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Nº 104

Natureza e dinâmica das


mudanças recentes na renda e na
estrutura ocupacional brasileiras

1
4 de agosto de 2011
Governo Federal Comunicados do Ipea
Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República
Os Comunicados do Ipea têm por objetivo
Ministro Wellington Moreira Franco antecipar estudos e pesquisas mais amplas
conduzidas pelo Instituto de Pesquisa
Fundação pública vinculada à Secretaria de Econômica Aplicada, com uma
Assuntos Estratégicos da Presidência da comunicação sintética e objetiva e sem a
República, o Ipea fornece suporte técnico e pretensão de encerrar o debate sobre os
institucional às ações governamentais – temas que aborda, mas motivá-lo. Em geral,
possibilitando a formulação de inúmeras políticas são sucedidos por notas técnicas, textos
públicas e programas de desenvolvimento para discussão, livros e demais publicações.
brasileiro – e disponibiliza, para a sociedade,
pesquisas e estudos realizados por seus Os Comunicados são elaborados pela
técnicos. assessoria técnica da Presidência do
Instituto e por técnicos de planejamento e
Presidente pesquisa de todas as diretorias do Ipea.
Marcio Pochmann Desde 2007, mais de cem técnicos
participaram da produção e divulgação de
Diretor de Desenvolvimento Institucional tais documentos, sob os mais variados
Fernando Ferreira temas. A partir do número 40, eles deixam
de ser Comunicados da Presidência e
Diretor de Estudos e Relações Econômicas e passam a se chamar Comunicados do Ipea.
Políticas Internacionais A nova denominação sintetiza todo o
Mário Lisboa Theodoro processo produtivo desses estudos e sua
institucionalização em todas as diretorias e
Diretor de Estudos e Políticas do Estado, das áreas técnicas do Ipea.
Instituições e da Democracia
José Celso Pereira Cardoso Júnior

Diretor de Estudos e Políticas


Macroeconômicas
João Sicsú

Diretora de Estudos e Políticas Regionais,


Urbanas e Ambientais
Liana Maria da Frota Carleial

Diretor de Políticas Setoriais de Inovação,


Regulação e Infraestrutura
Márcio Wohlers de Almeida

Diretor de Estudos e Políticas Sociais


Jorge Abrahão de Castro

Chefe de Gabinete
Pérsio Marco Antonio Davison

Assessor-chefe de Imprensa e Comunicação


Daniel Castro

URL: http://www.ipea.gov.br
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria

2
Apresentação
Este Comunicado do Ipea trata da natureza e dinâmica das mudanças sociais em
curso no país, no que diz respeito à estrutura ocupacional e renda. Espera-se, com isso,
antecipar algumas das principais constatações observadas a respeito do conjunto de
pesquisas e estudos que se encontram em andamento na instituição retratando
aprofundadamente a complexidade das transformações atuais no interior da sociedade
brasileira.
Para tanto, procurou-se sistematizar uma série histórica de informações
estatísticas geradas originalmente pelo IBGE (Censo Demográfico, Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios, Pesquisa de Orçamento Familiar e Contas Nacionais). A
partir de dados de mais largo prazo, buscou-se sair das circunstâncias analíticas atreladas
ao momento presente, para refletir a estrutura geral das mudanças sociais.
Este estudo encontra-se constituído de duas partes, sendo:
(i) a primeira seção voltada a situar brevemente a natureza principal da manifestação
das mudanças na renda e estrutura ocupacional no Brasil; e
(ii) a segunda seção associada ao entendimento das forças dinâmicas das mudanças
sociais em curso no país.
Ademais desta curta apresentação, a última parte contém breves considerações
finais a respeito deste Comunicado. Como norma, o presente estudo contou com o apoio
de parte importante do corpo técnico em planejamento e pesquisa do Ipea1.

1 – Natureza das mudanças


Em comparação com os últimos cinquenta anos, o Brasil convive atualmente com
experiência inédita no sentido da transformação de sua estrutura social. Durante a maior
parte deste longo período, o dinamismo de uma sociedade que empreendia o esforço da
industrialização nacional manifestava-se sempre acompanhado do aumento das
desigualdades, o que gerava obstáculos profundos à coesão social no interior desta
sociedade. Ainda que seja necessário acompanhar a sequência da evolução para o
segundo decênio do século 21, percebe-se que a última década representou uma ruptura a
esse padrão, por meio da redução das desigualdades no interior da distribuição pessoal da
renda do trabalho que, pela primeira vez, acompanhou a elevação da renda per capita dos
brasileiros.
Da mesma forma, registra-se que a recuperação recente da participação do
rendimento do trabalho na renda nacional encontra-se em sintonia com a elevação dos
componentes de melhora da situação geral dos trabalhadores. Ou seja, ampliação da taxa
de ocupação em relação à força de trabalho (queda da taxa de desemprego) e da
formalização dos empregos da mão de obra e queda da pobreza absoluta.
Em função disso, pode-se constatar que o sentido das mudanças sociais apresenta
invariavelmente naturezas distintas de sua manifestação entre os anos de 1960 e 2010. A
primeira, nas décadas de 1960 e 1970, o ritmo de expansão da renda per capita foi
extremamente forte, com crescimento médio anual de 4,6% ao ano. Também a situação

