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INÍCIO !

GERAL

ENTREGUISMO

Como o agronegócio está


exportando a água do
Brasil
Produtos como soja, café, algodão, açúcar
e carne bovina, enviam para o exterior
mais de 112 trilhões de litros de água

Redação COMPARTILHE
Rede Brasil Atual,

19 de Março de 2018 às 11:42

No Brasil, a quantidade de água voltada somente


para a agricultura beira os 70% do consumo total /
Manoel Marques/Imprensa MG

O capital, sobretudo internacional, há anos


tem se interessado por um dos maiores
recursos naturais que dispomos em nosso
território: a água. Do ponto de vista
estratégico, esse é um dos elementos
fundamentais que garantem nossa soberania,
no entanto, a cada ano que passa,
observamos a ganância das multinacionais,
se apropriando deste bem natural tão
importante pra vida.

Segundo dados da Unesco, por ano, o Brasil


envia para o exterior aproximadamente 112
trilhões de litros de água doce, o que
equivale a cerca de 45 milhões de piscinas
olímpicas. Esse número nos coloca entre os
maiores exportadores da chamada "água
virtual", um conceito que mede a quantidade
de água utilizada e absorvida na produção de
commodities agrícolas voltadas para a
exportação.

No Brasil, a quantidade de água voltada


somente para a agricultura beira os 70% do
consumo total, valor bem mais alto que os
20% correspondentes à indústria e os 10%
voltado para o consumo doméstico.

Entre os produtos exportados que mais


utilizam água, a soja se destaca.
Recentemente, o IPEA lançou um relatório
sobre a "água virtual" utilizada na produção
do grão. De acordo com o órgão, só em 2013,
exportamos mais de 55,6 milhões de
toneladas de soja, totalizando, um volume de
água superior a 123 bilhões de m³.

Os principais destinos foram China (71


bilhões de m3), Países Baixos (12,8 bilhões
de m3), Espanha (4,8 bilhões de m3), França
(3,7 bilhões de m3), e Alemanha (3,4 bilhões
de m3).

Consumo desproporcional
São diversas as formas de obtenção de
água por parte das grandes empresas
multinacionais que dominam o mercado do
agronegócio irrigado no país.

Segundo o IBGE, no início dos anos 1960, o


Brasil tinha apenas 462 mil hectares
irrigados. Hoje em dia, o número é bem mais
elevado, a estimativa é que mais de 6,1
milhões de hectares estejam voltados para o
consumo de água para o agronegócio e com
possibilidade de expansão para até 47
milhões de hectares.

Recentemente, a população de Correntina,


município localizado no oeste da Bahia se
revoltou ao observar a forma
desproporcional a qual uma empresa vinha
utilizando a água de um dos rios que cortam
a região. A empresa em questão, Igarashi, de
origem japonesa, consome hoje
aproximadamente 100 vezes mais do que
toda população do município, retirando água
diretamente do Rio Arrojado, responsável
por abastecer a cidade.

O ato trouxe a tona uma antiga discussão da


forma com que as empresas vêm se
apropriando dos rios e em alguns casos, até
mesmo de nascentes.

Uma tecnologia recente vem dominando as


produções irrigadas do agronegócio em todo
o país, os chamados "pivôs centrais". Esse
sistema envolve uma área circular projetada
para receber uma estrutura suspensa que em
seu centro recebe uma tubulação que gira de
forma circular. Esse processo envolve uma
grande quantidade de água que na maioria
dos casos é proveniente de rios, por meio de
bombas.

O mapeamento nacional dos pivôs centrais


indicou 19,9 mil equipamentos, em 2014,
com ocupação de 1,3 milhão de hectares.
Essa área é 43% superior à registrada pelo
IBGE no Censo Agropecuário de 2006,
quando os números indicavam 893 mil
hectares.

Os sistemas estão localizados em sua


maioria em áreas de cerrado e mata
atlântica, respectivamente 79% e 11%,
majoritariamente nos estados de Minas
Gerais, Goiás, Bahia, Paraná e São Paulo.

Segundo Temóteo Gomes, da coordenação do


Movimento dos Atingidos Por Barragens
(MAB), na região oeste da Bahia, importante
pólo de produção do agronegócio nacional,
centenas de pivôs foram instalados nos
últimos anos, consumindo um número
absurdo de água.

"Só na região de Jaborandi, temos instalados


mais de 117 pivôs centrais. Em todo o Oeste
da Bahia são mais de 160 mil hectares
irrigados, tem empreendimentos com 12
bombas de captação de água ligadas 24h. A
maioria é monocultura, grãos para
exportação, nada fica pra região", afirma
Temóteo.

A "outra" ameaça do agronegócio


Além da água absorvida diretamente e
entregue aos estrangeiros, o agronegócio, ao
explorar a terra por meio de monoculturas,
gera impactos diretos e indiretos aos
ecossistemas. A forma de produção limitada
a um só "produto" pode desencadear uma
alteração brusca no meio ambiente,
alterando o nível de chuvas, por exemplo, o
que acaba diminuindo o abastecimento dos
rios e nascentes, além de causar impactos
sociais às populações. É o que aponta Bruno
Pilon, da coordenação nacional do MPA
(Movimento dos Pequenos Agricultores).

"O maior problema é que a conta do uso da


água, e o retorno da água pelo agronegócio
não fecham. Além dos índices de
contaminação eles retiram mais água do que
conseguem colocar no solo, onde o
agronegócio passa fica um rastro evidente de
seca. Conseguimos observar isso de forma
muito marcante nos monocultivos do
eucalipto no extremo norte do ES e no sul da
BA responsável por secar muitos mananciais
que atendiam comunidades camponesas
inteiras, o eucalipto é exportando, vai pra
longe, mas a seca fica", aponta.

Segundo ele, outro impacto profundo


causado pelo agronegócio diz respeito à
contaminação das nascentes pela produção
intensiva com agrotóxicos.

"A legislação ambiental que diz respeito ao


uso dos venenos não é cumprida por eles, e
mesmo se fosse sabemos que ainda iria
impactar. Quem tem um cofre no peito, não
tem respeito algum às fontes de água, e isso
tudo vai parar no prato, ou no copo das
pessoas, os componentes dos venenos não
desaparecem na água, e impactam toda a
vida ao seu redor, não só as famílias
camponesas, mas o bioma por completo. O
agronegócio vê a água assim como o solo,
como um depósito de fatores, lá se tire e se
coloca o que quer e quando quer e quem
mais sofre com isso são as populações do
campo e da cidade, da pra imaginar que
quando você toma banho em sua casa pode
estar também se "ensaboando" com
glifosato?, questiona.

Para Bruno, vivemos num momento delicado


no que diz respeito ao consumo de água,
correndo riscos graves de escassez.

"Um dos impactos indiretos mais cruéis são


os relacionados à morte de muitos rios e
córregos, eles mudam drasticamente o mapa
hidrográfico de onde se instalam e isso
muitas vezes é irreversível, sendo
responsável pelo fim do abastecimento de
água de muitas comunidades. Esse modelo
de produção não só está fardado ao fracasso,
como empurra toda a humanidade com ele, a
desertificação de nossos solos está em curso
acelerado, e podemos chegar a um quadro
irreversível, é muito contraditório viver num
pais com uma das maiores reservas de água
do mundo, se o modelo produtivo nos
cerceia o acesso", completa.

Edição: Redação

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