaram vários territórios em outros continentes, sendo que no início nas Américas, e o
mundo foi dividido entre as potências europeias da época. O objetivo das metrópoles eram explorar os
metais preciosos presentes nas colônias período conhecido como Colonialismo. As regiões colonizadas no
início da expansão marítima formaram o chamado "comércio triangular": produtos europeus para a África,
escravos africanos para as colônias americanas e produtos tropicais americanos para a Europa.
Os metais preciosos eram explorados das colônias e proporcionou grande acúmulo de riquezas nos
países europeus, principalmente à Inglaterra, que emerge como principal potência no final desse período.
Esse acúmulo inicial de capitais foi fundamental para a eclosão da Revolução Industrial, que marcou o
começo de uma nova etapa do capitalismo chamado de Capitalismo industrial, já no século XVIII.
3.3 - O capitalismo industrial - Segunda metade do séc. XVIII até a segunda metade do séc. XIX
O comércio não era mais a essência do sistema, embora continuasse importante para fechar o ciclo
produção-consumo. Nessa nova fase, o lucro provinha principalmente da produção de mercadorias com
auxílio de máquinas, que tornaram a produção mais rápida, realizada por trabalhadores assalariados que
sofria e ainda sofre com a mais-valia. O lucro se dava com a produção em quantidade de tecidos, máquinas,
ferramentas e armas. E com os rápidos avanços nos transportes, com o surgimento dos trens e dos barcos a
vapor, aumentavam os ganhos dos capitalistas.
É com o capitalismo industrial que se consolida um mecanismo da exploração capitalista, definindo
como mais-valia. A mais valia é resultado da grande diferença da remuneração que o trabalhador ganha
com o que ele produz. Toda jornada de trabalho corresponde a uma remuneração, que garantirá a
subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor maior de produtos do que aquele que
recebe como salário. Essa quantidade produtos, produzidas pelo trabalho e que não é pago ao trabalhador, é
o lucro que fica com os proprietários das fábricas, fazendas, minas, lojas e outros empreendimentos. Dessa
forma, em todo produto ou serviço está embutido esse valor, que é apropriado pelo dono desses meios de
produção e permite o acúmulo de lucro pela burguesia (a classe dos capitalistas do período).
O regime assalariado é, portanto, a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo e se disseminou à
medida que o capital se acumulava em grande escala nas mãos dos donos dos meios de produção. O aumento
da produção desse período motivado pelas máquinas provocou uma crescente necessidade de expansão dos
mercados consumidores para consumir a produção em larga escala. Ao mesmo tempo o trabalhador
assalariado, além de apresentar maior produtividade que o escravo, tem renda disponível para o consumo.
Por isso a escravidão entrou em decadência e o trabalho assalariado passou a predominar, embora ainda hoje
exista escravidão no mundo, até mesmo no Brasil. A Inglaterra foi o país que mais incentivou o fim da
escravidão com interesse em ampliar o mercado consumidor dos seus produtos industrializados.
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um, ao buscar seu próprio interesse econômico, contribuiria para o interesse coletivo de modo mais eficiente.
Por isso é contrário à intervenção do Estado na economia e defende a "mão invisível" do mercado. Os
princípios liberais aplicados às trocas comerciais internacionais redundaram na defesa do livre-comércio, ou
seja, a defesa da redução, e até abolição, das barreiras tarifárias para a livre circulação de mercadorias, o que
servia perfeitamente aos interesses do Reino Unido, país mais industrializado - a potência da época e
interessado em abrir mercados para seus produtos em todo o mundo.
Portanto, o liberalismo permanecia muito mais como ideologia capitalista, porque, na prática, a livre
concorrência, característica da etapa industrial do capitalismo, era bastante limitada. O Reino Unido que
estava com sua industrialização consolidada, enquanto que os outros países europeus, que ainda estavam na
fase principiante da industrialização, permaneciam com práticas protecionistas. O Estado, por sua vez,
passou a intervir na economia como agente produtor ou empresário, mas, sobretudo, como planejador e
coordenador. Essa atuação intensificou-se, principalmente, após a crise econômica de 1929 que resultou em
acentuada queda da produção industrial e do comércio e aumento do desemprego em todo o planeta.
3.4 - O início do capitalismo financeiro - (2ª metade do séc. XIX até a 2ª metade do séc. XX)
Nessa etapa do capitalismo, os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da
produção. Incorporaram indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte
financeiro. Por esse motivo tornou-se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola,
comercial e de serviços) do capital bancário. Uma melhor denominação para essa nova organização
econômica, bancos fortemente vinculados às industrias, passou a ser o capitalismo financeiro.
Uma das características mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista, na
segunda metade do século XIX, foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais e o acelerado
aumento do número de bancos e outras empresas financeiras. A concorrência acirrada favoreceu as grandes
empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram na formação de monopólios ou oligopólios em
muitos setores da economia. Monopólio é quando uma única empresa domina o mercado e oligopólio é
quando um grupo de empresas controla o mercado controlando a oferta de determinado bem ou serviço. O
monopólio é ruim para o mercado, pois acaba com a concorrência. É bom lembrar que, por ser intrínseco à
economia capitalista, esse processo continua acontecendo, e grandes corporações da atualidade foram
fundadas nessa época.
Esse capitalismo foi se consolidando, inicialmente nos Estados Unidos, com um vigoroso mercado de
capitais. As empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital
aberto, isto é, empresas que negociam suas ações em Bolsas de Valores e os sócios (sociedade) são
anônimos em sua maioria. Isso permitiu a formação das grandes corporações da atualidade, cujas ações
estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes empresas têm um acionista
majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma holding, ao passo que
os pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações. A Petrobrás é um
exemplo desse tipo de empresa sendo que o maior acionista é o governo. A expansão do mercado de
capitais é uma das marcas do capitalismo financeiro. É nas Bolsas de Valores que se negociam as ações de
empresas de capital aberto. O mercado passou a ser dominado por grandes corporações através de diferentes
formas de organizações das indústrias e empresas.
Cartel - ocorre quando vários trustes, ou mesmo empresas de menor porte, fazem acordos entre si
estabelecendo um preço comum, dividindo os mercados potenciais e, portanto, inviabilizando a livre
concorrência em determinado setor da economia. Formam um oligopólio. Diferentemente do que acontece
no truste, no cartel não há a perda de autonomia das empresas envolvidas, nem tampouco participação
acionária entre os participantes. O cartel é consequência de acordos entre empresas, em geral grandes, com o
intuito de compartilhar determinados setores da economia, controlar os preços dos produtos no mercado e
combinar preços em licitações públicas. Esses acordos abusivos entre empresas inibem a competição no
setor em que ocorrem - elevando o preço dos produtos e prejudicando os consumidores - e a concorrência
em obras públicas - elevando seu preço e prejudicando os contribuintes - cidadãos. Por isso na maioria dos
países foram criadas leis que proíbem a cartelização. No Brasil, a lei 12.529, de 30 de novembro de 2011,
sobretudo em seu artigo 116, define esse abuso de poder das empresas como crime contra a ordem
econômica.
Holding - Empresas que são controladas por uma outra empresa. Tem como objetivo a manutenção da
estabilidade da empresa controladora, garantindo uma lucratividade média, já que pode haver rentabilidades
diferentes em cada setor e, consequentemente, em cada empresa do grupo. A Petrobras é uma Sociedade
Anônima, isto é, uma companhia de capital aberto cujas ações são negociadas em Bolsa de Valores. O
governo brasileiro é seu principal acionista: em 2012 a União Federal era proprietária de 50% das ações
ordinárias. O conglomerado é composto de diversas empresas comandadas diretamente pela holding
Petrobras.
3.4.3 - Imperialismo
Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia.
As potências imperialistas buscavam ampliar seus territórios, e os empresários, seus lucros na busca por
matéria prima e mercado consumidor. O capitalismo, desde sua origem na Europa, foi ampliando sua área de
atuação no planeta. A expansão imperialista disseminou o sistema para outras partes do mundo.
No Congresso de Berlin (1884-1885), as potências industriais da europeias partilharam o continente
africano entre elas. Na Ásia, extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia que passou a ser o
território colonial britânico mais importante.
A partilha imperialista estabelecida pelas potências industriais consolidou a divisão internacional do
trabalho (DIT), pela qual as colônias, sobretudo as africanas, especializaram-se em fornecer matérias-
primas, especialmente minérios como o ferro, chumbo e cobre, além de produtos de origem agrícola, como
algodão, aos países que então se industrializavam e exportavam produtos industrializados.
Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na etapa do capitalismo
industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências
imperialistas. No fim do século XIX também emergiram potências industriais fora da Europa, com destaque
para o Japão, na Ásia, e principalmente os Estados Unidos, na América.
A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação e anexação de
territórios. Iniciou-se com a tomada de Formosa (China), após a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-
1895), seguida pela ocupação da península da Coreia (anexada em 1910) e da Manchúria (China), em 1931,
entre outros territórios. O imperialismo norte-americano sobre a América Latina foi um pouco diferente do
europeu sobre a África e a Ásia e do japonês, também sobre a Ásia.
Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantinham controle político e
militar direto, os norte-americanos exerciam controle indireto, patrocinando golpes de Estado,
principalmente na América Central e no Caribe, e apoiando a ascensão de ditadores nacionais, alinhados
com os interesses dos EUA. As intervenções militares eram localizadas e temporárias, como o controle
exercido sobre Cuba (1899-1902) e em seguida as intervenções seguiram para diversos países da região.
Com o fim da Segunda Guerra, já em 1945, agravou-se o processo de decadência das antigas potências
europeias, que já vinha ocorrendo desde o fim da Primeira Guerra Mundial. Aos poucos, elas foram
perdendo seus domínios coloniais na Ásia e na África e, com a destruição provocada pela Grande Guerra, as
colônias conquistaram sua independência num processo que ficou conhecido como descolonização.
Outra característica específica desse período foi o surgimento de duas forma de organização do
22
trabalho conhecidas como Taylorismo e Fordismo.
Fordismo - é conhecido como uma evolução nos procedimentos de Taylor. O industrial norte-americano
Henry Ford inovou os métodos de produção de Taylor ao introduzir esteiras rolantes na sua linha de
montagem de automóveis: as peças chegavam até os operários que, parados, executavam sempre as mesmas
tarefas referentes à produção de cada parte do carro. O fordismo distingue-se do taylorismo por apresentar
uma visão abrangente da economia, não fica restrito as mudanças organizacionais no interior das fábricas.
Ford percebeu que a produção em grande escala exigia consumo em massa, o que pressupunha produtos
mais baratos e salários mais altos para os trabalhadores. Com isso havia uma economia em crescimento com
salários em ascensão, trabalhadores consumindo, os empresários com grandes lucros e o estado arrecadando
mais impostos.
Contudo, a superprodução nas indústrias devido a linha de produção fordista gerou um grande
estoque de produtos que não estavam sendo absorvidos pelos consumidores. A consequência disso foi a
Crise de 1929.
29
Até a década de 1960 muitos berlinenses deixaram o setor oriental em busca de melhores
oportunidades de trabalho no setor ocidental. Para acabar com esse êxodo de trabalhadores e reafirmar a
soberania sobre seu setor da cidade, as autoridades orientais construíram em 1961 o Muro de Berlim, com
extensão de 159 km, um dos símbolos mais significativos do mundo bipolar e das tensões da Guerra Fria. Ao
dividir Berlim, com um muro de concreto, materializava-se no território de uma cidade todo o antagonismo
dessa época: o conflito Leste-Oeste, ou socialismo versus capitalismo.
Conferência de Bretton Woods - No últimos meses antes do final da Segunda Guerra, norte-americanos e
britânicos, preocupados com a recuperação econômica de um mundo devastado pelo conflito bélico,
convocaram a Conferência de Bretton Woods, em 1944. Os representantes dos 44 países participantes
temiam a ocorrência de uma crise econômica, como a dos anos 1930, e lançaram um plano que visava
garantir a reconstrução e a estabilidade da economia mundial após o término da guerra. Nessa reunião, foi
estabelecido um novo padrão monetário - o dólar-ouro, em substituição ao ouro, padrão vigente até então.
Apesar da participação de várias nações, incluindo a União Soviética e o Brasil, quem definia as regras do
plano eram os Estados Unidos e, em menor grau, o Reino Unido.
Durante a Conferência de Bretton Woods foram constituídos dois organismos que até hoje são muito
30
atuantes no cenário político, econômico e financeiro mundial:
- o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), a instituição mais conhecida do
Banco Mundial, e
- o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ambos com sede em Washington, capital dos EUA, já nasceram controladas pela potência
hegemônica. Ao Bird coube, inicialmente o financiamento da reconstrução dos países devastados pela
guerra e, atualmente, o financiamento a longo prazo de projetos visando o desenvolvimento dos países-
membros (188 em 2012). Em 1960 foi criada a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), que
hoje concede empréstimos sem juros e assistência técnica aos 81 países mais pobres do mundo (39 dos quais
na África subsaariana).
A AID, o Bird e mais três instituições compõem o Grupo Banco Mundial. Originalmente chamado
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BIRD, atualmente é mais conhecido como
Banco Mundial. A principal atividade do Banco Mundial é fornecer empréstimos para os países em
desenvolvimento em diversos programas de capital.
O que primeiro foi uma motivação para financiar a reconstrução dos países mais prejudicados pela
segunda guerra, quando era mais conhecido como BIRD, com o passar do tempo, se tornou uma
possibilidade para dar espaço aos países mais desfavorecidos em cooperação ao desenvolvimento da sua
economia e capacidade produtiva com a constituição do AID. Através das suas iniciativas como o AID, o
Banco Mundial executa programas de redução da pobreza nas regiões mais críticas a nível mundial, dá apoio
a programas de capital, promove iniciativas no âmbito da melhora do meio ambiente apoiando soluções
inovadoras, entre outras.
O Banco Mundial oferece empréstimos para dar impulso a diversas iniciativas destinadas a projetos de
melhoria em áreas como saúde, energia, saneamento, infra-estrutura e, a partir deste século, mitigação dos
impactos no meio ambiente, decorrentes dos projetos sócio-econômicos.
O FMI foi criado para zelar pela estabilidade financeira mundial através de duas atribuições básicas:
garantir empréstimos aos países que tenham dificuldade para fechar seu balanço de pagamentos e assegurar a
estabilidade nas taxas de câmbio, sempre tendo o dólar como padrão de referência.
Constituído no ano 1944, o Fundo Monetário Internacional é a organização encarregada do controle e
monitoramento do sistema financeiro mundial através da regulação de taxa cambial e balança de pagamentos
dos países membros, prestando assistência técnica e financeira nos casos que for necessário. Objetiva evitar
acontecimentos críticos se repetirem, como a crise do ano 1929 nos Estados Unidos. O FMI concede
empréstimos a países credenciados com problemas financeiros e estabelece rigorosas regras que os países
deverão cumprir para atingir as metas impostas pelo organismo.
ONU - A Organização das Nações Unidas foi criada ao final da Segunda Guerra Mundial com o objetivo
de preservar a paz e a segurança no mundo, além de promover a cooperação internacional para resolver
questões econômicas, sociais, culturais e humanitárias. O principal objetivo era evitar a eclosão de uma
nova guerra. Sediada em Nova York, a ONU substituiu a Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra.
Em 1945, representantes de 51 países, reunidos na Conferência de São Francisco (Estados Unidos),
aprovaram uma Carta de Princípios que deveria orientar as ações da entidade no mundo após a Segunda
Guerra. Contudo, durante a Guerra Fria, num mundo bipolar, a ONU tinha sua capacidade de ação bastante
limitada, pois suas decisões ora contrariavam interesses norte-americanos, ora soviéticos. O lado que se
sentia prejudicado vetava a resolução que lhe contrariasse.
A ONU e sua organização - Atualmente, a ONU conta com diversas agências e vários órgãos, dos
quais os mais importantes são a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança (CS).
A Assembleia Geral congrega as delegações dos países membros (193 em 2012). Faz uma reunião por ano
(pode haver, entretanto, sessões de emergência), mas não decide sobre questões de segurança e cooperação
internacional, limitando-se a fazer recomendações.
O Conselho de Segurança é o órgão de maior poder da ONU. É composto de delegados de quinze
países-membros, dos quais cinco são permanentes e dez eleitos a cada dois anos. O poder desse órgão está
concentrado nas mãos dos cinco membros permanentes, que têm poder de veto: qualquer decisão só é posta
em prática se houver consenso entre Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia (que substituiu a
extinta União Soviética).
O CS pode investigar disputas e conflitos internacionais ou no interior de um país, propor soluções
visando a acordos de paz e adotar sanções que vão desde o corte das comunicações ou das relações
diplomáticas até o bloqueio econômico. Em último caso, pode autorizar o uso da força militar, como ocorreu
em intervenções na Somália (1993), na Guerra de Kosovo (1999) e na ocupação do Afeganistão (2001),
todas sob a liderança dos Estados Unidos.
A alocação das forças de paz da ONU, como a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti
(Minustah), enviadas àquele país em 2004, sob o comando do Brasil, também passa por aprovação do CS.
A ONU e sua força de decisão ameaçada - Um episódio que pôs a ONU em xeque: na guerra contra
o Iraque (2003), os Estados Unidos, com apoio solitário do Reino Unido, optaram por invadir o território
iraquiano sem a autorização do CS, com o intuito de derrubar o ditador Saddam Hussein (ele foi condenado
à morte e executado em 2006). Sabendo que não teria o apoio necessário dos membros do CS, o governo
norte-americano, sob a Presidência de George W Bush (2001-2009), resolveu apostar no unilateralismo e
ignorou o órgão. Tal atitude desgastou a ONU e, por extensão, o multilateralismo construído desde sua
criação, porque fez com que a ONU perdesse a prerrogativa de decidir sobre intervenções militares. O fato
de a ONU estar sediada em Nova York é uma das evidências da influência que os Estados Unidos tinham
quando ela foi criada.
Conselho de segurança da ONU na atualidade - O Conselho de Segurança da ONU continua sendo
o órgão mais importante da ONU. Contudo a sua composição não expressa a correlação de forças do mundo
atual, e sim a de quando a ONU foi criada, resultante do desfecho da Segunda Guerra. Por isso, em 2004, o
Brasil, a Alemanha, o Japão e a Índia formaram um grupo para tentar acelerar sua reforma. Em 2005 esse
grupo apresentou à Assembleia Geral um projeto que previa a expansão do número de membros
permanentes. Diante da falta de consenso, o projeto não foi acatado, mas o Brasil não desistiu de seu
propósito. Por ser o maior da América Latina em termos territorial, populacional e econômico, o país é um
candidato natural a uma vaga permanente caso o CS seja ampliado. O governo brasileiro tem feito
articulações diplomáticas no sentido de conquistar um assentos permanentes no Conselho de segurança. É
importante um Conselho mais representativo e democrático que contemple uma expansão dos assentos
permanentes e não permanentes, com países em desenvolvimento da África, da Ásia e da América Latina. É
inaceitável a perpetuação de desequilíbrios contrários ao espírito do multilateralismo.
Portanto, mesmo os EUA, que têm procurado se manter neutros nesse debate, e os outros membros
32
permanentes vierem a concordar em ampliar o CS, os postulantes ainda enfrentarão problemas, já que a
entrada no CS depende da aprovação de dois terços dos Estados-membros da ONU.
Na América Latina, o México e possivelmente a Argentina, apesar da parceria no Mercosul, poderiam
questionar a entrada do Brasil. Na África, também há outros pretendentes, como o Egito e a Nigéria, que
podem concorrer com a África do Sul. Na Ásia o conflito indo-paquistanês poderia se acirrar porque o
Paquistão não se conformaria com a entrada da Índia, seu inimigo histórico. Ainda na Ásia, a China tende a
vetar a entrada do Japão por não querer vê-lo fortalecido política e militarmente na região. Na Europa a
situação da Alemanha não é confortável porque os italianos também são pretendentes a uma vaga no
Conselho e não querem ser preteridos. Cada pretendente terá de angariar o máximo de apoios para conseguir
seu objetivo, principalmente na região em que se localiza. O Brasil já obteve apoio de quase todos os
membros permanentes do CS, com exceção dos EUA, que até 2012 não tinham se posicionado. O apoio da
China e da Rússia foi formalizado no primeiro encontro do Brics.
Da OECE a OCDE - Para administrar e distribuir os recursos do Plano Marshall, em 1948 foi constituída a
Organização Europeia de Cooperação Econômica (Oece). Entre 1948 e 1952 foram transferidos recursos
da ordem de US$13 bilhões a dezoito países europeus ocidentais. Os principais beneficiados pelo programa
de recuperação foram: Reino Unido (24%), França (20%), Alemanha Ocidental (11%) e Itália (10%).
Grande parte desse dinheiro foi usada para comprar máquinas e equipamentos, matérias-primas, fertilizantes
e alimentos, entre outros bens, que ajudaram a recuperar a economia europeia, mas também a estimular a
indústria e a agricultura norte-americanas. A maioria dos produtos era adquirida dos Estados Unidos porque
parte desse dinheiro era doação, vinculada à compra de produtos de empresas do país, e outra parte era
empréstimo.
OCDE na atualidade - A partir da década de 1990, com a entrada de México, República Tcheca, Hungria,
Polônia, Coreia do Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia, Estônia e Israel, a OCDE não é mais composta apenas
de países desenvolvidos, como no início. Entre os 34 países que hoje compõem a organização há economias
emergentes e países do antigo bloco socialista.
Em contrapartida, Brasil e China, por exemplo, ainda não fazem parte da OCDE, apesar de maiores e
mais industrializados do que muitos membros da organização. Desde 1998 o Brasil vem mantendo um
programa de cooperação com a OCDE em diversas áreas. Por exemplo, tem participado do Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês). Em maio de 2007, o Conselho de Ministros
da OCDE adotou uma resolução que iniciou tentativas com o governo brasileiro visando à sua entrada na
organização. Negociações semelhantes foram iniciadas com os governos da Rússia, China, Índia, Indonésia e
África do Sul. Portanto, há forte tendência de a OCDE ampliar o número de seus membros.
OMC - começou a funcionar em 1995 e em 2008 eram 153 membros. A China entrou em 2001. A função
dela é servir de conciliadora em relação a problemas ligados ao comércio mundial. Quando um país se sente
prejudicado no comércio internacional tem o direito de apresentar a OMC um pedido de sanção contra esta
nação que esta transgredindo as regras da organização. Cabe o OMC chegar a uma decisão consensual.
Liderada pela OMC aconteceram 4 rodadas chamadas de Conferências Ministeriais da OMC. A
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primeira em 1996 foi em Cingapura, a segunda em 1998 em Genebra, a terceira em Seattle no EUA, a quarta
em 2001 em Doha no Catar e a quinta em 2003 em Cancún. Nessas reuniões lideradas pela OMC as
discussões tinham como objetivo conquistar a total liberalização do comércio mundial. Contudo, há
divergências de interesses entre os países emergentes e os países centrais. Os países centrais se recusam a
diminuir os subsídios agrícolas na sua agricultura e essa política protecionista prejudica os países emergentes
e periféricos.
Foi nesse contexto que foi criado o G-20 comercial que é uma união entre países emergentes para
pressionar os países ricos a abolir as políticas protecionistas. Mesmo com a articulação desses países
emergentes que tem grande legitimidade por sua capacidade de traduzir os interesses dos países emergentes
em propostas concretas e consistentes a intransigência dos países ricos faz com que o impasse permaneça até
os dias de hoje.
Países que permaneceram socialistas pós Guerra Fria: Cuba e Coreia do Norte
Cuba - os EUA mantêm um embargo econômico a Cuba desde 1962, ano em que o país caribenho foi expulso da OEA.
O embargo e a expulsão se deram em retaliação ao alinhamento de Cuba com a URSS, após a vitória da revolução de
1959, sob o comando de Fidel Castro, que depôs o ditador Fulgêncio Batista, então aliado dos EUA. Em 2012, Fidel
Castro ainda continuava no poder, mas o Poder Executivo era exercido efetivamente por seu irmão, Raul Castro. Apesar
de algumas concessões do regime, como a permissão de viagens de cidadãos cubanos ao exterior, o embargo norte-
americano vem sofrendo uma redução gradual.
34
Com o fim do mundo bipolar da Guerra Fria, a tendência era que a ordem internacional fosse
multipolar porque o Japão e a Alemanha se recuperaram da destruição sofrida na Segunda Guerra e
despontaram como potências econômicas e tecnológicas.
A recuperação japonesa foi tão consistente que nos anos 1980 muitos analistas creditavam que o país
alcançaria os EUA e talvez até se transformasse na maior potência econômica do mundo. Paralelamente a
isso, a Alemanha e a França lideraram a formação da União Europeia (integração iniciada na década de
1950, com o objetivo principal de recuperar e fortalecer as economias de seus membros). Entretanto, com o
passar do tempo nenhum deles se mostrou à altura de desafiar a hegemonia norte-americana e consolidar um
mundo multipolar. O mundo multipolar só começou a se consolidar no século XXI, 10 anos após o fim da
Guerra Fria.
A Ordem Multipolar - com a eleição do democrata Barack Obama, em 2008 (assumiu em janeiro de 2009),
em grande parte ajudado pela crise de 2008, houve uma importante mudança de rumo na política externa
norte-americana. Com o novo governo, os EUA abandonaram o unilateralismo da Doutrina Bush e vêm
apostando no multilateralismo, que representa a valorização da negociação e do diálogo, até mesmo com
países antes inseridos no chamado eixo do mal. Também se reaproximaram de tradicionais aliados, como a
França e a Alemanha, cujas relações estavam estremecidas desde a intervenção no Iraque, ação que esses
países não apoiaram. Com a reeleição de Obama, em novembro de 2012, para mais um mandato de quatro
anos, essa política externa teve continuidade.
