Вы находитесь на странице: 1из 3

Esse retrato do monte Fuji faz parte de uma série intitulada “Trinta e

seis vistas do monte Fuji”, de Katsushika Hokusai. Hokusai viveu


entre 1760 e 1849. Foi um artista, pintor e gravurista japonês que
utilizava o gênero UKIYO-E, um tipo de xilogravura e pintura,
também conhecida como estampa japonesa, que prosperou no Japão
entre os séculos XVII e XIX. UKIYO-E significa: “retratos do mundo
flutuante”. Além de muito praticado por diversos artistas japoneses
nesse período, o gênero exerceu grande influência em pintores
impressionistas como Degas, Manet, Monet, e pós-impressionistas
como Van Gogh, Paul Gauguin, Toulouse-Lautrec.

RETRATOS DO MUNDO FLUTANTE. TRINTA E SEIS VISTAS DO


MONTE FUJI. O monte Fuji é a mais alta montanha de todo o
arquipélago japonês. Sua imagem está presente na cultura nipônica
de modo arquetípico. São várias as significações e interpretações
conferidas às origens do nome – Fuji. Entre as mais conhecidas,
estão: riqueza ou abundância; sem igual, interminável; montanha que
se ergue como uma espiga de arroz; fogo, mulher idosa, divindade do
fogo. Como se pode observar, é bem variável o significado do nome. E
talvez a leitura milenar que se faz do monte, geração após geração
constituindo uma longa história, tendo a montanha, que é um vulcão,
como horizonte, ganhe relevante expressão nos UKIYO-E de
Katsushika Horukai.

Observando essa montanha de fogo e gelo, me lembro das


considerações que um filósofo italiano contemporâneo, Giorgio
Agamben, fez a respeito do FOGO e do RELATO. O filósofo diz que a
história da humanidade, composta de registros, inscrições, obras,
acontecimentos, documentos que testemunham a existência de uma
infinidade de povos, etnias, culturas do passado, muitos subsistindo
de forma ainda relevante em nosso presente histórico, e muitos já
quase desaparecidos da vida que discorre agora (presentes, no
entanto, como um espectro que se amplia, uma imensa sombra
histórica que tais registros, inscrições, obras e documentos tecem),
enfim, Giorgio Agamben diz que a história da humanidade, apesar de
proporcionar maior segurança e orientar as gerações vindouras, é
responsável também pelo apagamento, pelo distanciamento dos
mistérios originais que a humanidade histórica realiza em sua
aventura. Ele demonstra uma ambiguidade, um paradoxo nisso:
somente através de acontecimentos e textos, objetos e registros
herdados de nossos antepassados é que conseguimos acessar o
conhecimento, transformar a realidade, alcançar sabedoria. No
entanto, é por eles também que nos tornamos cada vez mais
desnorteados e empobrecidos de experiência. Ou seja, nos afastamos
e nos aproximamos do fogo primordial.

UKIYO-E, esse gênero de pintura que implica “retratos do mundo


flutuante”, é linguagem e expressão de uma longa jornada cultural a
fim flagrar o mesmo e o transitório, o eterno e o efêmero, o imutável
e o mutável no dia a dia.

Os trabalhos e os dias dos trabalhadores, as nuances e diferenças de


nossa passagem sobre o planeta, propagam, giram e circulam sobre
um mesmo eixo, esse velho astro do universo que orbita o sol: Terra.
Entretanto, sem a presença das fontes de mistério, dessas paisagens
próximas e desconhecidas que funcionam como verdadeira chama de
significados ambivalentes em nossas escolhas, erraríamos desolados
em uma existência desprovida de sentido.
Aqui, onde traçamos nossas trajetórias – de esforço, perdas e
conquistas, silêncio e celebração –, estamos situados entre as
montanhas do mar e da Mantiqueira. E é bem nesse meio, ao menos
por enquanto, que nossa vida, como uma pequena vírgula no infinito,
entre sua aparição e desaparição, transforma e possibilita a
passagem do tempo. Ou seja, salvaguarda as relações entre o
permanente e o impermanente, o fogo e a história.

Para finalizar, gostaria de ler um pequeno trecho de um poema do


escritor russo, Wladimir Maiakovski, com o intuito de que a poesia
possa servir, em nossa jornada de professores e mediadores, como
um pequeno feixe de luz:

Brilhar pra sempre,


brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
gente é pra brilhar,
que tudo o mais vá pro inferno,
este é o meu slogan
e o do sol

Вам также может понравиться