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SEMINÁRIO BATISTA DO CARIRI

DISCIPLINA: TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO


PROFESSOR: PR MARK WILLSON
ALUNO: PEDRO RONDINELLE MENEZES DE FIGUEIREDO

Uma perspectiva teológica sobre Davi no livro de I Crônicas.

Muitos personagens na bíblia se destacaram ao longo da história pelos grandes feitos de


fé, obediência, equilíbrio, dependência de Deus, humildade etc. Mas só um ficou registrado
nos textos sagrados como sendo “O homem segundo o coração de Deus” I Sm 13:14. Este
personagem que tem por nome: Davi, do hebraico dāwid (‫)דּוד‬, literalmente, “amado”, foi
pastor, salmista e rei. Sua biografia é uma das mais lidas e revisitadas pelos estudiosos do
Antigo Testamento, mas poucos buscam conectar os relatos de sua vida com o escopo maior
da teologia bíblica.
Devido nossas limitações, assim como as pretensões do presente trabalho, buscaremos
fazer uma análise teológico-biográfico sobre Davi baseado no retrato dele apresentado em I
Crônicas. A partir desta análise, tentaremos responder as seguintes problemáticas: Quais
eventos o cronista relata e quais deles o autor destaca? O que ele focaliza? Qual ou quais
propósitos na abordagem dele?
O livro de Crônicas, que significa “anais” ou “histórias”, não declara especificamente seu
propósito, entretanto, com base em seu conteúdo podemos obter uma boa ideia sobre ele. o
Autor não estava meramente interessado em repetir histórias, muito menos fazer uma
compilação dos livros de Samuel e Reis como alguns sugerem. Nele, o escritor demonstra um
profundo comprometimento teológico que norteia sua narrativa dos acontecimentos em Israel.
Em última instância poderíamos dizer que temos uma filosofia da história, sendo evidenciada
mediante a figura de um Deus que controla o curso do mundo, e não somente isto, um controle
com propósitos especificos para seu povo. Mesmo não sabendo sua autoria (a tradição
judaica atribui os livros de Crônicas a Esdras), a obra é reconhecida por todos como sendo
um material pós-exílio babilônico, ou seja, uma narrativa posterior aos anos “gloriosos” de
Israel.
Os nove primeiros capítulos de I Crônicas registram as genealogias de Adão a Saul,
cobrindo a história dos patriarcas e dos filhos de Jacó. Esta primeira seção, busca lembrar
seus leitores que retornavam do exílio as promessas divinas feitas na aliança davídica. As
próprias genealogias têm por objetivo apontar para o fato de que as promessas davídicas
provinham de uma aliança anterior feita entre Deus e Abraão. Não menos importante, é que
a continuidade genealógica testificava a permanência de uma linhagem, e com isto os
Israelitas deviam compreender que as alianças continuavam válidas. Na seção subsequente
(cap. 10-29), diferente de II Crônicas que foca na “casa” ou “linhagem” davídica, temos uma
recapitulação da história de Davi, como personagem principal. Por isto, são estes capítulos
que nos interessam. Com base neles retrataremos o pano de fundo teológico-biográfico de
Davi.
O primeiro relato de I Crônicas sobre o rei Davi se encontra nos capítulos 10 à 12. O
cronista usa esta parte como peça de transição para introduzir um tema maior: a dinastia
davídica e seu declínio, ou seja, sua preocupação é fazer com que seus leitores compreendam
como um reino, trazido à existência pela vontade de Deus , tinha sido reduzido, no fim, a nada,
pela perversidade humana. E para isso, o cronista inicia mostrando como se deu a
transferência do reino de Saul para a casa do filho de Jessé (10:13-14). Em sequência, temos
a expansão gradual do reino de Davi para incluir “todo Israel” (11:1-3; 12:38-40). Com isto
percebemos que a temática do reino se sobressai na mentalidade do autor, tendo um
destaque maior na construção de seu pensamento. Vale ressaltar que os Israelitas não tinham
