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DISCURSO DIRECTO

Dalila Venâncio: a minha gata tem um clube de jazz


2007-12-31
Teve animais desde que se lembra. Dos mais variados, incluindo um macaco,
que durante a infância, em Angola, foi um verdadeiro companheiro de
brincadeiras.
Dalila Venâncio tem agora duas gatas e confessa que hoje seria incapaz de
manter em casa qualquer animal menos adaptado ao homem do que ao seu
próprio habitat.
Faz assessoria de imprensa, mas é pelo artesanato que nutre uma verdadeira
paixão.

Maianga

"Zuleika e Maianga são mãe e filha.


A Zuleika é uma gata preta e foi oferecida; a Maianga é filha dela, era a única gata
clarinha de uma ninhada de oito! Foi a primeira ninhada da Zuleika e eu achava que
ela devia ter companhia e então escolhi a que era diferente na ninhada.
Acho que a Maianga agora está a ficar com o cio, vou deixá-la ter também uma
ninhada e depois vou esterilizá-la. Mas acho que elas gostam de ser mães.
Pode ser impressão minha, mas acho que a Zuleika estava tão contente a exibir a
barriga, quando estava grávida, e depois quando teve os filhos. Teve-os na minha
cama: miou, miou, até eu ir para o pé dela, eu vi o que ia acontecer, fui buscar um
cobertor e fiquei ali a olhar para ela. Nos intervalos, entre gatinhos, eu fazia-lhe festas;
se eu me mexia um bocadinho ela olhava logo para mim como quem diz: 'será que ela
se vai embora?'.
Entretanto eu já tinha um caixote preparado e meti-a num caixote com os filhos e levei-
os para a cozinha. Ela deixou-se ficar um dia ou dois, mas depois começou a ir ter ao
meu quarto e levava os filhotes um por um para a minha cama. O mais engraçado é
que os transportava sempre pela exacta ordem por que tinham nascido.

Eu fiquei com a Maianga e todos os outros foram dados a pessoas que os queriam
mesmo, estão todos bem e tenho notícias de todos eles. Agora espero que a Maianga
não tenha oito! Este mês ou no próximo vai engravidar de certeza. Não sei se ainda
fico com mais um, eu não queria, mas já não digo nada, logo se vê.

Zuleika

Eu adoro animais mas neste momento para ter em casa prefiro gatos. Até tenho medo
de ficar como aquelas pessoas que às tantas, quase sem darem por isso, acabam por
ter 20 gatos em casa.
Mas gosto imenso, é um animal que tem o espaço dele e não interfere muito no nosso,
interfere apenas no momento certo, são independentes mas muito queridos, com uma
energia muito boa.
Gosto muito da energia dos gatos.

As minhas gatas têm hábitos bastante diferentes uma da outra: a Maionga passeia
pela rua durante o dia mas vem dormir a casa, enquanto a Zuleika faz exactamente o
oposto: dorme o dia todo dentro de casa e lá pelas onze e meia, meia-noite, vai-se
embora e só volta de manhã com ar de quem vem do clube de jazz.
Eva com Domingas ao colo

A Domingas esteve cá por casa dois ou três anos, era uma cadela abandonada que a
minha cunhada aqui deixou apenas por um fim-de-semana e acabou por ir ficando.
Quando fui de férias ao Brasil, a Domingas ficou com a Eva, que fez o favor de tomar
conta dela. Mas quando cheguei estavam apaixonadas.
Ainda voltou cá para casa, todos os dias a Eva vinha vê-la, depois o meu filho achou
por bem oferecê-la, porque achava que a Eva era tão apaixonada que merecia ter a
Domingas com ela.

Sempre tive animais, desde criança, de macacos a papagaios, cágados, ouriços-


cacheiros. Lembro-me que o meu Pai às vezes saía à noite e na manhã seguinte dizia-
me: vai ver o que está na cozinha. E eram os ouriços que eu adorava. Tive cágados,
dos quais gostava muito também, pintava-lhes a casca com guaches, todos às cores.
Tive um papagaio, ainda em Angola, que era o Idiamim Dádá, que era um espectáculo
e que durante a guerra imitava o barulho das bombas enquanto tapava a cabeça com
a asa.
Tive outro papagaio mais tarde, o Jonas, foi-me oferecido, trouxeram-mo de Angola.
Tive dois persas – um casal – lindíssimos, cães tive vários e recordo sobretudo a
Chanel, uma cocker anã toda negra, que morreu de um momento para o outro, nunca
descobri a causa. Tive uma cadela maravilhosa, uma boxer tigrada lindíssima que
acompanhou o crescimento do meu filho mais velho e que foi roubada, à minha frente,
puseram-lhe uma trela e disseram que era deles, fui para tribunal, apresentei várias
testemunhas e mesmo assim perdi.

O animal que me marcou mais na infância foi o macaco. Chamava-se Pimpolho e era
o meu companheiro de brincadeiras, andava sempre comigo, era um sagui.
Eu morava numa casa grande, toda rodeada de varandas, por baixo havia uma
pastelaria, ele ia até lá, toda a gente o conhecia e davam-lhe pastéis de nata. Um dia
zangámo-nos. Eu gostava muito de brincar com frasquinhos e tinha uns pequenos
frascos de vidro cheios de bolinhas de pão que eu fazia e pintava às cores. Nesse dia,
estava a fila de frasquinhos de vidro alinhada num muro, num pátio onde eu brincava,
entretanto entrei em casa para ir buscar mais qualquer coisa e quando volto a sair
estava o macaco à estalada aos frascos e aquilo tudo a ir pelos ares. Eu fiquei com
uma tal ataque de nervos que agarrei o macaquito e bati-lhe, mas devo ter-lhe batido
com força e ele, zangado mordeu-me no peito. Claro que fiquei desesperada, achei
aquilo uma traição. Ele por seu lado também amuou e acabámos por passar o dia todo
zangados, cada um para seu canto. Quando ele morreu tive um desgosto enorme.
Tive outros macacos depois desse, mas nunca mais foi a mesma coisa. Hoje em dia
seria incapaz de ter este tipo de animais, como macacos e papagaios. Acho que estão
bem é no seu ambiente natural."

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