A tese da unipolaridade foi totalmente superada diante de vários motivos entre eles: a nova postura
política e econômica norte-americana, o fortalecimento econômico da China, considerada à segunda
economia mundial (em 2010) e principal credora dos EUA, à emergência do G-20 financeiro e comercial e
do grupo conhecido como Brics. Outro importante indicador das mudanças na correlação de poder
econômico entre as potências atuais é o fato de os Estados Unidos serem o país mais endividado do mundo e
ser justamente a China seu maior credor, superando recentemente o Japão.
Embora os Estados Unidos continuem com mais poder do que os outros países, as relações entre as
potências consolidadas e emergentes caminham para uma situação de maior equilíbrio, de maior simetria e
até mesmo de maior interdependência; enfim, para um mundo multipolar. Previsões são sempre sujeitas à
prova de realidade, mas apontam um cenário de mudanças na correlação de forças em futuro próximo,
indicando a emergência de novas potências no mundo.
Mundo multipolar: novas potências - Vários governos de países em desenvolvimento têm se empenhado
no aprofundamento da cooperação entre si e na busca por um mundo mais representativo. Essa cooperação,
segundo alguns especialistas, chamam de cooperação Sul-Sul. Com isso visam aumentar a aproximação
tecnológica e econômica entre eles e o poder de negociação com os países desenvolvidos - muitas vezes
chamados de países do Norte. Abaixo veremos grupos que realizam fóruns de discussão para aumentar o
poder político e ter maior participação e decisão no cenário mundial.
Os principais grupos são: BRICS, IBAS e o G20. Todos esses grupos são compostos na maioria por
países emergentes ou periféricos o que demonstra uma maior
organização desses países para lutarem por maior participação política e
decidirem seus destinos.
O grupo Brics não é um bloco econômico, não é uma aliança
política nem militar. Brics é um acrônimo que define um grupo formado
por cinco importantes países emergentes no cenário internacional -
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (que se juntou ao grupo em
2011). Esse grupo começa a se destacar no cenário mundial por causa
de coleta de dados feita por especialistas que previram que esses quatro
países estarão entre as seis maiores potências econômicas do mundo em
2050. Os dados coletados que mostram um futuro promissor foram: tamanho do PlB, taxa de crescimento
econômico, renda per capita; tamanho da população, participação no consumo global e movimentação
financeira . O Brasil e Rússia possuem abundância de recursos naturais, enquanto China e Índia, de mão de
obra mercado consumidor é isso que lhes dá esse potencial de crescimento.
Os países do Brics, principalmente a China, são os que têm maior potencial para ocupar uma vaga
entre as grandes potências de um mundo multipolar em construção. Dois membros do Brics - Brasil e Rússia
estão entre os maiores compradores de títulos públicos do governo norte-americano e consequentemente
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passa a ser credores o que significa uma interdependência.
Fóruns de discussões do BRICS
Há, contudo, apesar de muitas diferenças internas, pontos em comum e interesses convergentes entre seus
membros, e por isso esse grupo acabou realizando fórum de discussões.
Em 16 de junho de 2009, aconteceu na Rússia a primeira reunião dos chefes de Estado e de governo dos
quatro países do grupo (antes do ingresso da África do Sul, que só viria a ocorrer em 2011), e desde então
eles se reuniram outras vezes.
O objetivo deles é, antes de tudo:
a) mostrar unidade diante das potências já estabelecidas,
b) discutir estratégias para terem maior participação nas decisões políticas e econômicas que afetam o
mundo e
c) obter maior projeção internacional.
Durante a III Cúpula do Bric, realizada em Sanya (China) em 2011, a África do Sul foi convidada a
fazer parte do grupo, que assim ganhou o "S" de South Africa. Apesar de ser a maior economia africana, a
África do Sul tem um PlB pequeno comparado aos outros quatro. No entanto, tem um peso político
importante como representante desse continente.
IBAS - O Fórum de Diálogo da Índia-Brasil-África do Sul (lBAS) reúne três grandes sociedades pluralistas,
multiculturais e multirraciais de três continentes, isto é, Ásia, América do Sul e África, como um
agrupamento puramente Sul-Sul de países com ideais compartilhados e comprometidos com o
desenvolvimento sustentável inclusivo, na busca de bem-estar para seus povos. O que tem de comum entre
essas nações que realizam o fórum esta: são potências intermediarias, com forte influencia nas regionais,
democracias consolidadas e economias em ascensão. Os problemas em comum são a alta desigualdade
interna o que permite encontrar soluções juntas já que possuem o mesmo desafio.
O grupo tem como objetivo reformas nos mecanismos de tomada de decisões em nível global como
exemplo: reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e são contra os subsídios dos países ricos
aos produtos agrícolas locais. Ou seja, buscam em suas reuniões estratégias de conseguirem uma ordem
multipolar com maior atenção as opiniões dos países emergentes. O grupo busca atuar de forma coordenada
nos fóruns internacionais para aumentar o poder de negociação de seus membros e, como candidatos a
membro permanente do CS da ONU, defendem a reforma desse órgão.
G-20 Financeiro - Com as sucessivas crises que atingiram as economias emergentes no final da década de
1990, tornou-se necessária a criação de um novo fórum para discutir formas de regulação do sistema
financeiro internacional. O G-20, criado em 1999, é composto pelos países do G-8, pela Austrália, pelos dez
países emergentes com maior peso econômico no mundo e, ainda, a União Europeia. Trata-se do
reconhecimento da crescente importância econômica dos países emergentes, principalmente China, Brasil e
Índia, e também da aceitação de que até então eles não tinham uma participação adequada nos destinos da
economia mundial.
A Europa já está super representada pois além de abrigar quatro países como representantes
individuais - Alemanha, França, Reino Unido e Itália -, ainda tem a própria União Europeia, que representa
os 27 países do bloco.
Atualmente, o fórum que tem ganhado projeção,
especialmente depois da crise de 2008/2009. É o G-20 (Grupo
dos 20), que congrega também as principais economias
emergentes.
O G-20 congrega cerca de dois terços da população do planeta,
90% do PIB mundial e 80% do comércio internacional.
A reunião inaugural do fórum aconteceu em dezembro de
1999, em Berlim (Alemanha) e desde então vêm ocorrendo
reuniões anuais.
A décima reunião regular do G-20 realizou-se em
novembro de 2008 em São Paulo, alguns dias depois ocorreu
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uma nova reunião em Washington. Só que nessa reunião extraordinária, convocada para buscar saídas para a
crise financeira, os países do G-20 estiveram pela primeira vez representados por seus chefes de Estado e de
governo. Foi mais uma demonstração da crescente importância das economias emergentes as menos
atingidas pela crise mundial.
Dando continuidade às negociações os chefes de Estado e de governo do G-20 reuniram-se novamente
em abril de 2009 em Londres quando foi lançado um plano com medidas visando à superação da crise
financeira global. Em razão do agravamento da crise houve outra reunião do G-20 ainda em setembro
daquele ano em Pittsburgh (Estados Unidos) e mais duas em 2010: Toronto (Canadá) e Seul (Coreia do Sul).
Em 2012 realizou-se a sétima cúpula do G-20 em Los Cabos (México). Nela foi acordado o "Plano de
Ação de Los Cabos" com medidas voltadas à estabilização financeira e à recuperação da demanda do
mercado consumidor para assegurar a continuidade do crescimento econômico e a recuperação do emprego.
Para contribuir para atingir esses objetivos foi acertado entre os líderes do grupo um aumento da capacidade
de empréstimo do FMI com um aporte de novos recursos da ordem de 456 bilhões de dólares (os Brics se
comprometeram com 83 bilhões de dólares).
G-7 / G-8 X G-20 - Ainda no período da Guerra Fria, além das organizações econômicas criadas em
Bretton Woods e em Havana, os países mais ricos constituíram um fórum de debates sobre a conjuntura
econômica e política mundial, conhecido durante muito tempo como G-7. Esse grupo é composto por países
ricos que organizavam a política econômica de acordo com seus interesses muitas vezes não levando em
consideração os países emergentes e periféricos. Por se caracterizar como um fórum, o grupo não tem uma
sede fixa, e a cada ano o encontro acontece num país-membro, quando são debatidas as questões mundiais
de interesse do grupo.
O G-7 (Grupo dos 7) teve sua origem em um encontro realizado em 1975, no qual se reuniram
representantes das principais potências capitalistas da época: França (o país anfitrião), Estados Unidos,
Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão. Nasceu, portanto, como G-6.
Em 1977, o Canadá passou a fazer parte do grupo, que se transformou em G-7. Durante anos esse
fórum aglutinou as sete maiores economias do mundo.
Em 1997, num encontro realizado em Denver (Estados Unidos), a Rússia foi admitida como membro
do grupo, que passou a ser chamado de G-8. A entrada da Rússia no grupo dos países mais ricos do mundo é
contraditória porque o país é classificado como emergente. Mas como durante as negociações para a
incorporação de países do Leste na OTAN a Rússia posicionou-se contra, alegando que isso poria em risco a
sua segurança, o Grupo do G 7 ofereceu a participação da Rússia no grupo. A Rússia acabou concordando
com a entrada de países do leste europeu na OTAN em troca de sua entrada no G-7, rebatizado de G-8.
O G-8 está descaracterizado porque não reúne mais as maiores economias do planeta e o cenário
econômico mundial está muito mais complexo do que na época em que foi criado. O grupo não dispõe mais
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de condições para continuar a ser o diretor da economia mundial. Muitas de suas atribuições foram
transferidas para o G20 financeiro que congrega países emergentes países centrais na busca do
fortalecimento da economia mundial, proporcionando uma estabilidade financeira no mercado global,
garantindo um futuro sustentado para todos os países. Diante disso os emergentes adquiriram um peso maior
nas decisões mundiais.
EXERCÍCIOS
01. 27) QOAM 2003 O termo “subdesenvolvimento” surgiu após a Segunda Guerra Mundial,
principalmente nos documentos dos organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para
a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), sendo depois usado com frequência pela imprensa.
Assinale a opção correta sobre o “subdesenvolvimento”.
(A) Para superarem o atraso sócio- econômico, os países ditos subdesenvolvidos devem seguir o modelo dos
países desenvolvidos.
(B) Os países ditos subdesenvolvidos compõem um conjunto homogêneo, já que os contrastes que existem
entre eles e os países ditos subdesenvolvidos são traços comuns.
(C) Os países ditos subdesenvolvidos resultaram da expansão do capitalismo a partir da Europa ocidental, o
qual interligou e dividiu o mundo em países centrais e países periféricos.
(D) As culturas tradicionais são as grandes responsáveis pelos problemas dos países ditos subdesenvolvidos,
pois não permitem à introdução de investimentos produtivos
(E) O índice que melhor classifica a condição de subdesenvolvimento é renda per capital, já que ela é
fundamental para a medida de acumulação de capital de um Estado.
02. 31) QOAM 2003 Como resposta à crise do modelo de produção em massa, consumo em massa
(fordismo), as empresas passaram a introduzir equipamentos tecnológicos cada vez mais sofisticados,
implementando mudanças nas relações de produção e trabalho que passaram a constituir a política do
neoliberalismo, que propõe o:
(A) estado mínimo, ou seja, que deve atuar o mínimo possível, de preferência como regulador da economia e
não como empresário.
(B) combater à privatização das empresas estatais, fortalecendo o papel do Estado na economia.
(C) Fortalecimento de medidas nacionais frente à concorrência global.
(D) Aumento dos direitos trabalhistas e do poder dos sindicados.
(E) Estímulo à competitividade através do fortalecimento da economia de escala, fim da terceirização dos
serviços e incentivo à política de subsídio fiscais.
03. 27) QOAM 2004 “Durante a Guerra Fria, era comum classificar os países do globo em um dos três
mundos: o primeiro era composto pelos países capitalistas desenvolvidos e era liderado pelos Estados
Unidos; o segundo, formado pelos países socialistas, sob a liderança da União Soviética; e o terceiro,
integrado pelos países subdesenvolvidos, capitalistas em sua maioria e localizados na América Latina, na
África e na Ásia”.
(MOREIRA, João C. & SENE, Eustáquio de. Geografia para o Ensino Médio, 2002)
Sobre o Terceiro Mundo, pode-se afirmar que:
(A) A luta anticolonial gerou novas nações independentes na Ásia e África que procuravam alterar as regras
do comércio mundial, as quais estavam fundadas nos preços aviltados dos produtos industrializados que
exportavam e nos altos preços dos produtos agrícolas que importavam.
(B) A Conferência de Bandung, de 1955, lançou os princípios políticos do “não-alinhamento”, ou seja, uma
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posição diplomática e geopolítica de afastamento das principais superpotências, fortalecendo a partir daí
o conceito de conflito Norte-Sul.
(C) A convergência político-ideológica entre os participantes da Conferência de Bandung, estimulou
posições importantes quanto aos problemas da economia mundial, fato que permitiu o aumento dos
preços dos produtos que aqueles países exportavam.
(D) A Conferência de Bandung consolidou a posição “terceiro-mundista” que procurou definir uma “terceira
via” de desenvolvimento, a qual deveria estar atrelada ao capitalismo norte-americano.
(E) O conceito de Terceiro Mundo está relacionado principalmente ao fator pobreza, o qual é exclusivo da
América Latina, da África e da Ásia.
04. 20) QOAM 2005 O capitalismo passou a ser dominante no mundo ocidental a partir do século XVI,
ocorrendo de forma desigual no espaço e no tempo. Em sua fase industrial, impôs-se como forma de
produção hegemônica a outros sistemas.
Assinale a opção correta em relação ao processo de desenvolvimento do capitalismo.
(A) A relação social é baseada no interesse coletivo com ausência de conflitos entre as classes.
(B) Na economia, não há a intervenção estatal e seu funcionamento é oligopolizado por grandes empresas
transnacionais.
(C) A acumulação primitiva baseou-se exclusivamente em fatores internos, como a exploração agrícola e
mineral.
(D) A expansão imperialista na África e Ásia consolidou a divisão internacional do trabalho, fortalecendo a
relação centro-periferia na economia mundial.
(E) A aceleração econômica favoreceu a descentralização de capitais, evitando acirrada concorrência entre as
empresas.
05. 21) QOAM 2005 A expansão capitalista vem tornando cada vez mais complexa, principalmente a partir da
intensificação do meio científico-informacional que integrou as regiões do planeta num único sistema.
Sobre esse período, pode-se afirmar que:
(A) ocorreu uma descentralização geográfica dos centros de poder político e econômico, proporcionando
maior participação da sociedade na gestão do sistema-mundo.
(B) os fluxos de capitais produtivos deslocam-se democraticamente entre as regiões do mundo, privilegiando
principalmente as regiões ditas “subdesenvolvidas”.
(C) as empresas transnacionais não mantêm mais vínculos com os seus Estados de origem, permitindo que
acionistas estrangeiros tenham maior participação nas decisões estratégicas
(D) a intensificação da conectividade permitiu a expansão dos fluxos de capitais especulativos, os quais
deixaram a economia mundial mais vulnerável.
(E) os capitais de curto prazo detiveram as crises financeiras nos países emergentes, contribuindo para a
recuperação destes no final dos anos 90.
06. 23) QOAM 2006 Ao analisarem-se os indicadores econômicos e sociais entre países, verificam-se
disparidades entre os mesmos. Assinale a opção que explica as desigualdades mundiais.
(A) A capacidade para a produção e trabalho é determinada pelo clima temperado, característica
predominante nos países do Norte.
(B) A superação do Subdesenvolvimento é uma questão de tempo, pois os países ditos desenvolvidos
passaram pela mesma situação no passado.
(C) A economia capitalista é marcada pelas fortes desigualdades sócio-econômicas entre as regiões do
mundo, apresentando um desenvolvimento desigual e combinado.
(D) As relações comerciais estão baseadas na deterioração dos termos de trocas, onde os países do Sul
especializaram-se em bens de capital e os do Norte em bens primários.
(E) A fragilidade dos países do Sul deve-se a ausência de blocos econômicos entre eles, fato que impede
maior articulação frente às pressões impostas pelos países do Norte.
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07. 19) QOAM 2008 Em 1990, nos Estados Unidos da América, houve uma difusão de ideias que
defendiam a adoção de práticas neoliberais, junto aos países da América Latina, como forma de recuperação
econômica deste subcontinente. Tais recomendações ficaram conhecidas como:
(A) Plano Colombo.
(B) Consenso de Washington.
(C) Acordo Geral de Tarifas e Comércio.
(D) Área de Livre Comércio Latino Americano.
(E) Pacto Econômico para as Américas.
08. 20) QOAM 2008 Em seu livro o capitalismo tardio, o economista belga Ernest Mandel afirma que a
Terceira Revolução Industrial ou Tecnológica teve início a partir da Segunda Guerra Mundial, junto aos
países mais desenvolvidos, ficando os países periféricos do capitalismo, como o Brasil, um tanto distante
desta realidade, ainda sendo esta revolução um processo em curso e que caracteriza a atual fase do
capitalismo.
Assinale a opção correta sobre a realidade em questão.
(A) Os avanços científicos e tecnológicos, observados nessa fase do capitalismo, só encontraram condições
de desenvolvimento a partir do fim da Guerra Fria, quando então a globalização econômica propiciou
avanços nas áreas de informática, robótica, transporte e comunicação, ficando o Brasil sem condições de
acompanhar esse processo.
(B) No Brasil a pesquisa científica e tecnológica é realizada, principalmente, por instituições governamentais
ou universidades, enquanto nos países mais desenvolvidos isto ocorre principalmente junto as
instituições ligadas a empresas de caráter particular, estimulando tanto os investimentos financeiros
quanto o seu retorno sob forma de lucro.
(C) Na década de 1970, com as políticas neoliberais adotadas no Brasil, somadas ao incremento das
importações tecnológicas e da política governamental de apoio à pesquisa, surge no território nacional
vários polos tecnológicos, contribuindo para deslocar o país de uma posição de importador de tecnologia
de ponta para um exportador neste setor.
(D) o período atual, técnico-científico informacional, em que o conhecimento ou o saber se torna o grande
diferencial na economia, melhorou a distribuição dos conhecimentos e das riquezas entre as diversas
nações do globo, uniformizando os chamados padrões de consumo a nível mundial.
(E) No caso de nações periféricas da economia global, como o Brasil, as fracas poupanças internas acabam
gerando dificuldades para os grandes investimentos em P&D, o que acarreta um total desestímulo por
parte das nações centrais do capitalismo em transferir qualquer segmento produtivo para aqueles países.
09. 22) QOAM 2008 No final da 2ª Guerra Mundial, a derrota das forças do Eixo e, ao mesmo tempo, o
enfraquecimento econômico, milita e político do Reino Unido e da França levaram o mundo a um período de
grandes transformações econômicas e geopolíticas, denominado Guerra Fria. Assinale a opção correta sobre
as instituições que tiveram importância nas articulações geopolíticas no período da Guerra Fria.
(A) Para administrar e distribuir os recursos do Plano Marshall entre os países europeus ocidentais, em 1948
foi constituída a Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECE), que em 1961 passou a se
chamar OCDE, com a finalidade de incentivar o crescimento econômico, o desenvolvimento em geral e
o comércio multilateral entre os países-membros.
(B) Na década de 1940, durante a Conferência de Bretton Woods, nos EUA, foi criado o BIRD, conhecido
como Banco Mundial, ao qual caberia, especificamente, o financiamento da reconstrução econômica dos
países latino-americanos afetados pelo período da guerra, como também, zelar pela estabilidade
financeira da região.
(C) No início da década de 1950 foi criado o Plano Colombo, similar ao Plano Marshall, que apesar de ser
menos ambicioso estimulou o desenvolvimento de vários países africanos e do SE da Ásia,
possibilitando entre outros objetivos a reconstrução japonesa e uma maior aproximação dos EUA com o
Egito.
(D) Em 1947, com a intenção de complementar as medidas econômicas idealizadas pelo grande capital, foi
41
criada na Conferência Econômica de Havana, o Gatt, possuindo como objetivos centrais estimular o
comércio mundial, combater medidas protecionistas e desincompatibilizar as grandes desigualdades
socioeconômicas entre os países centrais e periféricos.
(E) A criação do FMI, em 1944, definiu um novo padrão monetário, o dólar-ouro, fato que acabou
favorecendo a maioria das nações periféricas da América Latina, Ásia e África, uma vez que nestes
continentes se encontram as maiores reservas de ouro do planeta, possibilitando assim a conversão deste
metal em dólar.
10. 19) QOAM 2009 “Com o fim da Guerra Fria, falou-se muito sobre uma “nova ordem mundial”, na qual
teria ocorrido a vitória do capitalismo e da democracia. Em 1989, Francis Fukuyama, filósofo e ideólogo do
Departamento de Estado dos Estados Unidos, escreveu um ensaio, transformado no livro O fim da história e
o último homem, decretando o “fim da história”. Fukuyama argumentava que, com a vitória do capitalismo,
o modelo político e econômico norte-americano se tornaria dominante e, por isso, não haveria mais
conflitos. Que houve uma vitória dos EUA sobre a URSS, numa disputa de Estados rivais com sistemas
político-econômicos diferentes, parece não restar dúvida. Entretanto, os ditos vencedores enfrentam uma
série de problemas socioeconômicos”. Sobre esta questão, assinale a opção correta.
(A) Com déficits comercial e orçamentário, alto endividamento interno e externo, que em parte se devem aos
elevados gastos bélicos, os EUA, a partir da Guerra Fria, vem atravessando sérios problemas
socioeconômicos, tendo se agravado recentemente com a crise dos seu setor imobiliário.
(B) O capitalismo, por ser um sistema muito mais dinâmico, produtivo e competitivo do que o socialismo,
não presenciou um aprofundamento das suas desigualdades sociais junto aos seus integrantes, ao
contrário do que ocorreu com os países adeptos ao socialismo.
(C) No sistema capitalista, a sua estrutura produtiva é muito menos vulnerável em relação ao sistema
socialista, no qual seus adeptos se recuperam rapidamente após uma crise ou recessão, tanto em termos
econômicos quanto em relação ao número de empregos gerados, especialmente os ditos formais.
(D) A fase informacional do capitalismo possibilitou um rompimento histórico dentro do sistema, ou seja, o
fim das distâncias econômicas existentes entre os ditos desenvolvidos e subdesenvolvidos, fato que
acabou se estendendo aos países que antes faziam parte do sistema socialista.
(E) Com o fim do conflito Leste X Oeste, de natureza essencialmente econômica, os EUA passaram a liderar
uma outra forma de conflito, o Norte X Sul, de natureza especificamente geopolítica, credenciando,
assim, esse país como o grande líder econômico dentro do cenário global.
11. 23) QOAM 2009 Pouco antes do término da Segunda Guerra Mundial, com a criação da Conferência de
Bretton Woods, os EUA já se articulavam para estabelecer novas políticas econômicas, que agilizassem a
dinâmica comercial global, fato que acabaria por condicionar toda uma reorganização da conjuntura
internacional inerente aos interesses do capital. A partir dessa conferência, assinale a opção que apresenta a
criação de uma nova articulação nesse sentido.
(A) O padrão-ouro, utilizado para definir o valor das moedas a partir do peso do ouro ou equivalente, foi
substituído pelo padrão dólar-ouro, tornando a moeda norte-americana a nova referência monetária
internacional, ao mesmo tempo em que os EUA se comprometiam a trocar, sempre que necessário,
dólares por ouro.
(B) O FMI, com a função de garantir a estabilidade e a recuperação do sistema financeiro global, acabou
tornando-se o maior articulador da recuperação socioeconômica dos países mais pobres, uma vez que os
capitais produtivos investidos nesses territórios são oriundos dessa instituição.
(C) O Banco Mundial, criado em 1950, com a finalidade de financiar a reconstrução dos aliados asiáticos
especialmente o Japão, tornou-se a instituição mais importante para os anseios comerciais dos EUA
regionalmente, além de coordenar e fiscalizar os empréstimos destinados aos investimentos de
infraestrutura aos países endividados.
(D) O Gatt, de 1959, cuja finalidade básica foi integrar as tarifas comerciais entre todos os países latino-
americanos, exceção feita a Cuba, acabou sendo estendido a todo o bloco capitalista durante a Guerra
Fria, no entanto, com o fim da bipolarização, acabou sendo substituído pela OMC.
(E) A OCDE, criada na década de 1940, surgiu como um órgão de consulta e coordenação de políticas
econômicas e sociais, cuja finalidade básica foi aproximar a relações comerciais entre os países pobres e
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ricos, contribuindo, assim, para a circulação de pessoas, bens e serviços em seus territórios.
14. 22) QOAM 2014 O Sistema capitalista se desenvolveu na Europa com a crise do feudalismo e se
expandiu econômica e territorialmente pelo mundo a partir do século XVI. Desde então, veio passando por
diversas características diferentes no que se refere às relações de produção e de trabalho, às ideologias e às
tecnologias empregadas. Com relação ao capitalismo financeiro, assinale a opção correta.
(A) No final do século XIX, houve a introdução de nova fonte de energia no processo produtivo através do
predomínio do carvão mineral sobre o petróleo, levando países carboníferos, como Alemanha e
Inglaterra, a direcionarem a economia no século seguinte.
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(B) O crescente aumento da produção e da industrialização iniciado pela Europa expandiu-se por todo o
planeta, permitindo que a desigualdade econômica entre países centrais e periféricos na Divisão
Internacional do Trabalho fosse reduzida drasticamente.
(C) A economia capitalista foi marcada pela doutrina mercantilista com elevado número de empresas
concorrendo entre si e com forte intervenção do Estado na produção e no comércio. A partir de então,
consolidou-se o keynesianismo no final do século XIX e início do XX.
(D) Nesse período, os avanços tecnológicos potencializaram a produção industrial e o sistema financeiro. As
novas tecnologias, como robótica, informática, engenharia genética, entre outros, projetaram os Estados
Unidos na vanguarda da economia mundial.
(E) No final do século XIX, os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da
produção e promoção de indústrias. Para complementar, a Conferência de Berlim definiu a expansão
imperialista europeia sobre a África e a Ásia e consolidou a Divisão Internacional do Trabalho.
15. Nas últimas décadas, muitos países que tinham uma economia voltada basicamente para o setor primário
têm recebido em seus territórios filiais ou subsidiárias de multinacionais, fato que vem modificando
profundamente seus perfis econômicos e suas funções dentro da atual divisão internacional do trabalho.