qualquer perspectiva de uma restauração imediata da linhagem davídica, contudo, o templo
e a adoração eram sinais visíveis que Deus estava com seu povo.
A Mudança ou transferência do reino de Saul para Davi possui alguns marcadores
teológicos que comunicam o caráter de Davi. As explicações dadas pelo autor para justificar
a decadência do reinado de Saul podem ser contrastados com a aprovação de Davi. Pelo
menos três razões são explicitadas no texto: falta de fidelidade, um descompromisso com a
palavra divina e o abandono em buscar a vontade do Senhor. Todavia, algumas metáforas
elevam o modelo monárquico exercido por Davi: pastor e sacerdote de Israel.
Após ser ungido rei em Hebrom, Davi experimentou várias vitórias, assim como uma
ascensão triunfante: recuperou Jerusalém; expandiu seu domínio para o Norte; formou um
exercito de homens valentes; teve forte apoio de todo Israel. Um feito significativo no ministério
davídico que expressou a benevolência divina sobre seu reinado foi a recuperação da arca
da Aliança, pois, simbolizava a manifestação divina diante do seu povo. Era conhecido de
todo Israelita que o Senhor “tabernacularia” nas tendas de Sem, e o principal sinal disso era
sua arca. Não obstante, ser um dos principais marcos na história de seu reinado, esta busca
por Deus mediante sua arca, encontrou seus obstáculos. O cronista não encobre os erros de
Davi. Seu fracasso na primeira tentativa de condução da arca se deu por conta do não
reconhecimento da verdadeira natureza de Deus, este fracasso custou a vida de alguns
israelitas. A majestade divina foi diminuída quando a arca foi separada da tenda, bem como
a decisão de transportar a arca de forma negligente colocando-a em um carro novo. Estes
acontecimentos deixaram claro que estar em posse da arca não era garantia incondicional de
benção divina.
Um dos conteúdos de I Crônicas que nos auxiliam elaboração de um material teológico
sobre o personagem Davi é a benção de Deus sobre o seu reinado no capítulo 14:1-17. Nesta
seção o reinado davídico recebe a aprovação divina 14:2, bem como algumas atividades
exercidas por Davi se tornam conhecidas internacionalmente 14:17. Sua vitória contra os
filisteus retratou a diferença com o antigo governo de Saul: a casa de Davi é fértil (14.3-7),
mas a de Saul acabou (10.6); Davi consulta a Deus (14.10,14), Saul não (10.13-14); Davi
conquista e queima os deuses filisteus (14.12), diante dos quais a cabeça e a armadura de
Saul foram apresentadas como troféus de guerra; O reino de Saul foi transferido (10.14), mas
o de Davi é confirmado (14.2,17).
Mesmo Davi tendo encontrado obstáculos em sua primeira tentativa de transportar a arca
da Aliança, o autor das crônicas ressalta sua persistência em traze-la para Sião. diferente de
seu último fracasso, o rei demonstrou toda sabedoria em consultar os oráculos divinos. Foram
selecionados homens específicos (levitas), assim como todo o cortejo foi conduzido por um
acompanhamento musical. O próprio rei participou da comitiva vestido com roupas
semelhantes as estolas sacerdotais. O senhor abençoou à peregrinação, tendo como
resultado um júbilo em todo Israel. Logo após a chegada da arca os sacrifícios cerimoniais
foram reestabelecidos em Jerusalém, e com isto alguns cantores foram nomeados para
cantarem continuamente perante a arca. Para concluir esta etapa do estabelecimento de uma
nova monarquia em Israel o cronista registra um salmo-hino produzido por Davi para ser
entoado pelos levitas.
A atenção incomum dedicada pelo autor com relação à arca se justifica por conta da
intenção e propósito do cronista. A posição da arca, como tudo o mais em que Davi punha a
mão, não foi uma questão de mero capricho nem de preferência humana, mas parte de um
