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pontofinal
Projeto Experimental
dos alunos do
8º semestre de
Jornalismo da
UNIMEP

Fortunato Losso Netto 1910 - 1985 Sábado, 17 de novembro de 2012

Ilustração: Rodrigo Harder

MUNDOMÍDIA
JORNALISMO SOCIEDADE RÁDIO PRIVACIDADE EDUCAÇÃO
Excesso de informação Ícone do século XX, Sintonia AM Facebook cresce no Formação cultural
marca sociedade TV se moderniza, conserva proximidade país, mas receio de amplia participação
contemporânea e desafia mantém influência e entre os radialistas exposição afasta e potencializa acesso
produtores de conteúdo dita comportamentos e seus ouvintes muitos usuários à cidadania plena
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pontofinal Sábado, 17 de novembro de 2012
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Forma, conteúdo e Tecnologia e Ambiente Digital


atenção na mídia
Paulo Roberto Botão * Belarmino Cesar Guimarães da Costa * escrita e da descoberta de meios de
reprodução audiovisual, como

F M
orma e conteúdo são, cada vez mais, faces de uma inha viagem e aven- no cinema e na televisão,
mesma moeda e a sua perfeita combinação consiste de- tura pelos (des) hoje vivemos uma profunda
safio para aqueles que hoje atuam como produtores de caminhos da transformação nas formas
mensagens e, no final das contas, batalham a cada momento vida têm início no ano de pensar e de relaciona-
mento humano, não só

Ilustração: Rodrigo Harder


pela atenção do público. de construção do Muro
O acesso à informação foi potencializado por tecnologias de Berlim e quando Iuri em termos de processa-
sofisticadas e ao mesmo tempo fluidas, de interface intuitiva, Gagarin se tornava o mento de conteúdos e
e este movimento incita produtores de conteúdo relevante a primeiro ser humano de sua armazenagem,
aprimorarem os seus processos de leitura da realidade. So- a viajar pelo espaço, mas nas condições de
mente deste modo a comunicação que produzem irá agregar portanto época de re- memória, imaginário,
conhecimento a ajudar as pessoas a compreenderem o mundo. presentações contradi- complexidade sensó-
Neste contexto, o jornalismo mantém vitalidade, rein- tórias: uma associada ao rio-intelectiva, e ainda
venta-se, busca novas práticas e formatos, mas esforça-se aprisionamento, à separa- nas formas de produ-
sobretudo para manter sua identidade. A atividade jornalís- ção, às cercas da intolerân- ção, distribuição e con-
tica não pode sucumbir no mundo das aparências, pois se cia étnico-racial e cultural; sumo de produtos cultu-
nutre da capacidade justamente de ir além da superfície, de outra metaforicamente ex- rais industrializados. Ainda
atribuir sentido aos fatos, de mostrar suas implicações para pressando o alargamento das é incerto se o aprimoramento
a sociedade e de avaliar estes fatos em perspectiva. possibilidades do deslocamento ético-moral e a condição forma-
Os novos meios de comunicação e os novos espaços de para lugares inimagináveis e com a tiva do homem evoluíram com a
interação, por seu lado, exigem também do jornalismo novas condição de expandir as noções de mesma velocidade e transformações
formas de narrar, que incorporem os novos paradigmas de territorialidade e de pertencimento. Há pouco o termo tecnologia foi no campo das sensações.
pensamento do mundo contemporâneo. Novos conteúdos, As duas passagens percorrem me- utilizado como sujeito que é capaz de Nos anos sessenta, um pensador
portanto, implicam também novas formas, pois os espaços de mórias de uma época de encanto modificar estruturas e vidas humanas visionário, Marshall McLuhan,
vida são cada vez mais espaços de comunicação, relaciona- pela tecnologia e de suspeita sobre o com o propósito de demarcar que sustentava a hipótese - hoje ple-
mento e convivência. Novas esferas públicas, definidas pelo fato dela necessariamente produzir silenciosamente seu uso foi sendo namente percebida - de que os
mundo digital, sugerem novos modos de pensar e comunicar. condições de esclarecimento. naturalizado na sociedade. Não se meios de comunicação criam uma
Esta 24ª edição do Ponto Final trata destas reflexões, a De 1961 para cá, a humanidade se pode perder a condição de que a aldeia global e que se postam como
partir da aproximação com faces deste mundo informativo e encontra nas fronteiras entre transfor- tecnologia é um objeto produzido e suportes de extensão sensorial do
digital hoje (re)configurado. E as reportagens abordam fenô- mar positivamente os conhecimentos que decorre de necessidades humanas homem, fazendo com que houvesse
menos recentes e ainda a serem melhor explicados, como as científicos em força para criar a fissão historicamente forjadas pelas contra- mudanças na ordem do pensamen-
mídias sociais, e suportes consagrados como a televisão e o nuclear e melhorar as condições de dições econômicas, sociais, culturais, to, da memória, da imaginação. As
rádio. Também exploram o debate sobre o futuro do próprio vida; ao mesmo tempo, depara-se e também demarcadas pelos traços de rupturas provocadas na experiência
jornalismo e avaliam o potencial formativo da cultura. com o enriquecimento do urânio e época e das civilizações. Na tecnolo- e na forma de relatar e tecer a vida,
Num contexto em que forma e conteúdo se articulam, crianças nuas fugindo das bombas de gia não está apenas o componente ainda mais quando a velocidade se
aprofunda-se também nesta edição a cooperação entre os napalm, como nas tristes imagens da funcional. É preciso extrair dela, torna um imperativo nas relações
estudantes de Jornalismo e Design Gráfico da Unimep. Os Guerra do Vietnã. Em cinco técnicas, desde sua concepção e uso, as dimen- de produção, sociabilidade e nos
resultados são páginas enriquecidas em suas mensagens e que a tecnologia foi capaz de modificar sões éticas e ideológicas. Ou seja, um momentos de tempo livre, geram
estimulam a reflexão sobre os temas apresentados. as condições de transportes, comuni- objeto que foi criado para vigiar e tensões entre gerações, lugares e
cações e a maneira como se organiza controlar em momentos de conflitos civilizações. Aqueles que percorre-
* Coordenador do Curso de Jornalismo da Unimep
o trabalho, a esfera do lazer e do en- e de guerras, quando utilizado em ram no tempo as transformações
tretenimento, sendo este demarcado outro contexto, ainda atua em suas tecnológicas, e que não nasceram
EXPEDIENTE: Ponto Final: Órgão laboratorial do Curso de Jornalismo da pelas superexposições das sensações demarcações de origem. com as habilidades aparentemente
Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). Reitor: Clóvis Pinto de Castro
e imagens. Contudo, ainda Chaplin, Assim se dá com a computação e naturalizadas das novas gerações,
– Diretor da Faculdade de Comunicação: Belarmino Cesar Guimarães de Cos-
ta. – Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão – Orientador com seus “Tempos Modernos”, nos a Internet, e com toda transformação são tidos como “migrantes digitais”:
e Editor Responsável: Paulo Roberto Botão (MTB 19.585). Repórteres: Ana convida a pensar sobre a dissonância tecnológica de passagem do mundo seres lendários e inconformados,
Carolina Miotto, Antonio Corazza Netto, Fernando Galvão Pellini, Laura Cerri
Tesseti e Sabrina Dilio Franzol. Produção Gráfica e Arte Final: Sérgio Silveira entre o trabalho industrial, monótono analógico/tipográfico/eletrônico cujo dilema é existir integrado a um
Campos (Laboratório de Planejamento Gráfico). Ilustrações: Rodrigo Harder e sem criatividade. A metáfora no fil- para o espectro da digitalização da mundo permanentemente outro a
(Capa e Página 2), Alexandre Polastri Neto (Página 3), Fernando Bueno e Gio-
vana Gilberti Palermo (Página 4), Érico San Juan (Página 6) alunos do Curso de me é da condição humana que se forja informação que, nas últimas cinco cada atualização de página.
Design Gráfico da Unimep, sob orientação do professor Camilo Riani. Versão quando a liberdade e a expressão dei- décadas, transformaram as condições
digital: soureporter.com.br. Correspondência: Faculdade de Comunicação –
Campus Taquaral – Rodovia do Açúcar, Km 156 – Caixa Postal 68 – Telefone: xam de ser cultivadas como dimensões de trabalho, lazer e entretenimento. É * Belarmino Cesar Guimarães da Costa,
(19) 3124.1676 – E-mail: prbotao@unimep.br – Impressão: Jornal de Piracicaba. ontológicas e formativas. sensato imaginar que, a exemplo da Jornalista e Diretor da Facom/Unimep