1
Este comunicado contou com a assistência e colaboração de: Luciana Acioly, Fábio de Sá e Silva, James da Silva,
Daniel Castro, Thiago Freitas Ângelo, Hélder Ferreira, Aristides Monteiro Neto e André Calixtre.
3
geral do trabalho – compreendida pela ampliação da taxa de ocupação da mão de obra,
formalização do emprego e redução da pobreza – elevou-se em 4,2% ao ano, em média.
Apesar desta melhora, a participação do rendimento do trabalho na renda nacional
caiu 11,7%, enquanto o grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho
aumentou quase 21,9% entre 1960 e 1980. Assim, o Brasil expandiu a renda por habitante
e melhorou a ocupação, acompanhada da piora na desigualdade na distribuição pessoal e
funcional da renda.

Gráfico 01 - Brasil: evolução dos índices da renda per capita nacional e do grau de
desigualdade da renda pessoal* (1960 = 100)
350 135
Primeiro Padrão
325 crescimento da
130
renda per capita e
300 da desigualdade
125
275

120
250

225 115

200 110
Segundo Padrão
175 estagnação da renda
per capita e da 105

150 desigualdade
Terceiro Padrão
100
crescimento da renda per
125 capita e redução da
desigualdade
95
100

75 90
60
63

66
69

72
75
78

81
84

87
90
93

96
99
02

05
08
19
19
19

19
19
19

19
19

19
19
19

19
19

19
20
20

20

r end a p o r b r asi l ei r o d esi g ual d ad e d e r end a

Fonte: IBGE/Contas Nnacionais (elaboração Ipea)


*Índice de Gini

4
Gráfico 02 - Brasil: evolução dos índices da participação do rendimento do
trabalho na renda nacional e da composição do trabalho* (1960 = 100)
105 310
Primeiro Padrão
cai a parcela salarial
290
100 e eleva a
Segundo Padrão
composição do
cai a parcela salarial
trabalho Terceiro Padrão
e a composição do 270
cresce a parcela
95 trabaho
salarial e a
composição do 250
trabalho
90
230

85
210

190
80

170
75

150

70
130

65
110

60 90
60

63

66

69

72

75

78

81

84

87

90

93

96

99

02

05

08

11
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20
P a r t i c i pa ç ã o do r e nd i m e n t o d o t r a b a l ho na r e nda
na c i on a l
C om po si ç ã o do t r a ba l ho

Fonte: IBGEContas Nacionais (elaboração Ipea)


* taxa de ocupação, de formalização do emprego e da pobreza

Entre os anos de 1981 e 2003, a natureza das mudanças sociais no Brasil alterou-
se profundamente. Enquanto a renda do conjunto dos habitantes manteve-se praticamente
estagnada, com variação média anual positiva de 0,2%, a situação geral do trabalho
piorou 14%. Para acrescentar, a participação do rendimento do trabalho na renda nacional
reduziu-se em 23%, com a desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho
tendo se mantido praticamente inalterada, pois se reduziu ao ritmo de 0,1% a ano, em
média.
Desde 2004, contudo, o padrão das mudanças sociais encontra-se submetido a
outra natureza. Por um lado, a expansão média anual da renda per capita dos brasileiros
em 3,3%, com melhora do índice da situação geral do trabalho ao ritmo de 5,5% ao ano,
em média.
Por outro lado, observa-se também que a participação do rendimento do trabalho
na renda nacional aumentou 14,8% entre 2004 e 2010. Neste mesmo período de tempo, o
grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho foi reduzido em 10,7%.
Uma vez identificada a distinta natureza das mudanças sociais recentes, cabe também
considerar a dinâmica motora principal de sua manifestação.

