Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Proposta de Comunicação
Autor: Dra. Anita Helena Schlesener - Profa. de Ética e Filosofia Política da UFPR
(aposentada) e Profa. do Mestrado em Educação da UTP.
Resumo:
1
TOGLIATTI, Palmiro. Prefazione. In: GRAMSCI, A. Il Materialismo Storico e la
filosofia di Benedetto Croce. Torino : Einaudi, 1949.
3
A crítica gramsciana pode ainda ser lida como o desdobramento de uma postura
política já presente nos escritos pré-carcerários, no sentido de concretizar uma atuação
partidária pautada por uma dialética efetiva, ou seja, uma política em que os antagonismos
pudessem se manifestar num equilíbrio de forças contrastantes, no sentido de construir um
consenso ativo e operante. Para tanto, era preciso esclarecer que o determinismo inviabiliza
qualquer ação efetiva das massas e as reduz à passividade ante a política soviética, era o
modo de Gramsci colocar-se em situação de distanciamento em relação ao stalinismo; na
política italiana, era a forma de enfrentar as interpretações que orientavam a política
socialista e tornavam difícil o processo de organização política das classes trabalhadoras.
A retomada da interpretação de conceitos fundamentais para a compreensão do
materialismo histórico completa-se no objetivo básico do trabalho gramsciano, que é
restabelecer o significado da dialética marxista e esclarecer o sentido da filosofia da praxis
como “uma filosofia integral e original que inicia uma nova fase na história e no
desenvolvimento mundial do pensamento enquanto supera (e, superando, integra em si os
seus elementos vitais) tanto o idealismo quanto o materialismo tradicionais, expressões das
velhas sociedades. Se a filosofia da praxis não é pensada senão como sendo subordinada a
uma outra filosofia, é impossível conceber a nova dialética na qual aquela superação se
efetua e expressa”. 2
Ao realizar tal crítica, Gramsci parece mostrar a ferida aberta pelo stalinismo no
corpo do movimento revolucionário: a “redução da filosofia da praxis a uma sociologia
representou a cristalização da tendência vulgar, já criticada por Engels (cartas publicadas
no Sozial Akademiker) e que consiste em reduzir uma concepção de mundo a um
formulário mecânico, que dá a impressão de poder colocar toda a história no bolso”. 3 Esta
referência é endereçada diretamente ao stalinismo em uma carta escrita ao filho Délio, na
qual Gramsci manifesta-se a propósito do ensino escolar na União Soviética, sugerindo que
alguns professores tratam a teoria de forma dogmática, dando a impressão de carregar toda
a história no bolso. 4
2
GRAMSCI, Antonio. Quaderni del Carcere (Edizione critica dell Istituto Gramsci, a cura
di Valentino Gerratana). 2a. ed., Torino : Einaudi, 1977, p. 1425.
3
Q. p. 1428, p.1445 e p.1418.
4
GRAMSCI, A. Cartas do Cárcere, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, p. 375.
4
5
Q., p. 420.
6
Q., p. 1449.
5
força coesiva das classes dirigentes, como elemento de subordinação a uma hegemonia
exterior, que limita negativamente o pensamento das massas populares”. É na medida em
que são ignorados enquanto sistemas bem ordenados que tais filosofias possuem uma
eficácia direta no modo de pensar e de agir das multidões. O Ensaio Popular parte da
crítica à filosofia sistemática quando deveria partir da crítica ao senso comum e, dessa
forma, confirma seus pressupostos e preconceitos. 7
Ao acentuar a concepção da filosofia da praxis como historicidade, como interrelação
entre filosofia, política e história, os fragmentos gramscianos se encaminham no sentido de
demonstrar que a atitude do autor do ensaio é dogmática e, por isso, se apresenta como uma
forma ingênua de metafísica, o que se identifica já na colocação do problema, no esforço
em “construir uma sociologia sistemática da filosofia da praxis”.8 Ora, a historicidade
dessa filosofia torna paradoxal qualquer tentativa de sistematização, assim como a sua
proposição em forma de manual de orientação política, que é precisamente o objetivo do
escrito de Bukharin. “Nos mais recentes desenvolvimentos da filosofia da praxis o
aprofundamento da unidade” e da relação entre teoria e prática está em fase inicial:
“permanecem resíduos de mecanicismo”; a teoria é entendida como “’complemento’,
‘acessório’ da prática, a teoria é serva da prática”. Tal processo transforma
quantitativamente o contexto geral da estrutura e mantém a reflexão política no âmbito
econômico-corporativo. 9
Esta situação, no texto de Bukharin, se apresenta na aplicação de determinadas
categorias aristotélicas como causalidade, uniformidade, regularidade, normalidade, que
substituem a dialética histórica. A relação causal implica uma anterioridade de um
elemento sobre o outro e não se pode colocar a superação ou a inversão da práxis. A
filosofia da praxis é reduzida, assim, a um conjunto de leis fixas, regulares que, de certo
modo, alcançam uma eficácia prática no sentido do direcionamento político imediato, mas
empobrecem e descaracterizam a grande contribuição da teoria de Marx quanto à
compreensão do processo histórico. 10
7
Q., p. 1396-7.
8
Q., p.1402.
9
Q., p. 1386-7.
10
Q., p. 1403
6
11
Q. 13, p. 1590.
12
FRANCIONI, Gianni. Gramsci tra Croce e Bucharin: sulla Strutura dei Quaderni 10 e 11.
In: Critica Marxista, 1987, n. 6, p. 19-45. Também ______. Interpretazione di Gramsci.
Pavia (Ensaio publicado sem data pelo Instituto de Filosofia de Pavia) Arquivo da
Biblioteca da Fundação Feltrinelli, Milano.
13
GRAMSCI, Q., p. 421-22.
14
FIORI, G., Gramsci, Togliatti, Stalin. Bari-Roma: Laterza, 1991.
15
SPRIANO, P., Gramsci in carcere e il partito. Roma : L' Unità, 1988. Também:
SPRIANO, P., L’ultima ricerca di Paolo Spriano (i documenti segreti dagli archivi
dell’Urss sui tentativi per salvare Antonio Gramsci). Roma : L’Unità, 1988.
16
VACCA, G., L’Urss staliniana nell ‘analisi dei “Quaderni del carcere”.
17
PAGGI, L.,Le strategie del potere in Gramsci – Tra fascismo e socialismoin un
solo paese. Roma : Riuniti, 1984..
7
18
BENVENUTI, F. e PONS, S., L’Unione Sovietica nei Quaderni del carcere. In: VV. AA.
Gramsci e il Novecento. Roma : Carocci, 1999, p. 93-124.
19
FRANCIONI, Gianni. In: Critica Marxista, 1987, n. 6, p. 45.