Sintonia com as novas


linguagens e tecnologias de
comunicação. Compromisso
com a ética e a qualidade
da informação.

Jornalismo
Unimep
Lab. Plan. Gráfico/Serginho - Foto: Thiago Barros

Acesse nossos sites:

unimep.br/jornalismo
soureporter.com.br
jornalunimep.blogspot.com.br

Informações:
Curso avaliado com (19) 3124.1676
4 estrelas pelo Guia do
Estudante e Conceito 4 prbotao@unimep.br
no Enade/MEC.
Sábado, 17 de novembro de 2012 pontofinal
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É MUITO
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO PROVOCA A
SENSAÇÃO DE QUE É POSSÍVEL SABER TUDO E,
AO MESMO TEMPO, NÃO SABER NADA

Sabrina Franzol Conhecimento, expressões


sabrina_franzol@hotmail.com que surgiram no fim do
século 20 e nasceram com

E
le lê diariamente dois a globalização. Nesta era, a
jornais de Limeira, ci- informação flui em veloci-
dade onde mora, e os dade e quantidade jamais
matutinos O Estado de S. Pau- imaginadas. Devido ao
lo e Folha de S. Paulo. Acessa avanço tecnológico,
a rede social Twitter, busca há aceleração
informações em portais de nos processos
notícias como G1 e R7 e, para de produção
acompanhar os bastidores po- e de difusão
líticos da ‘capital da laranja’, dos aconteci-
recebe SMSs (sigla em inglês mentos e múlti-
para “serviço de mensagens plas possibilidades
curtas”) de amigos. de se informar.
Esta é a rotina de Pablo Além dos meios tra-
Augusto Biazotto, estudan- dicionais, como TV, rádio,
te de direito de apenas 20 revistas e jornais impressos,
anos. E tem mais. Todas as hoje existem os chamados
manhãs, antes de sair de dispositivos móveis, como
casa, e à tarde, antes de ir à smartphones e tablets. Todas e se disseminam, é impres-
faculdade, ele assiste ao ca- estas mídias concorrem pela cindível se manter informa-
nal de notícias Globo News. audiência e tempo das pes- da. Todas as manhãs leio as
“Por mais que eu saiba que, soas. A atenção depositada principais notícias disponí-
geralmente, tudo que assisti aqui, agora, na leitura deste veis no jornal Folha Online.
no início do dia verei nova- jornal, pode estar dividida, Acesso, também, sites com
mente no fim da tarde, não por exemplo, com o noti- notícias da minha área de
consigo ficar sem. Quando ciário da TV que, além das atuação, como o Saúde Busi-
não tenho tempo de assistir, notícias apresentadas pelos ness Web. Além disso, todos
fico chateado, parece que âncoras, traz, em letras me- os dias leio religiosamente o
não estou completo, que es- nores e na parte inferior da Blog do Reinaldo Azevedo,
tou desinformado. Acho que tela, mais notícias. que faz análise crítica sobre
é medo de não ficar sabendo Outra “vítima” da So- as principais notícias em
de alguma coisa, podemos ciedade da Informação é destaque”, conta ela, que,
dizer que sofremos bullying o engenheiro agrônomo e semanalmente, lê, ainda,
se não estamos antenados professor aposentado Eva- (sobra tempo?) a revista Veja
com o que está acontecendo risto Marzabal Neves, 71. e, quinzenalmente, a revista pessoas se sentem obrigadas
no mundo”, diz Biazotto. Ele consulta três jornais Exame. “Hoje em dia, você a saber tudo o tempo todo e,
Parece loucura? Ele dis- diariamente, lê revistas consegue acesso à internet com isso, criamos um novo
corda. “Acho que nunca fiz técnico-científicas, assiste em muitos lugares. Portanto, vício, o vício da informação.
loucuras para me informar. telejornais e acessa sites só não se informa quem não Se, por algum motivo a pes-
No máximo, fico acordado, como o UOL (Universo On quer”, diz. soa precisar ficar distante das
aguardando a atualização do Line). “Do jornal, o que me Todas essas facilidades, notícias por um período, ela
site do Jornal de Limeira”, interessa para atualização de segundo a psicóloga Keise sofre. É uma verdadeira crise que te leva a uma expecta- Ser “bombardeado” pelas
conta o rapaz, que se admite disciplinas faço clipping. Eu Guarnieri, criam nas pessoas de abstinência”, comenta. tiva de dar conta de tudo mais variadas informações,
nomofóbico – o termo vem dependo da informação, por a necessidade de sempre É isso o que confirma de maneira muito intensa. segundo a cientista social
do inglês nomophobia (jun- isso, se algum dia eu ficar estarem “antenadas”. Ela a também psicóloga Thais Quanto mais eu possuir Dora Tedrus, só é benéfico
ção de no+móbile+phobia) sem ela, ficarei parado no explica que, quando alguém Barros, pesquisadora do informação, mais vou estar quando comparado a tem-
e designa pessoas que ficam tempo”, afirma. faz um comentário sobre um Cidade do Conhecimento, atualizada. Mas isso é ilu- pos anteriores. “Os bene-
angustiadas quando estão A mestranda em Adminis- assunto qualquer e o interlo- grupo da ECA /USP (Escola são, porque o ser humano fícios existem em relação
sem conexão móvel. tração Hospitalar e Sistemas cutor não está sabendo dos de Comunicação e Artes da sempre tem mais para co- a gerações passadas, que
Mas Biazotto é apenas de Saúde, Carolina Lopes fatos, logo aparece a per- Universidade de São Paulo), nhecer. O problema é que demandavam muito tempo
um dos quase 7 bilhões Zanatta, 26, também busca gunta: nossa, como você não que estuda o uso da tecnolo- essa cobrança tira a pessoa para saber aquilo que, hoje,
de pessoas que vivem na se atualizar constantemente. sabe? Em que mundo você gia a favor da construção do do eixo e acaba deixando-a é possível acompanhar no
chamada Sociedade da In- “Hoje em dia, na velocidade vive? “Para não passar por conhecimento. “Cria-se uma frustrada, com sentimento mesmo momento em que
formação ou Sociedade do em que as coisas acontecem esse ‘constrangimento’, as falsa ideia de completude, de incompetência”, explica. ocorre”, diz.