(BOLIGIAN; BOLIGIAN, 2004, p. 276).
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos sobre a DIT e suas implicações, é correto afirmar:
(A) A implantação das multinacionais, nos países periféricos, geraram grandes lucros, porque o lucro era
reinvestido no seu território, diversificando o processo produtivo.
(B) A nova DIT não alterou as desigualdades no processo produtivo, mas possibilitou o dinamismo da
economia de todos os países do Terceiro Mundo, devido à interferência estatal.
(C) Os países de industrialização clássica, como o Brasil, o México e a Argentina, saíram mais fortalecidos
que os demais países periféricos, porque os investimentos externos produtivos priorizam esses
mercados.
(D) Essa nova Distribuição Internacional do Trabalho caracteriza-se pela mudança do perfil econômico das
nações periféricas e pela diminuição da dependência econômica dessas nações.
(E) Os países centrais, na nova Distribuição Internacional do Trabalho, fornecem produtos e serviços com
alto conteúdo tecnológico e os países periféricos, produtos de primeira e segunda geração industrial.
16. As duas grandes marcas do século XX foram as guerras mundiais e o socialismo, ocasiões que geraram
um terceiro grande fenômeno: a Guerra Fria, em que a moldura de uma ordem mundial bipolar se baseava na
rivalidade entre os EUA e a União Soviética. Analise as proposições seguintes sobre as grandes
transformações do século XX:
I - A partir de 1945, o mundo esteve dividido, predominantemente, em blocos de países sob influência dos
EUA e da União Soviética, que entraram em confronto de forma direta, o que levou o mundo a temer o
deflagrar de uma guerra nuclear iminente.
II - No Plano Marshall encontra-se a origem da Guerra Fria. Esse Plano representou a resposta americana à
crise europeia, por meio do financiamento americano da reconstrução da Europa.
III - O zênite da Guerra Fria aconteceu no momento em que duas graves crises colocaram à prova a
resolução das duas superpotências e comprovaram o perigo de uma guerra total. Trata-se da crise de
Berlim, em 1961, e a crise dos mísseis em Cuba, em 1962.
IV - Por consequência do fim da Guerra Fria e da queda o muro de Berlim, o socialismo definitivamente
deixou de existir e de orientar a política de diversos países.
V - Pode-se concluir que, para o quadro histórico do final do século XX e início deste século, tanto o
socialismo quanto o capitalismo conseguiram consolidar diretrizes para os graves problemas
socioeconômicos e políticos que afligem a humanidade.
Após a análise das proposições, assinale a alternativa verdadeira:
(A ) Apenas o item III é correto.
(B) Os itens II e III estão errados.
(C) Apenas o item V é correto.
(D) Os itens II e III estão corretos.
(E) Os itens I, II e III estão corretos.
44
17. A “queda do muro de Berlim”, ocorrida no final de 1989, é um dos marcos do surgimento de uma “nova
ordem mundial”, que pode ser compreendida a partir de duas dimensões: a geopolítica e a econômica.
Quais as mudanças geopolíticas e econômicas decorrentes dessa “nova ordem mundial”.
Marque a opção INCORRETA:
(A) Do ponto de vista geopolítico, a principal mudança foi o fim do período denominado de Guerra Fria e,
por conseguinte, da bipolaridade de poder das superpotências mundiais (União Soviética e Estados
Unidos) e dos blocos mundiais por elas comandados.
(B) Na “nova ordem geopolítica mundial”, denominada “ordem multipolar”, as superpotências se impõem
mais em face do seu poderio econômico do que bélico.
(C) A “nova ordem mundial” é o processo de globalização da economia, com a formação de blocos
econômicos regionais, tais como a União Europeia e o Nafta.
(D) Na “nova ordem”, o poder está vinculado diretamente ao avanço tecnológico, a níveis de produtividade,
à disponibilidade de capitais, à competitividade e à qualificação da mão- de-obra.
(E) Na “nova ordem mundial” ocorreram as maiores guerras e crises econômicas que colocou em
questionamento a funcionalidade e eficiência do capitalismo
18. O avanço tecnológico das últimas décadas deu origem a setores muito sofisticados do ponto de vista
técnico, tais como a microeletrônica, a biotecnologia, a robótica etc. Eles integram a chamada fábrica global,
determinando uma nova distribuição espacial das indústrias, cujas características atendem, em última
análise, à lógica do lucro.
Com relação aos fatores determinantes da teoria de localização industrial identifique a alternativa que
explica de forma INCORRETA os fatores que foram fundamentais para a localização industrial na primeira
e na terceira Revolução Industrial.
(A) A Primeira Revolução Industrial de um lado depende de capital acumulado, existência de minérios em
abundância como o ferro e o manganês (custo do transporte, distâncias e quantidade) e fontes de
energia.
(B) Um mercado consumidor com poder aquisitivo e mão de obra abundante foram importantes na Primeira
revolução industrial
(C) A Terceira Revolução Industrial ocorre sobre novas bases como a energia elétrica, informatização,
integração pesquisa – tecnologia, terceirização, Toyotismo (just in time), automação e robotização.
(D) Os avanços tecnológicos ocorrem em áreas como microeletrônica, nanotecnologia, biotecnologia,
química fina entre outras.
(E) Na Primeira Revolução Industrial houve o desenvolvimento de mecanismos que favoreceram a produção
flexível com desconcentração espacial.
MÓDULO I - QOAM/2019
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01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
C A B D D C B B A A A E C E E B A E C
46
H
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S
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I
A
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
APRESENTAÇÃO
Caro Aluno,
Este Módulo faz parte de um conjunto de elementos didáticos que por ocasião de sua produção
visava dois objetivos: o primeiro deles é oferecer um material de fácil leitura, que possa lhe ajudar a elucidar
e compreender os fatos da história, contribuindo com isso para a aquisição de informações que ajudam não só
na busca dos seus ideais, mas também para toda sua vida. O segundo foi de elaborar um material que
seja resumido sem deixar de descrever todos os dados imprescindíveis para o fim que se destina.
Buscamos elaborar um manual de história centrado na própria história, trazendo à tona informações dos
fatos dentro de uma ótica precisa, a partir do acúmulo de conhecimentos descritos pelas obras citadas pela
Bibliografia do Edital do Concurso para o QOAA/AFN em 2018. No entanto, como prevê os editais dos
concursos anteriores, a bibliografia sugerida serve apenas como base para o estudo da matéria, sem excluir
outras publicações de natureza histórica, fato este que ocorreu, eventualmente, nos últimos anos do concurso,
onde foram utilizadas várias citações de revistas e autores de história não contidos na bibliografia sugerida.
Portanto, este Módulo serve como base de estudo sem excluir para o Candidato a leitura dos livros sugeridos pela
MB e nem outras fontes de História.
O Módulo 1 é o primeiro de um conjunto de unidades teóricas, sempre revistas e corrigidas com base
no Edital e na Bibliografia do concurso de 2018, sendo, portanto, um material aprimorado e atualizado. No
entanto, como nosso período letivo inicia-se antes da publicação do Edital 2019, caso haja alguma alteração
no edital do concurso, será fornecido material complementar para estudo.
O concurso anterior para o QOA, e outros concursos internos e externos recentes que tiveram a matéria
de História Militar Naval, teve como característica principal o modelo de questões acadêmicas para as perguntas
propostas. Esse modelo, hora apresenta a pergunta especificamente “presa” a uma publicação ou autor, hora
apresenta a questão buscando a junção ou “acúmulo” de informações diversas, que de modo composto fornece a
solução da questão. Por tais motivos, buscaremos, também, apresentar aos nossos alunos essas características,
adequando-se ao novo modelo do Concurso.
Como sempre afirmamos, não existem fórmulas mirabolantes em educação, o que há é dedicação
contínua, tanto por parte de quem leciona quanto por parte dos alunos. A conjunção destes esforços é, no
mínimo, razão suficiente para a construção de um saber, para aquisição de cultura e para uma melhor
qualidade de vida social, tanto para você quanto para seus familiares.
O sucesso em concursos sempre é traduzido em números, mas o sucesso pessoal, este sim, é
medido pela satisfação plena do dever cumprido e da busca incessante pelos ideais de cada um.
Um abraço,
INTRODUÇÃO
1) Conceituando História:
O estudo de História permite ao homem o conhecimento necessário para compreender sua trajetória,
facilitando entender de que forma ele alcançou o estágio atual, onde errou e acertou, possibilitando um
melhor planejamento de suas ações, contribuindo para melhores resultados em seus objetivos.
A História abrange todas as faces da ação humana. Podemos “contar” histórias de cunho social,
político, religioso ou militar, e, independente de “qual” história estivermos falando, ela nunca será isolada
no tempo ou no espaço e sempre terá uma íntima relação de causa e consequência com outro(s) fato(s) que
pode anteceder ou suceder a ele. Tudo o que ocorreu com o homem, e este pôde registrar ou deixar ser
registrado, é parte integrante de sua história.
Nenhuma sociedade chegou a qualquer patamar sem contato com outro grupo social, e o fruto dessas
relações é que fazem parte do estudo que será demonstrado em nossos módulos.
2) Datando a História:
De uma forma geral, a História é dividida em Pré-História e História. O advento da escrita permitiu
grandes avanços aos grupos sociais humanos e é o marco divisório entre uma e outra fase deste
desenvolvimento primário. A partir da escrita o homem pôde descrever por si só sua trajetória.
Em relação à Pré-História, cabe aos estudiosos desvendar os segredos a partir de vestígios deixados
por estas comunidades/sociedades, o que é genericamente denominado de Documento Histórico.
Dividimos a História Ocidental, e por influência cultural e econômica também a Oriental, em antes
e depois do nascimento de Cristo. Apesar desta figura – Jesus Cristo – ser representativa apenas para a Fé
Cristã, o domínio exercido pelos povos seguidores desta filosofia religiosa a outros povos como judeus e
mulçumanos, acabou por influenciar suas culturas. A essa classificação descrevemos como antes de Cristo
(aC ou AC) e depois de Cristo (dC ou DC). Há também a inscrição AD (Anno Domini – “Ano do Senhor”)
para o período compreendido apenas após o nascimento de Cristo. Só é obrigatório escrever a referência se
ela for antes do nascimento de Cristo, como exemplo, podemos utilizar a Batalha Naval de Salamina, entre
gregos e persas, ocorrida no ano de 480aC.
Os judeus se encontram em um calendário que está 3761 anos à frente do calendário cristão e os
mulçumanos começaram a contar seu tempo no ano 622 da era cristã. Assim, quando nossas aulas
começaram neste ano de 2017, no dia 02 de janeiro, os judeus estavam no ano de 5777, e 1439 para os
povos islâmicos. Os calendários judaicos e islâmicos são fortemente marcados pelos dogmas religiosos
dessas sociedades, o que determina, por exemplo, que o calendário islâmico seja lunar e não solar. Essas
características fazem com que os anos não sejam de 365 dias.
Existem e existiram também outros calendários que servem e serviram para a contagem do tempo
por diversos povos, mas nenhum de interesse para nosso concurso.
O marco histórico “Cristo” permitiu ao homem ocidental datar um calendário que regride do infinito
(∞) até o ano 0 (zero) e progride do ano 0 até os dias atuais. Essa datação é marcada por dia, mês e ano (não
necessariamente nesta ordem para todas as sociedades cristãs) em números arábicos e os séculos em
números romanos. Para comparação entre uma data e seu século basta escrever o número do ano sempre
com quatro dígitos. Caso os dois últimos números da direita terminem em 00 (zero zero), será o número
formado pelos dois dígitos da esquerda. Exemplo: nascimento de Cristo – 0000 – século 0, ou
descobrimento do Brasil – 1500 – século XV (quinze). Caso os dois números da direita terminem diferente
de zero, será o da esquerda mais um (+1). Exemplo: Proclamação da Independência do Brasil – 1822 –
século XIX (dezenove), Primeira Guerra Mundial – 1914 a 1918 – século XX (vinte).
Nosso atual calendário é denominado Gregoriano por ter sido instituído pelo papa Gregório XIII em
1582. O calendário gregoriano foi instituído a partir do calendário de Dionísio, um abade de Roma, que o
fez no ano 525, a partir do calendário romano. Portanto, pode haver algumas discrepâncias em relação à
datação de alguns fatos, principalmente os encontrados na época aC, não comprometendo a história.
Os números romanos são representados pelas letras latinas I, V, X, L, C, D e M, relacionando-os
aos números arábicos são: 1, 5, 10, 50, 100, 500 e 1000. Os conjuntos numéricos se somam caso estejam à
Módulo 1 -2- QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
direita de uma unidade numérica e subtraem caso estejam à esquerda. Portanto a data de proclamação da
independência do Brasil, em números romanos foi: VII – IX – MDCCCXXII (7-9-1822).
Há diversos marcos históricos. Eles servem para delimitar determinados fatos, épocas ou períodos
sem, no entanto, resumi-los. Conforme já demonstrado, a história não é estática e sim dinâmica e, mesmo
sendo relativa a fatos passados, ela encontra-se em constante evolução devido a novas fontes históricas que
possam surgir ou a uma nova verdade construída a partir de uma nova visão de algum historiador. Mas os
fatos são os fatos e estes não podem ser, e não serão, mudados jamais.
CAPÍTULO I
A IDADE ANTIGA
Compreende-se como História Antiga o período que vai do início da História, a partir da invenção
da escrita, aproximadamente 4000aC, até 476dC, ano da queda de Roma Ocidental, como capital do Império
Romano do Ocidente. A queda de Roma finaliza a Idade Antiga e inicia o período conhecido como Idade
Média.
Os aspectos geográficos são os mais importantes para a determinação de um povo como sendo de
caráter terrestre ou não. Terras férteis e abundância de matérias-primas que suprissem um povo
obrigatoriamente o fixariam em sua posição geográfica, no entanto, a escassez de alimentos, ou de produtos,
forçosamente o impeliria a sair de suas terras em busca de suas necessidades.
Notadamente, as vias de comércio e transporte fluvial ou marítimo sempre foram – e são – as mais
fáceis e baratas de serem exercidas.
Ao longo da história temos exemplos de povos que saíram de suas terras em busca de áreas mais
férteis e promissoras, e até mesmo de povos denominados nômades, que nunca tiveram uma localidade
fixa. Na maioria das vezes, o que ocorreu para que um povo deixasse seu território foi a busca pelos
produtos que lhes faltavam, o entanto, a ganância econômica, a vontade política ou a influência religiosa (e
cultural) também foram determinantes.
Essa busca ocorreu através da guerra e da dominação física, passando a controlar as áreas produtoras
e seus habitantes, ou através do comércio, principalmente pela troca dos excedentes de produção 1 entre
povos ou regiões, e da influência cultural ou política.
Mas o comércio, ou a necessidade de busca por produtos, não explica por si só a opção de um povo
pelo mar. Temos vários exemplos de que esta opção se deu de modo forçado, pelas próprias necessidades
naturais advindas do progresso social de seus habitantes, pela agressão de outros povos ou pelo contínuo
contato com sociedades de características marítimas.
A figura do armador, ou seja, do homem que prepara navios para viagens, dotando-o de equipamento
e de tripulação, é muito antiga na História. O armador nem sempre foi o comerciante marítimo ou
proprietário do navio, no entanto, na Antiguidade o mais comum era ser as três coisas ao mesmo tempo.
O comandante do navio, vulgarmente chamado de capitão, era geralmente um experimentado
marinheiro.
O marinheiro, muitas vezes iniciado na profissão à força (costume que chegou até o século XX em
muitos países), era geralmente um homem inculto que só conhecia bem a sua profissão (também isso chegou
até o século XX). A bordo cuidava das velas, dos cabos e fazia um sem-número de funções variadas.
O mestre era um experimentado marinheiro cuja atribuição principal era a manobra do velame e a
supervisão geral do convés.
Havia ainda a figura do piloto, que às vezes era o próprio capitão; seu mister era a navegação e, para
isso, tinha conhecimentos técnicos acima da maioria do pessoal.
Se compararmos os dois tipos básicos de navios na Antiguidade, vemos que o primeiro era lento e
bojudo, ao passo que o segundo era rápido e esguio, o que se explica pelas suas finalidades. Enquanto o
mercante pretendia transportar o máximo possível de carga com um mínimo de custo operacional, o navio
1
Entende-se como excedente de produção produtos agrícolas ou fabris que, não tendo mercado interno ou sendo produzido
exclusivamente para o mercado externo, passam a ser dispostos para trocas comerciais.
Módulo 1 -4- QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
de guerra queria chegar o mais rapidamente junto do inimigo para combatê-lo, pouco importando quanto
custasse isso em termos de dinheiro. Sim, porque, enquanto um navio mercante tinha uma tripulação
pequena, um navio de combate levava, em média, 200 homens, mesmo considerando que os remadores não
eram pagos pelo seu trabalho (a maioria era formada de escravos,
prisioneiros e condenados), a necessidade de alimentá-los e mais a despesa com todos os guerreiros e
tripulantes fazia com que o navio de guerra fosse caro, que só os governos podiam permanentemente
manter.
O transporte de riquezas pelo mar deu ensejo ao surgimento da pirataria, tão antiga quanto o próprio
comércio marítimo. Isso suscitou a necessidade de os navios mercantes se defenderem, para o quê se
embarcaram guarnições aguerridas, aptas para o combate de abordagem2. A crescente ameaça ao comércio
marítimo, contudo, só pôde efetivamente ser controlada pela criação de navios especiais, com
grande capacidade de manobra, cujo fim era a defesa dos poucos “navios redondos”. Assim surgiu o navio
de guerra, a serviço dos navios mercantes e, portanto, da economia de cada nação ou império.
O navio de guerra egípcio, do qual temos a melhor descrição entre os mais remotos, tinha pouca
boca, o que lhe valeu ser chamado de “navio comprido”, pois, ao contrário do mercante, era bem mais
estreito. Tinha o fundo chato, o que, juntamente com a característica anterior, fazia com que oferecesse
pouca resistência à água. Sua propulsão principal era o remo. Havia uma longa fileira de remos de ambos
os bordos, manejados pelos remadores que eram acorrentados aos bancos para que não tentassem fugir na
hora do combate; obviamente morriam quando o navio afundava.
Os navios de guerra possuíam também velas, cujos mastros eram arriados na hora da batalha para
evitar que sua queda atingisse os ocupantes do navio. Típico navio de guerra da Antiguidade
As velas eram usadas nas travessias longas, longe do inimigo, a fim de poupar os remadores, e no
caso de haver necessidade de bater em retirada para aumentar a velocidade de fuga; de fato, “içar as velas”
era, no combate, sinônimo de “fugir”.
Por causa do seu fundo chato e de sua pouca resistência aos temporais, os navios de guerra não
fundeavam como os mercantes; eram puxados para terra, ficando em seco. Essa circunstância ocasionou
algumas “batalhas navais” travadas em terra, quando acontecia de um inimigo atacar a esquadra antes que
os navios pudessem ser postos a flutuar. Os principais eventos ocorreram na Batalha de Micale (479aC), na
qual os gregos venceram os persas, e na Batalha de Egos-Pótamos (405aC) em que os espartanos venceram
os atenienses.
Quanto às suas dimensões, sabemos que uma trirreme grega tinha geralmente 25 metros de
comprimento por apenas seis metros de boca. O navio de guerra conduzia a bordo, além do pessoal marítimo
como qualquer navio, os guerreiros e os remadores. Os guerreiros eram soldados terrestres que
simplesmente embarcavam e seus comandantes lideravam a batalha naval.
Mais tarde, porém, o combatente do mar foi se distinguindo do combatente de terra, e o ateniense
Formion3 será o primeiro “general do mar”, ou seja, o primeiro almirante. A arma principal do navio de
guerra não era o soldado que ia a bordo, mas uma protuberância colocada na proa à linha d’água chamada
esporão, aríete ou rostrum, destinada a penetrar profundamente na nave inimiga e, assim, pô-la a pique;
acontecia, porém, muitas vezes, que o esporão se quebrava com o choque e o navio atacante, com um rombo
na proa, também ia a pique. Foram os fenícios os grandes aperfeiçoadores do esporão, que passou a ser
revestido de bronze, o que o tornou ainda mais temível.
2) Os Povos da Antiguidade:
Vários povos participaram do início de nossa jornada na terra. A região compreendida pelo Mar
Mediterrâneo, abrangendo o continente Africano, Asiático e Europeu, foi o cenário para o florescimento
das principais nações que compreenderam este período. A presença do homem é comprovada neste mesmo
período no continente Americano e na Oceania, mas infelizmente não fazem parte de nosso estudo povos
2
A abordagem era a principal técnica utilizada nos combates navais na Antiguidade.
3
Vencedor dos espartanos e seus aliados em vários combates, principalmente na batalha do golfo de Corinto (429 aC), quando
fez inteligente manobra antes de atacar. É considerado o pai da tática naval, que, depois dele, passou a ser feita pela combinação
de choque e movimento; só no século XIV surgiu o terceiro elemento, o fogo, isto é, o canhão.
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como os astecas e os aborígines, bem como os povos asiáticos da face leste do continente, banhados pelo
oceano Pacífico e dos africanos voltados ao oceano Atlântico Sul ou ao Índico.
O Mediterrâneo (terra do meio) foi a principal via de formação das culturas ocidentais e de várias
asiáticas e africanas. As primeiras civilizações4 surgiram nesse cenário até a região compreendida pela
Mesopotâmia (“Terra entre Rios” – Tigre e Eufrates) denominada de Oriente Próximo.
Portanto, a Antiguidade é dividida em Antiguidade Oriental, a Leste ou ao Oriente, compreendendo
os povos fenícios, hebreus, persas, egípcios e a Mesopotâmia, e Antiguidade Ocidental ou Clássica, a Oeste,
participando povos como os gregos e romanos.
A natureza especial do solo e do sistema hidrográfico característico do Egito fez das margens do rio
Nilo uma terra fértil. Desde sua remota origem até a queda da antiga monarquia, o povo egípcio se dedicou,
sobretudo, à agricultura e teve poucos contatos com os povos vizinhos.
Fatores diversos, porém, fizeram com que, ao lado da agricultura, conseguisse também a indústria5
alcançar nível elevado, e por volta do ano 3.300aC, a fabricação de tecidos, motivada em grande parte pela
esplêndida qualidade do linho daquelas regiões, já alcançava importância.
Instalada no extremo nordeste da África, em região desértica, a civilização egípcia floresceu as
margens do rio Nilo, se beneficiando de seu regime de cheias. As abundantes chuvas que caem durante
certos meses do ano na nascente do rio, ao sul, nas terras altas do interior do continente africano, provocam
o transbordamento de suas águas e o consequente depósito de húmus, fertilizando suas estreitas margens.
Ao final do período de cheias, o rio volta ao seu leito normal e as margens, naturalmente fertilizadas, tornam
possível uma rica agricultura.
Contudo, diante do aumento populacional que aconteceu durante a época neolítica, faziam-se
necessárias obras hidráulicas, como a construção de diques e canais, para o cultivo agrícola. Estudos e
pesquisas arqueológicas e históricas apuraram que a organização do trabalho às margens do Nilo, a
construção de diques e outras obras hidráulicas coube inicialmente às coletividades locais e regionais,
conhecidas como nomos, que mais tarde foram articuladas a uma estrutura governamental central mais
complexa.
Ao longo da história egípcia, a organização político-social se estruturou em torno da terra e dos
canais de irrigação, tendo o Estado despótico6 o controle de toda a estrutura econômica, social e
administrativa. Por meio de suas instituições burocráticas, militares, culturais e religiosas, o Estado
subordinava toda a população e garantia a realização das obras de irrigação.
Juntamente com seus cereais, que em período de escassez eram solicitados pelos países vizinhos,
fornecia o Egito uma série de produtos artísticos, dando com isso potente estímulo ao comércio. Como o
Nilo era navegável, mesmo no período de seca, e os canais que sulcavam o país contribuíam para
intensificar o tráfego, se explica a existência de um animado tráfego interior cujo centro foi Pelusio, cidade
solidamente fortificada que ficava perto da fronteira oriental. O tráfego marítimo teve, em compensação,
escassa importância durante a época dos faraós. As costas desprovidas de abrigos e perigosas para a
navegação, a falta de madeiras e os preceitos sacerdotais que predicavam a aversão ao mar, serviram de
estímulo para a repulsa que esse povo de agricultores sentia pela água.
Entretanto, o governo interveio por diversas vezes no comércio por meio de expedições navais em
que o faraó tomava a iniciativa, com o fim de estabelecer relações diretas de troca com os países do Ponto
(Ponto Euxino ou Mar Negro), situados na Arábia Meridional e fornecedoras de incenso, produto então
muito procurado.
Semelhantes expedições, determinadas pelos faraós e organizadas pelo Estado, foram, sobretudo,
frequentes durante as XII e XIII dinastias. Depois da instalação da Nova Monarquia, o tráfego pelo mar
Vermelho, quase completamente interrompido sob a dominação dos Icsos, retornou, graças ao poder real,
4
Civilização: Termo empregado a partir da Revolução Francesa por estudiosos iluministas para classificar uma sociedade pelo
seu estágio de desenvolvimento.
5
A concepção de indústria não pode ser vista aos olhos da atualidade no sentido de fábrica mecanizada. Os produtos eram
rudimentares e o sistema de produção, ou transformação, era primário.
6
Déspota: governo tirano, opressivo ou dominador onde não há liberdade plena para os cidadãos.
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com uma força e um arrojo até então desconhecidos. As expedições marítimas se multiplicaram, sobretudo
devido à iniciativa dos faraós da XVIII dinastia, ao mesmo tempo em que aumentavam as trocas com a
Núbia. Esse período foi conhecido como Renascimento Saíta, devido a transferência da capital para a cidade
de Saís. Após as conquistas realizadas nas costas asiáticas, o centro político do Egito se transportou, com
Ramsés II, para o Norte, ou mais exatamente para o delta Oriental. O Egito se abriu então largamente ao
contato com os povos navegadores do Mediterrâneo.