5
2 – Dinâmica das mudanças
O principal traço marcante das mudanças sociais observadas até a década de 1980
no Brasil foi o vigor da aceleração da produção industrial. Simultaneamente à expansão
absoluta da produção secundária da economia (indústria e construção civil), assistiu-se à
perda relativa de importância do produto do setor primário (agropecuária), sem que
houvesse alteração significativa na participação do setor terciário da economia (serviços e
comércio).
Tanto assim que entre 1950 e 1980, o peso do setor secundário passou de 20,5%
do Produto Interno Bruto (PIB) para 38,6% (aumento de 88,3%), ao passo que a
participação do setor primário reduziu-se de 29,4% para 10,7% do PIB (queda de 63,6%).
Para o mesmo período de tempo, o setor terciário manteve-se relativamente estável, com
participação inferior a 51% do PIB.

Gráfico 03 - Brasil: evolução da composição setorial do Produto Interno Bruto


(em %)
80

70 66,2

60

50,7
50,1
50

38,6
40

29,4 27,9
30

20,5
20

10,7
10
5,9

Produção primária Produção secundária Produção terciária

1950 1980 2008

Fonte: IBGE/Contas Nacionais (elaboração Ipea)

Neste início do século 21, contudo, somente o setor terciário tem registrado
aumento na sua posição relativa em relação ao PIB. Entre 1980 e 2008, o setor terciário
cresceu seu peso relativo em 30,6%, respondendo atualmente por 2/3 de todo a produção
nacional, enquanto os setores primários e secundários perderam 44,9% e 27,7%,
respectivamente, de suas participações relativas no PIB.

6
Gráfico 04 - Brasil: evolução da composição setorial da ocupação (em %)
80

70

60,6
57,6
60

50
42,6

40
32,8

30 24,6 24,0
22,5
18,4
20 16,9

10

Ocupação primária Ocupação secundária Ocupação terciária

1950 1980 2008

Fonte: IBGE/Censo Demográfico e PNAD (elaboração Ipea)

As alterações no interior da dinâmica da produção nacional repercutiram, em


consequência, na evolução e composição da ocupação da força de trabalho. Na fase
anterior, em que predominava a força da dinâmica industrial, a ocupação do setor
primário reduzia-se drasticamente, passando de quase 61%, em 1950, para menos de 1/3
do total dos postos de trabalho. Simultaneamente, os setores secundário e terciário
aumentaram suas posições relativas na ocupação total, pulando de quase 17% e 22,5%,
respectivamente, em 1950 para próximo de 23% e 43%, em 1980.
A partir da década de 1980, somente o setor terciário tem crescido o seu peso no
total da ocupação nacional. O setor primário seguiu diminuindo o seu peso relativo no
total dos postos de trabalho, de 32,9% para 18,4% entre 1980 e 2008, enquanto o setor
secundário manteve-se relativamente estabilizado em quase ¼ da ocupação nacional.

Gráfico 05 - Brasil: evolução do saldo das ocupações segundo setores de atividade


econômica (em mil)
15

11,7

10

7,4
5,8
5,1
5

0
-0,3 Anos 1970 Anos 2000
-2,7
-5

Setor Prim ário Setor Secundário Setor Terciário

Fonte: IBGE/Censo Demográfico e PNAD (elaboração Ipea)

7
Gráfico 06 - Brasil: saldo líquido de ocupações geradas para trabalhadores de
salário de base segundo a posição profissional
-11.094
222.512
Trabalhadores de reparação e manutenção
mecânica 156.463
253.658

520.230
Trabalhadores da fabricação de alimentos, 13.677
bebidas e fumo 60.900
98.148

-106.163 81.405
Trabalhadores das indústrias de madeira e do
mobiliário 68.446
104.478

1.285.914
Trabalhadores das indústrias-285.220
têxteis, do
curtimento, do vestuário e das artes gráficas 216.326
395.502

-143.274
Trabalhadores da fabricação e instalação 57.248
eletroeletrônica 57.193
94.915

-97.446 356.291
Trabalhadores da transformação de metais e de
compósitos 40.404
-34.909

1.998.033
Trabalhadores da indústria extrativa e da 18.016
construção civil 245.126
678.618

-66.269
420.568
Produtores na exploração agropecuária 2.178.561
3.238.613

2.153.691
768.701
Vendedores e prestadores de serviços do comércio 1.041.728
526.660

6.119.193
489.528
Trabalhadores dos serviços
-361.004 2.117.042

1.326.737
86.279
Trabalhadores de atendimento ao público 171.370
9.298

-473.544 1.605.324
Escriturários 324.246
151.749

159.610
Técnicos em nível médio dos serviços culturais, 2.385
das comunicações e dos desportos 16.129

5.996 120.305
-184.200
Professores leigos e de nível médio 252.856
169.728

-43.345
119.278
Técnicos de nível médio das ciências biológicas,
bioquímicas, da saúde e afins 27.920
75.136