Sabrina Franzol

20 minutos para... DICAS PARA CONTER


A ANSIEDADE DE SE
Jornais impressos se adaptam, mas INFORMAR

mantêm princípios do bom jornalismo Como conter a ansiedade


diante deste mundo que
não reserva tempo para
O que você faz em 20 a pessoa pode fazer em 20 atividades diferentes de
minutos? Dá para ler um minutos, como comer um consumir informações?
jornal durante este tempo? sanduíche, tomar um banho. Confira as dicas da psicó-
E a idéia do Metro é a de ser loga Keise Guarnieri
A resposta é sim. Pelo me-
nos, é isso o que promete um jornal conciso, porém • Estipule uma rotina para
o tablóide sueco Metro, de não superficial, que possa se informar
distribuição gratuita que, ser lido de ponta a ponta em • Imponha limites a você
hoje, é lido em mais de 20 20 minutos”, diz o diretor
• Selecione as notícias/
países, inclusive no Brasil, de redação do diário, Fábio
informações imprescin-
onde existe desde 2007. E Cunha. Ele acrescenta que díveis
o Metro não está sozinho, o desafio do jornal impres-
afinal, a competição é acir- so, diante da tecnologia, é • Anote as informações
avançar nas histórias, trazer que julgar necessárias
rada. Na disputa por espaço
para uso posterior
e leitores, o jornal impresso, personagens, opiniões dos
o mais antigo e tradicional leitores e análises. “É mos- • Nos fins de semana,
meio de informação jornalís- trar um viés que ninguém viu quebre a rotina. Fique
tica, precisa criar diferentes ou falou sobre o assunto”. dadas, textos maiores, com importância. “As pessoas têm longe do celular, da
objetivo da página é oferecer
internet
estratégias para alcançar o A Folha de S. Paulo, um ao leitor uma leitura rápida o intuito de produzir co- pouco tempo para dedicar à
destaque desejado diante da dos jornais mais influentes do jornal, com os destaques nhecimento. Segundo Lou- informação. Então, quando • Entenda que você não é
TV, do rádio e dos portais de do Brasil, tem a Folha Corri- da edição do dia”, confirma rival Sant’Anna - autor de O elas vão se informar, elas obrigado a saber tudo o
notícias. da, página na qual é possível Suzana Singer, ombudsman Destino do Jornal e repórter querem, primeiro, que a tempo todo. Se você não
“Hoje, o que nós busca- saber, em poucos minutos, informação seja verdadeira, estiver por dentro do as-
do matutino. d’O Estado - na Sociedade
sunto, diga sem medo:
mos nas pessoas é a atenção os assuntos tratados na edi- Por outro lado, o jornal da Informação, o papel do que esteja completa, que faça
“Não fiquei sabendo. O
delas. O nosso principal ção do dia, como se fosse um O Estado de S. Paulo aposta jornalista é dar as notícias sentido e que seja o mais que foi que aconteceu?”
concorrente é tudo o que breve passeio pelos fatos. “O em matérias mais aprofun- e organizá-las por grau de importante”, explica.
pontofinal Sábado, 17 de novembro de 2012
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Antonio Corazza deve ser o corpo da mulher,


tonycorazza@gmail.com é algo que a mídia determi-
na”, salienta Guidotti.

H
á quase 80 anos era E em geral, o que a mídia
realizada na Eu- sugere é impossível, afirma o
ropa, a primeira psiquiatra e professor cola-
transmissão televisiva. No borador da USP Taki Cordás,
Brasil, o debut aconteceu na especialista em transtornos
década de 50, com a estréia alimentares. “Existem coisas
da extinta TV Tupi e, mais que sugerem essa influencia
de meio século depois, a como a maciça propaganda
TV continua sendo um dos de ideais de beleza e corpo
maiores, senão o mais pode- ideal que faz com que
roso meio de comunicação muitas mulheres e me-
de massa do mundo, capaz ninas queiram se en-
de influenciar a opinião caixar nesse modelo,
pública, transmitir debates e o que só alcançado
ideias políticas e promover com prejuízos físi-
ações sociais benéficas à so- cos e emocionais”
ciedade. O veículo informa, explica o especia-
dita moda e estabelece novos lista.
comportamentos. Cordás não acredita
Apesar da internet cres- num efeito direto, mas na
cer cada vez mais e ocupar complementação desse es-
o tempo e atenção das pes- timulo de comunicação em
soas, a televisão mantém seu pessoas com traços prévios

O PODER DA
prestígio e também amplia cia de que a TV seja mantida de insatisfação corporal,
seu alcance. O serviço de com autonomia em relação depressão e ansiedade. “Ou
televisão por assinatura é às esferas de poder político e seja uma conjunção de gené-
um exemplo de como a TV econômico. Na sua opinião, tica e aspectos biológicos,
cresce e vem atraindo cada uma mídia livre e pluralista familiares e mídia”, afirma

‘TELONA’
vez mais consumidores. De ajuda a democracia. “Ela A atriz Dayenne Mes-
acordo com o IBGE (Institu- contribui para um ambiente quita, da Rede Globo, que
to Brasileiro de Geografia e de livre circulação de idéias interpreta a personagem
Estatística) essa modalidade porque exprime a diversida- Stela na novela Cheia de
chegou, em setembro de de de opiniões que compõem Charme), explica que se
2012, a 25,5% das residên- o universo social”, diz. preocuparia com os efeitos
cias brasileiras e a aproxi- Mas, ele defende políti- de uma personagem que
madamente 50 milhões de cas de regulação. “No caso interpretasse somente em
pessoas. Em um período de da radiodifusão, contudo, casos mais graves, que en-