Os últimos faraós se esforçavam por completar e aperfeiçoar a obra de organização do comércio
egípcio realizado por seus predecessores. Psamético fundou numerosos centros de negócios e uma grande
frota mercante. Necao, mais empreendedor ainda, deu forte impulso ao comércio arábico com o fim de
colocar nas mãos dos egípcios o monopólio do tráfego das especiarias7. A expedição naval mais importante
foi favorecida pelo Faraó Necao, onde navegadores fenícios fizeram o périplo africano, ou seja,
contornaram todo o continente africano, feito este só repetido vinte séculos mais tarde por Vasco da Gama,
navegador português, em 1498, partindo de Lisboa. Esse feito fez dos fenícios os primeiros a circum-
navegar a África.
Os eventos relacionados com a era de Necao foram descritos pelo historiador grego Heródoto. Este
historiador, segundo texto do livro “Atlântico, a história de um oceano”, organizado pelo Historiador
Francisco Teixeira, visitou o Egito “por volta de 450 aC, apenas um século depois dos eventos do fim da
XXVI Dinastia”, e o monarca referido no texto, Necau (ou Necao), reinou entre 610 e 595 aC. Essa dinastia,
chamada saíta, foi marcada, entre outras coisas, pela ampliação do comércio marítimo, majoritariamente
tocado por marinheiros gregos contratados. Logo, financiamento estatal para uma expedição naval não seria
algo absurdo nesses tempos.
Embora os fenícios tenham sido os principais navegadores da Antiguidade, a melhor descrição que
temos de um navio mercante provém dos egípcios. O navio mercante, de um modo geral, apresentava forte
calado e tinha boca relativamente larga; por esta última característica era chamado “navio redondo”, o que
evidentemente era força de expressão. Seu meio de propulsão era a vela, embora possuísse alguns remos
para auxiliar a manobra de entrada e saída dos portos, assim como para o caso de completa calmaria. Essa
evolução veio junto com o desenvolvimento egípcio apoiado no comércio marítimo fenício.
Conquistado através dos séculos8, pelos assírios, persas, e por fim pelos gregos, sob Alexandre “O
Grande”, o Egito não perdeu a importância comercial. Bem pelo contrário, com um gesto de vidente, o
conquistador macedônio Alexandre fundou a cidade de Alexandria numa situação incomparável, na costa
vasta e sem refúgios de um país interior, incomensuravelmente rico, na desembocadura do seu único rio de
grande porte, no limite de duas partes do mundo asiático e africano e unido com a Europa pelo mar
Mediterrâneo. Desenvolveu-se Alexandria com inesperada rapidez, se convertendo não só em magnífico
centro de arte e de ciência como também na praça comercial mais grandiosa do mundo antigo. Ela
concentrava ao mesmo tempo os gêneros e os produtos manufaturados do vale do Nilo, os gêneros e as
matérias-primas vindas da Etiópia, da África Oriental, da Arábia e da Índia, os quais, por seu intermédio,
se espalhavam em todo o mundo grego até o Ocidente. Sua população, onde se misturavam gregos, egípcios
e judeus orientais, já se distinguia pela fisionomia cosmopolita que caracteriza hoje os grandes portos do
Levante9.
Não obstante, convém observar que, no Nilo como no Eufrates, o centro de gravidade da vida
econômica era constituído pela agricultura e que a indústria e o comércio só secundariamente ocupavam a
vida dos moradores. A principal atividade do povo egípcio foi sempre a cultura dos campos e a criação de
animais, sendo os principais produtos o trigo, o algodão, o linho e o papiro, porquanto o comércio em
Alexandria era exercido em grande parte por judeus e gregos, e o emprego nas construções públicas de
7
Compreende-se por especiarias todos os produtos que alcançavam grande valor econômico, seja para uso culinário, cosmético,
farmacológico ou de ornamentação. Os produtos de cunho religioso geralmente alcançavam os mais elevados preços, tornando-
se os principais nas relações de troca.
8
As invasões constantes tiveram grande efeito sob a cultura egípcia, sobretudo o domínio macedônio de Alexandre que permitiu
a penetração da ideias gregas na sociedade egípcia. Esse domínio instaurou uma dinastia de origem macedônica chamada
ptolomaica ou álgida, à qual pertenceu Cleópatra. Seu filho com o imperador romano Júlio César foi o último faraó ptolomaico,
tendo todo o Egito caído nas mãos dos romanos de modo definitivo. Até o fim da dinastia ptolomaica a dominação romana se
restringia a retirar do Egito apenas os grãos necessários para a subsistência do povo romano em todo o Império.
9
Levante: lado onde o sol nasce, a leste, também chamado de Nascente em contraposição de Poente (onde o sol se põe).
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obras hidráulicas, palácios ou tumbas era feito durante o período de cheia do rio, onde não se podia trabalhar
a terra.
As referências feitas por Plutarco, um pensador e filósofo grego, e por outros historiadores ao
número de navios queimados pelos soldados de Júlio César em Alexandria, durante a conquista romana, e
às forças navais de Antônio, na guerra contra Augusto10, mostram não terem sido pequenos os recursos do
Egito no mar, malgrado o caráter terrestre de seu povo.
Em suma, o Egito antigo se caracteriza, sob o ponto de vista marítimo, como uma nação continental
que se desenvolveu inicialmente livre da influência das rotas oceânicas e que, por força do próprio
progresso, foi levada a participar cada vez mais das atividades nos mares. A evolução egípcia exemplifica
também a tendência de povos interiores buscarem a saída livre das rotas marítimas, como decorrência
inevitável do seu desenvolvimento.
A Mesopotâmia se situa no Oriente Médio entre os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque,
na região conhecida como Crescente Fértil. Seu nome vem do grego (meso = meio e potamos = água) e
significa "terra entre rios", mostrando a causa da fertilidade dessa região, embora esteja localizada em meio
a montanhas e desertos.
No que se refere à organização socioeconômica, existem grandes semelhanças entre a civilização
egípcia e mesopotâmica. No entanto, algumas diferenças de caráter físico-geográfico podem ser destacadas.
Enquanto o Egito apresentava grande isolamento geográfico, o que lhe possibilitou longos períodos de
estabilidade política, a Mesopotâmia é, ainda hoje, uma planície aberta a invasões por todos os lados. Além
disso, o regime de cheias do Tigre e do Eufrates não é tão regular como o do Nilo, não sendo raras violentas
inundações e até períodos de seca na região banhada por eles.
Em termos políticos, o Egito se caracterizou por ter na instituição monárquica, personificada no
faraó, o seu principal fator de unidade, enquanto na Mesopotâmia esse fator era a cidade. Logo, enquanto
os egípcios entendiam-se como parte de algo maior, que incluía aldeias, nomos e o faraó acima de tudo, na
Mesopotâmia a identidade era dada pela cidade à qual os indivíduos pertenciam.
Os primeiros vestígios de sedentarismo humano na Mesopotâmia datam de aproximadamente
10.000aC. O crescimento dos primeiros núcleos urbanos da região se fez acompanhar do desenvolvimento
de um complexo sistema hidráulico, que tornou possível a drenagem de pântanos, a construção de diques e
barragens, para evitar inundações e armazenar água para épocas de seca.
O sucesso dos empreendimentos feitos nas atividades produtivas levou à formação de grandes
cidades com mais de mil habitantes já por volta de 4.000aC, como Uruk. Tais cidades tinham
principalmente função militar, protegendo a população e a riqueza gerada pela agricultura, e tornando
possível o controle político.
Participaram da história dessa região principalmente os povos sumérios e acádios. Ao final do
Período Neolítico, diversas cidades já haviam sido criadas na região, todas elas autônomas e habitadas por
sumérios, povo oriundo do vizinho planalto do Irã. Ur, Nipur, Lagash, além da já citada Uruk, foram os
principais cidades desses centros urbanos. Eram governados por patesís, mistura de chefe militar e
sacerdote. Eles controlavam a população, cobrando impostos e administrando as obras hidráulicas junto
com numerosos auxiliares. As terras eram consideradas propriedade dos deuses, cabendo ao homem servi-
los, não só com o trabalho agrícola, mas também com a construção de templos - os zigurates.
Os sumérios chegaram a estabelecer relações comerciais com povos vizinhos, tanto na direção
Oeste, para o mar Mediterrâneo, como na direção Leste, rumo à Índia. Desenvolveram a escrita cuneiforme,
composta de símbolos fonéticos em forma de cunha, fundamentais para registrar as complexas transações
econômicas características desses povos.
Por volta de 2.400aC, o povo acádio, que há algum tempo vinha se introduzindo na região,
estabeleceu sua hegemonia na Mesopotâmia. O rei acádio Sargão I unificou o centro e o sul do vale,
submetendo os sumérios ao mesmo tempo em que incorporava sua cultura, porém, contínuas invasões
estrangeiras inviabilizaram a permanência do Império Acádio, que acabou desaparecendo por volta de
2.100aC.
10
O fato mais importante foi a Batalha Naval de Ácio ou Actium, na guerra contra o triunvirato romano.
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Logo após foi a vez dos babilônios. Os amoritas vindos do sul do deserto árabe derrubaram os
acádios. Seu principal líder foi Hamurabi, responsável por uma gama de normas sociais conhecidas como
Código de Hamurabi ou Leis de Talião, que determinavam a pena imposta para as transgressões, geralmente
de forma violenta como por mutilações e morte.
Os amoritas foram seguidos por hititas, cassitas e por fim assírios. Foram os assírios que
organizaram militarmente a região, usando carros de guerra e armas de ferro, muito superiores as de cobre
utilizadas pelos seus vizinhos. Após estes, vieram os caldeus e os medos. Estes foram tão importantes nas
guerras organizadas entre os persas e os gregos, que por tal motivo foram chamadas de Guerras Medas.
Ciro I (559 - 529 aC), rei persa, foi quem dominou a região do Império Babilônico em 539 aC,
submetendo seus vizinhos medos. Com a prática expansionista, os persas logo invadiram a Mesopotâmia,
a Palestina e a Fenícia, chegando ao Ocidente à Ásia Menor e, no Oriente, à Índia.
Ciro, o principal conquistador, foi bastante hábil em se aliar às elites locais dos territórios
conquistados em vez de simplesmente submetê-las, garantindo relativa estabilidade a um vasto império.
Seu filho e sucessor, Cambises, atacou o Egito, conquistando o vale do Nilo após a vitória na batalha de
Pelusa (525 aC). Contrariando as regras de tolerância de seu pai, deu início a um período de centralização
autoritária e de submissão dos povos conquistados.
O período de maior florescimento persa ocorreu no reinado de Dario I (524 - 484 aC), que dividiu
o império em províncias, as satrápias. Os sátrapas eram encarregados da cobrança e do pagamento de
impostos ao imperador. Foi Xerxes I, sucessor de Dario I, que deu prosseguimento às invasões a Grécia
que acabaram resultando na decadência do Império Persa e o início do apogeu do povo grego nas Guerras
Medas.
Os hebreus foram um caso à parte da história da região. Voltados diretamente para o Mediterrâneo
tiveram vários episódios de contato com os demais povos mesopotâmicos, ora sendo invadidos por esses
ora sendo os dominadores. Estão os hebreus e os judeus11 diretamente relacionados às culturas religiosas
mais influentes do mundo atual, concentrando mais de 90% da população mundial entre cristãos, judeus e
mulçumanos.
O povo mais antigo que se constituiu como uma talassocracia12 é o cretense, que habitava a ilha de
Creta, hoje pertencente à Grécia. Suas origens remontam a 3400aC. Desde cedo, os minoanos (cretenses)
se entregaram a um ativo intercâmbio comercial com os povos da região do Levante; por volta de 2000aC,
suas relações mercantis com o Egito eram intensas. Os cretenses dominaram todo o Mediterrâneo Oriental,
mas, em 1750aC, um grande cataclismo arruinou o poderio de Creta e favoreceu a invasão de um povo
continental vindo da Grécia. O poderio cretense não existia mais em 1400aC. A herança dos cretenses foi
recolhida pelos fenícios, que vieram a dominar não apenas o Mediterrâneo Oriental, mas todo o referido
mar até o estreito de Gibraltar (as “Colunas de Hércules” na denominação grega).
O povo mais antigo que achou na indústria e no comércio seu principal interesse econômico foi o
fenício. A Geografia provê a explicação para esse interesse. A Fenícia, na época mais brilhante de sua
história, não era mais que uma região estreita que, desde Arad até o Monte Carmelo, entendia-se num
comprimento de 50 léguas do 35º ao 33º grau de latitude norte e numa largura, entre o Mediterrâneo e as
escarpas rochosas do Líbano, de 3 a 10 quilômetros. Tal território não podia sustentar seus habitantes, pois
a agricultura oferecia um rendimento mísero pela escassa fecundidade do solo. O país se compunha de
ravinas por onde desciam torrentes de neve fundida.
Compreende-se porque os habitantes consideravam, desde época muito remota, o mar como fonte
de seu sustento. O Monte Líbano não lhes permitia ir para o interior das terras, no entanto fornecia-lhes
11
Os judeus são parte do povo hebreu, sendo resultado de uma divisão que ficou conhecida como diáspora, ficando os hebreus
com a capital em Samaria e os judeus na Judéia.
12
Talassos = mar e cratos = governo, ou seja, literalmente, “governo do mar”; diz-se do governo que é dominado por homens
ligados ao mar, como os do comércio marítimo, da pesca, da marinha de guerra etc.
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madeira de construção naval, como pinheiros, ciprestes e cedros. A costa, por sua vez, oferecia uma série
de portos naturais, nos quais os fenícios construíram as cidades onde se instalou uma população de
pescadores e marinheiros com uma aristocracia13 (talassocracia) de comerciantes.
Depois de terem buscado na pesca a subsistência que a terra não lhes podia oferecer, eles se fizeram
mercadores e piratas, favorecidos pela posição geográfica de seu território em frente aos países fecundos
da Bacia Mediterrânea, ao lado dos estados antigos de maior desenvolvimento cultural e industrial e
colhendo, por meio do comércio, as riquezas do Levante e distribuindo-as pelas regiões do Oeste. Foram
os fenícios os primeiros a romperem com a tradição do comércio terrestre.
Organizavam-se em cidades-estados interdependentes chefiadas pela elite mercantil. Beirute, Aca,
Jaffa e, sobre todas elas, Biblos, Tiro e Sidon, se tornaram os pontos de apoio de uma atividade mercantil
que enlaçava os círculos culturais asiáticos e egípcios, tornando os fenícios depositários de uma vasta
cultura mediterrânea que influenciou a cultura dos gregos e, mais tardiamente, dos romanos.
Os fenícios exploraram sucessivamente as costas do Mediterrâneo e as ilhas dos arquipélagos,
oferecendo aos gregos, ainda bárbaros, os produtos da indústria egípcia ou asiática. Quando podiam
aprisionavam mulheres e crianças para as venderem como escravos noutro lugar. Com intuição feliz,
andavam e procuravam, nos vários centros, a matéria-prima que escasseava, não só no próprio país, mas
nas regiões e nos estados vizinhos. Souberam se tornar indispensáveis a tal ponto, que obtiveram dos faraós
egípcios o monopólio da grande e pequena cabotagem14 entre os portos daquele Império.
Unindo a audácia aventureira do marinheiro à habilidade do mercador, eles conseguiram
rapidamente estabelecer entre os povos disseminados ao longo do Mediterrâneo e além das Colunas de
Hércules (estreito de Gibraltar) um sistema de trocas intensas.
As invasões egípcias efetuadas sob as dinastias XVII, XIX e XX não parecem ter afetado o
desenvolvimento comercial dos fenícios. Aceitando o domínio dos faraós, em troca obtiveram o monopólio
do comércio egípcio e puderam estender suas relações ao mesmo tempo sobre o Mediterrâneo e o mar
Vermelho. É nessa época que se situa a fundação das primeiras colônias fenícias na costa da Cária e da
Kilídia, em Chipre, em Creta, em várias ilhas dos arquipélagos e do norte da África. Sidon que não tinha
sido na origem senão uma cidade de pescadores herdou a supremacia antes exercida pelas cidades de Arad
e Biblos, tornando-se a metrópole de um vasto império marítimo.
Forçados mais tarde pelos progressos da Marinha grega a se retirarem, pouco a pouco, das ilhas dos
arquipélagos do mar Egeu, os fenícios estabeleceram numerosos empórios na parte ocidental do
Mediterrâneo, na Espanha, Gália, Itália, Sicília, Malta, Córsega, Sardenha e ilhas Baleares. Entre os séculos
XI e IX aC, depois da fundação da Utica (na Tunísia) e de Cádiz, antes de Cartago, os fenícios
desenvolveram as trocas comerciais na parte ocidental do Mediterrâneo. Para proteger a rota mercantil de
Gades (Cádiz) e de Malaca (Málaga), criaram estações marítimas na Sicília da mesma forma que na Tunísia,
nos pontos do litoral onde havia os melhores portos naturais. As ilhas vizinhas, Malta, Gozo, Pantelaria e
Lampedusa, foram transformadas em estações marítimas.
Na Sicília, o avanço dos colonos gregos no começo do século VIII aC, provocou a retirada gradual
dos fenícios para o noroeste da ilha onde eles conservaram as cidades de Panormium (mais tarde Palermo),
Motya e Solans, que estavam bem colocadas para curtas travessias à vela em direção a Cartago, esta já uma
cidade florescente.
Provavelmente, os fenícios estabeleceram também ponto de apoio no local onde hoje se situa Lisboa.
Alguns historiadores admitem mesmo que os fenícios tenham estendido suas expedições marítimas até as
ilhas Canárias, em pleno Atlântico, e talvez ainda mais ao sul, às ilhas do Cabo Verde. Outros historiadores
admitem apenas que navegantes isolados talvez tenham chegado às costas do mar Vermelho, às ilhas
Canárias e às Scilly (Inglaterra); em compensação, a hipótese de uma influência mercante fenícia na África
Meridional e de uma navegação em caráter regular pelo mar Vermelho e pelo oceano Índico, ou de
verdadeiras expedições à Grã-Bretanha e às costas nórdicas, são hoje consideradas como desprovidas de
13
Aristocracia: tipo de organização social e política em que o governo é monopolizado por um número reduzido de pessoas
privilegiadas, não raro por herança como fidalguia, nobreza. Grupo de indivíduos que se distinguem pelo saber.
14
Cabotagem: termo utilizado para fazer referência às navegações de Cabotto, navegador italiano que percorria a costa de ponto
em ponto para demarcá-la. A navegação de cabotagem é aquela feita de porto em porto de pequena distância, em contraponto a
navegação de longo curso.
15
s.f. Mudança das coisas que se sucedem, alternativa, alternância, eventualidade, acaso, azar, revés, instabilidade.
16
Derrota: termo utilizado na marinharia significando rota, caminho ou direção tomada pelos navios.
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2.5) A Civilização (Fenícia) Cartaginesa:
17
Península: Porção de terra cercada de água por três lados e mantendo sua ligação com uma porção de terra maior.
18
Protecionismo: Prática ou doutrina de proteção aos produtores de um país ou região, em geral pela imposição de obstáculos à
importação de produtos concorrentes, por meio de tarifas alfandegárias, etc.
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19
Nas vésperas das Guerras Púnicas , o domínio comercial de Cartago, tanto no Mediterrâneo como
no Atlântico, era considerável. Para explorar esse domínio, Cartago dispunha de um aparelhamento do qual
se conhecem certos elementos. A frota mercante era conhecida pelas dimensões de suas unidades, grandes
galeras que navegavam a vela e, na falta de vento, a remo, pela habilidade das guarnições e dos comandantes
que não se contentavam em seguir o litoral, mas enfrentavam o alto-mar, observando os astros. Essa frota
encontrava escalas, refúgios, pontos de apoio habilmente escolhidos e bem aparelhados. As construções
navais tinham lá lugar importante, empreendidas e dirigidas algumas por armadores e outras pelo próprio
Estado. Políbio, um Geógrafo e Historiador grego, registrou na sua obra Histórias que os cartagineses eram
hábeis nessa indústria. A África lhes fornecia as madeiras e a Espanha o esparto20 para o aparelho. O
aparelhamento dos portos e a organização dos estaleiros e oficinas especiais progrediram juntamente com
a navegação. Para conservar as comunicações livres e manter as colônias na dependência absoluta, grandes
frotas de guerra impediram o desembarque de rivais ou inimigos.
As forças de Cartago aumentaram mais ainda nas sucessivas lutas com os etruscos, gregos, massílios
e finalmente com os romanos, e era espantosa a rapidez com que suas perdas eram substituídas, graças à
padronização dos meios navais. A sua base principal era a própria Cartago.
No começo, a frota de guerra era constituída apenas por trirremes21, cujo tamanho foi aumentado
no tempo de Alexandre.
Por ocasião das guerras púnicas, Cartago construiu navios de cinco (quinquirremes) e de sete
(septirremes) fileiras de remos os quais podiam transportar cento e vinte soldados e trezentos marinheiros.
Contra Siracusa, Cartago armou cento e cinquenta e dois navios, e contra Roma muitos mais. Para Xerxes
consta que Cartago forneceu dois mil grandes navios de transporte por ocasião das guerras medas.
A política comercial cartaginesa, se foi nociva para os povos marítimos rivais, como os gregos e
romanos, não o foi menos nociva para as comunidades fenícias confederadas cujos interesses foram
sacrificados aos fins particulares exclusivistas da cidade que as dominava. É fácil compreender como o
princípio do mar livre (mare nostrum), pregado pelos romanos durante a luta com o estado cartaginês
(Guerras Púnicas), atraiu bem cedo o favor e o apoio das populações
submetidas ao jugo marítimo de Cartago, com grande dano para esta.
Assim, Roma, ao destruir o domínio cartaginês sobre os mares, não somente livrou a classe
comerciante italiana de um longo pesadelo, mas abriu as rotas marítimas do Mediterrâneo a todos os povos
que por muito tempo haviam sido oprimidos.
Qualquer que sejam as lacunas de nosso conhecimento sobre o comércio púnico, não é menos certo
que o tráfego, sobretudo marítimo, foi o elemento mais importante da economia cartaginesa. Foi graças ao
intercâmbio que Cartago teve prosperidade; foi pelo comércio que desempenhou papel proeminente na
história do Mediterrâneo Ocidental, foi o comércio que lhe deu, entre as grandes cidades do Mundo Antigo,
sua fisionomia original.
Uma das características físicas fundamentais da Grécia é a íntima penetração entre o mar e a terra.
Enquanto pelos golfos sumamente ramificados que oferecem admiráveis ancoradouros o mar penetra
profundamente no país montanhoso, a terra firme, por sua vez, em incontáveis ilhas e penínsulas, avança
no elemento líquido. Por outro lado, a Grécia sempre foi um país de escassa extensão, com solo pobre e
difícil à comunicação interna.
A civilização grega se concentrou no sul da península Balcânica, nas ilhas do mar Egeu e no litoral
da Ásia Menor. A origem da civilização grega está intimamente ligada à ilha de Creta, no sul do mar Egeu.
O relevo e o isolamento das localidades facilitaram a organização de cidades-estados autônomas.
19
Púnico: relativo ou pertencente aos cartagineses ou a Cartago, cidade-estado fundada pelos fenícios em 814 aC, na região
próxima à atual Túnis (Tunísia, N. da África), e que foi destruída pelos romanos em 146 aC e pelos árabes em 698 dC.
20
Esparto: planta medicinal, da família das gramíneas (Stipa tenacissima), cujas folhas se empregam no fabrico de cestas, cordas,
esteiras, etc...
21
Trirremes: embarcações com três ordens de remo de cada lado do costado, armados em três pavimentos e eventualmente com
uma vela redonda. O máximo que se conseguiu produzir foram as embarcações de sete ordens de remo sendo que as mais
utilizadas foram as trirremes e as quinquirremes.
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No século XV aC ocorreu uma onda invasora formada pelos aqueus e, posteriormente, pelos dórios,
eólios e jônios, habitantes do norte da península Balcânica. Esses povos fazem parte do grupo linguístico
indo-europeu que formam esta sociedade. As invasões dórias impuseram um violento domínio, forçando a
população a um processo que ficou conhecido como Primeira Diáspora Grega, retirando grande parte da
população grega do continente para as ilhas, favorecendo o contato marítimo destas comunidades e levando
ao atraso as comunidades continentais, obrigando a deixarem a vida urbana e comercial, dedicando-se às
atividades rurais. A consequência desse fato foi o desenvolvimento marítimo das comunidades insulares e
o atraso para as comunidades peninsulares ou continentais.
O baixo rendimento da agricultura grega tornou na antiguidade a importação de grãos,
principalmente trigo, em muitas cidades, particularmente em Atenas, uma necessidade de primeira ordem.
A produção de cereais do território ateniense representava anualmente cerca de um terço das necessidades
de sua população. Nos anos de má colheita, ela nem isso atingia. O que faltava era importado quase
exclusivamente por via marítima e provinha do Ponto (Ponto Euxino ou mar Negro), do Egito, da Sicília e
da Líbia.
A continuidade da expansão demográfica e a permanente escassez de terras na Grécia fizeram com
que os excedentes populacionais balcânicos e insulares buscassem outras áreas para sua sobrevivência, em
um processo de colonização grega na península balcânica e no mar Negro, saindo das ilhas e passando para
o continente, sendo chamado esse processo de Segunda Diáspora Grega. A consequência desse fato foi a
difusão da cultura grega (helenismo) por todas as áreas do entorno da península e dos conhecimentos
náuticos das populações marítimas que viviam nas ilhas gregas.
Para atender a esse suprimento indispensável, os atenienses trocavam o azeite da Ática pelos cereais
da Cítia. Para colocar o seu azeite no mercado cita, tiveram de envasilhá-lo em ânforas22 e embarcá-lo para
o além-mar. Essas atividades é que deram origem às olarias e à Marinha Mercante da Ática. Face à pobreza
do solo, se compreende também que a pesca tenha assumido um papel importante na vida grega. Ela se
tornou a ocupação habitual de numerosas populações marítimas, não somente na Grécia propriamente dita,
mas no golfo de Taranto e nas costas da Sicília, a Oeste, e nos Dardanelos, na Propôntida e no Bósforo, a
Nordeste.