plano divino sancionado por toda a nação. Até nos momentos de fracassos, como no caso de
Quidom, transformou-se em um meio de bênção para a família de Obede-Edom, de Gate, que
guardou a arca até que esta pudesse ser transportada da forma adequada (w. 9-14). As
sequências dos fatos até a ordem para a construção do templo fecham um ciclo de símbolos
teológicos, pois mostra Davi como descendente espiritual do sacerdote-rei Melquisedeque e
o protótipo daquele que, na teologia cristã, é designado como sacerdote e como rei (Hb 7.11-
17; Ap 19.16).
Um dos principais símbolos unificadores da fé Judaica é a Lei Mosaica, entretanto, o
templo com o passar do tempo passou a ser objeto central na organização religiosa em Israel.
Em I Crônicas 17 temos a narrativa de sua idealização, demonstrando a teologia do cronista
também centrada no templo. O planejamento para a construção se deu num contexto de
prosperidade. Davi, residia num esplêndido palácio de cedro, enfeitado tão elegantemente em
sua honra real como um monarca oriental. Sendo servido por inúmeros servos, desfrutava de
toda a glória. Por isto, desejo dele era edificar um templo proporcional à majestade e à glória
de Deus, que, simbolizado na arca, vivia agora mais uma vez em meio a seu povo.
Apesar de alguns críticos interpretarem que esta parte de Crônicas 17 ser um “comentário
teológico posterior”, inserido posteriormente para explicar o motivo de Deus não ter permitido
edificar o templo. Mesmo que tardia, não há razão alguma para questionarmos a autenticidade
da narrativa. Se este tiver sido a real motivação do autor em inclui-la na narrativa, só fortalece
as suposições que Teólogos costumam levantar para entender causa de Deus não ter feito
Davi o construtor do templo: o elemento tempo (ainda tinha a missão de combater os inimigos
próximos); o elemento pessoa (Deus não lhe destinou para esta tarefa); o elemento provisão
(só quando Israel descansasse das guerras é que teria recursos financeiros suficiente); o
elemento propriedade moral (Davi tinha “sangue em suas mãos” e não estaria habilitado para
construir algo sagrado).
A compreensão de Davi da natureza e da função do templo subtende conceitos
teológicos: Ele chama-o “casa de repouso para a arca da Aliança do Senhor e [...] o estrado
dos pés do nosso Deus”, e para repetir a fórmula usual, “casa [para o] nome [dele]” (28.2-3).
Para Davi, o ponto central era a arca, o templo era considerado principalmente como abrigo
dela. A arca da aliança, sempre seria o símbolo do relacionamento entre o Senhor e seu povo
e também o estrado dos pés (hãdõm) dele, isto é, o lugar da presença e do poder reais. A
imagem aqui é notável. Deus viera estabelecer entre seu povo uma casa da qual poderia
exercer sua autoridade real sobre Israel e as nações. Ele assentava-se sobre a arca,
testificando a aliança como a fundação sobre a qual seu relacionamento com Israel e seu
governo sobre ela encontrava justificação legal.
A implicações teológicas do estabelecimento de Jerusalém como como sede do poder
político e religioso são enormes. A cidade, antes de ser conquistada por Davi, não desfrutava
de respeitável antiguidade no que concerne à história e às tradições de Israel. Isso parecia
mais apropriado, pois Deus estava para fazer algo novo com Davi e a aliança davídica, algo
só ligado ao passado pela enigmática referência a Salém (isto é, Jerusalém), o local do
reinado de Melquisedeque (Gn 14.18; cf. SI 76.1,2).
A promessa da aliança (bêrit) davidica certamente é um dos pontos centrais dos livros
das crônicas. A grande dificuldade que temos é definir a natureza desta aliança, bem como
sua relação com as anteriores. Estudos dos textos de alianças e tratados do Oriente Próximo
da Antiguidade revelaram dois modelos básicos: a concessão real e a paridade, a última