EM TEMPOS DE TECNOLOGIA
12 meses o número de assi- como se trata de um bem volvesse por exemplo apo-
nantes cresceu 305%. público (uma concessão do logia a alguma coisa que ela
Pesquisa realizada este Estado), é preciso haver, sim, não concordasse ou trans-
ano pelo Ibope (Instituto
Brasileiro de Opinião Pu-
E MUITAS ‘TELINHAS’, TV determinado grau de regula-
ção, isto é, políticas públicas
mitisse uma imagem ruim.
Na sua opinião, a TV é um
blica e Estatística) mostra
que o brasileiro assiste em MANTÉM INFLUÊNCIA que, no caso brasileiro, res-
peitem os princípios consti-
veículo de muito poder e as
emissoras deveriam se pre-
média 5 horas e meia de tucionais da liberdade e da ocupar um pouco mais em
televisão por dia em 2012; Ricardo Gonçalves complementaridade entre que tipos de programas que
10 minutos a mais que em os sistemas estatal, público produzem, pois muitos que
2010 e 20 minutos a mais e comercial”, completa. menosprezam a inteligência
que em 2009. Desde o ano Uma lista divulgada este ano do público e vulgarizam
passado a pesquisa mostra no site do Ministério das certos temas.
que todos os segmentos Comunicações intitulada “Os personagens que
etários e econômicos mos- como “caixa preta” revelou fiz e as obras que participei
traram aumento no tempo que em 2011 56 congressis- sempre foram ‘politicamente
de permanência com o tele- tas eram sócios ou tinham corretos’, nunca fui convi-
visor ligado. parentes em emissoras de dada para um papel em que
O tamanho da influência radio e televisão. O fato se eu precisasse analisar essa
do meio sobre as pessoas, explica, em grande medida, questão. Mas se isso aconte-
entretanto, divide a opinião segundo Felipe Pena, por cesse me preocuparia sim e
de especialistas. O psicólogo uma política de concessões isso poderia fazer com que
Neto Guidotti explica que televisivas que é herança do eu não aceitasse participar
existem pessoas que são governo do presidente José de uma obra”, completa
mais, menos ou nem um Sarney que além de sócio da Dayenne.
pouco influenciadas pela Rede Mirante de Televisão Diante destas questões,
televisão. Um homem que do estado do Maranhão limitar o tempo que crianças
possua boa informação, seja (afiliada a Rede Globo e e adolescentes passam em
emocionalmente equilibra- outras emissoras) distribuiu frente à televisão é impor-
do, seguro e tenha um bom canais em troca de apoio no tante. A pedagoga Márcia
nível de satisfação pessoal, Folha de S. Paulo, um dos jornais mais tradicionais do país, inova ao investir em um
congresso. Marcos explica que as crian-
pode assistir e não se in- programa de televisão, o TV FOLHA, exibido na TV Cultura ças não separam o que são
fluenciar com o que vê. “Há Comportamento fantasias e o que é realidade
casos em que a utilização Jornalista e professor acha mais difícil, embora pois sempre atende às ne- Existem casos em que as e, por isso, o cuidado por
da TV é apenas para assistir da Universidade Federal ainda possa produzir distor- cessidades de uma minoria pessoas, através das mini- parte dos pais é essencial.
filmes e nada mais. O mes- Fluminense, Felipe Pena diz ções. “Mas as empresas são que detém o poder”, avalia -series, novelas, programa Além disto, segundo a peda-
mo acontece com o público que no passado, quando não organizações profissionais. Guidotti. de auditórios e propagandas goga, há diversas pesquisas
fanático por documentários havia internet, talvez a TV Sabem que dependem do O sociólogo e crítico de modificam seu compor- que relacionam o tempo
e assim vai”, observa. alienasse as pessoas. Hoje, público”, explica. mídia Jefferson Goulart con- tamento e personalidade. gasto em frente ao aparelho
Guidotti chama a aten- corda e destaca a importân- “Até mesmo a estética, como com sintomas como obe-
Tony Corazza
ção para outro aspecto, o sidade e baixo rendimento
da exposição de determi- escolar.
nados estilos de vida. “Po- O assunto também preo-
demos observar o número Pais, filhos & televisão cupa os telespectadores como
de programas mostrando a a nutricionista e mãe de dois
vida de pessoas milionárias, Confira as dicas da pedagoga Márcia Marcos para filhos, Adriana Daibes. Ela
mostrando um estilo de vida os pais orientarem os filhos em relação à TV acha importante saber o que
que enche os olhos de quem seus filhos estão assistindo.
• Estabelecer que o horário de estudo é
assiste”, alerta. E também prioridade
“Não vejo problema em meus
manifesta outra preocupa- filhos assistirem televisão.
ção: “Em relação à política, • Não permitir a realização de tarefas e Apenas acho errado algumas
a TV é um grande formador estudo escolar com a TV ligada mães permitirem crianças e
de opinião, uma rede de • Escolher programas adequados à pré-adolescentes assistirem
massa pode eleger um can- idade dos filhos programas adultos, como
didato, por exemplo, como • Sempre que possível, assistir progra- novelas e filmes violentos.
aconteceu com a eleição mas junto com os filhos e conversar Se isso for controlado, a
onde Collor foi eleito. Não sobre o conteúdo visto verdadeira educação quem
Novos aparelhos de TV, modernos e inovadores, seduzem os consumidores acho esta situação benéfica, transmite é a família”, opina.
Sábado, 17 de novembro de 2012 pontofinal
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FIÉIS
COMUNICADORES
POPULARES MANTÉM
TRADIÇÃO NO RÁDIO AM

COMPANHEIROS
Fotos: Fernando Galvão

Fernando Galvão Pellini lamentável e que a audiên-


fpellini@gmail.com cia é muito pequena e não
se renova. Segundo ele, o

O
rádio AM piracica- formato do seu programa
bano possui histó- vai acabar quando ele parar.
ria, tradição e já re- “Por mim já tinha parado
velou nomes de conhecidos de trabalhar, só faço pelos
comunicadores brasileiros. meus ouvintes que são fiéis
Léo Batista (Globo), Francis- e pela Dona Ana que muito
co Milani (Escolinha do Pro- me ajudou”, comenta.
fessor Raimundo) e Carlos Mesmo com todos os
Nascimento (apresentador problemas, o prazer de sen-
de telejornal), fazem parte tar em frente ao microfone e
deste elenco de notáveis do falar para seus ouvintes per-
cenário nacional que passa- siste. Para ele, o comunica-
ram por aqui. dor tem uma responsabilida-
A sintonia AM conser- de muito grande. “Quantas
va ouvintes fiéis na cidade vezes já me falaram que eu
e mesmo sofrendo queda salvei uma vida pelas minhas
constante de audiência nas mensagens. Isso é muito gra-
últimas décadas, graças à tificante”, conclui.
concorrência da TV e da Titio Luiz (acima), lamenta a queda da qualidade do rádio AM; Garcia e a filha Lucilene (direita),
internet, o rádio piracicaba- Roberto Moraes dona da voz de um dos jargões mais famosos do rádio piracicabano