328.828
Técnicos de nível médio das ciências físicas, 188
químicas, engenharia e afins -6.650
0

178.318
23.174
Comunicadores, artistas e religiosos 74.171
44.512

131.341
-4.090
Profissionais das ciências sociais e humanas 7.729
10.387

443.787
Profissionais do ensino (com formação de-8.269
nível
superior) 17.104
808

-24.755 154.264
Dirigentes e Gerentes de empresas e organizações
(exceto de interesse público)
-98.172 94.492

Década-500000
de 1970 500000 Década de 1980
1500000 2500000 Década
3500000 de 19904500000 Década
5500000 de 2000
6500000

Fonte: IBGE/PNAD (elaboração própria)

Na década de 2000, o setor terciário tem gerado 2,3 vezes mais empregos que o
setor secundário, ao passo que na década de 1970, o setor terciário gerava somente 30%
mais postos de trabalho que o setor secundário da economia nacional. No setor primário,

8
a diminuição nos postos de trabalho no primeiro decênio do século 21 chega a ser 9 vezes
maior ao verificado na década de 1970.
Quando se consideram as ocupações geradas segundo a posição profissional,
percebe-se a importância quantitativa da expansão dos postos no setor de serviços, o
principal empregador na década de 2000. Na sequência, teve importância também,
embora em menor escala, as ocupações na construção civil e indústrias extrativas, bem
como de escriturários.

Gráfico 07 - Brasil: evolução do saldo líquido médio anual decenal das ocupações
geradas segundo faixa de remuneração (em mil)
2400
1.994 2.101
2100

1.722
1800
1.460
1500

1200

900
589 596 616
544 540
600
302 404
215
300

0
-6
-300
Década de 1970 Décadas de 1980 e 1990 -108 Década de 2000

-397
-600

Sem rem uneração Até 1,5 sm 1,5 a 3 sm 3 sm e m ais Total

Fonte: IBGE/Censo Demográfico e PNAD (elaboração Ipea)

Nos últimos quarenta anos, a maior expansão quantitativa de ocupações ocorreu


justamente no primeiro decênio do século 21, com saldo líquido 44% superior ao
verificado no período de 1980 e 1990 e 22% superior à década de 1970. A grande parte
dos postos de trabalhos gerados concentrou-se na base da pirâmide social, uma vez que
95% das vagas abertas tinham remuneração mensal de até 1,5 salários mínimos. O que
significou o saldo líquido de 2 milhões de ocupações abertas ao ano, em média para o
segmento de trabalhadores de salário de base.
Nas faixas dos trabalhadores sem remuneração e dos acima de 3 salários mínimos
mensais houve destruição líquida de ocupações, sendo de 108 mil vagas e de quase 400
mil, em média ao ano, respectivamente. No segmento dos ocupados pertencentes à faixa
de rendimento de 1,5 a 3 salários mínimos mensais houve a geração média anual de 616
mil postos de trabalho.
Nos anos 1970, a geração de postos de trabalho foi menos desequilibrada entre as
diversas faixas de remuneração, com leve queda líquida das ocupações sem rendimentos.
Na média das décadas de 1980 e 1990, todas as faixas de remuneração cresceram, sendo a
de melhor desempenho relacionada às de rendimento acima de 3 salários mínimos
mensais.
Com isso, a estrutura de remuneração dos ocupados brasileiros alterou-se
significativamente. De 1970 ao ano 2000 havia a trajetória de redução relativa do
segmento de remuneração na faixa de até 1,5 salário mínimo mensal, que passou de
77,1% para 45,8% de todos os postos de trabalho. Na seqüência, aumentava o peso
relativo das ocupações de maior rendimento, como no caso daquelas com mais de 3

9
salários mínimos mensais, que saltou dos 9% de todas as vagas, em 1970, para 28,7% no
ano 2000.
Na primeira década de 2000, entretanto, a parcela dos ocupados com até 1,5
salário mínimo voltou a crescer, aproximando-se de quase 59% de todos os postos de
trabalho. Em compensação, as demais faixas de remuneração reduziram a sua posição
relativa.