subdividida em bilateral (entre iguais) e unilateral ou do tipo suserano-vassalo (imposto por
um poder superior a um inferior). Estudiosos do Antigo Testamento compararam esses
exemplos bíblicos e descobriram semelhanças impressionantes (e também diferenças) entre
os dois. Diferente da aliança mosaica que parece transmitir esta relação de suserano-vassalo,
a aliança davidica comunica uma concessão real incondicional. A eleição de Davi para reinar
e entrar em aliança com Deus foi um assunto totalmente independente dos méritos dele ou
de maquinação de sua parte. Por isto, inferimos uma incondicionalidade que se perpetuaria
para sempre, sendo uma aliança que repousa sobre as promessas divinas de construir uma
“casa” para Davi.
Eram muitas as bênçãos que acompanhariam o relacionamento da aliança: o Senhor
faria um grande nome (isto é, reputação) para Davi; ele forneceria a Israel um lugar de moradia
seguro e protegido; ele estabeleceria uma casa (ou seja, dinastia) para Davi; a casa e o
reinado de Davi durariam para sempre. A única advertência estava relacionada a disciplina
de Deus para os erros cometidos por Davi, contudo não temos nenhuma menção a um
interrompimento de contrato entre as partes.
Com relação à ligação da aliança com as outras duas grandes que a precederam
(Abraâmica e Mosaica) temos um grande desafio que sempre gerou divergências entre as
escolas teológicas. Não temos diferenças tão vitais entre a aliança davidica e abraâmica, as
duas eram incondicionais e não estavam sujeitas à correspondência final do indivíduo. Mesmo
seus contratantes tendo que responder em obediência ao Senhor, seu contrato dependia
exclusivamente da promessa perpetua de Deus. A aliança mosaica, por sua vez, era
condicional no fato de que Israel tinha a escolha de se comprometer com ela e de que a
continuação de Israel como parceira da aliança e seu sucesso em alcançar os objetivos da
aliança dependiam totalmente de sua obediência. As diferenças.
Embora a aliança davidica tenha certa continuidade com a abaraâmica é um erro supor
que ela é uma continuação ou amadurecimento da aliança feita com Abraão. Em vez disso, é
preferível entender a aliança davídica como um anexo da mosaica, da mesma forma que a
mosaica é um anexo da abraâmica. Em outros termos, a aliança mosaica preparou a nação
de Israel para assumir responsabilidades de serva como a semente de Abraão, e a aliança
davídica equipou a nação serva com governança real que facilitaria essa função e também
representaria o governo ideal pretendido pelo Senhor desde o dia da criação.
Por fim, as conclusões que chegamos após o exame do texto de I Crônicas é que o relato
está inserido num ponto proposital da bíblia, o texto faz parte de um escopo maior e unificador
das Escrituras. Uma das dificuldades que temos em conectar o relato de Crônicas com a
história de Jesus é porque costumamos ler os livros de forma estanque, entretanto o conceito
de reino e da presença divina entre seu povo demonstra toda interatividade coma mensagem
do Filho de Deus vindo a terra. Com relação ao texto imediato que explana a história de Davi,
fica evidente que o autor está preocupado em mostrar que pela primeira vez um reino foi
estabelecido em Israel sob a benção de Deus, bem como seu governo se fundamentava no
relacionamento especial com Senhor comumente chamado de aliança davídica.
Bibliografia:

MERRILL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. Santo Amaro, São Paulo: Shedd
Publicações, 2009.

SELMAN, Martin J. 1 e 2 Crônicas introdução e comentário. São Paulo, SP: Editora Vida
Nova, 2006.

CHAMPLIN, R. N. Antigo testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo, Sp:
Editora Hagnos, 2001.

SWINDOLL, Charles R. Davi: um homem segundo o coração de Deus. São Paulo, SP: Mundo
Cristão, 1997.

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