no mantém o estilo, conta Diferente do Titio Luiz,


com comunicadores diários Roberto Moraes, sempre muito o panorama. A quali- vida na cidade de São Paulo. até hoje lembra-
e com audiência fiel. Exem- quis fazer rádio. Desde dade do som da AM pode Sem profissão e semianalfabe- dos.
plo desta audiência cativa é criança, quando morava no ser de FM e vai crescer a to, teve um início complicado. A vida de ra-
Dona Maria Pompermayer, bairro do Recreio, em Char- demanda por notícias. No Graças a amizade que fez com dialista come-
88 anos, que mantém seu queada, ficava na mercearia esporte temos uma reno- funcionários da rádio Tupi, çou em virtude
vínculo e confiança nas in- do pai usando as latinhas vação, pois os jovens nos conseguiu espaço para se do falecimento
formações que ouve no rá- de extrato de tomate como ouvem e a divulgação da apresentar, como convidado, de seu filho. “Fi-
dio. “Escuto todos os dias. microfones. notícia regional tem espaço nos programas da emissora. quei muito triste e
Ligo de manhã e fico infor- Em 1977, teve o sonho a qualquer hora”, finaliza. Sua vida mudou no dia não conseguia mais can-
mada de tudo. Não troco o realizado e foi trabalhar na em que ele e seu compa- tar e só chorava. Não tinha
rádio pela televisão”, diz. Ela Rádio Difusora de Piracica- Garcia nheiro de dupla, Zé Ma- mais aquela alegria e decidi o ‘Rancho do Garcia’, das
garante que não perde um ba. Tempos depois transfe- Natural de São José do tão, foram até o programa largar tudo e ir embora”, 4 às 7 horas, e este foi um
programa do Titio Luiz, da riu-se para a Rádio Gazeta, Rio Preto, Domingos Rober- Capitão Furtado, da Rádio lembra. grande sucesso”, afirma. O
rádio Educadora. em São Paulo e por lá ficou to Garcia, 78, viveu muitas Bandeirantes. “Eu e o Zé Garcia conheceu Piraci- radialista também trabalhou
Comunicadores como até o retorno à Piracicaba, aventuras até se aposentar Matão cantamos e o diretor caba através do amigo e em- nas rádios Educadora e Bra-
Titio Luiz, aliás, têm papel em 1985. Motivado a ingres- há cerca de dois anos. Foi da Phillips estava ouvindo, presário piracicabano Jaime sil (Santa Bárbara D’Oeste)
destacado na formação da sar na vida política, voltou pasteleiro, guarda noturno e gostou da nossa dupla e nos Pereira, que o levou até a e encerrou sua carreira na
sociedade. Muitas vezes são para a Rádio Difusora. empregado doméstico, mas chamou para gravar um dis- Difusora e o apresentou ao Onda Livre AM.
porta-vozes da comunidade, Eleito duas vezes para sua vontade sempre foi a de co”, conta. Consolidava-se a seu proprietário, José Soave. “Garcia fala as horas” é
orientadores em decisões vereador e três para de- ser cantor. dupla Garcia e Zé Quando ficou sabendo da um dos jargões gravados pela
importantes, enfim, pontos putado, ele cita o veículo No início da década de 50, Matão, que teve história de Garcia, e da dupla sua filha Lucilene, quando
de referência e exemplos a de comunicação como um Garcia deixou a fa- 33 discos gravados com Zé Matão, não pensou ela tinha dois anos de idade.
serem seguidos. dos responsáveis por sua mília no interior e muitos sucessos duas vezes em contratá-lo. Ele lembra que a ideia surgiu
vida política. “O rádio me e foi tentar a “Comecei com o programa naturalmente. “Não gostava
Titio Luiz deixou conhecido e me deu diário ‘Uma viola na ci- de ouvir locutor de rádio que
Aos 88 anos,
Aos 65 anos, Luiz Antô- credibilidade. Foi consequ- dona Maria dade’, das 17 às 19 horas não falava as horas. No rádio
nio Copoli é um homem do ência de um bom trabalho não abandona e quatro meses depois você precisa marcar sempre o
rádio. Reservado, Titio Luiz, de comunicador, que precisa a companhia estava fazendo também horário, e minha filha gravou
do rádio
como é conhecido, explica destas características para ter esta frase, que entrou para
porque não gosta de tirar sucesso”, explica. história de Piracicaba e re-
fotos: “Acho que perde a ma- Moraes afirma que o rá- gião”, comemora.
gia, mas quando me pedem dio AM de hoje não é como Sobre a rádio AM, Garcia
não consigo dizer não”. antigamente e que a chegada afirma que nunca acabará,
O radialista começou a da FM mudou ainda mais o mesmo com a diminuição da
carreira quase por acaso. panorama. “Rádio era muito audiência. “Com certeza mu-
No início da década de 70, romantismo. Hoje é fácil dou para pior a qualidade do
fazia leituras nas missas do fazer. Pouco se vê repórter que é transmitido, mas como
monsenhor Jorge Simão na rua, grande parte está prestação de serviço, a AM
Miguel, na Vila Rezende. Os na frente do computador. ainda é muito forte, principal-
proprietários da Rádio Edu- Na minha opinião, repórter mente em Piracicaba”, avalia.
cadora, Ana e Jairo Mattos, bom é aquele que pesquisa
frequentavam a igreja, gos- e vai atrás da informação”,

Novas plataformas abrem caminhos


taram da voz e convidaram ressalva.
o então torneiro mecânico Segundo Moraes, a tra-
da Metalúrgica Mausa para dição do rádio AM de Pi-
fazer um programa infantil. racicaba ainda garante boa
Titio Luiz diz que o rá- quantidade de ouvintes. “A Muito se discute sobre Para a jornalista Maria se tem, é mais sentida. A mato de músicas, jornalismo
dio AM de hoje em dia é digitalização pode melhorar o que irá acontecer com Elisa Porchat, ombudsman da participação do público veio e esporte. Desta forma, o
a rádio AM, que segundo Rádio Bandeirantes durante firmar ainda mais o papel do público fiel do rádio migrou
pesquisa do Ibope realizada cinco anos, o rádio ainda tem rádio como o grande aliado para TV”, explica.
Roberto
Moraes
em agosto deste ano, sofre seu espaço perante o público da população e essa caracte- O panorama deverá sofre
mescla a queda de audiência gradual. e as novas tecnologias como rística tende a aumentar no alterações com a era da digi-
vida política Profissionais desta modali- tablets e smarphones ajudam futuro”, avalia. talização do rádio e da TV,
com trabalho
diário no dade admitem o fato. “Hoje o veículo a se propagar. “O Já para o professor Adol- e a previsão é de que isso
rádio AM não temos o mesmo público rádio AM está na internet e, pho Queiroz, da Universida- ocorra já em 2013. A mu-
de antes. É clara a queda que com isso, ganhou uma nova de Presbiteriana Mackenzie, dança vai exigir adaptação
vem tendo o rádio AM”, afir- característica: a interação a televisão marcou o início da e apresentar novos desafios
ma o radialista da Educadora com o público, que participa queda do rádio AM. “Com ao setor radiofônico e para o
de Piracicaba, Mário Luis. desde a pauta até a transmis- a TV, a mudança no modo rádio AM a melhoria na qua-
No entanto, pesquisadores são no estúdio. Essa interação de receber a informação e lidade de som e inserção das
de comunicação possuem não se vê só no rádio, mas de se divertir mudou muito. novas tecnologias tendem a
opiniões divergentes sobre em todos os outros veículos, O rádio não se atualizou e ser alternativas para que ele
o tema. mas nele, com a rapidez que continuou com o mesmo for- não caia no esquecimento.
pontofinal Sábado, 17 de novembro de 2012
6

HÁ VIDA FORA DO facebook


UMA EM CADA SETE PESSOAS DO PLANETA TEM UM PERFIL NA REDE. PORÉM, AINDA HÁ AQUELES QUE RESISTEM

Ana Carolina Miotto neira como as pessoas vivem. pessoas na lista da espera
“A velocidade praticamen- para serem adicionadas.