Ao lado dos alimentos vegetais e das carnes fornecidas pelo pastoreio, o peixe fresco, salgado ou
seco se tornou um dos pratos frequentes e preferidos dos gregos. A insuficiência dos recursos naturais do
solo e as possibilidades agrícolas muito limitadas compeliram o povo ateniense a procurar na indústria e no
comércio marítimo seus principais recursos econômicos. A par da pobreza do solo, outras causas, sem
dúvida, devem ter concorrido para a expansão grega no Mediterrâneo. Tudo indica, porém, ter sido essa a
razão preponderante.
Aproveitando a experiência adquirida na pesca e no tráfego marítimo, do século IX mais ou menos
até o fim do século VII aC, os gregos se espalharam em todos os sentidos no Mediterrâneo. Fundaram
numerosas colônias no Mediterrâneo Oriental e no Mediterrâneo Central; pelos Dardanelos e o Bósforo,
atingiram o Ponto Euxino (mar Negro); penetraram além do estreito de Messina no Mediterrâneo Ocidental.
A Grécia propriamente dita, antes confinada na parte meridional da península dos Bálcãs, foi acrescentada,
entre outros territórios, a Grécia asiática que se ocupava do litoral ocidental da Ásia Menor, e a Grande
Grécia, cujas cidades se agrupavam no sul da Itália e na maior parte na Sicília. O mar Egeu e o mar Jônio
foram incluídos ao mundo helênico23. Se a penúria da terra, resultado de circunstâncias diversas,
determinou as primeiras partidas de colonos gregos, mais tarde, progressivamente, outros fatores tiveram
papel importante no progresso da expansão helênica. A necessidade no começo, depois a experiência e o
gosto da navegação, encorajaram os gregos para a vida marítima. Então, a função do mar na vida nacional
dos gregos adquiriu toda a sua importância. Era pelo mar, e só por ele, que as colônias se comunicavam
com a mãe pátria. Sua independência, ao mesmo tempo política e econômica, a salvaguarda mesmo de sua
existência, exigiu uma marinha poderosa. Corinto, Cádiz de Eubra, Mileto, Fócida, Rodes, Siracusa,
22
são vasos antigos de origem grega de forma geralmente ovóide, confeccionados em barro ou terracota e possuidoras de duas
alças, geralmente terminado em sua parte inferior por uma ponta ou um pé estreito, e que servia sobre tudo para o transporte e
armazenamento de gêneros de consumo, sobretudo líquidos, especialmente o vinho. Servia também para conter azeite, frutos
secos, mel, derivados do vinho, cereais ou mesmo água.
23
Em referência a Helena, uma divindade mãe, protetora e geradora de todos os indivíduos dessa sociedade de características
nítidas matriarcais.
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Taranto e Marselha armavam frotas numerosas de comércio e guerra, bem antes que Atenas se tornasse a
rainha dos mares helênicos.
Assim, os helenos, ao mesmo tempo em que ocupavam fora de seu país de origem, novas terras,
quase todas ricas, criavam em muitas paragens longínquas centros de influência e de negócios e tomavam
posse do mar que separava e ligava simultaneamente todas as partes do mundo grego. Essa supremacia das
esquadras nas rotas marítimas teve por efeito transformar a economia grega superando a sociedade fenícia.
Se antes, nas baías gregas, os fenícios desembarcavam suas mercadorias, que eram trocadas pelos produtos
locais, ao que parece mais seguidamente por gado, depois foram os próprios marinheiros gregos que
levaram ao Egito, à Síria, à Ásia Menor, e aos povos da Europa, alguns civilizados como os etruscos, outros
ainda atrasados como os citas, os gauleses e os iberos, os objetos manufaturados, as obras de arte, tecidos,
armas, joias e vasos pintados que os bárbaros tinham ânsia de possuir. Paulatinamente, os fenícios, antigos
senhores do tráfego marítimo do Oriente para o Ocidente, foram repelidos pelos gregos para fora do mar
Egeu, do Ponto Euxino e do mar Jônio, não guardando a supremacia naval a não ser na costa da África e
oeste do Grande Syrte e nas paragens das Colunas de Hércules (Cartago).
O mar Tirreno assistiu a luta dos gregos contra os cartagineses e etruscos. A ardente rivalidade das
potências marítimas e coloniais deu então um vivo desenvolvimento à navegação. Depois que os fenícios
foram afastados pelos gregos dos mares e dos mercados do Mediterrâneo, as indústrias helênicas
encontraram saída e clientela. Para se aproveitarem de alguns e satisfazerem a outros, os gregos tiveram
que se desenvolver. Produzia-se então entre a indústria e o comércio, sobretudo marítimo, um duplo efeito
de ação: o comércio tendo necessidade de suprimentos fornecidos pela indústria; a indústria devendo sua
prosperidade ao comércio.
O desenvolvimento do tráfego marítimo acarretou, logicamente, a prosperidade das cidades
portuárias. No século V aC, a cidade e porto de Pireu havia se transformado no centro de um sistema de
vias marítimas, podendo-se dizer quase de linhas de navegação regular. Para o Nordeste seguiam as linhas
de cabotagem que serviam as colônias da Macedônia, da Calcídia, da costa da Trácia e à grande rota dos
estreitos do Ponto Euxino, de importância capital para Atenas, pois assegurava em grande parte seu
abastecimento de cereais e de peixe seco. Para leste, através do mar Egeu e das Cícladas os navios que
saíam do Pireu ganhavam as ilhas e os principais portos da Ásia Menor. Em direção ao sudeste, os gregos
saíam do mar Egeu entre Creta e Rodes, iam a Chipre, aos portos fenícios e ao empório ativo e próspero de
Neucrates. O mar Jônio e o Mediterrâneo Central não formavam uma bacia menos propícia à expansão
comercial. Depois de dobrarem os pontos meridionais do Peloponeso, os navegantes podiam rumar direto
para oeste em direção à Sicília, ou aproar a Noroeste para atingirem a Grande Grécia, ou penetrarem no
Adriático e avançarem até Hadria e o país das Bocas do Pó24. Mais longe que a Grande Grécia, Marselha e
seus vizinhos, escalonados entre Nice e Rosas, marcavam os pontos extremos do comércio helênico a Oeste.
Tal atividade marítima não se explicaria se a arte de navegar e a organização material dos portos não
tivessem atingido certo desenvolvimento. Os navios gregos dessa época já podiam carregar cerca de 250
toneladas25 e navegavam geralmente à vela, recorrendo aos remos apenas em circunstâncias excepcionais.
A utilização da vela subordinou a navegação ao regime dos ventos, principalmente no mar Egeu.
Para uma frota mercante numerosa e composta de unidades relativamente importantes eram precisos
portos especialmente aparelhados. Docas foram cavadas e molhes construídos a fim de protegerem os
navios ancorados das vagas de alto-mar e facilitar a descarga de mercadorias. Pouco se sabe acerca das
frotas de guerra gregas antes das Guerras Medas. Elas não deveriam ser desprezíveis, pois de outra forma
é difícil explicar a expulsão dos fenícios de regiões importantes do Mediterrâneo e a expansão marítima
helênica numa época de pirataria generalizada. É provável também que a Marinha de Guerra grega não
estivesse em bom estado por ocasião da 1ª Guerra Meda. Com efeito, não se sabe de nenhum engajamento
naval nessa primeira fase da luta, que foi travada em terra, tendo os gregos deixado o exército persa cruzar
impunemente os mares. Entre as duas primeiras Guerras Medas também a Grécia muito sofreu com os
ataques dos piratas eginetas, o que parece indicar a sua fraqueza nos mares. Têm-se referências mais
concretas acerca das frotas de guerra helenas a partir desse período.
24
Rio Pó, principal rio da parte oriental da Itália onde floresceu uma das principais comunidades pertencentes a este povo,
fundando a cidade de Veneza, conhecida como La Sereníssima.
25
Tonelada em referência a tonel, indicando a quantidade de barris que um navio podia transportar e não a medida de peso
atualmente registrada para 1000Kg.
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A primeira das grandes guerras dos gregos contra os persas – conhecidas como Guerras Médicas ou
Medas, devido ao nome de um dos povos constituintes do Império Persa, os medos – ocorreu em 492aC e
constou do envio de um exército, através do Helesponto (Dardanelos atual) e da Trácia, em direção ao
interior da Grécia, acompanhado por uma esquadra, que o seguiria pelo litoral do mar Egeu, a fim de
garantir-lhe o flanco esquerdo e o apoio logístico26, no entanto, uma boa parte da esquadra persa foi
destruída por mau tempo quando contornava o monte Atos, junto à costa. Sem o apoio naval, essa tentativa
de invasão não chegou a se concretizar.
Em 490aC, os persas liderados por Dario I partiram novamente na tentativa de conquistar os povos
gregos, e chegaram a desembarcar em suas terras, mas foram surpreendidos pelo exército ateniense na
planície de Maratona e, apesar de sua superioridade numérica, foram derrotados pelos gregos. O prestígio
ateniense cresceu tremendamente após essa vitória, e a cidade começou a se destacar entre as demais pólis
gregas. Precavendo-se contra um possível novo ataque persa, após a primeira Guerra Médica, os atenienses
procuraram fortalecer sua marinha de guerra, já que o cenário das lutas seria o mar Egeu.
A terceira ofensiva persa iniciou-se em 480aC, quando o imperador Xerxes I partiu com
aproximadamente 100 mil homens em direção à Grécia. Os gregos se uniram contra os invasores, mas,
apesar do sucesso espartano em retardar o avanço do inimigo no desfiladeiro de Termópilas, os persas
conseguiram invadir e saquear Atenas.
Apesar de vitoriosa, a campanha persa acabou se enfraquecendo na medida em que suas tropas não
eram facilmente guarnecidas por suprimentos e reforços (logística).
A derrota na grande Batalha Naval de Salamina, diante de Atenas, selou o destino dos persas, que,
mais uma vez, se retiraram sem terem conseguido tomar a Grécia. Esta Batalha foi a primeira batalha naval
de larga envergadura registrada na história humana.
E provável que a pressão militar exercida pelos persas estimulou a sociedade helênica a forjar para
sua própria defesa o poderoso instrumento militar que foi a marinha ateniense. Um vulto histórico,
Temístocles, se distinguiu então no estabelecimento da supremacia naval ateniense. Assim se refere
Plutarco (Filósofo e Prosador grego) à época mais decisiva da história grega: Os atenienses encaravam a
derrota dos bárbaros em Maratona como o fim da guerra, mas Temístocles pensava, ao contrário, que ela
era apenas o prelúdio de maiores combates. Prevendo de longe os acontecimentos, ele se preparava para
assegurar, desde então, a salvação da Grécia, com o apoio de seus concidadãos. Com esse fito, seu primeiro
cuidado foi ousar propor aos atenienses efetuar a construção de galeras com três ordens de remos,
aproveitando as rendas provenientes das minas de prata de Laurium. Esta nova frota deveria fornecer os
meios de resistir aos eginetas que, senhores dos mares, o cobriam com seus numerosos navios e faziam à
Grécia a guerra mais terrível que ela então sustentara. Construíram-se, com a prata das minas, 100 galeras
que combateram posteriormente contra Xerxes. Desde esse momento, ele fixou a vista dos atenienses sobre
o mar e soube induzi-los a formar uma considerável marinha, lhes mostrando que em terra não estavam em
condições de resistir nem mesmo aos seus vizinhos, mas que, ao contrário, com forças navais poderiam
repelir os bárbaros e governar o resto da Grécia.
Quando, dez anos depois da batalha de Maratona, os persas novamente intentaram a invasão da
Grécia, os navios, por cuja construção Temístocles havia pugnado, saíram a dar combate à numerosa frota
inimiga. Os gregos obtiveram um primeiro sucesso na batalha naval de Artemisium, porém a batalha
decisiva foi o grande encontro naval de Salamina (480aC), que testemunhou a total destruição da
gigantesca, mas heterogênea27 armada de Xerxes pela frota dos atenienses e de seus aliados admiravelmente
bem coordenados, embora inferiores em número a menos de um terço de seus adversários.
Foi então que a Grécia se salvou graças ao mar, e seus navios contribuíram para reconstruir Atenas
que havia sido inteiramente destruída.
Apesar de terem vencido a Leônidas, rei de Esparta, a ameaça de perder a segurança de suas
comunicações marítimas obrigou os persas, depois da batalha de Salamina, a baterem em retirada apesar
da enorme superioridade de forças de que dispunham.
26
Apoio logístico é o apoio que se dá a uma força militar em operações suprindo-a de materiais, pessoal, conforto etc. para
garantir-lhe os meios necessários ao desempenho de sua missão.
27
A Armada de Xerxes era composta pelos navios pertencentes às diversas nações que eles haviam conquistado, como das
cidades-estados fenícias e de localidades gregas da Ásia Menor.
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Após o término das Guerras Medas, Temístocles fez fortificar o Pireu porque havia reconhecido a
comodidade de seu porto. Nisso seguiu uma política inteiramente oposta à dos antigos reis de Atenas, os
quais tinham tido a intenção de afastarem seus súditos do comércio marítimo e de fazê-los abandonar a
navegação para se dedicarem à agricultura. A história da Grécia foi em seguida grandemente decidida por
seus marinheiros. Sob o comando de Cimon, a frota grega foi primeiramente dirigida contra Chipre e
Bizâncio a fim se perseguir os persas. Chipre foi libertada e Bizâncio tomada. Por fim, todas as colônias
gregas da Ásia Menor recobraram a liberdade. Como Temístocles previra, o império do mar acarretara o da
terra, e os gregos, se bem que divididos e minados por discórdias internas, conservaram sua independência
durante séculos, graças ao poderio marítimo que souberam manter no Mediterrâneo Oriental.
Durante a guerra, as pólis gregas formalizaram uma aliança conhecida como Liga de Delos.
Tratava-se basicamente de uma união militar contra os persas e adquiriu esse nome porque as cidades
membros da Liga pagavam tributos e impostos que eram depositados na ilha de Delos, a fim de sustentar a
frota e os exércitos conjuntos de todas as cidades-estados. Atenas, com seu prestígio e poderio econômico,
logo passou a administrar os recursos de Delos, se tornando líder da Liga.
Dispersa a frota inimiga, obtiveram os gregos a superioridade no mar. Sem possibilidade de receber
o apoio logístico de que precisava, o exército persa viu-se forçado à retirada. Permaneceu no território
helênico apenas uma força terrestre de cerca de 50 mil homens, que foi batida em Platéia, cerca de 60
quilômetros a noroeste de Atenas, em 479aC. Na mesma ocasião, em Micale, nas costas da Ásia Menor, os
gregos destruíram o resto da esquadra persa, numa “batalha naval” em terra28.
Após a expulsão dos persas, os gregos perseguiram-nos até a Ásia Menor, libertando diversas
cidades gregas da região, impondo-lhes um tratado de paz (Paz de Cimon, 449aC) e consolidando o domínio
grego sobre todo o Mediterrâneo oriental.
Ao final das guerras contra os persas, os atenienses insistiram na manutenção da Liga de Delos e,
portanto, na cobrança de tributos. Tal iniciativa gerou a insatisfação das demais cidades gregas, que,
todavia, poucos podiam fazer contra o poderio militar ateniense. Chegava ao apogeu o imperialismo
ateniense, ou seja, o período em que Atenas passou a dominar a Grécia Antiga, subordinando a maior parte
das cidades-estado.
Os atenienses passaram a interferir na vida política e social das outras pólis, transferindo o tesouro
de Delos para Atenas e frequentemente utilizando a força para manter a Grécia subjugada. O controle dos
recursos de outras cidades abriu caminho para o apogeu ateniense, e o século V aC, particularmente entre
os anos de 461aC e 429aC, ficou conhecido como a Idade de Ouro de Atenas, quando a cidade era dirigida
por Péricles.
A insatisfação contra o domínio ateniense existia não apenas nas cidades da Liga de Delos, mas
também entre as cidades aristocráticas que não se alinhavam com Atenas, tendo Esparta à frente delas.
Estas logo se organizaram em aliança, formando a Liga do Peloponeso ou Liga Espartana.
O fim primitivo da Liga de Delos era a proteção de uma posterior agressão persa. Como a ameaça
persa se desvaneceu, a Liga tendeu a se dissolver, mas Atenas impediu sua desaparição e gradualmente
converteu a confederação num Império Marítimo, império esse mantido em sujeição pelo poderio naval.
Essa transformação conduziu, por fim, à chamada Guerra do Peloponeso entre Atenas, império marítimo,
e Esparta, potência terrestre, cada uma com os respectivos aliados. Enquanto os atenienses conservaram o
domínio do mar, permaneceram invencíveis. Em 431aC, Atenas e Esparta entraram em guerra, arrastando
as demais pólis para o conflito. Atenas tinha o poderio marítimo, enquanto os exércitos de Esparta detinham
o domínio terrestre, devastando os campos da Ática e cercando Atenas. Durante anos espartanos e
atenienses se enfrentaram, encerrando o conflito em 404aC, quando Esparta venceu.
Dois grandes desastres: o primeiro foi a perda nas batalhas em Siracusa (413aC) e o segundo em
Egos-Potamos (405aC) – uma batalha naval travada em terra firme – causaram a desgraça, e o curto império
de Atenas pereceu. Vitoriosos, os espartanos conduziram seus navios ao Pireu e conquistaram Atenas,
assumindo a hegemonia da Grécia. Esparta foi, assim, a primeira potência nitidamente terrestre cujos
guerreiros bem aquilataram29 a importância da Marinha na luta contra o inimigo cuja principal fonte de
recursos residia no mar.
28
Quando navios de guerra guardados em terra firme são destruídos antes de serem postos a flutuar.
29
Apreciar, avaliar, apurar, aperfeiçoar. Aperfeiçoar-se: aquilatar-se na virtude.
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Entre os séculos III e II aC, a Grécia esteve sob domínio da Macedônia, caracterizando o que ficou
conhecido como período helenístico.
Inicialmente governados por Felipe II, vencedor de Queronéia, os macedônios não se limitaram à
conquista da Grécia, logo partindo para o Oriente. O principal responsável por essas grandiosas conquistas
foi Alexandre, o Grande, filho de Felipe II.
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após sufocar revoltas
internas, partiu para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor, a Pérsia e chegando até as margens do
rio Indo, na Índia. Morreu precocemente, aos 33 anos de idade (323aC), e o grande império que conquistara
não sobreviveu ao seu desaparecimento. As divisões políticas e as constantes lutas internas levaram ao
enfraquecimento do Império Macedônico e à posterior ocupação pelos romanos.
Assim como a ruptura das linhas de comunicações marítimas pode implicar a derrota de forças
terrestres, como exposto acima, pode-se neutralizar ou eliminar a ação marítima por operações terrestres
bem orientadas. Claríssimo exemplo disso é a campanha de Alexandre, o Grande, quando saiu para a Ásia
Menor, por via terrestre, para conquistar o império persa. Partindo a princípio diretamente contra os persas,
Alexandre cruzou o Helesponto em 334aC com cerca de 35 mil homens, atingindo vitoriosamente a cidade
de Sardis, na Ásia Menor, que tomou.
Sentindo, entretanto, que os persas ameaçavam sua retaguarda com o poder naval de que dispunham,
Alexandre decidiu voltar-se para o litoral antes de prosseguir pelo interior. É que os persas ameaçavam
desembarcar na Grécia, empregando sua ainda vasta esquadra, ao mesmo tempo que ameaçavam as
comunicações de Alexandre com a Macedônia e impediam os portos, que se submeteram aos gregos, de
exercerem o comércio marítimo.
A estratégia de Alexandre aí foi inversa da de Temístocles em Salamina. Avançou sobre o litoral
persa e dominou as bases da marinha inimiga, impedindo-a de dispor dos recursos que só nesses pontos
encontraria. Afastado esse perigo, pôde Alexandre completar a conquista da Ásia persa, dirigindo-se para
a Mesopotâmia e o planalto do Irã, chegando a atingir a Índia. Veem-se assim dois tipos de ação claramente
distintos com um mesmo fim. Em um deles, o mar usado para desarticular atividades militares terrestres;
noutro, a ação em terra neutralizando o uso do mar. Ambos são aspectos marítimos da defesa nacional.
A grande obra de Alexandre da Macedônia no plano cultural sobreviveu ao esfacelamento de seu
império territorial. O movimento expansionista promovido por Alexandre foi responsável pela difusão da
cultura grega pelo Oriente, fundando cidades (várias delas batizadas com o nome de Alexandria) que se
tornaram verdadeiros centros de difusão da cultura grega no Oriente. Entre estas cidades a mais notável e a
que mais se destacou foi Alexandria no Egito, cidade importante para as culturas egípcia, grega e romana,
entre outras. Nesse contexto, elementos gregos acabaram-se fundindo com as culturas locais. Esse processo
foi chamado de helenismo e a cultura grega mesclada a elementos orientais deu origem à cultura helenística,
numa referência ao nome como os gregos chamavam a si mesmos - helenos.
Pelos séculos afora, sob o domínio romano ou constituindo parte do Império Bizantino, os gregos
jamais deixaram seus hábitos marítimo-comerciais. Rodes, Delos e Corinto foram, depois de Atenas,
verdadeiros centros do comércio mundial numa época em que o domínio romano já se estendia por todas
as praias do Mediterrâneo.
Tal como a Fenícia, toda a história grega se acha intimamente ligada aos acontecimentos que se
desenrolaram nas águas do Mediterrâneo.
30
Os navios da Antiguidade eram feitos de peças únicas, como quebra-cabeças. Isso trazia vantagens, como a facilidade em se
padronizar formas e tamanhos, mas também a desvantagem da fragilidade das embarcações e a possibilidade de serem copiadas
pelos inimigos.
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Também ela começou a tentar especulações, a colocar no mar pequenas flotilhas, a fazer negócios
com as exportações da Sicília e a viver no luxo. Muitos romanos que tinham visitado os países estrangeiros
como soldados ou fornecedores dos exércitos e que tinham avaliado suas possibilidades, foram induzidos
ao comércio pela abundância de capital, pelo consumo crescente de produtos asiáticos na Itália e pelo poder
de Roma no Mediterrâneo. Muitos deles venderam os campos de seus pais e compraram um navio.
Construíram-se muitos pequenos estaleiros na costa italiana, e as florestas públicas da Sila, de onde se
retirava a resina para os navios, foram alugadas por grandes somas. Não houve membro da nobreza
senatorial que não participasse dos ganhos do comércio marítimo, emprestando aos cidadãos romanos ou
aos libertos os capitais necessários às suas empresas; à expansão militar sucedeu a expansão mercantil.
Roma cessou de ser a capital de um povo essencialmente agrícola em que a riqueza era fundada
principalmente na propriedade rural e nos recursos agrícolas. Tornou-se a aglomeração tumultuosa onde a
indústria, o comércio, o tráfico e o dinheiro adquiriram uma importância antes desconhecida. Dessa lenta
decomposição de uma sociedade guerreira, agrícola e aristocrática, que havia começado quando Roma já
tinha conquistado a hegemonia militar no Mediterrâneo, nasceu o que se pode chamar o verdadeiro
imperialismo romano. Essa política foi inaugurada pela terceira declaração de guerra a Cartago (149aC) e
pela conquista da Macedônia e da Grécia. Após uma pérfida declaração de guerra, depois de vergonhosas
derrotas, depois de muitos esforços e de três anos de guerra, Cartago foi incendiada por Cipião Emiliano, e
seu comércio passou para as mãos dos mercadores romanos.
A vitória sobre Cartago fez Roma senhora do Mediterrâneo Ocidental. A conquista da Grécia, a
derrota dos soberanos orientais Antíocus, Mitridate e mais tarde Cleópatra asseguraram sua hegemonia nos
mares orientais. Entrementes, a profunda mudança operada na estrutura social e econômica da Itália colocou
a população na dependência estreita das comunicações marítimas.
Roma, entretanto, não encontrou logo a paz em seus domínios crescentes. O período de 133-131aC.
foi acidentado pela guerra civil, que agitou a República com problemas gerados pela sua própria expansão.
As estruturas romanas não resistiam mais às novas condições da imensidão de suas terras e da
multiplicidade de seus habitantes.
A cultura de cereais, a qual durante tanto tempo se tinham, sobretudo, consagrado os camponeses
italianos, caiu cada vez mais em decadência. Não sendo a produção local bastante copiosa para atender a
todas as exigências, foi necessário procurar fora do Lácio 31 o suprimento de farinha indispensável à
alimentação das cidades. A anexação ao Estado romano da Sicília, da Sardenha e, mais tarde, dos territórios
de Cartago, da Ásia Menor, e enfim do Egito favoreceu uma importação considerável de cereais feita
através dos portos da foz do rio Tibre. Calcula-se que nessa época Roma importasse 20 milhões de bushels32
de trigo do Egito e de outras partes da África.
Considerando que a viagem de Alexandria a Óstia levava em média 25 dias e que cada libúrnia
transportava no máximo 250 toneladas, bem se pode avaliar o número elevado de navios para atender a tal
importação. Após a destruição de Cartago Roma pôde acreditar estar senhora incontestável de toda a
extensão do mar Interior e foi apenas a grande república móvel dos piratas que pôs em atividade os
estaleiros navais. O surgimento do poderio dos piratas prova a que ponto Roma julgava-se segura em todas
as áreas do Mediterrâneo. Exagerando sua quietude, não vendo nenhum Estado cuja Marinha a pudesse
ameaçar, não tendo a considerar senão os corsários habituais, o Governo Senatorial de Roma tinha, por
incúria, deixado suas frotas ao abandono. Então os bandidos da Cilícia e da Fenícia entraram em ação,
pondo a saque numerosas cidades costeiras, aproveitando as ocasiões propiciadas por qualquer grave
conflito, como o da guerra contra Mitridate. Os piratas dispunham de arsenais, portos, vigias, remadores e
pilotos hábeis, além de navios de todas as espécies, tão bons quanto temíveis.