Gráfico 08 - Brasil: evolução da composição ocupacional segundo faixa de


remuneração (em %)
100%
9,0
90% 19,6 16,4
25,9 28,7
13,8
80%

70% 21,1 24,9

77,1 21,3
60% 25,5

50%
59,3 58,7
40%
52,8
30%

20% 45,8

10%

0%

1970 1980 1990 2000 2009

A t é 1,5 s m 1,5 a 3 s m 3 s m e m a is

Fonte: IBGE/Censos Demográficos e PNAD (elaboração Ipea)

Em função disso, a estrutura da distribuição dos postos de trabalho segundo as


faixas de remuneração no ano de 2009 aproximou-se à registrada em 1980, com forte
peso para as ocupações na base da pirâmide social. A recuperação do valor real do salário
mínimo tem contribuído decididamente para proteger e elevar o piso do poder de compra
das remunerações dos trabalhadores que se encontram nos postos de trabalho em
profusão nos setores mais dinâmicos da economia nacional. Ou seja, no setor terciário,
seguido da construção civil e indústrias extrativas.

10
Gráfico 09 - Brasil: estratificação ampliada da População Economicamente Ativa
(propriedade, moradia, escolaridade, ocupação, renda e consumo (em %)
90

78 , 5
80

70
58 ,9
60

50 4 6 ,3

37,2
40
3 2 ,0 3 2 ,2
2 6 ,9
30

20 14 ,3
7,2
10 3 ,9

1995 2009

D et ent o r es d a r end a d a p r o p r i ed ad e D et ent o r es d a r end a d o t r ab al ho - ní vel méd io - ni vel inf er i o r Po b r es

Fonte: IBGE/Censo Demográfica, POF e PNAD (elaboração Ipea)

Ao se analisar o movimento mais recente das mudanças sociais no país,


considerando-se para além do rendimento e ocupação, o grau de escolaridade, a posse de
propriedade, moradia e bens de consumo, percebe-se a conformação de uma nova
estratificação da sociedade. Somente nos anos de estabilização monetária, entre 1995 e
2009, percebe-se a significativa força dinâmica da produção e, por consequência, da
geração de novas ocupações.
Em grande medida, a forte expansão do conjunto das ocupações de salário de base
pertencentes ao setor terciário e da construção civil e indústria extrativa favoreceu a mais
rápida incorporação dos trabalhadores na base da pirâmide social. Com isso, a parcela
considerável da força de trabalho conseguiu superar a condição de pobreza, transitando
para o nível inferior da estrutura ocupacional de baixa remuneração, porém, não mais
pobre, tampouco de classe média. Esta, por sinal, praticamente não sofreu alteração
considerável, pois se manteve estacionada na faixa de 1/3 dos brasileiros, enquanto os
trabalhadores de salário de base aumentaram a sua participação relativa de menos de
27%, em 1995, para 46,3%, em 2009. Na condição de pobreza, a queda foi significativa,
de 37,2% para 7,2% no mesmo período de tempo.
Além disso, observa-se também a rápida expansão populacional daqueles cuja
remuneração principal assenta-se no conjunto das rendas da propriedade (lucro, juros,
renda da terra e aluguéis) durante o período recente de estabilidade monetária. Em 2009,
esse segmento social representou mais de 14% da População Economicamente Ativa,
enquanto em 1995 não atingia a 4%.

11
Considerações finais
Nas páginas anteriores foi possível constatar que as mudanças econômico-sociais
recentes apresentam natureza distinta de manifestação em relação à verificada nos
últimos cinquenta anos. Pela primeira vez, o Brasil consegue combinar a maior ampliação
da renda por habitante com a redução no grau de desigualdade na distribuição pessoal da
renda do trabalho. Ademais da recuperação da participação do rendimento do trabalho na
renda nacional, notou-se o quadro geral de melhora da situação do exercício do trabalho,
com diminuição do desemprego e crescimento do emprego formal.
A dinâmica das mudanças encontra-se associada às transformações na estrutura
produtiva, com crescente impulso do setor terciário, sobretudo a geração de postos de
trabalho. De maneira geral, o maior saldo líquido das ocupações abertas na década de
2000 concentrou-se naquelas de salário de base, ou seja, ao redor do salário mínimo
nacional. Dos 2,1 milhões de vagas abertas anualmente, em média, 2 milhões encontram-
se na faixa de até 1,5 salário mínimo mensal.
Combinado com a recuperação do valor real do salário mínimo nacional, a recente
expansão das vagas de salário de base permitiram absorver enormes parcela dos
trabalhadores na base da pirâmide social, favorecendo a redução sensível da taxa de
pobreza em todo o país. Mesmo sem alterar o segmento intermediário da atual
estratificação social, observou-se a polarização pronunciada entre as duas pontas com
forte crescimento relativo: os trabalhadores na base da pirâmide social e os detentores de
renda derivado da propriedade.

12
13

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