E
ra uma manhã nor- te instantânea da troca de “Quando um perfil tem
mal, como qualquer informações e o grande mais de 5 mil amigos o Fa-
outra, quando o jor- volume de dados acessíveis, cebook bloqueia e não aceita
nalista Alexandre Matias, a todo momento e em qual- mais amizades. Descobri isso
editor do Caderno Link do quer lugar, aparentemente quando tentei adicionar meu
jornal O Estado de S. Paulo, colocam em xeque o modus marido e não consegui!”,
foi checar, como sempre, vivendi em que as coisas de- conta. Foi nesse momento
suas atualizações no Face- pendiam de um tempo que que ela decidiu ‘faxinar’ sua
book. Para sua surpresa, o passava em um lugar com página eliminando os menos
portal havia desativado sua materialidade determinada”, conhecidos. “Por causa do
conta. Após alguns segundos explica. blog e do programa na TV
de pânico, Matias passou a Para Muramatsu, o fato as pessoas me adicionam
refletir sobre como seria sua de as empresas rastrearem e conversam comigo, me
vida sem a rede. O resultado os dados de navegação dos contam suas opiniões sobre
do conturbado dia foi um internautas e, baseados em o programa. Foi assim que o
artigo em seu blog, no qual seus gostos e hábitos, enviar perfil ficou tão lotado”.
lista motivos para não man- a eles propagandas direcio- Apesar de usar a página
ter um perfil na rede. nadas é grave. “O modo com frequência para divul-
Em pleno século XXI, como esses dados têm sido gar as atualizações em seu
por mais surpreendente que utilizados, para oferecer aos blog, Alessandra têm receio
seja, algumas pessoas acre- navegantes um mundo de de postar informações pes-
ditam que os argumentos consumo alienado, altamen- soais. “Certa vez um rapaz
listados por Matias são boas te alinhado com seus gostos de outro país me adicionou
razões para não criarem, ou e preferências e baseados por causa do blog e do pro-
até mesmo deletarem seus em suas buscas e hábitos de grama. Após alguns dias,
perfis no Facebook, que re- navegação, é um problema ele postou uma montagem
centemente atingiu a marca ainda mais imperativo nesse com fotos minhas em seu
de 1 bilhão de usuários ati- contexto”, conclui o pes- Facebook, me marcando
vos por mês. A preocupação quisador. e dizendo que eu era sua
com a excessiva exposição A exposição desses dados princesa. Fiquei assustada,
da vida íntima é praticamen- também preocupa Alexandre me desmarquei das fotos e
te unânime entre os ‘não Matias. O jornalista afirma bloqueei perfil dele”, relata.
conectados’. que o Facebook se tornou Quando sua filha nasceu,
O esforço para manter a pesquisa realizada pelo Cetic adolescentes, há aqueles que reira Milão, 15, integra os uma máquina de publicidade. seus parentes que moram
privacidade levou o comer- (Centro de Estudos sobre as sofrem com a exposição. Os 30% dos jovens brasileiros “Acredito que, no futuro, distante ficaram curiosos
ciante Fauze Semaan a proi- Tecnologias da Informação e números mostram que, das ‘não conectados’, depois acessar o site será como assis- para que ela postasse as
bir seus parentes e amigos da Comunicação), no Brasil crianças que recentemente de, recentemente, deletar tir um canal de TV cuja pro- fotos da menina no Face-
de postarem fotos de sua 70% das crianças e jovens passaram por alguma situa- sua conta no Facebook. Os gramação é formada apenas book. Porém, Alessandra
família na internet. Dono de entre 9 e 16 anos têm um ção ofensiva, 47% disseram motivos foram vários, mas por comerciais”, diz. não postou e não quer que
uma rede de lojas no Brás, perfil em alguma rede so- que isso se deu via internet. o principal está ligado ao qualquer amigo faça isso.
em São Paulo, ele já recebeu cial. Porém, mesmo entre os O estudante Felipe Pe- problema da privacidade. Equilíbrio “Fico pensando naquela
ameaças de seqüestro e tem “Não me considero uma Além dos xiitas, como história da falsa grávida de
medo da exposição. “Certa pessoa tímida, mas reserva- Milão, Alicia e Semaan, que quadrigêmeos de Itu. Ela
vez, assistindo ao noticiário, da, e não me agrada a forma cancelam suas contas e não roubou o raio-X de um perfil
vi um seqüestrador contar como, nas redes sociais, a criam perfis no Facebook, há no Facebook. Se as pessoas
que consegue informações exposição da vida íntima das aqueles que tentam fazer um roubam raios X, o que não
nas redes sociais para facili- pessoas é grande”. O rapaz uso “parcial” da rede, sem fariam com a foto de uma
tar seus crimes. Não tenho afirma que quando criou o expor fotos ou dados da vida criança?”, argumenta. Seu
Facebook, não quero que perfil gostava, mas com o pessoal. É o caso de Alessan- marido, Ricardo Pieralini,
minha filha tenha ou que tempo perdeu o interesse. dra Blanco. Editora executiva também é jornalista e tem a
meus parentes postem fotos “As pessoas postavam coisas do site IG e apresentadora mesma opinião. Até pouco
nossas”, ressalta. irrelevantes na maioria das do programa de TV Cozinha tempo ele não tinha Face-
Semaan não está sozinho vezes. Isso tirava a minha Caseira, no canal Bem Sim- book, e o criou esse semestre
no grupo dos “desconecta- atenção quando eu deveria ples, a jornalista mantém há por pressão dos amigos.
dos”. Apesar de trabalhar na estudar ou fazer trabalhos sete anos o blog Comidinhas, “Ele também não gosta que
área de comunicação, Alicia da escola”, observa. cujo conteúdo foi publicado, postem fotos da nossa filha.
Nascimento Aguiar acredita De acordo com o psi- em 2009, no livro “O Melhor Uma amiga veio nos visitar
que a ferramenta não faz falta cólogo Vitor Muramatsu, do Comidinhas”. e colocou uma foto dela
na sua vida pessoal e em seu pesquisador da USP, a pre- Graças a sua ampla pre- no instagram, aplicativo do
trabalho. A jornalista, que ocupação com a exposição sença na mídia, Alessandra Facebook. Quando ele viu,
trabalhou durante 20 anos excessiva é relevante. “Res- possui mais de 5 mil amigos pediu a ela que apagasse”,
na rádio Educativa FM, de tringir dados pessoais é uma no Facebook e mais de 200 conta Alessandra.
Piracicaba, atualmente é ana- tarefa propositadamente di- Ana Carolina Miotto