O comércio romano experimentou dificuldades crescentes. Em particular, os comboios de trigo, tão
indispensáveis à Itália, foram quase paralisados pela ação dos piratas. Face ao perigo, a Marinha romana
foi restaurada em regime de urgência, e Pompeu teve à sua disposição 500 navios, 120.000 homens, todos
os recursos do tesouro nacional, conforme sua solicitação, e até o Comando de todas as margens até 70 km
para o interior, a fim de combater os piratas nas suas bases. Uma guerra curta, mas violenta, libertou o
Mediterrâneo da ameaça pirata, permanecendo apenas remanescentes dos antigos ladrões dos mares em
regiões afastadas.
31
Em italiano Lazio, a região em torno da cidade de Roma.
32
Cerca de oito galões de medida para produtos secos, como grãos.
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Na medida em que a expansão territorial prosseguia jovens generais se destacavam, tanto na arena
política quanto na militar. Em 60aC, o Senado elegeu uma verdadeira junta militar. O primeiro triunvirato
era formado pelos generais Júlio César, Pompeu e Crasso, que dividiram entre si os territórios controlados
por Roma. A morte de Crasso rompeu o equilíbrio, levando Pompeu e Júlio César ao choque armado na
disputa pelo poder, que resultou na vitória de César.
Nos anos que se seguiram, a Marinha romana desempenhou papel saliente nos acontecimentos. Em
todas as guerras civis do fim da República, a vitória pertenceu aos que se deslocavam mais facilmente e
mais rapidamente de um extremo ao outro do Mediterrâneo. Foi essa uma das grandes vantagens com que
contou César. A posse de forças navais importantes permitiu ao Sexto Pompeu realizar operações perigosas
contra o Triunvirato, mesmo próximo à Itália, as quais só não foram decisivas devido à perseverança de
Otávio e aos talentos de Agripa.
Proclamando-se ditador vitalício, centralizando todo o poder político em suas mãos e, portanto,
enfraquecendo o Senado, Júlio César acabou sendo vítima de uma conspiração da elite e foi assassinado
nas escadarias do próprio edifício do Senado. Sua morte causou profunda comoção popular e o retorno das
lutas civis, que só foram acalmadas com o surgimento de um segundo triunvirato. Seus membros, Marco
Antônio, Otávio e Lépido, oficiais do exército, logo também entraram em conflito entre si.
Enfim, a luta suprema que presidiu e fundou o regime imperial foi decidida em uma batalha no mar,
a que se realizou em Ácio ou Actium, entre as esquadras de Otávio, comandadas por Agripa, e de Antônio,
que contava com a participação de Cleópatra e de navios egípcios. Em 31 aC. Otávio conseguiu derrotar
seus rivais, recebendo do Senado os títulos de Princeps (primeiro cidadão) e Imperator (o supremo),
arrogando para si o título de Augustus (divino). Concentrando os poderes em suas mãos e realizando uma
série de reformas. Otávio inaugurou o Império Romano.
O período que se estende da fundação da República, em 509 aC, ao estabelecimento do Principado,
em 27 aC, presenciou a transformação do Estado romano em um império, ou seja, a passagem de Roma de
uma pólis clássica para uma cosmópolis. O mundo romano ao longo desses processos vivenciou uma série
de mudanças relacionadas aos processos de contato com as comunidades vizinhas, com a expansão da
intervenção romana nas distintas comunidades, revoltas, guerras de conquista e, por fim, a anexação
territorial. Em temporalidades distintas e ao longo dessas etapas, a Itália e as terras banhadas pelo mar
Mediterrâneo e pelo oceano Atlântico foram dominadas e anexadas.
Augusto não fechou os olhos às lições dos acontecimentos. Logo que outros cuidados o permitiram,
estabeleceu esquadras permanentes, tanto para consolidar seu poder como para garantir os comboios de
trigo necessários à alimentação da Itália. Na época de Augusto, as principais esquadras romanas tinham
base em Ravenna e Misenum. Havia, além do mais, espalhados pelo Império, esquadrões em Fórum Julei,
Bocas do Orontes, Alexandria, Parpathus (entre Creta e Rodes), Aquiléia (mar Adriático), no mar Negro e
na Grã-Bretanha. Flotilhas fluviais estacionavam no Reno, no Danúbio e até no Eufrates. Devido aos
duradouros distúrbios civis, a pirataria tornou-se uma atividade esporádica; muitos desses bandidos,
dálmatas ou sicilianos, alistaram-se no serviço do Império, e a segurança do mar foi restabelecida e não foi
perturbada durante dois séculos, salvo em certas partes do Euxino (mar Negro), onde Roma tinha poucos
interesses.
O controle do Mediterrâneo (Mare Nostrum, como passou a ser chamado pelos romanos após a
abertura feita a partir da destituição de Cartago) permitiu a Roma dispor durante séculos de uma grande
rota central entre suas províncias e, transportando suas legiões por essa via, realizar concentrações de forças,
rápidas para a época, nos pontos mais importantes. As rotas marítimas favoreceram os deslocamentos
estratégicos, que por seu turno asseguravam a grandeza e o poderio de Roma. Foi o período da Pax Romana,
um período onde Roma realmente esteve acima das outras nações.
Os estudos da área atlântica do Império Romano têm crescido nos últimos anos em decorrência das
abordagens interdisciplinares marcadas pelo diálogo entre a história e a arqueologia. Especificamente para
o tema deste artigo, deve ser ressaltada a contribuição da arqueologia náutica e subaquática.
No tocante à península Ibérica, a conquista romana começou com a Segunda Guerra Púnica (218-
202 aC). Em 206 o exército cartaginês na Ibéria é vencido por Cipião e Gadir (Cádis), principal port-of-
trade cartaginês, e forçado a capitular. Ressaltamos que esse porto, fundado pelos fenícios em 1100 aC, foi
uma das áreas de contato mais significativas da história da Europa, diante de sua posição estratégica para o
escoamento da produção agrícola e piscícola do vale do Guadalquivir e para o controle do estreito de
Gibraltar. Atuava como um centro de conexão marítima do Sul e do noroeste peninsular com as rotas
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comerciais mediterrâneas e atlânticas. Esse porto estava diretamente conectado com o suprimento da
Britânia, por meio do oceano Atlântico e do mar Mediterrâneo, com o abastecimento de Roma.
O primeiro choque entre romanos e lusitanos foi em 194 aC, na região da Beira interior, cujo
acirramento é representado pelas campanhas, entre 147 e 140, contra Viriato, líder de um exército formado
talvez por uma confederação de tribos. Na guerra contra Viriato os romanos usaram duas táticas, uma por
terra, através da região das atuais províncias de Badajós e Cáceres, e outra por mar, pela costa do Algarve.
Foi a primeira vez que os romanos se aventuraram pelo Atlântico.21 Em 140 aC foi negociada uma trégua
e o próprio Viriato, para garantir a independência das suas terras, assinou um tratado de paz com os romanos
e passou a ser considerado amicus populi romani. Isso não impediu que um ano depois o governador da
Hispania Ulterior, Q. Servílio Cepião, rompesse a paz e Viriato fosse assassinado. Após Viriato, a
capacidade de resistência armada dos lusitanos foi bastante reduzida e o seu território foi anexado à
província da Hispania Ulterior. Logo após houve um longo período de relativa paz, até que, a região da
Lusitânia foi incluída nas questões dos conflitos civis de Roma à época do Primeiro Triunvirato devido ao
domínio de Júlio César na Península Ibérica e de ser a região grande produtora de azeite e vinho que era
facilmente comercializada a partir dos rios da região, como o Tejo e Guadalquivir. Essa junção fluvial com
o mar permitiu a conexão dos dois sistemas, o atlântico e o continental que tinha estradas ligando as
principais cidades.
A partir do século III da era cristã, a civilização romana entra em crise, caracterizando assim o Baixo
Império. A expansão territorial, base de toda a riqueza e estabilidade política e social do império, foi-se
esgotando. Esse esgotamento ocorreu em virtude, entre outras coisas, da própria dimensão territorial
alcançada, da pressão dos povos dominados e vizinhos, e da distância, custos e inviabilidade de novas
anexações, na medida em que surgiam obstáculos naturais detendo os romanos, desde os desertos da África
e do Oriente Médio até as florestas do Europa Central.
A interrupção da expansão territorial para a manutenção e o fortalecimento das fronteiras levou à
escassez de mão-de-obra. Na medida em que novos escravos não eram capturados, entrou em crise a
economia escravista romana. Ao mesmo tempo os custos das estruturas imperiais, como as militares e
administrativas, continuavam exaurindo o poderio romano, reativando disputas entre chefes militares e
acelerando a crise imperial. Paralelamente, crescia em meio à população cativa a adesão a uma nova crença:
o cristianismo, que surgira durante o governo de Otávio Augusto e logo passou a se expandir dentro das
fronteiras do império.
O espiritualismo cristão, isto é, a crença na vida após a morte, chocava-se com a tradicional religião
romana - inspirada na grega -, essencialmente prática e ligada à obtenção de vantagens concretas e
imediatas.
Para os escravos, o espiritualismo cristão e seu caráter ético era consolador e carregado de
esperanças: para os bons cristãos, uma vida melhor após a morte (no paraíso) e, para os maus ou para os
pagãos, o contrário (uma vida eterna no inferno). Em última análise, o cristianismo oferecia para os escravos
uma alternativa, ainda que após a morte. Sendo universal, contrária à violência, rejeitando a divindade do
imperador, bem como a estrutura hierarquizada e militarizada do império, a nova religião passou a ter um
caráter subversivo para a estrutura política romana. Na medida em que o colapso econômico rondava o
império criando miséria, cada vez mais homens livres se convertiam ao cristianismo, que era a única religião
a oferecer vantagens após a morte, diante da falta de perspectivas.
Em meio à decadência, o Estado romano passou a intervir cada vez mais na vida econômica e social,
tratava-se de salvar o Império, e, nesse processo, destacam-se os imperadores:
Diocleciano (284-305): criou o Édito Máximo, fixando os preços das mercadorias e salários, numa
tentativa de combater a crescente inflação. Não teve sucesso, tendo gerado apenas problemas de
abastecimento. Do ponto de vista administrativo, criou a tetrarquia, dividindo o império entre quatro
generais.
Constantino (313-337): por meio do Édito de Milão, declarou a liberdade de culto aos cristãos,
encerrando a violenta perseguição que lhes era impingida. Estabeleceu também uma segunda capital para
o império, em Constantinopla, a leste e junto ao mar Negro, numa parte do império menos atingida pela
crise do escravismo.
Teodósio (378-395): transformou o cristianismo em religião oficial do império (Édito de
Tessalônica), nomeando-se chefe da religião organizada. Dividiu o Império Romano em duas partes: do
Ocidente (com capital em Roma) e do Oriente (com capital em Constantinopla).
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No governo de Teodósio, um novo problema agravou a situação já caótica de Roma: a intensificação
da penetração dos bárbaros. Inicialmente recebidos no império como trabalhadores agrícolas, muitas vezes
arrendando vastas extensões de terras antes cultivadas por escravos, a entrada dos bárbaros no império logo
se transformou em invasão. De fato, no ano de 476, os hérulos invadiram e saquearam a cidade de Roma,
derrubando o último imperador, Rômulo Augusto, e decretando o fim do Império Romano, ao menos em
sua parte ocidental.
As invasões bárbaras, contudo, longe de serem a causa única da queda do império, foram mais um
sintoma de sua crescente debilidade. Na realidade, o império, enfraquecido economicamente pela crise do
escravismo, por sua vez acelerada pela expansão do cristianismo, não teve condições de se defender de
ataques externos.
Durante todo o decurso das guerras da República e do Império, a possibilidade de apoio marítimo
constituiu um fator de segurança e de recursos importantes, enquanto as dificuldades eram maiores nas
regiões periféricas afastadas das costas, onde as comunicações eram mais penosas e vulneráveis.
A evolução de Roma tal como a do Egito, mostra a importância crescente do Mediterrâneo na
história de um povo que se desenvolveu originalmente longe dos mares, mas que por fim ficou na estreita
dependência, sob o ponto de vista econômico, militar e político, das rotas marítimas.
Batalha Naval
Eventos de Siracusa de Ácio ou Actium
e Egos Potamus
CAPÍTULO II
A IDADE MÉDIA
Médio é uma palavra que usamos para designar algo que está no meio, que exprime uma posição
intermediária entre um ponto e outro. Na periodização eurocêntrica estabelecida no século XVIII, a Idade
Média estaria no meio da história, entre a Idade Antiga e a Idade Moderna. Assim, o período de
aproximadamente mil anos que vai convencionalmente da queda de Roma (Império Romano do Ocidente),
após a ocupação pelos hérulos em 476, até a tomada de Constantinopla (Império Romano do Oriente) pelos
turco-otomanos em 1453, foi chamado de Idade Média.
Entre os séculos XIV e XVI, generalizou-se na Europa uma série de movimentos artísticos e
científicos que tinham em comum o rompimento com valores do período anterior e a recuperação de outros
inspirados na Grécia e Roma antigas. Estes movimentos receberam o nome de Renascimento, exibindo a
ideia embutida de que na Idade Média a ciência e as artes haviam praticamente sucumbido sob a força do
dogmatismo religioso.
Os renascentistas foram geralmente vistos como continuadores dos ideais científicos, artísticos e
estéticos das civilizações clássicas. Era como se houvesse um grande intervalo entre os antigos gregos e
romanos e os renascentistas de então. Esse intervalo, esse "meio", sob o prisma de um único processo de
avanço da humanidade, acabou recebendo o nome de Idade Média.
Da mesma maneira que não se pode considerar aceitável a ideia de que entre 476 e 1453 o mundo
ficou coberto por um manto de trevas culturais, também é distorcida a ideia de que todo o mundo teria
passado pelas mesmas situações que a Europa. É preciso lembrar que a Idade Média é uma periodização
que está circunscrita ao continente europeu e não a toda humanidade.
2) O Império Bizantino:
O colapso do Império Romano do Ocidente não foi acompanhado no Oriente. Pelo contrário, o
império estabelecido em Constantinopla sobreviveu às invasões bárbaras e perduraria por todo o período
medieval. A partir da cidade de Constantinopla (a antiga Bizâncio dos gregos, hoje Istambul na Turquia) o
império Romano do Oriente desenvolveu um amplo comércio e detinha uma rica agricultura, obtinha lucros
nas suas relações com o Ocidente e foi menos atingido pela crise do escravismo.
Em termos políticos, a autoridade máxima do Império Bizantino era o imperador, ao mesmo tempo
chefe do exército e da Igreja. Era auxiliado por vasta burocracia, elemento central das estruturas políticas
imperiais.
O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565dC), responsável pela temporária
reconquista de grande parte do Império Romano do Ocidente, incluindo a própria cidade de Roma. Seu
maior legado, na verdade, foi a compilação das leis romanas do século II, o Corpus Júris Civilis (Corpo do
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Direito Civil), uma revisão e atualização do direito romano que serviu de base para os códigos civis de
diversas nações na atualidade. O Codex Justinianus foi redigido por uma comissão de dez juristas e era
composto das constituições imperiais, da compilação de normas jurídicas (chamada Digesto ou Pandectas),
de um resumo para os estudantes de direito (chamado Institutas) e de novas leis para solucionar
controvérsias jurídicas (chamadas Novelas ou Autênticas).
Além disso, Justiniano procedeu à construção da catedral de Santa Sofia, monumento arquitetônico
no estilo bizantino, voltado para a expressão da fé cristã, com suas abóbadas e mosaicos.
No auge do governo Justiniano, no século VI, seguiu-se um longo período de decadência, com
alguns poucos intervalos de recuperação, culminando, no final, na queda definitiva do Império Bizantino
em 1453, quando os turco-otomanos tomaram Constantinopla. Dos séculos VI ao VIII, sucederam-se
crescentes pressões nas fronteiras orientais do Império Bizantino, bem como sobre seus domínios no
Ocidente, acentuando os gastos com guerras e as dificuldades econômicas e administrativas, num
progressivo encolhimento do território imperial.
Durante a Baixa Idade Média (séculos X ao XV), além das pressões de povos e impérios nas suas
fronteiras orientais e perdas de territórios, o Império Bizantino foi alvo da retomada expansionista ocidental,
a exemplo das Cruzadas (especialmente da quarta cruzada, como veremos). O predomínio econômico das
cidades italianas naquele momento de avanço ocidental ampliou o enfraquecimento bizantino. Com a
expansão dos turco-otomanos no século XIV, tomando os Bálcãs e a Ásia Menor, o império acabou
reduzido à cidade de Constantinopla. Com a queda em 1453, os turcos transformaram-na em sua capital,
passando a chamá-la Istambul, como é conhecida até hoje.
O cristianismo predominou na parte oriental do império, embora tenha se desenvolvido de forma
peculiar em comparação ao Ocidente. Em Istambul, manteve-se muito da estrutura governamental herdada
de Roma e, pouco a pouco, o imperador passou a ser considerado também o principal chefe da Igreja.
Enquanto isso, no Ocidente, em meio à crise final do Baixo Império, o bispo de Roma, com apoio do
imperador, era elevado à chefia de toda a Igreja (455), tornando-se o primeiro papa da cristandade com o
nome de Leão I.
Contudo, apesar de preservar as tradições jurídicas e administrativas romanas, os bizantinos
sofreram clara influência helênica. Adotaram o grego como idioma oficial no século III, mantiveram
contato constante com povos asiáticos, além de vivenciarem a invasão persa e o posterior assédio árabe.
Esses elementos imprimiram-lhes certas características, como o desprezo por imagens - de Cristo,
da Virgem ou de santos, denominados ícones -, que levaria os bizantinos a um movimento de destruição
conhecido por iconoclastia. Questionando os dogmas cristãos pregados pelo clero que seguia o papa de
Roma, deram origem a algumas heresias (correntes doutrinárias discordantes da interpretação cristã
tradicional).
Tal panorama de tensões, alimentadas pelas diferenças entre Oriente e Ocidente, e as inevitáveis
disputas pelo poder entre o papa e o imperador culminaram na divisão da igreja, em 1054, criando uma
cristandade oriental, chefiada pelo imperador e sediada em Constantinopla (Igreja Ortodoxa), e uma
ocidental, sob o comando do papa, sediada em Roma (Igreja Católica Apostólica). Esse episódio recebeu o
nome de Cisma do Oriente e consolidou as diferenças entre tradições e forma de organização do culto de
cada uma das igrejas.
3) O Império Árabe:
A península Arábica apresenta-se com o uma região desértica e com poucas áreas propícias ao
estabelecimento de núcleos de povoamento permanente (oásis e partes litorâneas). Seus primeiros
habitantes foram tribos de nômades do deserto, os beduínos.
Por volta do século VI, mais de 300 tribos de origem semita habitavam a região, incluindo as tribos
urbanas, que ocupavam a faixa costeira do mar Vermelho e do sul da península, de melhores condições
climáticas e maior fertilidade do solo. Concentravam-se principalmente em Meca, sua principal cidade, e
na cidade de Iatreb.
A importância de Meca era decorrente de seu valor comercial e religioso, uma vez que lá se encontra
a Caaba, santuário em que se depositavam as imagens dos diversos ídolos representando os deuses das
33
O fogo grego era mistura altamente inflamável, que resistia até mesmo à ação da água e que aderia fortemente à madeira
das embarcações em que caía. Sua composição é desconhecida até hoje, mas parece que alcatrão e enxofre dela faziam parte,
assim como salitre, o que agregava oxigênio a mistura, fazendo-a arder até embaixo d’água.
A queda de Roma em 476 marcou o fim do Império Romano do Ocidente e, para muitos
historiadores europeus e ocidentais, inaugurou a Idade Média. Na Europa Ocidental esse período foi
marcado pela consolidação do modo feudal de produção, em substituição ao escravismo greco-romano.
As invasões bárbaras, que marcaram o final do Império Romano, não se encerraram em 476, pelo
contrário, continuaram ocorrendo durante boa parte da Alta Idade Média. Desde o século VII, foram
seguidas pelas invasões dos árabes no sul e sudoeste, pelos vikings no Norte e outros povos vindos do Leste.
São as invasões e o estado de guerra constante na Europa que nos permitem compreender a estrutura
econômica e social do feudalismo.
O contato da Europa Ocidental com os povos invasores não só foi responsável pela derrubada do
Império Romano como também substituiu a unidade pela diversidade cultural. A fragmentação político-
cultural nos antigos domínios romanos acarretou o surgimento de vários reinos bárbaros, além da
substituição do latim pela mescla com outras línguas.
A ruralização passou a caracterizar a Europa medieval. De fato, desde o final do Império Romano,
as cidades vinham sendo abandonadas devido a invasões e saques. Por outro lado, a falta de mão-de-obra
escrava atraía vastos contingentes de trabalhadores para o campo. Sob a condição de servos nas terras que
lhes eram arrendadas, o movimento dessa população marcava a volta para uma economia rural de
subsistência.
Devido à instabilidade causada pelas guerras, com a concentração da população em comunidades
rurais isoladas, o comércio entrou em franca decadência, assim como a utilização de moedas. Com o intuito
de se protegerem da agressão externa, construíram-se residências fortificadas dos senhores e castelos, tendo
nas proximidades as comunidades rurais.
Ao mesmo tempo, ocorria o fortalecimento do cristianismo, pouco a pouco se impondo à nova
sociedade em formação. Vários reinos bárbaros converteram-se à doutrina cristã, destacando-se entre eles
o dos francos.
34
É desse período que surge os títulos nobiliárquicos de marquês e conde, referentes aos nobres responsáveis pelos territórios
mais extremos do reino, os marcos do território, ou aos condados, regiões politicamente administradas pelo rei.
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um vasto território, fazendo valer as suas leis, as chamadas Capitulares, primeiras leis escritas do ocidente
medieval.
O título de imperador do novo Império Romano do Ocidente foi concedido a Carlos Magno pelo
papa Leão III no ano 800. O mandatário da Igreja via na ampliação do reino franco uma possibilidade de
expansão do cristianismo e o retorno à própria concepção de império, desaparecida desde a queda de Roma,
no qual o poder imperial seria o anteparo da Igreja. Carlos Magno foi responsável, portanto, por uma
experiência centralizadora durante a conturbada Alta Idade Média.
O êxito administrativo de Carlos Magno foi acompanhado por significativo desenvolvimento
cultural, estimulado pelo próprio imperador. O latim caíra em desuso com os povos germanos, e a língua
escrita entrara em decadência (Pepino era analfabeto e o próprio Carlos Magno limitava-se a rabiscar seu
nome).
Entretanto, o chamado Renascimento Carolíngio mudou esse quadro, ainda que temporariamente.
Escolas foram fundadas, o ensino estimulado e várias obras da Antiguidade greco-romana preservadas,
graças principalmente à atuação da Igreja, que logo teria quase o monopólio da cultura no continente
europeu.
O Império Carolíngio, porém, não sobreviveu à morte de Carlos Magno, em 814. Hordas invasoras
- vikings da Escandinávia, magiares do Leste europeu e novas incursões árabes a partir do Mediterrâneo,
aliadas às disputas sucessórias - levaram ao fim a efêmera unidade territorial.
Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno, herdou o império e o governou até 841. Seus filhos, pelo
tratado de Verdun (843), fizeram a partilha do império e aceleraram sua derrocada. Condes, marqueses e
outros nobres passaram a ter crescente importância, fortalecendo a tendência à descentralização.
Consolidava-se, nesse contexto, o feudalismo.
35
Período que vai do século V ao X, onde todos os meios que caracterizam a Idade Média foram crescentes, como a fragmentação
territorial, social, cultural e econômica, levando ao surgimento de vários pequenos reinos rurais.
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Velas Latinas, triangulares, diferentes das velas redondas que eram quadrangulares.
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surgiram as armas portáteis. Os foguetes que, como já vimos, foram anteriores aos canhões, só voltaram a
ter importância no século XX.
A invenção do canhão determinou profundas alterações na História e não apenas de caráter militar.
Contribuiu para o fim do feudalismo, já enfraquecido pelas cruzadas, em benefício do poder dos reis, porque
estes, apoiados pela burguesia, tinham mais recursos financeiros para comprar a nova arma. A arma de fogo
portátil, então, contribuiu sensivelmente para diminuir a desigualdade social, porque permitia que “qualquer
miserável plebeu abatesse o mais nobre dos cavaleiros”, como disse, horrorizado, um cronista da época. De
fato, o plebeu era o homem que lutava a pé e que pouca chance tinha no combate contra o nobre
pesadamente armado a cavalo, até então.
Na marinha, o canhão forçou lentamente o abandono do navio a remos que, embora mais manobreiro
que o navio a vela, não podia conduzir o mesmo número de canhões que este.
Embora viking signifique guerreiro, os vikings eram povos das enseadas abundantes tanto
na Dinamarca, país de planícies arenosas, através das quais se desenhavam tortuosos canais marítimos,
como na Noruega, pátria dos “fiordes” (gargantas escarpadas que levam as ondas até o coração dos montes,
em alguns pontos por centenas de milhas).
Ao longo do curso sinuoso desses fiordes, um pedaço de terra fértil entre o precipício e o estuário
dava lugar a campos de trigo e a um grupo de casinhas de madeira. Próximo, uma encosta alcantilada trazia
a espessa floresta até a borda da água, atraindo o lenhador e o construtor de barcos.
Ao cimo de tudo, os cordões nus das montanhas erguiam-se até os campos gelados e os cumes
glaciais, dividindo os povoados dos fiordes uns dos outros, como pequeninos reinos, atrasando por séculos
a união política da Noruega e lançando os habitantes, intrépidos para o mar, em busca de alimento e de
fortuna.