lista de comunicação da Esalq/ ficultada. A era digital impõe


USP (Escola Superior de Agri- compartilhamento total em
cultura Luiz de Queiroz, da tempo real”, afirma.
Universidade de São Paulo). Segundo pesquisa
“A excessiva exposição na que desenvolveu
rede é desnecessária”, afirma no Instituto de Psi-
Alicia, que nunca criou um cologia da USP, a
perfil no Facebook. Seus revolução digital
colegas de trabalho sempre imprimiu grandes
a incentivaram a ter uma mudanças na ma-
página, mas a jornalista re-
cusa. “As informações e fotos
Alessandra
sobre a minha vida pessoal divulga seu
ficariam muito expostas. Eu trabalho no
realmente não gosto disso”.­­­ Facebook,
mas evita
Atualmente, a maior par- exposição
Divulgação

te dos membros do Facebook de sua vida


pessoal
são jovens. De acordo com A comunicadora Alicia não usa as redes sociais e diz que não sente necessidade
Fonte: Tic Kids Online Brasil 2012/CETIC

89% Tipos de informações


Jovens que tiveram contato com estranhos pela internet compartilhadas pelos jovens Tipo de Configuração
69% no perfil da rede social
2%
12% 57%
Privado - só meus amigos
23% 45% conseguem ver
já tiveram contato 25%
28% 27%
não tiveram contato Parcialmente privado -
65% amigos de amigos
13% 12% conseguem ver
não responderam
35% Público - todos
conseguem ver
foto que nome idade sua sua seu seu
mostra completo falsa escola idade endereço telefone Não responderam
o rosto
Sábado, 17 de novembro de 2012 pontofinal
7

Fotos: Divulgação/Grupo Auê

FORMAÇÃO CULTURAL É
DESAFIO E PODE TRANSFORMAR
A VIDA DAS PESSOAS

‘A GENTE Laura Tesseti

NÃO QUER SÓ
Acima, apresentações
do Grupo Auê, que
privilegia locais
públicos e em regiões
periféricas de Rio
Claro; ao lado,
apresentação em praça

COMIDA’
da cidade divulga
produção de crianças

Laura Tesseti denadora do FolkComuni- Formação


laura.tesseti@hotmail.com cação, grupo que estuda os Inserir a cultura na for-
processos de comunicação mação do ser humano pode

“A
gente não quer só nas culturas marginalizadas, ser, segundo educadores e
comida, a gente explica que procura fugir especialistas nesta área, um
quer comida di- destes rótulos. “Quando divisor de águas em relação
versão e arte”, cantam os falo em diferentes modos ao futuro das comunidades e
Titãs na música “Comida”, culturais, eu procuro fugir da sociedade. E isso pode ser
do álbum “Jesus não tem das definições estanques feito de muitas formas, não
dentes no país dos bangue- de cultura de massa, popu- somente através a escola e da
los”, de 1987. E o refrão se lar e erudita. Não se pode chamada educação formal.
aplica de forma evidente na compreender cultura com O jornalista Marcelo Ro-
sociedade atual, pois mais do essa classificação. Os modos cha cita um exemplo desta ração de expressões cultu- universo”, pontua Favari ‘marginalizadas’ quando es-
que nunca é possível perce- culturais são transculturais, possibilidade. “A cultura, rais. E explica: “Formar-se Filho, jornalista, produtor tas já assumem uma posição
ber a importância da cultura dinâmicos, diversos, simul- enquanto forma de consu- pessoa é incorporar expres- cultural e presidente do Auê. mercadológica – seja como
na formação das pessoas, é tâneos”, afirma. mo, produção, expressão sões das mais variadas. De Em Piracicaba, o Fórum algo extraordinário, ou eco-
possível ver que “bem ser- Participante do Fórum ou difusão de manifestações acordo com a participação de Tradições Populares busca nomicamente importante. O
vida” ela pode mudar a vida de Tradições Populares de artísticas é elemento essen- de cada uma em diferentes de amplas maneiras retomar jornalismo comunitário ou
de gente de todas as idades Piracicaba, Filogênio Junior cial. Um grupo de rap, por grupos, ela pode aprimorar e cultivar o que existe de alternativo já tem caráter
e classes sociais. também vê a cultura como exemplo, pode conscientizar esse arcabouço cultural, cultura popular na cidade. mais formativo/orgânico e
Para Marcelo Rocha, edi- base do ser humano. E ressal- jovens de subúrbio sobre o incorporando cultura cien- “O Fórum busca o resgate sempre se vinculam às causas
tor de cultura do Jornal de ta a importância do diálogo problema do tráfico de dro- tífica e/ou erudita. Portanto, das tradições que fazem as quais pertencem”, analisa.
Piracicaba, a cultura tem entre as diferentes manifesta- gas em determinada comuni- não há formação humana parte da história de Piraci- Rocha, responsável pela
poder de transformar. “Do ções: “A cultura é essencial, o dade ou levar sua mensagem separada da produção cultu- caba, mas que se perderam editoria de cultura do Jornal
ponto de vista humano, o homem não vive sem cultura. social a outras esferas, por ral, o que existe são formas ao longo do tempo. Muitas de Piracicaba, explica que o
convívio com projetos cultu- Ele só é homem mediante meio do ritmo e das rimas.” diferenciadas de cultura”. destas tradições se perderam veículo segue a linha regio-
rais faz bem para a alma, am- ao estado da cultura. Ela, Para o maestro Mahle, Em Rio Claro, interior porque seus ‘mestres’, pes- nal e transforma em notícia
plia horizontes de existência, oriunda dos mais diferentes também é um erro achar que de São Paulo, o Grupo Auê, soas simples, que não têm o que é cultura dentro do
nos torna pessoas melhores, povos, das mais diferentes somente a cultura erudita formado por jornalistas, condições financeiras e mui- município. “O Jornal de
menos pragmáticas e mais produções culturais, precisa possui esta dimensão edu- produtores culturais e artis- tas vezes nem físicas, devido Piracicaba, assim como a
sonhadoras e livres. E, claro, ser constantemente dialo- cativa. O trabalho, segundo tas, é exemplo desta prática. à idade, de manter (ensinar, maioria das mídias distan-
também é uma ferramenta gada para encontrarmos os ele, depende do maior con- Busca suprir a necessidade apresentar, preservar). E tes dos grandes eixos, das
poderosa nas áreas de edu- diferentes caminhos”. tato possível com todas as das pessoas através da cul- também devido à população grandes metrópoles, natu-
cação, democratização da in- Cultura popular, segundo partes dela. “A cultura que tura e levar conhecimento mais jovem inebriada por ralmente trata o jornalismo
formação e inclusão social.” Júnior, é o conjunto amplo nos é deixada pelos antepas- através das artes. “Nós tra- tantas novidades do mundo com uma abordagem mais
O ponto de vista é am- de saberes e fazeres que sados é um vasto instrumen- balhamos no intuito de pro- contemporâneo não se sentir regional. Ou seja, reporta
pliado pelo maestro Ernst surgem espontaneamente to para nossa formação. Um duzir e difundir. Realizamos atraída pelas tradições de sua com prioridade os temas/
Mahle, alemão que veio para com o povo. “Muitos dos dos meus professores disse um trabalho de formiguinha, família, seu bairro”, explica assuntos de maior interesse
o Brasil ainda muito jovem, ensinamentos que temos certa vez que o maior gênio pois acreditamos que é fun- Joceli Cerqueira Lazier, in- da comunidade local. E no
para quem a cultura serve com pessoas mais velhas, por tem que percorrer todo o damental o contato com esse tegrante do Fórum, diretora caso do caderno Cultura,
para separar o ser humano exemplo, levaremos para caminho”, diz. do Centro Cultural Martha especificamente as manifes-
do animal. “Segundo Tho- nossa vida e isso também Cristina Schimidt avalia a Watts e coordenadora do tações que se desenvolvem
mas de Aquino, o homem é cultura e uma forma de formação das pessoas como Núcleo Universitário de no município (música, tea-
situa-se entre o animal e o aprendizagem”, ressalta. forma essencial de incorpo- Cultura, da Unimep. tro, dança, literatura, artes
anjo. Certamente faz a dife- plásticas e outras possibili-
rença entre o animal e o ser Jornalismo dades)”, informa.
humano que desenvolve re- A divulgação da cultura A cobertura, entretanto,
ligião, arte e ciência”, opina. através dos meios de co- não despreza eventos de re-
Mas, tão importante na municação também é im- percussão nacional ou inter-
formação dos cidadãos, a portante, pois permite nacional e também eventos
Laura Tesseti

cultura abriga diversidade, ampliar o alcance das ligados à agenda do mercado


manifestações que vão do manifestações e do seu cultural. “Eventualmente,
erudito ao popular e que significado. Para Cristina também, tomamos um as-
possuem significados às ve- Schimidt o jornalismo sunto de interesse nacional
zes muito diferentes. Esta deve informar de modo — por exemplo, um filme
pluralidade leva especialistas abrangente, sem restrin- ‘blockbuster’ que vai estrear
a tentarem rotular as dife- gir-se à classificação ou por aqui ou uma questão de
rentes vertentes culturais, ao status. “O jornalismo política cultural — e o reper-
dividi-las em campos dife- tradicional abre suas co- cutimos em Piracicaba, junto
renciados e muitas vezes berturas para culturas aos artistas, produtores cul-
atribuir mais valor a um ou turais da cidade, autoridades
Música é a porta de
outro tipo de fenômeno. entrada para as crianças e ao público consumidor de
Cristina Schimidt, coor- no universo cultural cultura”, conclui.
pontofinal Sábado, 17 de novembro de 2012
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Informação de qualidade
Laís Araújo

Sarah Lao
Informar-se é imprescindível para o
convívio social, mas as novas tecnologias
têm despertado nas pessoas uma neces-
sidade extrema de buscar informações.
Ler dois jornais, hoje em dia, é para os
“fracos”. O ideal na chamada Sociedade
da Informação ou Sociedade do Conheci-
mento é, além de ler os dois tais jornais,
acessar portais de notícias e redes sociais
e acompanhar programas jornalísticos no
rádio e na TV.
É claro que quanto mais informação
e conhecimento melhor, entretanto, é Página
Página
preciso que sejam de qualidade, porque 5 Luiz Felipe, Fernando Galvão, Vanessa Carvalho, Saulo Neto,
Rafaela Gazeta, Felipe Abraão e Vladimir Catarino
3 Mariana Neves, Ronald Gonçales, Sabrina Franzol, Leonardo Belquiman, só assim contribuem de forma positiva na
Cíntia Tavares, Caroline Solano, Nayara Oliveira e Lucas Calore
vida das pessoas. (Sabrina Franzol)

Passado, presente e futuro


Televisão, jornalismo e serviço público Com tantas tecnologias disponíveis, as plataformas de con-
sumo de entretenimento e informação aumentaram de maneira
significativa. Esta ampla gama de opções obriga os veículos de
Levar ao público informações ne- comunicação a cativarem ainda mais o seu público. Este é um
cessárias ao exercício da cidadania e desafio também para o rádio, principalmente a sintonia AM, que
garantir, portanto, a informação como ainda apaixona seus cativos ouvintes pela sua simplicidade, pela
direito fundamental, é dever da impren- comodidade e pela capacidade de promover o diálogo. O passa-
sa enquanto atividade que fortalece a do do rádio é riquíssimo, o presente marcado por incertezas, e o
existência de uma sociedade democráti- futuro deverá ser construído a partir da inovação tecnológica e
ca. O que nem todos sabem é que, assim na sua linguagem. (Fernando Galvão)
como segurança, educação e saúde, a
comunicação também deve ser prestação
de serviço. A análise da cobertura jor- Thiago Sanchez Gasparetto

nalística e da sua qualidade informativa,


principalmente aquela realizada pela
televisão, maior difusora de informa-
ção de massa, é legítima quando avalia
em que medida o interesse público está
presente nela. (Antonio Corazza) Página Em pé: Carla Rossignolli, Suzana Storolli, Arthur Belotto,
4 Cláudia Assêncio, Josiane Joveli; sentados: Ricardo Gonçalves,
Tony Corazza e Jackson Rossi

Muito além da diversão


Kauê Reis
Tratar a cultura com o propósito
de apenas divertir e distrair já não é, Página Michaella Frasson, Ana Carolina, Raphael Justino,
há muito tempo, uma prática comum 6 Flavia Ribeiro e Angelyca Paiva
em diversos segmentos da sociedade.
A importância de inserções culturais
em diversos âmbitos de uma comu-
nidade é amplamente discutida por
profissionais da área. E então, por
Êxodo nas redes sociais
que não usar da cultura como forma Apesar de o Facebook contar com 1 bilhão de usuários ativos,
de obter conhecimento maior sobre a preocupação com a excessiva exposição tem feito algumas
o que somos, de onde viemos e o pessoas  usarem a ferramenta moderadamente, ou até deleta-
que fazemos aqui? Inteirá-la na for- rem seus perfis. A questão nos faz pensar se essas pessoas é que
mação do cidadão seja na escola, na são muito restritivas, ou se realmente a rede está nos expondo
comunidade, ou em qualquer outro demais. Afinal, até que ponto da sua vida íntima você publica no
grupo é a melhor maneira de fazer perfil? Em um mundo onde as leis sobre crimes na internet são
Página Karina Iório, José Alexandre, Laura Tesseti, Luana Rodrigues, com que cada um enxergue a impor- vagas, é preciso saber para onde estão indo as informações que
7 Natalia Goltara e Valéria Spinelli tância do segmento. (Laura Tesseti) publicamos e quem pode ter acesso a elas. (Ana Carolina Miotto)

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