Traficantes de peles, caçadores de baleias, pescadores, mercadores, piratas e ao mesmo tempo
assíduos cultivadores do solo, os escandinavos sempre foram um povo anfíbio. Desde a ocupação de sua
terra, em data indeterminada da Idade da Pedra, o mar fora sempre o seu caminho de povoado para povoado
e o único meio de comunicação com o mundo exterior. Até o fim do século VIII, a área da pirataria dos
vikings confinara-se principalmente às costas do mar Báltico. Tinham-se contentado eles em se saquearem
reciprocamente e aos vizinhos mais próximos, mas no tempo dos romanos já infestavam as costas da Gália
Belga (Bélgica) e da Bretanha (Inglaterra). Ao que consta, só na época de Carlos Magno começaram a
atravessar o oceano e a atacar os países cristãos do Ocidente. Foram necessários séculos de experiências e
sem dúvida inúmeros naufrágios para que os vikings aprendessem a conhecer as etapas e as épocas mais
favoráveis para a navegação. Pouco a pouco eles aprenderam a passar de ilha em ilha aproveitando o bom
tempo e a construir navios maiores.
Desde o fim do século VIII ou começo do IX, quando seus exércitos e suas frotas aumentaram em
número e em importância, as expedições vikings alongaram-se. Essas expedições regularizaram-se em
seguida, cada burgo fornecendo um número determinado de navios. O sucesso das primeiras expedições de
grande envergadura e o superpovoamento relativo do Norte contribuiu, assim, em grande medida, para
arrancar homens de seus lares, particularmente em certas regiões, como as Ilhas dinamarquesas, onde, por
força de lei, uma parte do povo devia emigrar desde que o superpovoamento se acentuasse.
A fome, depois de uma má colheita nesses climas inóspitos, por vezes, lançava povoados inteiros
em busca de novas terras, pois os homens do Norte sentiam a falta de águas piscosas e de terras abundantes
em caça. O “Caminho dos Cisnes”, como cantavam em suas canções, fornecia-lhes o que recusava a terra
mal cultivada ou estéril ou a pesca insuficiente para remediar a fome. Tornando-se mais audaciosos nas
suas navegações, empreenderam viagens que, mesmo depois da agulha magnética, foram apenas renovadas.
Foram três as rotas básicas escandinavas de imigração durante a era viking:
- Primeiro, a rota Oriental que penetrou no coração dos territórios eslavos foi seguida principalmente
pelos suecos, até Novgorod e Kiew, fundando o primeiro Estado russo e daí descendo pelo rio Dnieper
abaixo para atravessar o mar Negro e importunar as muralhas de Constantinopla.
As outras duas rotas desenhavam-se ao Ocidente:
- Havia a rota seguida principalmente pelos noruegueses, a qual poderemos chamar de linha exterior
ou Ocidental Externa: levava às mais aventurosas viagens marítimas, ao povoamento da Islândia e da
Groenlândia, à descoberta da América do Norte; conduzia às Orkneys, Caithness, Ross, Galloway e
Dunfries, onde grandes colônias escandinavas trouxeram o primeiro elemento nórdico à vida das Higlands
e do sudoeste da Escócia. Foram ainda os noruegueses que conquistaram as Hébridas, a oeste da Escócia,
e descobriram trinta e cinco ilhas que chamaram de Faroe. O Mainland e as quarenta e cinco ilhas que a
cercaram, ilhas famosas pela pesca do arenque, foram também descobertas pelos vikings. Por essa linha
exterior, vieram se estabelecer importantes colônias norueguesas em Cumberland, Westmoreland,
Lancashire, Cheshire e na costa da Gales do Sul. A Irlanda foi durante algum tempo invadida, e Dublin,
Cork, Limerick, Wicklow e Waterford foram fundadas como cidades dinamarquesas. Enquanto os suecos
dirigiam-se para a Rússia e para a Ásia, os noruegueses descobriam a rota para a Irlanda pelo norte da
Escócia e, mesmo fazendo escala na Groenlândia, foram até a América procurar peles.
- Os dinamarqueses tinham escolhida rota interior ou Ocidental Interna que, mais próxima de seu
país, conduzia às costas da Escócia, da Northumbria e da Neustria.
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É em 787 que pela primeira vez a crônica anglo-saxônica descreve a chegada à Inglaterra de três
navios de homens do Norte, vindos do país dos ladrões. A partir do ano de 793, as curtas notas anuais das
crônicas contêm, quase todas, referências a alguma incursão dos pagãos. Ora eles pilhavam um convento e
massacravam os monges, ora as hordas pagãs espalhavam a devastação entre os Northumbrios. Pouco a
pouco a importância das frotas inimigas cresceu. Em 851, pela primeira vez os pagãos passaram o inverno
na ilha de Thanet; no mesmo ano, trezentos de seus barcos vieram à embocadura do Tamisa, e suas
guarnições tomaram de assalto Cantuária e Londres.
Lentamente, durante cinquenta anos ou mais, antes que o movimento atinja seu zênite, toda a
Noruega e toda a Dinamarca despertam para a verdade de que não havia poder marítimo a defender as Ilhas
Britânicas ou o famoso Império Carolíngio, que os anglo-saxões e os francos eram gente terrestre e que os
irlandeses utilizavam pequenos barcos de couro. O mundo estava assim exposto ao poder marítimo viking.
Nos anos seguintes, os pagãos foram chamados por seu nome real, dinamarqueses, e as crônicas
referem-se aos movimentos dos exércitos, fortes, às vezes de dez mil homens. Bem equipados, bem
armados, muito hábeis em construir campos fortificados, obedecendo cegamente aos reis do mar, seus
chefes, os vikings, guarneciam, em grupos de sessenta a setenta homens, os seus navios de guerra de sólida
construção, as drakkas37, e desembarcavam em locais de onde pudessem enfrentar com êxito a reação dos
habitantes do país invadido. Foi assim que Noirmontiers tornou-se sua base no litoral da França, Thanet no
da Inglaterra e a ilha de Man no mar da Irlanda. Os que operavam na França vinham, sobretudo, da
Dinamarca, reunidos em pequenas flotilhas que perlongavam a costa. Subiam os rios, saqueavam as igrejas
e destruíam as cidades, ou para poupar o país, faziam-se pagar um resgate calculado em libras de prata. Os
primeiros bandos haviam aparecido antes dos fins do reinado de Carlos Magno, mas, depois dos meados
do século IX, esses invasores estabeleceram-se com suas famílias em campos entrincheirados junto à
embocadura dos rios, de onde em todas as primaveras partiam para agir no interior. Além da ilha
Noirmontiers, os normandos instalaram-se na foz do rio Sena e subiram o rio Garona, saqueando as cidades.
Até cerca de 860, entretanto, ocuparam na França apenas em pontos da costa e algumas ilhas, fazendo
ocasionalmente expedições de saque pelo interior. Depois, as expedições transformaram-se em verdadeiras
migrações. Nos anos seguintes, os normandos embrenharam-se pelo interior da França, devastando uma
enorme região e chegando mesmo a sitiar Paris em 886.
Os vikings que seguiam a linha exterior e os que seguiam a linha interior muitas vezes se cruzavam
no caminho. Encontravam-se dinamarqueses e noruegueses na Normandia, no sul da Irlanda e no norte da
Inglaterra, e ambos penetravam indiferentemente na Hispânia, no Mediterrâneo e no Levante.
Toda essa espantosa exploração, que tocou a costa norte-americana cinco séculos antes de Colombo,
esse habitual e quase diário desafio das tempestades da Costa Wratch e das Hébridas, foi levado a cabo em
longos barcos descobertos, impelidos a remos e manobrados pelos próprios guerreiros com o auxílio de
uma única vela.
A coragem e a perícia naval de marinheiros, que se aventuraram em tais barcos a empreender tais
viagens, nunca foram ultrapassadas na história marítima. Muitas vezes pagaram pela sua ousadia. O
Wessex, no tempo do rei Alfredo, salvou-se uma vez graças ao naufrágio de uma esquadra inteira, quando
uma tempestade lançou cento e vinte galés dinamarquesas contra os penhascos de Swanage.
Em quase todas as regiões em que dominaram pelas armas, os vikings acabaram assimilados pelas
populações vencidas. Na Grã-Bretanha, os dinamarqueses e noruegueses ou foram repelidos ou fundiram-
se com os anglo-saxões com o decorrer dos anos. Na Franca, não são bem conhecidas as circunstâncias
segundo as quais o rei dinamarquês Rollon obteve o território que veio a constituir o Ducado da Normandia.
Estabelecidos nos férteis campos da Franca, pouco a pouco os normandos perderam os hábitos violentos é
adotaram a língua e a cultura francesa.
Nos séculos que se seguiram, o espírito aventureiro dos descendentes dos vikings os levou a
participarem de muitas empresas guerreiras, tais como a conquista da Inglaterra em 1066 por Guilherme “o
Conquistador”, a expulsão dos árabes do sul da Itália e da Sicília, e as Cruzadas.
37
As embarcações vikings de comércio eram conhecidas como Knnors. Durante a história desse povo eles desenvolveram várias
embarcações, com características diferentes e próprias ao emprego a que se destinavam, no entanto, as embarcações clássicas,
as Drakkas ou Drakars, é que foram demonstradas nos épicos difundidos pelos cinemas no mundo.
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Em poucas gerações, contudo, os normandos mudaram radicalmente seus hábitos antigos, e a
Normandia converteu-se numa região conhecida tanto pela excelência de seus rebanhos e de seus pomares
quanto pela fama de seus marinheiros e pescadores.
Em síntese, a história dos nórdicos é um flagrante exemplo da influência da geografia na evolução
de um povo. Talvez mais ainda que nas histórias grega e fenícia, a natureza especial das regiões
escandinavas explique a epopeia viking.
A estrutura econômica, social, política e cultural que predominou na Europa Ocidental durante a
Idade Média, em substituição ao escravismo greco-romano, foi chamada de feudalismo e caracterizou o
modo de produção do período. Lembrando que, dentro de certa visão de história (o materialismo histórico),
modo de produção significa a forma como se organiza a produção de riquezas numa sociedade, o que
implica um conjunto de relações econômicas, mas também sociais, políticas e culturais, intimamente
ligadas entre si e interferindo umas nas outras. Permite também, em linhas gerais, caracterizar um
determinado período histórico em uma dada região.
As transformações ocorridas no Império Romano do Ocidente, como o êxodo urbano e a ruralização
causados pela crise escravista, foram aceleradas com as invasões bárbaras, resultando na queda do império
em 476. A partir daí, e estendendo-se até o século X, sucedeu, então, um período marcado pelo predomínio
da vida rural e ausência ou severa redução do comércio no continente europeu, denominado Alta Idade
Média.
Só a partir do século XI, quando se iniciaram diversas mudanças significativas para a economia
feudal, é que as atividades baseadas no comércio e na vida em cidades, pouco a pouco, ganharam impulso.
Essas mudanças deram início ao período que chamamos de Baixa idade Média, o qual se estendeu até o
século XV. Ele é chamado de Baixa Idade Média por ter sido marcado pelo surgimento dos elementos que
desencadeariam a decadência do feudalismo.
As origens de tais mudanças encontram-se no esgotamento do sistema feudal, progressivamente
abalado pelas transformações em curso na Europa, sendo a principal delas o surto demográfico verificado
a partir dos séculos X e XI. De fato, a diminuição progressiva no ritmo das invasões, que caracterizaram
praticamente toda a Alta Idade Média, ofereceu a contrapartida de condições mais estáveis de vida, o que
provocou gradativo, mas significativo, aumento de população. Por volta do século X, estima-se que os
índices de natalidade superassem os de mortalidade em toda a Europa.
A expansão demográfica chocava-se com o imobilismo do sistema feudal, baseado em unidades
produtivas autossuficientes, comumente chamadas de feudos. Cada feudo produzia o bastante para o seu
próprio consumo e, devido às limitações técnicas predominantes, não ocorria o aumento de produtividade
necessário para satisfazer à crescente população.
Além da insegurança e das guerras, entre outros fatores, a servidão feudal não era motivadora de
intensa inovação tecnológica, já que aumentar a produção não implicava participar dos frutos (lucros). Na
estrutura feudal o aumento da produtividade quase sempre significava acréscimo na tributação, inibindo o
empenho por uma produtividade maior. Finalmente, o próprio isolamento de cada feudo fazia com que
eventuais progressos técnicos tivessem maior dificuldade de transpor sua própria região.
Alguns setores artesanais, entretanto, sustentaram-se e desenvolveram-se no período, trabalhando
para a nobreza e o alto clero: armeiros, que serviam aos nobres guerreiros, ourives, pintores e construtores,
que trabalhavam na edificação de catedrais e castelos, etc.
Algumas inovações técnicas aplicadas aos trabalhos agrícolas, ainda assim, foram observadas no
período, como a utilização dos arados de ferro no lugar dos de madeira, mais fracos e menos eficientes, e o
aperfeiçoamento de moinhos hidráulicos. Buscou-se ainda expandir as terras cultivadas com o aterramento
de pântanos e a derrubada de florestas. A população, no entanto, continuava a crescer em ritmo mais
acelerado que o da produção.
Na medida em que o sistema como um todo não podia mais sustentar o excedente populacional,
muitos acabaram sendo marginalizados e expulsos dos feudos. A marginalização social atingiu não apenas
servos como também senhores. Nobres sem-terra, vítimas do direito de primogenitura, que dava apenas ao
As cruzadas foram expedições principalmente militares, organizadas pela Igreja Católica de Roma,
com o objetivo de reconquistar o Santo Sepulcro, em Jerusalém, do domínio muçulmano. Houve também
interesses econômicos de cidades-estados como Gênova e Veneza na obtenção de mercados fornecedores
e consumidores dos produtos comercializados pela oligarquia e interesses espirituais de uma imensa massa
de pessoas que realmente acreditavam estar cumprindo as ordens de Deus.
Esse avanço já era desejado pelos imperadores bizantinos, que esperavam o auxílio do Ocidente no
combate a vários povos vizinhos orientais, especialmente os turcos seljúcidas.
Esse povo, organizado pela dinastia turca seljúcida (do fundador Seldjuk), nos séculos XI-XIII,
tinha no islamismo e na união das tribos sua força expansionista. De Bagdá, conquistada em 1055, dirigia-
se para a Ásia Menor, ameaçando o reduto cristão bizantino. No século XIII, ganhou força a nova dinastia
turca dos otomanos que no século XIV lideraria novo processo expansionista na região.
A Igreja católica passou a organizar as expedições militares, com o objetivo, inclusive, de projetar
sua influência no território bizantino, dominado pela Igreja ortodoxa, que era a Igreja bizantina criada com
o Cisma do Oriente, em 1054, e independente do papa de Roma.
Os milhares de indivíduos de alguma maneira excluídos da estrutura social feudal foram
fundamentais na montagem dessas expedições. A espinha dorsal dos exércitos cruzados era formada por
cavaleiros sem-terra, enquanto o grosso das tropas a pé era constituído por antigos servos. Além disso,
milhares de pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, dispunham-se a seguir os cruzados e fazer a
peregrinação aos locais sagrados quando fossem libertados.
Outros interesses em jogo envolviam o comércio, atividade até então secundária, mas crescente em
importância em meio ao surto demográfico a que a Europa assistia. Negociantes italianos passaram a se
interessar por entrepostos e vantagens na busca de produtos orientais e pela possibilidade de abertura do
mar Mediterrâneo ao comércio.
Em 1095, o papa Urbano II pronunciou um inflamado discurso no Concílio de Clermont,
conclamando os cristãos a ingressarem nas expedições cruzadistas rumo ao Oriente. Do século XI ao XIII,
partiram da Europa cristã oito expedições39:
- Primeira cruzada (1096-1099): chamada de Cruzada dos Nobres, chegou a conquistar Jerusalém e
a organizar na região um reino em moldes feudais (Houve uma cruzada anterior a esta que, enquanto os
exércitos se preparam para a jornada, uma horda de pessoas humildes partiu na frente, sendo conhecidos
como cruzada dos mendigos ou dos fiéis, em alusão a crença que a pobreza levaria o crente ao reino dos
céus).
38
O mito desses cavaleiros é que gerou histórias como de Dom Quixote de La Mancha e Robin Hood, nobres de origem,
mantendo atitudes nobres e puras, mas marginalizados no crime ou na mendicância.
39
O número de expedições e a classificação muda conforme o contexto em que são analisadas por um historiador, podendo variar
conforme o foco em que é estudada.
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- Segunda cruzada (1147-1149): foi organizada após a reconquista turca de Jerusalém, mas
fracassou.
- Terceira cruzada (1189-1192): chamada Cruzada dos Reis, devido à participação dos monarcas da
Inglaterra (Ricardo Coração de Leão), da França (Filipe Augusto) e do Sacro Império Romano-Germânico
(Frederico Barba-Roxa). Não tendo atingido seus objetivos militares, resultou no estabelecimento de
acordos diplomáticos com os turcos que possibilitaram as peregrinações.
- Quarta cruzada (1202-1204): chamada de Cruzada Comercial por ter sido liderada por
comerciantes de Veneza, potência mediterrânea em grande ascensão. Foi desviada de Jerusalém, alvo
religioso da investida cruzadista, para Constantinopla, que acabou sendo saqueada.
- Quinta, sexta, sétima e oitava cruzadas (1218-1270): secundárias sob todos os aspectos, não
tiveram sucesso.
As expedições cruzadistas não conseguiram resolver as dificuldades europeias decorrentes do
aumento populacional, dos entraves feudais e da ambição por novas terras, e no campo foi preciso aprimorar
a produtividade agrícola para alimentar a crescente população. Algumas cidades, que nunca deixaram de
fazer comércio durante os primeiros séculos da Idade Média, e outras que emergiram ou ganharam impulso
com os fluxos rurais daqueles que eram marginalizados nos feudos tiveram amplas vantagens com as
cruzadas.
Os exemplos mais marcantes são de Gênova e Veneza, porque seus comerciantes enriqueceram
alugando barcos e financiando os cruzados.
O misticismo e a espiritualidade que impregnavam a época medieval são plenamente visíveis na
Cruzada das Crianças (1212), organizada a partir da crença de que somente os “puros" e "inocentes"
poderiam libertar Jerusalém (as crianças foram colocadas nas frentes de batalha como escudos, já que
somente como criança é que o cristão herda o reino dos céus). O mesmo aconteceu no início do movimento
cruzadista, na chamada Cruzada dos Mendigos, organizada em 1096. Ambas foram dizimadas,
principalmente no percurso europeu.
Não foram somente essas expedições, ocorridas ao longo de quase 200 anos, que levaram ao
renascimento comercial da Europa, mas elas, certamente, contribuíram para sua dinamização. Não
propiciaram, também, enriquecimento aos europeus: pelo contrário, empobreceram-nos, especialmente aos
cavaleiros. Além disso, em vez de unir a cristandade, criaram oportunidade para divergências entre
interesses de algumas regiões (como entre os governantes da terceira cruzada, rivalizando-se por domínios),
enquanto propiciaram muitas violências contra os não cristãos.
As cruzadas tiveram, contudo, um papel significativo na mentalidade europeia. O espírito delas seria
importante na motivação, por exemplo, da reconquista cristã da península Ibérica aos árabes muçulmanos
e das grandes navegações que levaram à descoberta da América.
Paralelamente, desde o século XII, organizavam-se no norte da Europa as asas (nome em teutônico
ou alemão) ou associações de mercadores, Na Inglaterra destacava-se a Merchant of the Staple, associação
que controlava a venda de lã (seu mais forte produto) e a importação de produtos oriundos da região
flamenga (Flandres, futura Holanda).
Logo aconteceria a reunião de diversas hansas no norte da atual Alemanha, dando origem à forte
Liga Hanseática, cujas poderosas cidades (Hamburgo, Bremen, Lübeck, Rostock) passaram a controlar todo
o comércio dos mares do Norte e Báltico. Seus comerciantes traziam trigo e pescado, importantes para a
população que continuava a crescer, e madeiras, fundamentais para os crescentes empreendimentos de
construção naval, além de outros produtos.
Dessa forma, consolidavam-se dois polos comerciais na Europa da Baixa Idade Média: um italiano
e outro germânico. A ligação desses dois polos se fazia por rotas terrestres que convergiam para as planícies
da Champanhe, região no centro da França. Lá se realizavam grandes feiras, onde os comerciantes do Norte
encontravam os do Sul, e que funcionavam como verdadeiros centros de articulação do crescente comércio
europeu.
12.1) Pisa:
A posição natural muito propícia, na foz do rio Arno, então navegável até sob os muros da cidade,
fez de Pisa importante centro comercial desde o primeiro século da Idade Média. O estuário do Arno
oferecia então bom abrigo e espaço suficiente, ao passo que a correnteza forte do rio se opunha ao
assoreamento da saída para o mar.
Do lado de terra, não contando com barreira protetora de montanhas como Gênova e limitando-se
com os territórios de Lucas, em fase de expansão, Pisa não possuía possibilidades de engrandecimento. A
cidade voltou assim os olhos para o mar e no século X teve boas ocasiões de satisfazer suas ambições
marítimas. Era o único porto sobre o Tirreno, no interior da Itália Lombarda, e além do mais, nessa ocasião,
Gênova não podia oferecer concorrência, pois toda costa lígure estava presa das devastações sarracenas
(mouras ou islâmicas) que ameaçavam controlar o mar Tirreno, desde as costas da Tunísia e da Espanha.
Perante a ameaça muçulmana, Pisa e Gênova coligaram-se e realizaram esforços vigorosos e constantes
para expulsarem os infiéis do mar que tinham como próprio.
No fim do século XI, as duas cidades lançaram repetidos ataques contra as principais cidadelas do
poderio árabe. Os árabes foram assim expulsos da Sardenha, onde pisa reservou-se privilégios comerciais.
Na Sicília, a própria Palermo, que era então um grande porto de mar e uma cidade de 300 mil habitantes,
foi atacada pelos pisanos, o que contribuiu para a reconquista da Ilha. Na Tunísia, os pisanos e genoveses
puseram a saque Mehedia, que era sem dúvida a cidade mais poderosa da costa da África e que se havia
convertido num ninho de piratas.
Afastados assim do mar Tirreno, os inimigos dos cristãos, as duas novas repúblicas viram prosperar
seu comércio. Suas frotas, crescentes em força e em número de navios, empreenderam viagens mais longas
e abriram novas rotas.
A expansão marítima e comercial da República Pisana era então guiada pelo governo, que intervinha
mesmo no domínio das atividades particulares, procurando, de uma parte, afastar os obstáculos e entraves
que se opunham ao livre trânsito das mercadorias, e de outra, levar gradualmente a conquista ao Oriente,
principal fonte de lucros.
Do século XI ao século XIII, os núcleos urbanos da península Italiana, e em particular as cidades
marítimas, entraram em rivalidade para a conquista da primazia política e comercial sob a influência de
dois fatores preponderantes: as cruzadas e a criação do Império Latino do Oriente. Ao começarem as
cruzadas, as Repúblicas Italianas não viram apenas uma continuação da luta tantas vezes empreendida
contra os infiéis, mas também uma oportunidade única para obter vantagens econômicas. Pisa, como as
outras grandes repúblicas marítimas italianas, não só participou diretamente da guerra contra os
muçulmanos estabelecidos na Palestina, como também soube cobrar bom preço pelo transporte dos
exércitos cristãos do Oriente. Ao mesmo tempo, a comuna procurou estabelecer nos países recém-
conquistados pelos cruzados proeminência comercial, obtendo concessões especiais para os mercadores
pisanos.
12.2) Gênova:
A origem de Gênova não é menos remota que a pisana e data certamente dos primeiros tempos da
vida marítima no mar Tirreno. O porto de Gênova não era nem o maior nem o melhor dos portos da costa
Lígure, mas era sem dúvida o melhor situado. Gênova ocupa o ponto mais setentrional dessa costa. Os
montes Apeninos, na verdade, elevam-se imediatamente atrás da cidade e a separam do vale do rio Pó, mas
ao mesmo tempo protegem-na muito eficazmente do lado de terra. Embora fossem possíveis culturas
variadas, como trigo, oliveira, vinhas e laranjeiras, o território restrito da República de Gênova, que se
estendia ao longo da costa Lígure, era incapaz de produzir a quantidade suficiente de gêneros alimentícios
para a população e matérias-primas para a indústria.
A pesca, em compensação, era abundante na costa e as florestas dos Apeninos dispunham de boas
madeiras para a construção naval. Foi, portanto, no mar que Gênova procurou suas possibilidades
econômicas. Dessa forma Gênova conseguiu reerguer-se nas vezes em que sofreu as destruições das
invasões sarracenas
40
Fatimita: uma das ordens dos mulçumanos, como os sunitas e os xiitas. Seguem a Fátima, uma das filhas de Maomé.
41
Vitualhas: conjunto de materiais e equipamentos necessários a manutenção de tropas em ação longe de suas bases.
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Na primeira metade do século X, Gênova, ao conseguir sacudir o jugo feudal do Marquês de
Obertenghi, conquistou ao mesmo tempo sua unidade comercial e um lugar elevado entre as cidades
marítimas da Península. Não muitos anos depois, Gênova, unida a Pisa, na célebre campanha da Sardenha
contra Mogahid, em 1015-16, iniciou naquela ilha o comércio do sal, e na Córsega uma tenaz penetração,
sem temer suas futuras relações com a aliada daqueles dias. Os navios das duas Comunas42 chegaram unidos
à costa da Síria em 1065, depois a Caffa. Em 1087, combateram juntos os árabes de Mehedia, e desse modo,
na segunda metade do século XI a comuna genovesa firmou seu poderio marítimo no sul do Mediterrâneo.
Lá, como em Pisa, os armadores e os navegantes prevalecendo na vida citadina criaram a administração
consular e, ao mesmo tempo, a Campagna. As riquezas acumuladas, o crédito assegurado, uma sucessão de
governos com a mesma orientação, acabaram por constituir uma nobreza de origem mercantil, diferente da
feudal. A nobreza em Gênova não tinha, assim, por base a propriedade imobiliária, mas os estabelecimentos
comerciais e a navegação. Essa nobreza fornecia os governadores das ilhas conquistadas no Levante e os
comandos das forças navais.
A participação de Gênova na Primeira Cruzada (1096-99) permitiu-lhe fundar uma linha de
empórios ao longo da costa da Síria e da Palestina, fato de uma importância comercial considerável, tendo
em conta que esses países eram relativamente povoados e produtivos naquela época. Os bons resultados
alcançados estimulariam os empreendimentos posteriores. As expedições multiplicaram-se, os braços e o
capital da cidade não foram suficientes. No princípio do século XIII (1206) uma nova instituição, o
Consolato del Mare, foi criada. Ocupava-se exclusivamente da parte financeira dos empreendimentos
marítimos, permanecendo dependente do poder central.
O incremento da atividade marítima de Gênova acarretou inevitavelmente a rivalidade das outras
cidades italianas com interesses idênticos, e, a partir do começo do século XIII, os três principais centros
marítimos comerciais da Itália sustentaram entre si diferentes lutas que abarcaram quase duzentos anos.
A fim de promover sua expansão marítimo-comercial, os cidadãos de Gênova criaram, na primeira
metade do século XIII, uma associação de caráter militar que tomou o nome de Maona. Era ela constituída
por um núcleo de cidadãos que, com seus navios, procediam às despesas de qualquer expedição naval
empreendida no interesse e sob a direção da Comuna.
A Comuna nomeava o Almirante que comandaria os navios armados por conta dos componentes. O
lucro da empresa e a administração dos lugares eventualmente conquistados revertiam para a Comuna,
depois das despesas da Maona terem sido ressarcidas. A primeira Maona, por ordem cronológica, parece
ter sido a de Ceuta em 1234, quando um grupo de cidadãos armou por conta própria mais de cem navios,
entre galeras e navios de comércio. Outras Maonas importantes foram a de Chios, em 1346, da qual resultou
a captura daquela ilha no mar Egeu, e a de Chipre em 1374, onde foi fundada importante colônia.
Ao começar o século XIV, Gênova estava no apogeu de sua atividade marítimo-comercial. A ajuda
prestada na restauração do Império Romano do Oriente valera-lhe vários empórios estabelecidos em
quarteirões de Constantinopla, Pera e Gaiata. Pera tornou-se o centro da administração colonial genovesa
no Estado Grego, e Caffa o das colônias do mar Negro. Por cerca de 1300, Gênova foi a primeira cidade
mediterrânea a começar a organizar viagens para os portos de Bruges e de Londres.
Na segunda metade do século XIV, as grandes operações de comércio ficaram circunscritas a
Veneza e a Gênova, pois Pisa não mais se ergueu depois da derrota de Melória e da perda da Sardenha. A
Grécia havia perecido sob a cimitarra turca e os navios do Norte apareciam raramente nos portos do Sul.
Os genoveses tinham o comércio de toda a costa Lígure e dominavam desde o Corvo até o Mônaco.
Aprovisionavam de sal a Luquia, frequentavam Civita Vecchia e Corneto, foram sempre em grande número
em Messina e em Palermo. No Adriático, visitavam frequentemente Manfredônia, Ancona e mesmo
Veneza, nos intervalos de paz. Faziam comércio importante com Marselha, Aigues Mortes, Saint Epidius
e Montpelier. Na África, os navegantes genoveses tinham privilégios assegurados pelos maometanos. O
Egito era mais frequentado pelos venezianos. Os genoveses não deixaram, contudo, de aparecer nos
mercados de Alexandria, de Roseta e Damieta e de se estabelecer mesmo no Grande Cairo e de concluir
tratados vantajosos com os sultões. Todavia, a área principal das operações comerciais de Gênova
permaneceu sempre no Levante, isto é, nos países da Ásia e da Europa, submetida aos príncipes gregos,
tártaros, búlgaros e turcos. Seu comércio com o Levante se fazia por meio de uma série de escalas que
atingiam a China de uma parte e as Índias de outra, seguindo as costas do Golfo Arábico.
42
Comuna: associação de mercadores italianos, principalmente de Gênova, podendo ser comparada às cooperativas modernas.
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Havia ainda outros centros em toda a Romênia, na Macedônia e no Arquipélago Grego. Na Anatólia,
Gênova possuía Smirna e as duas Fócidas, ricas em alúmen43. De Chipre retirava madeiras de construção,
cedro, ferro, cereais, açúcar, algodão e azeite, além dos produtos que vinham do Oriente. Outras companhias
genovesas haviam-se estabelecido no litoral do Oceano, nos Países Baixos e na Inglaterra. Além do mais,
Gênova dominava a ilhas da Córsega, Sardenha, Malta e Sicília. Gênova tinha, em resumo, além de uma
parte considerável do comércio europeu, as três grandes vias de comércio da Ásia Central e da Índia: a
primeira, pelo mar Negro, pelo Cáspio e o Volga; a segunda, a Pagolat e a Laiazzo, pelo Golfo Pérsico,
Alepo e a Armênia; e a terceira, a Alexandria, pelo mar Vermelho e o Egito.
Apesar da posição privilegiada alcançada como potência marítimo-comercial na segunda metade do
século XIV, já cinquenta anos depois se notavam os primeiros sinais de decadência de Gênova. As vitórias
navais de Melória e de Curzola haviam constituído o ápice da potência marítima de Gênova, porém haviam
exigido um esforço imenso e produzido um grande consumo de forças. As perdas em vidas nas guerras
eram desastrosas para os genoveses, porque eles não empregavam tropas mercenárias, mas cidadãos, dos
quais dois mil morreram na jornada de Loiera e três mil prisioneiros morreram nos ergástulos (prisões). O
desenvolvimento da Marinha catalã, as dissensões internas cada vez mais graves, a alternância do domínio
estrangeiro, a luta persistente contra Veneza, o desastre da Guerra de Chioggia (1378-81), e a dominação
francesa do rei Carlos VI (1396-1409) são as várias etapas de uma gradual decadência. Não conseguiram
impedi-la a administração de Simão Boccanegra nem os triunfos que por vezes a Marinha genovesa
alcançou, perpetuando com honra suas tradições bélicas.
12.3) Veneza:
Durante a era Longobarda, nas ilhas da Laguna Adriática, surgiu a cidade destinada a liderar, na
Idade Média, todas as demais, por riqueza econômica e poderio marítimo: Veneza. A ilha da Laguna,
habitada na Idade Antiga por famílias de pescadores, tornou-se no último século do Império Romano o
lugar de refúgio das populações de terra firme, fugitivos das hordas bárbaras de Alarico, de Átila, de
Ricimero e etc.
As lagunas situadas no interior do Adriático não ofereciam senão magros recursos aos seus
habitantes, apenas pequenas superfícies permaneciam acima das águas, havia poucas terras cultiváveis e
estas eram mal drenadas; a água potável era escassa. Por outro lado, as lagunas ocupavam uma excelente
posição geográfica, considerando que elas se encontravam perto da região plana mais vasta da Itália e num
ponto onde as rotas marítimas do Mediterrâneo penetravam mais profundamente no continente europeu.
As primeiras atividades dos habitantes das lagunas foram condicionadas pelo caráter de seu habitat.
Eles tiveram em primeiro lugar que adaptar as terras às suas necessidades, consolidando o solo, cavando
canais, construindo diques e preparando bacias para os navios, enfim, começaram a cultivar o trigo, a vinha
e a recolher água de chuva em cisternas. É um fato significativo que desde 536 os habitantes das lagunas
sejam descritos como salineiros e piratas marítimos. Veneza chegou a conseguir no norte da Itália o
monopólio virtual do comércio do sal, passando as cidades continentais a depender de Veneza para seu
aprovisionamento. Não havendo possibilidade de outra indústria a não ser a do sal, que era com a pesca e
com os proventos da pirataria o usual nos povos marítimos daquele tempo os únicos artigos de comércio,
os venezianos abriram novos horizontes a ideais mais vastos, de tal modo que, no início do século VI, os
navios dos insulares sulcavam ao largo e ao longo do Adriático, fazendo o tráfego de gêneros diversos com
Bizâncio (Constantinopla) e com as terras do Oriente.
Assim, Veneza, à medida que progredia, tornou-se uma guarda avançada fronteiriça do mercado
grego até aproximadamente o ano 1.000, se bem que usufruindo uma grande independência, permanecendo
como parte do Império Bizantino, situação política que favoreceu sensivelmente seu progresso. Por outro
lado, sua situação e sua superioridade marítimas, que a tornaram de acesso difícil, colocaram as lagunas ao
abrigo da conquista lombarda. Carlos Magno apoderou-se da maioria das ilhas, mas essa conquista foi
efêmera. Também pôde Veneza escapar quase completamente às rivalidades e complicações da Península.
Sob esse prisma, Veneza foi mais favorecida que Gênova. Enfim, pela mesma razão, a situação geográfica
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Alúmen é o sulfato duplo de alumínio e potássio, podendo também ser de sódio. É comumente conhecido como predra-ume ou
pedra de alúmem. Tem várias aplicações hoje em dia, mas na Antiguidade era muito comum o uso como desodorante,
adstringente (pós-barba), para curtir couros, para o preparo de pão e purificação de água.
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das lagunas estimulou o desenvolvimento de uma comunidade de interesse que encontrou sua expressão na
administração centralizada do Doge. Segundo a tradição, o Ducado de Veneza Marítima constituiu-se em
697 (O Primeiro Duque ou Doge foi Paolucio Anafesto), concentrando numa só mão a atividade múltipla
e dividida dos insulares,
A decadência de outras cidades deixou Veneza livre para explorar o potencial comercial de sua
excelente posição geográfica. Entretanto, a nascente República não estava em condições de alcançar
projeção mundial, por ter ficado ocupada em contínuas lutas contra os piratas eslavos e sarracenos que
infestavam o mar Adriático. Até o fim do século VIII, o Império Bizantino controlou a entrada do Adriático
desde as cidades costeiras de Durazzo e de Brindisi, mas as devastações dos árabes na Itália Meridional
ameaçaram bloquear essa passagem. Ao mesmo tempo, a costa Dálmata, com suas numerosas baías
abrigadas, seus inúmeros canais e suas ilhas, constituía a base da pirataria eslava. Pouco a pouco Veneza
conquistou a supremacia no mar, infligindo derrotas aos árabes. Fundou, cerca do ano 1000, uma série de
empórios ao longo da costa Dálmata, em Zara, Veglia, Arbe, Tran e Spalato.
Desimpedido o mar Adriático da ameaça dos piratas, pôde Veneza enfim beneficiar-se das
vantagens de sua posição, face às correntes mercantis da Idade Média. Com efeito, para o Adriático
convergem cerca de três rotas naturais: uma, a vereda adriática; a segunda, formada pelo vale do Pó; e a
terceira, o escoadouro para o sul dos diversos caminhos alpinos de acesso fácil, ligando o Adriático à
Alemanha, à França e aos Países Baixos. Noutras palavras, colocada geograficamente quase a meio
caminho das duas extremidades da bacia Mediterrânea e ligada politicamente à grande cidade comercial de
Constantinopla, Veneza tinha toda facilidade para atuar como agente de distribuição em todo esse mar.
Os sucessos no Adriático deram a Veneza não somente acesso às grandes quantidades de madeira
de construção que eram trazidas aos portos da Dalmácia dos altos planaltos da Hinterlândia, mas também
ao trigo e aos vinhos da Itália do Sul. Além do mais, teve acesso livre a campos comerciais de maior
envergadura. Seja como vassalo, aliado ou inimigo vitorioso do Império Bizantino, Veneza jamais perdeu
de vista seus interesses mercantis. Já no século X ela havia adquirido em Constantinopla prioridade sobre
suas concorrentes italianas, Amálfi e Bari. Em 1082, se fez outorgar o direito de comerciar sem pagar
nenhum direito em toda a extensão do Império Bizantino.
Na época da Primeira Cruzada (1096), Veneza, já uma importante potência naval, pôde colocar à
disposição das cruzadas a frota necessária ao transporte de homens, cavalos e víveres para a Terra Santa.
Ao mesmo tempo, mantinha relações comerciais com Alexandria, em poder dos infiéis. Um século depois
(1204), fazendo a Quarta Cruzada servir a seus próprios fins, Veneza se apoderou de Zara, na costa da
Dalmácia, e possibilitou a tomada de Constantinopla pelos cruzados, com a consequente criação do efêmero
Império Latino do Oriente. A Quarta Cruzada acabou totalmente com o predomínio da metrópole do
Bósforo e converteu Veneza em potência normativa. O Império Grego ruiu e na partilha recebeu Veneza
territórios tão vastos que o Doge pôde chamar-se com orgulho Senhor de uma quarta parte e de um oitavo
de todo o Império Romano. A cidade das lagunas, todavia, visava assegurar o
predomínio mercantil de modo incondicional e não ocupar uma extensão territorial de difícil defesa.
Na busca de suas ambições comerciais, Veneza edificou um vasto Império que se compunha,
sobretudo, de territórios úteis ao comércio e que pudessem ser vigiados por sua Marinha. Como colônia de
fato, os venezianos só mantiveram a Ilha de Creta, que era um lugar de repouso e de refúgio no cruzamento
das linhas de navegação mais importantes do que nas culturas do arroz, do algodão e da cana-de-açúcar que
havia lá. Fora disso, Veneza só teve a posse de alguns pequenos portos na costa, vantajosamente colocados
no ponto de vista comercial e de fácil defesa. Mesmo o domínio veneziano na Dalmácia exercia-se apenas
no litoral, onde ela conservava vários portos principais.
Tal como em Pisa e Gênova, a ação do governo fazia-se sentir fortemente em todos os setores
ligados ao comércio marítimo da cidade. No começo da primavera, o Estado procedia à abertura do mar,
pondo em atividade o que se chamava as esquadras do tráfego, que eram formadas por frotas mercantes de
importância diversa e que, por todo o período da navegação, eram alugadas à sociedade de mercadores e
especuladores. Cada ano armavam-se, por conta do Estado, seis esquadras de tráfego compostas de 3.300
navios com cerca de 36 mil homens de guarnição. O tráfego se orientava em três direções principais: para
o Norte da África, para o Leste do Mediterrâneo e pelo sul da Europa, do lado ocidental. Uma das rotas
mercantis conduzia ao Egito; em Alexandria e no Cairo, eram recebidas as mercadorias pelos árabes que
as levavam para o outro lado do mar Vermelho. Para a costa da Síria dirigiam-se suas frotas, para levar
peregrinos aos Santos Lugares e tomar a bordo gêneros do Oriente para a viagem de volta. Também no
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noroeste do Mediterrâneo apareciam frequentemente as naves de Veneza e entabulavam benéficas relações
mercantis, apesar dos sangrentos encontros que tiveram com os barcos genoveses. Em Tana, nas
proximidades da desembocadura do rio Don, estabeleceram os venezianos uma colônia onde trocavam peles
russas e mercadorias índias, embora o principal objetivo fosse negociar no mercado de escravos que existia
nessa localidade. Para o oeste, estendeu paulatinamente os venezianos sua influência com os sarracenos da
África Setentrional, da Espanha e com os habitantes do sul da França que estiveram em estreitas relações
mercantis.
Dada a enorme importância da marinha para Veneza e se bem que os estaleiros fossem dirigidos por
empresas privadas, o Estado regulava e dirigia a produção, seguindo leis rigorosas concernentes aos
processos de fabricação dos navios, suas dimensões, seu aparelhamento, enfim, o trabalho dos operários.
Nenhum veneziano podia construir nos limites da República navios que não tivessem as medidas
rigorosamente previstas. Os interesses da defesa militar exigiam, com efeito, que, em caso de necessidade,
os navios mercantes pudessem ser facilmente transformados em navios de guerra. Eis a explicação da
prodigiosa rapidez com que aquela República renovava sua frota,
A primeira metade do século XV viu o apogeu do poderio marítimo-comercial veneziano. No ano
de 1423, o Doge Tomaz Mocenigo, em relatório apresentado aos conselheiros, estimava serem 3.300 os
mercadores navegantes. Por essa época, nem só no Mediterrâneo e no Oriente aplicava-se a atividade
veneziana. Na França, na Alemanha, no Flandres e na longínqua Inglaterra, durante o último século da
Idade Média, penetraram também os comerciantes e os navegantes da Sereníssima. Com Portugal, a
República teve relações diretas e de alguma intensidade pelo fim do século XV, devido ao tráfego de cana-
de-açúcar que a ilha da Madeira produzia em grande abundância. Cada ano, navios portugueses carregados
de açúcar chegavam a Veneza, porém a amizade entre os dois Estados não durou muito. Em 1498, um navio
português saqueou uma nave veneziana que se dirigia a Salônica e se apoderou de outra de Creta, carregada
de vinho, ao passo que o avanço lusitano, ao longo da costa africana em busca do caminho marítimo para
as Índias, suscitava o receio justo dos dirigentes do Estado.
A Caravela:
De origem mourisca, de
armação latina, com
porte aproximadamente
de 50 a 100 tonéis:
“Navio capaz de afrontar
mares tempestuosos e de
lutar contra uma
condição de tempo
atmosférico difícil, a
caravela portuguesa foi,
até os fins do século XV,
triunfalmente, o navio
dos descobrimentos”.
A Nau:
Depois de explorada toda a costa africana do Atlântico,
os portugueses adotaram novo tipo de navio, a nau, bem maior
do que a caravela e capaz de navegar muito longe do litoral,
mesmo com tempo hostil. Foi com esse tipo de navio que
Vasco da Gama fez sua viagem às Índias.
O galeão:
Tanto as caravelas, quanto as naus e os galeões eram artilhados, sendo que as caravelas se utilizavam
apenas de canhões de pequeno calibre, enquanto o Galeão, além de portar canhões de maior calibre,
carregava uma quantidade maior de unidades e dos apetrechos necessários ao seu emprego.
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CAPÍTULO III
IDADE MODERNA
A Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra marcou toda a Europa do século XIV. As rotas
comerciais terrestres que cruzavam a França, importantes para a articulação do comercio continental,
ficaram comprometidas pela guerra, tornando necessário o estabelecimento de caminhos alternativos.
Ao mesmo tempo, a peste negra trazida nos porões dos navios que circulavam entre o Oriente e
Ocidente, dentro da bacia do Mediterrâneo, devastou a população europeia em muitas áreas, levando à
violenta retração dos mercados consumidores e, portanto, da atividade comercial. Cerca de um terço da
população europeia foi vitimado pela Peste.
Finalmente, a fome generalizada, provocada pela escassez de víveres no cenário de destruição da
guerra e abandono das cidades afetadas pela doença, completou o contexto do que ficou conhecido como a
crise do século XIV.
A epidemia de peste negra começou a declinar por volta de 1350. As ocorrências de fome, porém,
continuariam ocorrendo esporadicamente até o final do século e a paz entre França e Inglaterra só seria
estabelecida em meados do século seguinte. Entretanto, a entrada do novo século significou o surgimento
de novos problemas.
A diminuição da população europeia criou uma situação na qual a retomada da atividade comercial
se faria de forma lenta, na mesma medida da própria expansão demográfica. O desvio de metais preciosos
para o Oriente, na compra das especiarias e outros artigos de luxo, e o esgotamento das minas destes metais
preciosos, principalmente ouro e prata, no continente europeu, tornavam limitada a oferta de moeda,
estrangulando o comércio.
E, finalmente, o monopólio da lucrativa rota mediterrânea das especiarias, exercido pelas cidades
italianas, notadamente Gênova e Veneza, restringia a possibilidade de lucros de outras cidades europeias.
Foram esses fatores que acabaram por forçar a burguesia europeia a buscar novas alternativas para
expandir o comércio, e a saída evidente era a navegação atlântica. Teve origem aí o processo de expansão
marítima europeia.
A empreitada de enfrentar a desconhecida navegação no oceano Atlântico exigia investimentos de
vulto, que estavam muito além das possibilidades de qualquer cidade europeia isoladamente. Em outras
palavras, era necessária a mobilização ampla de recursos, o que foi feito em escala nacional, tornando a
centralização monárquica um verdadeiro pré-requisito para a expansão marítima.
Pelo fervilhante porto de Gênova passavam mercadorias das regiões mais longínquas do Oriente.
Como vimos, França e Inglaterra estiveram envolvidas na Guerra dos Cem Anos até o século XV,
o que retardou o processo de centralização monárquica nos dois países. A Espanha ainda enfrentava os
muçulmanos, somente expulsos completamente da península Ibérica em 1492. Outros territórios europeus
também se apresentavam fragmentados, inclusive os vastos territórios que faziam parte do Sacro Império
Romano-Germânico. Assim, a unificação precoce de Portugal (em relação às demais monarquias do
continente) contribuiu decisivamente para as primeiras iniciativas na expansão marítima europeia.
O Antigo Regime dominante em quase toda a Europa durante a Idade Moderna caracterizava-se
pela combinação de elementos tipicamente feudais com outros surgidos do desenvolvimento comercial.
Assim, as seculares tradições políticas, sociais e econômicas remanescentes da velha ordem feudal foram-
se mesclando aos interesses de uma burguesia cada vez mais atuante e promovendo modificações nas
antigas relações.
Nesse período, os reis tentaram preservar o “status” político da nobreza, ao mesmo tempo em que
acomodavam, na estrutura de poder vigente, os interesses da burguesia comercial, cujas finanças se
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mostravam cada vez mais necessárias aos negócios do Estado. Em decorrência, essas mudanças, antes de
significarem uma profunda ruptura com o passado, representaram a permanência das antigas hierarquias,
que mantinham vastos setores da população europeia à margem do poder.
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No caso específico espanhol é utilizado o termo Bulhonismo, em referência ao nome da moeda espanhola. A Espanha foi a
nação que mais empregou o metalismo em toda a história.
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alternativas para as Índias Orientais. A Espanha apoderou-se de imensa riqueza em ouro e prata ao iniciar
o processo de exploração das minas americanas, na primeira metade do século XVI.
As demais nações europeias não reconheceram a partilha do mundo entre as nações ibéricas, e, ao
longo do século XVI, cobiçaram ferozmente a riqueza acumulada pelos reinos ibéricos, dedicando-se
frequentemente a ataques a suas colônias. Países como França e Inglaterra, retardatários no processo de
expansão marítima, pobres em colônias, foram obrigados a enfatizar outros aspectos do mercantilismo,
como o industrialismo.
De certa forma, é irônico observar que a base manufatureira da França e principalmente da Inglaterra
seria fundamental para a futura expansão capitalista desses dois países. Por outro lado, Espanha e Portugal,
com vastas colônias de onde eram capazes de extrair grande volume de metais preciosos, acabaram se
estagnando economicamente, tornaram-se cada vez mais dependentes de suas possessões na América e,
não raro, passaram por violentos surtos inflacionários provocados pelo excesso de metais preciosos. Além
disso, a manutenção de estruturas políticas que beneficiavam a nobreza e o clero foi fundamental para que
as nações ibéricas ficassem aquém do processo de desenvolvimento capitalista que se anunciava.
5) A Expansão Comercial:
Até época relativamente recente a ausência de boas estradas, as vastas extensões desabitadas, as
montanhas e demais acidentes geográficos constituíam empecilhos sérios ao desenvolvimento das trocas
comerciais. O intercâmbio de artigo de pequeno volume e peso ainda era viável nas caravanas de muares
ou camelos, ou em carroças, mas jamais as transações de vulto destinadas a abastecer de gêneros
alimentícios populações numerosas, ou a suprir de matérias-primas indústrias avançadas. Dessa forma, a
vantagem oferecida pela superfície ilimitada do mar para o transporte longínquo e o frete reduzido para os
produtos do solo ou da indústria evidenciaram-se desde a remota Antiguidade.
Na realidade, não foi senão no dia em que a navegação permitiu a países distantes e diferentes entre
si em civilização comunicarem-se, que o comércio propriamente dito nasceu. Por mar, o caminho está feito,
ou antes, não há necessidade de estradas; o elemento líquido suporta indiferentemente qualquer peso e sua
superfície permite o deslocamento livre em qualquer direção. A força motriz mais fraca, força gratuita, se
é empregado o vento, é suficiente para pôr em movimento massas enormes.
Não é, portanto, de ser admirar que o mar tenha sido por todos os tempos o grande caminho do
comércio e que povos separados por mil léguas de mar encontrem-se na realidade mais vizinhos que outros
separados por cem léguas de terra firme. Mesmo agora, com os progressos do transporte por via terrestre,
o transporte pelo mar é ainda menos oneroso, o que significa trabalho e custo menor. O preço do transporte
da tonelada quilométrica não ultrapassa quase nunca de um quinto a um décimo do preço do transporte por
via férrea. Em Marselha, o preço do carvão, que vem por mar da Inglaterra, passando pelo estreito de
Gibraltar e que percorre 3.500 quilômetros, é menor do que o do carvão transportado por estrada de ferro
procedente das minas de La Grande Combe, situadas a 177 quilômetros. Mares de livre navegação, lagos,
rios ou canais navegáveis constituem dádivas da natureza a determinadas regiões.
As vias aquáticas e a posição relativa das grandes regiões produtoras e consumidoras têm orientado
os fluxos comerciais do mundo. Por muitos séculos o Mediterrâneo foi o centro de cruzamento, no Mundo
Ocidental, das mais importantes linhas comercial-marítimas. Hoje é o Atlântico Norte.
Em outras épocas, alguns países beneficiaram-se da situação de proximidade das principais linhas
de deslocamento de mercadorias e das facilidades de acesso ao mar, propiciadas pelos seus litorais, para
assumirem a função lucrativa de intermediários do comércio mundial. A grande importância adquirida na
História Econômica pelo comércio fenício, púnico, holandês, genovês, veneziano ou inglês originou-se
justamente do fato de ter abarcado uma área extensíssima, servindo não apenas a algumas nações ou mesmo
a algum império, mas a vários continentes. As mercadorias que os navios fenícios deixavam ou apanhavam
nos portos desde a Espanha até o mar Negro, não eram, na sua maioria, nem destinadas às cidades sírias
nem delas procedentes. Mais provavelmente os artigos egípcios e babilônicos constituíam maior parte da
carga. Nas viagens de ida e nas viagens de volta, os artigos trazidos eram desembarcados nos portos de
onde pudessem atingir, depois, os países mais povoados e adiantados da época, sobretudo o Egito, a Assíria
ou a Babilônia.